VEJA AQUI O CONTEXTO HISTÓRICO, AS RELAÇÕES COM OS CINEMAS DA ITÁLIA E DO BRASIL E A IMPORTÂNCIA DO PRIMEIRO FILME DE TRUFFAUT QUE JÁ NASCEU OBRA-PRIMA, O PRIMEIRO FILME DA NOUVELLE VAGUE FRANCESA.
3. EM SEU PRIMEIRO FILME DE LONGA- METRAGEM, FRANÇOIS
TRUFFAUT BUSCOU REFERÊNCIAS EM SUA PRÓPRIA BIOGRAFIA.
4. Se hoje a Nouvelle Vague soa como algo “cool” ou
“intelectual”, na época ela não era vista dessa maneira com a
intensidade de agora, passadas as décadas e produzido tantos
estudos sobre ela. Os diretores associados ao que hoje é visto
como um “movimento cinematográfico” na verdade não se
organizavam para criar uma unidade em suas produções; o
que fez com que eles fossem vistos como um grupo foi o fato
de serem, no geral, amigos bastante ligados à produção da
crítica e da análise fílmica, além de serem contestadores e
sempre dispostos a desafiar dos padrões vigentes que
definiam o que era cinema e o que não era.
5. Falar de “Os incompreendidos” é, indiretamente, falar do
próprio Truffaut. Esse foi seu filme de estreia, que trouxe um
roteiro com forte pegada autobiográfica. Na trama,
acompanhamos Antoine Doinel, um menino que sofre entre
os extremos da rigidez da escola e do desleixo dos pais,
vagando por Paris e entrando em contato com situações
pouco adequadas para uma criança.
6. A criança passa por pequenas aventuras próprias do universo
infantil, como os castigos de um professor ou a gazeteada de
alguma aula para ir ao cinema, mas aos poucos as situações
vão se complicando ao ponto de Antoine fazer, no decorrer da
trama, a transição entre a leveza da infância e a dureza da vida
adulta, numa espécie de jornada de iniciação ao “mundo
real”.
7. A fotografia em preto-e-branco, as tomadas surpreendentes, a
captura extremamente realista nas externas que revelaram
Paris como poucos filmes o fizeram e a fluidez da edição não
envelheceram passadas tantas décadas do lançamento do
filme. Todos esses elementos ganham ainda mais significado
ao emoldurarem a performance extraordinária de Jean-Pierre
Léaud, menino descoberto por Truffaut que viria a se tornar
um dos mais aclamados atores da França.
8. Não foi por acaso que o ator se tornou quase que um alter ego de
Truffaut no cinema. Não apenas por conta do trabalho exemplar de
Jean-Pierre Léaud, mas toda a representação da infância no filme é
extremamente bem elaborada. Em “Os incompreendidos”, os
pequenos têm tanta profundidade quanto os adultos, e eventualmente
até mais que eles, brutalizados por seguirem a vida após o complicado
pós-guerra europeu, o que faz do filme também um interessante
recorte de uma época.
9. • O roteiro, do próprio Truffaut, em parceria com Marcel
Moussy, recusa o clima piegas que costuma lambuzar filmes
sobre infância.
• É quase um documentário, profundamente alegre em certas
partes e triste, suave, melancólico no seu todo.
10. OS MOVIMENTOS DE CÂMERA
• A utilizar a montagem narrativa linear, Truffaut permite que
conheçamos o enredo sob a perspectiva do jovem Antoine .
• Truffaut utiliza outro artifício: O movimento de câmera
panorâmica que acompanha o protagonista, descrevendo o
ambiente em que ele se encontra.
11. • Para evidenciar o sentimento de inadequação vivido pelo
protagonista, principalmente nas cenas ocorridas no
ambiente escolar, utilza-sea câmera alta (plongeé) para
demonstrar a opressão de Antoine perante seu professor.
• Outro momento em que esse recurso é utilizado é quando a
mãe de Antoine (interpretada por Claire Murier) vai ao
reformatório visitá-lo, para dizer que desistiu dele.
12. • Nas cenas em que Antoine aparece cometendo pequenos
delitos ou faltando à aula, utiliza-se a câmera baixa (contra-plongeé),
com o intuito de demonstrar o espírito livre e
rebelde de Antoine.
• A cena final é no mínimo instigante: a câmera Panorâmica
acompanha a fuga de Antoine, até que ele entra no mar,
brinca e o filme termina com Antoine “encarando” o
telespectador. Uma maneira singular de terminar o filme.
13. HONORÉ DE BALZAC (1799 – 1850)
• A observação balzaquiana mostra obsessão pelos detalhes:
seus heróis são seres de carne e osso que comem, bebem e
se relacionam sob o domínio de paixões fortes, e de quem se
ficam conhecendo exaustivamente o físico, o vestuário, a
habitação, o prestígio individual ou familiar, a fortuna
pessoal, o status social e o domicílio.
14. • Balzac utiliza-se de um realismo que nunca se atomiza, mas,
antes, liga e corporifica as espécies sociais como se fosse um
método classificatório transposto das ciências zoológicas
para a criação literária. Sua meta é a de penetrar a estrutura
de uma sociedade inteira por meio de suas causalidades
específicas. Trata-se de uma preciosa documentação sobre o
panorama da sociedade francesa.
15. • O realismo é a característica central de sua obra, e tanto as
espécies sociais quanto o meio ambiente fornecem à matéria
romanesca a dimensão histórica em que se apoia. Balzac,
patrono do romance no Ocidente, é ao mesmo tempo
também um historiador de costumes; sua minúcia
documentária coloca-o, sem dúvida, como precursor do
realismo moderno.
16. 1959 - MORRE HEITOR VILLA-LOBOS,COMPOSITOR
DE RECONHECIMENTO INTERNACIONAL
22. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS
UNICEF 1959
- A criança gozará de proteção especial e disporá de
oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por
outros meios, de modo que possa desenvolver-se física,
mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e
normal, assim como em condições de liberdade e dignidade.
Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a
que se atenderá será o interesse superior da criança.
23. NO BRASIL, O TEMA CRIANÇA E SOLIDÃO
NA LITERATURA
• José Lins do Rego – Menino de Engenho
• Graciliano Ramos – Vidas Secas
• João Guimarães Rosa – Contos
24. NO BRASIL, O TEMA CRIANÇA E SOLIDÃO
NO CINEMA
• Pixote, a lei do mais fraco (1981)
• Central do Brasil (1998)
• Cidade de Deus (2002)
• Capitães da Areia (2011)
25. NEO-REALISMO ITALIANO
Marco:
para alguns estudiosos, o movimento
começa com Obsessão (1943, de Luchino
Visconti);
para outros, com Roma, Cidade Aberta
(1945, de Roberto Rossellini), filme este
que primeiro chama a atenção para o
movimento.
27. TEMÁTICAS
- o fascismo e a guerra;
- os problemas sociais no campo;
- o desemprego e o subemprego urbanos;
- o abandono de jovens e idosos;
- o suicídio infantil;
- a condição da mulher;
- indagação psicológica
- e relação do homem com a igreja.
29. CARACTERÍSTICAS
- utilização dos planos de conjunto e dos
planos médios;
- enquadramento semelhante ao utilizado
nos filmes de atualidades (documentários)
- (a câmera só registra);
- recusa de efeitos visuais;
- narrativa em continuidade (não usa
elipses);
-imagem acinzentada, como no
documentário;
30. - filmagens, quase sempre, em cenários
reais;
- utilização de não-atores juntamente com
grandes atores, como Ingrid Bergman,
Anna Magnani, etc.;
- diálogos simples e uso de dialetos;
- filmes de baixo orçamento;
- o realismo em primeiro lugar, em certos
momentos sendo documental;
-quebra das fronteiras entre documentário
e ficção;
31. - gravações em amplos exteriores
(externas, com uso de luz natural);
- perambulação dos personagens através
das externas;
- uso de plano-sequência;
- adoção de temáticas políticas ou sociais
como miséria, solidão, sofrimento
relativas à conjuntura européia pós 2ª.
Guerra Mundial.
33. Legado: Vai influenciar o Nuevo Cine
Latino-Americano; o Cinema Novo
Brasileiro; as cinematografias asiáticas,
israelenses, do Afeganistão, e outras.
Principais diretores: Roberto Rossellini,
Vitorio De Sica e Luchino Visconti.
Roteiristas: Cesare Zavatini, Suso Cecchi
d'Amico e Enrico Medioli.
35. Filmografia resumida:
– Roberto Rossellini = Roma, Cidade
Aberta (1945), Paisá (1946), Alemanha,
Ano Zero (1948); Europa 51 (1952);
– Luchino Visconti = Obsessão (1943), A
Terra Treme (1948);
– Vitorio De Sica = Ladrões de Bicicleta
(1948), Umberto D (1952).
36. NOUVELLE VAGUE
Início:
– a censura e a caça aos comunistas em
Hollywood fez ruir seu cinema de visão
crítica;
– a Nouvelle Vague recuperou uma certa
apatia que vivenciava o cinema mundial
da época frente à conjuntura
hollywoodiana, contando, para tal, com o
apoio de espectadores engajados.
38. CARACTERÍSTICAS GERAIS:
- foi um movimento de juventude (os
jovens turcos – nome dados aos
integrantes e referência ao movimento na
Turquia que quis derrubar a monarquia);
- havia um clima de discussão;
- movimento cineclubista;
- o papel da cinemateca francesa – o
museu;
- o papel da revista Cahiers Du Cinemá;
- o crítico André Bazin;
39. - os futuros diretores do movimento começaram
na crítica cinematográfica e só posteriormente
passaram à realização cinematográfica;
- interesse de seus realizadores pelo cinema
americano e por cineastas como Hitchcock;
- sofre influência do Neo-Realismo Italiano,
especialmente de Roberto Rossellini;
- a Nouvelle Vague tem característica intelectual,
mas não se apóia em nenhuma instituição cultural
ou acadêmica;
- prevalência de filmes de baixo orçamento;
- a Nouvelle Vague encerra-se com o movimento
de maio de 1968, na França.
49. CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS:
- a política dos autores – Truffaut defendia
a idéia de que o diretor deveria ser livre
do roteiro, de que não deveria ater-se à
fidelidade das adaptações literárias;
- realização de curtas;
- romantismo e ingenuidade nas
temáticas, principalmente em Truffaut;
- uso de elipses e falsos raccords (tipo de
corte que valoriza o princípio da
continuidade);
- descontinuidade;
50. - gravações nas ruas, com luz natural e
som direto;
- câmera na mão;
- representação – encenação livre com
diálogos soltos e com gírias;
- cenas documentais e ficcionais;
- montagem ágil;
- uso de metalinguagem – o cinema filma
o próprio cinema.
52. Legado: Nuevo Cine Latino-Americano;
Cinema Novo Brasileiro; Cinema Marginal
Brasileiro; Cinema Novo Português, Novo
Cinema Alemão, japonês e outros.
Diretores principais: François Truffaut,
Jean-Luc Godard, Eric Rohmer, Claude
Chabrol, Alain Resnais, Louis Malle e
outros.
53. Filmografia (alguns filmes):
Alain Resnais = Hiroshima, Meu Amor
(1959) e Ano Passado em Marienbad
(1961).
Erich Rohmer = O Signo de Leão (1959).
François Truffaut = Os Incompreendidos
(1959) e Jules e Jim (1961).
Jean-Luc Godard = Acossado (1959).
54. CINEMA NOVO BRASIL
Em 1955, o diretor Nelson Pereira dos Santos exibiu o
primeiro filme responsável pela inauguração do Cinema Novo.
“Rio 40 graus” oferecia uma narrativa simples, preocupada em
ambientar sua narrativa com personagens e cenários que
pudessem fazer um panorama da cidade que, na época, era a
capital do país. Depois disso, outros cineastas baianos e
cariocas simpatizaram com essa nova proposta estético-temática
para o cinema brasileiro.
55. Esses filmes tocavam na problemática do subdesenvolvimento
nacional e, por isso, inseriam trabalhadores rurais e sertanejos
nordestinos em suas histórias. Além disso, comprovando seu
tom realista, esses filmes também preferiram o uso de
cenários simples ou naturais, imagens sem muito movimento
e a presença de diálogos extensos entre as personagens.
Geralmente, seriam essas as vias seguidas pelo cinema novo
para criticar o artificialismo e a alienação atribuídos ao cinema
norte-americano.
56. Na primeira etapa do Cinema Novo, que vai de 1960 a 1964,
observamos os primeiros trabalhos dos diretores Cacá
Diegues, Ruy Guerra, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman,
David Neves, Joaquim Pedro de Andrade, Luiz Carlos Barreto,
Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Entre outras
produções dessa época podemos salientar os filmes “Vidas
Secas” (1963), “Os Fuzis” (1963) e o prestigiado “Deus e o
Diabo na Terra do Sol” (1964).
57. O segundo período do Cinema Novo, que vai de 1964 a 1968,
dialoga com o agitado contexto de instalação da ditadura
militar no Brasil. Os projetos desenvolvimentistas e o discurso
em favor da ordem social passaram a figurar outro tipo de
temática dentro do movimento. Entre outros filmes dessa
época, se destacam: “O Desafio” (1965), “Terra em Transe”
(1967) e “O Bravo Guerreiro” (1968). Após esse período, a
predominância do discurso político engajado perde sua força
na produção do cinema novo.
58. Essa nova mudança refletia a eficácia dos instrumentos de
censura e repressão estabelecidos pela ditadura militar. Com
isso, a crítica ácida e direta encontrada nas produções
anteriores vai perder lugar para a representação de um Brasil
marcado por sua exuberância e outras figuras típicas. Nesse
mesmo período, o Cinema Novo se aproximou da proposta do
Tropicalismo, movimento musical que criticava o nacionalismo
ufanista e a aversão radical aos elementos da cultura
estrangeira.
59. Nesse último período do Cinema Novo, que se estende de
1968 a 1972, temos um volume menor de produções, entre as
quais se destaca o filme Macunaíma (1969). Inspirado na obra
homônima de Mário de Andrade, esse filme reconta a
trajetória do festivo e sensual herói da literatura brasileira por
meio das primorosas atuações de Grande Otelo e Paulo José.
Por meio desse filme, vemos que a questão nacional passa a
ser rearticulada fora dos limites da estética realista.
60. O exílio de alguns cineastas e a adaptação de outros
participantes às oportunidades oferecidas pela crescente
indústria cultural brasileira acabou desgastando o movimento.
Aqueles que ainda se inspiravam nas propostas do Cinema
Novo, a partir da década de 1970, vão passar a encabeçar uma
outra fase do cinema brasileiro. O chamado “Cinema
Marginal” vai dar continuidade à postura contestatória e o
privilégio das questões político-sociais anteriormente
defendidas pelo Cinema Novo.