[1] O documento discute a desindustrialização prematura no Brasil e suas consequências negativas para a economia.
[2] Nelson Marconi, economista da FGV, analisa os dados que mostram a queda constante da participação da indústria no PIB brasileiro desde meados dos anos 1970.
[3] Marconi afirma que as principais causas da desindustrialização no Brasil são a taxa de câmbio valorizada, que dificulta a competitividade da indústria nacional, e o desmonte da cadeia produt
1. TECNOLÓGICA
Uma publicação
da Sociedade Brasileira
Pró-Inovação Tecnológica
EM REVISTA
ANO l Nº 4 - novembro/dezembro 2010
As bases para uma
indústria competitiva
Encontro Nacional da Inovação Tecnológica
reúne propostas do governo e do setor produtivo ial C
ec ITE
para impedir o avanço do apagão tecnológico Esp N
E
IX
2. Inteligente, prático e
fácil de usar.
Novo Portal Protec.
O espaço da inovação tecnológica
na internet está renovado para você.
O site da Protec acaba de se transformar em portal. Agora, tudo que
você precisar saber sobre inovação tecnológica na indústria está
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associações setoriais do País, notícias, reportagens exclusivas, publicações
especializadas. Sem falar nos serviços, como agenda de editais, eventos,
simulador de incentivos e muito mais. Este é o presente de fim de ano que
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Inovação na Indústria Brasileira
3. editorial
editorial
TECNOLÓGICA
Diálogo aberto
Uma publicação
da Sociedade Brasileira
Pró-Inovação Tecnológica
E M R E V I S TA em favor da inovação
Sociedade Brasileira
Pró-InovaçãoTecnológica O IX Encontro Nacional da Inovação Tecnológica
(Enitec) foi, mais uma vez, cenário de profundas
Presidente: discussões sobre como avaliar os resultados e melhorar
Humberto Barbato as políticas públicas de inovação. Pelo menos dez
Vice-presidentes:
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira,
propostas foram apresentadas pelas entidades setoriais
Jorge Lins Freire, Paulo Skaf, e serão consolidadas pela Protec em documento a ser
Robson Braga de Andrade e encaminhado para o governo eleito. Para dar transpa-
Rodrigo Rocha Loures rência às conclusões dos debates, esta edição da Pró-
Conselheiros:
Inovação Tecnológica em Revista é totalmente dedicada à cobertura do Enitec, além de
Armando Monteiro Neto,
Carlos Alexandre Geyer, mostrar momentos da entrega do Prêmio Inovar para Crescer, oferecido pela Protec no
Franco Pallamolla, Dia da Inovação (19 de outubro).
Celso Antônio Barbosa, O Enitec mostrou, com a análise dos resultados do Edital Senai de Inovação, que
João Carlos Basílio, não só é possível, como necessário, usar critérios empresariais para selecionar e
José Manuel de Aguiar Martins,
Luiz Aubert Neto,
verificar a efetividade de projetos de inovação. A orientação serve em especial para a
Luiz Guedes, Luiz Amaral, subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No encontro,
Merheg Cachum, Paulo Godoy e também foram indicadas propostas de melhorias específicas para esse mecanismo,
Paulo Okamotto com base em um estudo da Protec. Com a presença de representantes da Finep prontos
Diretoria:
a ouvir críticas e sugestões, e ao mesmo tempo expor os limites institucionais, o Enitec
Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira,
Fabián Yaksic e Joel Weisz estabeleceu o diálogo aberto entre a agência reguladora e a indústria.
O papel mediador se fez presente também nos debates sobre a desindustrialização.
Pró-Inovação Tecnológica em Revista é BNDES, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
uma publicação bimestral da setores da indústria e o especialista no assunto Nelson Marconi, da Fundação Getúlio
Sociedade Brasileira Vargas (FGV), compartilharam múltiplas visões sobre o tema. Foi possível, assim,
Pró-Inovação Tecnológica
traçar as diferentes facetas desse problema complexo. A dificuldade maior tem sido
Expediente convencer o Governo a assumir que ele ocorre de fato.
Coordenação editorial: Mas passados o Enitec e as eleições, o tema começou a ser oficialmente encarado.
Natália Calandrini Em meados de novembro o jornal “Valor Econômico” divulgou informações de
Textos: documento finalizado pelo MDIC em julho que revela a preocupação com a “desin-
Natália Calandrini
Igor Waltz dustrialização negativa”, admitindo a "reprimarização" da pauta de exportações
Colaboração: desde 2007. Diz, ainda, o que a Protec alerta há alguns anos: a desindustrialização
Luciana Ferreira brasileira não se caracteriza pela queda da produção. Ela consiste na “perda relativa de
Projeto e produção editorial: dinamismo da indústria na geração de renda e emprego”, como define o texto, que
Ricardo Meirelles
também aponta a deterioração dos setores de maior intensidade tecnológica.
Diagramação:
Jessica S. Gama A divulgação do fato acende a esperança de que os problemas do País e as possíveis
Estagiárias: soluções apontadas pela indústria comecem a ser considerados pelo Governo.
Fernanda Magnani O Enitec se mostrou um eficiente canal de comunicação para que os pleitos sejam
Mayara Almeida avaliados e encaminhados, em um esforço conjunto para a melhoria de políticas
Comercial e Marketing:
públicas que direta ou indiretamente impactam na inovação tecnológica brasileira.
Alexandre Nicolsky
Circulação: 5 mil exemplares Roberto Nicolsky
Diretor-geral da Protec
.
Protec - Sociedade Brasileira
Sumário
Pró-Inovação Tecnológica Notas............................................................................................................................................ 2
Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro Indústria – O que fazer para combater a desindustrialização................................................................ 3
Rio de Janeiro - RJ Subvenção – Sugestões para melhorar a oferta de recursos não reembolsáveis.........................6
CEP 20020-050
Tel.: (21) 3077-0800 Financiamento – O papel do governo para estimular o investimento privado em inovação.............9
Fax.: (21) 3077- 0812 Legislação – As transformações provocadas pela MP 495 e a Lei do Bem.....................................10
revista@protec.org.br Espaço Rets................................................................................................................................ 12
www.protec.org.br
www.protec.org.br 1
4. notas notas
Crescimento à base da inovação
A entrega do Prêmio Inovar para Crescer reuniu represen-
tantes do governo e da indústria que exercem importante papel
na formulação e execução de políticas públicas para inovação.
Entre eles, o secretário de Inovação do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Francelino
Grando, e o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI), Clayton Campanhola. Realizada no Dia da
Inovação (19 de outubro), no Clube Hebraica, em São Paulo, a
cerimônia foi a oportunidade de compartilhar experiências
bem-sucedidas no uso da inovação tecnológica como melhoria
incremental. O Prêmio foi oferecido pela Sociedade Brasileira
Pró-Inovação Tecnológica (Protec), em parceria com o Senai, às
empresas: Nibtec (Revelação/Pequena Empresa); Altus
Sistemas de Informática (Estratégia/Média Empresa); Embraer
(Visão/Grande Empresa); Eggon João da Silva, co-fundador da
WEG (Personalidade Inovadora) e Carlos Chiti, co-fundador
das Indústrias Romi (Personalidade Inovadora In Memoriam).
Na abertura do evento, o 1 2
presidente da Protec,
Humberto Barbato, expressou
preocupação com o déficit
comercial e tecnológico do
Brasil. Porém, destacou que a
oferta do Prêmio Inovar para
Crescer demonstra a capacida-
de de superação da indústria. O
que falta são políticas públicas
capazes de incentivar a ino-
vação, o investimento pro-
dutivo e as exportações.
O gerente executivo do
3 4
Departamento Nacional do Senai,
Orlando Clapp Filho, destacou os
esforços da instituição para
aumentar a disponibilidade de
serviços de apoio tecnológico e de
recursosparainovaçãonaindústria.
Segundo ele, atualmente são mais
de 100 laboratórios acreditados à
disposição e 150 empresas
desenvolvem produtos ou
processos com investimentos do
Senai, que pretende aumentar esses
números em 2011.
5
Da esq. p/a dir.: [1] o presidente da Protec, Humberto Barbato, entrega o prêmio Personalidade
Inovadora ao presidente do Conselho de Administração da WEG Décio da Silva, representando o
pai, Eggon João da Silva; [2] o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI),
Clayton Campanhola, e o presidente da Altus, Luiz Gerbase; [3] o vice-presidente executivo de
Tecnologia da Embraer, Emilio Kazunoli Matsuo, e o secretário de Inovação do Ministério do
Desenvolvimento, Francelino Grando; [4] o gerente do Senai Nacional, Orlando Clapp, e Bruno
Gouvea, diretor do Grupo Giga/Nibtec; [5] Eugênio Guimarães Chiti, chefe de Marketing e
Relações Institucionais da Romi, recebe a homenagem póstuma ao pai, Carlos Chiti, do diretor-
geral da Protec, Roberto Nicolsky
5. indústria
indústria
Nelson Marconi
“A indústria nacional
está se tornando uma
grande linha de montagem”
A queda da participação da indústria
brasileira no Produto Interno Bruto
(PIB) está acontecendo cedo demais, na
outros setores, acredito que a
desindustrialização brasileira está
acontecendo prematuramente.
avaliação de Nelson Marconi, economista
da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Foi Como o senhor explicaria
o que constatou o estudo feito a partir de esse processo?
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e N. M.: Em parte, podemos
Estatística (IBGE). Para o especialista, os explicar esse fato pelo aumento
números são alarmantes. Entre 1947 e 1973, da participação do setor de
a participação da indústria de serviços na medida em que a
transformação no PIB saltou de 15% para economia cresce. Mas a taxa de
23,5%, mas, a partir dessa data, o câmbio também tem um peso
percentual do setor produtivo despencou. importante no processo de
Segundo ele, em 1982, a indústria de desindustrialização. Com o real
transformação respondia por 20% do PIB, valorizado, a indústria nacional
passando para 17% em 1992, e atingiu hoje encontra dificuldade de
seu menor patamar desde 1947, com 15%. competir com os produtos
A seguir, o professor da FGV analisa o estrangeiros e opta por importar
processo brasileiro de desindustrialização máquinas e insumos para
(leia a matéria da pág. 4), tema de painel do IX compensar a perda de receita —
Encontro Nacional de Inovação fenômeno conhecido como
Tecnológica (Enitec). hedge produtivo. Dessa forma,
ocorre o desmonte da cadeia
A participação da indústria no PIB produtiva, em detrimento
brasileiro vem caindo desde meados principalmente dos produtores
dos anos 1970. Como o senhor avalia intermediários. A indústria
essa redução? brasileira está se tornando uma Que medidas devem ser adotadas pelo
Nelson Marconi: A desindustrialização vem grande linha de montagem. Governo para combater o processo de
ocorrendo de forma bastante intensa no desindustrialização?
Brasil, o que é preocupante. Os dados nos A desindustrialização atinge princi- N.M.: A principal medida é desvalorizar a
mostram que atualmente a indústria de palmente quais setores? taxa de câmbio para garantir que a
transformação está no mesmo patamar que o N. M.: Os setores mais afetados são os indústria nacional tenha mais condições de
do fim da década de 1940, quando o País intensivos em mão de obra, como o têxtil, competir. Mas são necessárias também
ainda tinha uma economia essencialmente e os intensivos em tecnologia, como o da ações de longo prazo, como estímulo ao
agrária. Essa diminuição do percentual é algo indústria eletrônica. A redução dos investimento em inovação tecnológica e
que já foi observado na economia dos países manufaturados pode ser explicada pela linhas de crédito de acordo com as
desenvolvidos, mas com uma importante evolução das importações. Nos setores de demandas de cada um dos segmentos
diferença. Neles, o processo teve início alta e média-alta tecnologia, as compras industriais. Outra iniciativa importante
quando a renda per capta estava em torno de externas de produtos acabados tiveram seria o incentivo à formação de clusters.
US$ 10 mil, enquanto no Brasil teve início um crescimento de 149% no período de Organizados na forma de Arranjos
com uma renda de R$ 4 mil. Como o valor 1995 a 2007. Já a participação dos bens Produtivos Locais, as indústrias de um
adicionado per capita gerado pela indústria intermediários importados saltou de 63% mesmo setor podem adotar ações conjuntas
de transformação é maior que o gerado pelos para 69,6% no mesmo período. para aumentar sua competitividade.
www.protec.org.br 3
6. indústria indústria
A quebra da
cadeia
produtiva
S eja qual for o termo que usem,
especialistas do governo e represen-
tantes do setor produtivo caminham
déficit comercial da indústria foi de
US$ 25,7 bilhões de janeiro a outubro de
2010. Em todo o ano de 2007, o saldo
alavancado a importação dos bens de
capital, já que o câmbio valorizado e os
juros altos deixam o produto nacional
para um consenso de que a indústria comercial tinha sido de US$ 22 bilhões sem competitividade.
brasileira está sendo cada vez mais positivos. Já o déficit tecnológico, ainda “Alguns podem falar que estamos
impactada pela invasão de produtos mais grave, é de US$ 69,9 bilhões nos importando produtos tecnológicos [que
importados, somada aos altos custos de primeiros dez meses do ano, contra US$ seriam inexistentes no País]. Eu digo que
produção. No painel “Riscos de 48,4 bilhões no mesmo período de 2009. estamos importando qualquer coisa.
desindustrialização” do IX Encontro Evitando a polêmica palavra “desin- Tenho comparado e vejo que são
Nacional da Inovação Tecnológica dustrialização”, o diretor de Plane- produtos idênticos ou de tecnologia
(Enitec), entidades setoriais reclamaram jamento do BNDES, João Carlos Ferraz, mais baixa que a nossa”. Segundo
em coro da rápida e acentuada perda de falou em desarticulação da cadeia Muller, está acontecendo um des-
espaço no mercado nacional e até produtiva para identificar o fenômeno. colamento da produção física industrial
internacional, que tem levado à redução “O processo não é homogêneo; ele das vendas do varejo. “Estamos
ou interrupção da produção, com perda acontece de formas diferentes em cada importando bens finais”.
de conteúdo tecnológico. setor, por dentro da cadeia produtiva.
Os números da economia reforçam o Não podemos generalizar”. Impactos na cadeia produtiva
argumento das entidades setoriais. Mas em 22 de outubro, no dia Humberto Barbato, presidente da
Segundo levantamento feito pela seguinte ao Enitec, o presidente do Protec e da Associação Brasileira da
Sociedade Brasileira Pró-Inovação BNDES, Luciano Coutinho, assumiu que Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee),
Tecnológica (Protec) em dados do o Brasil precisa "abrir os olhos" para disse que a situação é tão grave que há
Ministério do Desenvolvimento, o evitar o processo de desindustrialização. empresas pedindo para que não sejam
Na Federação das Indústrias do Estado tomadas medidas contra os importados.
de São Paulo (Fiesp), ele afirmou que a “Já temos filiados dependentes de
valorização cambial incentiva o importação. É como um câncer que se
crescimento das importações, com espalha por toda a cadeia produtiva”.
indícios de concorrência desleal. "Não Ele mencionou que transformadores,
podemos jogar a toalha e aceitar o disjuntores, cabos, torres e outros
esvaziamento de cadeias produtivas e produtos do setor de energia elétrica, em
que uma explosão de importados que o Brasil tem indústria consolidada,
esvazie especialmente as indústrias de estão vindo da China. Segundo Barbato,
bens de capital e mecânica", declarou. as ligações Tucuruí-Manaus e Tucuruí-
A Associação Brasileira da Indústria Macapá foram todas feitas com produtos
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) chineses e o mesmo só não acontecerá
é apenas uma das entidades que há com a construção da usina de Belo Monte,
tempos vêm alertando para esse perigo. no Pará, porque o setor se movimentou
Da esq. p/a dir.: Rafael Moreira, do Ministério do Klaus Curt Muller, representante da para pedir providências do governo,
Desenvolvimento; Nelson Marconi, da FGV; Roberto Nicolsky, da
Abimaq, disse em sua apresentação no obtendo uma linha de financiamento do
Protec; Rodrigo Loures, da Fiep; e Klaus Curt Muller, da Abimaq
Enitec que o consumo aparente tem BNDES. Em todo a área de eletroeletrô-
4 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
7. nicos, as importações de produtos
terminados é de 20% do faturamento
“
e o déficit comercial deve chegar
US$ 27 bilhões este ano. Por isso, Barbato Falam que
sugeriu o aumento do imposto de impor- importamos produtos
tação de alguns itens provisoriamente.
tecnológicos
Soluções apontadas inexistentes no País,
Apesar de discordar das evidências
de “um processo generalizado de
mas comparo
e vejo que são
desindustrialização”, assim como Ferraz,
o diretor da Agência Brasileira de Desen-
volvimento Industrial (ABDI), Clayton
Campanhola, afirmou que “não
produtos idênticos
ou de tecnologia
“
devemos cruzar os braços”. Ele lembrou mais baixa mentos orientados ao mercado, e a baixa
que o governo está definindo as macro- que a nossa difusão da cultura de inovação.
metas da Política de Desenvolvimento De acordo com Rafael, a falta de mão
Produtivo para 2011 a 2014 e que esta é a de obra qualificada também contribui
oportunidade de instâncias públicas e Klaus Curt Muller
para a desindustrialização. Faltam
privadas reverem os mecanismos de profissionais em setores como o de
incentivo à produção existentes. indústria química e instrumentação, e,
Para mudar o quadro, o professor de segundo ele, o governo vem se
Economia da Fundação Getúlio Vargas “Temos ilhas de dinamismo tecnológico
esforçando para casar demanda e oferta.
(FGV-SP) Nelson Marconi (veja entrevista no Brasil, apesar da insuficiência das
Segundo pesquisa de uma consultoria,
na pág. 3) apontou medidas para políticas públicas, da carga tributária
55% das empresas não conseguem
desvalorizar o câmbio, promover que onera investimentos, do ambiente de
efetivar contratações, algumas impor-
negociações internacionais no campo da juros adverso para os investimentos e da
tando profissionais.
Organização Mundial do Comércio burocracia”, afirmou.
(OMC) e outras instâncias para proteger Para o Brasil potencializar seu
os produtos nacionais dos importados, e desenvolvimento tecnológico, item
implantar políticas de pesquisa, essencial contra a desindustrialização, Proposições para...
desenvolvimento e financiamento à precisa vencer alguns gargalos. Entre
inovação de acordo com as demandas de eles, Rafael Henrique Rodrigues
segmentos industriais. Ferraz, do Moreira, gerente de projeto da Secretaria Reverter o processo
BNDES, também defende a criação de de Inovação do Ministério do Desen- de desindustrialização
estratégias setoriais. volvimento, Indústria e Comércio
“O governo precisa prestar apoio a Exterior, destacou a baixa articulação de
• Aumentar provisoriamente
setores transversais, como os de bens de atores do sistema brasileiro de inovação,
a insegurança jurídica dos incentivos, os impostos de importação
capital e de eletroeletrônicos, que dão
competitividade para a economia como investimentos públicos concentrados em
C&T associados à baixa oferta de instru- • Adotar medidas para desvalo-
um todo. Até o agronegócio depende
rizar o câmbio
disso”, disse Rodrigo da Rocha Loures,
presidente da Federação das Indústrias
• Negociar internacionalmente a
do Estado do Paraná (Fiep), referindo-se
proteção de produtos brasileiros
“
às políticas econômicas e comerciais.
Já temos • Implantar políticas de inovação
filiados na Abinee de acordo com demandas de
segmentos industriais, com com-
dependentes partilhamento do risco pelo Estado
de importação.
É como um câncer “ • Promover o ajuste fiscal e a
redução dos juros para incentivar
que se espalha por os investimentos em inovação e
toda a cadeia em produção
produtiva
Humberto Barbato
www.protec.org.br 5
8. subvenção
subvenção
Recursos não reembolsáveis:
Enitec conquista melhorias e aponta novos rumos
E stá consolidado na Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) o entendi-
mento de que a subvenção econômica à
O palestrante reiterou que as novas
regras do edital tiveram base em
reivindicações da Protec e de entidades
Segundo o palestrante, no modelo
anterior, muitas vezes as empresas
proponentes não conheciam seus
inovação consiste em instrumento setoriais, inclusive apresentadas em concorrentes e o mercado, não estando
destinado exclusivamente a empresas Enitecs anteriores. O seminário de preparadas para receber os recursos.
produtivas. A nova visão, antecipada à avaliação de resultados de 2009
Pró-Inovação Tecnológica em Revista na realizado pela Finep também conferiu Eliminar a restrição temática
edição passada pelo superintendente da subsídios para a mudança. “A subven- De acordo com levantamento apresen-
área de Financiamento, Luiz Coelho, foi ção mascarava projetos que eram de tado pelo consultor da Protec, Fernando
reforçada pelo chefe do Departamento Instituições Científicas e Tecnológicas Varella, sobre o desempenho da subvenção
de Acompanhamento da Finep, (ICTs), mas ela é para as empresas. O nas edições de 2006 a 2009, ainda há espaço
Mauricio Syrio, no IX Encontro Nacional mecanismo deve oferecer apoio e não ser para melhorar o formato do programa.
da Inovação Tecnológica (Enitec). fonte de sobrevivência. Não queremos Para começar, acabando com a restrição a
Durante o painel “Subvenção e apoios empresas sobrevivendo da subvenção”, áreas específicas para desenvolvimento de
não reembolsáveis”, Syrio destacou que disparou Syrio. projetos. “Muitas empresas deixam de
o edital de subvenção de 2010 sofreu Com as mudanças, o número de participar dos editais porque suas
alterações nos critérios de seleção para projetos apresentados caiu (de 2.558 em propostas não estão enquadradas, apesar
ser direcionado a empresas de mercado, 2009 para 993 em 2010). Porém, a de elas atuarem em setores classificados
que têm condições de lançar produtos e qualidade aumentou, tendo maiores como estratégicos pela Política de
processos com retorno econômico. chances de sucesso, garantiu Syrio. Desenvolvimento Produtivo”, relata.
6 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
9. subvenção
incrementais correm o risco
de chegarem a resultados já
““
velhos e com tecnologia Muitas empresas
A subvenção
ultrapassada”, disse.
Das 114 companhias deixam de participar
mascarava projetos
selecionadas no edital de dos editais de
que eram
2006, 79 responderam à
pesquisa da Protec. Delas, 44% tinham
Instituições Científicas
subvenção porque “
eseus projetos não
Tecnológicas (ICTs), “
“
concluído seus projetos e inserido as
A subvenção soluções no mercado; 22% concluíram estão enquadrados
mas ela é para
mascarava projetos sem inserção; e 34% não concluíram. Syrio
confirmou que os números se aproximam
nos tópicos
as empresas
que eram de da avaliação em curso pela Finep. definidos
Instituições Científicas “
“ Mauricio Syrio
e Tecnológicas (ICTs), Avaliação de impactos
A necessidade e as formas de se Fernando Varella
mas ela é para mensurar resultados econômicos dos
as empresas projetos subvencionados estiveram em
discussão no painel. Para Varella, é
imprescindível que a Finep divulgue, com
Mauricio Syrio transparência, os impactos do programa
na economia – quantos produtos foram
Varella sugeriu ainda que seja introduzidos no mercado e o número de
diminuído o valor mínimo para projetos patentes registradas, por exemplo. O
apresentados por micro e pequenas especialista considera que a metodologia
empresas, de R$ 500 mil para R$ 250 mil. de avaliação adotada pela Finep em 2009,
Assim, é possível aumentar as chances de seminário fechado e com fichas de
de se gerir melhor o projeto e pulverizar avaliação preenchidas pelas próprias
recursos. Em 2006, 327 micro e pequenas empresas, não é adequado. Juntando os
receberam 37,3% dos recursos disponibi- seminários realizados em 2009 e 2010, um
lizados, uma média de R$ 1,8 milhão por total de 71 empresas foram avaliadas,
empresa. O número é nove vezes o valor representando 11,5% do universo apoiado
A importância do foco no negócio, a falta
médio do faturamento anual das MPE, no período, uma “amostra pouco
de recursos para se levar o produto ao
segundo dado do Sebrae de São Paulo. representativa”, segundo ele.
mercado e o baixo risco tecnológico dos
Outro ponto importante, segundo o Apesar de reconhecer as limitações do
projetos foram algumas delas.
consultor, é diminuir o tempo entre estudo, Syrio, da Finep, destacou as
A Finep também observou que mais
lançamento da chamada e contratação. conclusões possíveis de serem extraídas
da metade dos contemplados ainda não
Também há necessidade de se reduzir o do primeiro seminário e que permitiram
obteve receitas com o produto subvencio-
tempo para o desenvolvimento, que o aprimoramento do edital de subvenção.
nado. A falta de inadequação da subven-
atualmente varia de 36 a 48 meses. “Após ção para empresas pré-operacionais e a
esse tempo, os projetos de inovações dificuldade de os beneficiados gerencia-
“
rem mais de um projeto ao mesmo tempo
Projetos reforçam as recomendações encaminha-
acadêmicos podem das pela Protec em outros anos. Já quanto
à própria metodologia de avaliação, a
ser ótimos, mas Finep notou inconsistências em questio-
não estão baseados “ nários, com a necessidade de melhorias
na experiência em seu formato.
de mercado para Fatores de sucesso
comercialização Com base em estudo sobre os
resultados do Edital Senai de Inovação,
Roberto Nicolsky, diretor-geral da
Roberto Nicolsky
Protec, identificou os fatores de sucesso
www.protec.org.br 7
10. subvenção
para os projetos de subvenção. Ele
apontou o perfil de empresas adequadas
para receber esse tipo de recursos. São
Proposições para...
aquelas com estrutura produtiva já
preparada para fazer o produto ou
processo desenhado no projeto. Essas Aperfeiçoamento da subvenção
obtiveram 86% de inserção efetiva da
econômica à inovação
inovação no mercado. A apresentação
do plano de negócios e de projeto
formulado por iniciativa da própria • Eliminar restrição do edital • Desclassificar propostas
empresa também impactaram positiva- a temas específicos cujos gestores não compro-
mente nos resultados. vem efetiva experiência na
“A principal fonte de subsídios para • Restringir a aprovação de fabricação e comercialização
o projeto deve ser o mercado, e não o novo projeto de empresas que dos produtos e processos que
professor Pardal, um gênio da universi- ainda não concluíram projetos pretendem inovar
dade. Este é nosso medo com relação a contratados anteriormente
projetos acadêmicos. Eles podem ser • Exigir a inserção competi-
ótimos, mas não estão baseados na • Aprovar apenas um projeto tiva no mercado do novo
experiência de mercado para comerciali- por empresa produto, processo ou servi-
zação”, disse o coordenador do estudo.
ço, com previsão de despesas
Pensando na ponta do acesso aos • Reduzir o valor mínimo para de pelo menos 15% dos
recursos, Carlos Cavalcanti, da Asso-
projetos apresentados por recursos solicitados
ciação Brasileira da Indústria Elétrica e
micro e pequenas empresas
Eletrônica (Abinee), sugeriu a simplifi-
para R$ 250 mil, melhorando a • Divulgar os impactos do
cação das informações sobre os mecanis-
gestão e pulverizando recursos programa na economia
mos de fomento. “Do ponto de vista do
empresário, os mecanismos são difíceis
• Diminuir o tempo entre • Ampliar os recursos, alo-
de entender e parecem se sobrepor,
lançamento da chamada e cando pelo menos 30% dos
dentro da própria Finep e entre as
agências de fomento. Muitas vezes o contratação para o desenvol- recursos do Fundo Nacional de
tomador não sabe a que guichê recor- vimento do projeto Desenvolvimento Científico e
rer”, afirmou. Na opinião de Cavalcanti, Tecnológico (FNDCT), o que
é preciso se discutir mais a inovação e o • Comprovar a fonte de re- corresponderia a R$ 1 bilhão
desenvolvimento tecnológico do ponto cursos das contrapartidas em 2010
de vista de diretrizes gerais para o País,
coordenadas a ações nos estados.
Novos editais do Sebrae
O Sebrae reformulou seu programa inovação, prototipagem de produtos e meses e projetos em valor de até R$ 600 mil,
Sebraetec e incluiu a distribuição de encadeamento empresarial, com prazo somando R$ 113,4 mil até 2013. O Sebrae
recursos não reembolsáveis, diretamente de implementação de até 12 meses e Nacional arcará com 50% dos projetos,
para empresas, destinados a projetos de valores de até R$ 90 mil. O desembolso sendo o restante coberto pela empresa e o
inovação a partir de janeiro de 2011. total, em três anos, será de R$ 9,1 milhões. Sebrae no estado. O novo Sebraetec, com
Antes concentrado apenas no custeio de Para a inovação de ruptura foi criada a valor total de R$ 787 milhões de 2011 a
serviços tecnológicos, ele terá a linha modalidade Sebraetec Inova, também 2013, também engloba serviços de apoio
Sebraetec Inovação, para inovação direcionada a eco-inovação e encade- tecnológico (básico e avançado) e uma
incremental, principalmente em eco- amento empresarial, porém prazo de 24 linha para indicação geográfica.
8 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
11. financiamento
financiamento
O desafio de
aumentar o
dispêndio privado
O s recursos crescem e as opções são
variadas, mas ainda falta o comparti-
lhamento de risco para que os financia-
tivo. Conforme o Estado aumentou sua
contribuição, as empresas aprenderam a
importância de inovar e, hoje, respon-
mentos para a inovação dêem certo no dem por 70% dos investimentos.
Brasil. “Sem isso, recursos serão disponi- “É um equívoco pensar que a
bilizados, porém com procura reduzida”, empresa tem por norma arriscar para
decretou o diretor-geral da Sociedade aumentar ganhos. Ela se preocupa em
Brasileira Pró-Inovação Tecnológica assegurar o que já tem e tende a inovar
(Protec), Roberto Nicolsky, no painel defensivamente”, disse Nicolsky. Ele
“Financiamentos” do IX Encontro apontou ainda problemas culturais.
Nacional da Inovação Tecnológica “Não costumamos incentivar a inovação
(Enitec). Segundo ele, foi sob o modelo de a partir do estágio em que as empresas se
compartilhamento de risco que a Coreia
do Sul conseguiu estabelecer o alto
encontram; queremos logo dar o salto
para a fronteira da tecnologia. Mas
Outro olhar:
padrão tecnológico atual. Em 1970, a quando o projeto faz parte da linha de financiamento à inovação
participação da indústria nos investimen- produção da empresa, as chances de
tos em inovação não era mais que 13%, sucesso são enormes, de mais de 80%”. no Nordeste
enquanto 80% dos recursos públicos para Segundo Flávia Kickinger, do
a área eram destinados ao setor produ- BNDES, o banco vem aumentando os Se o acesso a recursos para o
recursos para inovação com o objetivo de desenvolvimento tecnológico é precário
estimular o crescimento dos dispêndios para empresas do Sul e Sudeste do Brasil,
privados para a área. Foram desembolsa- nas demais regiões o quadro tende a ser
dos R$ 721,6 milhões entre janeiro e julho ainda mais duro. O Banco do Nordeste só
deste ano, contra R$ 562,9 milhões no ano consegue atender a 10% dos projetos de
de 2009. Ainda assim, Nicolsky considera inovação que recebe para sua linha de
pouco. “São cerca de 1% dos recursos do apoio não reembolsável. Ainda assim,
BNDES, quando deveriam ser 5%”. segundo Laércio de Matos Ferreira, do
Para finalizar, Afonso Moura, da Escritório Técnico de Estudos Econô-
Associação Brasileira Técnica de micos do Nordeste, a política nacional de
Celulose e Papel (ABTCP), lançou uma expansão industrial contribuiu para
provocação: “Precisamos entender o aumentar, mesmo que timidamente, o
perfil dos financiamentos de hoje – se apoio às empresas. “Participamos de
Da esq. p/a dir.: Maurício Syrio, da Finep; Flávia Kickinger, do reuniões como o Enitec para buscar
estão mais voltados para a melhoria de
BNDES; Roberto Nicolsky, da Protec; Laércio de Matos Ferreira,
processos e produtos, ou para grandes maneiras de customizar nossas linhas de
do Banco do Nordeste; e Afonso Moura, da ABTCP
inovações de ruptura”, questionou. financiamento para resultarem cada vez
mais em desenvolvimento tecnológico
efetivo”, disse. Além da linha não
reembolsável, o Banco do Nordeste tem
Proposições para... o financiamento reembolsável e cotas em
fundos de capital de risco. Seguindo
Melhorar as condições de financiamento instrução legal, é uma das poucas
instituições de crédito que aplicam parte
• Compartilhar o risco da inovação dos recursos em projetos na região do
semi-árido.
www.protec.org.br 9
12. legislação
legislação
MP
495
Mais um estímulo
à inovação nacional
A medida Provisória 495, que altera a
Lei de Licitações (nº 8666/93), foi um
importante passo para estimular a
um verdadeiro Buy Brazilian Act [uma
referência ao Buy American Act, lei
assinada pelo presidente Franklin
um impacto positivo para garantir o
fortalecimento da cadeia produtiva
nacional, incentivando a pesquisa
inovação no País, pois institui margem de Roosevelt em 1933 para ajudar os Estados tecnológica no País, mais do que simples-
preferência nas compras governamentais Unidos a se recuperarem da crise mente a produção nacional”, afirmou.
de até 25% para produtos e serviços de econômica]”, explica Nicolsky. “Depois, Mas para Marcio Bosio, diretor
empresas que praticam atividades de continuamos batalhando para que o institucional da Associação Brasileira da
P&D no Brasil. Mas, sozinha, essa inciso fosse realmente utilizado. Indústria de Artigos e Equipamentos
iniciativa tem efeito limitado, e é Farmanguinhos foi uma das poucas Médicos, Odontológicos, Hospitalares e
necessária a implantação de mecanismos instituições a colocar o recurso em prática de Laboratórios (Abimo), a medida pode
paralelos para que ela tenha efetividade. para a compra de antirretrovirais”. ter efeito limitado. “A MP é positiva, pois
Essa foi uma das conclusões do painel insere o item da encomenda tecnológica,
“Incentivos fiscais e o uso do poder de Setores estratégicos mas ela se aplica apenas às empresas que
compra”, realizado durante o IX A MP 495 beneficia principalmente estão com seus projetos quase no ponto
Encontro Nacional de Inovação os setores mais dependentes das de execução. É preciso outras medidas de
Tecnológica (Enitec). aquisições públicas, como saúde, defesa apoio às empresas que estão dando os
Durante o encontro, Roberto e telecomunicações. Um exemplo seus primeiros passos em inovação”.
Nicolsky, diretor-geral da Sociedade recente foi o edital da Telebrás para a
Brasileira Pró-Inovação Tecnológica compra de equipamentos DWDM Incentivos fiscais
(Protec), lembrou o papel decisivo da (tecnologia que alimenta a fibra ótica) O painel abriu espaço também para a
instituição na formulação das diretrizes para a infraestrutura necessária ao Plano discussão sobre a Lei 11.196/2005,
gerais da MP 495, lançada em julho. Nacional de Banda Larga. Com base na conhecida como Lei do Bem, que
Antes, em 2004, a Protec já havia proposto medida provisória, o edital foi restrito a permitiu um aumento significativo nos
a inclusão de um artigo na Lei de Inovação tecnologias desenvolvidas no Brasil ou investimentos privados em P,D&I no
que apontava a preferência, nas compras nos membros do Mercosul. Os próximos Brasil. De acordo com Reinaldo Danna,
públicas, de empresas que desenvol- editais devem incorporar o mesmo coordenador-geral de inovação tecnoló-
vessem tecnologia no País. O artigo não recurso, com exceção dos roteadores de gica do Ministério da Ciência e
foi aceito conforme proposto, pois seria grande porte, que não têm produção Tecnologia (MCT), o marco legal deduz
necessária a alteração da Lei de Licitações, local nem nos países vizinhos. do Imposto de Renda e da Contribuição
mas foi incluído na forma de um inciso No Enitec, Lelio Augusto Maçaira, Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) das
que favoreceu as empresas inovadoras. vice-presidente da Associação Brasileira empresas os investimentos em pesquisa
“Sugerimos ao relator da Lei de das Indústrias de Química Fina, básica e aplicada, desenvolvimento
Inovação, Ricardo Zarattini (PT/SP), a Biotecnologia e suas Especialidades tecnológico e de protótipo, além de
inclusão do inciso IV no artigo 27, que (Abifina), apresentou os principais serviços de apoio tecnológico.
estabelece essa prioridade. Tratou-se de impactos da MP 495. “A iniciativa tem A lei prevê ainda a diminuição de
10 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
13. legislação
legislação
50% no Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para aquisição de
Impactos da Lei do Bem
bens de capital utilizados em P&D e a
redução a zero do imposto sobre as
Renúncia fiscal decorrente Investimentos realizados
remessas ao exterior relativas a marcas, Ano dos investimentos em P&D pelas empresas em P&D
patentes e cultivares. “Uma vez que as
empresas apresentem informações
detalhadas ao MCT sobre seus progra- 2006 R$ 229 milhões R$ 2,191 bilhões
mas de pesquisa, o uso desses recursos é
automático, sem a necessidade de um 2007 R$ 884 milhões R$ 5,138 bilhões
analista do Governo”, explica Danna.
“Além disso, o benefício pode ser 2008 R$ 1,544 bilhão R$ 8,798 bilhões
aplicado a dispêndios em inovação
próprios da empresa ou contratados de
universidades, instituições de pesquisa, empresas pularam de R$ 2,2 bilhões para ciente. Para ele, todos os investimentos do
inventores independentes ou micro e R$ 8,8 bilhões, o que representa um salto setor produtivo devem contar com
pequenas empresas”. de 0,09% para 0,3% do PIB. “Em 2008, isenção fiscal. “Trata-se de um ciclo
Segundo o coordenador, o sucesso da tivemos 552 empresas cadastradas e 460 virtuoso, pois, com uma carga tributária
lei está estampado nos números. Em beneficiadas pela Lei, o que significa um menor, as empresas poderiam investir
2006, o governo deixou de arrecadar crescimento de 253% em relação a 2006”, mais em qualidade, ampliariam seus
R$ 229 milhões em renúncia fiscal, comenta. “Em 2009, foram recebidos 635 mercados, e o governo poderia arrecadar
enquanto em 2008 o valor subiu para formulários das empresas, que ainda se ainda mais”, defende. “Quando se taxa o
R$ 1,5 bilhão. No mesmo período, os encontram em análise”. investimento, se encarece a produção e
investimentos realizados em P&D pelas . fica mais fácil trazer o produto acabado
Articulação dos mecanismos de de fora. Hoje, nosso sistema tributário
apoio à inovação fomenta a importação”.
Para Roberto Nicolsky, a Lei do Bem Apesar das críticas, Reinaldo Danna
representou um grande avanço, mas seu acredita que o Governo já possui um forte
efeito é limitado. Para o diretor-geral da conjunto de mecanismos de apoio à
Protec, a lei só alcança as grandes inovação. O que falta, em sua opinião, são
companhias e, na prática, apoia apenas as empresas melhorem a gestão tecnoló-
aquelas que já inovam. “A Lei do Bem gica de seus programas de P&D. “Em
estimula as empresas que já iniciaram geral, essa gestão é muito ruim. As
suas atividades de pesquisa, e exclui as empresas precisam formalizar seus
empresas que ainda pretendem come- programas, com projetos mais bem
çar”, declara. “Por isso, defendo a estruturados e com controles técnicos,
subvenção econômica. Um único financeiros e administrativos que
mecanismo não é suficiente; é preciso que possibilitem a sua execução”.
pelo menos a subvenção, as compras Outro fator que pesa como entrave à
públicas e a renúncia fiscal estejam inovação é a burocracia estatal. “É preciso
Da esq. p/a dir.: Marcio Bosio, da Abimo; Reinaldo Danna, estruturados e bem articulados entre si”. que as instâncias de Governo conversem
do MCT; Roberto Nicolsky, da Protec; e Lelio Augusto Marcio Bosio concorda que desonerar melhor entre si. Incentivos lançados por
Maçaira, da Abifina as atividades de inovação não é sufi- um ministério muitas vezes encontram
barreiras impostas pelos tribunais de
contas, que complicam a vida das
empresas beneficiadas e do próprio
ministério”, alega Bosio.
Proposições para... Para que o sistema de apoio à
inovação seja aperfeiçoado, Nicolsky
defendeu que as próprias empresas
Estímulos não-financeiros expressem suas reivindicações junto ao
Governo. Um exemplo de que a estratégia
• Governo sustentar diferentes instrumentos de apoio à inovação,
funciona é o Edital de Subvenção 2010 da
em paralelo à Lei do Bem
Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), que incorporou propostas
• Tornar todo investimento em produção e inovação isento de impostos
encaminhadas pela Protec, com base nas
proposições feitas em Enitecs anteriores.
www.protec.org.br 11
14. espaço rets
espaço rets
Rets inicia seu planejamento estratégico
A Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets) foi criada em 2007 para
articular as ações das ETS em torno de demandas tecnológicas comuns a todos os
Associados da Rets
Abendi – Associação Brasileira de Ensaios
setores da indústria, inclusive o encaminhamento de sugestões para aprimorar as Não Destrutivos e Inspeção
políticas públicas de inovação. Desde então, foram grandes as conquistas, mas a
necessidade de se ampliar a visibilidade da rede é quase uma unanimidade entre seus Abifina - Associação Brasileira das
membros. No dia 21 de outubro, durante o IX Encontro Nacional de Inovação Indústrias de Química Fina, Biotecnologia
Tecnológica (Enitec), em São Paulo, os representantes das ETS iniciaram o planeja- e suas Especialidades
mento estratégico da Rets para os próximos anos.
“A Rets precisa concentrar-se em ações para ampliar sua legitimidade política, Abimo – Associação Brasileira das
promovendo sistematicamente encontros e reuniões com representantes dos órgãos Indústrias de Artigos e Equipamentos
de fomento”, afirmou Carlos Eduardo Cavalcanti, assessor econômico da Associação Médicos e Odontológicos
Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Durante a reunião, foram
Abiquim – Associação Brasileira da
instituídos três grupos de trabalho, que atuarão de forma paralela para a nova
Indústria Química
estruturação da rede. Conheça suas funções:
ABM – Associação Brasileira de
Metalurgia, Materiais e Mineração
Governança
Desenvolverá as diretrizes para o gerenciamento da Rets. As propostas de ação Abraco – Associação Brasileira de
incluem o aumento do número de associados, maior divulgação da rede, além de uma Corrosão
comissão que participará da organização das próximas edições do Enitec. Será
composto por representantes do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Abravest – Associação Brasileira do
Calçados e Artefatos (IBTeC); da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Vestuário
Mineração (ABM); da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos (Abihpec); e da Associação Brasileira Técnica de Papel e Abripur – Associação Brasileira da
Celulose (ABTCP). Indústria do Poliuretano
ABTCP – Associação Brasileira Técnica de
Celulose e Papel
Relações institucionais
Realizará ações para estreitar o relacionamento das ETS com os institutos de CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos
ciência e tecnologia (ICTs) e universidades e fortalecer a influência política da rede,
aproximando-a dos poderes Executivo e Legislativo. Também será responsável por FBTS – Fundação Brasileira de
ampliar a presença da Rets em fóruns e eventos que tenham a inovação como tema Tecnologia da Soldagem
principal. Será formada por colaboradores da Associação Brasileira das Indústrias de
Artigos e Equipamentos Médicos (Abimo); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia
Tecnológico do Complexo Eletroeletrônico (IDP-Eletron); e Associação Brasileira da do Couro, Calçado e Artefatos
Indústria Química (Abiquim).
IPDEletron – Instituto de Gestão de
Pesquisa e Desenvolvimento para a
Indústria Elétrica e Eletrônica
Capacitação
Promoverá iniciativas para capacitar empresas associadas às ETS e o compartilha-
IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e
mento de experiências entre as entidades. O objetivo é potencializar as ações já
Desenvolvimento de Fármacos e Produtos
existentes dentro da entidade. Uma das propostas inclui a qualificação de ETS para
Farmacêuticos
tornarem-se entidades certificadoras. A comissão será formada por representantes
do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e
IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e
Equipamentos (IPD-Maq); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e
Desenvolvimento Tecnológico da
Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma), da Associação Brasileira de Ensaios Não Indústria de Máquinas e Equipamentos
Destrutivos e Inspeção (Abendi) e da ABM.
ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha
Itehpec – Instituto de Tecnologia e
Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria
e Cosméticos
12 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
15. Mais um ano de conquistas!
Preferência de produtos com tecnologia
nacional em licitações públicas
Subvenção econômica à inovação com
foco nas empresas produtivas
Criação oficial do
Dia da Inovação no Brasil
Inovação começa na indústria. É por isso
que a Protec trabalha por políticas
públicas de estímulo ao desenvolvimento
tecnológico no setor produtivo. A
persistência deu resultados. Basta olhar as
vitórias obtidas em 2010. Vitórias que só
foram possíveis pelo apoio de nossos
associados, parceiros e colaboradores.
A Protec deseja que 2011 venha cheio de novos desafios e conquistas para todos nós.
16. Veja o que o Senai pode fazer para sua indústria inovar
Serviços técnicos e tecnológicos
Assessoria Técnica e Tecnológica
Se o problema é a qualidade do produto ou a produtividade da empresa ou instituição, o Senai,
por meio de um trabalho de diagnóstico e recomendações, pode detectar e corrigir falhas no
campo da gestão, da produção e da execução de serviços.
Pesquisa Aplicada
Trabalho executado com o objetivo de desenvolver ou aprimorar produtos, processos ou
sistemas, utilizando uma ampla rede de laboratórios, centros de informação e de especialistas,
com foco na pesquisa de novos conhecimentos ou na compreensão dos já existentes.
Design
Atividade especializada, de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção
e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equacionem
sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos,
com atendimento concreto às necessidades humanas.
Serviço laboratorial
A Rede Senai de laboratórios oferece serviços de calibração, dosagem, ensaio ou teste de
desempenho para qualificação de produtos e processos, preferencialmente fundamentada em
normas técnicas ou procedimentos sistematizados.
Informação tecnológica
Atividade que engloba busca, tratamento, organização e disseminação de informações,
possibilitando a solução de necessidades de natureza técnica e tecnológica referente a produtos,
serviços e processos, para promover a melhoria contínua da qualidade e a inovação no setor
produtivo.
Cursos sob medida
Um dos fatores críticos para o sucesso de sua empresa é possuir um quadro de funcionários
treinado, qualificado e atualizado. Seja qual for a necessidade de educação profissional de sua
indústria, o Senai tem solução para ela. Além dos 1.800 cursos, em 28 áreas industriais, regularmente
ministrados nas unidades operacionais do Senai, a organização oferece cursos especialmente
desenvolvidos para as necessidades de cada empresa. Com currículos e horários flexíveis,
concebidos para atender à demanda específica de cada cliente, os cursos sob medida do Senai
representam um forte diferencial para a sua empresa.
Aprendizagem industrial
Tão importante para a indústria quanto para a sociedade, a Aprendizagem Industrial está ligada às
origens do Senai. Hoje, revitalizada e adequada às novas necessidades do mercado de trabalho, a
modalidade também ganhou em flexibilidade e eficácia. Uma das alternativas criadas é a
aprendizagem na empresa , promovida nos locais em que não exista escola, curso ou vaga para
atender à demanda das indústrias.
A aprendizagem na empresa é resultado de uma parceria na qual ambos - Senai e empresa - têm
responsabilidades e atribuições bem definidas e negociadas. Criteriosamente planejados,
acompanhados, controlados e auditados, os cursos de aprendizagem na empresa representam a
possibilidade de unir o cumprimento às leis, o exercício da responsabilidade social e o treinamento
de futuros trabalhadores.
Consulte o Senai mais próximo e informe-se