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O Cordel e a mudança da Capital de Sergipe

                                                                        Jorge Marcos de Oliveira1

           Outro dia, pediram-me para falar sobre a mudança da capital de Sergipe!
Fique a pensar o que ou de que falaria eu para homenagear a cidade que mim acolher
em 1978, e vi crescer e transformar-se.

            Visitando a Cordelteca “João Firmino”, recentemente falecido, deparei-me
com três cordéis falando, do seu jeito, dessa cidade. São eles: “História de Aracaju” 2 de
Pedro Amaro do Nascimento; “Aracaju no Passado” de Leopoldo Moreira Andrade e
“Aracaju em verso e trovas” do Grupo de Convivência da secretária Municipal de
Assistência Social e Cidadania.

Local da nova capital

            No cordel de Pedro Amaro do Nascimento3 ele fala do local para onde foi
transferida a capital:

                    “Nossa linda Aracaju/situada ao litoral/Na Colina Santo Antonio/Onde havia um
                    Arraial/De homens trabalhadores/Destes bravos pescadores/Surgiu nossa
                    Capital!”. Na estrofe seguinte fala do significado da palavra Aracaju: “Aracaju é a
                    mistura/De Arara e caju”.4

            Vale ressalta que o quadro geral do local onde hoje está Aracaju, era bem
diferente deste nossa linda Aracaju: “O local da cidade era uma região insalubre e sua ocupação
foi uma luta contra o pântano, o riacho, pequenos lagos, mangues e lagoas, com águas estagnadas,
causadoras das famosas febres do Aracaju” e que teria vitimado o próprio presidente Inácio
Barbosa.

          Para a cidade crescer e torna-se grande, grandes mudanças foram operadas
em sua fisionomia. “Aterram os manguês e lagoas, destruíram dunas”. As
consequências desse crescimento descontrolado têm provocado danos ao meio ambiente
que somente agora começa a ser sentido. Diz o cordel popular:




1
  Técnico em Assuntos Historiográfico. Servido Público Municipal desde 1988. Professor das Redes
  Pública e Privada de Ensino. Contatos e críticas: oliveira.jorgemarcos@yahoo.com ou
  oliveira.jorgemarcos1962@hotmail.com
2
  Cordel publicado em 2006.
3
   Pedro Amaro do Nascimento, natural de Paudalho (PE), nasceu em 28 de junho de 1937.
  Profissionalmente é Técnico em Refrigeração Industrial. Instrutor do SENAI do Curso de Refrigeração
  e Ex-Instrutor do SENAC-SE, no curso de relações humanas. Dirigente sindical em prevenção de
  acidente (Fudacentro - Se). Autor e mais de 40 livros de Cordel; possuidor de 50 títulos – diplomas e
  certificados de cursos profissionalizantes, segurança do trabalho e poesia. Certificado de primeiro
  colocado no Primeiro Concurso de Literatura de Cordel de Aracaju realizado pela FUNCAJU.
  Participante como membro da comissão julgadora do II Festival Aracajuano de Violeiros Nordestinos,
  realizado pela Universidade Federal de Sergipe, SESC e FUNCAJU. Dados retirados no folheto
  “Suplício de um drogado” de 2003.
4
  NASCIMENTO, Pedro Amado. História de Aracaju. Aracaju, 2006, p. 1
Nem tudo é flores/O manguê está sumindo/Os governantes
                     ajudando/E a população contribuindo/5

A mudança. Os motivos

              Segundo Thiago Fragata,

                     “com a Mudança da Capital deu-se a falência da economia sancristovense uma vez
                     a maioria dos negócios dependia da elite burocrática. O êxodo para a Aracaju foi a
                     única alternativa para muitos. A insatisfação popular não se transformou em
                     revolta nem foi traduzida em mortes. A Câmara de Vereadores chegou a escrever
                     um protesto ao Imperador D. Pedro II, que visitou a cidade em janeiro de 1860, sem
                     efeito6.

            Não negando essa tese, diz Luis Antonio Barreto: Mudar a capital, portanto, foi
                                                                       7
uma opção técnica, com forte conotação política, apoiada pelo Império . Arremata o articulista
dizendo que:

                      “Aracaju nasceu, enfim, da coragem de um moço que teve a oportunidade de
                     governar Sergipe e de morrer pela sua idéia e seu feito. E de tal forma a opção era
                     técnica, sob os auspícios da geografia e da economia, que jamais foi abandonada
                     pelos sucessores de Inácio Joaquim Barbosa”8.


            Na quinta estrofe faz referencia ao presidente da Província na época da
transferência da capital, Inácio Joaquim Barbosa 9 (1853-1855):

                     “Em toda região leste/Houve um plano pra mudar/Dr. Inácio Barbosa/Começou a
                     trabalhar/Promoveu as equipe/Pra Capital de Sergipe/Sair pra outro lugar”.10

             Pergunta-se sempre qual a motivação maior que teria levado Inácio Babosa
a transferir a Capital de São Cristovão para Aracaju. Respondendo a esta indagação,
Pedro Amado, sexta estrofe, fala do principal ideal da mudança da capital sergipana:

                     “A tendência de mudar/Foi imediatamente/Em 17 de março/Foi sancionada,
                     urgente/Porque o grande ideal/Era deixar a Capital um Porto independente”.11




5
  GRUPO de Convivência da Secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania. Aracaju em versos
   e trovas, p.9.
6
  FRAGATA, Thiago. Mudança da Capital e a lição de João Bebe Água. Palestra concedida na primeira
   edição       do       Ciclo      de      Palestras       “Conhecendo        nossa      História”      in
   http://thiagofragata.blogspot.com.br/2009/03/mudanca-da-capital-e-licao-de-joao-bebe.html. Acessado
   em 13.mar.2013.
7
           BARRETO,            Luis       Antonio.         Fragmentos          da        História       (I).
   http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=32882&titulo=Luis_Antonio_Barreto/Acesado
   em 13.mar.2013
8
  Ibid.
9
  Inácio Joaquim Barbosa, nascido no Rio de Janeiro em 1821, formado em Direito pela Faculdade de São
   Paulo, foi Juiz Municipal, funcionário público, Secretário da Província do Ceará, suplente de Deputado
   Federal. Governou Sergipe de 1853 a 1856)
10
   NASCIMENTO, Pedro Amado. História de Aracaju. Aracaju, 2006, p. 2
11
   Ibid, p. 2
A falta de uma infraestrutura na região do Vale do Vaza Barris foi o mote da
transferência. Vejamos. Thiago Fragata afirma que, “alegando a dificuldade de escoamento da
cana-de-açúcar produzida na região do Vaza-Barris uma vez que o rio Paramopama era raso e não
permitia navegação de embarcações de grande porte; alegando também a dificuldade de transporte, pois
a distância entre o Porto das Pedreiras e a Mesa de Rendas era de 9 km, o que encarecia o produto,
Inácio passou a defender a Mudança da Capital”.12


Reação a mudança.

          A principal reação a atitude mudancista da capital coube a João Bebe Água,
nome popular do comerciante João Nepomuceno Borges13. Dizem alguns cronistas que
ele teria
                    “juntando voluntários para impedir o traslado dos cofres públicos, viu seu plano
                    esvaziado, foi ridicularizado como patriota louco e maltrapilho pelos agentes da
                    manobra política”.14

Plano Urbano

              Até então, as cidades existentes antes do século XVII adaptavam-se às
respectivas condições topográficas naturais, estabelecendo uma irregularidade no
panorama urbano. O engenheiro Pirro contrapôs essa irregularidade e Aracaju foi, no
Brasil, um dos primeiros exemplos de tal tendência geométrica 15.
            Na página cinco e seis Pedro Amado faz menção ao autor do plano
urbanístico da nova capital e seu autor:

                    “Aracaju teve assim,/Grande plano promissor/Sebastião Basílio Pirro/Projetista e
                    construtor/Por ordem do Presidente/Seguiu da “Rua da Frente”/À Ponte do
                    Imperador”.16

                     “Esse grande construtor/Trabalhou bonito e fez/A cidade Esquadrejada/Toda em
                    forma de xadrez/Começou lá na Colina/Que hoje se denomina/Santo Antonio, o
                    português”.17


12
   FRAGATA, Thiago. Mudança da Capital e a lição de João Bebe Água. Palestra concedida na primeira
   edição do Ciclo de Palestras “Conhecendo nossa História” in
   http://thiagofragata.blogspot.com.br/2009/03/mudanca-da-capital-e-licao-de-joao-bebe.html. Acessado
   em 13.mar.2013
13
    João Nepomuceno Borges nasceu em São Cristóvão, no ano de 1823. Era filho do capitão Francisco
   Borges da Cruz e teve um irmão de nome Silvério da Costa Borges. Foi escrivão interino da Alfândega
   e Mesa de Rendas, de Santo Amaro. Com a transferência da Mesa de Rendas para Laranjeiras, foi
   nomeado amanuense interino, foi promovido ao cargo de “patrão-mor” da Mesa de Rendas da Barra da
   Cidade, hoje Barra dos Coqueiros. Foi vereador em 1864, fiscal da Câmara de Vereadores de São
   Cristóvão, por volta de 1872. Estes dados servem para refutar completamente a péssima imagem
   construída pelos adversários políticos desse sancristovense – loco e mendigo.
14
    FRAGATA, Thiago. Mudança da Capital e a lição de João Bebe Água. Palestra concedida na primeira
   edição       do       Ciclo      de       Palestras      “Conhecendo       nossa     História”     in
   http://thiagofragata.blogspot.com.br/2009/03/mudanca-da-capital-e-licao-de-joao-bebe.html. Acessado
   em 13.mar.2013
15
      http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/1780/aracaju---a-primeira-cidade-planejada-
   do-brasil.html
16
   NASCIMENTO, Pedro Amado. História de Aracaju. Aracaju, 2006, p. 5
O cordelista, Leopoldo Moreira Andrade 18, traça um perfil saudosista da
Capital. Fala do plano urbano da cidade:

                    “Quem olhasse seu traçado/Logo ficava convicto/É um tabuleiro de xadrez/Tão
                    linda e tão bonita/Dizia-lhe contemplando/É um veleiro de flor flutuando/Nas águas
                    do rio Sergipe.”19

Os meios de transporte

             Sobre o sistema de transporte diz Leopoldo:

                    “Os transportes eram os bondes/Para o povo transitar/Era um comboio de
                    dez/Duas pranchas auxiliar/Com mais oito jardineiras/Era uma frota de
                    primeira/Para o transito completar/Os bondes eram elétricos/Servia a
                    população/Cruzavam toda a cidade/Por toda sua extensão/Em cada bairro um fim
                    de linha/Se cumpria a disciplina/Duzentos reis por secção”.20

             Relembra os tempos dos cinemas:

                    “Os inesquecíveis cinemas/Que era a nossa paixão/Guarani e cine Rex/Rio Branco
                    e São João/São Francisco e Vitória/Não tinha dia e nem hora/As melhores
                    diversões/A Santa Cruz e Bomfim/Bons filmes eu assistir/Como Duelo ao
                    amanhecer/Quando a neve tornar a cair/Tinha o Palace e Aracaju/Satisfazia eu e
                    tu/E o cine Tupy.”21

Festas e diversões em Aracaju antiga

            Além dos cinemas, fala Leopoldo dos festejos natalinos, da “feirinha de
natal”, das retretas nas praças, dos desfiles dos grupos folclóricos, das festas juninas.
Assim ele retrata:

                    “Tinha as festas natalinas/Era uma maravilha/Na Praça Olimpio Campos/Reinava
                    muita alegria/Como era lindo ver as crianças/E a festa da infância/No Carrossel do
                    Tobias22

                    Sempre as bandas de músicas/Ia a festa abrilhantar/O povo ficava ouvindo/A
                    orquestra tocar/Aqueles dobrados lindos/E a multidão assistindo/As belas noites de
                    Natal23

                    Vinha os blocos folclóricos/Dar a sua contribuição/Catumbi, Guerreiro e
                    Reisado/Com tanta satisfação/Também se apresentava/E o povo apreciava/A
                    Chegança de Zé do Pão24


17
    Ibid, p. 6. Seu plano inicial compreendia o espaço de 540 braças de cada lado, ou seja, 1.188 metros,
   com quadras residenciais de 110 m2 e ruas com 70 palmos de largura, aproximadamente 18m.
18
     Nasceu em Capela (SE) em 20 de abril de 1920. Filho de Manoel Moreira de Andrade e Maria
   Juventina Andrade. Mora em Aracaju (bairro Siqueira Campos). Ex-carroceiro e aposentado
   atualmente. É membro do Conselho Municipal da Terceira idade. Dados retirados do Cordel “Aracaju
   no Passado”. Aracaju, Funcaju/SEMASC, sd.
19
    ANDRADE, Leopoldo Moreira. Aracaju no Passado. Aracaju, Funcaju/SEMASC, sd, p. 3
20
    Ibid, p. 4.
21
    Ibid, p. 6
22
    Ibid, p. 8
23
    Ibid, p. 8
24
    Ibid, p. 8
“Como era animado/Aquelas noites de São João/Cada bairro sua lira/Com grande
                   animação/Samba de coco, Roda e Dança/Todo povo das festança/Alegrando a
                   multidão”25

                   “No São João tinha as quadrilhas/Cada um no seu bairro/Ensaiavam o mês
                   inteiro/Todas com entusiasmo/Na hora da decisão/Quem tinha maior votação/Era
                   de José Ricardo”.26

Desenvolvimento econômico

            Sobre o desenvolvimento, crescimento da cidade pode ser visto na estrofe
onde ele fala da chegada das padarias e da primeira indústria de beneficiamento do leite:

                    “Seis horas, seis e meia se ouvia/Dois apitos muito longos/Eram as duas fábricas
                   têxteis/Aos operários avisando/Para eles terem cuidado/Para não chegar
                   atrasado/Que a hora esta chegando.”27

                   “Naquele tempo as padarias/As massas era de primeira/Fazia do bom ao
                   melhor/Não manipulavam asneiras/Central, Globo, Ceres/Minerva, Operária,
                   Aymore e Cecy/Não eram brincadeira”.28

                   Fênix, Sergipana, Gloria/E outras que depois chegou/Mas foi no tempo da
                   guerra/Que tudo se transformou/Fizeram transmudação/E o povo apelidou o
                   pão/Que diabo amassou”29

                   “Foi e primeiro de julho/Este dia foi marcado/Do ano quarenta e um/Fica o povo
                   admirado/Quando inaugurou a usina/Com higiene e disciplina/De leite
                   pasteurizado”30


           Sobre o comércio, dos vendedores ambulantes, dos                              produtos
comercializados, da origem dos produtos, assim se manifesta Leopoldo:

                   “Os vendedores ambulantes/ pelas ruas a andar/Oferecendo os produtos/Para os
                   fregueses comprar/Beiju, macazado e saroio/Café, cuscuz e mungunzá”.31

                   “os vendedores de galinha e ovos/Que vinham de Itabaiana/As topiqueiras do
                   Sobrado/Todos os dias da semana/Atender a freguesia/Todas co muita alegria/Na
                   área metropolitana”32

                   “Tinha os vendedores de leite/Que vinha do interior/Rua acima rua
                   abaixo/Procurando comprador/É grande a contenda/Pelo nome da fazenda/O povo
                   dava valor”33




25
   Ibid,   p. 11
26
   Ibid,   p. 12
27
   Ibid,   p. 7
28
   Ibid,   p. 7
29
   Ibid,   p. 7
30
   Ibid,   p. 13
31
   Ibid,   p. 13
32
   Ibid,   p. 13
33
   Ibid,   p. 13

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O cordel e a mudança da capital de sergipe

  • 1. O Cordel e a mudança da Capital de Sergipe Jorge Marcos de Oliveira1 Outro dia, pediram-me para falar sobre a mudança da capital de Sergipe! Fique a pensar o que ou de que falaria eu para homenagear a cidade que mim acolher em 1978, e vi crescer e transformar-se. Visitando a Cordelteca “João Firmino”, recentemente falecido, deparei-me com três cordéis falando, do seu jeito, dessa cidade. São eles: “História de Aracaju” 2 de Pedro Amaro do Nascimento; “Aracaju no Passado” de Leopoldo Moreira Andrade e “Aracaju em verso e trovas” do Grupo de Convivência da secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania. Local da nova capital No cordel de Pedro Amaro do Nascimento3 ele fala do local para onde foi transferida a capital: “Nossa linda Aracaju/situada ao litoral/Na Colina Santo Antonio/Onde havia um Arraial/De homens trabalhadores/Destes bravos pescadores/Surgiu nossa Capital!”. Na estrofe seguinte fala do significado da palavra Aracaju: “Aracaju é a mistura/De Arara e caju”.4 Vale ressalta que o quadro geral do local onde hoje está Aracaju, era bem diferente deste nossa linda Aracaju: “O local da cidade era uma região insalubre e sua ocupação foi uma luta contra o pântano, o riacho, pequenos lagos, mangues e lagoas, com águas estagnadas, causadoras das famosas febres do Aracaju” e que teria vitimado o próprio presidente Inácio Barbosa. Para a cidade crescer e torna-se grande, grandes mudanças foram operadas em sua fisionomia. “Aterram os manguês e lagoas, destruíram dunas”. As consequências desse crescimento descontrolado têm provocado danos ao meio ambiente que somente agora começa a ser sentido. Diz o cordel popular: 1 Técnico em Assuntos Historiográfico. Servido Público Municipal desde 1988. Professor das Redes Pública e Privada de Ensino. Contatos e críticas: oliveira.jorgemarcos@yahoo.com ou oliveira.jorgemarcos1962@hotmail.com 2 Cordel publicado em 2006. 3 Pedro Amaro do Nascimento, natural de Paudalho (PE), nasceu em 28 de junho de 1937. Profissionalmente é Técnico em Refrigeração Industrial. Instrutor do SENAI do Curso de Refrigeração e Ex-Instrutor do SENAC-SE, no curso de relações humanas. Dirigente sindical em prevenção de acidente (Fudacentro - Se). Autor e mais de 40 livros de Cordel; possuidor de 50 títulos – diplomas e certificados de cursos profissionalizantes, segurança do trabalho e poesia. Certificado de primeiro colocado no Primeiro Concurso de Literatura de Cordel de Aracaju realizado pela FUNCAJU. Participante como membro da comissão julgadora do II Festival Aracajuano de Violeiros Nordestinos, realizado pela Universidade Federal de Sergipe, SESC e FUNCAJU. Dados retirados no folheto “Suplício de um drogado” de 2003. 4 NASCIMENTO, Pedro Amado. História de Aracaju. Aracaju, 2006, p. 1
  • 2. Nem tudo é flores/O manguê está sumindo/Os governantes ajudando/E a população contribuindo/5 A mudança. Os motivos Segundo Thiago Fragata, “com a Mudança da Capital deu-se a falência da economia sancristovense uma vez a maioria dos negócios dependia da elite burocrática. O êxodo para a Aracaju foi a única alternativa para muitos. A insatisfação popular não se transformou em revolta nem foi traduzida em mortes. A Câmara de Vereadores chegou a escrever um protesto ao Imperador D. Pedro II, que visitou a cidade em janeiro de 1860, sem efeito6. Não negando essa tese, diz Luis Antonio Barreto: Mudar a capital, portanto, foi 7 uma opção técnica, com forte conotação política, apoiada pelo Império . Arremata o articulista dizendo que: “Aracaju nasceu, enfim, da coragem de um moço que teve a oportunidade de governar Sergipe e de morrer pela sua idéia e seu feito. E de tal forma a opção era técnica, sob os auspícios da geografia e da economia, que jamais foi abandonada pelos sucessores de Inácio Joaquim Barbosa”8. Na quinta estrofe faz referencia ao presidente da Província na época da transferência da capital, Inácio Joaquim Barbosa 9 (1853-1855): “Em toda região leste/Houve um plano pra mudar/Dr. Inácio Barbosa/Começou a trabalhar/Promoveu as equipe/Pra Capital de Sergipe/Sair pra outro lugar”.10 Pergunta-se sempre qual a motivação maior que teria levado Inácio Babosa a transferir a Capital de São Cristovão para Aracaju. Respondendo a esta indagação, Pedro Amado, sexta estrofe, fala do principal ideal da mudança da capital sergipana: “A tendência de mudar/Foi imediatamente/Em 17 de março/Foi sancionada, urgente/Porque o grande ideal/Era deixar a Capital um Porto independente”.11 5 GRUPO de Convivência da Secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania. Aracaju em versos e trovas, p.9. 6 FRAGATA, Thiago. Mudança da Capital e a lição de João Bebe Água. Palestra concedida na primeira edição do Ciclo de Palestras “Conhecendo nossa História” in http://thiagofragata.blogspot.com.br/2009/03/mudanca-da-capital-e-licao-de-joao-bebe.html. Acessado em 13.mar.2013. 7 BARRETO, Luis Antonio. Fragmentos da História (I). http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=32882&titulo=Luis_Antonio_Barreto/Acesado em 13.mar.2013 8 Ibid. 9 Inácio Joaquim Barbosa, nascido no Rio de Janeiro em 1821, formado em Direito pela Faculdade de São Paulo, foi Juiz Municipal, funcionário público, Secretário da Província do Ceará, suplente de Deputado Federal. Governou Sergipe de 1853 a 1856) 10 NASCIMENTO, Pedro Amado. História de Aracaju. Aracaju, 2006, p. 2 11 Ibid, p. 2
  • 3. A falta de uma infraestrutura na região do Vale do Vaza Barris foi o mote da transferência. Vejamos. Thiago Fragata afirma que, “alegando a dificuldade de escoamento da cana-de-açúcar produzida na região do Vaza-Barris uma vez que o rio Paramopama era raso e não permitia navegação de embarcações de grande porte; alegando também a dificuldade de transporte, pois a distância entre o Porto das Pedreiras e a Mesa de Rendas era de 9 km, o que encarecia o produto, Inácio passou a defender a Mudança da Capital”.12 Reação a mudança. A principal reação a atitude mudancista da capital coube a João Bebe Água, nome popular do comerciante João Nepomuceno Borges13. Dizem alguns cronistas que ele teria “juntando voluntários para impedir o traslado dos cofres públicos, viu seu plano esvaziado, foi ridicularizado como patriota louco e maltrapilho pelos agentes da manobra política”.14 Plano Urbano Até então, as cidades existentes antes do século XVII adaptavam-se às respectivas condições topográficas naturais, estabelecendo uma irregularidade no panorama urbano. O engenheiro Pirro contrapôs essa irregularidade e Aracaju foi, no Brasil, um dos primeiros exemplos de tal tendência geométrica 15. Na página cinco e seis Pedro Amado faz menção ao autor do plano urbanístico da nova capital e seu autor: “Aracaju teve assim,/Grande plano promissor/Sebastião Basílio Pirro/Projetista e construtor/Por ordem do Presidente/Seguiu da “Rua da Frente”/À Ponte do Imperador”.16 “Esse grande construtor/Trabalhou bonito e fez/A cidade Esquadrejada/Toda em forma de xadrez/Começou lá na Colina/Que hoje se denomina/Santo Antonio, o português”.17 12 FRAGATA, Thiago. Mudança da Capital e a lição de João Bebe Água. Palestra concedida na primeira edição do Ciclo de Palestras “Conhecendo nossa História” in http://thiagofragata.blogspot.com.br/2009/03/mudanca-da-capital-e-licao-de-joao-bebe.html. Acessado em 13.mar.2013 13 João Nepomuceno Borges nasceu em São Cristóvão, no ano de 1823. Era filho do capitão Francisco Borges da Cruz e teve um irmão de nome Silvério da Costa Borges. Foi escrivão interino da Alfândega e Mesa de Rendas, de Santo Amaro. Com a transferência da Mesa de Rendas para Laranjeiras, foi nomeado amanuense interino, foi promovido ao cargo de “patrão-mor” da Mesa de Rendas da Barra da Cidade, hoje Barra dos Coqueiros. Foi vereador em 1864, fiscal da Câmara de Vereadores de São Cristóvão, por volta de 1872. Estes dados servem para refutar completamente a péssima imagem construída pelos adversários políticos desse sancristovense – loco e mendigo. 14 FRAGATA, Thiago. Mudança da Capital e a lição de João Bebe Água. Palestra concedida na primeira edição do Ciclo de Palestras “Conhecendo nossa História” in http://thiagofragata.blogspot.com.br/2009/03/mudanca-da-capital-e-licao-de-joao-bebe.html. Acessado em 13.mar.2013 15 http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/1780/aracaju---a-primeira-cidade-planejada- do-brasil.html 16 NASCIMENTO, Pedro Amado. História de Aracaju. Aracaju, 2006, p. 5
  • 4. O cordelista, Leopoldo Moreira Andrade 18, traça um perfil saudosista da Capital. Fala do plano urbano da cidade: “Quem olhasse seu traçado/Logo ficava convicto/É um tabuleiro de xadrez/Tão linda e tão bonita/Dizia-lhe contemplando/É um veleiro de flor flutuando/Nas águas do rio Sergipe.”19 Os meios de transporte Sobre o sistema de transporte diz Leopoldo: “Os transportes eram os bondes/Para o povo transitar/Era um comboio de dez/Duas pranchas auxiliar/Com mais oito jardineiras/Era uma frota de primeira/Para o transito completar/Os bondes eram elétricos/Servia a população/Cruzavam toda a cidade/Por toda sua extensão/Em cada bairro um fim de linha/Se cumpria a disciplina/Duzentos reis por secção”.20 Relembra os tempos dos cinemas: “Os inesquecíveis cinemas/Que era a nossa paixão/Guarani e cine Rex/Rio Branco e São João/São Francisco e Vitória/Não tinha dia e nem hora/As melhores diversões/A Santa Cruz e Bomfim/Bons filmes eu assistir/Como Duelo ao amanhecer/Quando a neve tornar a cair/Tinha o Palace e Aracaju/Satisfazia eu e tu/E o cine Tupy.”21 Festas e diversões em Aracaju antiga Além dos cinemas, fala Leopoldo dos festejos natalinos, da “feirinha de natal”, das retretas nas praças, dos desfiles dos grupos folclóricos, das festas juninas. Assim ele retrata: “Tinha as festas natalinas/Era uma maravilha/Na Praça Olimpio Campos/Reinava muita alegria/Como era lindo ver as crianças/E a festa da infância/No Carrossel do Tobias22 Sempre as bandas de músicas/Ia a festa abrilhantar/O povo ficava ouvindo/A orquestra tocar/Aqueles dobrados lindos/E a multidão assistindo/As belas noites de Natal23 Vinha os blocos folclóricos/Dar a sua contribuição/Catumbi, Guerreiro e Reisado/Com tanta satisfação/Também se apresentava/E o povo apreciava/A Chegança de Zé do Pão24 17 Ibid, p. 6. Seu plano inicial compreendia o espaço de 540 braças de cada lado, ou seja, 1.188 metros, com quadras residenciais de 110 m2 e ruas com 70 palmos de largura, aproximadamente 18m. 18 Nasceu em Capela (SE) em 20 de abril de 1920. Filho de Manoel Moreira de Andrade e Maria Juventina Andrade. Mora em Aracaju (bairro Siqueira Campos). Ex-carroceiro e aposentado atualmente. É membro do Conselho Municipal da Terceira idade. Dados retirados do Cordel “Aracaju no Passado”. Aracaju, Funcaju/SEMASC, sd. 19 ANDRADE, Leopoldo Moreira. Aracaju no Passado. Aracaju, Funcaju/SEMASC, sd, p. 3 20 Ibid, p. 4. 21 Ibid, p. 6 22 Ibid, p. 8 23 Ibid, p. 8 24 Ibid, p. 8
  • 5. “Como era animado/Aquelas noites de São João/Cada bairro sua lira/Com grande animação/Samba de coco, Roda e Dança/Todo povo das festança/Alegrando a multidão”25 “No São João tinha as quadrilhas/Cada um no seu bairro/Ensaiavam o mês inteiro/Todas com entusiasmo/Na hora da decisão/Quem tinha maior votação/Era de José Ricardo”.26 Desenvolvimento econômico Sobre o desenvolvimento, crescimento da cidade pode ser visto na estrofe onde ele fala da chegada das padarias e da primeira indústria de beneficiamento do leite: “Seis horas, seis e meia se ouvia/Dois apitos muito longos/Eram as duas fábricas têxteis/Aos operários avisando/Para eles terem cuidado/Para não chegar atrasado/Que a hora esta chegando.”27 “Naquele tempo as padarias/As massas era de primeira/Fazia do bom ao melhor/Não manipulavam asneiras/Central, Globo, Ceres/Minerva, Operária, Aymore e Cecy/Não eram brincadeira”.28 Fênix, Sergipana, Gloria/E outras que depois chegou/Mas foi no tempo da guerra/Que tudo se transformou/Fizeram transmudação/E o povo apelidou o pão/Que diabo amassou”29 “Foi e primeiro de julho/Este dia foi marcado/Do ano quarenta e um/Fica o povo admirado/Quando inaugurou a usina/Com higiene e disciplina/De leite pasteurizado”30 Sobre o comércio, dos vendedores ambulantes, dos produtos comercializados, da origem dos produtos, assim se manifesta Leopoldo: “Os vendedores ambulantes/ pelas ruas a andar/Oferecendo os produtos/Para os fregueses comprar/Beiju, macazado e saroio/Café, cuscuz e mungunzá”.31 “os vendedores de galinha e ovos/Que vinham de Itabaiana/As topiqueiras do Sobrado/Todos os dias da semana/Atender a freguesia/Todas co muita alegria/Na área metropolitana”32 “Tinha os vendedores de leite/Que vinha do interior/Rua acima rua abaixo/Procurando comprador/É grande a contenda/Pelo nome da fazenda/O povo dava valor”33 25 Ibid, p. 11 26 Ibid, p. 12 27 Ibid, p. 7 28 Ibid, p. 7 29 Ibid, p. 7 30 Ibid, p. 13 31 Ibid, p. 13 32 Ibid, p. 13 33 Ibid, p. 13