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AS ENFERMEIRAS NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA
BRASILEIRA
1º Ten Al JULIANA FARIAS COÊLHO CÂMARA
RIO DE JANEIRO
2008
AS ENFERMEIRAS NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA
BRASILEIRA
1º Ten Al JULIANA FARIAS COÊLHO CÂMARA
RIO DE JANEIRO
2008
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Escola de Saúde do Exército, como requisito
parcial para aprovação no Curso de Formação
de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização
em Aplicações Complementares às Ciências
Militares.
Orientador: Capitão-Tenente Josinete Mello dos
Santos.
.
M496i
Câmara, Juliana Farias Coêlho.
As Enfermeiras na Força Expedicionária Brasileira /. -
Juliana Farias Coêlho Câmara. - Rio de Janeiro, 2008.
23 f. :
Orientador: Josinete Mello dos Santos
Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde
do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares
às Ciências Militares.
Referências: f. 23.
1. Enfermeiras. 2. FEB. 3. Segunda Guerra Mundial. I. Santos
Josinete Mello dos. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título.
CDD 617.69
RESUMO
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre a atuação das enfermeiras
que integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB). O Brasil vivia um período chamado
Estado Novo (de novembro de 1932 a outubro de 1946), quando o mundo inicia o maior
conflito armado da história: a Segunda Guerra Mundial, em que dois blocos de países se
confrontam, quais sejam, os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), que desejavam impor
uma “nova ordem” na Europa e na Ásia, e os países Aliados, liderados pelos Estados Unidos,
União Soviética, França e Inglaterra e compostos pelo restante do mundo. Uma das razões que
levaram o Brasil a entrar na guerra foi o ataque de submarinos alemães a navios brasileiros.
Assim, foi criada a FEB, com o objetivo de enviar combatentes brasileiros para lutar ao lado
dos países aliados, em solo italiano. Os Estados Unidos pressionaram o Brasil para enviar
apoio logístico de saúde para a guerra e foi criado, por Decreto, o Quadro de Enfermeiras da
Reserva do Exército. Foram enviadas para Itália 67 enfermeiras do Exército e 6 da
Aeronáutica. As enfermeiras da FEB atuaram em seções brasileiras nos hospitais americanos
nos diversos escalões que compuseram a assistência à saúde no Teatro de Operações Terrestres
(TOT), tendo atuações de grande valia para a manutenção e recuperação da higidez física e
mental dos brasileiros que combateram na Itália, além do socorro aos outros militares aliados,
aos prisioneiros alemães e à população civil. O conforto moral proporcionado pelas
enfermeiras da FEB, além de assistência médica, aos feridos e doentes no TOT na Itália, foi
essencial para a campanha vitoriosa dos militares brasileiros na Segunda Guerra Mundial.
Palavras-chaves: Enfermeiras, FEB, Segunda Guerra Mundial.
,
ABSTRACT
The objective of this work was doing a literature revision on the performance
of the nurses who had integrated Brazilian Expedicionary Force (FEB). Brazil
lived a called period “Been New” (of November of 1932 to October of 1946),
when the world initiates the biggest armed conflict in history: Second World
War, where two blocks of countries if collate, which were, the countries of the
Axis (Germany, Italy and Japan) and the Allies, led for the United States,Soviet
Union, France and Britain and composites for the remain of the world. German
Submarines had sunk Brazilian ships and this was one of the reasons because
Brazil entered in the war. Thus, the FEB was created, with the objective to send
Brazilian troops to fight besides of the countries Allies, in Italy. The United
States had pressured Brazil to send logistic support of health for the war and
were created, for decree, the Staff of Nurses of the Reserve of the Army. 67
nurses of Army and 6 of the Air Force had been sent for Italy. The nurses of the
FEB had acted in Brazilian sections in the American hospitals in the diverse
steps that compose the assistance to the health in the Terrestrial Operation
Theater (TOT), having performances of great value for the maintenance and
recovery of the physical and mental health of the Brazilians who had fought in
Italy, beyond the aid to the other military allies, the german prisoners and the
population . The moral comfort proportionated by the nurses of the FEB, beyond
medical assistance to the wounded and sick people in the TOT in Italy was
essential for the victorious campaign of the Brazilian military in Second World
War.
Key-words : Nurses, FEB, Second World War.
AGRADECIMENTOS
A minhas irmãs e sobrinhas, por tornarem essa “jornada” mais suave.
A Sílvio, meu noivo, pelo seu amor e apoio incondicionais.
À Capitão-Tenente Josinete Mello Silva, pela sua disponibilidade em me
orientar.
Ao Capitão-Tenente Artur Ventura (IM), pela surpreendente amizade e
atenção.
Ao Major Luiz Carlos Burgarelli, pela dedicação aos co-orientados e a
todos que necessitarem de sua ajuda.
Aos colegas de curso, que se tornaram amigos e que assim permaneçam.
A todos os que servem na Escola de Saúde do Exército, pela paciência e
pelo convívio enriquecedor.
DEDICATÓRIA
A meus pais, Lúcio da Costa Câmara e Rita de Cássia Farias Coêlho Câmara,
por se dedicarem, incessantemente, em nos deixar como herança o que há de
mais valioso: a honestidade, a responsabilidade, a perseverança, a disciplina e o
respeito ao próximo.
Aos meus avós, Rômulo Camboim Câmara (in memorian), Maria de Lourdes
da Costa Câmara, Djalma Lins Coêlho e Maria Nelly de Farias Coêlho,
exemplos de virtudes a serem seguidos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8
2 METODOLOGIA ....................................................................................................11
3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................12
3.1 COMPOSIÇÃO DA FEB.........................................................................................12
3.2 QUADRO DE ENFERMEIRAS DO EXÉRCITO......................................................13
3.3 ATIVIDADE LOGÍSTICA DE SAÚDE NO TOT.....................................................15
3.4 ATUAÇÃO DAS ENFERMEIRAS NA 2ª GUERRA MUNDIAL..............................18
4 CONCLUSÃO............................................................................................................22
REFERÊNCIAS.............................................................................................................23
1 INTRODUÇÃO
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito que envolveu 63 países, 80% da
população mundial e teve duração de cinco anos e oito meses, deixando 60
milhões de mortos.
Adolf Hitler, que tinha a Alemanha sob seu poder, Benito Mussolini da Itália,
e o Imperador Hiroíto, do Japão, firmaram o Pacto Tripartite, onde resolveram
se assistir mutuamente e colaborar para a satisfação das suas aspirações aos
espaços da Grande Ásia, Extremo Oriente e aos territórios da Europa. Através
desse Pacto, o Japão reconheceu e aceitou a direção da Alemanha e da Itália na
criação de uma nova ordem na Europa. A Alemanha e a Itália, por sua vez,
reconheceram e aceitaram a direção do Japão na criação de uma nova ordem no
espaço da grande Ásia e Extremo Oriente.
No dia 1° de setembro de 1939 a Alemanha invadiu a Polônia e, nessa
ocasião, os Governos francês e inglês declararam guerra a Alemanha iniciando a
2° Guerra Mundial.
Os países da América assinaram a ”Declaração Geral de Neutralidade das
Repúblicas Americanas”. Nela se firmava a posição de neutralidade, a proibição
de instalações de bases militares em seus territórios e se estabelecia a “zona de
segurança”, envolvendo o continente americano.
Em 7 de dezembro de 1941, a guarnição americana de Pearl Harbour foi
atacada por submarinos e por aviões japoneses pilotados por kamikazes que
destruíram totalmente o porto americano e a maioria dos navios ali fundeados
além de todas as instalações da base. Esse ataque levou 26 nações livres de
diferentes partes do mundo a se associarem e firmarem, a 1° de janeiro de 1942,
no Rio de Janeiro, a Declaração de empregarem todos os seus recursos militares
ou econômicos contra os membros do Pacto Tripartite. Cada governo se
comprometia a cooperar com os Governos signatários da Declaração e a não
firmar com os inimigos armistícios ou paz sem a concordância dos demais .
Em 28 de Janeiro de 1942, o Ministro das Relações Exteriores, Osvaldo
Aranha, cumprindo ordens do governo, comunicou que o Brasil se afastava
definitivamente do convívio com a Alemanha, Itália e Japão, solidarizando-se
com as repúblicas do continente americano, às quais estava ligado por
indissolúveis laços de camaradagem.
O Brasil vivia sob um regime que se chamou Estado Novo e que duraria oito
anos (de novembro de 1932 a outubro de 1946). A Constituição de 10 de
novembro de 1937 permitira que o Presidente Getúlio Vargas governasse sem
limitações jurídicas, sem congresso, sem governos estaduais autônomos, sem
partidos políticos e sem eleições.
Os chamados países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), em que vigoravam
regimes totalitários, tinham notória simpatia pelo governo de Vargas. No
entanto, no Brasil, também existia uma facção pró-Estados Unidos liderada por
Osvaldo Aranha.
Vargas procurava manter o Brasil neutro e tirar vantagens econômicas da luta
entre os países do Eixo e os países Aliados, estes últimos liderados pelos
Estados Unidos e representados pelo restante do mundo.
Nesse conturbado período da História, a crise da economia agroexportadora
acarretada pelo crack da bolsa de valores de Nova York provocou um forte
movimento de industrialização no país, pois as dificuldades de importação eram
grandes. Nessa perspectiva, em que o Estado necessitava de mão-de-obra de
reserva a fim de manter salários baixos, as mulheres engajam neste processo,
conquistando posicionamento na estrutura social. O voto feminino foi uma
dessas conquistas, formalizada na Constituição de 1934. Há tempos, as mulheres
já reunidas pelo sentimento de consciência de classe, lutavam por esses e outros
direitos, tornando evidente o processo de inserção da mulher como sujeito
político significante na estrutura social brasileira (MARCUSE, 1967).
Até 1942, o Brasil se manteve neutro no conflito mundial. Porém, o
afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães determinou uma
declaração de guerra à Alemanha e à Itália e mostrou que era insustentável a
ditadura de Vargas. A população exigia que o Brasil tomasse providências a
respeito dos ataques aos navios brasileiros, clamando, nas ruas, através de
passeatas, que entrássemos na Guerra.
No dia 09 de agosto de 1943, foi criada a FORÇA EXPEDICIONÁRIA
BRASILEIRA-FEB. A criação da FEB tem como marco inicial a Comissão
Militar Mista Brasil-Estados Unidos e como ponto de partida a autorização que
o Presidente Vargas deu ao General Leitão de Carvalho, em 29 de março de
1943, para que planejasse com os americanos a utilização de tropas brasileiras
em operações de guerra.
Com a entrada do Brasil na guerra, os norte-americanos reforçaram a idéia da
necessidade de que os países Aliados deveriam embarcar para a Europa,
apoiados por uma estrutura logística significativa, já que, dessa forma, aqueles
poupariam recursos financeiros e humanos. Com isso, os norte-americanos
pressionaram o governo do Brasil a enviar um estruturado corpo de saúde. As
mulheres brasileiras estariam incumbidas de cumprir este papel assistencial,
pois, culturalmente, a função de enfermeira era designada às mulheres.
Essa pressão política exercida pelos norte-americanos, aliada à crescente
inserção da mulher brasileira no mercado trabalho, e à valorização do Estado
trabalhista de Vargas acerca do processo de voluntariado frente à guerra, foram
os possíveis fatores determinantes para impulsionar o ingresso das mulheres nas
Forças Armadas e para a criação do QUADRO DE ENFERMEIRAS NA FEB.
Além disso, como enfermeiras brasileiras prestaram assistência aos
náufragos, vítimas dos ataques dos alemães, sentiram obrigação moral de ter
uma atitude ativa frente à àquelas vidas perdidas. Uma dessas enfermeiras foi
Elza Cansanção Medeiros, que, em 1943, morava em Maceió e auxiliou no
atendimento dos náufragos do navio Itapagé, prestando assistência médica e
social.
2 METODOLOGIA
Este trabalho realizou uma revisão de literatura sobre a atuação das
enfermeiras na Força Expedicionária Brasileira.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 COMPOSIÇÃO DA FEB
De acordo com Morais (1960), a FEB era constituída de uma Divisão de
Infantaria, que passou a se chamar 1º DIE, e de Órgãos Não-Divisionários.
Segundo Morais (1960), a Primeira Divisão de Infantaria Divisionária
tinha como composição:
- Comandante Geral de Divisão;
- Quartel Geral, Estado-Maior Geral e Estado Maior Especial;
- Infantaria Divisionária: Comandante e 03 Regimentos de Infantaria;
- Artilharia Divisionária: Comandante e 04 Grupos de Artilharia;
- Esquadrilham de Aviação-ELO;
- Batalhão de Engenharia;
- Batalhão de Saúde: possuía como Comandante o Ten Cel médico Bonifácio
Antônio Borba e como Subcomandante o médico João Maliceski Júnior;
- Esquadrão de Reconhecimento;
- Companhia de Transmissões – Comunicação.
A Tropa Especial era assim composta, de acordo com Morais (1960):
- Comando do Quartel General e da Tropa Especial;
- Destacamento de Saúde;
- Cia de Manutenção;
- Cia de Intendência;
- Pelotão de Sepultamento;
- Pelotão de Polícia;
- Banda de Música .
Os Órgãos Não-Divisionários, segundo Morais (1960), compunham-
se do (a):
- Comandante da FEB;
- Serviço de Saúde da FEB: tinha como chefe o Coronel médico Emanuel
Marques Porto;
- Agência do Banco do Brasil;
- Pagadoria Fixa;
- Seção Brasileira de Base;
- Depósito de Intendência;
- Serviço Postal;
- Serviço de Justiça;
- Depósito de Pessoal .
3.2 QUADRO DE ENFERMEIRAS DO EXÉRCITO
Através do Decreto nº 6097, em 15 de dezembro de 1943, foi criado o Quadro
de Enfermeiras da Reserva do Exército no Serviço de Saúde. Esse Quadro
destinava-se à formação de enfermeiras militares, mediante um trabalho de
adaptação das enfermeiras civis. Assim, se tentou criar o Corpo de Enfermagem
com as alunas da Escola Anna Nery, mas a diretora da Escola foi categórica em
afirmar que ”enfermeira de Anna Nery não se sujeitaria a ganhar os quatrocentos
e vinte mil réis”, então, oferecidos. Logo, o Corpo de Enfermeiras da Reserva do
Exército foi todo criado com voluntárias (CAMERINO, 1983). Elza Cansanção
Medeiros, aos 22 anos de idade, foi a primeira voluntária brasileira a se
apresentar para a Segunda Guerra Mundial, tendo se alistado no dia 18 de abril
de 1943 (CANSANÇÃO, 1987).
O curso de formação foi realizado no Rio de Janeiro pela Diretoria de Saúde
do Exército e, nas sedes das Regiões Militares, pelas respectivas chefias do
Serviço de Saúde (CAMERINO, 1983). Teve duração de seis semanas e era
composto de treinamento físico (na Fortaleza São João), treino de natação (com
a nadadora Maria Lenk, melhor nadadora brasileira na época), instrução militar,
ordem unida, adaptação ao meio militar e microbiologia. Pela manhã, ocorria o
estágio técnico e prático, no Hospital Central do Exército e na Policlínica que
terminava às 12 horas e, à tarde, o treinamento militar, que era composto de aula
teórica no Ministério da Guerra, que começava às 13 horas e terminava às 16
horas quando se iniciava a Educação Física na Fortaleza de São João. Como o
intervalo entre as instruções da manhã e da tarde era curto, várias alunas
desmaiavam de fome durante as atividades físicas, pois apenas conseguiam
deglutir um sanduíche no percurso, de bonde, entre a Policlínica e o Ministério
da Guerra (CANSANÇÃO, 1987).
Várias enfermeiras tiveram costelas e clavículas quebradas e luxações, pois
os exercícios eram perigosos, como a passagem pelo pórtico de 5 metros de
altura, sem rede de proteção (CANSANÇÃO, 1987).
Todas deviam ser portadoras de diplomas, pois quando houve a recusa da
Escola Anna Nery, o Exército se viu na necessidade de aceitar diplomas de
enfermagem de outras Escolas. Havia, na época, 3 tipos de cursos: o de
profissionais, de 3 anos; o de Samaritanas (artigo 99 de Enfermagem), ou seja, o
supletivo de enfermagem, de 3 anos em 1; e o de Voluntárias Socorristas, com
duração de 3 meses. Portanto, havia, na FEB, apenas 6 enfermeiras
profissionais, vindas do Hospital Alfredo Pinto, da Cruz Vermelha e uma da
Escola Anna Nery. Como a Aeronáutica ofereceu o salário de oficial, ou seja,
1(um) conto e duzentos, então as enfermeiras da Escola Anna Nery foram para
aquela Força.
Ao término do curso intensivo, as alunas consideradas habilitadas eram
propostas para nomeação, ao Ministério da Guerra e consideradas preparadas
para participar como oficiais enfermeiras na 2ª Guerra Mundial (CAMERINO,
1983).
A primeira turma de voluntárias do Exército era composta de 50 alunas,
porém apenas 37 foram incorporadas e seguiram para a Itália. A esse primeiro
curso seguiram mais quatro, entretanto, apenas 10 da segunda turma foram
convocadas; o restante passou a situação de ex-aluna do curso de Emergência
das Enfermeiras do Exército, sem nenhum direito a posto hierárquico
(CANSANÇÃO, 1987).
A mulher brasileira continuava sofrendo ataques de preconceitos de várias
vertentes da sociedade, e até mesmo pessoas inseridas no alto comando
hierárquico do governo posicionavam-se contra suas inserções no Exército
Brasileiro. A reprovação social veio a se revelar em toda sua plenitude, quando a
Sra. Dutra, esposa do ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, foi nomeada
patrono das enfermeiras da FEB. Às moças que lhe levaram a notícia, ela
apontou a porta da rua dizendo, em voz alta, que era contra o fato de mulheres
entrarem no Exército e que “isso era coisa de moças que não prestavam”
(MORAIS, 1949).
A incorporação do segmento feminino na Força Terrestre, como militar e no
Quadro de Oficiais, representou um evento ímpar para a mulher brasileira até
aquele período.
Apesar de todas as dificuldades, foi formado, sob sigilo absoluto, o
Destacamento Precursor da FEB, composto pelas enfermeiras Elza Cansanção
Medeiros, Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero, Carmen Bebiano de Mello
Braga, Antonieta Ferreira e Ignacia de Melo Braga. O médico designado foi o
Major Ernestino Gomes de Oliveira. Esse Destacamento tinha como missão
recepcionar os 5 (cinco) mil brasileiros do 1° Escalão da FEB a bordo do navio
General Mann, que desembarcariam em Nápoles (CANSANÇÃO,1987).
O destacamento precursor recebeu ordens para realizar todos os preparativos
para partir para a Guerra (tomar as vacinas, confecção da placa de identificação -
dog tag-, estar de posse do material fornecido pela Intendência, além de outros),
porém o destino desse Destacamento Precursor era desconhecido
(CANSANÇÃO, 1987).
3.3 ATIVIDADE LOGÍSTICA DE SAÚDE NO TOT
Segundo Morais (1960), a atividade de saúde estava cargo do Serviço de
Saúde da FEB. Este compreendia três escalões bem distintos: o da FEB, o da
Divisão e o das Unidades.
De acordo com Morais (1960) o escalão da FEB, como órgão de cúpula, tinha
sob sua responsabilidade o funcionamento dos demais escalões, inclusive os
encargos de hospitalização, bem como a atividade de suprimento Classe VIII.
Sob sua assistência direta, estavam o Serviço Dentário, o Posto Avançado de
Neuropsiquiatria e as Seções Hospitalares junto aos hospitais norte-americanos.
O Posto Avançado de neuropsiquiatria era destinado a receber, observar e
tratar os doentes precoces de Neuropsiquiatria surgidos no âmbito da Divisão.
85% dos pacientes deste Posto foram recuperados e devolvidos à tropa, sendo os
demais recolhidos a hospitais da retaguarda (norte-americanos) (MORAIS,
1960).
As Seções Hospitalares foram desdobradas juntas aos hospitais norte-
americanos, visando a atender os baixados brasileiros naqueles hospitais, após a
evacuação do âmbito divisionário. Tal medida destinava-se a proporcionar
melhores condições de atendimento aos brasileiros, ante a dificuldade de
relacionamento com médicos e enfermeiros norte-americanos, devido à barreira
do idioma (MORAIS, 1960).
Para Morais (1960), estas Seções foram desdobradas em todos os hospitais
que se constituíram na cadeia de evacuação e hospitalização e apoiava a 1ª DIE.
Esses hospitais eram, seqüencialmente:
- 32º Hospital de Campo, em Valdibura, sob barracas, com capacidade para 25
leitos, atendia os feridos mais graves, em caráter de urgência e cujo comando foi
entregue ao Professor Alípio Correa Neto, apesar de se tratar de um hospital
americano.
- 16º Hospital de Evacuação, em Pistóia, sob barracas, com capacidade para 400
leitos;
- 7º Hospital de Guarnição de Livorno; 45º e 182º Hospitais de Guarnição de
Nápoles; 300º Hospital Geral de Nápoles, todos de maior porte e possibilidades;
- Hospital de Convalescentes de Montecatini, misto de hospital e hotel, dispondo
dos meios para recuperação física e mental do homem.
Segundo Morais (1960), os feridos e doentes que não podiam ser tratados no
prazo de 120 dias, fixado para o Teatro de Operações, eram imediatamente
evacuados para a Zona do Interior. Os demais, uma vez restabelecidos,
transferiam-se para o Depósito de Pessoal, retornando à tropa como
recompletamento.
De acordo com Silveira (1989), à frente da rede hospitalar, funcionava o
Serviço de Saúde da 1ª DIE, destinado a estabelecer a ligação entre as unidades
e a retaguarda, cabendo-lhe, especificamente, a evacuação no âmbito
divisionário, dispondo, para esta tarefa, de um Batalhão de Saúde, composto por
uma Companhia de Tratamento e de três Companhias de Evacuação. A
Companhia de Tratamento equipava os Postos de Triagem divisionários.
Foi desdobrado um posto na região de Porreta Terme, posteriormente
deslocado mais para o sul, devido aos constantes bombardeios sobre a região.
Em 29 de novembro de 1944, data da realização do segundo ataque a Monte
Castelo, este posto recebeu e processou 124 feridos (SILVEIRA, 1989).
Cada Regimento, ou Grupo ou Unidade, segundo Silveira (1989), equivalente
possuía um Destacamento de Saúde, chefiado por um oficial médico, destinado a
prestar os primeiros socorros aos feridos e doentes, preparando-os para a
evacuação ou os restituindo às posições. Nos postos de Comando dos batalhões
eram instalados Postos de Socorro, onde se realizavam operações de grande
emergência. O ferido era inicialmente carregado por padioleiros do batalhão até
o jipe e levado para o Posto de Socorro do Batalhão. Depois de examinado e
socorrido, era removido em ambulância para o destino que seu caso exigia. O
padioleiro e o enfermeiro dos pelotões de combate prestavam os primeiros
socorros, aplicando pensos, plasma, garrotes e imobilização de membros
fraturados, muitas vezes em pleno combate, sob o fogo inimigo.
Todas as equipes do Serviço de Saúde, tanto dos Destacamentos Regimentais,
como a do 1° Batalhão de Saúde, e do próprio Hospital de Campo, tinham
extrema mobilidade, acompanhando o deslocamento da tropa para prestar
melhor atendimento ao soldado ferido (SILVEIRA, 1989).
O estado de saúde dos militares que embarcaram a bordo do navio General
Mann, rumo ao Teatro de Operações Terrestres, em Nápoles, era precário, pois,
além de essa ser a realidade da saúde dos brasileiros, na época, as inspeções de
saúde para os combatentes que iriam lutar na FEB foram sumárias e ineficientes.
Além disso, durante a viagem, que durou 14 dias, os militares ficavam em
cabinas estanques, dormindo em macas, sendo 4 macas por fila, com direito a
apenas 2 refeições por dia. Estes fatos acarretaram surtos de sarampo, varicela,
coqueluche e outras doenças a bordo. Devido à semelhança do uniforme
brasileiro com o alemão e ao péssimo aspecto dos brasileiros por causa do
desgaste da viagem, além dos outros fatores citados, quando desembarcaram, a
16 de julho, em Nápoles, foram confundidos com prisioneiros alemães
(CANSANÇÃO, 1987).
Apesar de todos esses fatores, a capacidade de adaptação das tropas
brasileiras impressionou os americanos, sobretudo levando-se em consideração
que, sendo de um país tropical e com pouco tempo de ambientação, os
brasileiros tiveram de enfrentar o duro inverno dos Apeninos, um dos mais
rigorosos da Europa. O “pé de trincheira” era um mal muito comum que
acometia os Exércitos, no inverno, devido à permanência dos soldados em locais
muito úmidos e frios, dificultando a circulação do sangue nas extremidades do
corpo, sobretudo nos pés, causando, muitas vezes, a gangrena. As tropas
brasileiras, surpreendentemente, apresentaram baixo índice de “pé de
trincheira”, devido à capacidade de improvisação. O pracinha brasileiro cobria
bem os pés com um pedaço de cobertor e forrava a galocha com feno seco, palha
ou mesmo pano. Depois colocava os pés na galocha deixando-os secos e não
apertados, permitindo que a circulação ocorresse adequadamente. A bota ficava
pendurada no cinto, na mochila ou em outro local próximo, para ser usada
quando ia dirigir algum veículo ou realizar longa marcha (CANSANÇÃO,
1987).
3.4 ATUAÇÃO DAS ENFERMEIRAS NA 2ª GUERRA MUNDIAL
O Destacamento Precursor saiu no dia 7 de julho, de avião, para Natal. As
enfermeiras embarcaram, sem avisar a seus familiares, uniformizadas com um
macacão verde-oliva semelhante ao usado pelos mecânicos, pois o Exército não
estava preparado para a incorporação do segmento feminino (MORAIS, 1949).
De acordo com Cansanção (1987), em Natal, tiveram o primeiro contato com
a guerra, pois viram o periscópio de um submarino do inimigo quase aflorando,
quando os holofotes da Marinha varriam o mar. Partiriam de Natal para Dacar,
mas como um avião havia sido abatido, na rota, foram para a Ilha de Ascensão,
posteriormente para Acra, de lá para Costa do Ouro (atual Gana), pernoitaram
em Dacar, dali seguindo para Atar, Robert Fild, Marrakesh e Casablanca, onde
ficaram durante 3 dias e, finalmente, chegaram a Alger. Ficaram em Alger sem
saber para onde iriam, quando os alemães, pelo rádio deram a notícia que “se
encontravam em Alger, as enfermeiras com o Major médico e que se destinavam
a Nápoles”. No dia 15 deixaram Alger com destino a Nápoles.
Segundo Cansanção (1987), a situação das enfermeiras brasileiras era
confusa, pois diziam que elas pertenciam ao círculo de oficiais, porém não
possuíam divisas. Essa falta de clareza e definição fez com que as primeiras
enfermeiras a embarcarem passassem fome, pois não podiam freqüentar o
refeitório de oficiais, nem o de civis.
Na mesma noite de sua chegada a Nápoles, as enfermeiras haviam sido
informadas que os alemães estavam cientes da movimentação brasileira e de que
haviam prometido uma festa de boas vindas. Durante a noite inteira foi feita uma
barragem de artilharia antiaérea americana, que foi apreciada como espetáculo
pelas enfermeiras brasileiras (CANSANÇÃO,2003).
O Destacamento Precursor foi designado para a seção hospitalar brasileira do
45th Field Hospital e para o 182nd Station Hospital. No primeiro hospital,
ficaram Ignacia e Elza, sendo incumbidas de receber cerca de 300 brasileiros
que chegaram baixados do navio General Mann e que para aquele hospital
haviam sido encaminhados. Distribuídos nas várias enfermarias que compunham
o 45th Hospital, os pracinhas ficariam também sob os cuidados das enfermeiras
e dos médicos norte-americanos. Dado que os brasileiros e os norte-americanos
não compreendiam o idioma um do outro, a enfermeira Elza foi também
intérprete, tendo seu nome bradado pelos alto-falantes do hospital inúmeras
vezes. No 182nd, ficaram Carmen, Virgínia e Antonieta (CANSANÇÃO, 2003).
Para Cansanção (1987), a inclusão de um contingente feminino pegou de
surpresa os planejadores encarregados de determinar o vestuário desse novo
corpo auxiliar do Exército e, como a confecção do fardamento das enfermeiras
não foi realizado adequadamente, o Chefe do Serviço de Saúde autorizou que as
enfermeiras usassem o uniforme americano no recinto do hospital, trocando-o
pelo verde-oliva quando saíssem.
O trato com as enfermeiras de outras nacionalidades, porém, tornara-se o
maior problema. As brasileiras, hierarquicamente, não possuíam posto militar
que pudesse ser equiparado com o das enfermeiras norte-americanas (todas
oficiais), pois eram consideradas enfermeiras de 3º classe, sendo equiparadas a
2º Sargento, logo, sofriam desagradáveis humilhações por parte das americanas,
o que levou Elza a participar ao comandante da FEB, General Mascarenhas de
Morais, a respeito da conflitante situação. Após um estudo realizado na
legislação, encontrou-se a solução do problema em um regulamento não
revogado da Guerra do Paraguai: a prática do arvoramento, em outras palavras,
as enfermeiras de terceira-classe seriam “arvoradas” ao posto de 2° tenente,
podendo fazer uso das insígnias do mesmo, gozar dos direitos e vantagens
inerentes, com exceção da pecuniária (CANSANÇÃO,2003).
Segundo Cansanção (2003), as primeiras enfermeiras arvoradas foram as
cinco que chegaram no Destacamento Precursor de Saúde. À medida que as
demais enfermeiras brasileiras foram chegando à Itália, eram de imediato
arvoradas ao posto de 2° tenente, o que lhes poupava os vexames iniciais que as
companheiras precursoras haviam sofrido (CANSANÇÃO,).
A chegada de outras colegas enfermeiras, nos dias que seguiram, diminuiu o
volume do trabalho e com a visita de Clarice Lispector no hospital, muitos
doentes puderam ter cartas escritas pela gentil senhora e mais tarde escritora
brasileira de renome, na época, esposa de Mauri Gugel Valente, cônsul
brasileiro da Itália (CAMERINO,1983).
Em número de 73, sendo 67 do Exército e 6 da Aeronáutica, as enfermeiras
foram seguindo para o front em pequenos grupos, por via aérea
(CAMERINO,1983).
As enfermeiras foram lotadas desde o hospital de campo, na frente de batalha,
até os hospitais de retaguarda, a saber: o 32°Field Hospital,o 16° Evacuation
Hospital, o 38° Evacuation Hospital,o 7° Station Hospital, no qual Elza assumiu
a chefia de 24 enfermeiras, o 105° Station Hospital, o 45° General Hospital, o
182° General Hospital e o 300° General Hospital.
Uma vez resolvido o entrave da situação hierárquica, a situação entre as
enfermeiras melhorou significativamente e a então 2° tenente Elza, desejosa em
ir para o front, requereu junto aos canais competentes e obteve sua transferência
para o 38th Evacuation Hospital, no vilarejo de Santa Luccia, em Cecina
(CANSANÇÃO,2003).
De acordo com Cansanção (1987), com o deslocamento das tropas para
frente, as outras enfermeiras se deslocaram para o 38th Evacuation Hospital,
primeiro em Santa Luccia e depois em Pisa. Esse hospital foi inundado pelas
águas do Rio Arno, em 2 de novembro de 1944, devido ao represamento do
mesmo pelos alemães e posterior estouro de suas comportas. Neste dia,
encontrava-se no hospital, cerca de 3000 pessoas entre pacientes e pessoal de
serviço. Os americanos providenciaram, de imediato, a remoção de todos os
pacientes para um edifício em construção, nas proximidades da área, com uma
grande eficiência.
Segundo Cansanção (1987), após a perda total do 38th Evacuation Hospital, a
seção hospitalar brasileira foi instalada no 16th Evacuation Hospital, em Pistóia.
Sob algumas barracas onde se alojaram enfermeiras que serviram nesse hospital,
havia um paiol de pólvora do Exército italiano, porém elas apenas ficaram
sabendo depois de terminada a guerra.
Em Livorno, porém, a situação disciplinar do 7th Station Hospital era
preocupante. Tratava-se do hospital que tinha o maior contingente de
enfermeiras servindo e sua administração estava provando ser tarefa difícil. Das
palavras do Coronel Generoso Ponce, subchefe do Hospital, recebia, a Ten Elza,
a sua mais nova missão: “Ten Elza, nós pedimos que venha para esse hospital
para assumir a chefia deste grupo. Se não quiserem lhe obedecer pelo
regulamento, meta-lhes o braço, isto aqui está uma baderna!”
(CANSANÇÃO,2003).
Frente ao grande número de pacientes, alguns com gravíssimos ferimentos,
além da questão administrativo-disciplinar, foi necessário que a Ten Elza atuasse
com rigor, acirrando o seu trabalho de fiscalização e também o de intérprete, o
que harmonizou a comunicação entre como também estabilizando a caótica
situação que a inexistência de um idioma comum causava no relacionamento
entre todos ali (CANSANÇÃO, 1987).
As pesadas atribuições do cargo de chefia do 7th em muito consumiram a Ten
Elza, que, com problemas de saúde, a fizeram requerer o desligamento da
função. Em resposta, foi designada como oficial de ligação, em virtude da
reconhecida facilidade com que manejava o idioma inglês.
Na condição de oficial de ligação serviu sob o comando do Ten Cel Augusto
Sette Ramalho, no 182th Station Hospital. A atuação da Ten Elza na 2° Guerra
Mundial recebeu elogios do Tem Cel Ramalho e este a recomendou para sua
substituta no comando do 182th Station Hospital (CANSANÇÃO, 1987).
As enfermeiras realizaram um trabalho notável: além do serviço de
enfermagem, davam apoio e carinho aos feridos.
4 CONCLUSÃO
A presença das enfermeiras na Força Expedicionária Brasileira representou o
ingresso das mulheres no Exército, sendo, este fato, impulsionado pelas
mudanças sociais e econômicas que ocorriam no Brasil na década de trinta.
A importância das enfermeiras na 2° Guerra Mundial vai além do tratamento
curativo aos doentes e feridos, pois a presença de um apoio com características
maternais foi fundamental para o equilíbrio emocional das tropas brasileiras no
Teatro de Operações na Itália, o que rendeu atuações vitoriosas devido à
bravura de militares que saíram do Brasil desacreditados pelos próprios
brasileiros e que iriam lutar contra aquele que era considerado o melhor soldado
do mundo.
A atuação relevante e a coragem daquelas mulheres que auxiliaram no apoio
à saúde dos combatentes brasileiros e aliados em solo italiano, na Segunda
Guerra Mundial, tornou-se exemplo, até os dias atuais e estímulo para a entrada
da mulher em áreas, no mercado de trabalho, antes dominadas pelos homens.
REFERÊNCIAS
CAMERINO, O. de A. A Mulher Brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Rio de Janeiro: Capemi, 1983.
CANSANÇÃO, E. E foi assim que a cobra fumou. Rio de Janeiro: Marques
Saraiva, 1987.
CANSANÇÃO, E. 1... 2... Esquerda... Direita... Acertem o passo. Rio de
Janeiro : Marques Saraiva, 2003.
CASTRO, T de. História Documental do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 1995.
COSTA, L. C. A.; MELLO, L. I. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993.
GOMES, A. de C. A Invenção do Trabalhismo. Rio de Janeiro; Relume
Dumará,
1994.
MARCUSE, H. Ideologia da Sociedade Industrial. São Paulo: Zahar ,1967.
MORAIS, B. Testemunho de uma enfermeira in: depoimento de oficiais da
reserva sobre a FEB. São Paulo; 1949.
MORAIS, J. B. M. A Feb pelo seu Comandante. Rio de Janeiro. Biblioteca do
Exército, 1960.
SILVEIRA, J.X. A Feb por um soldado. Rio de Janeiro. Biblioteca do
Exército, 1989.
WEFFORT, F. Os Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 2000.

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  • 1. AS ENFERMEIRAS NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA 1º Ten Al JULIANA FARIAS COÊLHO CÂMARA RIO DE JANEIRO 2008
  • 2. AS ENFERMEIRAS NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA 1º Ten Al JULIANA FARIAS COÊLHO CÂMARA RIO DE JANEIRO 2008 Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Capitão-Tenente Josinete Mello dos Santos. .
  • 3. M496i Câmara, Juliana Farias Coêlho. As Enfermeiras na Força Expedicionária Brasileira /. - Juliana Farias Coêlho Câmara. - Rio de Janeiro, 2008. 23 f. : Orientador: Josinete Mello dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Referências: f. 23. 1. Enfermeiras. 2. FEB. 3. Segunda Guerra Mundial. I. Santos Josinete Mello dos. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título. CDD 617.69
  • 4. RESUMO O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre a atuação das enfermeiras que integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB). O Brasil vivia um período chamado Estado Novo (de novembro de 1932 a outubro de 1946), quando o mundo inicia o maior conflito armado da história: a Segunda Guerra Mundial, em que dois blocos de países se confrontam, quais sejam, os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), que desejavam impor uma “nova ordem” na Europa e na Ásia, e os países Aliados, liderados pelos Estados Unidos, União Soviética, França e Inglaterra e compostos pelo restante do mundo. Uma das razões que levaram o Brasil a entrar na guerra foi o ataque de submarinos alemães a navios brasileiros. Assim, foi criada a FEB, com o objetivo de enviar combatentes brasileiros para lutar ao lado dos países aliados, em solo italiano. Os Estados Unidos pressionaram o Brasil para enviar apoio logístico de saúde para a guerra e foi criado, por Decreto, o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército. Foram enviadas para Itália 67 enfermeiras do Exército e 6 da Aeronáutica. As enfermeiras da FEB atuaram em seções brasileiras nos hospitais americanos nos diversos escalões que compuseram a assistência à saúde no Teatro de Operações Terrestres (TOT), tendo atuações de grande valia para a manutenção e recuperação da higidez física e mental dos brasileiros que combateram na Itália, além do socorro aos outros militares aliados, aos prisioneiros alemães e à população civil. O conforto moral proporcionado pelas enfermeiras da FEB, além de assistência médica, aos feridos e doentes no TOT na Itália, foi essencial para a campanha vitoriosa dos militares brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Palavras-chaves: Enfermeiras, FEB, Segunda Guerra Mundial. ,
  • 5. ABSTRACT The objective of this work was doing a literature revision on the performance of the nurses who had integrated Brazilian Expedicionary Force (FEB). Brazil lived a called period “Been New” (of November of 1932 to October of 1946), when the world initiates the biggest armed conflict in history: Second World War, where two blocks of countries if collate, which were, the countries of the Axis (Germany, Italy and Japan) and the Allies, led for the United States,Soviet Union, France and Britain and composites for the remain of the world. German Submarines had sunk Brazilian ships and this was one of the reasons because Brazil entered in the war. Thus, the FEB was created, with the objective to send Brazilian troops to fight besides of the countries Allies, in Italy. The United States had pressured Brazil to send logistic support of health for the war and were created, for decree, the Staff of Nurses of the Reserve of the Army. 67 nurses of Army and 6 of the Air Force had been sent for Italy. The nurses of the FEB had acted in Brazilian sections in the American hospitals in the diverse steps that compose the assistance to the health in the Terrestrial Operation Theater (TOT), having performances of great value for the maintenance and recovery of the physical and mental health of the Brazilians who had fought in Italy, beyond the aid to the other military allies, the german prisoners and the population . The moral comfort proportionated by the nurses of the FEB, beyond medical assistance to the wounded and sick people in the TOT in Italy was essential for the victorious campaign of the Brazilian military in Second World War. Key-words : Nurses, FEB, Second World War.
  • 6. AGRADECIMENTOS A minhas irmãs e sobrinhas, por tornarem essa “jornada” mais suave. A Sílvio, meu noivo, pelo seu amor e apoio incondicionais. À Capitão-Tenente Josinete Mello Silva, pela sua disponibilidade em me orientar. Ao Capitão-Tenente Artur Ventura (IM), pela surpreendente amizade e atenção. Ao Major Luiz Carlos Burgarelli, pela dedicação aos co-orientados e a todos que necessitarem de sua ajuda. Aos colegas de curso, que se tornaram amigos e que assim permaneçam. A todos os que servem na Escola de Saúde do Exército, pela paciência e pelo convívio enriquecedor.
  • 7. DEDICATÓRIA A meus pais, Lúcio da Costa Câmara e Rita de Cássia Farias Coêlho Câmara, por se dedicarem, incessantemente, em nos deixar como herança o que há de mais valioso: a honestidade, a responsabilidade, a perseverança, a disciplina e o respeito ao próximo. Aos meus avós, Rômulo Camboim Câmara (in memorian), Maria de Lourdes da Costa Câmara, Djalma Lins Coêlho e Maria Nelly de Farias Coêlho, exemplos de virtudes a serem seguidos.
  • 8. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8 2 METODOLOGIA ....................................................................................................11 3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................12 3.1 COMPOSIÇÃO DA FEB.........................................................................................12 3.2 QUADRO DE ENFERMEIRAS DO EXÉRCITO......................................................13 3.3 ATIVIDADE LOGÍSTICA DE SAÚDE NO TOT.....................................................15 3.4 ATUAÇÃO DAS ENFERMEIRAS NA 2ª GUERRA MUNDIAL..............................18 4 CONCLUSÃO............................................................................................................22 REFERÊNCIAS.............................................................................................................23
  • 9. 1 INTRODUÇÃO A Segunda Guerra Mundial foi um conflito que envolveu 63 países, 80% da população mundial e teve duração de cinco anos e oito meses, deixando 60 milhões de mortos. Adolf Hitler, que tinha a Alemanha sob seu poder, Benito Mussolini da Itália, e o Imperador Hiroíto, do Japão, firmaram o Pacto Tripartite, onde resolveram se assistir mutuamente e colaborar para a satisfação das suas aspirações aos espaços da Grande Ásia, Extremo Oriente e aos territórios da Europa. Através desse Pacto, o Japão reconheceu e aceitou a direção da Alemanha e da Itália na criação de uma nova ordem na Europa. A Alemanha e a Itália, por sua vez, reconheceram e aceitaram a direção do Japão na criação de uma nova ordem no espaço da grande Ásia e Extremo Oriente. No dia 1° de setembro de 1939 a Alemanha invadiu a Polônia e, nessa ocasião, os Governos francês e inglês declararam guerra a Alemanha iniciando a 2° Guerra Mundial. Os países da América assinaram a ”Declaração Geral de Neutralidade das Repúblicas Americanas”. Nela se firmava a posição de neutralidade, a proibição de instalações de bases militares em seus territórios e se estabelecia a “zona de segurança”, envolvendo o continente americano. Em 7 de dezembro de 1941, a guarnição americana de Pearl Harbour foi atacada por submarinos e por aviões japoneses pilotados por kamikazes que destruíram totalmente o porto americano e a maioria dos navios ali fundeados além de todas as instalações da base. Esse ataque levou 26 nações livres de diferentes partes do mundo a se associarem e firmarem, a 1° de janeiro de 1942, no Rio de Janeiro, a Declaração de empregarem todos os seus recursos militares ou econômicos contra os membros do Pacto Tripartite. Cada governo se comprometia a cooperar com os Governos signatários da Declaração e a não firmar com os inimigos armistícios ou paz sem a concordância dos demais . Em 28 de Janeiro de 1942, o Ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha, cumprindo ordens do governo, comunicou que o Brasil se afastava definitivamente do convívio com a Alemanha, Itália e Japão, solidarizando-se com as repúblicas do continente americano, às quais estava ligado por indissolúveis laços de camaradagem.
  • 10. O Brasil vivia sob um regime que se chamou Estado Novo e que duraria oito anos (de novembro de 1932 a outubro de 1946). A Constituição de 10 de novembro de 1937 permitira que o Presidente Getúlio Vargas governasse sem limitações jurídicas, sem congresso, sem governos estaduais autônomos, sem partidos políticos e sem eleições. Os chamados países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), em que vigoravam regimes totalitários, tinham notória simpatia pelo governo de Vargas. No entanto, no Brasil, também existia uma facção pró-Estados Unidos liderada por Osvaldo Aranha. Vargas procurava manter o Brasil neutro e tirar vantagens econômicas da luta entre os países do Eixo e os países Aliados, estes últimos liderados pelos Estados Unidos e representados pelo restante do mundo. Nesse conturbado período da História, a crise da economia agroexportadora acarretada pelo crack da bolsa de valores de Nova York provocou um forte movimento de industrialização no país, pois as dificuldades de importação eram grandes. Nessa perspectiva, em que o Estado necessitava de mão-de-obra de reserva a fim de manter salários baixos, as mulheres engajam neste processo, conquistando posicionamento na estrutura social. O voto feminino foi uma dessas conquistas, formalizada na Constituição de 1934. Há tempos, as mulheres já reunidas pelo sentimento de consciência de classe, lutavam por esses e outros direitos, tornando evidente o processo de inserção da mulher como sujeito político significante na estrutura social brasileira (MARCUSE, 1967). Até 1942, o Brasil se manteve neutro no conflito mundial. Porém, o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães determinou uma declaração de guerra à Alemanha e à Itália e mostrou que era insustentável a ditadura de Vargas. A população exigia que o Brasil tomasse providências a respeito dos ataques aos navios brasileiros, clamando, nas ruas, através de passeatas, que entrássemos na Guerra. No dia 09 de agosto de 1943, foi criada a FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA-FEB. A criação da FEB tem como marco inicial a Comissão Militar Mista Brasil-Estados Unidos e como ponto de partida a autorização que o Presidente Vargas deu ao General Leitão de Carvalho, em 29 de março de 1943, para que planejasse com os americanos a utilização de tropas brasileiras em operações de guerra. Com a entrada do Brasil na guerra, os norte-americanos reforçaram a idéia da necessidade de que os países Aliados deveriam embarcar para a Europa, apoiados por uma estrutura logística significativa, já que, dessa forma, aqueles
  • 11. poupariam recursos financeiros e humanos. Com isso, os norte-americanos pressionaram o governo do Brasil a enviar um estruturado corpo de saúde. As mulheres brasileiras estariam incumbidas de cumprir este papel assistencial, pois, culturalmente, a função de enfermeira era designada às mulheres. Essa pressão política exercida pelos norte-americanos, aliada à crescente inserção da mulher brasileira no mercado trabalho, e à valorização do Estado trabalhista de Vargas acerca do processo de voluntariado frente à guerra, foram os possíveis fatores determinantes para impulsionar o ingresso das mulheres nas Forças Armadas e para a criação do QUADRO DE ENFERMEIRAS NA FEB. Além disso, como enfermeiras brasileiras prestaram assistência aos náufragos, vítimas dos ataques dos alemães, sentiram obrigação moral de ter uma atitude ativa frente à àquelas vidas perdidas. Uma dessas enfermeiras foi Elza Cansanção Medeiros, que, em 1943, morava em Maceió e auxiliou no atendimento dos náufragos do navio Itapagé, prestando assistência médica e social.
  • 12. 2 METODOLOGIA Este trabalho realizou uma revisão de literatura sobre a atuação das enfermeiras na Força Expedicionária Brasileira.
  • 13. 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 COMPOSIÇÃO DA FEB De acordo com Morais (1960), a FEB era constituída de uma Divisão de Infantaria, que passou a se chamar 1º DIE, e de Órgãos Não-Divisionários. Segundo Morais (1960), a Primeira Divisão de Infantaria Divisionária tinha como composição: - Comandante Geral de Divisão; - Quartel Geral, Estado-Maior Geral e Estado Maior Especial; - Infantaria Divisionária: Comandante e 03 Regimentos de Infantaria; - Artilharia Divisionária: Comandante e 04 Grupos de Artilharia; - Esquadrilham de Aviação-ELO; - Batalhão de Engenharia; - Batalhão de Saúde: possuía como Comandante o Ten Cel médico Bonifácio Antônio Borba e como Subcomandante o médico João Maliceski Júnior; - Esquadrão de Reconhecimento; - Companhia de Transmissões – Comunicação. A Tropa Especial era assim composta, de acordo com Morais (1960): - Comando do Quartel General e da Tropa Especial; - Destacamento de Saúde; - Cia de Manutenção; - Cia de Intendência; - Pelotão de Sepultamento; - Pelotão de Polícia; - Banda de Música . Os Órgãos Não-Divisionários, segundo Morais (1960), compunham- se do (a): - Comandante da FEB; - Serviço de Saúde da FEB: tinha como chefe o Coronel médico Emanuel Marques Porto; - Agência do Banco do Brasil; - Pagadoria Fixa; - Seção Brasileira de Base; - Depósito de Intendência; - Serviço Postal; - Serviço de Justiça;
  • 14. - Depósito de Pessoal . 3.2 QUADRO DE ENFERMEIRAS DO EXÉRCITO Através do Decreto nº 6097, em 15 de dezembro de 1943, foi criado o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército no Serviço de Saúde. Esse Quadro destinava-se à formação de enfermeiras militares, mediante um trabalho de adaptação das enfermeiras civis. Assim, se tentou criar o Corpo de Enfermagem com as alunas da Escola Anna Nery, mas a diretora da Escola foi categórica em afirmar que ”enfermeira de Anna Nery não se sujeitaria a ganhar os quatrocentos e vinte mil réis”, então, oferecidos. Logo, o Corpo de Enfermeiras da Reserva do Exército foi todo criado com voluntárias (CAMERINO, 1983). Elza Cansanção Medeiros, aos 22 anos de idade, foi a primeira voluntária brasileira a se apresentar para a Segunda Guerra Mundial, tendo se alistado no dia 18 de abril de 1943 (CANSANÇÃO, 1987). O curso de formação foi realizado no Rio de Janeiro pela Diretoria de Saúde do Exército e, nas sedes das Regiões Militares, pelas respectivas chefias do Serviço de Saúde (CAMERINO, 1983). Teve duração de seis semanas e era composto de treinamento físico (na Fortaleza São João), treino de natação (com a nadadora Maria Lenk, melhor nadadora brasileira na época), instrução militar, ordem unida, adaptação ao meio militar e microbiologia. Pela manhã, ocorria o estágio técnico e prático, no Hospital Central do Exército e na Policlínica que terminava às 12 horas e, à tarde, o treinamento militar, que era composto de aula teórica no Ministério da Guerra, que começava às 13 horas e terminava às 16 horas quando se iniciava a Educação Física na Fortaleza de São João. Como o intervalo entre as instruções da manhã e da tarde era curto, várias alunas desmaiavam de fome durante as atividades físicas, pois apenas conseguiam deglutir um sanduíche no percurso, de bonde, entre a Policlínica e o Ministério da Guerra (CANSANÇÃO, 1987). Várias enfermeiras tiveram costelas e clavículas quebradas e luxações, pois os exercícios eram perigosos, como a passagem pelo pórtico de 5 metros de altura, sem rede de proteção (CANSANÇÃO, 1987). Todas deviam ser portadoras de diplomas, pois quando houve a recusa da Escola Anna Nery, o Exército se viu na necessidade de aceitar diplomas de enfermagem de outras Escolas. Havia, na época, 3 tipos de cursos: o de
  • 15. profissionais, de 3 anos; o de Samaritanas (artigo 99 de Enfermagem), ou seja, o supletivo de enfermagem, de 3 anos em 1; e o de Voluntárias Socorristas, com duração de 3 meses. Portanto, havia, na FEB, apenas 6 enfermeiras profissionais, vindas do Hospital Alfredo Pinto, da Cruz Vermelha e uma da Escola Anna Nery. Como a Aeronáutica ofereceu o salário de oficial, ou seja, 1(um) conto e duzentos, então as enfermeiras da Escola Anna Nery foram para aquela Força. Ao término do curso intensivo, as alunas consideradas habilitadas eram propostas para nomeação, ao Ministério da Guerra e consideradas preparadas para participar como oficiais enfermeiras na 2ª Guerra Mundial (CAMERINO, 1983). A primeira turma de voluntárias do Exército era composta de 50 alunas, porém apenas 37 foram incorporadas e seguiram para a Itália. A esse primeiro curso seguiram mais quatro, entretanto, apenas 10 da segunda turma foram convocadas; o restante passou a situação de ex-aluna do curso de Emergência das Enfermeiras do Exército, sem nenhum direito a posto hierárquico (CANSANÇÃO, 1987). A mulher brasileira continuava sofrendo ataques de preconceitos de várias vertentes da sociedade, e até mesmo pessoas inseridas no alto comando hierárquico do governo posicionavam-se contra suas inserções no Exército Brasileiro. A reprovação social veio a se revelar em toda sua plenitude, quando a Sra. Dutra, esposa do ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, foi nomeada patrono das enfermeiras da FEB. Às moças que lhe levaram a notícia, ela apontou a porta da rua dizendo, em voz alta, que era contra o fato de mulheres entrarem no Exército e que “isso era coisa de moças que não prestavam” (MORAIS, 1949). A incorporação do segmento feminino na Força Terrestre, como militar e no Quadro de Oficiais, representou um evento ímpar para a mulher brasileira até aquele período. Apesar de todas as dificuldades, foi formado, sob sigilo absoluto, o Destacamento Precursor da FEB, composto pelas enfermeiras Elza Cansanção Medeiros, Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero, Carmen Bebiano de Mello Braga, Antonieta Ferreira e Ignacia de Melo Braga. O médico designado foi o Major Ernestino Gomes de Oliveira. Esse Destacamento tinha como missão recepcionar os 5 (cinco) mil brasileiros do 1° Escalão da FEB a bordo do navio General Mann, que desembarcariam em Nápoles (CANSANÇÃO,1987).
  • 16. O destacamento precursor recebeu ordens para realizar todos os preparativos para partir para a Guerra (tomar as vacinas, confecção da placa de identificação - dog tag-, estar de posse do material fornecido pela Intendência, além de outros), porém o destino desse Destacamento Precursor era desconhecido (CANSANÇÃO, 1987). 3.3 ATIVIDADE LOGÍSTICA DE SAÚDE NO TOT Segundo Morais (1960), a atividade de saúde estava cargo do Serviço de Saúde da FEB. Este compreendia três escalões bem distintos: o da FEB, o da Divisão e o das Unidades. De acordo com Morais (1960) o escalão da FEB, como órgão de cúpula, tinha sob sua responsabilidade o funcionamento dos demais escalões, inclusive os encargos de hospitalização, bem como a atividade de suprimento Classe VIII. Sob sua assistência direta, estavam o Serviço Dentário, o Posto Avançado de Neuropsiquiatria e as Seções Hospitalares junto aos hospitais norte-americanos. O Posto Avançado de neuropsiquiatria era destinado a receber, observar e tratar os doentes precoces de Neuropsiquiatria surgidos no âmbito da Divisão. 85% dos pacientes deste Posto foram recuperados e devolvidos à tropa, sendo os demais recolhidos a hospitais da retaguarda (norte-americanos) (MORAIS, 1960). As Seções Hospitalares foram desdobradas juntas aos hospitais norte- americanos, visando a atender os baixados brasileiros naqueles hospitais, após a evacuação do âmbito divisionário. Tal medida destinava-se a proporcionar melhores condições de atendimento aos brasileiros, ante a dificuldade de relacionamento com médicos e enfermeiros norte-americanos, devido à barreira do idioma (MORAIS, 1960). Para Morais (1960), estas Seções foram desdobradas em todos os hospitais que se constituíram na cadeia de evacuação e hospitalização e apoiava a 1ª DIE. Esses hospitais eram, seqüencialmente: - 32º Hospital de Campo, em Valdibura, sob barracas, com capacidade para 25 leitos, atendia os feridos mais graves, em caráter de urgência e cujo comando foi entregue ao Professor Alípio Correa Neto, apesar de se tratar de um hospital americano.
  • 17. - 16º Hospital de Evacuação, em Pistóia, sob barracas, com capacidade para 400 leitos; - 7º Hospital de Guarnição de Livorno; 45º e 182º Hospitais de Guarnição de Nápoles; 300º Hospital Geral de Nápoles, todos de maior porte e possibilidades; - Hospital de Convalescentes de Montecatini, misto de hospital e hotel, dispondo dos meios para recuperação física e mental do homem. Segundo Morais (1960), os feridos e doentes que não podiam ser tratados no prazo de 120 dias, fixado para o Teatro de Operações, eram imediatamente evacuados para a Zona do Interior. Os demais, uma vez restabelecidos, transferiam-se para o Depósito de Pessoal, retornando à tropa como recompletamento. De acordo com Silveira (1989), à frente da rede hospitalar, funcionava o Serviço de Saúde da 1ª DIE, destinado a estabelecer a ligação entre as unidades e a retaguarda, cabendo-lhe, especificamente, a evacuação no âmbito divisionário, dispondo, para esta tarefa, de um Batalhão de Saúde, composto por uma Companhia de Tratamento e de três Companhias de Evacuação. A Companhia de Tratamento equipava os Postos de Triagem divisionários. Foi desdobrado um posto na região de Porreta Terme, posteriormente deslocado mais para o sul, devido aos constantes bombardeios sobre a região. Em 29 de novembro de 1944, data da realização do segundo ataque a Monte Castelo, este posto recebeu e processou 124 feridos (SILVEIRA, 1989). Cada Regimento, ou Grupo ou Unidade, segundo Silveira (1989), equivalente possuía um Destacamento de Saúde, chefiado por um oficial médico, destinado a prestar os primeiros socorros aos feridos e doentes, preparando-os para a evacuação ou os restituindo às posições. Nos postos de Comando dos batalhões eram instalados Postos de Socorro, onde se realizavam operações de grande emergência. O ferido era inicialmente carregado por padioleiros do batalhão até o jipe e levado para o Posto de Socorro do Batalhão. Depois de examinado e socorrido, era removido em ambulância para o destino que seu caso exigia. O padioleiro e o enfermeiro dos pelotões de combate prestavam os primeiros socorros, aplicando pensos, plasma, garrotes e imobilização de membros fraturados, muitas vezes em pleno combate, sob o fogo inimigo. Todas as equipes do Serviço de Saúde, tanto dos Destacamentos Regimentais, como a do 1° Batalhão de Saúde, e do próprio Hospital de Campo, tinham extrema mobilidade, acompanhando o deslocamento da tropa para prestar melhor atendimento ao soldado ferido (SILVEIRA, 1989).
  • 18. O estado de saúde dos militares que embarcaram a bordo do navio General Mann, rumo ao Teatro de Operações Terrestres, em Nápoles, era precário, pois, além de essa ser a realidade da saúde dos brasileiros, na época, as inspeções de saúde para os combatentes que iriam lutar na FEB foram sumárias e ineficientes. Além disso, durante a viagem, que durou 14 dias, os militares ficavam em cabinas estanques, dormindo em macas, sendo 4 macas por fila, com direito a apenas 2 refeições por dia. Estes fatos acarretaram surtos de sarampo, varicela, coqueluche e outras doenças a bordo. Devido à semelhança do uniforme brasileiro com o alemão e ao péssimo aspecto dos brasileiros por causa do desgaste da viagem, além dos outros fatores citados, quando desembarcaram, a 16 de julho, em Nápoles, foram confundidos com prisioneiros alemães (CANSANÇÃO, 1987). Apesar de todos esses fatores, a capacidade de adaptação das tropas brasileiras impressionou os americanos, sobretudo levando-se em consideração que, sendo de um país tropical e com pouco tempo de ambientação, os brasileiros tiveram de enfrentar o duro inverno dos Apeninos, um dos mais rigorosos da Europa. O “pé de trincheira” era um mal muito comum que acometia os Exércitos, no inverno, devido à permanência dos soldados em locais muito úmidos e frios, dificultando a circulação do sangue nas extremidades do corpo, sobretudo nos pés, causando, muitas vezes, a gangrena. As tropas brasileiras, surpreendentemente, apresentaram baixo índice de “pé de trincheira”, devido à capacidade de improvisação. O pracinha brasileiro cobria bem os pés com um pedaço de cobertor e forrava a galocha com feno seco, palha ou mesmo pano. Depois colocava os pés na galocha deixando-os secos e não apertados, permitindo que a circulação ocorresse adequadamente. A bota ficava pendurada no cinto, na mochila ou em outro local próximo, para ser usada quando ia dirigir algum veículo ou realizar longa marcha (CANSANÇÃO, 1987). 3.4 ATUAÇÃO DAS ENFERMEIRAS NA 2ª GUERRA MUNDIAL O Destacamento Precursor saiu no dia 7 de julho, de avião, para Natal. As enfermeiras embarcaram, sem avisar a seus familiares, uniformizadas com um
  • 19. macacão verde-oliva semelhante ao usado pelos mecânicos, pois o Exército não estava preparado para a incorporação do segmento feminino (MORAIS, 1949). De acordo com Cansanção (1987), em Natal, tiveram o primeiro contato com a guerra, pois viram o periscópio de um submarino do inimigo quase aflorando, quando os holofotes da Marinha varriam o mar. Partiriam de Natal para Dacar, mas como um avião havia sido abatido, na rota, foram para a Ilha de Ascensão, posteriormente para Acra, de lá para Costa do Ouro (atual Gana), pernoitaram em Dacar, dali seguindo para Atar, Robert Fild, Marrakesh e Casablanca, onde ficaram durante 3 dias e, finalmente, chegaram a Alger. Ficaram em Alger sem saber para onde iriam, quando os alemães, pelo rádio deram a notícia que “se encontravam em Alger, as enfermeiras com o Major médico e que se destinavam a Nápoles”. No dia 15 deixaram Alger com destino a Nápoles. Segundo Cansanção (1987), a situação das enfermeiras brasileiras era confusa, pois diziam que elas pertenciam ao círculo de oficiais, porém não possuíam divisas. Essa falta de clareza e definição fez com que as primeiras enfermeiras a embarcarem passassem fome, pois não podiam freqüentar o refeitório de oficiais, nem o de civis. Na mesma noite de sua chegada a Nápoles, as enfermeiras haviam sido informadas que os alemães estavam cientes da movimentação brasileira e de que haviam prometido uma festa de boas vindas. Durante a noite inteira foi feita uma barragem de artilharia antiaérea americana, que foi apreciada como espetáculo pelas enfermeiras brasileiras (CANSANÇÃO,2003). O Destacamento Precursor foi designado para a seção hospitalar brasileira do 45th Field Hospital e para o 182nd Station Hospital. No primeiro hospital, ficaram Ignacia e Elza, sendo incumbidas de receber cerca de 300 brasileiros que chegaram baixados do navio General Mann e que para aquele hospital haviam sido encaminhados. Distribuídos nas várias enfermarias que compunham o 45th Hospital, os pracinhas ficariam também sob os cuidados das enfermeiras e dos médicos norte-americanos. Dado que os brasileiros e os norte-americanos não compreendiam o idioma um do outro, a enfermeira Elza foi também intérprete, tendo seu nome bradado pelos alto-falantes do hospital inúmeras vezes. No 182nd, ficaram Carmen, Virgínia e Antonieta (CANSANÇÃO, 2003). Para Cansanção (1987), a inclusão de um contingente feminino pegou de surpresa os planejadores encarregados de determinar o vestuário desse novo corpo auxiliar do Exército e, como a confecção do fardamento das enfermeiras não foi realizado adequadamente, o Chefe do Serviço de Saúde autorizou que as
  • 20. enfermeiras usassem o uniforme americano no recinto do hospital, trocando-o pelo verde-oliva quando saíssem. O trato com as enfermeiras de outras nacionalidades, porém, tornara-se o maior problema. As brasileiras, hierarquicamente, não possuíam posto militar que pudesse ser equiparado com o das enfermeiras norte-americanas (todas oficiais), pois eram consideradas enfermeiras de 3º classe, sendo equiparadas a 2º Sargento, logo, sofriam desagradáveis humilhações por parte das americanas, o que levou Elza a participar ao comandante da FEB, General Mascarenhas de Morais, a respeito da conflitante situação. Após um estudo realizado na legislação, encontrou-se a solução do problema em um regulamento não revogado da Guerra do Paraguai: a prática do arvoramento, em outras palavras, as enfermeiras de terceira-classe seriam “arvoradas” ao posto de 2° tenente, podendo fazer uso das insígnias do mesmo, gozar dos direitos e vantagens inerentes, com exceção da pecuniária (CANSANÇÃO,2003). Segundo Cansanção (2003), as primeiras enfermeiras arvoradas foram as cinco que chegaram no Destacamento Precursor de Saúde. À medida que as demais enfermeiras brasileiras foram chegando à Itália, eram de imediato arvoradas ao posto de 2° tenente, o que lhes poupava os vexames iniciais que as companheiras precursoras haviam sofrido (CANSANÇÃO,). A chegada de outras colegas enfermeiras, nos dias que seguiram, diminuiu o volume do trabalho e com a visita de Clarice Lispector no hospital, muitos doentes puderam ter cartas escritas pela gentil senhora e mais tarde escritora brasileira de renome, na época, esposa de Mauri Gugel Valente, cônsul brasileiro da Itália (CAMERINO,1983). Em número de 73, sendo 67 do Exército e 6 da Aeronáutica, as enfermeiras foram seguindo para o front em pequenos grupos, por via aérea (CAMERINO,1983). As enfermeiras foram lotadas desde o hospital de campo, na frente de batalha, até os hospitais de retaguarda, a saber: o 32°Field Hospital,o 16° Evacuation Hospital, o 38° Evacuation Hospital,o 7° Station Hospital, no qual Elza assumiu a chefia de 24 enfermeiras, o 105° Station Hospital, o 45° General Hospital, o 182° General Hospital e o 300° General Hospital. Uma vez resolvido o entrave da situação hierárquica, a situação entre as enfermeiras melhorou significativamente e a então 2° tenente Elza, desejosa em ir para o front, requereu junto aos canais competentes e obteve sua transferência para o 38th Evacuation Hospital, no vilarejo de Santa Luccia, em Cecina (CANSANÇÃO,2003).
  • 21. De acordo com Cansanção (1987), com o deslocamento das tropas para frente, as outras enfermeiras se deslocaram para o 38th Evacuation Hospital, primeiro em Santa Luccia e depois em Pisa. Esse hospital foi inundado pelas águas do Rio Arno, em 2 de novembro de 1944, devido ao represamento do mesmo pelos alemães e posterior estouro de suas comportas. Neste dia, encontrava-se no hospital, cerca de 3000 pessoas entre pacientes e pessoal de serviço. Os americanos providenciaram, de imediato, a remoção de todos os pacientes para um edifício em construção, nas proximidades da área, com uma grande eficiência. Segundo Cansanção (1987), após a perda total do 38th Evacuation Hospital, a seção hospitalar brasileira foi instalada no 16th Evacuation Hospital, em Pistóia. Sob algumas barracas onde se alojaram enfermeiras que serviram nesse hospital, havia um paiol de pólvora do Exército italiano, porém elas apenas ficaram sabendo depois de terminada a guerra. Em Livorno, porém, a situação disciplinar do 7th Station Hospital era preocupante. Tratava-se do hospital que tinha o maior contingente de enfermeiras servindo e sua administração estava provando ser tarefa difícil. Das palavras do Coronel Generoso Ponce, subchefe do Hospital, recebia, a Ten Elza, a sua mais nova missão: “Ten Elza, nós pedimos que venha para esse hospital para assumir a chefia deste grupo. Se não quiserem lhe obedecer pelo regulamento, meta-lhes o braço, isto aqui está uma baderna!” (CANSANÇÃO,2003). Frente ao grande número de pacientes, alguns com gravíssimos ferimentos, além da questão administrativo-disciplinar, foi necessário que a Ten Elza atuasse com rigor, acirrando o seu trabalho de fiscalização e também o de intérprete, o que harmonizou a comunicação entre como também estabilizando a caótica situação que a inexistência de um idioma comum causava no relacionamento entre todos ali (CANSANÇÃO, 1987). As pesadas atribuições do cargo de chefia do 7th em muito consumiram a Ten Elza, que, com problemas de saúde, a fizeram requerer o desligamento da função. Em resposta, foi designada como oficial de ligação, em virtude da reconhecida facilidade com que manejava o idioma inglês. Na condição de oficial de ligação serviu sob o comando do Ten Cel Augusto Sette Ramalho, no 182th Station Hospital. A atuação da Ten Elza na 2° Guerra Mundial recebeu elogios do Tem Cel Ramalho e este a recomendou para sua substituta no comando do 182th Station Hospital (CANSANÇÃO, 1987).
  • 22. As enfermeiras realizaram um trabalho notável: além do serviço de enfermagem, davam apoio e carinho aos feridos.
  • 23. 4 CONCLUSÃO A presença das enfermeiras na Força Expedicionária Brasileira representou o ingresso das mulheres no Exército, sendo, este fato, impulsionado pelas mudanças sociais e econômicas que ocorriam no Brasil na década de trinta. A importância das enfermeiras na 2° Guerra Mundial vai além do tratamento curativo aos doentes e feridos, pois a presença de um apoio com características maternais foi fundamental para o equilíbrio emocional das tropas brasileiras no Teatro de Operações na Itália, o que rendeu atuações vitoriosas devido à bravura de militares que saíram do Brasil desacreditados pelos próprios brasileiros e que iriam lutar contra aquele que era considerado o melhor soldado do mundo. A atuação relevante e a coragem daquelas mulheres que auxiliaram no apoio à saúde dos combatentes brasileiros e aliados em solo italiano, na Segunda Guerra Mundial, tornou-se exemplo, até os dias atuais e estímulo para a entrada da mulher em áreas, no mercado de trabalho, antes dominadas pelos homens. REFERÊNCIAS CAMERINO, O. de A. A Mulher Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Capemi, 1983.
  • 24. CANSANÇÃO, E. E foi assim que a cobra fumou. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1987. CANSANÇÃO, E. 1... 2... Esquerda... Direita... Acertem o passo. Rio de Janeiro : Marques Saraiva, 2003. CASTRO, T de. História Documental do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995. COSTA, L. C. A.; MELLO, L. I. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. GOMES, A. de C. A Invenção do Trabalhismo. Rio de Janeiro; Relume Dumará, 1994. MARCUSE, H. Ideologia da Sociedade Industrial. São Paulo: Zahar ,1967. MORAIS, B. Testemunho de uma enfermeira in: depoimento de oficiais da reserva sobre a FEB. São Paulo; 1949. MORAIS, J. B. M. A Feb pelo seu Comandante. Rio de Janeiro. Biblioteca do Exército, 1960. SILVEIRA, J.X. A Feb por um soldado. Rio de Janeiro. Biblioteca do Exército, 1989. WEFFORT, F. Os Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 2000.