2. “Eu era para fazer um poema ao tempo,
com boa métrica,
com boa rima,
mas,
infelizmente,
não fui a tempo!
Este tempo faz calor quando não deve,
chove e faz frio quando não devia,
não tem rima certa,
para poemas não serve
nem para fazer poesia,
porque o tempo foi apanhado pelo clima,
que também apanhou o poeta,
que fez esta poesia incerta!”
(Silvino Taveira Machado Figueiredo)
3. O Conforto do Poeta Diretrizes Bioclimáticas
Chove, faz frio e calor quando O conhecimento das estratégias
não devia? bioclimáticas permitem um
diálogo maior com o projeto,
uma intimidade que proporciona
produtividade.
Talvez se o poeta estivesse num
lugar bem adaptado às
mudanças climáticas ele
pudesse sentir-se mais inspirado
e menos incerto, podendo então
escrever sobre o tempo?
4. Como esta cidade se dá?
Curitiba é a capital do Paraná e
está a 934 metros acima do
nível do mar.
Sua latitude é de
Curitiba
aproximadamente 25°51’
Sul, área caracterizada pelo
clima subtropical.
Curitiba passa a ter um
planejamento urbano a medida
que chagavam os imigrantes na
cidade (aumento
populacional), gerando uma
premiação internacional de meio
ambiente, transporte público e
gestão urbana.
Possui também um dos maiores
índices de área verde do Brasil
(51m² por habitante).
5. Qual é o seu clima?
Curitiba está ao sul do país e possui estações do ano
bem definidas com invernos frios e verões quentes. A
umidade relativa anual do ar fica entorno dos 60% aos
80%.
Curitiba
6. Máximas, mínimas e chuvas
Num verão uma máxima pode atingir até 32°, enquanto
no inverno a mínima chega-se quase zero grau.
O índice pluviométrico é moderado chegando aos
1500mm/ano.
Curitiba
7. Vento, ventania...
A oferta de vento na cidade é mais perceptível nos
meses de verão (Nov – Jan) e sua direção é
predominante na direção sudeste.
A oferta de vento é menor, por sua vez, nos meses de
Curitiba
outono – inverno.
8. Vento, ventania...
Nota-se que a distribuição de vento anual é razoável e
não ocorre grandes variações.
Curitiba
9. Percurso Aparente do Sol
A partir da carta solar
podemos analisar o
Curitiba
percurso do sol
durante os meses do
ano. O percurso
maior é o de verão e
o menor é o de
inverno. Comparada
com a de Salvador,
nota-se que o
inverno possui
menos horas de
insolejamento.
10. Carta Bioclimática
Curitiba faz parte da
Zona 1 da Norma
Curitiba
Brasileira de
Bioclimática, e as
estratégias propostas
na edificação para
amenizar os efeitos do
clima são:
Uso de aquecedores
no inverno, paredes
internas pesadas,
insolejamento durante
o período de inverno,
desumidificação do
ambiente.
13. Diretrizes Construtivas
Zona Verão Inverno
a) Resfriamento a) Aquecimento solar na
1 Evaporativo edificação
b) Ventilação b) Vedação internas pesadas
Curitiba
(inércia térmica)
Aberturas para ventilação Sombreamento das
Zona A (% da área de piso) Aberturas
Médias
1 15% < A < 25% Permitir Sol durante o
Inverno
Zona Paredes Externas Cobertura
U FS U FS
1
3,00 4,3 5,0 2,00 3,3 6,5
(leve) (leve
isolada)
16. Estudo do Caso
A Rua Fernando Amaro é extensa e abrange 18
quarteirões no sentido Leste-Oeste. É uma rua
predominantemente residencial com maior presença de
casas que edifícios, o que implica numa via não muito
movimentada.
Na sua extensão também é possível observar a grande
Curitiba
arborização, fazendo jus aos 51m² de verde por habitante
da cidade.
18. Estudo do Caso - Lotes
A Rua não está perfeitamente perpendicular ao norte
verdadeiro. Sendo assim, as fachadas principais das casas
dos lados norte e sul da rua são respectivamente: 4,59° NE e
4,59° SO.
Curitiba
19. Estudo de Caso – Fachada NE
Período de Insolajamento Carta Solar
Como pode-se observar, a
fachada recebe durante o
Inverno, sol em todos os horários
do dia. Essa situação é favorável
para o clima da cidade que é de
frio e geada durante esse
período do ano.
Durante o verão o período de sol
é curto entre os horários de
9:00h às 14:00h.
20. Estudo de Caso – Fachada NE
Soluções Possíveis
Pode-se abrir mais aberturas
envidraçadas nessa fachada para
que elas permitam a entrada da
radiação solar que será muito bem
vinda durante o inverno. (As
aberturas são de tamanho médio.)
Paredes que também permitam o
armazenamento do calor para que
fique durante à noite.
Uma opção é instalar um brise
móvel para que seja colocado
durante o período vespertino no
verão.
Um bom tipo de vegetação para
essa área são as árvores de folhas
caducas que protegem no verão e
permitem a passagem da luz no
inverno devivo a perda das folhas.
21. Estudo de Caso – Fachada SO
Período de Insolajamento Carta Solar
Neste caso, não há
insolejamento no Inverno nessa
fachada.
Durante o verão entre os
horários de 11:00 até
13:30, aproximadamente, não há
sol incidindo diretamente.
22. Estudo de Caso – Fachada SO
Soluções possíveis
O ideal seria proteger essa
fachada dos longos períodos de
insolejamento no verão. Janelas
menores são uma boa opção.
No Inverno uma abertura menor
também evita a perda de calor do
ambiente interno.
Na Rua Fernando Amaro é
observável a grande presença de
árvores que atuam como um
sombreamento natural, fazendo
com que talvez não seja
necessário colar qualquer tipo de
proteção extra nessa fachada
durante o verão.
Obs.: Essa é a fachada mais fria no inverno e a mais quente no verão.
23. Estudo de Caso – Fachada NO
Período de Insolajamento Carta Solar
A Fachada está a 94,59° NO.
O período de Inverno tem sol de
11:30 até às 17:30.
No verão o período é de 12:00
até às 19:00, aproximadamente.
24. Estudo de Caso – Fachada NO
Soluções Possíveis
Na rua, nota-se que as casas são
relativamente próximas uma das
outras e isso acaba fazendo o
papel de uma proteção, já que essa
fachada está expostas a longos
períodos de sol vespertino.
Quando não possuem barreiras
para protegê-las, é necessário que
se escolha aberturas pequenas,
beirais e que os cômodos de
grande permanência não estejam
voltados para esta direção. A
localização da área de serviço é
uma boa opção para esta fachada.
No inverno, a insolação é desejada.
25. Estudo de Caso – Fachada SE
Período de Insolajamento Carta Solar
A Fachada está a 274,59° SE.
O período de Inverno tem sol de
6:30 até às 12:00.
No verão o período é de 5:30
até às 12:00, aproximadamente.
26. Estudo de Caso – Fachada SE
Soluções Possíveis
Aqui também é possível
aberturas para propiciar a
entrada de boa irradiação solar
durante o período frio.
Também deve-se lembrar que a
o vento predominante da cidade
vem do leste, logo as aberturas
devem poder se abrir durante o
verão para permitir a passagem
do vento que irá ajudar na
evaporação da umidade do
interior da edificação.
É uma boa opção colocar
cômodos de longa permanência
nessa área.
27. Verão Inverno
Curitiba Pequenas Aberturas SO, NO SO
Aberturas Médias SE, NE SE, NE
Cômodos de Grande SE, NE SE, NE, NO
Permanência
Baixa Permanência SO, NO SO
Proteção em SO, NO SO
Aberturas
Aberturas para SE, NE -
ventilação
Tabela Esquemática de Fachadas
A partir do esquema é possível fazer uma análise para balancear as
soluções numa única edificação.
28. Estudo de Caso – Via e
Calçadas
O sentido da via e das
calçadas é Leste – Oeste.
Isso implica em dizer que o
Curitiba
sol nasce e se põe na
direção da via e o vento
também percorre sua
extensão livremente.
Soluções possíveis para esse
tipo de situação são: presença
de vegetação e utilização das
edificações como barreira.
No verão é importante
proteger a vista do motorista e
a insolação do pedestre.
No inverno, a preocupação é
com as correntes frias.
29. Estudo de Caso – Via e
Calçadas
“Nas localidades onde tanto o calor como o frio
apresentam certo rigor,
devem-se visar alternativas que permitam ora a
ventilação cruzada e intensa, ora
a possibilidade de fechamento hermético das
Curitiba
aberturas para barrar eventuais
ventos frios.
Com relação à proteção das aberturas, deve ser
considerada a opção de
serem móveis o suficiente para possibilitar a
penetração da radiação solar,
quando desejável.
Tanto a forma externa quanto o entorno das
construções devem incorporar
soluções que visem a atender às necessidades
de insolação em relação às
características dos rigores climáticos locais.
Alguns cuidados nos percursos de pedestres
podem evitar excesso de
radiação direta ou correntes de ventos frios.”
(FROTA, SCHIFFER, 2001)
30. Cores, Materiais e
Esquadrias
Como o clima da cidade de Curitiba não é
constante no plano anual, fazendo bastante
frio no inverno e calor no verão, é
necessário adotar diferentes cores,
materiais e esquadrias para auxiliar tanto na
distribuição de calor, como em sua
dissipação.
31. Cores, Materiais e
Esquadrias
Cores claras são refletoras e ajudam a
dissipar o calor da radiação solar. Bom
utilizar naquelas fachadas que sofrem mais
no verão.
Cores escuras, ao contrário, armazenam o
calor, logo, naquelas fachadas que se quer
que o calor entre, é uma boa pedida.
32. Cores, Materiais e
Esquadrias
Paredes grossas e paredes leves interferem
na inércia térmica. Aquelas paredes que são
mais grossas têm mais dificuldade em
abstrair o calor, enquanto as leves fazem
trocas mais rápidas com o ambiente. A
primeira é mais recomendada para o frio, a
segunda, para o calor.
33. Cores, Materiais e
Esquadrias
No caso de Curitiba as melhores opções de
esquadrias são aquelas que se pode regular
dependendo da estação do ano, fechando-
as ou abrindo-as de acordo com a
necessidade de vento ou sol.
34. Referências Bibliográficas
FROTA, A.F. & SCHIFFER, S.R. (1995):
Manual de Conforto Térmico, 2a ed., Livraria
Nobel S.A., São Paulo.
LENGEN, J. V. Manual do Arquiteto Descalço.
Rio de Janeiro: Tibá Livros, 2004.
LAMBERTS, R; DUTRA, L; PEREIRA,
F. Eficiência Energética na Arquitetura. São
Paulo: PW Editores. 1997.