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Trabalho fecib final
1. II FECIB: A arte do tingimento de substratos têxteis
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais-
Campus Barbacena.
Thamara Helena A. Teles, Daniel Nepomuceno Coutinho, Miryã Carvalho Carneiro,
KarenSakane Onga, José Ricardo Loiola de Oliveira, Renata Alves dos Santos, Leandra de
Oliveira Cruz da Silva
jrloiola@oi.com.br
Palavras chave: corantes, fibras, reações
1- Introdução
Este trabalho tem como objetivo considerar a interdisciplinaridade e suas aplicações
na prática docente. Qualquer discussão que pretenda abordar a problemática da mesma
implica em se refletir sobre o significado de disciplina e sua relação com a construção do
reconhecimento que a caracteriza enquanto o objeto de ensino e aprendizagem. A
interdisciplinaridade, seja na mera combinação de especializações ou na sua superação,
é um movimento complementar, harmônico ou conflituante ao da disciplinaridade1
.
O tingimento de substratos têxteis é uma antiga arte e por vários séculos os
corantes naturais eram usados em métodos totalmente empíricos. Vários indícios foram
encontrados e são mencionados em antigos textos, por exemplo: Plutarco, biógrafo grego
que viveu no século I, descreve na “Vida de Alexandre” como Dario (586 – 550 AC), rei
persa, usava roupas de cor púrpura2
. Existem provas de que o hábito de tingir era
empregado no ano 2500 AC. Em 1500 AC tingiam-se também tapetes orientais.
Os principais corantes ou classes de corantes usados nas indústrias para conferir
cor aos substratos têxteis (tecidos) são os corantes reativos, diretos, sulfurosos, à tina,
básico (ou catiônico), dispersos e ácidos. Cada uma dessas classes é usada
especificamente para cada tipo de substrato têxtil.
O tingimento de fibras celulósicas com corantes diretos os corantes classificados
como direto, também conhecidos como corantes substantivos, são denominados assim
devido sua grande substantividade com as fibras celulósicas, tingindo-as
diretamente3
.Seu tingimento é bem simples, e sua montagem dependem dos seguintes
2. fatores: efeito dos eletrólitos (cloreto de sódio ou sulfato de sódio); pH; temperatura e
relação do banho (quantidade de banho em relação à quantidade de material a ser tinto)3
.
A maioria dos corantes diretos são constituídas de compostos azóicos sulfonados,
muito semelhantes aos corantes ácidos, porém, em cadeias mais longas3
.
Exemplo da estrutura do corante direto – C.I. azul direto 432
Ligação da celulose com o corante direto
As fibras celulósicas contêm regiões amorfas e cristalinas, e quando imersas em
água adquirem potencial negativo, repelindo os ânions dos corantes.
Apesar da ionização do corante na parte sulfônica, eles têm tendência a formar
agregados (micelas) no banho de tingimento, na medida em que a temperatura aumenta,
o tamanho do agregado diminui podendo chegar ao tamanho molecular, facilitando a
difusão dos agregados menores nos poros da região amorfa.
Ao adicionarmos o eletrólito no banho (NaCℓ ou Na2SO4) a afinidade do corante é
aumentada devido ao fato de que o cátion Na+
, por ser menor tamanho entra inicialmente
nos capilares da fibra celulósica, neutralizando a sua carga negativa e reduzindo a
repulsão do corante; e ainda, o eletrólito atua sobre o estado de agregação do corante (o
corante penetra na fibra na forma de pequenos agregados)3
.
Como visto, pela ação da temperatura mais o eletrólito, os pequenos aglomerados
e ou moléculas não dissociadas do corante formadas no banho, são adsorvidas e
3. difundem-se nos capilares do setor amorfo da celulose. Na medida em que o corante é
adsorvido e difundido na parte amorfa, ele vai passando por difusão para a região
cristalina. Dentro da fibra o corante se localiza no sentido longitudinal da fibra celulósica e
se liga a esta por ligações de Hidrogênio, os grupos azo, amínicos, amídicos ou fenólicos,
sempre presentes nas moléculas dos corantes ligam-se às hidroxilas da celulose por
ligações de Hidrogênio3
.
Usualmente podemos realizar um tingimento com corante direto com o seguinte
processo gráfico:
O tingimento de fibras celulósicas com corantes reativos representa outra classe de
corante ideal para o tingimento das fibras celulósicas. Esse grupo de corantes é
caracterizado pelo grupo reativo em sua fórmula, combinado ao sistema basicamente
corante ou tintorial.
Estes corantes possuem grupos reativos na base doheterocíclico, contendo
nitrogênio (sendo a causa de sua eletronegatividade), que fornece ao carbono vizinho a
capacidade de ligar o grupo nucleofílico ou eletrofílico com a oxidríla da zona amorfa da
celulose, sendo uma reação por covalência mediante esterificação. Fatores que
influenciam no esgotamento: efeito dos eletrólitos e da relação de banho; efeito do pH e
efeito da temperatura3
.
Tipos de reação:
No tingimento com corantes reativos devemos estabelecer condições que
maximizem o rendimento da reação com a fibra e, consequentemente, minimizem a
A = X%Corantes Diretos
B = 10 – 80 g/L Eletrólito (sulfato ou cloreto de sódio
4. reação com a água. O corante que reage com a água é chamado de corante hidrolisado
edeve ser removido por lavagem e ensaboamento posterior3
.
Algumas estruturas dos corantes reativos:
Abaixo segue um gráfico do processo de tingimento tradicional do tingimento com
corante reativo:
Outro corante com capacidade para tingimento de fibras celulósicas são os
corantes sulfurosos.
Os corantes sulfurosos são insolúveis em água, mediante a redutores como sulfeto
de sódio e atualmente, com redutores ecológicos a base de dextrose, são solubilizados, e
esta fase é denominada ¨leuco¨ ou ¨leucoderivado¨.
O processo ocorre em duas etapas:
Tingimento da fibra celulósica, com o corante pré-reduzido. Nesta fase se processa
em meio alcalino e redutivo, e como a substantividade na forma leuco não é alta,
usa-se um eletrólito (sulfato ou cloreto de sódio). O mecanismo físico-químico
nesta etapa é igual ao dos corantes diretos3
.
C
Lavar / Ensaboar
A = Sequestrante B = Corantes
C = Eletrólito D = Álcali
5. Em segunda etapa, o corante agora dentro da fibra é oxidado ou seja, torna-se
insolúvel novamente, o que explica as boas solidez a tratamentos úmidos.
Alguns autores, como M. R. Sanchez, interpretam teoricamente o processo, conforme
a reação a seguir:
C
C
CH
C
C C
C
S
CH
CH
CH
CH
N
C
CH
CH
CH
C
C C
C
S
C
CH
C
NH2
N
S S
O
NH2
CH
CH2
O
C
C
CH
CH
C
C CH
C
S
CH
CH
CH
CH
N
H
C
CH
CH
CH
C
C CH
C
S
C
CH
CH
CHNH2
N
H
S S
OH NH2
OH
Redução Oxidação
Os grupos quinônicos (D=O) transformam-se, mediante redução, em grupos
fenólicos (D-OH), tornando o corante solúvel. Pela oxidação, o corante volta à sua
forma original3
.
Processo de tingimento para corante sulfuroso ecológico:
Os tingimento de fibras celulósicas também podem ser realizados com corantes a
tina, que são insolúveis em água, porém, pela redução alcalino, convertem-se nos
chamados leuco-derivados, que são hidrossolúveis e têm substantividade às fibras
celulósicas3
.
Os corantes à tina classificam-se em três grandes grupos:
Corantes antraquinônicos – são derivados de antraquinona e a sua redução para a
forma leuco é feita com hidrossulfito de sódio e soda cáustica3
;
CH
CH
C
CH
CH
CH
CH
CH
C
CH
C
CCH
C
CH
C
CH
CH
CH
CH
O
O
NH C O (Na2S2O4)
(NaOH)
(O)
CH
CH
C
CH
CH
CH
CH
CH
C
CH
C
CCH
CH
CH
CH
CH
CH
CH
CH
NH C O
O Na
ONa
corante original leuco derivados
Corantes indigoides – é o índigo e variantes de sua estrutura química, como por
exemplo o tioíndigo, onde os grupos N-H do índigo são substituídos por S3
;
Lavagem por
transbordamento
A = Umectante + dispersante + sequestrante +
antiespumante
B = 8 – 10 g/L redutor ecológico + 8 – 10 g/L NaOH 50%
C = X% Corante ECO
D = 20 – 40% eletrólito (sulfato ou cloreto de sódio)
Após a lavagem deve-se
realizar a oxidação.
6. C
C
CH
CH
CH
CH
C
N
H
C
O
C
N
H
C
O
CH
CH
CH
CH
C
C
(H)
(O)
O Na
C
C
CH
CH
CH
CH
CH
N
H
C C
N
H
CH
CH
CH
CH
CH
C
C
O Na
Corantes derivados de carbazol–constituem uma classe intermediária entre os
corantes à tina e sulfurosos3
.
C
C
CH
CH
CH
CH
N
H
C
C
CH
CH
C
C
N
H
S
CH
C
CH
CH2
C
C
O
Etapas do tingimento:
Redução do corante – Dependo do corante, este poderá ser reduzido previamente
em tina-mãe ou no próprio banho, usando o hidrossulfito de sódio e soda cáustica;
Tingimento – O corante à tina em sua forma leuco, tingi as fibras celulósicas como
os corantes diretos, por adsorção pelas zonas amorfas, difusão e, em seguida,
estabelecendo interações por ligação de Hidrogênio com a celulose. Visto que o
corante e a fibra tem cargas iguais eles se repelem, e para ocorra a adsorção, usa-
se o eletrólito (sulfato ou cloreto de sódio);
Oxidação – Após o corante estar dentro da fibra, ocorre a volta à sua forma
original, insolúvel, justificando sua grande solidez aos tratamentos a úmidos. A
oxidação se dá por meio do ar atmosférico ou com oxidantes.
Ensaboamento – É processada à fervura em presença de detergente e carbonato
de sódio. Após o ensaboamento o tingimento atinge a tonalidade final.
Processo de tingimento:
Nos tingimentos das fibras sintéticas, podemos destacar o tingimento das
poliamidas que são principalmente tingidas com os corantes ácidos.
O mecanismo da reação das fibras de poliamida com o corante ácido está
relacionado com dois fatores fundamentais: conteúdo dos grupos amínicos terminais da
fibra e ao conteúdo de grupos sulfônicos do corante. E em condições de concentração
normais, a reação ocorre em meio ácido orgânico (4 ≥ pH ≤ 6,5), conforme a reação:
Índigo – redução e oxidação
Corante à tina derivado do Carbazol
7. COO
CO - NH
NH3
+ H SO - R
3
COOH
NH - SO - R
CO - NH
fibra corante
3 3
+
-
+
Os corantes ácidos são os corantes mais importantes para o tingimento da
poliamida. Cinética do tingimento: O tingimento da poliamida possui três variáveis
importantíssimas: pH, temperatura e índice de saturação da fibra (grupos terminais
amínicos). Para se obter um equilíbrio entre as propriedades dos corantes e as da fibra,
para resultados ótimos de igualização, deve-se conhecer muito bem os corantes que
compõem a formulação e utilizar técnicas adequadas de faixas de pH e temperatura. Uma
fórmula para se obter bons resultados é aumentar a temperatura gradativamente e
empregar produtos químicos doadores de próton.
Os corantes ácidos são estruturas cromogênicas que possuem grupos sulfônicos
salificados e que na maioria dos casos são aplicados em banhos ácidos por acidez
orgânica ou mineral.
São essencialmente de natureza azóica e antraquinônica, pois são derivados da
sulfonação de trifenilmetano de azida e de xanteno. São geralmente solúveis em
água quente, essencialmente são grupos sulfônicos ligados a moléculas corantes,
assim representados, ligados a fibra de poliamida.
Processo de tingimento:
Diferentemente de outras fibras, o poliéster, também sintético, não tem grupos
polares e, por esse motivo não pode ser tinto por mecanismo iônico, somente é possível
tingir com corantes dispersos, não iônicos e praticamente insolúveis em água fria.
8. O tingimento ocorre por difusão dos corantes, com o aumento da temperatura e
uso de produtos específicos denominados carriers, que fazem com que a velocidade de
difusão aumente e faça a fibra temporariamente dilatar os espaços intermoleculares,
respectivamente.
Os corantes dispersos possuem estruturas que podem ser classificados conforme a sua
energia – baixa, média e alta energia.
Estruturas:
C
CH
CH
CH
CH
CH
N N CH
C
CH
CH
C
CH N N
C
CH
CH
CH
CH
C
OH
baixa energia
C
CH
C
C
C
CCH
C
CH
C
CH
CH
CH
CH
C
C
C
NH
CH
CH2
CH
CH2
O
O NH2
O
média energia
C
CH
C
CH
C
CCH
C
C
C
CH
CH
CH
CH
C
CH
CH2 C
CH
CH
CH2
CH
C
CH
O
O
alta energia
Processo de tingimento:
Os corantes catiônicos ou básicos foram desenvolvidos para realizar o tingimento
das fibras acrílicas, e são especialmente adaptados as exigências dessa fibra. Eles
apresentam uma carga positiva.
Se dividem em dois importantes grupos:
Corantes com a carga positiva não localizada ou mesomérica – a carga positiva
está no cromóforo, não está ligada exclusivamente ao átomo de nitrogênio. Ocorre
ressonância da carga positiva.
CH
CH
C
C
CH
CH
CH
C
CH
CH
C
CH
C
CH
CH
CH
CH
CH C
N
CH3
CH3
N
CH3
CH3
Cl
+
+
Fórmula do Verde Malaquite e a ressonância da carga positiva
CH
CH
C
C
CH
CH
C
CH
CH
CH
CH
CH C
N
CH3
CH3
Cl
CH
C
CH
CH
C
CH
N
CH3
CH3
9. Corantes com uma carga positiva localizada – são corantes azo ou
antraquinônicos, São principalmente corantes dispersos que foram convertidos em
catiônicos hidrossolúveis pela introdução de grupos de trimetilamônio ou piridina.
Processo de tingimento:
O tingimento caseiro é possível, porém normalmente se consegue uma melhor
qualidade em substratos de celulose (algodão) em cores escuras, visto que os corantes
que existem no mercado para este fim, são uma mistura de corante direto com eletrólito.
Métodos de tingimento caseiro:
Método quente: O método quente utiliza tinta Guarany (corante) e uma vasilha grande
(panelão ou lata) onde se esquenta bastante a água misturada com o corante e introduz a
peça lá dentro.
Método frio: O método frio utiliza tinta (corante) para tecido Acrilex diluída em água5
.
Neste trabalho foram descritosalguns processosdos principais corantes para
tingimento das principais fibras usadas nas suas diversas utilidades, para que pudesse
dar um maior entendimento na atividade química na indústria têxtil.
2.Objetivo
Proporcionar aos participantes uma oportunidade de relacionar os conhecimentos
adquiridos em sala de aula com o nosso cotidiano bem como o melhor entendimento de
como são possibilitados os tingimentos dos vários tecidos que usamos no dia a dia.
C.I. BASIC BLUE 22 – Corante catiônico do grupo B
10. 3.Metodologia
Atravésdo conhecimento sobre a tecnologia dos processos de tingimento de várias
fibras com seus respectivos corantes, realizar na prática um tingimento de substratos de
algodão (celulose) e poliamida, e verificar as dificuldades em realizar o tingimento de
substrato de poliéster com um corante inapropriado.
Serãoexpostas amostras de corantes ácidos, dispersos, reativos e básicos, como
também substratos de algodão, poliéster, poliamida e acrílico.
4.Resultados esperados
É esperado que os participantes adquiram conhecimento e entendama ciência
envolvida em uma técnica milenar, além de relacionar o estudo da química com a arte dos
processos de tingimentos com seus substratos, corantes e auxiliares.
5.Bibliografia
1
FORTES,Clarissa Corrêa, Interdisciplinaridade: Origem, Conceito e Valor.
2
ROSSI, Luís Fernando, Luz, cor e colorimetria, Apostila da Escola Senai Francisco
Matarazzo.
3
SALEM, Vidal, Curso de Tingimento Têxtil, Módulos 1 e 2, Apostila do curso realizado
pela Golden Química do Brasil Ltda.
4
Fibra S/A, Manual de Beneficiamento de Tecidos com Fios Fibra.
Guaratini, Cláudia C. I.,Zanoni, Maria Valnice B., Corantes Têxteis, Departamento de
Química Analítica – Instituto de Química – UNESP, São Paulo, 1999 – disponível revista
Química Nova, 2000.
5
Disponível em:http://www.guiame.com.br/noticias/vida-estilo/moda-e-beleza/como-tingir-
roupas-em-casa.html. Visitado em 31/03/2013.
Apoio: IF Sudeste MG – Barbacena.