2. Biografia
Vida: Joaquim de Sousa Andrade nasceu em
Alcântara, Maranhão. De família abonada, viajou
muito desde jovem, percorrendo inúmeros países
europeus. Formou-se em Letras pela Sorbonne.
Depois faz o curso de Engenharia. Em 1870,
conheceu várias repúblicas latino-americanas. A
partir de 1871, fixou residência em Nova Yorque,
onde mandou imprimir suas Obras poéticas.
Em 1884, lançou a versão definitiva de seu O
Guesa, obra radical e renovadora. Morreu
abandonado e com fama de louco.
Resgatada no início da década de 1960, pelos
poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se
uma das mais originais e instigantes de todo o
nosso Romantismo, precursora
das vanguardas históricas.
3. Obras: Obras poéticas e O Guesa
Considerado em sua época um escritor
extravagante, Sousândrade acaba reabilitado
pela vanguarda paulistana (os concretistas)
como um caso de "antecipação genial" da livre
expressão modernista.
Criador de uma linguagem dominada pela
elipse, por orações reduzidas e fusões
vocabulares, foge do discurso derramado dos
românticos. Seu aspecto inovador inclui
também o uso de latinismos (palavras latinas),
helenismos (palavras gregas), arcaísmos
(palavras fora de uso) e outras invenções
pessoais: metáforas complexas e aliterações,
onomatopéias e criações gráficas, etc. Trata-se
de um poeta experimental, que surge como um
corpo estranho dentro de sua época literária.
4. O Guesa
Sua obra mais perturbadora é O Guesa, poema em treze
cantos, dos quais quatro ficaram inacabados. A base do
poema é a lenda indígena do Guesa Errante. O
personagem Guesa é uma criança roubada aos pais pelo
deus do Sol e educado no templo da divindade até os 10
anos, sendo sacrificado aos 15 anos, após longa
peregrinação pela "estrada do Suna".
Na condição de poeta maldito, Sousândrade identifica seu
destino pessoal com o do jovem índio. Porém, no plano
histórico-social, o poeta vê no drama de Guesa o mesmo
dos povos aborígenes da América, condenando as formas
de opressão dos colonialistas e defendendo uma república
utópica.
Cosmopolita, o escritor deixou quadros curiosos como a
descrição do Inferno de Wall Street, onde vê o capitalismo
como doença.
Observe-se, por outro lado, que os seus achados poéticos
mais felizes coexistem com trechos ininteligíveis, retóricos
e pretensiosos.