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ENTREVISTA: Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física




                                                              m
                                                                               revista
Ano 1 - nº 11 - outubro 2011 - www.revistamedicando.com.br




                                                                                                        saúde em movimento




                                                             A volta da
                                                             AIDS
                                                             A eficácia das drogas contra o vírus
                                                             e a ausência do tema na mídia fazem
                                                             o medo da doença desaparecer.
                                                             E as mulheres jovens são
                                                             as maiores vítimas

                                                             AVANÇO CIENTÍFICO
                                                             Técnica reduz tempo de recuperação
                                                             em cirurgia de tendão


                                                             QUALIDADE DE VIDA
                                                             Com ritmo envolvente, Zouk invade
                                                             o país e faz dançar no compasso da saúde
Proteção em qualquer idade,
  proteção para toda a vida.
      A vacina é o melhor jeito de se prevenir contra diversas
       doenças. No Sabinvacinas, você encontra imunização
para todas as idades e contra vários tipos de vírus e bactérias.
                                   Traga a família e previna-se.


                                           • Asa Norte - 516
                           • Águas Claras - Shopping Quê
                                          • Guará II - QE 40
                  • Sudoeste JK - SHC/SW QMSW 05,
           Lote 10, Bloco A, Ed. Varandas do Sudoeste
                       Taguatinga Sul - QSA 02, lote 17,




                  Central de atendimento: 61 3329.8000
                             Acesse nosso novo site:
                            www.sabinvacinas.com.br
expediente               editorial
Diretor Executivo
Adauto	Menezes                                  Quem vê cara continua
                                                   não vendo Aids
Editor Chefe
Maurício	Lima	(Brasília)
Salvador	Nogueira	(São	Paulo)

Editor Assistente
                                     	          Este	ano,	líderes	do	mundo	se	reuniram	em	Nova	York	para	rever	os	avanços	alcançados	no	
Elizângela	Isaque	(Brasília)
                                     programa	“2015	Millennium	Development	Goals”	da	Organização	das	Nações	Unidas	(ONU),	que	tem	
Equipe de Reportagem                 como	objetivo	acabar	com	a	pobreza	mundial.	Essa	iniciativa	é	dividida	em	oito	importantes	objetivos,	
Danielle	Coimbra	(Brasília)          como:	assegurar	a	sustentabilidade	do	meio	ambiente;	promover	a	saúde	das	mães;	combater	o	HIV/
Fernanda	Brandão	(São	Paulo)         Aids,	a	malária	e	outras	doenças;	reduzir	as	mortes	infantis	etc.
Henrique	Giordano	(São	Paulo)
                                     	          Nesse	 evento,	 os	 representantes	 mundiais	 escutaram	 o	 apelo	 de	 Ebube	 Syvia	 Taylor,	 uma	
Hemerson	Brandão	(São	Paulo)
Larissa	Chaves	(São	Paulo)           criança	africana	de	apenas	11	anos,	não	portadora	do	vírus	HIV,	que	disse:	“Nenhuma	criança	deveria	
                                     nascer	com	HIV;	nenhuma	criança	deveria	ser	órfã	por	causa	do	HIV;	nenhuma	criança	deveria	morrer	
Consultor Técnico                    devido	à	falta	de	acesso	ao	tratamento”.
Maurício	Lima                        	          Infelizmente,	diferente	de	várias	partes	do	mundo,	onde	a	epidemia	de	Aids	começa	a	dar	
                                     sinais	de	reversão	no	crescimento,	a	África	ainda	é	assombrada	pela	doença	e	pela	falta	de	tratamento	
Projeto Gráfico e Criação
Wagner	Ribeiro                       adequado.	Segundo	a	ONU,	existem	15	milhões	de	pessoas	com	HIV	em	países	de	baixa	e	média	renda	
                                     per	capta	e	apenas	5,2	milhões	têm	acesso	ao	tratamento	adequado,	que	é	fundamental	para	a	sobre-
Colunistas desta edição              vida	dos	portadores	da	doença.
Dr.	Juliano	Scheffer
                 	
Dra.	Simone	Kikuchi

Gerente Comercial
Gustavo	Lourenço

Planejamento
Lya	Lins

Coordenador de TI
Renato	Mendes	Figueiredo

Equipe de TI
Erick	Francis
Frank	Bezerra
Jordana	Mello                                      Sem dados     <0.1%      0.1% - <0.5%    0.5% - <1.0%   1.0% - <5.0%   5.0% - <15.0%   15.0% - <28.0%
Lucas	Gomes
Marinilson	Soares                    	           No	Brasil,	a	realidade	é	bem	diferente.	Aqui,	o	fato	de	o	tratamento	estar	disponível	na	rede	
Raniery	Ribeiro                      pública	de	saúde	ajudou	muito	na	queda	do	número	de	mortes.	No	entanto,	um	artigo	publicado	na	
                                     revista	“Epidemiologia	e	Serviços	de	Saúde”	mostra	a	outra	face	dessa	questão.	Trata-se	de	um	estudo	
Endereço Comercial
Sistema M de Comunicação             realizado	pela	Dra.	Ana	Cristina	Reis	e	sua	equipe,	o	qual	revela	que	as	pessoas	com	menor	nível	socio-
SHIS	QI	11	Bl.	M	Loja	24             econômico	ainda	são	menos	assistidas	e	falecem	mais,	em	decorrência	do	HIV.
Lago	sul	-	Brasília/DF               	           Uma	das	causas	desse	problema	é	a	detecção	tardia	da	doença,	o	que	mostra	a	necessidade	de	mais	
                                     esclarecimentos	junto	à	população	quanto	à	necessidade	de	se	fazer	o	exame	quando	a	pessoa	se	expõe	a	
Telefone
                                     fatores	de	risco.	Outra	preocupação	das	autoridades	é	com	a	continuidade	do	tratamento	pelos	pacientes	que,	
61	3532-0825
                                     se	começado	quando	a	taxa	viral	ainda	é	baixa,	apresenta	excelentes	resultados.
E-mail                               	           Nossos	 ídolos	 já	 não	 morrem	 mais	 da	 doença,	 mas	 ainda	 se	 infectam,	 e	 essa	 falsa	 sensação	
contato@medicando.com.br             de	 segurança	 que	 se	 instaurou	 deve	 ser	 desfeita,	 pois,	 embora	 o	 tratamento	 adequado	 possa	 evitar	 o	
editorial@revistamedicando.com.br    falecimento,	não	se	pode	ignorar	o	fato	de	que	o	coquetel	com	a	medicação	apresenta	efeitos	colaterais	
                                     desconfortáveis.	Além	disso,		nessa	situação,	o	sistema	imunológico	dos	portadores	da	Aids	fica	prejudi-	
Endereços Eletrônicos
www.medicando.com.br                 cado,	o	que	abre	a	porta	para	doenças	como	hepatite	e	câncer,	entre	outras.
www.revistamedicando.com.br          	           Nesse	número	da	Revista	Medicando,	buscamos	mostrar	que	a	aparente	segurança	adquirida	
                                     pelos	tratamentos	atuais	não	pode	fazer	com	que	pensemos	que	a	Aids	deixou	de	ser	um	problema.	
Anuncie na Revista                   Uma	vacina	eficaz	ainda	está	longe	de	ser	oferecida	à	população	e	o	número	de	novos	contaminados	
                                                      	
comercial@revistamedicando.com.br	
                                     é	preocupante.	Fazemos	esse	alerta,	não	para	criar	pânico,	mas	para	que	haja	preocupação	quanto	à	
61	3532-0825
                                     importância	da	prevenção	e	do	diagnóstico	precoce.
Redes Sociais
                                                                                           Maurício	Lima
											
											@medicando                                               Editor	da	Revista	Medicando	-	Saúde	em	Movimento

											facebook.com/medicando
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O Grupo Infinita está no mercado de diagnóstico por imagem há mais de
6 anos. Uma experiência que trouxe à Infinita a capacidade de atender a
grande maioria dos hospitais do DF com toda eficiência. Com um corpo
clínico especializado trabalhando com uma estruturada Central de Laudos,
a Infinita oferece precisão e agilidade para atender às emergências das
unidades hospitalares com qualidade e segurança.


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• Densitometria Óssea              • Mamografia               • Raios-X




www.grupoinfinita.com.br
Cartas

Alcoolismo na juventude
	            Considero	 boa	 a	 iniciativa	 de	 pautar	 a	 revista	 para	 tratar	 do	   tenimento,	 logo,	 nossa	 cultura	 de	 lazer	 e	 entretenimento	 está	 ligada	 ao	
tema	do	alcoolismo	na	juventude.	Esse	é	um	problema	mundial,	mas	que	                   hedonismo	exagerado,	inconsequente	e	destrutivo.	Logo,	também	dá	para	
alcança	números	muito	preocupantes	aqui	no	Brasil.	Muito	interessante	                  questionar	essa	necessidade	incontrolável	por	álcool.
saber	que	o	consumo	no	Brasil	é	hoje	50%	maior	do	que	a	média	global,	                  	           Mas	dá	para	falar	assim?	Dá	para	fazer	um	questionamento	desses	
mas	acho	que	é	preciso	–	sempre	–	em	um	bom	jornalismo	como	esse	                       sem	que	a	reportagem	esteja	dando	um	tapa	na	cara	da	sociedade?	Claro	
praticado	pela	Revista	Medicando,	raspar	a	superfície	e	ver	o	que	está	por	             que	dá.	Precisamos	desse	tapa	na	cara,	e	não	nos	atermos	a	reportar	o	que	
debaixo	da	casca	da	tinta.                                                              as	autoridades	dizem.	A	Revista	Medicando	precisa	e	pode	contribuir	como	
	            Na	 página	 19,	 a	 segunda	 da	 citada	 reportagem,	 no	 trecho	 a	       parte	de	uma	inteligência	corporativa	(seja	jornalista	ou	científica)	que	possa	
                                                                                                                                                           	
seguir,	 eu	 encontro	 perguntas	 que	 não	 são	 respondidas:	 “Pesquisa	 do	           brindar	seus	leitores	com	questionamentos,	com	suposições,	aprofundando	
Instituto	 Ibope	 Inteligência,	 realizada	 em	 maio	 deste	 ano,	 demonstra	 a	        os	temas,	tocando	nas	feridas	e	raspando	o	verniz	para	que	possamos	ver	o	
ineficácia	da	legislação	atual,	no	que	diz	respeito	à	restrição	de	bebidas	
    	                                                                                   que	está	lá	embaixo.
alcoólicas	para	menores	de	18	anos.”                                                    	           Se	hoje	consumimos	50%	a	mais	de	álcool	do	que	a	média	mun-
	            Em	um	caso	como	esse	é,	então,	necessário	mudar	a	lei?	Ora,	               dial	é	porque	queremos.	E	a	pergunta	não	é	“como	evitar	que	isso	aconte-
sabemos	que	o	problema	em	99%	de	casos	como	esse	não	é	como	a	lei	foi	                  ça?”.	A	pergunta	é:	“por	que	queremos	beber	tanto	assim?”
escrita,	mas	como	ela	é	aplicada.	Mais	adiante:	“o	alcoolismo	está	intima-              	           O	trecho	que	diz	“De	forma	geral,	é	preciso	que	a	sociedade	e	os	pais	
mente	ligado	à	necessidade	incontrolável	por	álcool,	e	não	essencialmente	              possam	refletir	a	respeito	da	banalização	atribuída	a	qualquer	consumo	de	ál-
                                                                                                    	
ao	tipo	de	bebida,	ao	tempo	que	a	pessoa	bebe	ou	quanto	álcool	ingere.”                 cool,	mesmo	quando	ele	é	problemático”	contém	o	tom	que	a	matéria	deveria	
                                             Sabemos	 que	 a	 maior	 parte	 do	         amplificar	e	devolver	para	o	leitor.	Era	esse	meu	toque.	Espero	a	próxima	edição.
                                                                                               	
                                             consumo	 de	 drogas	 no	 Brasil	
                                             está	ligada	a	motivos	de	entre-                                                   Armênio Costa, Porto Velho, Rondônia


                                                            Nota da Redação: Caro Armênio, obrigado por sua mensagem e por seus elogios. Concordamos
                                                  que a associação do álcool à diversão é perversa e perigosa, como a reportagem destaca. Contudo, isso não
                                                  muda o fato de que, uma vez que a pessoa adentra o mundo das drogas (lícitas ou ilícitas), isso causa de-
                                                  pendência química – o que explica o desejo incontrolável de beber. Quem começa a ingerir álcool busca
                                                  diversão. Mas os dependentes bebem para não passar mal, e não para sentir-se bem. Esse é um ponto que
                                                  também precisa ser destacado (e a reportagem trabalha nele), para que as vítimas do álcool não sejam vilani-
                                                  zadas ou discriminadas pela sociedade, e sim sejam auxiliadas a escapar das garras do vício. Mais uma vez,
                                                  obrigado pelas ponderações e esperamos que nossas reportagens continuem a trazer questionamentos, uma
                                                  vez que acreditamos numa sociedade democrática com senso crítico e capacidade para pensar por si mesma.




                                         	 Muito	apropriada	a	escolha	da	reportagem	principal	neste	número	18,	da	Revista	Medicando,	sobre	a	proble-
                                         mática	do	uso	abusivo	de	álcool	entre	os	adolescentes,	que	não	para	de	crescer.
                                        	 Lamentavelmente	nossa	sociedade	ainda	classifica	as	drogas	em	ilícitas	e	lícitas,	as	primeiras	acompanhadas	da	
                                                                                          	
proibição	e	da	punição,	as	segundas	culturalmente	aceitas	por	nós,	apresentadas	aos	nossos	filhos	precocemente	e	utilizadas	nas	famílias	desde	sempre.	Pri-
                                                                                            	
meiro,	em	momentos	de	comemorações	e,	atualmente,	acompanhando	a	rotina	de	vida	das	pessoas.	As	crianças	crescem	em	famílias	que	fazem	uso	dessas	
drogas	“lícitas”	e,	consequentemente,	nada	mais	normal	que	elas	cresçam	pensando	que	a	utilização	de	cerveja,	vinho,	uisque	e	demais	seja	“normal”.
	           O	estímulo	ao	consumo	das	drogas	lícitas	é	absurdo	e	vem	acompanhado	de	mensagens	de	sucesso	e	felicidade	nos	diversos	meios	de	comu-
nicação	em	massa.	Nada	mais	fértil	que	cabeças	em	formação	de	juízos	para	que	se	perpetue	o	consumo	e,	claro,	interesses	econômicos	vêm	na	frente	
dos	interesses	de	saúde	de	uma	população.
	           No	consumo	do	álcool,	não	há	garantia	de	que	o	adolescente	consumidor	de	hoje	não	seja	o	viciado	de	amanhã.	Algumas	pessoas	têm	ten-
dência	ao	desenvolvimento	do	vício,	outras,	não;	consequente,	não	há	consumo	de	bebida	alcoólica	seguro.	Toda	população	sofre	o	apelo	da	mídia	para	
ser	um	consumidor	em	potencial,	de	vários	produtos,	e	o	álcool	está	entre	eles.
	           Felizmente,	alguns	movimentos	ocorreram	e	continuam	ocorrendo,	como	o	combate	ao	tabagismo	que	tem	sido	vencedor.	Espera-se	que	
realmente	os	interesses	econômicos	de	uma	minoria	possam	ser	vencidos	pelos	interesses	de	saúde	da	maioria.	Parabéns	pela	feliz	escolha.

                                                                                                                                     Laura Vargas Acauan Brasília - DF

Nota da Redação: Obrigado pelo comentário, Laura. Ao avaliarmos a relevância de um tema como o do alcoolismo, objetivamos, principalmente, for-
necer ao leitor elementos suficientes para que ele possa refletir e tecer opiniões próprias sobre o assunto. Por meio da Revista Medicando acreditamos
poder exercer um dos principais papéis da mídia, que é trazer à tona fatos nem sempre explorados, mas que, ao se tornarem públicos, passem a contri-
buir diretamente para a formação de uma população mais consciente.




06
Fama
	         Excelente	 a	 reportagem	 	 “Distúrbios	 por	 trás	 da	 fama”.	 Inte-
ressante	perceber	que	o	que	as	pessoas	julgam	por	“estrelismo”	é,	às	ve-
zes,	um	problema	além	do	que	possamos	imaginar.	Não	somente	com	
celebridades,	mas	também	com	pessoas	comuns.	O	abuso	de	drogas	e	
remédios	é,	porém,	uma	fuga	desastrosa	para	muitos.

Érica Bernardo, Brasília - DF

	         Gostei	muito	da	matéria	“A	doença	da	Fama”	publicada	na	
edição	09	da	revista,	que	abordou	o	tema	de	uma	forma	simples	e	que	
todos	entendem.	Hoje	em	dia,	existem	pessoas	que	sofrem	dessa	do-
ença	e	não	sabem	por	falta	de	informação.	A	revista	e	a	repórter	estão	
de	parabéns.

Mayara Cristina, Conselheiro Mairink, Paraná


Nota da Redação: Érica e Mayara, muito obrigado pelos elogios. A equi-
pe da Revista Medicando e a repórter Elizângela Isaque agradecem.




	           Tive	acesso	à	última	edição	da	Revista	Medicando	pela	inter-
net,	enquanto	fazia	uma	pesquisa	sobre	ovário	policístico.	Li	a	matéria	
completa,	 que	 por	 sinal	 esclareceu	 todas	 as	 minhas	 dúvidas,	 e	 acabei	
navegando	por	toda	a	revista.	Simplesmente	fantástica!	Matérias	bem	
escritas,	claras	e	muita	informação	interessante.	Parabéns	por	disponi-
bilizar	essa	riqueza	de	material	na	internet,	à	disposição	de	todos	que	
desejam	notícias	bem	elaboradas.

Sandra Medeiros, Vitória -Espírito Santo


Nota da Redação: Sandra, uma das funções da Revista Medicando é essa mesma: trazer dados sólidos e de qualidade a respeito de condições
médicas, sem o alarmismo ou os desencontros de informação que vemos por aí. Esperamos continuar sendo uma referência para você.




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sumário
ENTREVISTA: Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física




                                                              m
                                                                               revista



                                                                                                                             CAPA
Ano 1 - nº 11 - outubro 2011 - www.revistamedicando.com.br




                                                                                                        saúde em movimento




                                                             A volta da
                                                                                                                             A VOLTA DA AIDS
                                                             AIDS
                                                             A eficácia das drogas contra o vírus
                                                             e a ausência do tema na mídia fazem
                                                             o medo da doença desaparecer.
                                                             E as mulheres jovens são
                                                             as maiores vítimas

                                                             AVANÇO CIENTÍFICO
                                                                                                                             Falta de medo da doença leva
                                                                                                                             ao aumento de contaminações,
                                                                                                                             principalmente entre a
                                                                                                                                                             20
                                                             Técnica reduz tempo de recuperação
                                                             em cirurgia de tendão
                                                                                                                             população feminina
                                                             QUALIDADE DE VIDA
                                                             Com ritmo envolvente, Zouk invade
                                                             o país e faz dançar no compasso da saúde




                                                                                                                                      ENTREVISTA

                                                             14                                                                   JORGE STEINHILBER
                                                                                                                        Presidente do Confef fala sobre a
                                                                                                                      necessidade de mais união entre as
                                                                                                                                    profissões de saúde

AVANÇO CIENTíFICO

                                                                                                          Nova vacina promete inovar
                                                                                                          os tratamentos contra o HIV                         28
                                                                                                          Como evitar lesões no tendão calcâneo,
                                                                                                          o famoso calcanhar de Aquiles                       32

                                                                                                                             QUALIDADE DE VIDA

                                                             44
                                                                                                                               Com ritmo envolvente, zouk
                                                                                                                                invade o país e faz dançar
                                                                                                                                   no compasso da saúde
PLANTÃO M
                Estudo do sistema imunológico rende Nobel
                em Fisiologia ou Medicina a três cientistas
                                                                                                                                                             10

                O QUE É?
                Câncer de pâncreas
                                                                                                                                                             48

                VERDADE OU MENTIRA
                Raspar o cabelo faz com que ele cresça mais grosso?
                                                                                                                                                             50

38       CONSCIENTIZAÇÃO
             OUTUBRO ROSA
     Ações do Outubro Rosa invadem
           cidades do país e alertam
      população contra os perigos do
                    câncer de mama


COLUNAS

        Missão: lancheira saudável   ...........................................................................................................................   36

        Quais os limites para a reprodução humana?                                  ............................................................................   42
Plantão                                     m               As últimas novidades em medicina e saúde



   Estudo do sistema imunológico rende
     Nobel em Fisiologia ou Medicina
           Americano, luxemburguês e canadense dividem o prêmio ao desvendarem novos
              mistérios sobre o funcionamento do sistema de defesa do corpo humano

                     Foto:	The	Scripps	Research	Institute                  Foto:	CNRS	Photo	Library/Pascal	Disdier                            Foto:	Rockefeller	University	Press




 Bruce	A.	Beutler                                           Jules	A.	Hoffmann
                                                                        	                                            Ralph	M.	Steinman




 O	
              Prêmio	 Nobel	 em	 Medicina	 ou	 Fi-                                                                   de	ativar	e	regular	as	fases	finais	da	resposta	
                                                                                                                                                         	
              siologia	 de	 2011	 foi	 conferido	 ao	                                                                imunológica,	 quando	 o	 organismo	 “se	 livra”	
              americano	Bruce	Beutler,	ao	luxem-                                                                     de	seus	invasores.
              burguês	Jules	Hoffmann	e	ao	cana-
                                 	                                                                                   	           O	 anúncio	 foi	 feito	 antes	 de	 o	 comitê	
 dense	Ralph	Steinman	por	seus	trabalhos	sobre	                                                                      do	prêmio	saber	do	falecimento	de	Steinman,	que	
 o	 sistema	 imunológico,	 anunciou	 a	 Academia	                                                                    chefiava	o	Centro	de	Imunologia	e	Doenças	Imu-
                                                                                                                          	
 Real	de	Ciências	da	Suécia.                                                                                         nes	da	Universidade	Rockefeller,	em	Nova	York.	A	
 	           Os	 trabalhos	 do	 trio	 ganharam	 o	                                                                   universidade	comunicou	a	fatalidade	praticamente	
 prêmio	 por	 terem	 trazido	 novos	 lampejos	                                                                       ao	mesmo	tempo	em	que	o	Nobel	era	anunciado.
 sobre	 o	 funcionamento	 do	 sistema	 de	 de-                                                                       	           Segundo	 o	 comunicado	 no	 site	 da	
 fesa	 do	 corpo	 humano.	 De	 acordo	 com	 a	                                                                       Rockefeller,	Steinman	mostrou	que	a	ciência	pode	
 organização,	 os	 premiados	 deste	 ano	 revo-                                                                      proveitosamente	explorar	o	poder	dessas	células	
 lucionaram	a	compreensão	do	sistema	imu-                   	          Beutler	 e	 Hoffmann	 descobriram	
                                                                                       	                             e	 outros	 componentes	 do	 sistema	 imunológico	
 nológico	 ao	 descobrirem	 as	 principais	 cha-            proteínas	 no	 corpo	 que	 reconhecem	 micro-            para	lidar	com	infecções	e	outras	doenças.
 ves	 de	 sua	 ativação	 e	 possibilitarem	 novas	          organismos	 invasores	 e	 ativam	 seu	 sistema	          	           A	 cerimônia	 de	 entrega	 do	 prê-
 formas	de	terapia	contra	infecções,	doenças	               de	 defesa,	 enquanto	 Steinman	 descobriu	 as	          mio	 acontece	 no	 dia	 10	 de	 dezembro,	 em	
 inflamatórias	e	até	mesmo	o	câncer.
    	                                                       células	 dendríticas	 e	 sua	 capacidade	 única	         Estocolmo,	na	Suécia.



 10
Transplante de útero
     de doadora morta                                     Prevenção cardiovascular
         tem êxito                                                   é precária em todo o mundo
 Mulher de 21 anos que recebeu                                Estudo apresentado em congresso europeu mostrou
   órgão deverá ter embriões
                                                             que adesão às drogas de prevenção secundária é baixa.
  implantados dentro de seis
   meses, se tudo correr bem                                    Em países com nível de renda elevado, problema
                                                                              é menos dramático




	           Uma	cirurgia	que	pode	dar	esperan-
ças	a	milhões	de	mulheres	que	não	podem	ter	
filhos	 obteve	 sucesso	 na	 Turquia.	 Derya	 Sert,	
  	
21	anos,	é	a	primeira,	no	mundo,	a	receber	um	
transplante	 de	 útero	 de	 uma	 doadora	 morta.	
A	paciente	nasceu	sem	o	útero,	como	ocorre	
com	cerca	de	5	mil	mulheres	no	mundo.
	           Os	 médicos	 do	 hospital	 universi-
tário	Akdeniz	realizaram	o	transplante	com	
êxito	 em	 9	 de	 agosto.	 Agora,	 é	 necessário	
esperar	 seis	 meses	 antes	 da	 implantação	          	            O	estudo	PURE	(Prospective	Urban	           	            Em	relação	às	vastatinas,	por	exem-
dos	embriões.                                          Rural	 Epidemiologic	 Study),	 apresentado	 no	          plo,	 as	 taxas	 de	 uso	 foram	 de	 66,5%,	 para	 os	
	           Esse	foi	o	segundo	transplante	de	         Congresso	Europeu	de	Cardiologia,	apontou	               países	de	alta	renda,	17,6%,	para	os	de	média-
útero	realizado	no	mundo.	Em	2000,	houve	              que	a	adesão	às	drogas	de	prevenção	cardio-              alta,	4,3%	para	os	de	média-baixa	e	3,3%	para	os	
uma	 primeira	 tentativa	 na	 Arábia	 Saudita.	        vascular	secundária	(vastatinas,	antiplaquetá-           de	baixa	renda.	Nos	países	de	baixa	renda,	90%	
A	 intervenção	 foi	 realizada	 com	 uma	 doa-         rios	 etc.)	 é	 precária.	 Liderado	 pelo	 Dr.	 Salim	   dos	pacientes	não	tomavam	pelo	menos	uma	
dora	viva,	mas	fracassou	depois	de	99	dias,	           Yusuf,	 da	 Universidade	 McMaster	 (Canadá),	           medicação	 prescrita	 e	 80%	 não	 estavam	 em	
e	 os	 médicos	 tiveram	 que	 retirar	 o	 órgão	       o	levantamento	avaliou	a	taxa	de	uso	dessas	             uso	de	qualquer	medicação	para	prevenção	se-
transplantado.                                         medicações	 em	 17	 países	 de	 acordo	 com	 o	          cundária	das	doenças	cardiovasculares,	como	o	
	           Segundo	Munir	Erman	Akar,	gineco-          nível	de	renda	apresentado.                              infarto	do	miocárdio	e	o	derrame	cerebral.
logista	integrante	da	equipe	responsável	pelas	        	            Com	 o	 objetivo	 muito	 mais	              	          Entre	 os	 fatores	 que	 se	 relacionam	
duas	operações,	durante	a	cirurgia,	em	2000,	a	        abrangente	 que	 a	 análise	 da	 parte	 car-             com	as	baixas	taxas	de	adesão	ao	tratamento,	o	
veia	era	curta	demais	para	a	anastomose	(união)	       díaca	 da	 população,	 o	 estudo	 coletou	               mais	importante	foi	o	desenvolvimento	econô-
e	o	útero	não	estava	bem	assistido.                    informações	 sobre	 idade,	 sexo,	 grau	 de	             mico	do	país.	Contudo,	também	houve	uma	re-
	           Hoje,	os	médicos	turcos	acreditam	         instrução,	histórico	médico,	estilo	de	vida	             lação	significativa	com	a	urbanização	da	região	
                                                                                                                            	
ter	 conseguido	 resolver	 esse	 problema.	 Ao	        (atividade	 física	 e	 dietas),	 material	 gené-         pesquisada,	sexo	e	a	idade	do	paciente.
trabalhar	com	uma	doadora	já	morta,	eles	pu-           tico	 para	 análise	 futura	 e	 fatores	 de	 risco	      	          O	 estudo	 PURE	 incluiu	 153.996	 pa-
deram	extrair	mais	tecido	ao	redor	do	útero	e	         cardiovascular,	além	do	uso	do	tratamen-                 cientes,	entre	35	e	70	anos	de	idade,	em	países	
os	vasos	sanguíneos	foram	mais	longos.	Jun-            to	 prescrito.	 Em	 todos	 os	 países	 conside-          de	alta	renda	(Canadá,	Suécia	e	Emirados	Ára-
to	a	isso,	soma-se	o	fato	de	que,	nos	últimos	         rados,	a	aderência	às	drogas	de	prevenção	               bes),	média-alta	renda	(Argentina,	Brasil,	Chile,	
anos,	os	remédios	imunossupressores,	admi-             secundária	foi	muito	baixa.	No	entanto,	os	              Polônia,	África	do	Sul	e	Turquia),	média-baixa	
nistrados	para	evitar	a	rejeição,	passaram	por	        resultados	variaram	bastante	entre	os	paí-               renda	 (China,	 Colômbia	 e	 Irã)	 e	 baixa	 renda	
uma	revolução.                                         ses	de	alta	e	baixa	renda.                               (Bangladesh,	Índia,	Paquistão	e	Zimbábue).



                                                                                                                                                                 11
Plantão                                m              As últimas novidades em medicina e saúde


      Meta para 2015: 15 doadores de órgãos
                              para cada milhão de pessoas
                  Objetivo foi definido pelo Ministério da Saúde, em nova campanha;
                          índice atual é de 11,1 doadores para cada 1 milhão
                                                                                                                                            Foto:	Reprodução
 	           O	 governo	 brasileiro	 pretende	
 alcançar,	 até	 2015,	 a	 taxa	 de	 15	 doa-
 dores	 de	 órgãos	 para	 cada	 1	 milhão	 de	
 habitantes.	 Atualmente,	 o	 índice	 é	 11,1	
 doadores,	 totalizando	 cerca	 de	 duas	 mil	
 doações	por	ano.
 	           Com	 o	 objetivo	 de	 conscientizar	
 os	 brasileiros	 sobre	 a	 importância	 da	 doa-
 ção	de	órgãos,	para	aumentar	o	número	de	
 transplantes	no	país,	foi	lançada,	pelo	Minis-
 tério	da	Saúde,	a	campanha	Seja	um	Doador	
 de	Órgãos,	Seja	um	Doador	de	Vidas.
 	           Para	 a	 Associação	 Brasileira	 de	
 Transplantes	 de	 Órgãos	 (ABTO)	 é	 possível	 al-
 cançar	a	meta	definida	pela	pasta,	desde	que	
                     	
 as	ações	e	os	investimentos	necessários	sejam	       	           No	Brasil,	a	doação	de	órgãos	pre-      taria	 um	 aumento	 de	 13%.	 Já	 a	 estimativa	
 feitos	de	forma	planejada	e	estruturada.	Uma	        cisa	 ser	 autorizada	 pela	 família	 do	 doador	   de	 transplantes	 para	 2011	 é	 23	 mil,	 contra	
 das	iniciativas	apoiadas	pelo	instituto	é	a	capa-    –	sem	a	necessidade	de	um	documento	as-             21.040	 em	 2010.	 Do	 total	 de	 transplantes	
 citação	de	pessoas	que	trabalham	na	captação	        sinado	 pela	 pessoa	 que	 morreu.	 Em	 2010,	      no	país,	95%	são	feitos	por	meio	do	Sistema	
 de	órgãos	e	abordagem	do	tema	nas	faculda-           1.896	 órgãos	 foram	 doados.	 A	 projeção	         Único	 de	 Saúde	 (SUS),	 de	 forma	 gratuita.	
 des	de	saúde,	incluindo	o	assunto	em	currícu-        para	este	ano,	segundo	o	Ministério,	é	que	         Atualmente,	 o	 número	 de	 pessoas	 aguar-
 los	de	medicina,	enfermagem	e	psicologia.            o	número	passe	para	2.144,	o	que	represen-          dando	um	órgão	chega	a	36	mil.




Coração de paciente volta a bater após meses parado
                                                                                                                                            Arte:	Reprodução

 É o primeiro caso do tipo no Brasil, em
 que, depois de viver com órgão artificial
 por algum tempo, o paciente recupera
 seu próprio músculo cardíaco

 	          O	 coração	 do	 carioca	 Sérgio	 Alexandre	 Leite	
 Genaro	voltou	a	funcionar	após	três	meses	parado.	Ago-
 ra,	 o	 comerciante	 pode	 dizer	 que	 nasceu	 de	 novo	 e,	 ao	
 mesmo	 tempo,	 que	 entrou	 para	 a	 história	 da	 Medicina	
 no	 Brasil.	 Aos	 48	 anos	 e	 vítima	 de	 infarto,	 ele	 precisou	
 de	cirurgia	para	receber	ponte	de	safena,	mas,	durante	o	                 	            Foi	a	primeira	vez,	no	país,	que	um	paciente	com	o	coração	
 procedimento,	seu	coração	parou.                                          artificial	 teve	 seu	 órgão	 original	 recuperado	 e	 dispensou	 o	 aparelho,	
 	          A	única	opção	dos	médicos	foi	a	colocação	de	um	               sem	 necessidade	 de	 transplante.	 O	 tratamento	 foi	 feito	 no	 Instituto	
 órgão	artificial	junto	com	um	equipamento	que	fica	fora	do	               Nacional	de	Cardiologia	(INC),	nas	Laranjeiras,	Rio	de	Janeiro.
 corpo	 bombeando	 o	 sangue,	 substituindo	 a	 função	 cardía-            	            Segundo	o	médico	responsável	pelo	carioca,	apesar	de	ain-
 ca.	Para	surpresa	de	todos,	o	coração	que	havia	parado	vol-               da	não	estar	com	a	função	cardíaca	100%	reabilitada,	o	comerciante	
 tou	a	funcionar	meses	depois.                                             terá	uma	vida	normal.



 12
Foto:	Reprodução




Excesso de tranquilizantes
e soníferos pode aumentar
    risco de Alzheimer
Efeito foi encontrado por estudo
  francês em 3.777 indivíduos
 com idade acima dos 65 anos
  e exige ação das autoridades
     para conter o problema
                                   Arte:	Reprodução




                                                            Cientistas testam pílula
                                                              que controla o consumo
                                                                excessivo de álcool
	            O	 consumo	 crônico	 de	 benzo-
diazepinas	 –	 substâncias	 conhecidas	 como	
tranquilizantes	e	soníferos	–	aumenta	o	risco	
de	 uma	 pessoa	 sofrer	 do	 mal	 de	 Alzheimer.	         Droga faria o cérebro deixar de sentir os efeitos da
Segundo	 os	 primeiros	 resultados	 de	 um	 es-
tudo	 francês,	 anualmente,	 entre	 16	 mil	 e	 31	
                                                         bebedeira. Além de manter a sobriedade, substância
mil	casos	de	Alzheimer	seriam	provocados	na	          eliminaria as reações químicas cerebrais que levam ao vício
França	 por	 tratamentos	 com	 benzodiazepi-
nas	(BZD)	ou	similares	e	seus	genéricos.              	           Uma	 pílula	 capaz	 de	 impedir	 o	 consumo	 abusivo	 de	 álcool	 está	 sendo	 criada	
	            O	 encarregado	 do	 estudo,	 Bernard	    por	cientistas.	Com	o	seu	uso,	será	possível	beber	sem	sentir	os	sintomas	da	embriaguez,	
Begaud,	 da	 Universidade	 de	 Bordeaux,	 se	 re-     como	falta	de	equilíbrio	e	reflexos	lentos.	A	substância	foi	testada	em	ratos	que	recebiam	
feriu	 às	 constatações	 como	 “uma	 verdadeira	      uma	injeção	de	álcool	capaz	de	os	derrubar,	mas	apresentaram	reflexos	e	capacidade	de	
bomba”	 e	 acrescentou	 que	 as	 autoridades	         equilíbrio	normais.
precisam	reagir.	Ainda	mais	levando	em	conta	         	           Mas	 aí	 você	 pode	 pensar:	 se	 o	 cérebro	 fica	 preservado	 dos	 efeitos	 do	 álcool,	
que,	de	nove	estudos,	incluindo	esse,	seis	esta-      então,	 em	 vez	 de	 combater	 o	 alcoolismo,	 a	 droga	 provavelmente	 irá	 estimulá-lo!	 Nada	
belecem	relação	entre	o	consumo	de	tranqui-           disso.	Com	o	bloqueio	dos	efeitos	do	álcool	no	cérebro	os	pesquisadores	acreditam	que,	
lizantes	e	soníferos	e	o	mal	de	Alzheimer.            além	de	evitar	os	vexames	causados	pela	ingestão	exagerada	de	álcool,	será	possível	tratar	
	            O	estudo	francês,	em	particular,	foi	    o	alcoolismo,	limitando	a	sensação	que	o	consumo	da	bebida	tem	para	os	dependentes.
realizado	com	3.777	indivíduos	de	65	anos	ou	         	           A	pesquisa	é	da	Universidade	de	Adelaide,	na	Austrália,	e	foi	feita	em	parceria	
mais	que	tomaram	BZD	entre	dois	e	dez	anos.	          com	pesquisadores	dos	Estados	Unidos.
Ao	 contrário	 das	 quedas	 e	 fraturas	 causadas	    	           A	substância	utilizada	pelos	profissionais	não	é	nova.	Com	o	nome	de	naloxona,	
por	esses	medicamentos,	os	efeitos	cerebrais	         a	 droga,	 atualmente	 aprovada	 pelo	 FDA	 –	 órgão	 que	 regulamenta	 medicamentos	 nos	
não	são	imediatamente	perceptíveis.	É	neces-          Estados	 Unidos	 –,	 é	 utilizada	 para	 o	 tratamento	 de	 overdose	 de	 heroína	 em	 humanos.	
sário	aguardar	alguns	anos	para	que	surjam.           Entretanto,	a	forma	de	naloxona	usada	no	estudo	foi	levemente	alterada	para	atingir	as	
	            As	 prescrições	 são	 normalmente	       células	da	glia	(células	de	proteção	do	sistema	nervoso	central)	e	não	os	neurônios.
limitadas	a	duas	semanas	para	os	hipnóticos	          	           Durante	 o	 experimento,	 os	 cientistas	 descobriram	 que,	 quando	 as	 células	 do	
e	 12	 semanas	 para	 os	 ansiolíticos.	 A	 forma	    sistema	imunológico	do	cérebro	(as	mesmas	células	da	glia	que	ocupam	90%	do	órgão	
como	 os	 BZD	 atuam	 no	 cérebro	 para	 au-          e	o	protegem	de	infeccções	como	a	meningite)	são	desativadas,	é	possível	a	ingestão	de	
mentar	esse	risco	de	demência	continua	um	            grandes	quantidades	de	bebida	alcoólica	sem	que	os	efeitos	do	excesso	sejam	sentidos.
mistério,	mas	o	problema	já	tinha	sido	men-           	           A	expectativa	é	que	a	pílula	possa	estar	disponível	para	a	venda	em	três	anos.	
cionado	 em	 2006,	 em	 um	 relatório	 do	 Gabi-      Mas	 é	importante	 lembrar	que	 a	naloxona,	em	 sua	 formulação	atual,	 é	 uma	droga	 que,	
nete	Parlamentar	de	Políticas	de	Saúde	sobre	         além	de	reverter	o	efeito	de	entorpecentes,	também	pode	afetar	o	pensamento	e	a	aten-
Remédios	Psicotrópicos.                               ção,	de	forma	geral.



                                                                                                                                                        13
c   com a palavra




      Reeducação física
    O presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, é categórico:
     a luta contra a obesidade no Brasil só será vencida quando forem aplicadas políticas
      públicas que ajudem a população a fugir do sedentarismo. Ele também é enfático
          quanto à necessidade de um consenso sobre quais são as áreas de atuação
           dos diferentes profissionais de saúde. Sobre esses e outros temas ele fala
                           com exclusividade à Revista Medicando

                                          Por Elizângela Isaque




                                N
                                              Fotos: Divulgação/Confef



                                             unca,	 no	 Brasil,	 falou-se	 tanto	      	          Para	Steinhilber,	a	falta	de	diálogo	
                                             sobre	a	importância	de	se	praticar	       entre	 os	 Conselhos	 prejudica	 o	 estabe-
                                             atividades	 físicas.	 Seja	 pelo	 viés	   lecimento	 de	 critérios	 claros	 quanto	 às	
                                             estético,	 cada	 vez	 mais	 valori-       competências	 de	 cada	 profissão,	 impede	 o	
                                                                                                                      	
                                   zado	 e	 cobrado	 pela	 cultura	 contempo-          estabelecimento	 de	 normas	 claras	 de	 regu-
                                     rânea,	 ou	 pela	 crescente	 preocupação	         lamentação	e,	por	isso,	prejudica	o	cidadão.	
                                       em	 se	 evitar	 problemas	 de	 saúde,	 o	       “Acredito	 que	 nos	 hospitais,	 nas	 clínicas,	
                                        fato	é	que	está	na	moda	se	exercitar.	         no	 SUS	 [Sistema	 Único	 de	 Saúde],	 no	 NASF	
                                          Nesse	 contexto,	 a	 busca	 pela	 tão	       [Núcleo	 de	 Apoio	 à	 Saúde	 da	 Família],	 os	
                                            desejada	 qualidade	 de	 vida	 tem	        profissionais	estejam	bem	articulados	e	cada	
                                                                                            	
                                             provocado	 uma	 procura	 cres-            um	respeite	a	área	de	intervenção	do	outro.	
                                              cente	por	profissionais	de	outras	
                                                              	                        Contudo,	 em	 outros	 segmentos,	 há	 uma	
                                               áreas,	 a	 exemplo	 dos	 profis-  	     briga	pelo	mercado	e,	em	alguns	momentos,	
                                                 sionais	 de	 educação	 física,	       extrapolam	 a	 intervenção	 criando,	 sim,	 difi-
                                                                                                                                      	
                                                 entre	os	que	buscam	alterna-          culdades	 para	 o	 paciente	 ou	 cliente	 identi-
                                                 tivas	 diferentes	 da	 medicina	      ficar	qual	profissional	procurar”,	afirma.
                                                                                         	            	                     	
                                                convencional	 para	 prevenir	          	          Nascido	 em	 Praga,	 na	 República	
                                                 futuros	problemas.                    Tcheca,	 Steinhilber	 chegou	 ao	 Brasil	 em	
                                               	         Na	opinião	do	presidente	     1949.	 Sua	 trajetória,	 até	 chegar	 à	 presi-
                                              do	Conselho	Federal	de	Educação	         dência	 do	 Confef,	 inclui	 a	 implantação	 de	
                                           Física	 (Confef ),	 Jorge	 Steinhilber,	    programas	 como	 os	 Jogos	 Escolares	 na	
                                        essa	 tendência	 seria	 ainda	 mais	           cidade	 do	 Rio	 de	 Janeiro	 e	 o	 Programa	 de	
                                     benéfica	 para	 a	 sociedade	 se	 houvesse	
                                            	                                          Férias	nas	escolas	públicas	do	Município	no	
                                maior	 entendimento	 entre	 cada	 uma	 das	            estado	fluminense.	Foi	presidente	da	Asso-
                                14	 profissões	 da	 área	 da	 saúde	 atualmente	
                                        	                                              ciação	 dos	 Professores	 de	 Educação	 Física	
                                regulamentadas.	 No	 entanto,	 segundo	 ele,	          do	 Rio	 de	 Janeiro	 (APEF-Rio)	 e	 assessor	 de	
                                as	 divergências	 atuais	 costumam	 ser	 discu-        Educação	 Física	 da	 Secretaria	 Municipal	 de	
                                   tidas	 no	 âmbito	 legislativo,	 na	 tentativa	     Educação	do	Rio	de	Janeiro.
                                        de	 garantir	 o	 direito	 à	 exclusividade	    	          Nessa	 entrevista	 à	 Revista	 Medi-
                                               na	 realização	 de	 procedimentos	      cando,	 Steinhilber,	 que	 é	 autor	 dos	 livros	
                                                    específicos.
                                                            	                          “Colônia	 de	 Férias”	 e	 “Profissional	 de	
                                                                                                                             	
                                                                                       Educação	Física...	existe?”,	fala	sobre	a	impor-
                                                                                       tância	 de	 se	 estimular	 a	 prática	 de	 esportes	
                                                                                       e	 defende	 a	 obrigatoriedade	 da	 educação	
                                                                                       física	como	disciplina	no	currículo	escolar.
Revista Medicando - O papel do pro-                     O Confef tem feito algo para que o                    da	 Atividade	 Física	 para	 o	 Desenvolvimento	
fissional de Educação Física é extre-                   governo adote políticas públicas que                  Humano,	 presidida	 pelo	 deputado	 federal	
mamente importante na prevenção                         tragam resultados significativos, seja                André	 Figueiredo,	 e	 as	 Audiências	 Públicas	
de diversas doenças. Mesmo assim, há                    a médio ou longo prazo?                               da	Comissão	de	Turismo	e	Esporte,	que	têm	
uma alta taxa de profissionais que dei-                                                                       dado	 boa	 atenção	 a	 essa	 relevante	 questão.	
xam de atuar nessa área. Prova disso                    Steinhilber	 -	 O	 Brasil,	 assim	 como	 a	 maio-     Em	todas	as	oportunidades	temos	nos	mani-
é o número quase inexistente de pro-                    ria	 dos	 demais	 países,	 vive	 a	 epidemia	 do	     festado	junto	ao	Poder	Executivo,	Legislativo	
fessores acima dos 40 anos nas acade-                   sedentarismo,	 que	 resulta	 na	 obesidade	 e	        e	Judiciário	no	sentido	de	que	o	incentivo	à	
mias do país. Por que isso acontece?                    tem	 como	 consequência	 o	 surgimento	 de	           prática	de	atividades	físicas	seja	pautada	per-
                                                        doenças	 graves,	 prejudiciais	 ao	 indivíduo	 e	     manentemente	pelas	políticas	públicas,	e	que	
Jorge Steinhilber - Nós	 atuamos	 de	 forma	            à	 economia	 do	 país,	 em	 diversos	 aspectos.	      o	 esporte	 não	 seja	 apenas	 uma	 questão	 de	
global	 sobre	 o	 ser,	 desenvolvendo	 trabalhos	       Na	 medida	 do	 possível,	 promovemos	 cam-           governo,	mas	sim	de	Estado.	Não	basta	o	país	
que	 possibilitem	 a	 prevenção	 de	 doenças,	 a	       panhas	 no	 sentido	 de	 incentivar	 a	 prática	      olhar	o	esporte	como	fator	de	competição	e	
promoção	da	saúde	e	a	formação	cidadã	in-               esportiva	 ou	 atuamos	 em	 parceria	 com	 ou-        só	 preparar	 atletas	 para	 os	 torneios.	 Temos	
tegral.	 Acredito	 que	 a	 taxa	 de	 profissionais	     tras	entidades	que	promovem	essa	sensibili-           que	preparar	campeões	para	a	vida.
que	 deixam	 de	 atuar	 na	 área	 de	 formação	         zação,	 sempre	 lembrando	 a	 questão	 de	 que	
não	esteja	relacionada	à	faixa	etária,	vez	que	         a	“boa	orientação	faz	a	diferença”.	Ou	seja,	é	       Medicando – Ou seja, isso pode ser fei-
identificamos	 que	 em	 todas	 as	 áreas	 de	 for-      necessário	 que	 os	 exercícios	 físicos	 e	 espor-   to de forma paralela, certo?
mação	 profissional	 o	 índice	 de	 desistência	 é	     tivos	sejam	dinamizados,	orientados	e	minis-
expressivo.	Penso	que	o	fator	preponderante	            trados	 por	 profissionais	 de	 Educação	 Física.	    Steinhilber	 –	 Exatamente,	 pois	 não	 são	 ativi-
para	 essa	 desistência	 na	 área	 de	 Educação	        Atuamos	junto	aos	parlamentares	no	sentido	           dades	 excludentes.	 Muito	 pelo	 contrário,	 são	
Física	 seja	 o	 fato	 de	 os	 ingressantes	 serem	     de	 que	 estejam	 atentos	 a	 isso	 e	 promovam,	     complementares.	O	Brasil,	além	de	seu	vertigi-
jovens	e,	infelizmente,	possuidores	de	pouca	           também,	 ações	 para	 sensibilizar	 a	 sociedade	     noso	 desenvolvimento	 democrático	 e	 cresci-
informação	 na	 educação	 média,	 a	 respeito	          a	 ter	 uma	 vida	 ativa.	 Uma	 das	 respostas	 do	   mento	econômico,	foi	vitorioso	ao	conquistar	
da	 intervenção	 do	 profissional	 de	 Educação	        Congresso	foi	a	criação	da	Frente	Parlamentar	        o	direito	de	sediar	os	maiores	megaeventos	es-
Física.	 Outro	 fator	 relevante	 é	 a	 questão	 da	                                                          portivos	do	planeta,	como	a	Copa	do	Mundo	
exigência	de	conhecimentos	científicos	para	                                            Foto:	Reprodução
                                                                                                              de	Futebol	e	os	Jogos	Olímpicos	e	Paraolímpi-
atuar	na	área,	que	requer	formação	continu-                                                                   cos,	 transformando	 o	 país	 na	 capital	 mundial	
ada,	e	o	baixo	salário	praticado	no	mercado.                                                                  do	 esporte,	 pelo	 menos	 nos	 próximos	 cinco	
                                                                                                              anos.	Por	isso,	temos	a	obrigação	de	estarmos	
Medicando - O Conselho tem feito algo                                                                         atentos	a	esse	”tsunami”	esportivo	e	surfar	na	
para tentar reverter essa situação?                                                                           onda,	aproveitando	a	oportunidade	de	que	es-
                                                                                                              taremos	todos,	de	alguma	forma,	sintonizados	
Steinhilber	 -	 O	 sistema	 Confef/Crefs	 [Conse-                                                             no	 esporte,	 para	 estabelecer	 programas	 de	
lhos	 Regionais	 de	 Educação	 Física]	 procura	                                                              incentivo	 à	 prática	 esportiva.	 Essa	 também	 é	
estar	em	sintonia	com	os	cursos	de	formação,	                                                                 uma	 excelente	 oportunidade	 para	 incentivar	
em	 especial	 com	 os	 coordenadores,	 articu-                                                                todos	 os	 órgãos	 e	 entidades	 a	 debaterem	 e	
lando	 para	 que	 esses	 cursos	 sejam	 de	 boa	                                                              abordarem	 o	 tema,	 tanto	 na	 perspectiva	 da	
qualidade,	 pois	 uma	 intervenção	 qualificada	                                                              busca	para	alcançarmos	o	patamar	de	potên-
depende	 da	 formação.	 Também	 colocamos	                                                                    cia	esportiva	como	na	perspectiva	do	esporte	
os	 CREFs	 à	 disposição,	 para	 que	 sejam	 pro-                                                             enquanto	fator	de	educação,	saúde,	formação	
movidas	orientações	aos	jovens,	a	respeito	da	                                                                e	 equidade	 social,	 contribuindo	 para	 que	 o	




                                                          “
área	 e	 da	 atuação	 do	 profissional	 de	 Educa-                                                            país	seja	uma	potência	olímpica.	Os	governos,	
ção	 Física	 na	 área	 da	 saúde.	 Por	 outro	 lado,	                                                         os	 parlamentares	 e	 a	 mídia	 estão	 atuando	 e	
instigamos	 a	 mídia	 para	 que	 cumpra	 o	 seu	
                                                                É necessário que                              divulgando	os	programas	relacionados	à	me-
papel	social,	informando	e	divulgando	o	perfil	               os exercícios físicos                           lhoria	e	às	obras	de	infraestrutura,	transporte,	
necessário	para	a	escolha	da	profissão.                                                                       segurança,	 de	 equipamentos,	 treinamento	
                                                               e esportivos sejam                             de	atletas	e	meio	ambiente,	que	esses	mega-
Medicando – O aumento paulatino da                          dinamizados, orientados                           eventos	proporcionarão.	Contudo,	faz-se	ne-
expectativa de vida é acompanhado                                                                             cessário	 planejar,	 urgentemente,	 os	 legados	
pelo crescimento de doenças que sur-
gem, principalmente, devido ao se-
dentarismo. As campanhas de estímu-
                                                                e ministrados por
                                                                 profissionais de
                                                                                                 “            socioeducacionais	desses	mega	eventos,	para	
                                                                                                              que	a	sociedade	possa	usufruir	dos	benefícios	
                                                                                                              à	educação,	à	saúde	e	à	inclusão	social,	con-
lo à prática de atividades físicas ainda                         Educação Física                              tribuindo	de	forma	destacada	para	minimizar	
são insuficientes, ante essa realidade.                                                                       a	epidemia	de	obesidade.




                                                                                                                                                             15
c     com a palavra



    Medicando – As academias têm sido
    cada vez mais procuradas por pes-
    soas que buscam obter boa forma.
    Pode-se dizer que isso ocorre mais
    por finalidades estéticas do que pela
    busca por saúde?

    Steinhilber	 -	 Creio	 que	 essa	 máxima	 já	 está	
    superada.	 A	 maioria	 das	 pessoas,	 hoje,	 está	
    procurando	 academias	 e	 outros	 estabeleci-
    mentos	para	se	exercitarem,	por	perceberem	
    a	necessidade	da	prática	de	atividades	físicas	
    para	obterem	mais	qualidade	de	vida.	Não	é	
    mais	 só	 uma	 questão	 de	 estética,	 e	 sim,	 de	
    bem-estar,	 de	 ter	 um	 melhor	 condiciona-
    mento	 físico,	 para	 aproveitar	 melhor	 o	 seu	




                                                                         “
    dia	 a	 dia,	 sua	 relação	 familiar,	 seu	 lazer,	 seu	
    trabalho	e	conseguir	longevidade.	A	tecnolo-
    gia	e	a	ciência	nos	proporcionam	viver	mais	e	                                 Não basta o país olhar o esporte
    as	pessoas	estão	percebendo	que	não	adian-
    ta	só	viver	mais	cronologicamente,	mas	que	
    é	necessário	poder	aproveitar	esse	tempo,	e,	
                                                                                como fator de competição e só preparar
                                                                                  atletas para os torneios. Temos que
                                                                                                                                                            “
    para	 tal,	 um	 dos	 remédios	 mais	 baratos	 é	 o	
    exercício	 físico.	 Longevidade	 com	 qualidade	                                preparar campeões para a vida
    requer,	desde	cedo,	incorporar	hábitos	de	ati-
    vidades	físicas	permanentes.                                                                               Jorge Steinhilber


    Medicando – Alguma dica especial                            físicas,	bem	como	o	dever	do	Estado	de	cumprir	            nas	clínicas,	no	SUS	[Sistema	Único	de	Saú-
    para que a busca pela saúde seja al-                        a	obrigatoriedade	da	disciplina	em	todas	as	séries	        de],	 no	 NASF	 [Núcleo	 de	 Apoio	 à	 Saúde	
    cançada por quem quer começar a se                          e	níveis	de	ensino.	Atuamos	no	sentido	de	sensi-           da	 Família],	 os	 profissionais	 estejam	 bem	
    exercitar?                                                  bilizar	o	Ministério	da	Educação	e	as	Secretarias	de	      articulados	 e	 cada	 um	 respeite	 a	 área	 de	
                                                                Educação	quanto	ao	valor	da	disciplina	Educação	           intervenção	do	outro.	Contudo,	em	outros	
    Steinhilber	 -	 Iniciar	 uma	 atividade	 de	 forma	         Física	e	à	oferta	de	práticas	de	atividades	físicas	nas	   segmentos,	há	uma	briga	pelo	mercado	e,	
    prazerosa	e	buscar	a	orientação	de	um	profis-   	           escolas,	deixando	claro	tratar-se	de	duas	áreas	dis-       em	 alguns	 momentos,	 extrapolam	 a	 inter-
    sional	de	Educação	Física,	para	que	ele	possa	              tintas	que	se	complementam,	e	ambas	são	fun-               venção	criando,	sim,	dificuldades	para	que	
    avaliar	e,	posteriormente,	prescrever	as	ativi-             damentais	 para	 o	 desenvolvimento	 integral	 das	        o	paciente	ou	cliente	possa	identificar	qual	
    dades	físicas	com	segurança.                                crianças	e	dos	jovens.	Temos	empreendido	esfor-            profissional	procurar.
                                                                ços	no	sentido	de	que	a	disciplina	seja	ministrada	
    Medicando – Os avanços tecnológicos                         por	profissionais	de	Educação	Física,	inclusive	nas	
                                                                          	                                                Medicando - Em tramitação no Con-
    tornaram sedentário o dia a dia das                         séries	 iniciais,	 pois	 alguns	 governantes	 não	 res-    gresso Nacional, a lei conhecida como
    crianças, que trocaram as brincadeiras                      peitam	esse	direito	das	crianças	ao	atendimento	           Ato Médico, que visa regulamentar o
    do passado pelos aparelhos eletrôni-                        qualificado	e	seguro.
                                                                      	                                                    exercício da Medicina no país, causou
    cos, como videogame, computador                                                                                        certo mal-estar entre as demais profis-
    etc. Uma das alternativas para essa                         Medicando – Hoje, observa-se uma                           sões de saúde atualmente regulamen-
    situação, que tem acarretado uma sé-                        infinidade de procedimentos comuns                         tadas. Em sua opinião, existe um fator
    rie de problemas para a saúde infantil,                     às várias áreas da saúde. E o resultado                    principal para a falta de entendimento
    seria o incentivo à prática de educação                     parece ser uma disputa de quem pode                        entre as classes, na hora de decidir de
    física nas escolas. O que o Confef tem                      fazer o quê. Diante disso, a população                     quem é a prerrogativa de realizar de-
    feito em relação a isso?                                    se sente cada vez mais perdida quan-                       terminados procedimentos?
                                                                to ao profissional que deve procurar.
    Steinhilber	-	Nos	últimos	dois	anos,	elegemos	o	            A situação tende a piorar?                                 Steinhilber	 -	 O	 mundo	 evoluiu	 e	 a	 área	 da	
    biênio	da	Educação	Física	Escolar	e	promovemos	                                                                        saúde	quebrou	paradigmas.	Por	exemplo,	an-
    seminários,	 fóruns	 e	 encontros,	 com	 o	 objetivo	       Steinhilber	-	As	equipes	multiprofissionais	               tigamente	o	conceito	de	saúde	era	a	ausência	
    de	sensibilizar	os	pais	a	respeito	do	Direito	Cons-         são	 fundamentais	 para	 o	 atendimento	 à	                de	doença.	Hoje,	o	conceito	evoluiu	para	uma	
    titucional	 de	 seus	 filhos	 à	 prática	 de	 atividades	
                           	                                    população.	 Acredito	 que	 nos	 hospitais,	                definição	 mais	 holística.	 A	 medicina,	 inicial-
                                                                                                                              	



    16
mente,	 era	 uma	 arte,	 e	 hoje	 é	 considerada	                                                           Medicando – No que diz respeito ao en-
uma	 ciência.	 Surgiram	 várias	 intervenções	                                                              trosamento, as reuniões dos Conselhos
profissionais	 na	 área	 da	 saúde	 que	 não	 exis-                                                         Federais de Profissões Regulamenta-
tiam	há	60	anos.	Por	outro	lado,	a	ciência	na	                                                              das, os chamados Conselhões, têm sido
área	 da	 saúde	 evoluiu,	 sendo	 quase	 impos-                                                             úteis em alguns aspectos?
sível	 um	 atendimento	 como	 nos	 moldes	 da	
década	de	1950.	Há	alguns	anos,	o	senso	co-                                                                 Steinhilber	 –	 	 Sim.	 O	 Conselho	 Federal	 das	
mum	e	a	tradição	tinham	clareza	da	atuação	                                                                 Profissões	 Regulamentadas	 e	 o	 Fórum	 dos	
e	intervenção	do	médico.	Com	toda	a	evolu-                                                                  Conselhos	 Federais	 da	 Área	 da	 Saúde	 são	
ção	 e	 surgimento	 de	 novas	 profissões	 que,	                                                            importantes	 e	 têm	 significância.	 Existem	 di-
quando	 regulamentadas,	 trouxeram	 no	 seu	                                                                versos	 pontos	 comuns,	 cujas	 ações	 podem	
bojo	o	ato	da	intervenção	profissional,	surgi-                                                              ser	 integradas	 e,	 certamente,	 com	 união	 é	
ram	algumas	demandas	judiciais,	fazendo-se	                                                                 possível	avançar.
necessário	 serem	 estabelecidas	 legalmente	
as	 áreas	 de	 intervenção	 dos	 médicos.	 Não	                                                             Medicando – Mas essa união, conside-
se	pode	mais	firmar	no	senso	comum	ou	na	                                                                   rando o cenário atual, não seria uma
tradição.	 Infelizmente,	 em	 um	 mundo	 capi-                                                              utopia?
talista,	 no	 qual	 impera	 a	 lógica	 do	 mercado,	
as	entidades	responsáveis	pelas	profissões	da	                                                              Steinhilber	–	 Não	é	 utopia.	A	reunião	 é	 fun-




                                                         “
área	 de	 saúde	 não	 tiveram	 habilidade	 para	                                                            damental	e	assuntos	que	são	comuns	a	todos	
buscar	 consenso	 e	 estabelecer	 as	 interven-                                                             são	discutidos,	palestras	são	promovidas	para	
ções,	 principalmente	 nas	 áreas	 confluentes.	                Os Conselhos                                debater	 pontos	 nebulosos.	 Contudo,	 infeliz-
Fala-se	muito	nos	benefícios	da	sociedade,	no	                                                              mente,	outros	assuntos	relacionados	às	inter-
respeito	à	sociedade.	Contudo,	nos	momen-                     Profissionais não                             venções	profissionais,	principalmente	as	que	
tos	 de	 sensibilidade	 para	 as	 definições	 cora-                                                         têm	 interseções,	 deveriam	 ser	 aprofundadas	
josas	das	atribuições	profissionais,	as	atitudes	
                                                            existem e nem foram                             no	Conselhão,	deliberadas	e	acatadas	por	to-
e	ações	são	corporativistas.	Creio	ser	esse	um	
dos	fatores	que	criam	as	divergências.	
                                                           criados para defender                            dos,	pois	hoje	o	trabalho	é	multiprofissional,	
                                                                                                            principalmente	na	área	da	saúde.	No	entanto,	
                                                               os profissionais.                            tal	lapso	e	dificuldade	não	tiram	a	relevância	
Medicando – Então o principal proble-                                                                       do	 Conselho	 Federal	 das	 Profissões	 regu-
ma é de ordem financeira, ou também                          Foram criados para                             lamentadas.	 Apenas	 precisa	 de	 ajuste	 para	
envolve vaidade, corporativismo?                                                                            avanço	em	benefício	da	sociedade.
                                                            fiscalizar o direito da
Steinhilber	 -	 Falta	 sensibilidade	 objetiva	                                                             Medicando – O senhor foi um dos pri-
para	que	as	entidades	profissionais	da	área	               sociedade à prestação              “             meiros conselheiros do Confef e um
da	 saúde	 debatam	 e	 estabeleçam	 entre	 si	                                                              importante protagonista na luta por
as	áreas	de	intervenção.	É	preciso	reunir	as	
                                                           de serviço qualificado                           sua criação, atuando, inclusive, como
entidades	para	ações	conjuntas	em	relação	
                                                                   e seguro                                 presidente do Movimento Nacional
à	 verba	 para	 saúde,	 maior	 valorização	 dos	                                                            pela Regulamentação do Profissional
profissionais,	 Projetos	 de	 Lei	 que	 possam	                                                             de Educação Física. O senhor acredita
proteger	as	entidades	e	os	profissionais,	ou	          Steinhilber	–	Acredito	que,	nesse	momen-             que, ao longo dos 13 anos de existên-
seja,	 ações	 conjuntas	 e	 externas.	 Debater	        to,	os	Conselhos	não	tiveram	a	sensibilida-          cia dessa entidade, vocês conseguiram
com	profundidade	as	questões	da	área	da	               de	 de	 resolver	 entre	 si	 a	 questão,	 e	 cabe	   conquistas significativas para o exercí-
saúde	é	uma	espécie	de	tabu.                           ao	 Congresso	 Nacional	 promover	 ampla	            cio da profissão?
                                                       discussão	 entre	 todos	 os	 Conselhos	 e	 As-
Medicando – Antes de chegar ao Se-                     sociações	 Profissionais	 para	 estabelecer	         Steinhilber	 –	 	 Com	 toda	 certeza	 con-
nado, a Lei do Ato Médico passou por                   um	Projeto	de	Lei	que	seja	o	melhor	para	a	          quistamos,	 principalmente,	 o	 direto	 de	
várias alterações, ainda na Câmara                     sociedade.	 Os	 Conselhos	 Profissionais	 não	       a	 sociedade	 ser	 atendida	 por	 um	 profis-
dos Deputados. Hoje, o documento                       existem	 e	 nem	 foram	 criados	 para	 defen-        sional	 de	 Educação	 Física,	 na	 prestação	
continua sendo alvo de muitas con-                     der	os	profissionais.	Foram	criados	para	fis-        de	 serviços	 em	 exercícios	 físico-esportivos.	
testações, e encontra-se praticamen-                   calizar	 o	 direito	 da	 sociedade	 à	 prestação	    Revertemos	a	imagem	que	o	senso	comum	
te parado. Não seria essa a hora de o                  de	 serviço	 qualificado	 e	 seguro.	 Os	 parla-     tinha	a	respeito	desse	significativo	profissio-
Conselho Federal de Medicina (CFM)                     mentares	 são	 os	 representantes	 do	 povo,	        nal,	 passando	 a	 própria	 mídia	 a	 valorizá-lo,	
chamar os demais conselhos para ten-                   têm	a	obrigação	de	zelar	pelos	direitos	da	          a	 divulgar	 que	 sem	 uma	 formação	 superior	
tar resolver esse impasse?                             sociedade	e	legislar	em	seu	benefício.               não	 há	 segurança	 nas	 orientações	 de	 ativi-



                                                                                                                                                            17
c        com a palavra



                                                                                                          dentro	 de	 seu	 âmbito	 profissional,	 de-
                                                                                                          vem	 estar	 aptos	 a	 desenvolver	 ações	
                                                                                                          de	 prevenção,	 promoção,	 proteção	 e	
                                                                                                          reabilitação	 da	 saúde,	 tanto	 em	 nível	
                                                                                                          individual	 quanto	 coletivo:	 cada	 profis-
                                                                                                          sional	 deve	 assegurar	 que	 sua	 prática	
                                                                                                          deve	 ser	 realizada	 de	 forma	 integrada	
                                                                                                          e	 contínua	 com	 as	 demais	 instâncias	
                                                                                                          do	 sistema	 de	 saúde”.	 Assim,	 atuam	 na	
                                                                                                          prevenção	 e	 promoção	 da	 saúde,	 na	
                                                                                                          sua	respectiva	área,	e	encaminhando	ao	
                                                                                                          profissional	habilitado	para	intervenção	
                                                                                                          de	 exercícios	 físicos	 voltados	 ao	 condi-
                                                                                                          cionamento	físico.	Infelizmente,	em	de-
                                                                                                          terminados	 momentos,	 a	 possibilidade	
                                                                                                          de	 prevenção	 e	 promoção	 da	 saúde	 é	
                                                                                                          interpretada	 na	 forma	 da	 letra	 fria,	 e	 a	
                                                                                                          intervenção	 de	 fisioterapeutas,	 em	 al-




           “
                                                                                                          guns	 casos,	 tem	 sido	 administrar	 exer-
                                                                                                          cícios	 físicos	 sem	 que	 haja	 qualquer	
                   Acredito que os conselhos, em algum                                                    tratamento	de	doença.	Como	já	nos	re-
                                                                                                          ferimos,	 são	 questões	 mercadológicas	
                  momento, perceberão que as questões                                                     que	deveriam	estar	sendo	tratadas	com	
                relacionadas às intervenções profissionais                                                responsabilidade	 e	 ética	 pelas	 entida-
                                                                                                          des,	antes	das	demandas	judiciais.
                   e às respectivas regulações devam ser
                                                                                                          Medicando – A regulamentação da
                 corajosamente enfrentadas por todos, em                                 “                prática de qualquer profissão é o
                                                                                                          melhor caminho para que se possa
                  conjunto, de tal forma que a sociedade                                                  exercer um bom controle sobre a
                                                                                                          atuação dos profissionais, e a ela-
                          seja a grande beneficiária                                                      boração dessas regras é uma prer-
                                                                                                          rogativa de cada entidade. Mas,
                                                                                                          ante todo esse impasse, como criar
    dades	 físicas.	 Hoje,	 o	 Profissional	 de	 Educa-
                                   	                      Medicando – Algumas práticas de-                uma regulamentação eficiente e
    ção	 Física	 tem	 relevância	 e	 é	 considerado	      senvolvidas pelos profissionais de              que atenda às necessidades de cada
    um	dos	principais	protagonistas	na	preven-            Educação Física esbarram nas com-               área envolvida?
    ção	 de	 doenças	 e	 promoção	 de	 saúde.	 Re-        petências de outras áreas, como a
    vertemos	 a	 prática	 de	 que	 qualquer	 pessoa	      fisioterapia ou mesmo a medicina,               Steinhilber	 -	 Penso	 que	 outorgar	 aos	
    pode	 “ensinar”	 atividades	 esportivas,	 prin-       a ponto de gerar atritos entre vo-              conselhos	 profissionais	 a	 fiscaliza-
    cipalmente	 nas	 comunidades	 menos	 favo-            cês e outras classes?                           ção	 do	 exercício	 profissional	 é	 uma	
    recidas,	 demonstrando	 que,	 se	 há	 o	 desejo	                                                      forma	 de	 defender	 o	 cidadão	 e	 zelar	
    de	 inclusão	 social	 por	 meio	 do	 esporte,	 ele	   Steinhilber	 –	 Acredito	 que,	 na	 área	 da	   pela	 ética.	 As	 regulamentações	 estão	
    tem	que	ser	treinado	e	dinamizado	por	pro-            medicina,	 o	 respeito	 mútuo	 entre	 os	       estabelecidas	 e,	 como	 o	 mundo	 está	
    fissionais	de	Educação	Física.	Conquistamos	
     	                                                    profissionais	 e	 os	 conselhos	 seja	 um	      em	 permanente	 mutação	 e	 evolução,	
    o	 respeito	 e	 o	 reconhecimento	 desse	 pro-        fator	 que	 vem	 contribuindo	 para	 o	 re-     nada	 é	 estático.	 É	 necessário	 que	 se-
    fissional	 nas	 esferas	 governamental,	 parla-
     	                                                    conhecimento	de	cada	qual	na	sua	área	          jam	 procedidas	 algumas	 adequações	
    mentar	 e	 jurídica.	 Sem	 dúvida	 alguma,	 a	 lei	   de	 intervenção.	 Quanto	 à	 fisioterapia,	     de	 tempos	 em	 tempos.	 Acredito	 que	
    regulamentadora	 resgatou	 a	 autoestima	 de	         sim,	tem	havido	alguns	atritos	em	razão	        os	 conselhos,	 em	 algum	 momento,	
    muitos	 profissionais	 que,	 com	 sua	 atuação	
                  	                                       do	 entendimento	 relativo	 à	 prevenção.	      perceberão	 que	 as	 questões	 relacio-
    eficaz	 e	 competente,	 legitimam	 a	 profissão.	
       	                                       	          As	 Diretrizes	 Curriculares	 Nacionais,	 no	   nadas	 às	 intervenções	 profissionais	 e	
    Sempre	 há	 mais	 a	 fazer.	 Contudo,	 temos	 a	      ponto	 relacionado	 às	 competências	 e	        às	 respectivas	 regulações	 devam	 ser	
    consciência	 de	 que	 estamos	 representando	         habilidades,	 estabelecem	 como	 uma	           corajosamente	 enfrentadas	 por	 todos,	
    os	interesses	daqueles	que	 nos	 elegeram,	 e	        das	 competências	 gerais	 da	 atenção	 à	      em	conjunto,	de	tal	forma	que	a	socie-
    os	legados	são	visíveis	e	inegáveis.                  saúde	 que	 “os	 profissionais	 de	 saúde,	     dade	se ja	a	grande	beneficiária.



    18
© Gildivan Felix/ActionAid/Brasil/RJ
 Com apenas 3 anos, Marcely
 já conhece a fome e a pobreza.
 Mude esta realidade:
 Apadrinhe uma criança.
 Marcely nasceu em São Paulo, a maior e mais rica cidade do país.
 Mas, nos seus 3 aninhos, ela só conviveu com a fome, a pobreza
 e condições de vida muito difíceis. Saiba mais sobre essa e outras
 histórias em www.mudeumavida.org.br.


 Por que você deve apadrinhar uma criança:

 • Você muda uma vida.
   Você torna possível a uma criança acesso a seus direitos,
   como: educação, saúde, alimentação e moradia.
 • Não pesa no bolso.
   Com pouco mais de R$ 1,00 por dia você torna esta mudança
   possível.
 • É emocionante.
   Você acompanha tudo por fotos, mensagens e relatórios.



            A atriz Julia Lemmertz apadrinha uma
            criança pela ActionAid.
            “Eu apadrinho uma criança pela ActionAid. É fácil:
            com pouco mais de R$ 1,00 por dia, o que equivale
            a um cafezinho, você muda a vida de uma criança
            e, por consequência, de toda comunidade em volta
            dela. É o mínimo que a gente pode fazer. Apadrinhe
            você também!”


 A ActionAid é uma organização internacional que atua no
 combate à pobreza há mais de 39 anos. Em 2007, foi eleita
 uma das 20 organizações mais competentes do mundo, em
 pesquisa da ONU.



www.mudeumavida.org.br/medicando                                      Você também pode ajudar a
                                                                      ampliar a imagem socialmente

0300 789 8525
                                                                      responsável da sua empresa:
                                                                      www.actionaid.org.br/empresa
A nova
     cara da
     AIDS
20
Por Fernanda Brandão e Henrique Giordano




        A pouca exploração do tema na mídia,
     a sensação de controle sobre a epidemia
    e a eficácia das drogas contra o vírus, aos
poucos, estão levando as pessoas a perderem
         o medo e se descuidarem da doença.
 Numa nova tendência, o Ministério da Saúde
aponta que os casos de meninas entre 13 e 19
               anos já superam os de meninos
c        capa

    	           Luciana*,	 19,	 nem	 tinha	 nascido	
    quando	Cazuza	chocou	o	Brasil,	em	1990,	ao	
    morrer	 vítima	 da	 Aids.	 Quando	 Renato	 Rus-
    so	faleceu,	em	1996,	ela	tinha	quatro	anos	e	
    nem	 sequer	 conhecia	 o	 vocalista	 da	 banda	
    Legião	Urbana.	Desde	então,	os	casos	famo-
    sos	de	vítimas	do	HIV	caíram	drasticamente.	
    Para	ela,	a	Aids	sempre	foi	aquela	coisa	sobre	
    a	qual	ouvira	falar,	mas	jamais	tivera	contato	
    direto.	 Por	 isso,	 quando	 foi	 a	 um	 churrasco	
    em	comemoração	ao		aniversário	da	melhor	
    amiga,	onde	conheceu	Ricardo*,	26,	e	aí	pin-
    tou	aquele	clima,	ela	não	hesitou	em	transar	
    com	ele	sem	preservativo.
    	           Preocupação?	 Sim,	 ela	 teve.	 Ao	
    contar	 o	 episódio	 para	 as	 amigas,	 naquele	
    mesmo	 dia,	 foi	 encorajada	 a	 tomar	 a	 pílula	
    do	dia	seguinte.	O	único	medo	era	o	de	uma	
    gravidez	 indesejada.	 Doença	 sexualmen-
    te	 transmissível?	 Como,	 se	 ambos	 estavam	
    completamente	 saudáveis	 e	 tudo	 parecia	
    estar	“em	ordem”?
    	           Após	 o	 churrasco,	 os	 dois	 pombi-
    nhos	nunca	mais	se	falaram.	Mais	tarde,	con-
    tudo,	 a	 aniversariante	 daquele	 dia	 revelou	 à	
    amiga	 que	 Ricardo	 havia	 descoberto	 ser	 por-        Cazuza foi o primeiro grande ícone do Brasil vítima da Aids e contribuiu para tornar a doença
    tador	do	HIV.	Aí	bateu	o	desespero.	Não	só	o	            conhecida pelo grande público ao falecer no auge de sua carreira
    terror	 de	 talvez	 ter	 contraído	 a	 doença,	 mas	
    a	completa	paralisia.	Com	medo	de	que	seus	              estão	sofrendo	ainda	mais.	Tanto	que,	contra-          é	remota.	Por	isso,	não	podemos	deixar	a	
    pais	 descobrissem,	 Luciana	 sequer	 procurou	          riando	 a	 tendência	 observada	 até	 hoje,	 em	       preocupação	de	lado;	a	Aids	nunca	deixou	
    um	médico	para	fazer	o	teste.	“Já	era!”,	pensou.         todas	as	faixas	etárias,	segundo	dados	do	Mi-          de	ser	uma	ameaça.”
    	           Essa	 é	 a	 história	 da	 Luciana,	 cujo	    nistério	da	Saúde,	entre	os	13	e	os	19	anos	há	        	           Os	 jovens	 de	 hoje	 não	 conhe-
    desfecho	ainda	não	foi	esclarecido.	Mas	tam-             mais	mulheres	do	que	homens	com	o	HIV.	                cem	o	poder	de	destruição	da	doença.	Por	
    bém	 é	 a	 da	 Raquel,	 da	 Tamires,	 da	 Patrícia...	   	           É	 uma	 mudança	 lenta	 e	 gradu-          isso,	são	poucos	os	que	se	previnem	dela.	
    Muita	 gente	 não	 está	 tomando	 os	 cuidados	          al	 (mas	 cada	 vez	 mais	 sentida)	 no	 perfil	 de	   No	 Brasil,	 a	 última	 morte	 notória	 causada	
    devidos,	e	as	adolescentes	e	mulheres	jovens	            contaminação,	 que	 há	 muito	 deixou	 de	 se	         pela	doença	aconteceu	em	1996,	mas	óbi-
                                                             limitar	aos	famosos	“grupos	de	risco”,	como	           tos	silenciosos	ocorrem	a	todo	momento.	
    Renato Russo deixou uma legião de fãs que,               usuários	de	drogas	injetáveis,	para	incluir	to-        E	 a	 mídia,	 às	 vezes,	 trabalha	 contra	 a	 dis-
      na época, ficaram mais alertas quanto aos              dos	 aqueles	 que	 têm	 vida	 sexual	 ativa.	 Em-      seminação	da	informação.	
                                perigos da Aids              bora	 essa	 informação	 não	 seja	 exatamente	         	           Em	2009,	quando	faleceu	o	traves-
                                                             uma	novidade,	a	verdade	é	que	a	nova	cara	             ti	 Andréia	 Albertini	 –	 famoso	 depois	 de	 se	
                                                             da	 Aids	 ainda	 é	 desconhecida	 por	 muitos,	        envolver	 num	 escândalo	 com	 o	 ex-jogador	
                                                             sobretudo	pelos	mais	novos.                            Ronaldo	 –,	 o	 Jornal	 Nacional,	 da	 Rede	 Glo-
                                                                                                                    bo,	 anunciou	 que	 o	 falecimento	 se	 deu	 por	
                                                                         FALTA INFORMAÇÃO                           “complicações	 decorrentes	 da	 síndrome	 da	
                                                                                                                    imunodeficiência	 adquirida”.	 Tecnicamente	
                                                             	          Para	 Sérgio	 Cimerman,	 médico	            correto,	 é	 verdade,	 mas	 quantas	 pessoas	 sa-
                                                             infectologista	 do	 Hospital	 Emílio	 Ribas,	          bem	que	esse	é	o	nome	que	corresponde,	em	
                                                             de	São	Paulo,	as	pessoas	não	são	tão	bem	              inglês,	à	sigla	Aids?	Perdeu-se	uma	oportuni-
                                                             instruídas	 em	 relação	 à	 contaminação,	             dade	de	se	falar	da	doença.
                                                             por	 isso	 não	 se	 preocupam	 com	 a	 doen-           	           A	 despeito	 de	 episódios	 como	
                                                             ça.	“Embora	a	medicina	atual	já	tenha	nos	             esse,	 é	 fato	 que	 casos	 notórios	 de	 morte	
                                                             certificado	 de	 que	 ser	 portador	 da	 Aids	         pelo	 HIV	 são	 cada	 vez	 mais	 raros.	 Isso	 se	
                                                             não	 é	 mais	 uma	 sentença	 de	 morte,	 a	            deve	à	eficiência	dos	tratamentos.	O	coquetel	
                                                             cura	definitiva	ainda	não	foi	descoberta	e	            anti-Aids	possibilita	hoje	aos	acometidos	pelo	
                                                             a	 possibilidade	 da	 criação	 de	 uma	 vacina	        vírus	uma	vida	praticamente	normal.

                                                                                                                             *Nomes	fictícios,	a	pedido	dos	envolvidos
                                                                                                                             Fotos:	Reprodução/Divulgação
    22
Na	visão	do	infectologista,	como	a	            GOVERNO NEGA DESATENÇÃO                             tomar	pílula.	Ele	é	mais	velho	do	que	eu	e	sabe	
Aids	 se	 tornou	 uma	 doença	 crônica,	 se	 tra-                                                              o	que	faz.	Não	vou	obrigá-lo	a	usar	só	por	cau-
tada	 pelo	 coquetel,	 ela	 é	 desprezada	 pelos	     	            Esse	 problema	 trazido	 à	 tona	 pelo	     sa	da	Aids”,	confessa	PB,	estudante	de	19	anos.
mais	novos,	que	não	viram	suas	consequên-             infectologista	 do	 Hospital	 Emílio	 Ribas	 não	 é	     	           Cimerman	 acredita	 que	 as	 mulheres	
cias	 mais	 devastadoras,	 nas	 décadas	 de	 80	      assumido	 pelo	 Ministério	 da	 Saúde.	 As	 cam-         são	 as	 mais	 prejudicadas	 nessas	 ocasiões.	 “Elas	
e	 90,	 quando	 não	 havia	 tratamento	 eficaz.	      panhas	 de	 maior	 repercussão	 na	 mídia	 são	          acabam	 se	 apaixonando	 pelo	 homem	 e	 criam	
“Para	essas	pessoas	ter	o	HIV	hoje	é	como	se	         mesmo	 as	 elaboradas	 para	 o	 carnaval	 e	 para	       uma	confiança	plena.	Não	sabem	se	ele	usa	dro-
ter	diabetes	ou	uma	cardiopatia.	O	que	não	           as	festividades	de	final	de	ano.	Mas,	segundo	           gas,	se	mantém	um	relacionamento	com	outras	
é	 uma	 mentira,	 já	 que	 o	 paciente	 precisará	    Eduardo	Barbosa,	diretor	adjunto	do	Departa-             mulheres.	Por	esse	motivo,	a	verdadeira	prova	de	
tomar	remédios	para	o	resto	da	vida	e	fazer	          mento	 de	 DST,	 Aids	 e	 Hepatites	 Virais	 do	 Mi-     amor	é	usar	sempre	a	camisinha”,	orienta.
sempre	um	controle	da	saúde	para	descobrir	           nistério	da	Saúde,	os	trabalhos	de	prevenção	e	          	           Para	 Eduardo	 Barbosa,	 as	 meninas	
se	há	a	necessidade	de	se	trocar	a	medicação”,	       divulgação	acontecem	durante	todo	o	ano.                 ainda	 se	 deparam	 com	 uma	 sociedade	 ma-
explica	Cimerman.                                     	            “Nossa	 comunicação	 não	 se	 res-          chista,	 que	 reprime	 a	 busca	 por	 informação.	
	           Para	 ele,	 houve	 um	 relaxamento	       tringe	apenas	aos	espaços	televisivos.	Explo-            “As	pessoas	ainda	não	aceitam	que	uma	ga-
nas	 campanhas	 de	 prevenção	 por	 parte	 do	        ramos	 também	 as	 emissoras	 de	 rádio	 e	 as	          rota	tenha	ou	compre	um	preservativo.	Para	
governo	brasileiro.	“O	Brasil	é	muito	grande,	        mídias	sociais.	A	Aids	está,	todos	os	dias,	em	          o	homem,	ter	uma	camisinha	é	normal,	mas	
com	 uma	 imensa	 diversidade,	 mistura	 de	          pauta	 nos	 veículos	 de	 cada	 estado	 do	 país.	       para	elas	não”,	diz.
culturas.	 Precisamos	 de	 ações	 que	 apresen-       Mandamos	diariamente	um	clipping	nacional	               	           Nossa	 protagonista	 tem	 entre	 13	
tem	 a	 Aids	 ao	 jovem.	 A	 doença	 não	 é	 uma	     com	a	repercussão	das	notícias	e	campanhas	              e	19	anos	e,	segundo	números	do	Ministério	
brincadeira,	 uma	 simples	 gripe.	 Ela	 pode	        a	todas	as	organizações	envolvidas.”                     da	Saúde,	está	na	faixa	etária	em	que	há	mais	
causar	a	morte.	Fazer	campanha	no	carnaval	           	            A	 história	 de	 Luciana	 e	 de	 Ricardo	   meninas	 infectadas	 pelo	 vírus.	 Desde	 1998	
e	no	ano	novo	é	muito	fácil.	Difícil	é	manter	        repete-se	 diariamente	 com	 outros	 protago-            são	contabilizados	oito	casos	na	ala	masculi-
esse	trabalho	durante	todo	o	ano	e	em	todos	          nistas.	 A	 internet,	 sobretudo,	 se	 tornou	 uma	      na	para	dez	contaminações	entre	elas,	sendo	
os	cantos	do	país”,	desabafa.                         ferramenta	poderosa	para	alavancar	relações	             que	 94,9%	 são	 decorrentes	 de	 relações	 he-
                                                      sexuais	casuais.	E	nem	todo	mundo	se	preo-               terossexuais	 com	 parceiros	 infectados	 com	
           LUTA CONTRA A AIDS                         cupa	com	as	doenças	sexualmente	transmis-                a	 doença.	 De	 acordo	 com	 informações	 da	
                                                      síveis.	 Para	 muitos,	 como	 Luciana,	 tomar	 a	        última	atualização	do	Ministério	da	Saúde,	os	
  	           Muitos	 famosos	 já	 entraram	          pílula	do	dia	seguinte	resolve	tudo.                     adolescentes	dão	inicio	às	atividades	sexuais,	
  nessa	 briga.	 Com	 a	 ajuda	 das	 celebri-         	            Em	entrevista	à	Revista	Medicando,	         em	média,	aos	16	anos.	Em	2008	foram	diag-
  dades,	 o	 combate	 da	 epidemia	 fica	             jovens	da	cidade	de	São	Paulo	comprovam	a	               nosticados	323	meninas	e	264	meninos	com	
  mais	 forte,	 conscientizando	 um	 maior	           teoria	de	que	não	há	mais	medo	de	se	con-                o	vírus.	Já	em	2009,	o	registro	foi	de	136	garo-
  número	de	pessoas.                                  trair	a	Aids.	A	corretora	de	imóveis	TM,	de	21	          tas	para	78	rapazes.
  	           Bill	 Gates,	 através	 de	 sua	         anos,	 só	 tem	 relação	 sexual	 com	 camisinha	
  Fundação	 Bill	 and	 Mellinda	 Gates,	              porque	se	acha	muito	nova	para	ter	um	filho.	                      O NEGóCIO É PREVENIR
  fornece	 medicamentos	 para	 porta-                 Ela	 acredita	 que	 os	 parceiros	 com	 quem	 ela	
  dores	 da	 doença.	 Já	 Elton	 John	 cola-          já	 teve	 relações	 não	 possuem	 a	 doença.	 “Se	
  bora	 financeiramente	 com	 campanhas	              tivessem,	eles	me	contariam”,	relata.
  de	 prevenção	 da	 Aids.	 Distribuiu	 mais	         	            O	 empresário	 PHS	 não	 utiliz	 ,a	 ca-
  de	US$	30	milhões	desde	1992,	ano	em	               misinha	pelo	simples	fato	de	achar	que	nunca	
  que	 também	 criou	 uma	 fundação	 de	              vai	contrair	o	vírus.	“Uso	apenas	quando	não	
  combate	ao	vírus	(Elton	John	Aids).                 conheço	a	mulher	e	ela	pede.	Quando	namo-
  	           Richard	 Gere	 é	 contribuinte	         ro	nem	me	esforço.	Nunca	pensei	nisso,	nem	
  assíduo	 de	 diversos	 projetos	 a	 favor	 dos	     senti	que	fosse	necessário.”
  soropositivos.	 Jackie	 Chan	 é	 membro	 da	        	            Cimerman	 destaca	 que	as	pessoas	
  Organização	 das	 Nações	 Unidas	 (ONU)	 e,	        procuram	 por	 beleza	 e	 acabam	 esquecendo	
  através	 dela,	 utiliza	 sua	 popularidade	 para	   o	risco	de	contrair	a	doença.	“Elas	acham	que	
  alertar	as	pessoas	sobre	os	riscos	da	doença.       é	possível	identificar	logo	de	cara	um	soropo-
  	           Diversas	 celebridades	 brasi-          sitivo.	 Enxergam	 uma	 pessoa	 bonitinha	 em	
  leiras	com	sucesso	entre	os	mais	jovens	            festas,	 no	 cinema,	 no	 restaurante,	 em	 lojas	       	         O	 governo	 brasileiro	 investe	 em	
  aderiram	 ao	 movimento	 “Camisinha,	               e	 acabam	 transando	 sem	 proteção.	 Por	 isso	         diversas	ações	para	tornar	a	prevenção	um	
  tem	 que	 usar”,	 promovido	 pela	 revista	         sempre	digo:	quem	vê	cara	não	vê	Aids.”                  hábito	na	vida	das	pessoas.	O	fornecimen-
  Capricho.	 Entre	 eles,	 Bruno	 Gagliasso,	         	            Outro	 motivo	 para	 o	 sexo	 sem	 ca-      to	 de	 camisinha	 chega	 a	 467	 milhões	 de	
  Deborah	 Secco,	 Erik	 Marmo,	 Luana	               misinha	 é	 o	 “namoro	 sério”.	 O	 casal	 acredita	     unidades	 por	 ano.	 Os	 jovens	 são	 respon-
  Piovani,	Sérgio	Marone	e	a	cantora	Ivete	           que	deixando	o	preservativo	de	lado	está	pro-            sáveis	pela	retirada	de	37%	desses	preser-
  Sangallo	posaram	para	a	campanha.                   vando	 seu	 amor	 ao	 parceiro.	 “Só	 transei	 com	      vativos	 no	 Sistema	 Único	 de	 Saúde	 (SUS).	
                                                      o	meu	namorado,	até	agora.	Logo	comecei	a	               Ainda	de	acordo	com	a	pesquisa	do	Minis-



                                                                                                                                                                 23
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Revista medicando---saúde-em-movimento---edição-11

  • 1. ENTREVISTA: Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física m revista Ano 1 - nº 11 - outubro 2011 - www.revistamedicando.com.br saúde em movimento A volta da AIDS A eficácia das drogas contra o vírus e a ausência do tema na mídia fazem o medo da doença desaparecer. E as mulheres jovens são as maiores vítimas AVANÇO CIENTÍFICO Técnica reduz tempo de recuperação em cirurgia de tendão QUALIDADE DE VIDA Com ritmo envolvente, Zouk invade o país e faz dançar no compasso da saúde
  • 2. Proteção em qualquer idade, proteção para toda a vida. A vacina é o melhor jeito de se prevenir contra diversas doenças. No Sabinvacinas, você encontra imunização para todas as idades e contra vários tipos de vírus e bactérias. Traga a família e previna-se. • Asa Norte - 516 • Águas Claras - Shopping Quê • Guará II - QE 40 • Sudoeste JK - SHC/SW QMSW 05, Lote 10, Bloco A, Ed. Varandas do Sudoeste Taguatinga Sul - QSA 02, lote 17, Central de atendimento: 61 3329.8000 Acesse nosso novo site: www.sabinvacinas.com.br
  • 3.
  • 4. expediente editorial Diretor Executivo Adauto Menezes Quem vê cara continua não vendo Aids Editor Chefe Maurício Lima (Brasília) Salvador Nogueira (São Paulo) Editor Assistente Este ano, líderes do mundo se reuniram em Nova York para rever os avanços alcançados no Elizângela Isaque (Brasília) programa “2015 Millennium Development Goals” da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem Equipe de Reportagem como objetivo acabar com a pobreza mundial. Essa iniciativa é dividida em oito importantes objetivos, Danielle Coimbra (Brasília) como: assegurar a sustentabilidade do meio ambiente; promover a saúde das mães; combater o HIV/ Fernanda Brandão (São Paulo) Aids, a malária e outras doenças; reduzir as mortes infantis etc. Henrique Giordano (São Paulo) Nesse evento, os representantes mundiais escutaram o apelo de Ebube Syvia Taylor, uma Hemerson Brandão (São Paulo) Larissa Chaves (São Paulo) criança africana de apenas 11 anos, não portadora do vírus HIV, que disse: “Nenhuma criança deveria nascer com HIV; nenhuma criança deveria ser órfã por causa do HIV; nenhuma criança deveria morrer Consultor Técnico devido à falta de acesso ao tratamento”. Maurício Lima Infelizmente, diferente de várias partes do mundo, onde a epidemia de Aids começa a dar sinais de reversão no crescimento, a África ainda é assombrada pela doença e pela falta de tratamento Projeto Gráfico e Criação Wagner Ribeiro adequado. Segundo a ONU, existem 15 milhões de pessoas com HIV em países de baixa e média renda per capta e apenas 5,2 milhões têm acesso ao tratamento adequado, que é fundamental para a sobre- Colunistas desta edição vida dos portadores da doença. Dr. Juliano Scheffer Dra. Simone Kikuchi Gerente Comercial Gustavo Lourenço Planejamento Lya Lins Coordenador de TI Renato Mendes Figueiredo Equipe de TI Erick Francis Frank Bezerra Jordana Mello Sem dados <0.1% 0.1% - <0.5% 0.5% - <1.0% 1.0% - <5.0% 5.0% - <15.0% 15.0% - <28.0% Lucas Gomes Marinilson Soares No Brasil, a realidade é bem diferente. Aqui, o fato de o tratamento estar disponível na rede Raniery Ribeiro pública de saúde ajudou muito na queda do número de mortes. No entanto, um artigo publicado na revista “Epidemiologia e Serviços de Saúde” mostra a outra face dessa questão. Trata-se de um estudo Endereço Comercial Sistema M de Comunicação realizado pela Dra. Ana Cristina Reis e sua equipe, o qual revela que as pessoas com menor nível socio- SHIS QI 11 Bl. M Loja 24 econômico ainda são menos assistidas e falecem mais, em decorrência do HIV. Lago sul - Brasília/DF Uma das causas desse problema é a detecção tardia da doença, o que mostra a necessidade de mais esclarecimentos junto à população quanto à necessidade de se fazer o exame quando a pessoa se expõe a Telefone fatores de risco. Outra preocupação das autoridades é com a continuidade do tratamento pelos pacientes que, 61 3532-0825 se começado quando a taxa viral ainda é baixa, apresenta excelentes resultados. E-mail Nossos ídolos já não morrem mais da doença, mas ainda se infectam, e essa falsa sensação contato@medicando.com.br de segurança que se instaurou deve ser desfeita, pois, embora o tratamento adequado possa evitar o editorial@revistamedicando.com.br falecimento, não se pode ignorar o fato de que o coquetel com a medicação apresenta efeitos colaterais desconfortáveis. Além disso, nessa situação, o sistema imunológico dos portadores da Aids fica prejudi- Endereços Eletrônicos www.medicando.com.br cado, o que abre a porta para doenças como hepatite e câncer, entre outras. www.revistamedicando.com.br Nesse número da Revista Medicando, buscamos mostrar que a aparente segurança adquirida pelos tratamentos atuais não pode fazer com que pensemos que a Aids deixou de ser um problema. Anuncie na Revista Uma vacina eficaz ainda está longe de ser oferecida à população e o número de novos contaminados comercial@revistamedicando.com.br é preocupante. Fazemos esse alerta, não para criar pânico, mas para que haja preocupação quanto à 61 3532-0825 importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Redes Sociais Maurício Lima @medicando Editor da Revista Medicando - Saúde em Movimento facebook.com/medicando facebook.com/
  • 5. O Grupo Infinita está no mercado de diagnóstico por imagem há mais de 6 anos. Uma experiência que trouxe à Infinita a capacidade de atender a grande maioria dos hospitais do DF com toda eficiência. Com um corpo clínico especializado trabalhando com uma estruturada Central de Laudos, a Infinita oferece precisão e agilidade para atender às emergências das unidades hospitalares com qualidade e segurança. • Ressonância Magnética • Tomografia Computadorizada • Densitometria Óssea • Mamografia • Raios-X www.grupoinfinita.com.br
  • 6. Cartas Alcoolismo na juventude Considero boa a iniciativa de pautar a revista para tratar do tenimento, logo, nossa cultura de lazer e entretenimento está ligada ao tema do alcoolismo na juventude. Esse é um problema mundial, mas que hedonismo exagerado, inconsequente e destrutivo. Logo, também dá para alcança números muito preocupantes aqui no Brasil. Muito interessante questionar essa necessidade incontrolável por álcool. saber que o consumo no Brasil é hoje 50% maior do que a média global, Mas dá para falar assim? Dá para fazer um questionamento desses mas acho que é preciso – sempre – em um bom jornalismo como esse sem que a reportagem esteja dando um tapa na cara da sociedade? Claro praticado pela Revista Medicando, raspar a superfície e ver o que está por que dá. Precisamos desse tapa na cara, e não nos atermos a reportar o que debaixo da casca da tinta. as autoridades dizem. A Revista Medicando precisa e pode contribuir como Na página 19, a segunda da citada reportagem, no trecho a parte de uma inteligência corporativa (seja jornalista ou científica) que possa seguir, eu encontro perguntas que não são respondidas: “Pesquisa do brindar seus leitores com questionamentos, com suposições, aprofundando Instituto Ibope Inteligência, realizada em maio deste ano, demonstra a os temas, tocando nas feridas e raspando o verniz para que possamos ver o ineficácia da legislação atual, no que diz respeito à restrição de bebidas que está lá embaixo. alcoólicas para menores de 18 anos.” Se hoje consumimos 50% a mais de álcool do que a média mun- Em um caso como esse é, então, necessário mudar a lei? Ora, dial é porque queremos. E a pergunta não é “como evitar que isso aconte- sabemos que o problema em 99% de casos como esse não é como a lei foi ça?”. A pergunta é: “por que queremos beber tanto assim?” escrita, mas como ela é aplicada. Mais adiante: “o alcoolismo está intima- O trecho que diz “De forma geral, é preciso que a sociedade e os pais mente ligado à necessidade incontrolável por álcool, e não essencialmente possam refletir a respeito da banalização atribuída a qualquer consumo de ál- ao tipo de bebida, ao tempo que a pessoa bebe ou quanto álcool ingere.” cool, mesmo quando ele é problemático” contém o tom que a matéria deveria Sabemos que a maior parte do amplificar e devolver para o leitor. Era esse meu toque. Espero a próxima edição. consumo de drogas no Brasil está ligada a motivos de entre- Armênio Costa, Porto Velho, Rondônia Nota da Redação: Caro Armênio, obrigado por sua mensagem e por seus elogios. Concordamos que a associação do álcool à diversão é perversa e perigosa, como a reportagem destaca. Contudo, isso não muda o fato de que, uma vez que a pessoa adentra o mundo das drogas (lícitas ou ilícitas), isso causa de- pendência química – o que explica o desejo incontrolável de beber. Quem começa a ingerir álcool busca diversão. Mas os dependentes bebem para não passar mal, e não para sentir-se bem. Esse é um ponto que também precisa ser destacado (e a reportagem trabalha nele), para que as vítimas do álcool não sejam vilani- zadas ou discriminadas pela sociedade, e sim sejam auxiliadas a escapar das garras do vício. Mais uma vez, obrigado pelas ponderações e esperamos que nossas reportagens continuem a trazer questionamentos, uma vez que acreditamos numa sociedade democrática com senso crítico e capacidade para pensar por si mesma. Muito apropriada a escolha da reportagem principal neste número 18, da Revista Medicando, sobre a proble- mática do uso abusivo de álcool entre os adolescentes, que não para de crescer. Lamentavelmente nossa sociedade ainda classifica as drogas em ilícitas e lícitas, as primeiras acompanhadas da proibição e da punição, as segundas culturalmente aceitas por nós, apresentadas aos nossos filhos precocemente e utilizadas nas famílias desde sempre. Pri- meiro, em momentos de comemorações e, atualmente, acompanhando a rotina de vida das pessoas. As crianças crescem em famílias que fazem uso dessas drogas “lícitas” e, consequentemente, nada mais normal que elas cresçam pensando que a utilização de cerveja, vinho, uisque e demais seja “normal”. O estímulo ao consumo das drogas lícitas é absurdo e vem acompanhado de mensagens de sucesso e felicidade nos diversos meios de comu- nicação em massa. Nada mais fértil que cabeças em formação de juízos para que se perpetue o consumo e, claro, interesses econômicos vêm na frente dos interesses de saúde de uma população. No consumo do álcool, não há garantia de que o adolescente consumidor de hoje não seja o viciado de amanhã. Algumas pessoas têm ten- dência ao desenvolvimento do vício, outras, não; consequente, não há consumo de bebida alcoólica seguro. Toda população sofre o apelo da mídia para ser um consumidor em potencial, de vários produtos, e o álcool está entre eles. Felizmente, alguns movimentos ocorreram e continuam ocorrendo, como o combate ao tabagismo que tem sido vencedor. Espera-se que realmente os interesses econômicos de uma minoria possam ser vencidos pelos interesses de saúde da maioria. Parabéns pela feliz escolha. Laura Vargas Acauan Brasília - DF Nota da Redação: Obrigado pelo comentário, Laura. Ao avaliarmos a relevância de um tema como o do alcoolismo, objetivamos, principalmente, for- necer ao leitor elementos suficientes para que ele possa refletir e tecer opiniões próprias sobre o assunto. Por meio da Revista Medicando acreditamos poder exercer um dos principais papéis da mídia, que é trazer à tona fatos nem sempre explorados, mas que, ao se tornarem públicos, passem a contri- buir diretamente para a formação de uma população mais consciente. 06
  • 7. Fama Excelente a reportagem “Distúrbios por trás da fama”. Inte- ressante perceber que o que as pessoas julgam por “estrelismo” é, às ve- zes, um problema além do que possamos imaginar. Não somente com celebridades, mas também com pessoas comuns. O abuso de drogas e remédios é, porém, uma fuga desastrosa para muitos. Érica Bernardo, Brasília - DF Gostei muito da matéria “A doença da Fama” publicada na edição 09 da revista, que abordou o tema de uma forma simples e que todos entendem. Hoje em dia, existem pessoas que sofrem dessa do- ença e não sabem por falta de informação. A revista e a repórter estão de parabéns. Mayara Cristina, Conselheiro Mairink, Paraná Nota da Redação: Érica e Mayara, muito obrigado pelos elogios. A equi- pe da Revista Medicando e a repórter Elizângela Isaque agradecem. Tive acesso à última edição da Revista Medicando pela inter- net, enquanto fazia uma pesquisa sobre ovário policístico. Li a matéria completa, que por sinal esclareceu todas as minhas dúvidas, e acabei navegando por toda a revista. Simplesmente fantástica! Matérias bem escritas, claras e muita informação interessante. Parabéns por disponi- bilizar essa riqueza de material na internet, à disposição de todos que desejam notícias bem elaboradas. Sandra Medeiros, Vitória -Espírito Santo Nota da Redação: Sandra, uma das funções da Revista Medicando é essa mesma: trazer dados sólidos e de qualidade a respeito de condições médicas, sem o alarmismo ou os desencontros de informação que vemos por aí. Esperamos continuar sendo uma referência para você. Escreva para nós Sua opinião pode ser enviada para cartas@revistamedicando.com.br ou pelo endereço: SHIS QI 9/11, Bloco M, Edifício Center Sul Brasília - DF CEP: 71625-205 07
  • 8. sumário ENTREVISTA: Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física m revista CAPA Ano 1 - nº 11 - outubro 2011 - www.revistamedicando.com.br saúde em movimento A volta da A VOLTA DA AIDS AIDS A eficácia das drogas contra o vírus e a ausência do tema na mídia fazem o medo da doença desaparecer. E as mulheres jovens são as maiores vítimas AVANÇO CIENTÍFICO Falta de medo da doença leva ao aumento de contaminações, principalmente entre a 20 Técnica reduz tempo de recuperação em cirurgia de tendão população feminina QUALIDADE DE VIDA Com ritmo envolvente, Zouk invade o país e faz dançar no compasso da saúde ENTREVISTA 14 JORGE STEINHILBER Presidente do Confef fala sobre a necessidade de mais união entre as profissões de saúde AVANÇO CIENTíFICO Nova vacina promete inovar os tratamentos contra o HIV 28 Como evitar lesões no tendão calcâneo, o famoso calcanhar de Aquiles 32 QUALIDADE DE VIDA 44 Com ritmo envolvente, zouk invade o país e faz dançar no compasso da saúde
  • 9. PLANTÃO M Estudo do sistema imunológico rende Nobel em Fisiologia ou Medicina a três cientistas 10 O QUE É? Câncer de pâncreas 48 VERDADE OU MENTIRA Raspar o cabelo faz com que ele cresça mais grosso? 50 38 CONSCIENTIZAÇÃO OUTUBRO ROSA Ações do Outubro Rosa invadem cidades do país e alertam população contra os perigos do câncer de mama COLUNAS Missão: lancheira saudável ........................................................................................................................... 36 Quais os limites para a reprodução humana? ............................................................................ 42
  • 10. Plantão m As últimas novidades em medicina e saúde Estudo do sistema imunológico rende Nobel em Fisiologia ou Medicina Americano, luxemburguês e canadense dividem o prêmio ao desvendarem novos mistérios sobre o funcionamento do sistema de defesa do corpo humano Foto: The Scripps Research Institute Foto: CNRS Photo Library/Pascal Disdier Foto: Rockefeller University Press Bruce A. Beutler Jules A. Hoffmann Ralph M. Steinman O Prêmio Nobel em Medicina ou Fi- de ativar e regular as fases finais da resposta siologia de 2011 foi conferido ao imunológica, quando o organismo “se livra” americano Bruce Beutler, ao luxem- de seus invasores. burguês Jules Hoffmann e ao cana- O anúncio foi feito antes de o comitê dense Ralph Steinman por seus trabalhos sobre do prêmio saber do falecimento de Steinman, que o sistema imunológico, anunciou a Academia chefiava o Centro de Imunologia e Doenças Imu- Real de Ciências da Suécia. nes da Universidade Rockefeller, em Nova York. A Os trabalhos do trio ganharam o universidade comunicou a fatalidade praticamente prêmio por terem trazido novos lampejos ao mesmo tempo em que o Nobel era anunciado. sobre o funcionamento do sistema de de- Segundo o comunicado no site da fesa do corpo humano. De acordo com a Rockefeller, Steinman mostrou que a ciência pode organização, os premiados deste ano revo- proveitosamente explorar o poder dessas células lucionaram a compreensão do sistema imu- Beutler e Hoffmann descobriram e outros componentes do sistema imunológico nológico ao descobrirem as principais cha- proteínas no corpo que reconhecem micro- para lidar com infecções e outras doenças. ves de sua ativação e possibilitarem novas organismos invasores e ativam seu sistema A cerimônia de entrega do prê- formas de terapia contra infecções, doenças de defesa, enquanto Steinman descobriu as mio acontece no dia 10 de dezembro, em inflamatórias e até mesmo o câncer. células dendríticas e sua capacidade única Estocolmo, na Suécia. 10
  • 11. Transplante de útero de doadora morta Prevenção cardiovascular tem êxito é precária em todo o mundo Mulher de 21 anos que recebeu Estudo apresentado em congresso europeu mostrou órgão deverá ter embriões que adesão às drogas de prevenção secundária é baixa. implantados dentro de seis meses, se tudo correr bem Em países com nível de renda elevado, problema é menos dramático Uma cirurgia que pode dar esperan- ças a milhões de mulheres que não podem ter filhos obteve sucesso na Turquia. Derya Sert, 21 anos, é a primeira, no mundo, a receber um transplante de útero de uma doadora morta. A paciente nasceu sem o útero, como ocorre com cerca de 5 mil mulheres no mundo. Os médicos do hospital universi- tário Akdeniz realizaram o transplante com êxito em 9 de agosto. Agora, é necessário esperar seis meses antes da implantação O estudo PURE (Prospective Urban Em relação às vastatinas, por exem- dos embriões. Rural Epidemiologic Study), apresentado no plo, as taxas de uso foram de 66,5%, para os Esse foi o segundo transplante de Congresso Europeu de Cardiologia, apontou países de alta renda, 17,6%, para os de média- útero realizado no mundo. Em 2000, houve que a adesão às drogas de prevenção cardio- alta, 4,3% para os de média-baixa e 3,3% para os uma primeira tentativa na Arábia Saudita. vascular secundária (vastatinas, antiplaquetá- de baixa renda. Nos países de baixa renda, 90% A intervenção foi realizada com uma doa- rios etc.) é precária. Liderado pelo Dr. Salim dos pacientes não tomavam pelo menos uma dora viva, mas fracassou depois de 99 dias, Yusuf, da Universidade McMaster (Canadá), medicação prescrita e 80% não estavam em e os médicos tiveram que retirar o órgão o levantamento avaliou a taxa de uso dessas uso de qualquer medicação para prevenção se- transplantado. medicações em 17 países de acordo com o cundária das doenças cardiovasculares, como o Segundo Munir Erman Akar, gineco- nível de renda apresentado. infarto do miocárdio e o derrame cerebral. logista integrante da equipe responsável pelas Com o objetivo muito mais Entre os fatores que se relacionam duas operações, durante a cirurgia, em 2000, a abrangente que a análise da parte car- com as baixas taxas de adesão ao tratamento, o veia era curta demais para a anastomose (união) díaca da população, o estudo coletou mais importante foi o desenvolvimento econô- e o útero não estava bem assistido. informações sobre idade, sexo, grau de mico do país. Contudo, também houve uma re- Hoje, os médicos turcos acreditam instrução, histórico médico, estilo de vida lação significativa com a urbanização da região ter conseguido resolver esse problema. Ao (atividade física e dietas), material gené- pesquisada, sexo e a idade do paciente. trabalhar com uma doadora já morta, eles pu- tico para análise futura e fatores de risco O estudo PURE incluiu 153.996 pa- deram extrair mais tecido ao redor do útero e cardiovascular, além do uso do tratamen- cientes, entre 35 e 70 anos de idade, em países os vasos sanguíneos foram mais longos. Jun- to prescrito. Em todos os países conside- de alta renda (Canadá, Suécia e Emirados Ára- to a isso, soma-se o fato de que, nos últimos rados, a aderência às drogas de prevenção bes), média-alta renda (Argentina, Brasil, Chile, anos, os remédios imunossupressores, admi- secundária foi muito baixa. No entanto, os Polônia, África do Sul e Turquia), média-baixa nistrados para evitar a rejeição, passaram por resultados variaram bastante entre os paí- renda (China, Colômbia e Irã) e baixa renda uma revolução. ses de alta e baixa renda. (Bangladesh, Índia, Paquistão e Zimbábue). 11
  • 12. Plantão m As últimas novidades em medicina e saúde Meta para 2015: 15 doadores de órgãos para cada milhão de pessoas Objetivo foi definido pelo Ministério da Saúde, em nova campanha; índice atual é de 11,1 doadores para cada 1 milhão Foto: Reprodução O governo brasileiro pretende alcançar, até 2015, a taxa de 15 doa- dores de órgãos para cada 1 milhão de habitantes. Atualmente, o índice é 11,1 doadores, totalizando cerca de duas mil doações por ano. Com o objetivo de conscientizar os brasileiros sobre a importância da doa- ção de órgãos, para aumentar o número de transplantes no país, foi lançada, pelo Minis- tério da Saúde, a campanha Seja um Doador de Órgãos, Seja um Doador de Vidas. Para a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) é possível al- cançar a meta definida pela pasta, desde que as ações e os investimentos necessários sejam No Brasil, a doação de órgãos pre- taria um aumento de 13%. Já a estimativa feitos de forma planejada e estruturada. Uma cisa ser autorizada pela família do doador de transplantes para 2011 é 23 mil, contra das iniciativas apoiadas pelo instituto é a capa- – sem a necessidade de um documento as- 21.040 em 2010. Do total de transplantes citação de pessoas que trabalham na captação sinado pela pessoa que morreu. Em 2010, no país, 95% são feitos por meio do Sistema de órgãos e abordagem do tema nas faculda- 1.896 órgãos foram doados. A projeção Único de Saúde (SUS), de forma gratuita. des de saúde, incluindo o assunto em currícu- para este ano, segundo o Ministério, é que Atualmente, o número de pessoas aguar- los de medicina, enfermagem e psicologia. o número passe para 2.144, o que represen- dando um órgão chega a 36 mil. Coração de paciente volta a bater após meses parado Arte: Reprodução É o primeiro caso do tipo no Brasil, em que, depois de viver com órgão artificial por algum tempo, o paciente recupera seu próprio músculo cardíaco O coração do carioca Sérgio Alexandre Leite Genaro voltou a funcionar após três meses parado. Ago- ra, o comerciante pode dizer que nasceu de novo e, ao mesmo tempo, que entrou para a história da Medicina no Brasil. Aos 48 anos e vítima de infarto, ele precisou de cirurgia para receber ponte de safena, mas, durante o Foi a primeira vez, no país, que um paciente com o coração procedimento, seu coração parou. artificial teve seu órgão original recuperado e dispensou o aparelho, A única opção dos médicos foi a colocação de um sem necessidade de transplante. O tratamento foi feito no Instituto órgão artificial junto com um equipamento que fica fora do Nacional de Cardiologia (INC), nas Laranjeiras, Rio de Janeiro. corpo bombeando o sangue, substituindo a função cardía- Segundo o médico responsável pelo carioca, apesar de ain- ca. Para surpresa de todos, o coração que havia parado vol- da não estar com a função cardíaca 100% reabilitada, o comerciante tou a funcionar meses depois. terá uma vida normal. 12
  • 13. Foto: Reprodução Excesso de tranquilizantes e soníferos pode aumentar risco de Alzheimer Efeito foi encontrado por estudo francês em 3.777 indivíduos com idade acima dos 65 anos e exige ação das autoridades para conter o problema Arte: Reprodução Cientistas testam pílula que controla o consumo excessivo de álcool O consumo crônico de benzo- diazepinas – substâncias conhecidas como tranquilizantes e soníferos – aumenta o risco de uma pessoa sofrer do mal de Alzheimer. Droga faria o cérebro deixar de sentir os efeitos da Segundo os primeiros resultados de um es- tudo francês, anualmente, entre 16 mil e 31 bebedeira. Além de manter a sobriedade, substância mil casos de Alzheimer seriam provocados na eliminaria as reações químicas cerebrais que levam ao vício França por tratamentos com benzodiazepi- nas (BZD) ou similares e seus genéricos. Uma pílula capaz de impedir o consumo abusivo de álcool está sendo criada O encarregado do estudo, Bernard por cientistas. Com o seu uso, será possível beber sem sentir os sintomas da embriaguez, Begaud, da Universidade de Bordeaux, se re- como falta de equilíbrio e reflexos lentos. A substância foi testada em ratos que recebiam feriu às constatações como “uma verdadeira uma injeção de álcool capaz de os derrubar, mas apresentaram reflexos e capacidade de bomba” e acrescentou que as autoridades equilíbrio normais. precisam reagir. Ainda mais levando em conta Mas aí você pode pensar: se o cérebro fica preservado dos efeitos do álcool, que, de nove estudos, incluindo esse, seis esta- então, em vez de combater o alcoolismo, a droga provavelmente irá estimulá-lo! Nada belecem relação entre o consumo de tranqui- disso. Com o bloqueio dos efeitos do álcool no cérebro os pesquisadores acreditam que, lizantes e soníferos e o mal de Alzheimer. além de evitar os vexames causados pela ingestão exagerada de álcool, será possível tratar O estudo francês, em particular, foi o alcoolismo, limitando a sensação que o consumo da bebida tem para os dependentes. realizado com 3.777 indivíduos de 65 anos ou A pesquisa é da Universidade de Adelaide, na Austrália, e foi feita em parceria mais que tomaram BZD entre dois e dez anos. com pesquisadores dos Estados Unidos. Ao contrário das quedas e fraturas causadas A substância utilizada pelos profissionais não é nova. Com o nome de naloxona, por esses medicamentos, os efeitos cerebrais a droga, atualmente aprovada pelo FDA – órgão que regulamenta medicamentos nos não são imediatamente perceptíveis. É neces- Estados Unidos –, é utilizada para o tratamento de overdose de heroína em humanos. sário aguardar alguns anos para que surjam. Entretanto, a forma de naloxona usada no estudo foi levemente alterada para atingir as As prescrições são normalmente células da glia (células de proteção do sistema nervoso central) e não os neurônios. limitadas a duas semanas para os hipnóticos Durante o experimento, os cientistas descobriram que, quando as células do e 12 semanas para os ansiolíticos. A forma sistema imunológico do cérebro (as mesmas células da glia que ocupam 90% do órgão como os BZD atuam no cérebro para au- e o protegem de infeccções como a meningite) são desativadas, é possível a ingestão de mentar esse risco de demência continua um grandes quantidades de bebida alcoólica sem que os efeitos do excesso sejam sentidos. mistério, mas o problema já tinha sido men- A expectativa é que a pílula possa estar disponível para a venda em três anos. cionado em 2006, em um relatório do Gabi- Mas é importante lembrar que a naloxona, em sua formulação atual, é uma droga que, nete Parlamentar de Políticas de Saúde sobre além de reverter o efeito de entorpecentes, também pode afetar o pensamento e a aten- Remédios Psicotrópicos. ção, de forma geral. 13
  • 14. c com a palavra Reeducação física O presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, é categórico: a luta contra a obesidade no Brasil só será vencida quando forem aplicadas políticas públicas que ajudem a população a fugir do sedentarismo. Ele também é enfático quanto à necessidade de um consenso sobre quais são as áreas de atuação dos diferentes profissionais de saúde. Sobre esses e outros temas ele fala com exclusividade à Revista Medicando Por Elizângela Isaque N Fotos: Divulgação/Confef unca, no Brasil, falou-se tanto Para Steinhilber, a falta de diálogo sobre a importância de se praticar entre os Conselhos prejudica o estabe- atividades físicas. Seja pelo viés lecimento de critérios claros quanto às estético, cada vez mais valori- competências de cada profissão, impede o zado e cobrado pela cultura contempo- estabelecimento de normas claras de regu- rânea, ou pela crescente preocupação lamentação e, por isso, prejudica o cidadão. em se evitar problemas de saúde, o “Acredito que nos hospitais, nas clínicas, fato é que está na moda se exercitar. no SUS [Sistema Único de Saúde], no NASF Nesse contexto, a busca pela tão [Núcleo de Apoio à Saúde da Família], os desejada qualidade de vida tem profissionais estejam bem articulados e cada provocado uma procura cres- um respeite a área de intervenção do outro. cente por profissionais de outras Contudo, em outros segmentos, há uma áreas, a exemplo dos profis- briga pelo mercado e, em alguns momentos, sionais de educação física, extrapolam a intervenção criando, sim, difi- entre os que buscam alterna- culdades para o paciente ou cliente identi- tivas diferentes da medicina ficar qual profissional procurar”, afirma. convencional para prevenir Nascido em Praga, na República futuros problemas. Tcheca, Steinhilber chegou ao Brasil em Na opinião do presidente 1949. Sua trajetória, até chegar à presi- do Conselho Federal de Educação dência do Confef, inclui a implantação de Física (Confef ), Jorge Steinhilber, programas como os Jogos Escolares na essa tendência seria ainda mais cidade do Rio de Janeiro e o Programa de benéfica para a sociedade se houvesse Férias nas escolas públicas do Município no maior entendimento entre cada uma das estado fluminense. Foi presidente da Asso- 14 profissões da área da saúde atualmente ciação dos Professores de Educação Física regulamentadas. No entanto, segundo ele, do Rio de Janeiro (APEF-Rio) e assessor de as divergências atuais costumam ser discu- Educação Física da Secretaria Municipal de tidas no âmbito legislativo, na tentativa Educação do Rio de Janeiro. de garantir o direito à exclusividade Nessa entrevista à Revista Medi- na realização de procedimentos cando, Steinhilber, que é autor dos livros específicos. “Colônia de Férias” e “Profissional de Educação Física... existe?”, fala sobre a impor- tância de se estimular a prática de esportes e defende a obrigatoriedade da educação física como disciplina no currículo escolar.
  • 15. Revista Medicando - O papel do pro- O Confef tem feito algo para que o da Atividade Física para o Desenvolvimento fissional de Educação Física é extre- governo adote políticas públicas que Humano, presidida pelo deputado federal mamente importante na prevenção tragam resultados significativos, seja André Figueiredo, e as Audiências Públicas de diversas doenças. Mesmo assim, há a médio ou longo prazo? da Comissão de Turismo e Esporte, que têm uma alta taxa de profissionais que dei- dado boa atenção a essa relevante questão. xam de atuar nessa área. Prova disso Steinhilber - O Brasil, assim como a maio- Em todas as oportunidades temos nos mani- é o número quase inexistente de pro- ria dos demais países, vive a epidemia do festado junto ao Poder Executivo, Legislativo fessores acima dos 40 anos nas acade- sedentarismo, que resulta na obesidade e e Judiciário no sentido de que o incentivo à mias do país. Por que isso acontece? tem como consequência o surgimento de prática de atividades físicas seja pautada per- doenças graves, prejudiciais ao indivíduo e manentemente pelas políticas públicas, e que Jorge Steinhilber - Nós atuamos de forma à economia do país, em diversos aspectos. o esporte não seja apenas uma questão de global sobre o ser, desenvolvendo trabalhos Na medida do possível, promovemos cam- governo, mas sim de Estado. Não basta o país que possibilitem a prevenção de doenças, a panhas no sentido de incentivar a prática olhar o esporte como fator de competição e promoção da saúde e a formação cidadã in- esportiva ou atuamos em parceria com ou- só preparar atletas para os torneios. Temos tegral. Acredito que a taxa de profissionais tras entidades que promovem essa sensibili- que preparar campeões para a vida. que deixam de atuar na área de formação zação, sempre lembrando a questão de que não esteja relacionada à faixa etária, vez que a “boa orientação faz a diferença”. Ou seja, é Medicando – Ou seja, isso pode ser fei- identificamos que em todas as áreas de for- necessário que os exercícios físicos e espor- to de forma paralela, certo? mação profissional o índice de desistência é tivos sejam dinamizados, orientados e minis- expressivo. Penso que o fator preponderante trados por profissionais de Educação Física. Steinhilber – Exatamente, pois não são ativi- para essa desistência na área de Educação Atuamos junto aos parlamentares no sentido dades excludentes. Muito pelo contrário, são Física seja o fato de os ingressantes serem de que estejam atentos a isso e promovam, complementares. O Brasil, além de seu vertigi- jovens e, infelizmente, possuidores de pouca também, ações para sensibilizar a sociedade noso desenvolvimento democrático e cresci- informação na educação média, a respeito a ter uma vida ativa. Uma das respostas do mento econômico, foi vitorioso ao conquistar da intervenção do profissional de Educação Congresso foi a criação da Frente Parlamentar o direito de sediar os maiores megaeventos es- Física. Outro fator relevante é a questão da portivos do planeta, como a Copa do Mundo exigência de conhecimentos científicos para Foto: Reprodução de Futebol e os Jogos Olímpicos e Paraolímpi- atuar na área, que requer formação continu- cos, transformando o país na capital mundial ada, e o baixo salário praticado no mercado. do esporte, pelo menos nos próximos cinco anos. Por isso, temos a obrigação de estarmos Medicando - O Conselho tem feito algo atentos a esse ”tsunami” esportivo e surfar na para tentar reverter essa situação? onda, aproveitando a oportunidade de que es- taremos todos, de alguma forma, sintonizados Steinhilber - O sistema Confef/Crefs [Conse- no esporte, para estabelecer programas de lhos Regionais de Educação Física] procura incentivo à prática esportiva. Essa também é estar em sintonia com os cursos de formação, uma excelente oportunidade para incentivar em especial com os coordenadores, articu- todos os órgãos e entidades a debaterem e lando para que esses cursos sejam de boa abordarem o tema, tanto na perspectiva da qualidade, pois uma intervenção qualificada busca para alcançarmos o patamar de potên- depende da formação. Também colocamos cia esportiva como na perspectiva do esporte os CREFs à disposição, para que sejam pro- enquanto fator de educação, saúde, formação movidas orientações aos jovens, a respeito da e equidade social, contribuindo para que o “ área e da atuação do profissional de Educa- país seja uma potência olímpica. Os governos, ção Física na área da saúde. Por outro lado, os parlamentares e a mídia estão atuando e instigamos a mídia para que cumpra o seu É necessário que divulgando os programas relacionados à me- papel social, informando e divulgando o perfil os exercícios físicos lhoria e às obras de infraestrutura, transporte, necessário para a escolha da profissão. segurança, de equipamentos, treinamento e esportivos sejam de atletas e meio ambiente, que esses mega- Medicando – O aumento paulatino da dinamizados, orientados eventos proporcionarão. Contudo, faz-se ne- expectativa de vida é acompanhado cessário planejar, urgentemente, os legados pelo crescimento de doenças que sur- gem, principalmente, devido ao se- dentarismo. As campanhas de estímu- e ministrados por profissionais de “ socioeducacionais desses mega eventos, para que a sociedade possa usufruir dos benefícios à educação, à saúde e à inclusão social, con- lo à prática de atividades físicas ainda Educação Física tribuindo de forma destacada para minimizar são insuficientes, ante essa realidade. a epidemia de obesidade. 15
  • 16. c com a palavra Medicando – As academias têm sido cada vez mais procuradas por pes- soas que buscam obter boa forma. Pode-se dizer que isso ocorre mais por finalidades estéticas do que pela busca por saúde? Steinhilber - Creio que essa máxima já está superada. A maioria das pessoas, hoje, está procurando academias e outros estabeleci- mentos para se exercitarem, por perceberem a necessidade da prática de atividades físicas para obterem mais qualidade de vida. Não é mais só uma questão de estética, e sim, de bem-estar, de ter um melhor condiciona- mento físico, para aproveitar melhor o seu “ dia a dia, sua relação familiar, seu lazer, seu trabalho e conseguir longevidade. A tecnolo- gia e a ciência nos proporcionam viver mais e Não basta o país olhar o esporte as pessoas estão percebendo que não adian- ta só viver mais cronologicamente, mas que é necessário poder aproveitar esse tempo, e, como fator de competição e só preparar atletas para os torneios. Temos que “ para tal, um dos remédios mais baratos é o exercício físico. Longevidade com qualidade preparar campeões para a vida requer, desde cedo, incorporar hábitos de ati- vidades físicas permanentes. Jorge Steinhilber Medicando – Alguma dica especial físicas, bem como o dever do Estado de cumprir nas clínicas, no SUS [Sistema Único de Saú- para que a busca pela saúde seja al- a obrigatoriedade da disciplina em todas as séries de], no NASF [Núcleo de Apoio à Saúde cançada por quem quer começar a se e níveis de ensino. Atuamos no sentido de sensi- da Família], os profissionais estejam bem exercitar? bilizar o Ministério da Educação e as Secretarias de articulados e cada um respeite a área de Educação quanto ao valor da disciplina Educação intervenção do outro. Contudo, em outros Steinhilber - Iniciar uma atividade de forma Física e à oferta de práticas de atividades físicas nas segmentos, há uma briga pelo mercado e, prazerosa e buscar a orientação de um profis- escolas, deixando claro tratar-se de duas áreas dis- em alguns momentos, extrapolam a inter- sional de Educação Física, para que ele possa tintas que se complementam, e ambas são fun- venção criando, sim, dificuldades para que avaliar e, posteriormente, prescrever as ativi- damentais para o desenvolvimento integral das o paciente ou cliente possa identificar qual dades físicas com segurança. crianças e dos jovens. Temos empreendido esfor- profissional procurar. ços no sentido de que a disciplina seja ministrada Medicando – Os avanços tecnológicos por profissionais de Educação Física, inclusive nas Medicando - Em tramitação no Con- tornaram sedentário o dia a dia das séries iniciais, pois alguns governantes não res- gresso Nacional, a lei conhecida como crianças, que trocaram as brincadeiras peitam esse direito das crianças ao atendimento Ato Médico, que visa regulamentar o do passado pelos aparelhos eletrôni- qualificado e seguro. exercício da Medicina no país, causou cos, como videogame, computador certo mal-estar entre as demais profis- etc. Uma das alternativas para essa Medicando – Hoje, observa-se uma sões de saúde atualmente regulamen- situação, que tem acarretado uma sé- infinidade de procedimentos comuns tadas. Em sua opinião, existe um fator rie de problemas para a saúde infantil, às várias áreas da saúde. E o resultado principal para a falta de entendimento seria o incentivo à prática de educação parece ser uma disputa de quem pode entre as classes, na hora de decidir de física nas escolas. O que o Confef tem fazer o quê. Diante disso, a população quem é a prerrogativa de realizar de- feito em relação a isso? se sente cada vez mais perdida quan- terminados procedimentos? to ao profissional que deve procurar. Steinhilber - Nos últimos dois anos, elegemos o A situação tende a piorar? Steinhilber - O mundo evoluiu e a área da biênio da Educação Física Escolar e promovemos saúde quebrou paradigmas. Por exemplo, an- seminários, fóruns e encontros, com o objetivo Steinhilber - As equipes multiprofissionais tigamente o conceito de saúde era a ausência de sensibilizar os pais a respeito do Direito Cons- são fundamentais para o atendimento à de doença. Hoje, o conceito evoluiu para uma titucional de seus filhos à prática de atividades população. Acredito que nos hospitais, definição mais holística. A medicina, inicial- 16
  • 17. mente, era uma arte, e hoje é considerada Medicando – No que diz respeito ao en- uma ciência. Surgiram várias intervenções trosamento, as reuniões dos Conselhos profissionais na área da saúde que não exis- Federais de Profissões Regulamenta- tiam há 60 anos. Por outro lado, a ciência na das, os chamados Conselhões, têm sido área da saúde evoluiu, sendo quase impos- úteis em alguns aspectos? sível um atendimento como nos moldes da década de 1950. Há alguns anos, o senso co- Steinhilber – Sim. O Conselho Federal das mum e a tradição tinham clareza da atuação Profissões Regulamentadas e o Fórum dos e intervenção do médico. Com toda a evolu- Conselhos Federais da Área da Saúde são ção e surgimento de novas profissões que, importantes e têm significância. Existem di- quando regulamentadas, trouxeram no seu versos pontos comuns, cujas ações podem bojo o ato da intervenção profissional, surgi- ser integradas e, certamente, com união é ram algumas demandas judiciais, fazendo-se possível avançar. necessário serem estabelecidas legalmente as áreas de intervenção dos médicos. Não Medicando – Mas essa união, conside- se pode mais firmar no senso comum ou na rando o cenário atual, não seria uma tradição. Infelizmente, em um mundo capi- utopia? talista, no qual impera a lógica do mercado, as entidades responsáveis pelas profissões da Steinhilber – Não é utopia. A reunião é fun- “ área de saúde não tiveram habilidade para damental e assuntos que são comuns a todos buscar consenso e estabelecer as interven- são discutidos, palestras são promovidas para ções, principalmente nas áreas confluentes. Os Conselhos debater pontos nebulosos. Contudo, infeliz- Fala-se muito nos benefícios da sociedade, no mente, outros assuntos relacionados às inter- respeito à sociedade. Contudo, nos momen- Profissionais não venções profissionais, principalmente as que tos de sensibilidade para as definições cora- têm interseções, deveriam ser aprofundadas josas das atribuições profissionais, as atitudes existem e nem foram no Conselhão, deliberadas e acatadas por to- e ações são corporativistas. Creio ser esse um dos fatores que criam as divergências. criados para defender dos, pois hoje o trabalho é multiprofissional, principalmente na área da saúde. No entanto, os profissionais. tal lapso e dificuldade não tiram a relevância Medicando – Então o principal proble- do Conselho Federal das Profissões regu- ma é de ordem financeira, ou também Foram criados para lamentadas. Apenas precisa de ajuste para envolve vaidade, corporativismo? avanço em benefício da sociedade. fiscalizar o direito da Steinhilber - Falta sensibilidade objetiva Medicando – O senhor foi um dos pri- para que as entidades profissionais da área sociedade à prestação “ meiros conselheiros do Confef e um da saúde debatam e estabeleçam entre si importante protagonista na luta por as áreas de intervenção. É preciso reunir as de serviço qualificado sua criação, atuando, inclusive, como entidades para ações conjuntas em relação e seguro presidente do Movimento Nacional à verba para saúde, maior valorização dos pela Regulamentação do Profissional profissionais, Projetos de Lei que possam de Educação Física. O senhor acredita proteger as entidades e os profissionais, ou Steinhilber – Acredito que, nesse momen- que, ao longo dos 13 anos de existên- seja, ações conjuntas e externas. Debater to, os Conselhos não tiveram a sensibilida- cia dessa entidade, vocês conseguiram com profundidade as questões da área da de de resolver entre si a questão, e cabe conquistas significativas para o exercí- saúde é uma espécie de tabu. ao Congresso Nacional promover ampla cio da profissão? discussão entre todos os Conselhos e As- Medicando – Antes de chegar ao Se- sociações Profissionais para estabelecer Steinhilber – Com toda certeza con- nado, a Lei do Ato Médico passou por um Projeto de Lei que seja o melhor para a quistamos, principalmente, o direto de várias alterações, ainda na Câmara sociedade. Os Conselhos Profissionais não a sociedade ser atendida por um profis- dos Deputados. Hoje, o documento existem e nem foram criados para defen- sional de Educação Física, na prestação continua sendo alvo de muitas con- der os profissionais. Foram criados para fis- de serviços em exercícios físico-esportivos. testações, e encontra-se praticamen- calizar o direito da sociedade à prestação Revertemos a imagem que o senso comum te parado. Não seria essa a hora de o de serviço qualificado e seguro. Os parla- tinha a respeito desse significativo profissio- Conselho Federal de Medicina (CFM) mentares são os representantes do povo, nal, passando a própria mídia a valorizá-lo, chamar os demais conselhos para ten- têm a obrigação de zelar pelos direitos da a divulgar que sem uma formação superior tar resolver esse impasse? sociedade e legislar em seu benefício. não há segurança nas orientações de ativi- 17
  • 18. c com a palavra dentro de seu âmbito profissional, de- vem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo: cada profis- sional deve assegurar que sua prática deve ser realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde”. Assim, atuam na prevenção e promoção da saúde, na sua respectiva área, e encaminhando ao profissional habilitado para intervenção de exercícios físicos voltados ao condi- cionamento físico. Infelizmente, em de- terminados momentos, a possibilidade de prevenção e promoção da saúde é interpretada na forma da letra fria, e a intervenção de fisioterapeutas, em al- “ guns casos, tem sido administrar exer- cícios físicos sem que haja qualquer Acredito que os conselhos, em algum tratamento de doença. Como já nos re- ferimos, são questões mercadológicas momento, perceberão que as questões que deveriam estar sendo tratadas com relacionadas às intervenções profissionais responsabilidade e ética pelas entida- des, antes das demandas judiciais. e às respectivas regulações devam ser Medicando – A regulamentação da corajosamente enfrentadas por todos, em “ prática de qualquer profissão é o melhor caminho para que se possa conjunto, de tal forma que a sociedade exercer um bom controle sobre a atuação dos profissionais, e a ela- seja a grande beneficiária boração dessas regras é uma prer- rogativa de cada entidade. Mas, ante todo esse impasse, como criar dades físicas. Hoje, o Profissional de Educa- Medicando – Algumas práticas de- uma regulamentação eficiente e ção Física tem relevância e é considerado senvolvidas pelos profissionais de que atenda às necessidades de cada um dos principais protagonistas na preven- Educação Física esbarram nas com- área envolvida? ção de doenças e promoção de saúde. Re- petências de outras áreas, como a vertemos a prática de que qualquer pessoa fisioterapia ou mesmo a medicina, Steinhilber - Penso que outorgar aos pode “ensinar” atividades esportivas, prin- a ponto de gerar atritos entre vo- conselhos profissionais a fiscaliza- cipalmente nas comunidades menos favo- cês e outras classes? ção do exercício profissional é uma recidas, demonstrando que, se há o desejo forma de defender o cidadão e zelar de inclusão social por meio do esporte, ele Steinhilber – Acredito que, na área da pela ética. As regulamentações estão tem que ser treinado e dinamizado por pro- medicina, o respeito mútuo entre os estabelecidas e, como o mundo está fissionais de Educação Física. Conquistamos profissionais e os conselhos seja um em permanente mutação e evolução, o respeito e o reconhecimento desse pro- fator que vem contribuindo para o re- nada é estático. É necessário que se- fissional nas esferas governamental, parla- conhecimento de cada qual na sua área jam procedidas algumas adequações mentar e jurídica. Sem dúvida alguma, a lei de intervenção. Quanto à fisioterapia, de tempos em tempos. Acredito que regulamentadora resgatou a autoestima de sim, tem havido alguns atritos em razão os conselhos, em algum momento, muitos profissionais que, com sua atuação do entendimento relativo à prevenção. perceberão que as questões relacio- eficaz e competente, legitimam a profissão. As Diretrizes Curriculares Nacionais, no nadas às intervenções profissionais e Sempre há mais a fazer. Contudo, temos a ponto relacionado às competências e às respectivas regulações devam ser consciência de que estamos representando habilidades, estabelecem como uma corajosamente enfrentadas por todos, os interesses daqueles que nos elegeram, e das competências gerais da atenção à em conjunto, de tal forma que a socie- os legados são visíveis e inegáveis. saúde que “os profissionais de saúde, dade se ja a grande beneficiária. 18
  • 19. © Gildivan Felix/ActionAid/Brasil/RJ Com apenas 3 anos, Marcely já conhece a fome e a pobreza. Mude esta realidade: Apadrinhe uma criança. Marcely nasceu em São Paulo, a maior e mais rica cidade do país. Mas, nos seus 3 aninhos, ela só conviveu com a fome, a pobreza e condições de vida muito difíceis. Saiba mais sobre essa e outras histórias em www.mudeumavida.org.br. Por que você deve apadrinhar uma criança: • Você muda uma vida. Você torna possível a uma criança acesso a seus direitos, como: educação, saúde, alimentação e moradia. • Não pesa no bolso. Com pouco mais de R$ 1,00 por dia você torna esta mudança possível. • É emocionante. Você acompanha tudo por fotos, mensagens e relatórios. A atriz Julia Lemmertz apadrinha uma criança pela ActionAid. “Eu apadrinho uma criança pela ActionAid. É fácil: com pouco mais de R$ 1,00 por dia, o que equivale a um cafezinho, você muda a vida de uma criança e, por consequência, de toda comunidade em volta dela. É o mínimo que a gente pode fazer. Apadrinhe você também!” A ActionAid é uma organização internacional que atua no combate à pobreza há mais de 39 anos. Em 2007, foi eleita uma das 20 organizações mais competentes do mundo, em pesquisa da ONU. www.mudeumavida.org.br/medicando Você também pode ajudar a ampliar a imagem socialmente 0300 789 8525 responsável da sua empresa: www.actionaid.org.br/empresa
  • 20. A nova cara da AIDS 20
  • 21. Por Fernanda Brandão e Henrique Giordano A pouca exploração do tema na mídia, a sensação de controle sobre a epidemia e a eficácia das drogas contra o vírus, aos poucos, estão levando as pessoas a perderem o medo e se descuidarem da doença. Numa nova tendência, o Ministério da Saúde aponta que os casos de meninas entre 13 e 19 anos já superam os de meninos
  • 22. c capa Luciana*, 19, nem tinha nascido quando Cazuza chocou o Brasil, em 1990, ao morrer vítima da Aids. Quando Renato Rus- so faleceu, em 1996, ela tinha quatro anos e nem sequer conhecia o vocalista da banda Legião Urbana. Desde então, os casos famo- sos de vítimas do HIV caíram drasticamente. Para ela, a Aids sempre foi aquela coisa sobre a qual ouvira falar, mas jamais tivera contato direto. Por isso, quando foi a um churrasco em comemoração ao aniversário da melhor amiga, onde conheceu Ricardo*, 26, e aí pin- tou aquele clima, ela não hesitou em transar com ele sem preservativo. Preocupação? Sim, ela teve. Ao contar o episódio para as amigas, naquele mesmo dia, foi encorajada a tomar a pílula do dia seguinte. O único medo era o de uma gravidez indesejada. Doença sexualmen- te transmissível? Como, se ambos estavam completamente saudáveis e tudo parecia estar “em ordem”? Após o churrasco, os dois pombi- nhos nunca mais se falaram. Mais tarde, con- tudo, a aniversariante daquele dia revelou à amiga que Ricardo havia descoberto ser por- Cazuza foi o primeiro grande ícone do Brasil vítima da Aids e contribuiu para tornar a doença tador do HIV. Aí bateu o desespero. Não só o conhecida pelo grande público ao falecer no auge de sua carreira terror de talvez ter contraído a doença, mas a completa paralisia. Com medo de que seus estão sofrendo ainda mais. Tanto que, contra- é remota. Por isso, não podemos deixar a pais descobrissem, Luciana sequer procurou riando a tendência observada até hoje, em preocupação de lado; a Aids nunca deixou um médico para fazer o teste. “Já era!”, pensou. todas as faixas etárias, segundo dados do Mi- de ser uma ameaça.” Essa é a história da Luciana, cujo nistério da Saúde, entre os 13 e os 19 anos há Os jovens de hoje não conhe- desfecho ainda não foi esclarecido. Mas tam- mais mulheres do que homens com o HIV. cem o poder de destruição da doença. Por bém é a da Raquel, da Tamires, da Patrícia... É uma mudança lenta e gradu- isso, são poucos os que se previnem dela. Muita gente não está tomando os cuidados al (mas cada vez mais sentida) no perfil de No Brasil, a última morte notória causada devidos, e as adolescentes e mulheres jovens contaminação, que há muito deixou de se pela doença aconteceu em 1996, mas óbi- limitar aos famosos “grupos de risco”, como tos silenciosos ocorrem a todo momento. Renato Russo deixou uma legião de fãs que, usuários de drogas injetáveis, para incluir to- E a mídia, às vezes, trabalha contra a dis- na época, ficaram mais alertas quanto aos dos aqueles que têm vida sexual ativa. Em- seminação da informação. perigos da Aids bora essa informação não seja exatamente Em 2009, quando faleceu o traves- uma novidade, a verdade é que a nova cara ti Andréia Albertini – famoso depois de se da Aids ainda é desconhecida por muitos, envolver num escândalo com o ex-jogador sobretudo pelos mais novos. Ronaldo –, o Jornal Nacional, da Rede Glo- bo, anunciou que o falecimento se deu por FALTA INFORMAÇÃO “complicações decorrentes da síndrome da imunodeficiência adquirida”. Tecnicamente Para Sérgio Cimerman, médico correto, é verdade, mas quantas pessoas sa- infectologista do Hospital Emílio Ribas, bem que esse é o nome que corresponde, em de São Paulo, as pessoas não são tão bem inglês, à sigla Aids? Perdeu-se uma oportuni- instruídas em relação à contaminação, dade de se falar da doença. por isso não se preocupam com a doen- A despeito de episódios como ça. “Embora a medicina atual já tenha nos esse, é fato que casos notórios de morte certificado de que ser portador da Aids pelo HIV são cada vez mais raros. Isso se não é mais uma sentença de morte, a deve à eficiência dos tratamentos. O coquetel cura definitiva ainda não foi descoberta e anti-Aids possibilita hoje aos acometidos pelo a possibilidade da criação de uma vacina vírus uma vida praticamente normal. *Nomes fictícios, a pedido dos envolvidos Fotos: Reprodução/Divulgação 22
  • 23. Na visão do infectologista, como a GOVERNO NEGA DESATENÇÃO tomar pílula. Ele é mais velho do que eu e sabe Aids se tornou uma doença crônica, se tra- o que faz. Não vou obrigá-lo a usar só por cau- tada pelo coquetel, ela é desprezada pelos Esse problema trazido à tona pelo sa da Aids”, confessa PB, estudante de 19 anos. mais novos, que não viram suas consequên- infectologista do Hospital Emílio Ribas não é Cimerman acredita que as mulheres cias mais devastadoras, nas décadas de 80 assumido pelo Ministério da Saúde. As cam- são as mais prejudicadas nessas ocasiões. “Elas e 90, quando não havia tratamento eficaz. panhas de maior repercussão na mídia são acabam se apaixonando pelo homem e criam “Para essas pessoas ter o HIV hoje é como se mesmo as elaboradas para o carnaval e para uma confiança plena. Não sabem se ele usa dro- ter diabetes ou uma cardiopatia. O que não as festividades de final de ano. Mas, segundo gas, se mantém um relacionamento com outras é uma mentira, já que o paciente precisará Eduardo Barbosa, diretor adjunto do Departa- mulheres. Por esse motivo, a verdadeira prova de tomar remédios para o resto da vida e fazer mento de DST, Aids e Hepatites Virais do Mi- amor é usar sempre a camisinha”, orienta. sempre um controle da saúde para descobrir nistério da Saúde, os trabalhos de prevenção e Para Eduardo Barbosa, as meninas se há a necessidade de se trocar a medicação”, divulgação acontecem durante todo o ano. ainda se deparam com uma sociedade ma- explica Cimerman. “Nossa comunicação não se res- chista, que reprime a busca por informação. Para ele, houve um relaxamento tringe apenas aos espaços televisivos. Explo- “As pessoas ainda não aceitam que uma ga- nas campanhas de prevenção por parte do ramos também as emissoras de rádio e as rota tenha ou compre um preservativo. Para governo brasileiro. “O Brasil é muito grande, mídias sociais. A Aids está, todos os dias, em o homem, ter uma camisinha é normal, mas com uma imensa diversidade, mistura de pauta nos veículos de cada estado do país. para elas não”, diz. culturas. Precisamos de ações que apresen- Mandamos diariamente um clipping nacional Nossa protagonista tem entre 13 tem a Aids ao jovem. A doença não é uma com a repercussão das notícias e campanhas e 19 anos e, segundo números do Ministério brincadeira, uma simples gripe. Ela pode a todas as organizações envolvidas.” da Saúde, está na faixa etária em que há mais causar a morte. Fazer campanha no carnaval A história de Luciana e de Ricardo meninas infectadas pelo vírus. Desde 1998 e no ano novo é muito fácil. Difícil é manter repete-se diariamente com outros protago- são contabilizados oito casos na ala masculi- esse trabalho durante todo o ano e em todos nistas. A internet, sobretudo, se tornou uma na para dez contaminações entre elas, sendo os cantos do país”, desabafa. ferramenta poderosa para alavancar relações que 94,9% são decorrentes de relações he- sexuais casuais. E nem todo mundo se preo- terossexuais com parceiros infectados com LUTA CONTRA A AIDS cupa com as doenças sexualmente transmis- a doença. De acordo com informações da síveis. Para muitos, como Luciana, tomar a última atualização do Ministério da Saúde, os Muitos famosos já entraram pílula do dia seguinte resolve tudo. adolescentes dão inicio às atividades sexuais, nessa briga. Com a ajuda das celebri- Em entrevista à Revista Medicando, em média, aos 16 anos. Em 2008 foram diag- dades, o combate da epidemia fica jovens da cidade de São Paulo comprovam a nosticados 323 meninas e 264 meninos com mais forte, conscientizando um maior teoria de que não há mais medo de se con- o vírus. Já em 2009, o registro foi de 136 garo- número de pessoas. trair a Aids. A corretora de imóveis TM, de 21 tas para 78 rapazes. Bill Gates, através de sua anos, só tem relação sexual com camisinha Fundação Bill and Mellinda Gates, porque se acha muito nova para ter um filho. O NEGóCIO É PREVENIR fornece medicamentos para porta- Ela acredita que os parceiros com quem ela dores da doença. Já Elton John cola- já teve relações não possuem a doença. “Se bora financeiramente com campanhas tivessem, eles me contariam”, relata. de prevenção da Aids. Distribuiu mais O empresário PHS não utiliz ,a ca- de US$ 30 milhões desde 1992, ano em misinha pelo simples fato de achar que nunca que também criou uma fundação de vai contrair o vírus. “Uso apenas quando não combate ao vírus (Elton John Aids). conheço a mulher e ela pede. Quando namo- Richard Gere é contribuinte ro nem me esforço. Nunca pensei nisso, nem assíduo de diversos projetos a favor dos senti que fosse necessário.” soropositivos. Jackie Chan é membro da Cimerman destaca que as pessoas Organização das Nações Unidas (ONU) e, procuram por beleza e acabam esquecendo através dela, utiliza sua popularidade para o risco de contrair a doença. “Elas acham que alertar as pessoas sobre os riscos da doença. é possível identificar logo de cara um soropo- Diversas celebridades brasi- sitivo. Enxergam uma pessoa bonitinha em leiras com sucesso entre os mais jovens festas, no cinema, no restaurante, em lojas O governo brasileiro investe em aderiram ao movimento “Camisinha, e acabam transando sem proteção. Por isso diversas ações para tornar a prevenção um tem que usar”, promovido pela revista sempre digo: quem vê cara não vê Aids.” hábito na vida das pessoas. O fornecimen- Capricho. Entre eles, Bruno Gagliasso, Outro motivo para o sexo sem ca- to de camisinha chega a 467 milhões de Deborah Secco, Erik Marmo, Luana misinha é o “namoro sério”. O casal acredita unidades por ano. Os jovens são respon- Piovani, Sérgio Marone e a cantora Ivete que deixando o preservativo de lado está pro- sáveis pela retirada de 37% desses preser- Sangallo posaram para a campanha. vando seu amor ao parceiro. “Só transei com vativos no Sistema Único de Saúde (SUS). o meu namorado, até agora. Logo comecei a Ainda de acordo com a pesquisa do Minis- 23