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MUDANÇAS NA SOCIEDADE, MUDANÇAS NA
                 EDUCAÇÃO:
          O FAZER E O COMPREENDER.
                            Resumo produzido por Marcos Kammer e M.Teresinha Elichirigoyti




   Sobre este artigo

   Esse capítulo constitui parte do Livro "O Computador na Sociedade do
Conhecimento". O livro é organizado por José Armando Valente que é Coordenador
do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Universidade Estadual de
Campinas. O livro foi publicado em 1999.



   Introdução

    O autor parte da diferença que se estabelece a partir das mudanças observadas
nos processos produtivos, particularmente aquela que se realiza com o esgotamento
do modelo fordista de produção em série que ele qualifica como processo que
empurra a produção ("push"), para um paradigma de produção enxuta, de puxar a
produção ("pull"). Esta diferença repercute no modo como agimos e como
pensamos, no modo como se situam nossas habilidades e, por conta disso, na forma
como daí derivam o processo de produção do conhecimento em nossas escolas. Ele
situa essa mudança como uma mudança de paradigma que certamente afetará a
dinâmica do modo como estabelecemos as relações em sala de aula.



   Mudanças na sociedade

   Basicamente o modelo em suas categorias de análise se apresenta no quadro que
segue abaixo:



                                   Produção em massa                  Produção enxuta
       rodução artesanal
                                     modelo fordista                  modelo toyotista
Trabalhadores habilitados    Trabalhadores não habilitados     Trabalhadores habilitados
Ferramentas flexíveis          Ferramentas inflexíveis       Ferramentas inflexíveis
Produtos exclusivos            Produtos padronizados         Produtos quase exclusivos
Alta qualidade                 Qualidade Razoável            Produtos quase exclusívos
Baixa quantidade               Alta quantidade               Alta quantidade
Alto custo                     Baixo custo                   Baixo custo


   O profissional da sociedade "enxuta", se orienta pela necessidade de fomentar
uma nova habilidade de profissional, isto é: "o profissional da sociedade "enxuta"
deverá ser um indivíduo crítico, criativo, com capacidade para pensar, de aprender a
aprender, de trabalhar em grupo, de utilizar os meios automáticos de produção e
disseminação da informação e de conhecer seu potencial cognitivo, afetivo e social".

  Daí emergem as questões centrais que o texto procurará discorrer sobre a
questão da formação:

     • Como propiciar essa formação?
     • Que alterações são necessárias para constituir um ambiente onde o aluno
       possa adquirir as habilidades necessárias para atuar na sociedade enxuta?
     • Qual é o papel do professor nesse ambiente de aprendizagem?
     • Qual é o papel das novas tecnologias no processo educacional?

E só a título de brincadeira: Já que enxuta foi marca de lavadora, o que fazer para
que ele não suje sua camiseta sem que isso comprometa o nome da empresa?



   Mudanças na Educação


  Modelo de educação correspondentes aos processos produtivos:


     •      Modelo artesanal: Educação baseada no mentoreado (figura do mentor
         contratado para educar os filhos da corte) ou no professor particular.
         Fortemente elitista porque caro. Acesso portanto restrito.


     •       Modelo Fordista: a escola como linha de montagem (lembrar-se da
         "fábrica de chapéus" de Ruben Alves). O aluno é montado e o professor é o
         montador. Forte sistema de controle e divisão hierárquica da estrutura
         escolar: supervisores, supervisores e diretores. Forte planejamento da
         produção escolar com rigidez nos currículos, cumprimento rígido dos
         programas disciplinares. Ordenamento e hierarquização dos currículos, do
         simples ao complexo; compartimentalização dos conteúdos. Do aluno espera-
         se que seja capaz de assimilar os conteúdos, integrá-la a medida que vai se
         desenvolvendo o processo de montagem. Formação quase que robotizada.
É este modelo que embora ao seu tempo tenha cumprido seu papel, está hoje em
crise.

     • Críticas que se estabelecem ao modelo fordista:

a) desperdício da capacidade crítica do homem e de seu potencial criativo
b) desperdício por conta da necessidade de pessoas formadas para o controle do
sistema
c) desperdício no tempo necessário a formação pois não toma o aluno como
responsável pelo seu próprio processo de formação

     • Dificuldades que se percebem para instauração de uma nova ordem de um
       processo de educação não fordista:

a) as propostas de uma nova pedagogia têm se mantido fiel à concepção da
transmissão da informação, mantendo a estrutura de disciplinas e de conteúdos
estanques;
b) a não incorporação de novas tecnologias de informática e de telecomunicação
(que serviriam de meios para a construção do conhecimento)
c) necessidade de repensarmos mudanças educacionais que levem em conta o novo
papel do professor, do aluno, de gestão e da comunidade dos pais.

     • Quais as mudanças necessárias se quisermos pensar em uma educação
       "enxuta"?

a) A escola deve ser capaz de atender às demandas e necessidades dos alunos;
b) O professor e o aluno devem ter autonomia e responsabilidade para decidir o
como e o que deve ser tratado em aula;
c) o aluno deve ser crítico, saber utilizar a constante reflexão e depuração aingindo
níveis sempre mais sofisticados de ações e idéias. Deve ser capaz de trabalhar em
equipe e desenvolver em seu entorno uma rede de pessoas e especialistas capaz de
auxiliá-lo na resolução de problemas sempre mais complexos.
d) o conteúdo não pode ser mais fragmentado e descontextualizado da realidade ou
do problema que está sendo vivenciado pelo aluno.


É essa posição que levará o texto a situar a posição de Piaget sobre fazer e
compreender.




   A visão de Piaget do fazer e do compreender

   O autor mostra a partir das formulações teóricas de Piaget qual os momentos
envolvidos no processo de aprendizagem a partir de experiências que realiza com
crianças. Assim Piaget mostra que o desenvolvimento das etapas que envolvem a
solução de determinado problema só se constituem a medida que a criança é capaz
de apreender determinados conceitos, tomando consciência podemos dizer, sobre o
que se opera em relação ao fazer.

   E mais, que estes conceitos não se constituem por iluminação súbita na forma de
insight, mas quando a partir das situações concretas é levado a compreender
conceitualmente os problemas envolvidos, requalificando seus conceitos práticos,
empíricos originários. Nesse sentido, o processo de aprendizagem só se constitui a
partir da situações concretas, do manuseio de objetos concretos e da possibilidade
desse processo ser mediado pela interlocução de questionamentos que o professor
pode operar sobre o próprio processo de construção e resolução do problema.




   Mudanças na Escola

   Para que estas mudanças de paradigma o autor passa a enumerar uma série de
mudanças necessárias a essa nova ordem. Além disto, estas mudanças devem se
constituir como um processo em contrução que envolvem alunos, professores,
diretores, especialistas, comunidades de pais, bem como contar com apoio de
universidades e de especialistas externos.
   A sistematização da proposta passa pelo seguinte:

     • Resgate do espaço da escola como ambiente educativo:
Não há mais a necessidade de todos estarem no mesmo espaço, desempenhando as
mesmas atividaes em único tempo determinado.

     • Sala de aula - novas experiências de ensino-aprendizagem e nova
       metodologia:
A disposição tanto das classes quanto dos ambientes se fazem a partir das
necessidades que se constituem a partir do compartilhamento e acesso a situação
concreta de aprendizagem.

     • Currículo - adaptado às necessidades e características dos alunos e do
        contexto social:
Construção do conhecimento ao invés de memorização de conteúdos. Construção
coletiva proveniente dos interesses que os alunos definiram. Construção do currículo
em conjunto com os alunos servindo de baliza das tarefas e atividades a serem
realizadas.

     • Papel do Professor:
papel não mais de entregador de informação, mas de facilitados, supervisor e
consultor do aluno no processo de resolver o problema. O professor deve incentivar
o desenvolvimento contínuo do aluno, incentivando a participação e a reflexão. O
professor como modelo de aprendiz e ter um profundo conhecimento dos
pressupostos teóricos que embasam o processo de construção do conhecimento e
das tecnologias disponíveis. Deve também propiciar espaços de avaliação conjunta
dos resultados e procedimentos alcançados.

     • Papel do aluno:
O aluno deverá estar constantemente interessado no aprimoramento de suas idéias
e habilidades e solicitar do sistema educacional a criação de situações que permitam
esse aprimoramento. Deverá ter uma postura ativa, crítico, capaz de assumir
responsabilidades, de assumir responsabilidades, tomar e buscar soluções para os
problemas. Deve ter claro que isto é sua condição de sobrevivência na sociedade do
conheciemento.

     • Nova Gestão Escolar:
Flexibilização dos processos de gestão. Eles não podem mais se constituir de forma
centralizada. Devem buscar a participação e maior autonomia de seus membros
especialmente dos professores. Gestão deve ser voltada para facilitar os processos
de aprendizagem, não só dos alunos, mas de todos os seus membros.

     • Papel da comunidade de pai:
O professor não é mais o único responsável pelo processo de produção do
conhecimento e da aprendizagem. O lar deve ser também esse espaço com
participação mais ativa dos pais nesse processo de acompanhamento.

     • Auxílio de especialistas externos:
Necessidade de especialistas externos que auxiliem na implementação desse
processo de reestruturação.

     • Papel da novas tecnologias:
A tecnologia não se constitui num fim em si da realização desse processo, mas o
meio pelo qual pode-se ampliar os processos de informação e de discussão, de
democratização da informação e da participação. Além claro, de se constituir em
ferramenta que possa servir de estímulo ao processo de construção e interatividade
do próprio conhecimento.

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  • 1. MUDANÇAS NA SOCIEDADE, MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO: O FAZER E O COMPREENDER. Resumo produzido por Marcos Kammer e M.Teresinha Elichirigoyti Sobre este artigo Esse capítulo constitui parte do Livro "O Computador na Sociedade do Conhecimento". O livro é organizado por José Armando Valente que é Coordenador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Universidade Estadual de Campinas. O livro foi publicado em 1999. Introdução O autor parte da diferença que se estabelece a partir das mudanças observadas nos processos produtivos, particularmente aquela que se realiza com o esgotamento do modelo fordista de produção em série que ele qualifica como processo que empurra a produção ("push"), para um paradigma de produção enxuta, de puxar a produção ("pull"). Esta diferença repercute no modo como agimos e como pensamos, no modo como se situam nossas habilidades e, por conta disso, na forma como daí derivam o processo de produção do conhecimento em nossas escolas. Ele situa essa mudança como uma mudança de paradigma que certamente afetará a dinâmica do modo como estabelecemos as relações em sala de aula. Mudanças na sociedade Basicamente o modelo em suas categorias de análise se apresenta no quadro que segue abaixo: Produção em massa Produção enxuta rodução artesanal modelo fordista modelo toyotista Trabalhadores habilitados Trabalhadores não habilitados Trabalhadores habilitados
  • 2. Ferramentas flexíveis Ferramentas inflexíveis Ferramentas inflexíveis Produtos exclusivos Produtos padronizados Produtos quase exclusivos Alta qualidade Qualidade Razoável Produtos quase exclusívos Baixa quantidade Alta quantidade Alta quantidade Alto custo Baixo custo Baixo custo O profissional da sociedade "enxuta", se orienta pela necessidade de fomentar uma nova habilidade de profissional, isto é: "o profissional da sociedade "enxuta" deverá ser um indivíduo crítico, criativo, com capacidade para pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo, de utilizar os meios automáticos de produção e disseminação da informação e de conhecer seu potencial cognitivo, afetivo e social". Daí emergem as questões centrais que o texto procurará discorrer sobre a questão da formação: • Como propiciar essa formação? • Que alterações são necessárias para constituir um ambiente onde o aluno possa adquirir as habilidades necessárias para atuar na sociedade enxuta? • Qual é o papel do professor nesse ambiente de aprendizagem? • Qual é o papel das novas tecnologias no processo educacional? E só a título de brincadeira: Já que enxuta foi marca de lavadora, o que fazer para que ele não suje sua camiseta sem que isso comprometa o nome da empresa? Mudanças na Educação Modelo de educação correspondentes aos processos produtivos: • Modelo artesanal: Educação baseada no mentoreado (figura do mentor contratado para educar os filhos da corte) ou no professor particular. Fortemente elitista porque caro. Acesso portanto restrito. • Modelo Fordista: a escola como linha de montagem (lembrar-se da "fábrica de chapéus" de Ruben Alves). O aluno é montado e o professor é o montador. Forte sistema de controle e divisão hierárquica da estrutura escolar: supervisores, supervisores e diretores. Forte planejamento da produção escolar com rigidez nos currículos, cumprimento rígido dos programas disciplinares. Ordenamento e hierarquização dos currículos, do simples ao complexo; compartimentalização dos conteúdos. Do aluno espera- se que seja capaz de assimilar os conteúdos, integrá-la a medida que vai se desenvolvendo o processo de montagem. Formação quase que robotizada.
  • 3. É este modelo que embora ao seu tempo tenha cumprido seu papel, está hoje em crise. • Críticas que se estabelecem ao modelo fordista: a) desperdício da capacidade crítica do homem e de seu potencial criativo b) desperdício por conta da necessidade de pessoas formadas para o controle do sistema c) desperdício no tempo necessário a formação pois não toma o aluno como responsável pelo seu próprio processo de formação • Dificuldades que se percebem para instauração de uma nova ordem de um processo de educação não fordista: a) as propostas de uma nova pedagogia têm se mantido fiel à concepção da transmissão da informação, mantendo a estrutura de disciplinas e de conteúdos estanques; b) a não incorporação de novas tecnologias de informática e de telecomunicação (que serviriam de meios para a construção do conhecimento) c) necessidade de repensarmos mudanças educacionais que levem em conta o novo papel do professor, do aluno, de gestão e da comunidade dos pais. • Quais as mudanças necessárias se quisermos pensar em uma educação "enxuta"? a) A escola deve ser capaz de atender às demandas e necessidades dos alunos; b) O professor e o aluno devem ter autonomia e responsabilidade para decidir o como e o que deve ser tratado em aula; c) o aluno deve ser crítico, saber utilizar a constante reflexão e depuração aingindo níveis sempre mais sofisticados de ações e idéias. Deve ser capaz de trabalhar em equipe e desenvolver em seu entorno uma rede de pessoas e especialistas capaz de auxiliá-lo na resolução de problemas sempre mais complexos. d) o conteúdo não pode ser mais fragmentado e descontextualizado da realidade ou do problema que está sendo vivenciado pelo aluno. É essa posição que levará o texto a situar a posição de Piaget sobre fazer e compreender. A visão de Piaget do fazer e do compreender O autor mostra a partir das formulações teóricas de Piaget qual os momentos envolvidos no processo de aprendizagem a partir de experiências que realiza com
  • 4. crianças. Assim Piaget mostra que o desenvolvimento das etapas que envolvem a solução de determinado problema só se constituem a medida que a criança é capaz de apreender determinados conceitos, tomando consciência podemos dizer, sobre o que se opera em relação ao fazer. E mais, que estes conceitos não se constituem por iluminação súbita na forma de insight, mas quando a partir das situações concretas é levado a compreender conceitualmente os problemas envolvidos, requalificando seus conceitos práticos, empíricos originários. Nesse sentido, o processo de aprendizagem só se constitui a partir da situações concretas, do manuseio de objetos concretos e da possibilidade desse processo ser mediado pela interlocução de questionamentos que o professor pode operar sobre o próprio processo de construção e resolução do problema. Mudanças na Escola Para que estas mudanças de paradigma o autor passa a enumerar uma série de mudanças necessárias a essa nova ordem. Além disto, estas mudanças devem se constituir como um processo em contrução que envolvem alunos, professores, diretores, especialistas, comunidades de pais, bem como contar com apoio de universidades e de especialistas externos. A sistematização da proposta passa pelo seguinte: • Resgate do espaço da escola como ambiente educativo: Não há mais a necessidade de todos estarem no mesmo espaço, desempenhando as mesmas atividaes em único tempo determinado. • Sala de aula - novas experiências de ensino-aprendizagem e nova metodologia: A disposição tanto das classes quanto dos ambientes se fazem a partir das necessidades que se constituem a partir do compartilhamento e acesso a situação concreta de aprendizagem. • Currículo - adaptado às necessidades e características dos alunos e do contexto social: Construção do conhecimento ao invés de memorização de conteúdos. Construção coletiva proveniente dos interesses que os alunos definiram. Construção do currículo em conjunto com os alunos servindo de baliza das tarefas e atividades a serem realizadas. • Papel do Professor: papel não mais de entregador de informação, mas de facilitados, supervisor e consultor do aluno no processo de resolver o problema. O professor deve incentivar o desenvolvimento contínuo do aluno, incentivando a participação e a reflexão. O
  • 5. professor como modelo de aprendiz e ter um profundo conhecimento dos pressupostos teóricos que embasam o processo de construção do conhecimento e das tecnologias disponíveis. Deve também propiciar espaços de avaliação conjunta dos resultados e procedimentos alcançados. • Papel do aluno: O aluno deverá estar constantemente interessado no aprimoramento de suas idéias e habilidades e solicitar do sistema educacional a criação de situações que permitam esse aprimoramento. Deverá ter uma postura ativa, crítico, capaz de assumir responsabilidades, de assumir responsabilidades, tomar e buscar soluções para os problemas. Deve ter claro que isto é sua condição de sobrevivência na sociedade do conheciemento. • Nova Gestão Escolar: Flexibilização dos processos de gestão. Eles não podem mais se constituir de forma centralizada. Devem buscar a participação e maior autonomia de seus membros especialmente dos professores. Gestão deve ser voltada para facilitar os processos de aprendizagem, não só dos alunos, mas de todos os seus membros. • Papel da comunidade de pai: O professor não é mais o único responsável pelo processo de produção do conhecimento e da aprendizagem. O lar deve ser também esse espaço com participação mais ativa dos pais nesse processo de acompanhamento. • Auxílio de especialistas externos: Necessidade de especialistas externos que auxiliem na implementação desse processo de reestruturação. • Papel da novas tecnologias: A tecnologia não se constitui num fim em si da realização desse processo, mas o meio pelo qual pode-se ampliar os processos de informação e de discussão, de democratização da informação e da participação. Além claro, de se constituir em ferramenta que possa servir de estímulo ao processo de construção e interatividade do próprio conhecimento.