Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
O que é literatura de cordel
1. O QUE É LITERATURA DE CORDEL É história contada em versos
Jorge Marcos de Oliveira1 Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Responder esta pergunta não Feita pra ler ou cantar
é tarefa das mais fáceis. É extremamente (...)
difícil encontrar uma resposta que O cordel é uma expressão
satisfaça a todos os estudiosos do tema. Da autêntica poesia
Encontramos diversas formas de definir Do povo da minha terra
o que é Literatura de Cordel, também Que luta pra que um dia
conhecida por folhetos de feiras, "folhas Acabem a fome e miséria,
volantes" ou "folhas soltas" ou ainda Haja paz e harmonia.5
literatura de cego2. Uma delas é de
autoria de Marco Haurélio 3, que assim a Literatura de Cordel é, como
define é: qualquer outra forma artística, uma
manifestação cultural. Por meio da
“a poesia popular impressa e escrita são transmitidas as cantigas, os
herdeira do romanceiro poemas e as histórias do povo — pelo
tradicional, da literatura próprio povo.6 É uma modalidade
oral (em especial dos contos impressa de poesia, original do Nordeste
populares, com do Brasil, que já foi muito estigmatizada,
predominância dos contos de mas hoje em dia é bem aceita e
encantamento)”. respeitada7, possuindo, inclusive uma
Academia Brasileira de Literatura de
Francisco Diniz4 recorre ao Cordel, fundada em 1988 8. Segundo Ana
formado de cordel para definir, segundo Paula Araujo9,
seu ponto de vista o que é Literatura e
Cordel: “devido ao linguajar
despreocupado,
Literatura de Cordel regionalizado e informal
É poesia popular, utilizado para a composição
dos textos essa modalidade
1
Jorge Marcos de Oliveira. Professor de História
da Rede Pública e Privada de Ensino. Coautor
de “De Massaranduba a Industrial” e “Os 5
Este texto faz parte do Cd Literatura de Cordel
6
Símbolos Municipais”, entre outros. http://www.lendo.org/o-que-e-literatura-de-
2
21 de março de 2013
Esta nomenclatura é devido a uma lei cordel-autores-obras/
7
promulgada por Dom João V, autorizando o Araújo, A. Ana Paula de in
comércio dos folhetos pela Irmandade dos http://www.infoescola.com/literatura/literatura-
Homens Cegos de Lisboa. de-cordel/
3 8
Cordelista e pesquisador da Cultura Popular Concebida por Gonçalo Ferreira da Silva,
Brasileira. Coordena pela editora Nova cearense de Ipu, poeta com raízes eruditas e
Alexandria, a Coleção Clássicos em Cordel. populares. A Academia acabou se fundindo
Literatura de Cordel: Tradição e modernidade com a Casa de Cultura São Saruê, criada pelo
in General Humberto Pelegrino, e incorporou ao
http://www.recantodasletras.com.br/cordel/181 seu acervo preciosidades hoje à disposição de
1
7119. Acessado em 27 de agosto de 2012. estudiosos e entusiastas do cordel.
Página
4 9
Francisco Diniz. O que é Literatura de Cordel? Araújo, A. Ana Paula de in
In http://literaturadecordel.vila.bol.com.br. http://www.infoescola.com/literatura/literatura-
Acessado em 27 de agosto de 2012. de-cordel/
2. de literatura nem sempre foi ilustradas pelos artistas responsáveis
respeitada”. pela xilogravura no cordel.
A Literatura de Cordel faz
Encontramos esta outra parte do folclore, da cultura popular.
definição de Literatura de Cordel: Para a Comissão Nacional do Folclore
(1995) Cultura Popular e Folclore são
“literatura de cordel é um entendidos como sinônimo. Pode ser
assim definida: “conjunto das criações
tipo de poesia popular,
culturais de uma comunidade, baseado
originalmente oral, e depois nas suas tradições expressas individual
impressa em folhetos ou coletivamente, representativo de sua
identidade social” 11
rústicos ou outra qualidade
Luis da Câmara define o
de papel, expostos para folclore como “[...] a cultura do popular,
venda pendurados em cordas tornada normativa pela tradição”.
Portanto, para o autor o folclore é a
ou cordéis, o que deu origem
própria cultura popular 12.
ao nome que vem lá de Cristiane Nepomuceno assim
Portugal, que tinha a se posiciona quanto cultura popular:
tradição de pendurar
“cultura popular que
folhetos em barbantes”10. perpassa a tradição e possui
característica dinâmica e
transformadora. Na cultura
Diferentemente de outras
que ao passo que se
formas de literatura, o cordel é derivado moderniza e se transforma,
da tradição oral. Isto é, surge da fala também não esquece suas
comum das pessoas, e também das raízes: À própria cultura
histórias como contadas por elas, e não popular e ao povo cabe
como fixadas no papel. A literatura
11
nasceu oral e foi assim durante muito COMISSÃO NACIONAL DE FOLCLORE.
Carta do folclore brasileiro. Salvador: [s.n.],
tempo. 1995, 1 In: BRASIL. Ministério da Educação.
Fundação Joaquim Nabuco. Disponível em:
Com a diversidade de <http://www.fundaj.gov.br/geral/folclore/carta.
pdf>. Citado por ASSIS, Regiane Alves de;
assuntos que aborda e com uma TENÓRIO, Carolina Martins; BARBOSA,
21 de março de 2013
linguagem poético-visual, o folheto de Cleiton Garcia Literatura de cordel como fonte
de informação. Ver CRB-8 Digital, São Paulo,
cordel atrai olhares e é – ou foi - fonte de v. 5, n. 1, p. 3-21, jan. 2012 |
inspiração para grandes escritores. A http://revista.crb8.org.br. Acessado em 28 de
admiração entre cordel e grandes autores agosto de 2012.
12
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do
é recíproca. Clássicos da literatura folclore brasileiro. 11.ed. São Paulo: Global,
mundial já podem ser lidos em 2001., p. 240. Citado por ASSIS, Regiane
adaptações produzidas por cordelistas e Alves de; TENÓRIO, Carolina Martins;
BARBOSA, Cleiton Garcia Literatura de
2
cordel como fonte de informação. Ver CRB-8
Página
10
Literatura do Cordel. Digital, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 3-21, jan. 2012
http://aracajumaisbela.no.comunidades.net/inde | http://revista.crb8.org.br. Acessado em 28 de
x.php?pagina=1063035625 agosto de 2012.
3. reinventar, recriar e galanteios para, quase sempre agradar
ressignificar o seu saber e o aos poderosos.14
seu saber-fazer. Revelar a Posteriormente, esses artistas
todos que seu universo vai
começaram a registrar suas falas em
além da conservação,
preservação ou resgate, folhas soltas, prendendo-as em torno do
tampouco pré-moderna e corpo em barbantes para que as
atrasada. Necessário se faz recitassem e, ao mesmo tempo,
apreender a cultura popular garantissem as mãos livres para os
como resultado de momentos movimentos.15 Esses autores,
históricos específicos e denominados de trovadores, geralmente,
consequentemente dinâmica,
quando as declamava, eram
apta a apropriar-se das
práticas culturais mais acompanhados por uma viola, que eles
diversas e adaptá-las ao seu mesmos tocam.16 Eles “se apresentavam
cotidiano”.13 para o povo e falavam da cultura popular
da localidade, dos acontecimentos mais
Dentre as diferentes falados nas redondezas, de amor, etc.”
expressões da cultura popular, podemos Segundo Érica Georgino 17, o
incluir a Literatura de Cordel.
verbete "cordel" apareceu apenas em
ORIGEM DA LITERATURA DE 1881, registrado no dicionário português
CORDEL Caldas Aulete. Era sinônimo de
publicação de baixo valor e prestígio,
Quando surgiu a Literatura como as que na época eram vendidas
de Cordel? Eis outra difícil pergunta a penduradas em cordões na porta das
ser respondida. livrarias - esses "varais" de literatura
Para alguns, as origens do logo caíram em desuso, mas o nome
cordel nos remete a Idade Média. A prevaleceu.
origem dos cordéis são as cantigas dos O termo “literatura de
trovadores medievais, que comentavam cordel” foi cunhado pela primeira vez
as notícias da época usando versos, que pelo pesquisador francês Raymond
eles próprios cantavam. Esta forma Cantel “para designar os folhetos da
literária era muito praticada pelos literatura popular, vendidos nas feiras
trovadores, que declamavam louvações e populares, pendurados em pequenas
cordas, cordinhas, cordões”.18
13 14
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NEPOMUCENO, Cristiane Maria. O jeito Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da
nordestino de ser globalizado. 2005, p. 31. Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
193 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais)– Ver Como surgiu a literatura de cordel de Érica
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Georgino.
15
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Como surgiu a literatura de cordel de Érica
Natal, 2005. Disponível em: Georgino.
16
<http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado//tde Araújo, A. Ana Paula de in
_busca/ arquivo.php?codArquivo=149>. Citado http://www.infoescola.com/literatura/literatura-
por ASSIS, Regiane Alves de; TENÓRIO, de-cordel/
17
Carolina Martins; BARBOSA, Cleiton Garcia Ver Como surgiu a literatura de cordel de
3
Literatura de cordel como fonte de informação. Érica Georgino.
Página
18
Ver CRB-8 Digital, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 3- Dicionário Brasileiro de Literatura de Cordel
21, jan. 2012 | http://revista.crb8.org.br. (2005, p. 45 apud VASQUEZ, 2008, p. 11).
Acessado em 28 de agosto de 2012. Citado por ASSIS, Regiane Alves de;
4. multidões onde ali se estaria narrando, a
O CORDEL NO BRASIL modo de reportagem, algum feito
heroico, alguma novidade espetacular.
A literatura de cordel é hoje Desde os tempos medievais,
uma das mais importantes manifestações mesmo nos pequenos vilarejos, existia ,
da literatura popular brasileira. O cordel pelo menos um dia da semana, quando
está presente em todo o Brasil, mas é no se realizavam as tocas de mercadorias –
nordeste que mostra sua força. Aqui o as feiras. Era justamente nessas ocasiões,
cordel fincou suas raízes e floresceu. que, “um grande número de pessoas se
Não resta a menor dúvida entre os dirigia à cidade, e ali os camponeses
estudiosos que foram os portugueses os vendiam seus produtos, os comerciantes
responsáveis pela introdução da ofereciam suas mercadorias e artistas se
Literatura de Cordel no Brasil. No apresentavam para a multidão”. Em
Brasil, a literatura de cordel é produção meio as transações comerciais surgia o
típica do Nordeste. Por volta de 1750, artista querido por muitos – o trovador
apareceram os primeiros poetas ou menestrel, que logo começavam a
populares que narravam sagas em contar histórias de todo tipo: de
versos, visto que a maioria desse povo, aventuras, de romance, de paixões e
sequer sabia ler e as histórias eram lendas de reis valentes.
decoradas e recitadas nas feiras ou nas Ao final da performace, da
praças19. apresentação, a plateia agradecida,
Foi no Nordeste, desde a recompensava o artista, jogando moedas
época da colonização, distante dos dentro do estojo do instrumento musical
centros do litoral, abandonado pelas do artista (alaúde). O trovador, satisfeito,
autoridades, dominado pelos grandes agradecia e partia em direção a outra
proprietários de terras – os fazendeiros e cidade ou da próxima feira.20
senhores de engenhos, onde as leis, as
normas, os valores e costumes eram Segundo Paulo Moura21,
ditados por eles. Esse foi o cenário ideal
para se talhado o homem nordestino – “o ano de 1830 é
valente e destemido. considerado historicamente,
O nordestino absorveu do o ponto de partida da poesia
colonizador europeu a poesia e a prosa popular nordestina. Tendo
transformado em discurso em meio às como seus primeiros
21 de março de 2013
divulgadores os poetas
TENÓRIO, Carolina Martins; BARBOSA, Ugolino de Sabugi e seu
Cleiton Garcia Literatura de cordel como fonte irmão Nicandro, filhos do
de informação, p.11. Ver CRB-8 Digital, São não menos famoso
Paulo, v. 5, n. 1, p. 3-21, jan. 2012 |
http://revista.crb8.org.br. Acessado em 28 de
20
agosto de 2012. Fábio Sombra. “Proseando Sobre Cordel”.
19
Literatura de Cordel. Poesia popular Extraído do Blog Cultura Nordestina.
21
característica do Nordeste in Pedagogia & Ver Blog Educar com Cordel de Paulo Moura
4
Comunicação, p. 3 in in
Página
http://educacao.uol.com.br/cultura- http://portaldopajeu.com/index.php/cultura/42-
brasileira/literatura-de-cordel-1-poesia- cultura/358-origem-da-literatura-de-
popular-caracteristica-do-nordeste.jhtm cordel.html
5. Agostinho Nunes da Costa A literatura de cordel como
Teixeira. Estes, os primeiros um meio de comunicação, retrata a
cantadores da poesia de pé cultura do povo nordestino através da
de parede e dos contos que expressão de seus valores, convidando a
se faziam acompanhar com o refletir acerca da realidade da sociedade
repique da viola, da rabeca, em que vivemos, possibilitando a
do pandeiro ou até mesmo inserção de ideias e dessa maneira
do ganzá”. influencia e modifica o leitor por meio
de seus folhetos25. A literatura de cordel
Outros afirmam que “as evoluiu, passando da comunicação oral
honras de "pai" da literatura de cordel para a comunicação escrita, e atualmente
brasileira cabem ao paraibano Leandro modificou a forma de se comunicar com
Gomes de Barros, que começou a seus leitores, se desprendendo de seu
imprimir livretos e alcançou o mérito, suporte tradicional, o folheto, e indo para
digno de poucos poetas, populares ou o mundo digital26.
não, de sustentar a família apenas com
os dividendos das centenas de títulos A incorporação dessas novas
lançados”. 22 tecnologias tem garantido “a
sobrevivência dos cordelistas, que não
Com as primeiras dependiam mais de um único suporte
publicações, a literatura de cordel se para a produção de sua arte”27. Esta nova
transformou na coqueluche do nordeste,
alcançando quase todos os estados 25
SILVA, Silvio Profirio da et. al. Literatura de
nordestinos em particular e os de todo o cordel: linguagem, comunicação, cultura,
país, de certa forma.23 Um dos primeiros memória e interdisciplinaridade. Raídos,
Dourados, MS, v. 4, n. 7, p. 303-322, jan./jun.
cordéis de sucesso foi A Guerra de 2010. Citado por ASSIS, Regiane Alves de;
Canudos, em que o conflito de 1896 e TENÓRIO, Carolina Martins; BARBOSA,
Cleiton Garcia Literatura de cordel como fonte
1897, opondo Antônio Conselheiro ao de informação, p.9. Ver CRB-8 Digital, São
Exército brasileiro.24 Paulo, v. 5, n. 1, p. 3-21, jan. 2012 |
http://revista.crb8.org.br. Acessado em 28 de
agosto de 2012.
LITERATURA DE CORDEL COMO 26
SILVA, 2010, p. citado por ASSIS, Regiane
MEIO DE COMUNICAÇÃO Alves de; TENÓRIO, Carolina Martins;
BARBOSA, Cleiton Garcia Literatura de
cordel como fonte de informação, p.9. Ver
CRB-8 Digital, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 3-21,
22
21 de março de 2013
Ver Como surgiu a literatura de cordel de jan. 2012 | http://revista.crb8.org.br. Acessado
Érica Georgino. em 28 de agosto de 2012.
23 27
Ver Blog Educar com Cordel de Paulo Moura DINIZ, Madson Góis. Do folheto de cordel
in para o cordel virtual: interfaces hipertextuais da
http://portaldopajeu.com/index.php/cultura/42- cultura popular. Hipertextus: revista digital. v.
cultura/358-origem-da-literatura-de- 1. 2007. Disponível em:
cordel.html <http://www.hipertextus.net/volume1/artigo11-
24
O tema foi “retratado em versos por João madson-gois.pdf>. Citado por ASSIS, Regiane
Melquíades Ferreira da Silva, que fora soldado Alves de; TENÓRIO, Carolina Martins;
naquelas batalhas e se tornaria um grande BARBOSA, Cleiton Garcia Literatura de
5
nome da primeira geração de cordelistas cordel como fonte de informação. 9. Ver CRB-
Página
brasileiros”. Citado por Érica Gregorino em 8 Digital, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 3-21, jan.
Como surgiu a Literatura de Cordel. Acessado 2012 | http://revista.crb8.org.br. Acessado em
em 27 de agosto de 2012. 28 de agosto de 2012.
6. forma de se comunicar e manter viva a Humorísticos e picarescos (os mais
tradição do cordel também permitem que populares); Exemplos morais (deixam
surjam novos autores e novas formas de uma lição); Pelejas (relatos de cantorias
colaboração. As famosas pelejas dos entre repentistas. Os textos são frutos da
folhetos de cordel foram incorporadas no imaginação do cordelista); Folhetos de
meio digital e não perderam seu discussão (apresentam dois pontos de
dinamismo, e seus leitores podem vista sobre uma mesma questão) e
acompanhar tanto o resultado final desse conselhos, profecias, cachorradas,
embate. descaração, política, educação e aqueles
feitos sob encomenda.29 Com o advento
OS TEMAS dos meios de comunicação de massa, os
astros da TV também passaram a
O que os cordelistas falam aparecer como personagens de cordel.
em seus folhetos? Na literatura de cordel
nordestina há uma grande variedade de
temas, tradicionais ou contemporâneos,
que refletem a vivência popular, desde
os problemas atuais até a conservação de
narrativas inspiradas no imaginário
ibérico. Portanto, os temas são os mais
variados.
Eis alguns temas: Romances
(histórias de amor não correspondido,
virtudes ou sacrifícios); Histórias
mágicas e maravilhosas (histórias da
carochinha, que falam de príncipes,
Acervo da Cordelteca “João
fadas, dragões e reinos encantados); Firmino”
Histórias ligadas ao cangaço e a tema
religioso (apresentam o imaginário
nordestino ligado a figuras como
Lampião); Noticiosos (funcionam como
jornais) 28; Histórias de valentia
(apresentam personagens lendários na
21 de março de 2013
região); Anti-heróis (falam de
nordestinos que vencem mais pela
esperteza do que pela força);
28
Como no Nordeste, no início do século XIX
não havia jornais, rádio ou televisão, os cordéis
passaram a falar também sobre os
29
acontecimentos recentes. Ver De que nos fala a Ver Blog Educar com Cordel de Paulo Moura
6
literatura de cordel? in
Página
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/ima http://portaldopajeu.com/index.php/cultura/42-
ges/atividadespedagogicas/atividade-literatura- cultura/358-origem-da-literatura-de-
de-cordel.pdf cordel.html
7. Segundo Mark J. Curran31 os
folhetos cumpriram o papel de jornal e
novela do povo sertanejo, exerceram a
função de ao mesmo tempo informar e
entreter, em muitos momentos
integrando à vida nacional populações
que ainda não haviam sido atendidas
pelos serviços tradicionais de
comunicação.
Na opinião de Raymond
32
Acervo da Cordelteca “João Cantel , o nosso cordel "o mais
Firmino” importante, no sentido quantitativo, entre
as literaturas populares do mundo" em
função da quantidade de livretos
publicados.
A XILOGRAVURA
A xilogravura foi adotada
pela Academia Brasileira de Literatura
de Cordel como a ilustração por
excelência dos folhetos de cordel. Ela é a
ilustração mais característica, mas não a
única.
Como diz Marco Haurélio,
Acervo da Cordelteca “João
Firmino” “a ilustração não nasceu com o cordel.
As primeiras publicações não utilizavam
No século XX, marcado capas ilustradas. Nas primeiras
pelas inovações tecnológicas, novas publicações eram usadas as chamadas
formas de comunicação entre as pessoas, “capas cegas”, sem qualquer ilustração”.
“o teor da literatura de cordel jamais
parou de se desenvolver. Os versos não
21 de março de 2013
Literatura de Cordel. Acessado em 27 de
abandonaram o tom matuto, o diálogo do agosto de 2012.
31
Mark J. Curran. Retrato do Brasil em Cordel.
sertanejo com suas crenças, suas Citado por Érica Gregorino em Como surgiu a
percepções e seus dilemas cotidianos, Literatura de Cordel. Acessado em 27 de
agosto de 2012.
embora ao longo das décadas a realidade 32
Segundo Érica Gregorino, Raymond Cantel é
do povo nordestino mudasse e muitos autoridade internacional no tema. Chegou ao
autores e leitores partissem, em ondas Brasil na década de 1950 para pesquisas de
campo, tornou-se um dedicado colecionador
migratórias, para o centro-sul do país”. 30
7
das histórias e introduziu seu estudo na
Página
Universidade de Sorbonne, em Paris. Ver Érica
30
Mark J. Curran. Retrato do Brasil em Cordel. Gregorino in Como surgiu a Literatura de
Citado por Érica Gregorino em Como surgiu a Cordel. Acessado em 27 de agosto de 2012.
8. As editoras preferiam os desenhos e os acervo. Cabe a toda a Biblioteca e ao
clichês de cartões postais e com fotos de “profissional bibliotecário disponibilizar
artistas de Hollywood.33 e divulgar este tipo de literatura,
demonstrando seu valor e importância. A
presença da literatura de cordel na
biblioteca contribui não só para a
valorização de seu conteúdo informativo,
mas também de seu autor”34.
Desde 2013 funciona no
térreo da Biblioteca Clodomir Silva no
bairro Siqueira Campos, a primeira
Cordelteca do Estado de Sergipe. A
iniciativa foi do cordelista Gilmar
Santana Ferreira. Trata-se de uma
pequena sala onde abriga um minúsculo
acervo cordelista sergipano bem como a
biografia e foto de 36 cordelistas
Exemplo de Xilogravura. Acervo da Cordelteca
sergipanos ou radicalizado aqui.
“João Firmino”
REPENTISTA X CORDELISTA
Por conta desta
musicalidade, o cordel é constantemente
confundido com o repente. É sempre
bom lembrar que repentista não é
cordelista, e cordelista não é repentista.
Repentista pode ser cordelista, e vice-
versa. Mas não é regra. Têm-se registros
Interior da Cordelteca “João Firmino” na
de repentistas que se aventuram com Biblioteca “Clodomir Silva”
sucesso pela literatura de cordel, apesar
de raros nos dias atuais, existem. A este espaço foi dado o
CLODOMIR SILVA E A nome de “Cordelteca João Firmino
CORDELTECA Cabral”, “conhecido por ser o maior
21 de março de 2013
cordelista do estado de Sergipe em
Embora seja a literatura de atividade. Ele cresceu ouvindo e lendo as
cordel potencial fonte de informação e histórias escritas pelo pai. É dele a
um meio de comunicação de linguagem missão de abrir todas as manhãs a única
acessível, ainda são poucas as
bibliotecas que possuem folhetos em seu 34
ASSIS, Regiane Alves de; TENÓRIO,
Carolina Martins; BARBOSA, Cleiton Garcia
8
33
Literatura de Cordel: Tradição e modernidade Literatura de cordel como fonte de informação,
Página
in p. 18. Ver CRB-8 Digital, São Paulo, v. 5, n. 1,
http://www.recantodasletras.com.br/cordel/181 p. 3-21, jan. 2012 | http://revista.crb8.org.br.
7119. Acessado em 27 de agosto de 2012. Acessado em 28 de agosto de 2012.
9. barraca do Mercado Antônio Franco 35 no João Firmino Cabral38
centro de Aracaju, destinada a literatura BIBLIOGRAFIA BÁSICA
de cordel. João Firmino é natural de
Itabaiana, nascido no ano de 1940. ACOPIARA, Moreira de. Cordel em
Aprendeu a ler praticamente sozinho, arte e versos. Xilogravuras de
ouvindo as leituras do seu mestre Erivaldo Ferreira da Silva. São
Manoel D’Almeida Filho. Aos dezessete Paulo: Acatu, 2009.
anos escreveu seu primeiro folheto, uma ______. O que é cultura popular.
Xilogravura de Erivaldo da Silva.
profecia do Padre Cícero.36
São Paulo: [s.n], 2006.
AMORIM, Maria Alice. Existe um
João Firmino há 55 anos tem novo cordel?: Imaginário,
procurado elevar a cultura nordestina. tradição, cibercultura. [2008?].
Possui mais de 200 obras publicadas e Acervo Maria Alice Amorim:
tem grande reconhecimento fora do catálogo de literatura de cordel.
estado. Reina uma certa mágoa, pois, Acesso em: 25 out. 2011.
Disponível em: <
sendo filho ilustre da terra sente muito
http://www.cibertecadecordel.com.
pela desvalorização do povo de Sergipe. br/pdf/existeumnovo cordel.pdf>.
“A gente aqui vende mais para turista, o ÂNGELO, Assis. As origens do cordel.
pessoal daqui mesmo não leva muito, só In:______. Presença dos
estudantes de escolas ou cordelistas e cantadores
universidades”. 37 repentistas em São Paulo. São
Paulo: IBRASA, 1996.
______. Uma breve história do cordel.
Xilo: Nireuda. São Paulo: [s.n.],
[2003].
ARANTES, Antonio Augusto. O que é
cultura popular. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
ASSIS, Regiane Alves de.; TENÓRIO ,
Carolina Martins; BARBOSA,
Cleiton Garcia Literatura de cordel
como fonte de informação.
Trabalho de conclusão de curso da
Faculdade de Biblioteconomia e
Ciência da Informação da
Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo (FESPSP)
21 de março de 2013
sob orientação da Profª Dra. Tânia
Callegaro e coordenação da Profº
Dra. Maria Ignês Carlos Magno.
CRB-8 Digital, São Paulo, v. 5, n.
35
Horário de funcionamento: das 09 ás 17 1, p. 3-21, jan. 2012 |
horas. http://revista.crb8.org.br. Acessado
36
em 28 de agosto de 2012.
http://reporterpontocom.wordpress.com/2011/04/
9
30/o-cordel-em-sergipe/
Página
37
http://reporterpontocom.wordpress.com/2011/04/ 38 Acervo da Cordelteca – Biblioteca Clodomir
30/o-cordel-em-sergipe/ Silva
10. BRANDÃO, Adelino. Crime e castigo HAURÉLIO, Marco; SÁ, João Gomes
no cordel: (crime e pena no de. O cordel: sua história, seus
folheto de cordel e no romanceiro valores. Revista Cultura Crítica,
folclórico do Brasil). Rio de São Paulo, p. 17-21, jul./dez. 2007.
Janeiro: Presença, 1991. KUNZ, Martine. Cordel, criação
CASA NOVA, Vera L. C. Cordel e mestiça. Revista Cultura Crítica,
biblioteca. R. Esc. Bibliotecon. São Paulo, p. 26-31, jul./dez. 2007.
UFMG, Belo Horizonte, v. 1, n. LUCIANO, Aderaldo. Literatura de
11, p. 7-13, mar. 1982. cordel, literatura brasileira.
CASCUDO, Luís da Câmara. Revista Cultura Crítica, São
Dicionário do folclore brasileiro. Paulo, p. 32-37, jul./dez. 2007.
11. Ed. São Paulo: Global, 2001. LUYTEN, Joseph M. O que é literatura
CHAUI, Marilena. Introdução, como de de cordel. São Paulo: Brasiliense,
praxe. In:______. Conformismo e 2007. (Coleção Primeiros Passos;
resistência: aspectos da cultura 317).
popular no Brasil. São Paulo: MATOS, Edilene. Literatura de cordel: a
Brasiliense, 1996. escuta de uma voz poética. Revista
CLÁSSICOS rimados: obras célebres Cultura Crítica, São Paulo, p. 8-
como “Os miseráveis” e “O 14, jul./dez. 2007.
alienista” ganham versões de MELO, Veríssimo. Literatura de cordel:
cordel. Folha de S. Paulo, São visão histórica e aspectos
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