O documento discute as bibliotecas móveis em Portugal como uma solução para fornecer acesso a serviços de biblioteca para áreas remotas. Ele resume uma pesquisa sobre o impacto de uma biblioteca móvel em Proença-a-Nova, mostrando benefícios como aumentar hábitos de leitura e solidariedade comunitária. A conclusão defende mais debate e cooperação para apoiar bibliotecas itinerantes.
Encontro 10 anos a tecer redes (+) sociais: Bibliomóvel de Proença-a-Nova 2006-2016, Proença-a-Nova, 25 Junho 2016
1. “NA ESTRADA COM LIVROS: AS BIBLIOTECAS
MÓVEIS COMO SOLUÇÃO DE ACESSO A SERVIÇOS
DE BIBLIOTECA NUM PAÍS DE CONTRASTES”
João Henriques
2. ITINERÁRIO
KM 0, Um trabalho académico
• Motivações e objectivos
• Contextualização
• Resultados alcançados
KM 25062016, Uma história para continuar…
• A Nave Voadora, o Directório de Bibliotecas Itinerantes
portuguesas e o futuro
3. KM 0
UM TRABALHO ACADÉMICO
Universidade Nova de Lisboa
Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas
4. MOTIVAÇÕES
• Ressurgimento das bibliotecas móveis
• 50 anos rede de bibliotecas itinerantes da
Fundação Calouste Gulbenkian (2008)
• Ausência de reflexão e debate ao contrário do que
acontecia em outros países europeus (ex. Espanha)
5. OBJECTIVOS
• Demonstrar que as bibliotecas móveis são um
meio eficaz para atingir zonas do território e
franjas da população que, de outro modo, não
poderiam aceder aos serviços de biblioteca e aos
recursos informacionais que ela fornece;
• Avaliar as consequências sobre os hábitos de
leitura e acesso à informação nas populações por
eles servidas.
6. CONTEXTUALIZAÇÃO
• Definição e Conceito de serviço
• A implementação do serviço: critérios
• Serviços disponibilizados (especificidades)
• Bibliotecas móveis em Portugal: um percurso até 2009
Um serviço ao qual as populações estão habituadas a
conviver
Ex. comércio ambulante, correios, unidades móveis de
saúde
7. ESTUDO DE CASO
• Bibliomóvel de Proença-a-Nova. Porquê?
• Território com elevados índices de desertificação =
envelhecimento, encerramento de estabelecimentos de ensino, etc.
• Baixo nível de habilitações (+ do 1.º ciclo do ensino básico)
• Em 9.610 habitantes (Censos 2001), servia 23% da população
(2.209 habitantes nos pontos de paragem) e desses apenas 10%
estavam registados como utilizadores do serviço (dados de
2007)
• População-alvo: amostra de 52 indivíduos (23,52%) num
universo de 220 indivíduos (utilizadores registados)
8. RESULTADOS (1)
Caracterização da população em estudo
• Predominância de utilizadores do sexo feminino
(61,5%)
• Repartição equitativa entre adultos (42,3%) e os
escalões mais jovens (Crianças 21,2% + Jovens 17,3%)
• Habilitações literárias:
o 1º ciclo ensino básico (46,2%)
o 3º ciclo ensino básico (30,8%)
9. RESULTADOS (2)
Perfil do utilizador
• Adultos do sexo feminino, portadores de
qualificações ao nível do 1.º ciclo do ensino básico
• Sem esquecer:
o Jovens do sexo masculino, portadores de
qualificações ao nível do 3º ciclo
o Idosos, portadores de qualificações ao nível do 1º
ciclo
o Cobertura territorial restrita aos utilizadores
residentes em cada ponto de paragem
10. RESULTADOS (3)
Utilização de bibliotecas do concelho
• 51,9% inquiridos frequentava bibliotecas fixas (Crianças
90,9% e Jovens 100%)
• O perfil dos não frequentadores é envelhecido (Adultos 68,2%
e Idosos 90%)
• Razões da não frequência de bibliotecas:
o Não sentia necessidade de recorrer ao uso de bibliotecas
(38,7%)
oAusência de transporte próprio para as deslocações (22,6%)
o Ausência de tempo para aí me deslocar devido à
actividade profissional (22,6%)
o Ausência de transportes públicos para me deslocar às
bibliotecas (9,7%)
11. RESULTADOS (4)
A Bibliomóvel e os seus impactos
• Para 46,2% a principal razão para a sua utilização é o
facto de ela ser a biblioteca mais próxima (Adultos 40% e
Idosos 80%)
• Desenvolvimento de comportamentos latentes como o
gosto pela leitura
o 28,8% e 17,3% como 1ª e 2ª razões, respectivamente
o Crianças e Jovens = sinal de reforço da leitura
o Adultos e Idosos = criação desse mesmo gosto pela
leitura
• Fraco papel dos encarregados de educação no estímulo
da leitura (1,9%)
12. RESULTADOS (5)
A Bibliomóvel e os seus impactos
• Transformação dos hábitos de leitura e informação (82,7%)
• Reforço da prática da leitura (55,7%):
o Crianças (66,7%); Jovens (62,5%); Adultos (48,5%);
Idosos (61,5%)
• Aumento do nível conhecimentos e cultura geral (27,1%)
• Estar mais informado sobre assuntos da actualidade (8,6%)
13. RESULTADOS (6)
A Bibliomóvel e os seus impactos
• Que recursos contribuíram para essa transformação?
• Para 17,3% dos inquiridos, o surgimento da
Bibliomóvel não produziu quaisquer alterações nos seus
hábitos de leitura e informação
o 70% já lia anteriormente
o 20% afirmaram não gostar de ler
Crianças Jovens Adultos Idosos
Livros 39,1% 25 40,5% 40%
Periódicos 0 8,3% 51,4% 60%
DVD’s 30,4% 25% 2,7% 0
Internet 30,4% 41,7% 5,4% 0
14. RESULTADOS (7)
A Bibliomóvel e os seus impactos
• Benefícios para as suas comunidades (92%)
o Incremento dos hábitos de leitura (52,6%)
o Reforço de laços de solidariedade e vizinhança em
torno da leitura (24,4%)
o Posse de mais informação sobre os mais variados
assuntos (23,1%)
o Benefícios mais sentidos pelos idosos (35,3%)
• 8% dos inquiridos não identificaram quaisquer
benefícios para as suas comunidades
15. CONCLUSÕES
• Biblioteca pública = pólo de vida cultural e socialização
Biblioteca itinerante alarga esse conceito
• Oportunidade para fomentar a coesão social e cultural
de um país ao elevar os níveis de literacia
• Meio de fomentar a procura de formação
• Reforço dos laços de solidariedade nas comunidades em
torno da leitura
• Necessidade de reflexão sobre as bibliotecas móveis
o Criação de espaços de debate
o Criação de instrumentos de planeamento e avaliação
18. O FUTURO EM 2008 ERA…
• Criação de um espaço de debate sobre as bibliotecas
móveis no âmbito da Associação Portuguesa de
Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas;
• A organização de encontros regionais, nacionais e
internacionais sobre bibliotecas móveis;
• A elaboração de instrumentos de planeamento,
implementação, desenvolvimento e avaliação de
bibliotecas móveis, tal como já acontece noutros países;
• Desenvolvimento de uma cooperação entre Portugal e
outros países onde estas questões já estejam mais
reflectidas (por exemplo, em Espanha)
Bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian - um importante papel na memória colectiva do nosso país
Contrastes territoriais (litoral/interior)
“porta de acesso local ao conhecimento” (IFLA e UNESCO, 1994) – expansão para fora dos 4 muros da biblioteca
Ressurgiu em Portugal, em grande medida motivada pela implementação por parte de algumas autarquias- A bibliografia estrangeira existente sobre esta matéria, sobretudo espanhola, é abundante e essencialmente técnica e descritiva. Por outro lado, a bibliografia portuguesa sobre esta matéria é escassa
- A solução adoptada em regiões desfavorecidas pelo seu diminuto grau de acesso a serviços públicos
- Grandes centros urbanos e seus subúrbios até zonas rurais, ou mesmo em zonas que recuperam de conflitos armados e ausência de estruturas básicas que o facultem, como, por ex., acontece no Kosovo (Sekenderi, 2005) ou o Sahara Ocidental
- Oferta de serviços que não os tradicionais: serviços postais, encomenda de bens essenciais, como mercearias, ou mesmo balcões de serviços públicos das autarquias locais
- 56 bibliotecas móveis em Portugal Continental (2009) + Norte
- Condicionantes: tempo (Maio chuva); dia-a-dia dessas comunidades: num dos pontos de paragem do serviço, o falecimento de um habitante da aldeia; pouca receptividade inicial em responder mas no fim positiva
-
Jovens em idade de escolaridade obrigatória – algumas paragens serem as últimas do dia para coincidir com a chegada do transporte escolar
- Restringida aos utilizadores residentes em cada ponto de paragem da Bibliomóvel (90,4%), sendo por isso diminuta a sua esfera de influência para lá desses locais (9,6%),
Estudos dizem que grande parte não frequenta bibliotecas apesar de o programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas ter aproximado estes equipamentos das populações
Não predisposição hábito de sair da sua aldeia/realidade
- Não sentia necessidade de se deslocar à biblioteca ou não podia (slide anterior) – Coloca a BIT no dia a dia /rotina- Implantação das bibliotecas públicas nestas zonas, vemos que, em grande maioria, estes equipamentos se situam apenas nas
sedes de concelho, deixando à margem as restantes zonas e as respectivas franjas populacionais - MOBILIDADE
- Desperta sentimentos adormecidos que de outra forma não podiam ser satisfeitos ex. comprar livros (acesso a livrarias, motivos económicos)
Reforço pela presença do serviço
- Locais de paragem habitual da Bibliomóvel com critério-base para o seu estabelecimento foi a procura dos pontos centrais de cada aldeia = espaços onde essa sociabilidade/aglomeração de indivíduos fosse possível: largos com bancos, na proximidade de fontes ou igrejas, cafés e minimercados ou mesmo paragens de autocarro
Espaço(s) onde todos têm lugar, independentemente das limitações que a geografia ou as deficientes possibilidades de mobilidade impõem = VIABILIDADE = SIM
Função Social