Este documento é da revista Isto É , deixo neste espaço para compartilhar com meus amigos.
A reportagem aborda novidades sobre alimentação. Não deixe de ler, especialmente se você for obeso , diabético.
1. CAPA
MEDICINA & BEM-ESTAR | N° Edição: 2178 | 05.Ago.11 - 21:00 | Atualizado em06.Ago.11 -
11:42
A comida que emagrece Compartilhar Imprimir
A ciência revela que vários nutrientes são capazes de estimular o
corpo a evitar o ganho de peso. As descobertas estão modificando
o cardápio de quem está de dieta e incentivam a indústria A com que em
ida agrece
alimentícia a criar produtos que ajudam na luta contra a balança
Mônica Tarantino Super anticorpos contra a gripe
Oxigênio para a pele
Confira, em vídeo, a refeição preparada pelo chef Renato Caleffi somente com alimentos que auxiliam na
perda de peso por diferentes mecanismos corporais :
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PUBLICADO NAEDIÇÃO 2178
CALORIAS A MENOS
A atriz Isa Zampietri, 25 anos, emagreceu 14 quilos em dois anos. Ela
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2. passou a ingerir alimentos que obrigam o corpo a gastar mais energia
durante a digestão. “Todo dia uso uma colher de canela junto com frutas ou
sucos”, conta. Maçã também está no seu menu: ela aumenta a saciedade
Se você está procurando caminhos mais eficazes para perder peso, que tal inserir alguns
alimentos no cardápio, em vez de apenas riscar do menu as opções que engordam? Se a
sugestão assustou, relaxe. Na verdade, trata-se de uma das mais modernas e espertas
estratégias traçadas pela ciência para ajudar quem deseja emagrecer: usar a nosso favor Digite seu e-mail
o poder de determinados alimentos para nutrir e ao mesmo tempo evitar o acúmulo de
peso. É a comida que emagrece. A descoberta de que, sim, ela existe foi uma das mais
importantes informações obtidas nos últimos anos pelos estudiosos que se dedicam a
investigar saídas contra a obesidade. “Chegamos à conclusão de que o caminho para
acumular menos calorias não é simplesmente cortá-las”, disse à ISTOÉ Darius Mozaffarian, SIGA FRASES
da Universidade de Harvard (EUA). “Hoje sabemos que ingerir mais de diversos tipos de "Este é o meu new look"
alimentos está associado à perda de peso”, completou.
Hugo Chávez, presidente da Venezuela,
referindo-se ao seu cabelo raspado por
causa do tratam quim
ento ioterápico
O que o pesquisador americano está afirmando aqui não se refere à velha máxima de contra o câncer
que se deve aumentar o consumo de opções com menor quantidade de calorias se o
objetivo é emagrecer. A recomendação continua correta, é claro. O que o cientista quer
dizer é que dezenas de pesquisas estão demonstrando que vários alimentos ajudam a
prevenir o ganho de peso não por causa da quantidade de calorias que apresentam – ou
não somente por isso –, mas devido à ação de nutrientes específicos que impedem o
depósito de gordura no organismo.
Essa nova linha de abordagem tem como embasamento a constatação de que os efeitos
da comida no organismo e a nossa relação com os alimentos são muito mais complexos
do que se imaginava. “Há, por exemplo, uma ligação importante entre o cérebro e o
aparelho digestivo”, afirma o endocrinologista Walmir Coutinho, presidente eleito da
Associação Internacional para o Estudo da Obesidade. De fato, descobriu-se a existência
de uma espécie de segundo cérebro no corpo: cerca de 100 milhões de células nervosas,
do mesmo tipo das que existem no cérebro, estão distribuídas pelas paredes do
estômago, esôfago e intestino. E elas estão lá com um propósito claro: participar da
regulação das sensações de fome e saciedade. Por meio delas são gerados sinais que vão
do intestino ao cérebro avisando quando é hora de parar de comer.
MUDANÇA RADICAL
Há dez anos, a enfermeira Ken Haragushi, 62 anos, decidiu que as
algas e a soja estariam sempre presentes nas refeições da família.
“Essa alimentação me levou a emagrecer dez quilos e melhorou
a minha disposição”, diz o marido, Ricardo, 68 anos
E o que se verificou foi que o envio desses avisos está vinculado ao tipo de alimento em
trânsito no aparelho digestivo. Alguns, como carboidratos simples, presentes em pães e
massas brancas, por exemplo, demoram mais para estimular os sinais de saciedade.
Outros, ao contrário, são mais rápidos na tarefa. Entre eles estão os óleos e gorduras.
“Hoje, o estudo da digestão precisa levar em conta o funcionamento do intestino-
cérebro”, afirmou à ISTOÉ Heribert Watzke, conselheiro científico do centro de
pesquisa em alimentos da Nestlé, na Suíça. “Ele deve ser considerado como um órgão
neurológico ativo.”
O pesquisador está concentrado em estabelecer meios de prolongar o tempo de
permanência dos alimentos no intestino para aumentar a percepção e a duração da
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3. permanência dos alimentos no intestino para aumentar a percepção e a duração da
saciedade. Com essa perspectiva, Watzke e sua equipe trabalham em modificações na
estrutura do óleo de oliva para que ele seja digerido mais lentamente e fique por um
tempo maior no intestino. “Descobrimos que um dos produtos resultantes da digestão do
azeite, os monoglicerídeos, desaceleram o processo se estiverem presentes desde o
início nesse alimento”, contou Watzke. Eles criaram em laboratório moléculas de
monoglicerídeos e as adicionaram ao azeite. Após a alteração, sua permanência no
intestino foi mais prolongada, aumentando a saciedade.
No Reino Unido, o governo financia trabalhos com o mesmo objetivo. Um dos estudos
mais promissores avalia a adição dos galactolipídeos – moléculas de gordura encontradas
em cereais – aos alimentos para desacelerar a digestão da gordura. Por enquanto, os
britânicos experimentam o desempenho dessas moléculas em uma máquina que simula o
estômago e o intestino humanos. “Não queremos parar a digestão da gordura porque isso
causaria efeitos ruins, mas estamos seguros de que diminuir a velocidade do processo
trará benefícios”, disse à ISTOÉ Peter Wilde, do Institute of Food Research, em Norwich.
Ele espera que os galactolipídeos sejam usados como ingredientes de alimentos ricos em
gordura como maionese e sorvetes.
BOA TROCA
A estudante de teatro Adriana Cinti, 30 anos, ganhou peso quando trocou o interior
pela capital paulista. Por sugestão de sua nutricionista, cortou a comida fast-food,
passou a tomar até três litros de chá-verde ou branco e enriqueceu o cardápio com
cereais integrais e frutas. “Agora eu como até mais, perdi sete quilos e ganhei energia”
Outro estudo inglês avalia o desempenho do alginato, substância extraída de algas
marinhas, em substituição à gordura. “O alginato é uma fibra que retarda a absorção de
nutrientes pelo intestino”, explicou à ISTOÉ Jeff Pearson, da Universidade NewCastle e
coordenador do trabalho. Os resultados iniciais revelam que a mistura da fibra pode
evitar que cerca de 85% da gordura ingerida seja absorvida. Pearson e seu time
desenvolveram um pãozinho com alginato. “O sabor ficou ótimo”, garante o cientista. A
meta é concluir os testes com o produto até 2013.
Os efeitos da gordura na relação entre cérebro e digestão estão entre os focos principais
dos estudiosos. Recentemente, a pesquisadora Deborah Clegg, da Universidade
Southwestern (EUA), fez revelações interessantes a esse respeito. Ela descobriu que um
componente das gorduras de origem animal (carne, leite e seus derivados), o ácido
palmítico, aumenta o desejo de comer. “Ele interfere nos sinais trocados por estruturas
celulares e atrapalha a percepção da saciedade”, explicou à ISTOÉ. “A pessoa tem
vontade de continuar comendo.”
Para chegar a essa conclusão, ela testou em animais o impacto de vários tipos de gordura
no cérebro. A investigação mostrou que a ingestão de carnes e queijos, especialmente,
fornece um aporte de ácido palmítico que depois de cair na corrente sanguínea, o que
acontece após a digestão, consegue atravessar a barreira hematoencefálica que protege
o cérebro e atua em estruturas como o hipotálamo, que regula a ingestão, e o
hipocampo, onde essas moléculas prejudicam a memória e a cognição. “Ao penetrar em
diferentes núcleos cerebrais, o ácido palmítico bloqueia a atuação de hormônios
envolvidos na saciedade, no peso e no gasto energético”, diz.
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4. NOVOS SABORES
O empresário Joseph Gelschyn, 61 anos, conseguiu diminuir o
colesterol e perdeu a barriga consumindo alimentos como purê de
amêndoas, abacate e óleo de coco. “Com eles, fico saciado por mais tempo”
Embora a maioria das iniciativas nesse campo ainda esteja em nível de pesquisa, já
existem produtos industrializados criados para interferir nos sinais da saciedade. Um
deles é uma emulsão de água e óleos de palma e aveia fabricada pela empresa holandesa
DSM. A substância, com o nome comercial de Fabuless, é adicionada a produtos
dietéticos pela indústria de alimentos ou vendida em potinhos para ser acrescentada em
receitas caseiras. “A digestão dessa mistura é mais lenta por causa de substâncias
contidas no óleo de aveia. Por isso, quando ela chega ao intestino, um sinal de
saciedade é enviado ao cérebro”, disse à ISTOÉ o francês Bruno Baudoin, gerente de
produtos da companhia holandesa. No Brasil, a substância é indicada por nutricionistas
como Lucyanna Kalluf, do Instituto de Prevenção Personalizada, em São Paulo. “Peço
para adicionar aos sucos e sopas”, diz. Entre os produtos com a mistura estão um leite
de soja fabricado pela Ohki Pharmaceutical, lançado no Japão no ano passado, e o leite
Silhuette Active, disponível na França.
Outra opção de nutriente já acessível são as fibras do tipo inulina. “Elas prolongam a
permanência dos alimentos no estômago e no intestino”, explica a nutricionista Cynthia
Antonaccio, da Equilibrium Consultoria Nutricional, em São Paulo. Por isso, alimentos
como a chicória, rica fonte de inulina, começam a ser incluídos com mais frequência no
cardápio de quem precisa emagrecer. Na Alemanha, são vendidos suplementos em pó e
tabletes de inulina extraída da chicória. “Há frações da inulina que têm sabor doce e
podem substituir o açúcar. Outras substituem a gordura por causa da textura cremosa”,
disse à ISTOÉ Marjan Nowens-Roest, da Sensus, empresa alemã que fabrica o Frutafit,
nome comercial da linha de produtos contendo o nutriente. Outras fibras, como o
glucomanan, estão sendo incluídas em alimentos como a Pasta Slim, um fettuccine
fabricado pela Wildwood e vendido nos Estados Unidos.
Bem ao alcance da mão estão outras boas alternativas para adiar a fome. Grãos integrais,
iogurtes e nozes estão entre elas. “Eles demoram mais tempo para ser digeridos e
melhoram o processo digestivo”, afirma a nutróloga Vânia Assaly, de São Paulo, e
membro do Institute of Internal Medicine (EUA). Nessa lista há alguns componentes
surpreendentes. Amêndoa, abacate e óleo de coco, por exemplo, são conhecidos por
serem calóricos. Por isso, pode causar estranheza vê-los incluídos em um cardápio para
emagrecer. Mas o que se descobriu é que eles também prolongam a saciedade. Por essa
razão, começaram a ser mais recomendados nas dietas, desde que consumidos com
moderação.
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5. ÓLEO
Na Suíça, Watzke testa azeite que prolonga a saciedade
A maçã, por sua vez, sempre foi uma boa pedida contra o peso porque tem poucas
calorias e bom valor nutricional. Um estudo feito pela Universidade da Flórida (EUA)
adicionou mais um motivo a seu favor. Os cientistas acompanharam 160 mulheres que
ingeriram uma maçã seca por dia durante um ano e verificaram que a fruta ajudou na
perda de peso não só por ser pouco calórica, mas devido à presença da pectina, fibra
que eleva a saciedade.
A comida pode auxiliar no emagrecimento também pela capacidade de alguns nutrientes
de aumentar a produção de calor pelo corpo – o que significa queimar mais calorias. É
um predicado dos alimentos termogênicos. “O consumo regular de pimenta, pimentões,
gengibre, guaraná e chá-verde, por exemplo, acelera a queima de calorias”, explica a
nutricionista Lucyanna Kalluf.
Uma investigação do Centro de Nutrição Humana da Universidade da Califórnia (EUA)
indicou que as pimentas, por exemplo, dobram a produção de calor até algumas horas
depois da refeição em que foram consumidas. Os pesquisadores testaram os efeitos de
uma substância similar à capsaicina das pimentas, o dihydrocapsiate, que não provoca
ardor. Ela foi ministrada durante 28 dias junto com uma dieta de baixíssimas calorias a 17
pessoas que queriam perder peso. Outros 17 indivíduos seguiram o regime, mas
receberam placebo. Entre os que ingeriram o composto, constatou-se que o gasto
energético foi duas vezes maior.
Mas aqui há uma controvérsia. Pesquisadores da Purdue University, também nos EUA,
afirmam que só se pode usufruir dos outros efeitos atribuídos à pimenta, como a
supressão do apetite – ela anestesia a sensação da fome – , se ela for ingerida ao natural.
Os testes da Purdue University foram feitos com meia colher de chá de pimenta-
vermelha picada nas refeições. Mas qualquer outra pimenta pode ser usada, pois a
capsaicina está presente na maioria das pimentas frescas e secas.
O caso das pimentas – capazes de aumentar a queima de calorias e a saciedade – é um
bom exemplo da complexidade do papel que os alimentos desempenham no nosso
organismo e de seu potencial para nos auxiliar na guerra contra a balança. Com o
abacate, o óleo de coco e a canela, por exemplo, ocorre a mesma coisa. São
considerados termogênicos e se descobriu que diminuem a sensação de fome. Em
relação à canela, esse efeito ficou patente após pesquisa realizada pela Universidade de
Lund, na Suécia. Os cientistas avaliaram o papel da canela na rapidez com que o
estômago fica vazio após as refeições. Para isso, o estômago de 14 voluntários foi
monitorado por ultrassonografia após a ingestão de 300 gramas de arroz-doce com e sem
o condimento. O estudo constatou que o tempo de permanência da comida no estômago
foi maior para aqueles que tinham consumido o doce com a canela.
Na lista dos alimentos que ajudam a prevenir o ganho de peso também constam aqueles
cuja digestão resulta na liberação mais lenta da glicose para o sangue. O açúcar é o
combustível para o funcionamento das células, mas em excesso não só pode levar à
diabetes como ainda ao acúmulo de peso.
Ocorre que, se a digestão dos alimentos promove uma entrada muito rápida de açúcar
no sangue – como é o caso dos pães e doces, de muito fácil digestão –, o pâncreas
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6. no sangue – como é o caso dos pães e doces, de muito fácil digestão –, o pâncreas
precisa liberar mais insulina, hormônio que permite a entrada dessa glicose para dentro
das células. Mas essa solicitação tem um preço. O desequilíbrio na produção desse
hormônio piora a ação da própria insulina, o que promove uma espécie de resistência do
corpo ao seu funcionamento. Ou seja, ainda que o corpo libere mais insulina, ela não é
suficiente para tirar o açúcar do sangue. A consequência é que isso dificulta a queima da
gordura, processo que só entra em cena depois que os estoques de glicose são
consumidos, resultando em ganho de peso. Mas há outros desdobramentos. Por causa do
mecanismo de resistência, a glicose não entra nas células em quantidade suficiente e o
organismo fica sem energia, o que torna constantes o desejo de comer e a sensação de
fome. Os alimentos que evitam esse problema são os de baixo índice glicêmico. Entre
alguns dos exemplos estão a ameixa, o damasco e o kiwi. Diante de tantas opções, é só
usar o bom-senso, equilibrar a dieta e escolher o menu mais indicado para comer, e
mesmo assim emagrecer.
OS NEURÔNIOS CANIBAIS
Passar fome não é boa ideia para quem quer emagrecer. Pesquisadores do Albert
Einstein College Medicine (EUA) descobriram que a privação de alimento leva os
neurônios ligados ao controle do apetite a devorar células semelhantes para obter
as substâncias de que necessitam. O processo ocorre no hipotálamo, estrutura
cerebral que regula as sensações de fome e saciedade. Por mecanismos complexos
e agora explicados por um estudo feito em animais, o processo leva à liberação de
ácidos graxos que estavam guardados no interior das células canibalizadas. “Isso
aumenta ainda mais a fome”, afirmou Rajat Singh, autor do estudo, publicado na
edição deste mês da revista “Cell Metabolism”.
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