O Romantismo: arte, literatura e arquitetura do sonho e fantasia
1. Introdução
Romantismo, também chamado de Romanticismo, foi um movimento artístico, político e
filosófico que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o
final do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao
iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde
a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo
centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos,
retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo.
O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra.
Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos
artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.
O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e
da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração
fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na
saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.
Muito variada nas suas manifestações, essencialmente ao nível da literatura e das
artes plásticas, esta corrente sustentava-se filosoficamente em três pilares: o individualismo
– tendência para se libertar de toda a obrigação de solidariedade para pensar só em si,
egoísmo –, o subjetivismo – tendência para afirmar a prioridade do subjetivo sobre o objetivo
– e a intensidade. Contra a ordem e a rigidez intelectual clássica, os artistas românticos
imprimiram maior importância à imaginação, à originalidade e à expressão individual, através
das quais poderiam alcançar o sublime e o genial.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes
de seu nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação
encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
As características principais deste período são:
Valorização das emoções,
Liberdade de criação e de expressão,
Amor platônico,
Temas religiosos,
Tradições populares
Individualismo, egocentrismo
Nacionalismo e história.
Crítica social
O revivalismo Romântico dá origem à reconstrução de edifícios ao mais puro estilo
gótico (Houses of Parliament, igreja de Sta. Clotilde, mosteiro dos Jerónimos, etc.), à reedição
de poemas e lendas medievais e ao gosto pelos temas e formas orientais, árabes e islâmicas,
quer na arquitectura quer na pintura.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com
o Primeiro reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista. Neste período,
nosso país ainda vivia. Os artistas brasileiros sob a euforia da Independência do Brasil
buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do país. As
obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa
natureza, a formação histórica do nosso pais e o cotidiano popular.
2. Arquitetura
O Romantismo, ligado à recuperação de formas artísticas
medievais, acompanhada pelo gosto pelo exótico contido nas
culturas orientais, favoreceu a revivência e a mistura de vários
estilos, como o românico, o gótico, o bizantino, o chinês ou o
árabe. Foi na Inglaterra que se verificaram as primeiras
manifestações da arquitetura romântica.
O inglês Horace Walpole tornou-se um dos pioneiros do
revivalismo gótico com a construção do palacete Strawberry Hill,
no terceiro quartel de setecentos. O neogótico teve como grande
impulsionador o filósofo John Ruskin e manifestou-se em inúmeros
edifícios ingleses, de entre os quais se destaca o Parlamento de
Londres.
O inglês Horace Walpole tornou-se um dos pioneiros do
revivalismo gótico com a construção do palacete Strawberry Hill,
no terceiro quartel de setecentos. O neogótico teve como grande
impulsionador o filósofo John Ruskin e manifestou-se em
inúmeros edifícios ingleses, de entre os quais se destaca o
Parlamento de Londres. O gosto oriental marcou formalmente o
Pavilhão Real de Brighton, construído em ferro por John Nash.
Mais tarde, e já no continente, surgiu o neobarroco, que
teve grande sucesso em França com os trabalhos de Charles
Garnier (1825-98), dos quais se destaca a Ópera de Paris.
Palácio de Westminster onde se
reúne o Parlamento Britânico
Pavilhão Real de Brighton
Ópera de Paris
Paralelamente ao revivalismo estilístico, a arquitetura do século XIX apresentou um
outro vasto campo de desenvolvimento, proporcionado pelos novos materiais de construção
surgidos com a industrialização, como o ferro e o vidro. Embora a Inglaterra tenha sido
3. pioneira na utilização do ferro para a construção de estruturas arquitetônicas, foi em França
que esta tecnologia encontrou uma mais significativa expressão estética.
ARTES PLÁSTICAS
Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o
espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da
pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos,
valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos
destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable
traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução
Industrial.
Francisco Goya passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de
temática neoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo, apresenta uma série
de emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um
jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de forma a
acentuar a situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o
Romantismo somente chegaria à Academia mais tarde.
O francês Eugène Delacroix é considerado um
pintor romântico por excelência. Sua tela A Liberdade
guiando o povo reúne o vigor e o ideal românticos em
uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas.
O tema são os revolucionários de 1830 guiados pelo
espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher
carregando a bandeira da França). O artista coloca-se
metaforicamente como um revolucionário ao se retratar
em um personagem da turba, apesar de olhar com uma
certa reserva para os acontecimentos (refletindo a
influência burguesa no romantismo). Esta é Liberdade guiando o povo - Delacroix
provavelmente a obra romântica mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo
selvagem formaria outra característica fundamental do
Romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os
paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais
bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios
com destino aos polos, por exemplo, tornou-se uma
forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês
William Turner refletiu este espírito em obras como Mar
em tempestade onde o retrato de um fenômeno da
Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos
Mar em tempestade – William Turner supracitados.
As obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos
históricos importantes. Desta forma, os artistas contribuíam para a formação de uma
identidade nacional. As obras principais deste período são: A Batalha do Avaí de Pedro
Américo e A Batalha de Guararapes de Victor Meirelles.
LITERATURA
Foi através da poesia lírica que o romantismo ganhou formato na literatura dos séculos
XVIII e XIX. Os poetas românticos usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras,
frases diretas e comparações. Os principais temas abordados eram: amores platônicos,
acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus mistérios. As principais obras românticas
4. são: Cantos e Inocência do poeta inglês William Blake, Os Sofrimentos
do Jovem Werther e Fausto do alemão Goethe, Baladas Líricas do
inglês William Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França,
destaca-se Os Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de
Alexandre Dumas.
Literatura romântica brasileira
No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se principalmente nos
gêneros romance e poesia. O romance estava em ascensão na Europa
e não tardou a fazer sucesso também por aqui. Inúmeros jornais e
folhetins traziam em suas páginas as belas traduções de romances europeus de cavalaria ou
de amores impossíveis. Logo, toda uma gama de jovens escritores brasileiros interessou-se
pelo gênero e especializaram-se nesse tipo de literatura.
A poesia brasileira se desenvolveu no Brasil de uma forma muito criativa e rica em
temas e imagens, apesar de muitas vezes não passar de mera influência ou cópia de poetas
europeus. Podemos dividir toda essa gama de temas em três importantes fases.
1ª Geração - conhecida também como nacionalista ou indianista, pois os escritores desta fase
valorizaram muito os temas nacionais, fatos históricos e a vida do índio, que era apresentado
como “bom selvagem" e, portanto, o símbolo cultural do Brasil. Destaca-se nesta fase os
seguintes escritores: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre e
Teixeira e Souza.
2ª Geração - conhecida como Mal do século, Byroniana ou fase ultra-romântica. Os escritores
desta época retratavam os temas amorosos levados ao extremo e as poesias são marcadas
por um profundo pessimismo, valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e
da sociedade. Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. Podemos destacar os
seguintes escritores desta fase: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.
3ª Geração - conhecida como geração condoreira, poesia social. Textos marcados por crítica
social. Castro Alves, o maior representante desta fase, criticou de forma direta a escravidão
no poema Navio Negreiro.
MÚSICA
Na música ocorre a valorização da liberdade de
expressão, das emoções e a utilização de todos os recursos
da orquestra. Os assuntos de cunho popular, folclórico e
nacionalista ganham importância nas músicas. As primeiras
evidências do romantismo na música aparecem com
Beethoven. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma
música com temática profundamente pessoal e
interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para
piano também, entre as quais é possível citar a Sonata
Patética.
Podemos destacar como músicos deste período:
Ludwig van Beethoven (suas últimas obras são
consideradas românticas), Franz Schubert, Carl Maria von
Weber, Felix Mendelssohn, Frédéric Chopin, Robert Beethoven
Schumann, Hector Berlioz, Franz Liszt e Richard Wagner.
Na ópera, os compositores mais notáveis foram Verdi e Wagner. O primeiro procurou
escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico O segundo enfocava
5. histórias mitológicas. Mais tarde na Itália o romantismo na ópera se desenvolveria ainda mais
com Puccini.
Música Romântica no Brasil
A emoção, o amor e a liberdade de viver são os valores retratados nas músicas desta
fase. O nacionalismo, nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os
músicos. O Guarani de Carlos Gomes é a obra musical de maior importância desta época.
TEATRO
Na dramaturgia o romantismo se manifesta valorizando a religiosidade, o
individualismo, o cotidiano, a subjetividade e a obra de William Shakespeare. Os dois
dramaturgos mais conhecidos desta época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo
também merece destaque, pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos
destacar o teatro de Almeida Garrett.
Em 1838, no Brasil, é encenada a primeira tragédia de Gonçalves de Magalhães:
Antônio José, ou o Poeta e a Inquisição. Também podemos destacar a peça O Noviço de
Martins Pena.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo
http://www.suapesquisa.com/romantismo/romantismo.htm
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/romantismo/romantismo
http://www.brasilescola.com/literatura/caracteristicas-romantismo.htm