Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) foi um médico português que introduziu ideias da Revolução Científica do século XVII em Portugal. Ele divulgou a iatromecânica e o pensamento de Isaac Newton. Publicou várias obras médicas em português e propôs a criação de um jardim botânico na Universidade de Coimbra.
Jacob de Castro Sarmento e a conversão à ciência moderna
1. Jacob de Castro Sarmento
(1691-1762)
e a conversão à ciência
moderna
José Pedro Sousa Dias
Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
e
Centro de Estudos de História das Ciências Naturais e da Saúde, Instituto de
Investigação Científica Bento da Rocha Cabral
3. Principais contributos
Introdutor em Portugal do pensamento médico
influenciado pela nova física emergente da
Revolução Científica do Século XVII
Divulgador da iatromecânica e do pensamento de
Isaac Newton.
4. Bibliografia sobre JCS
Maximiano Lemos (1910)
quot;Jacob de Castro Sarmentoquot;. Ilustração Transmontana.
Joaquim de Carvalho (1936)
quot;Jacob de Castro Sarmento et l'introduction des conceptions de Newton en Portugalquot;. III Congrès
International d'Histoire des Sciences
Augusto d'Esaguy (1940-1946)
quot;Jacob ou Henrique de Castro Sarmentoquot;. in Congresso do Mundo Português.
História da Medicina. Jacob de Castro Sarmento. Notas relativas à sua vida e à sua obra.
Rómulo de Carvalho (1956)
Portugal nas Philosophical Transactions nos séculos XVII e XVIII.
Richard Barnett (1982)
Dr Jacob de Castro Sarmento and Sephardim in Medical Practice in 18th-Century Londonquot;. Transactions -
Jewish Historical Society of England
José Pedro Sousa Dias (1986)
A Água de Inglaterra no Portugal das Luzes.
Matt Goldish (1997)
quot;Newtonian, Converso, and Deist: The Lives of Jacob (Henrique) de Castro Sarmentoquot;. Science in
Context.
5. Ainda mal conhecido
“fixando-se em Londres como rabi dos
judeus portugueses”
P Calafate. Jacob de Castro Sarmento. Página do
Instituto Camões
“Aberdeen, para cuja universidade irá
leccionar, em 1736”
LM Carolino. Ciência, Astrologia e Sociedade, Tese
doutoramento (2001)
7. A vida em Portugal
N. Bragança em 1691
F. Francisco de Castro Almeida, estanqueiro, e
Violante de Mesquita, cristãos-novos.
Mértola, durante a infância.
1706 - Pai e meio-irmão, João de Castro Almeida,
apresentados na Inquisição de Évora em 1706.
1708 - Pai preso
1710, 20 de Julho - Auto-de-fé.
1710 - Artes na Universidade de Évora
1711 - Estuda Medicina na Univ. Coimbra
1717 - Concluiu estudos.
Exerceu Beja e tb Algarve e Lisboa
1721 - Partiu para Londres.
8. A fuga para Inglaterra
Vaga de prisões de cristãos-novos do
Alentejo e Algarve
Denúncias pelo médico Francisco de Sá e
Mesquita em Setembro e Outubro de 1720
Várias dezenas de presos
Grande número de médicos
Beja, Aljustrel, Alvito, Moura, Serpa e
Vidigueira
Muitas pessoas do convívio de Henrique de
Castro
9. Recebido pela Congregação de Bevis Marks
1721-1725 - Exerce medicina apenas dentro da
comunidade judaica
10. Sinagoga de
As suspeitas Bevis Marks
1724
Em Londres, Daniel de Flores
acusa CS de ter denunciado
cristãos-novos de Beja
6 Maio – CS ilibado pela Congregação de Bevis Marks
A origem
Denúncias de Sá Mesquita em 1720
1.ª) 9 Set. Inquisição de Lisboa
2.ª) 8 Out. Tribunal de Évora
Por falso João Manuel de Andrade
Mesma lista de acusados
Presos e inquisidores suspeitam de CS e outros
11. A verdade sobre as denúncias
Processo de Sá Mesquita
(IANTT. Inquisição de Évora. Proc. 3.019 e 6.692)
quot;a que acresce que o que denunciou em Evora com este
nome não foy Henrique de Castro Sarmento de quem os
prezos se queixavão nem alguma das pessoas de quem houve
alguns indícios, como se le da certidão...quot;.
Certidão passada pelo Notário Fabião Fernandes
atestava que a letra do réu, Francisco de Sá e Mesquita era
muito diferente quot;da do medico Henrique de Castro
Sarmento cujas receitas mandaram os ditos Senhores
Inquisidores buscar a algumas boticasquot;.
Sá e Mesquita desmascarado como falsário
Morreu em auto-de-fé, em Lisboa a 10 de Outubro de 1723
12. David Nieto (1654-1728)
Oriundo de Itália
Haham da comunidade
portuguesa em Londres
Rabino de 1701 a 1728
Congregou importante grupo
de intelectuais
Médico de profissão
Proponente de teologia
judaica baseada em síntese
entre ciência Newtoniana e
religião (Ruderman 1995)
13. Participação na vida da comunidade
1724. Exemplar de Penitência
Três sermões em português para o feriado do Yom Kippur
Chega a ser nomeado médico (dos pobres) da Hebrá
Condenado pelo Mahamad por escrever durante a Páscoa e
andar de carruagem num dia proibido
1728, Jan. Sermão fúnebre
Dedicado ao falecido Haham David Nieto
1730. Termina o poema Viríadas
de Isaac Sequeira de Samuda, falecido
Baseado no Livro de Ester. Dedicado a D. João V
1748. Iniciativa de criar o Bet Holim
Com José Salvador. Hospital para doentes necessitados da
Congr. Bevis Marks, onde colaborou como médico até 1750.
14. Rompimento com a comunidade judaica
Nos últimos anos, afastou-se da comunidade
judaica
1756 - morte da sua mulher
Casou com Elizabeth, a amante cristã de quem tinha
um filho há vários anos.
Filhos da última mulher foram ambos baptisados
Henry em 1748
Charles em 1758
1758, Out. - Declarou o seu afastamento da
Congregação de Bevis Marks
Faleceu em 1762
15. Integração na vida profissional e científica no
Reino Unido
1725 – aceite no Royal College of Physicians
1730 - aceite como Fellow da Royal Society
À segunda votação
Denúncia de Meyer Löw Schomberg
Rej. Dez. 1729
Aceite a 3 Fev. 1730
1739 – Doutor pela Universidade de Aberdeen
Primeiro judeu a obter grau de doutor no Reino Unido
16. Intervenção em Portugal
Década de 1730, inicia intervenção na realidade
portuguesa
Contactos
com élites dirigentes portuguesas
com colegas residentes no país
Edição de numerosas obras médicas em português
Intensa actividade comercial, exp. “Água de
Inglaterra” e outros remédios secretos
17. Jardim Botânico
1730 - Proposta para
criação de Jardim Botânico
Enviar sementes do
Chelsea Physic Garden
para criação de jardim
botânico na Universidade
de Coimbra
Proposta feita à Academia
Real de História, para criação
de Jardim Botânico
Parte da correspondência
com Manuel Teles da Silva,
Marquês de Alegrete, secret.
Perp. da ARH
Hans Sloane (1660 - 1753)
18. Proposta reiterada
em 1731 ao reitor
D. Francisco
Carneiro de
Figueiroa,
Acompanhado da
oferta de
Projecto de um
jardim
botânico, da
autoria do arq.
E. Oakley
Microscópio
construído por
Edmond
19. Tradução das obras de F. Bacon
Francis Bacon (1561-1626)
Conde de Ericeira
contactou Sarmento, por
ordem de D. João V, sobre
reforma dos estudos
médicos
Proposta (1731) de traduzir
para português as obras de
Francis Bacon.
A partir da edição inglesa
de Peter Shaw.
20. Médico da Legação Portuguesa
Ligação a Marco António de Azevedo Coutinho
então Ministro Plenipotenciário português em Londres
CS dedica-lhe a Materia medica (1735)
1738 - Nomeia-o médico da legação portuguesa
Sebastião José de Carvalho e Melo, que substituiu
Coutinho em 1739
21. Contactos nos meios médicos
Correspondência com João Mendes Sachetti
Barbosa
1749 - Entrada na Academia Médica-
portopolitana, fundada no Porto
1750 - Nomeação, em 1750, para físico-mor do
Reino de Manuel Dias Ortigão (1758), antigo
condiscípulo e amigo
CS já não estava vivo quando Sachetti Barbosa
interveio na Reforma da Universidade em 1772
22. Influência na Medicina portuguesa
O mais lúcido autor iatromecânico português
Perspectiva Iatromecânica
defendida principalmente na
Matéria médica. Físico-histórico-mecânica (1735).
Partidário de uma forma tardia de iatromecanicismo,
influenciado por H. Boerhaave
Trouxe nova abordagem para a literatura médica
portuguesa
influenciada pela física newtoniana
pelo ambiente intelectual que encontrou em Inglaterra
23. Quando CS chega a Londres
Henry Pemberton (1694-1771) fez imprimir
3.ª ed. dos Principia (1726)
A view of Sir Isaac Newton philosophy (1728)
das primeiras obras de vulgarização do newtonianismo
Hermann Boerhaave (1668-1738)
influência apreciável em Inglaterra
Grandes contactos intelectuais entre Holanda e Inglaterra
princ. desde chegada de Guilherme de Orange ao trono inglês em 1688
Willem Jakob 'sGravesand (1668-1742)
publicara o Physices elementa mathematica (1720)
logo traduzidos para inglês, onde expõe introdução à filosofia de Newton
Ideias de Boerhaave incluíam as de Newton
nomeadamente sobre estrutura corpuscular da matéria
Escola iatromecânica tinha então grande influência em Inglaterra
Química não escapava à influência newtoniana
com os trabalhos de John Keill (1671-1721) e de John Friend (1672-1728)
24. CS e a Iatromecânica
“no nosso presente e feliz século, nos tem mostrado a
falsidade destes sistemas todos, o trabalho e
incansável estudo dos médicos mecânicos. É esta a
presente seita experimental de filósofos, os quais na
parte especulativa, em lugar de conjecturas, fundam a
sua sabedoria toda em experiências, nem admitem
coisa alguma, que não possam trazer a demonstração
e evidência, ajudados de experimentos filosóficos,
químicos e anatómicos; e aos princípios gerais, que
não padecem a menor dúvida, chamam Princípios
Mecânicos ou Leis da Natureza''.
Matéria médica. 1735
25. Matéria médica. Físico-histórico-mecânica
Parte I. 1735
Medicamentos de origem
mineral (8 capítulos)
Parte II. 1758
Medicamentos de origem
vegetal e animal
C/ 2.ª edição da parte I.
26. Matéria médica. Físico-histórico-mecânica
Parte I. 1735
Medicamentos de origem mineral (8 capítulos)
Cap. I a VII: metais, dos sais, das pedras, das terras, dos enxôfres,
dos semi-metais e das águas doces e minerais.
Cap. VIII: ``Dos principais Remédios do Presente Estado da
Matéria Médica''.
Inicia-se com a sangria, a que se seguem os eméticos,
purgantes, vesicatórios e outros.
No final: “Da Quina Quina, e em especial das minhas Águas de
Inglaterra”.
Além da AI, refere vários medicamentos de sua autoria, como a
tintura estíptico-balsâmica e a limonada solutiva.
Vários fármacos referidos foram objecto de experimentação clínica.
Críticas a Curvo Semedo e a Fonseca Henriques
Críticas aos antimoniais.
Menções a Ipecacuanha, barro de Estremoz
27. Difusão da inovação médica
Preocupação sempre presente
A dissertation on the method of
inoculating the Smallpox (London:
1721)
Revisão do método de inoculação da Stephen Hales (1677-1761)
varíola, então a ser introduzido em
Inglaterra, por Lady Mary Wortley
Montagu
Relaçam de alguns Experimentos e
Observaçoens (Londres: 1742)
traduz e publica os escritos de Stephen
Hales e David Hartley sobre o remédio
para a pedra de Madame Stephens
Dissolvente da Pedra de CS
David Hartley (1705-1757)
28. Pharmacopoeia contracta
Pharmacopoeia contracta in
usum nosocomii ad pauperes e
gente Lusitanica curando nuper
instituti (London: 1749)
Autoria com Phelipe de la Cour
para o Bet Holim.
Simultaneamente o primeiro
formulário elaborado para um
hospital de portugueses e para
um hospital de Londres
influenciou a farmácia nos EUA,
através da chamada ``Lititz
pharmacopoeia'', de 1778
29. Águas minerais
Inicia viragem na literatura portuguesa sobre águas minerais
Matéria médica (1735). Cap. VII
Trata detalhadamente do estudo químico das águas
doces e minerais
Primeiro autor português que se encontra a par dos mais
recentes autores sobre esta matéria
Cita Robert Boyle (1684-85), Martin Lister, Friedrich Hoffmann
(1703), Peter Shaw (1731) e Thomas Short (1734)
Refere a sua colaboração com Peter Shaw na análise das
águas de New Tunbridge, perto de Londres
Descreveu modo de utilizar vários reagentes e instrumentos
para exame das águas
Descreveu vários tipos de águas minerais, referindo suas
propriedades terapêuticas e várias técnicas para sua análise
30. As águas das Caldas da Rainha
Na Matéria Médica (1735)
Descreve componentes das águas das Caldas da Rainha
Enxôfre, subs. Salina neutra, vitríolo de ferro
Opõe-se à possibilidade de presença de mercúrio
sem qualquer análise química
baseia-se apenas na informação obtida pelos sentidos ou
deduzindo das propriedades terapêuticas
Descreve em detalhe métodos analíticos possíveis
Manuel da Maia (ca. 1680-1768)
1742 - Procede a um exame mais detalhado mas ainda longe de
ser químico
31. Análises das águas das Caldas da Rainha
Junho de 1743 e Fevereiro de
1744
Primeiras análises químicas
qualitativas das águas das Caldas
da Rainha
A partir de 2 remessas de garrafas
enviadas para Londres
Resultados descritos no
Apêndice ao que se acha escrito na
Matéria Médica (...) sobre a
natureza, contentos, efeitos, e uso
práctico, em forma de bebida, e
banhos, das Águas das Caldas da
Rainha (Londres: 1753).
32. Resultados das análises
Incluíram ensaio indepen-
dente realizado por John
Fothergill (1712-1780)
Conclui serem compostas por:
grande porção de enxôfre, boa
quant. de sal marinho, princípio
subtil calibeado e bolo argiláceo
untuoso, misturada com terra
alcalina e fixa de talco
Semelhantes às de Bath
John Fothergill (1712-80)
33. Difusão da Ciência Newtoniana
Isaac Newton (1642-1727)
“o profundo respeito e
veneração com que os ingleses
pronunciam o nome do
cavalheiro Isaac Newton iguala,
se não excede, toda aquela
estima e culto que jamais se
deu aos mais célebres
legisladores da Antiguidade”
JCS (1737)
34. Teórica verdadeira das marés. 1737
Teórica verdadeira das marés,
conforme à filosofia do
incomparável cavalheiro Isaac
Newton (1737)
primeiro livro em português
onde se introduzem as teorias
de Newton.
Decidira escrever o livro
“para que chegasse a todos
uma ideia deste Filósofo
Ilustre, pois pelo dedo se
conhece o gigante”.
35. Teórica verdadeira das marés. 1737
THEORICA Verdadeira Das MARES, Conforme à PHILOSOPHIA do
incomparavel cavalhero ISAAC NEWTON;
Em que se mostram, pela mais evidente, e distinta forma, os principaes
Phenomenos das Marés; e se explicam de maneira, que se fazem
perceptiveis a qualquer capacidade commua, ainda que sem Principios
Geometricos, e Astronomicos, de que tanto se necessita, para
intelligencia do que o Illustre NEWTON descobrio, e nos deixou sobre
este dificultosissimo Phenomeno da Natureza. Illustrado tudo com
variedade de Figuras, acommodadas a os principaes Phenomenos das
Marés. A que se ajunta, Como Introducçam no principio, huma breve
Relaçam da vida, e descubrimentos deste Immortal, e Illustre
Philosopho: E a o fim, em forma de Apendix, a Demonstraçam, de que a
Lua se retem no seu Orbe pela Força da Gravidade
Londres: s.n. 1737
36. Influência mais directa
terá sido um curso de
filosofia experimental e
mecânica a que
Sarmento assistiu em
Bath, dado por J. T.
Desaguliers, ``meu bom
amigo e sócio [da Royal
Society]''.
John Theophilus Desaguliers (1683-1744)
38. CS sobre Newton
``A sua Filosofia Experimental e demonstrativa,
armada da verdade e força geométrica, tem
entrado (...) por toda a Europa, menos Portugal e
Espanha, sem encontrar a menor resistência; e
como a preocupação com que os nossos
portugueses retêm geralmente as ideias de
Aristóteles e alguns as de Descartes, são um
gravíssimo impedimento para se difundir esta
grande luz nesse Reino''.
39. Teórica Verdadeira das Marés. 1737
No prólogo
trata da importância das forças atractivas do sol e da lua em
vários casos patológicos
conhecimento dessas forças seria indispensável ao médico
para tratamento de doenças afectadas pelas fases da lua.
Obra de divulgação
abordagem tende a ser não matemática
Atendendo à deficiente preparação matemática básica de
Sarmento, o nível de exposição de conceitos geométricos
excede o que seria de esperar
Três partes:
“Teórica verdadeira das marés”; “Apêndice em que se contém
a demonstração de que a lua se retém no seu orbe pela força
da gravidade”; “Glosa dos termos e palavras dificultosas”
40. Impacto
Ambiente científico português não terá sido muito
abalado pela “Teórica”
Apesar das declarações de fé newtonianas na
Academia Médico-Portopolitana (1749)
Na segunda metade do século
D. Tomás Caetano do Bem - Efeitos raros e formidáveis dos
quatro elementos (Lisboa: 1756)
Matias Aires - Problema de arquitectura civil (Lisboa: 1770).
ainda procuram as causas das marés
41. A Água de Inglaterra
Vinho quinado.
Começou a ser preparada por
Fernando Mendes (1645-1724)
médico português
residente em Londres
assistiu a D. Catarina de Bragança
Em 1681, ofereceu a D. Pedro II as
``Reflexões sobre a virtude da água''
de Inglaterra, possiv. com receita
Oferta parece coincidir com início da
comercialização em Portugal deste
remédio secreto
conhecido por Água de Fernão
Mendes, Água Inglesa ou Água de
Fernando Mendes (1645-1724)
Inglaterra
42. Origem
F. Mendes adaptou a receita a partir
da de Robert Talbor (c. 1642-1681)
antigo aprendiz de boticário,
nomeado médico e cavaleiro por
Carlos II, depois de o curar de
paludismo.
Em 1678, Talbor vende a receita a
Luís XIV, na condição de só ser
divulgada depois da sua morte.
A publicação do segredo foi feita em
1682 por Nicolas Blégny, cirurgião do
rei e director da Académie des
Nouvelles Découvertes de Médecine,
no livro “Le Remede Anglois pour la
guerison des fievres”
43. Castro Sarmento
Fernando Mendes f. 1724
CS terá começado a
preparar e exportar a água
entre 1730 e 1733
organizou em Portugal
uma rede com ampla
distribuição geográfica
correspondentes com
fortes ligações ao meio
médico e farmacêutico
português
Página da “Matéria Médica” de Castro
Sarmento, com o selo utilizado nas suas
garrafas de Água de Inglaterra.
44. Primeiros clientes (...1735)
O primeiro a fazer “uso, e experiencia dos bons
effeitos” da Água foi
D. Manuel José de Castro Noronha Ataíde e Sousa
9.º Conde de Monsanto e 3.º Marquês de Cascais
que “lhe deu credito, e não pequena famma, com relatar
ingenuamente aos principaes Medicos, o que havia observado
com ella em sua propria familia”
Cardeal D. Nuno da Cunha
Inquisidor-geral
Dr. Francisco Xavier
médico da câmara de D. João V
45. Alguns correspondentes em 1748
Lisboa: Pedro Nobre, Jácome Vallebella, boticários
Coimbra e de Évora: Boticas dos Jesuítas
Portalegre: Doutor Diogo Moreno Valejo
Estremoz: P. Pedro Neri, boticário da Congregação
do Oratório
Elvas: João Mendes Sachetti Barbosa
Rio de Janeiro: o Doutor Mateus Saraiva
Os três últimos são membros da Academia Médico-
Portopolitana
46. Sarmento, Jacob de Castro.
Do uso, e abuso das minhas
agoas de Inglaterra, ou
directorio, e instrucçam, para se
saber seguramente, quando se
deve, ou não, usar dellas, assim
nas enfermidades agudas ; como
em algumas chronicas ; e em
casos propriamente de cirugia:
Pello Inventor das mesmas
Agoas, J. de Castro Sarmento
(1756)
47. André Lopes de Castro (1735-1803)
Selo e garrafas de
André Lopes de Castro
48. José Joaquim de Castro
Armas da Real
Fábrica de Água de
Inglaterra de José
Joaquim de Castro.
49. Academias Médico-Cirúrgicas
Manuel Gomes de Lima (1727-1806), quando cirurgião,
fundou e impulsionou, em meados do Século, várias
Academias médico-cirúrgicas na cidade do Porto.
Fundou 4 em 11 anos, mas podem ser reduzidas a 2:
Um academia cirúrgica e outra médica
A Academia Cirúrgica Portuense
funcionou em dois períodos distintos
1748-1749
1759-1764.
A Academia Médica (1749-1752)
Academia dos Escondidos / Academia Médico-Portopolitana,
func. até ca 1752
Real Academia Cirúrgico-Proto-Tipo-Lusitânica Portuense
ou Academia Cirúrgica Portuense.
Estatutos aprovados a 5 de Setembro de 1748.
50. Academia dos Escondidos
Real Academia Cirúrgico-Proto-Tipo-
Lusitânica Portuense ou Academia
Cirúrgica Portuense
Estatutos aprovados a 5 de Setembro
de 1748, mas Gomes de Lima já se
afastara, por incompatibilidade com
outros académicos. Criou:
Academia dos Escondidos da Cidade
do Porto ou dos Imitadores da
Natureza
com médicos, cirurgiões e boticários.
Iniciou os seus trabalhos em Janeiro de
1749
Editou o único volume do Zodíaco
Lusitano Délfico, correspondente ao mês
de Janeiro de 1749 e transformou-se na
Academia Médico-Portopolitana
51. Academia Médico-Portopolitana
Estatutos aprovados em 14
Abril 1749
Membros dist. pelo Porto, Braga,
Lisboa, Évora, Brasil e Espanha.
Janeiro de 1751 - Estatutos
reformados
conflitos internos
ida de G. Lima para Coimbra
morte do Arcebispo de Braga
protector e de vários membros
levaram à sua desagregação.
52. Conclusão Médico-Portopolitana
Além de Manuel Gomes de Lima (1727-1806), a
Academia contou com a presença de
João Mendes Sachetti Barbosa, dirigente do Círculo de Évora
António Nunes Ribeiro Sanches (1699-1782)
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762)
Em Lisboa, lugar dirigente foi ocupado pelo médico stahliano
José Rodrigues de Abreu.
Parte do movimento de renovação intelectual anterior
à Reforma Pombalina (1772)
Tomou como bandeira a ciência experimental e as
teorias médicas de Boerhaave contra Aristóteles e
Galeno, ainda dominantes no ensino médico.
Apesar de todo o seu potencial, os resultados obtidos
foram muito reduzidos.