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TECNOLÓGICA
                                                                         Uma publicação
                                                                         da Sociedade Brasileira
                                                                         Pró-Inovação Tecnológica




                      EM REVISTA
                                              ANO l Nº 4 - novembro/dezembro 2010




  As bases para uma
indústria competitiva




Encontro Nacional da Inovação Tecnológica
reúne propostas do governo e do setor produtivo                                      ial C
                                                                                   ec ITE
para impedir o avanço do apagão tecnológico                                     Esp N
                                                                                   E
                                                                            IX
Inteligente, prático e
               fácil de usar.
            Novo Portal Protec.

O espaço da inovação tecnológica
na internet está renovado para você.

O      site da Protec acaba de se transformar em portal. Agora, tudo que
      você precisar saber sobre inovação tecnológica na indústria está
reunido em um só lugar. Acesso a sites temáticos e das principais
associações setoriais do País, notícias, reportagens exclusivas, publicações
especializadas. Sem falar nos serviços, como agenda de editais, eventos,
simulador de incentivos e muito mais. Este é o presente de fim de ano que
a Protec antecipa para você.




Aproveite! Confira as novidades em




                                                              Portal



                                                  Inovação na Indústria Brasileira
editorial
                                                                                                                                                                                                                       editorial




                                     TECNOLÓGICA
                                                                              Diálogo aberto
                                                   Uma publicação
                                                   da Sociedade Brasileira
                                                   Pró-Inovação Tecnológica




                 E M R E V I S TA                                             em favor da inovação
        Sociedade Brasileira
      Pró-InovaçãoTecnológica                                                     O IX Encontro Nacional da Inovação Tecnológica
                                                                              (Enitec) foi, mais uma vez, cenário de profundas
             Presidente:                                                      discussões sobre como avaliar os resultados e melhorar
         Humberto Barbato                                                     as políticas públicas de inovação. Pelo menos dez
          Vice-presidentes:
  Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira,
                                                                              propostas foram apresentadas pelas entidades setoriais
   Jorge Lins Freire, Paulo Skaf,                                             e serão consolidadas pela Protec em documento a ser
    Robson Braga de Andrade e                                                 encaminhado para o governo eleito. Para dar transpa-
       Rodrigo Rocha Loures                                                   rência às conclusões dos debates, esta edição da Pró-
            Conselheiros:
                                                                              Inovação Tecnológica em Revista é totalmente dedicada à cobertura do Enitec, além de
      Armando Monteiro Neto,
      Carlos Alexandre Geyer,                                                 mostrar momentos da entrega do Prêmio Inovar para Crescer, oferecido pela Protec no
         Franco Pallamolla,                                                   Dia da Inovação (19 de outubro).
       Celso Antônio Barbosa,                                                     O Enitec mostrou, com a análise dos resultados do Edital Senai de Inovação, que
        João Carlos Basílio,                                                  não só é possível, como necessário, usar critérios empresariais para selecionar e
  José Manuel de Aguiar Martins,
         Luiz Aubert Neto,
                                                                              verificar a efetividade de projetos de inovação. A orientação serve em especial para a
     Luiz Guedes, Luiz Amaral,                                                subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No encontro,
  Merheg Cachum, Paulo Godoy e                                                também foram indicadas propostas de melhorias específicas para esse mecanismo,
          Paulo Okamotto                                                      com base em um estudo da Protec. Com a presença de representantes da Finep prontos
              Diretoria:
                                                                              a ouvir críticas e sugestões, e ao mesmo tempo expor os limites institucionais, o Enitec
 Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira,
    Fabián Yaksic e Joel Weisz                                                estabeleceu o diálogo aberto entre a agência reguladora e a indústria.
                                                                                  O papel mediador se fez presente também nos debates sobre a desindustrialização.
Pró-Inovação Tecnológica em Revista é                                         BNDES, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
     uma publicação bimestral da                                              setores da indústria e o especialista no assunto Nelson Marconi, da Fundação Getúlio
         Sociedade Brasileira                                                 Vargas (FGV), compartilharam múltiplas visões sobre o tema. Foi possível, assim,
      Pró-Inovação Tecnológica
                                                                              traçar as diferentes facetas desse problema complexo. A dificuldade maior tem sido
              Expediente                                                      convencer o Governo a assumir que ele ocorre de fato.
       Coordenação editorial:                                                     Mas passados o Enitec e as eleições, o tema começou a ser oficialmente encarado.
          Natália Calandrini                                                  Em meados de novembro o jornal “Valor Econômico” divulgou informações de
                Textos:                                                       documento finalizado pelo MDIC em julho que revela a preocupação com a “desin-
          Natália Calandrini
              Igor Waltz                                                      dustrialização negativa”, admitindo a "reprimarização" da pauta de exportações
             Colaboração:                                                     desde 2007. Diz, ainda, o que a Protec alerta há alguns anos: a desindustrialização
           Luciana Ferreira                                                   brasileira não se caracteriza pela queda da produção. Ela consiste na “perda relativa de
     Projeto e produção editorial:                                            dinamismo da indústria na geração de renda e emprego”, como define o texto, que
          Ricardo Meirelles
                                                                              também aponta a deterioração dos setores de maior intensidade tecnológica.
            Diagramação:
           Jessica S. Gama                                                        A divulgação do fato acende a esperança de que os problemas do País e as possíveis
              Estagiárias:                                                    soluções apontadas pela indústria comecem a ser considerados pelo Governo.
         Fernanda Magnani                                                     O Enitec se mostrou um eficiente canal de comunicação para que os pleitos sejam
           Mayara Almeida                                                     avaliados e encaminhados, em um esforço conjunto para a melhoria de políticas
       Comercial e Marketing:
                                                                              públicas que direta ou indiretamente impactam na inovação tecnológica brasileira.
         Alexandre Nicolsky

     Circulação: 5 mil exemplares                                                                                                                                                                 Roberto Nicolsky
                                                                                                                                                                                             Diretor-geral da Protec


                   .
     Protec - Sociedade Brasileira
                                                                                                                                          Sumário
      Pró-Inovação Tecnológica                                                  Notas............................................................................................................................................   2
Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro                                        Indústria – O que fazer para combater a desindustrialização................................................................ 3
          Rio de Janeiro - RJ                                                   Subvenção – Sugestões para melhorar a oferta de recursos não reembolsáveis.........................6
            CEP 20020-050
         Tel.: (21) 3077-0800                                                   Financiamento – O papel do governo para estimular o investimento privado em inovação.............9
         Fax.: (21) 3077- 0812                                                  Legislação – As transformações provocadas pela MP 495 e a Lei do Bem.....................................10
        revista@protec.org.br                                                   Espaço Rets................................................................................................................................         12
         www.protec.org.br




                                                                                                                                                                                                         www.protec.org.br               1
notas    notas



         Crescimento à base da inovação
             A entrega do Prêmio Inovar para Crescer reuniu represen-
         tantes do governo e da indústria que exercem importante papel
         na formulação e execução de políticas públicas para inovação.
         Entre eles, o secretário de Inovação do Ministério do
         Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Francelino
         Grando, e o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento
         Industrial (ABDI), Clayton Campanhola. Realizada no Dia da
         Inovação (19 de outubro), no Clube Hebraica, em São Paulo, a
         cerimônia foi a oportunidade de compartilhar experiências
         bem-sucedidas no uso da inovação tecnológica como melhoria
         incremental. O Prêmio foi oferecido pela Sociedade Brasileira
         Pró-Inovação Tecnológica (Protec), em parceria com o Senai, às
         empresas: Nibtec (Revelação/Pequena Empresa); Altus
         Sistemas de Informática (Estratégia/Média Empresa); Embraer
         (Visão/Grande Empresa); Eggon João da Silva, co-fundador da
         WEG (Personalidade Inovadora) e Carlos Chiti, co-fundador
         das Indústrias Romi (Personalidade Inovadora In Memoriam).




 Na abertura do evento, o                     1                                                               2
 presidente da Protec,
 Humberto Barbato, expressou
 preocupação com o déficit
 comercial e tecnológico do
 Brasil. Porém, destacou que a
 oferta do Prêmio Inovar para
 Crescer demonstra a capacida-
 de de superação da indústria. O
 que falta são políticas públicas
 capazes de incentivar a ino-
 vação, o investimento pro-
 dutivo e as exportações.



                                                                                                                  O gerente executivo do
3                                                                          4
                                                                                                                  Departamento Nacional do Senai,
                                                                                                                  Orlando Clapp Filho, destacou os
                                                                                                                  esforços da instituição para
                                                                                                                  aumentar a disponibilidade de
                                                                                                                  serviços de apoio tecnológico e de
                                                                                                                  recursosparainovaçãonaindústria.
                                                                                                                  Segundo ele, atualmente são mais
                                                                                                                  de 100 laboratórios acreditados à
                                                                                                                  disposição e 150 empresas
                                                                                                                  desenvolvem produtos ou
                                                                                                                  processos com investimentos do
                                                                                                                  Senai, que pretende aumentar esses
                                                                                                                  números em 2011.



                                                                                                          5
    Da esq. p/a dir.: [1] o presidente da Protec, Humberto Barbato, entrega o prêmio Personalidade
    Inovadora ao presidente do Conselho de Administração da WEG Décio da Silva, representando o
    pai, Eggon João da Silva; [2] o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI),
    Clayton Campanhola, e o presidente da Altus, Luiz Gerbase; [3] o vice-presidente executivo de
    Tecnologia da Embraer, Emilio Kazunoli Matsuo, e o secretário de Inovação do Ministério do
    Desenvolvimento, Francelino Grando; [4] o gerente do Senai Nacional, Orlando Clapp, e Bruno
    Gouvea, diretor do Grupo Giga/Nibtec; [5] Eugênio Guimarães Chiti, chefe de Marketing e
    Relações Institucionais da Romi, recebe a homenagem póstuma ao pai, Carlos Chiti, do diretor-
    geral da Protec, Roberto Nicolsky
indústria
                                                                                                                              indústria

Nelson Marconi

“A indústria nacional
está se tornando uma
grande linha de montagem”
A     queda da participação da indústria
      brasileira no Produto Interno Bruto
(PIB) está acontecendo cedo demais, na
                                                   outros setores, acredito que a
                                                   desindustrialização brasileira está
                                                   acontecendo prematuramente.
avaliação de Nelson Marconi, economista
da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Foi           Como o senhor explicaria
o que constatou o estudo feito a partir de         esse processo?
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e       N. M.: Em parte, podemos
Estatística (IBGE). Para o especialista, os        explicar esse fato pelo aumento
números são alarmantes. Entre 1947 e 1973,         da participação do setor de
a participação da indústria de                     serviços na medida em que a
transformação no PIB saltou de 15% para            economia cresce. Mas a taxa de
23,5%, mas, a partir dessa data, o                 câmbio também tem um peso
percentual do setor produtivo despencou.           importante no processo de
Segundo ele, em 1982, a indústria de               desindustrialização. Com o real
transformação respondia por 20% do PIB,            valorizado, a indústria nacional
passando para 17% em 1992, e atingiu hoje          encontra dificuldade de
seu menor patamar desde 1947, com 15%.             competir com os produtos
A seguir, o professor da FGV analisa o             estrangeiros e opta por importar
processo brasileiro de desindustrialização         máquinas e insumos para
(leia a matéria da pág. 4), tema de painel do IX   compensar a perda de receita —
Encontro Nacional de Inovação                      fenômeno conhecido como
Tecnológica (Enitec).                              hedge produtivo. Dessa forma,
                                                   ocorre o desmonte da cadeia
A participação da indústria no PIB                 produtiva, em detrimento
brasileiro vem caindo desde meados                 principalmente dos produtores
dos anos 1970. Como o senhor avalia                intermediários. A indústria
essa redução?                                      brasileira está se tornando uma             Que medidas devem ser adotadas pelo
Nelson Marconi: A desindustrialização vem          grande linha de montagem.                   Governo para combater o processo de
ocorrendo de forma bastante intensa no                                                         desindustrialização?
Brasil, o que é preocupante. Os dados nos          A desindustrialização atinge princi-        N.M.: A principal medida é desvalorizar a
mostram que atualmente a indústria de              palmente quais setores?                     taxa de câmbio para garantir que a
transformação está no mesmo patamar que o          N. M.: Os setores mais afetados são os      indústria nacional tenha mais condições de
do fim da década de 1940, quando o País            intensivos em mão de obra, como o têxtil,   competir. Mas são necessárias também
ainda tinha uma economia essencialmente            e os intensivos em tecnologia, como o da    ações de longo prazo, como estímulo ao
agrária. Essa diminuição do percentual é algo      indústria eletrônica. A redução dos         investimento em inovação tecnológica e
que já foi observado na economia dos países        manufaturados pode ser explicada pela       linhas de crédito de acordo com as
desenvolvidos, mas com uma importante              evolução das importações. Nos setores de    demandas de cada um dos segmentos
diferença. Neles, o processo teve início           alta e média-alta tecnologia, as compras    industriais. Outra iniciativa importante
quando a renda per capta estava em torno de        externas de produtos acabados tiveram       seria o incentivo à formação de clusters.
US$ 10 mil, enquanto no Brasil teve início         um crescimento de 149% no período de        Organizados na forma de Arranjos
com uma renda de R$ 4 mil. Como o valor            1995 a 2007. Já a participação dos bens     Produtivos Locais, as indústrias de um
adicionado per capita gerado pela indústria        intermediários importados saltou de 63%     mesmo setor podem adotar ações conjuntas
de transformação é maior que o gerado pelos        para 69,6% no mesmo período.                para aumentar sua competitividade.



                                                                                                                     www.protec.org.br   3
indústria  indústria




                                       A quebra da
                                       cadeia
                                       produtiva
           S   eja qual for o termo que usem,
               especialistas do governo e represen-
           tantes do setor produtivo caminham
                                                                  déficit comercial da indústria foi de
                                                                  US$ 25,7 bilhões de janeiro a outubro de
                                                                  2010. Em todo o ano de 2007, o saldo
                                                                                                               alavancado a importação dos bens de
                                                                                                               capital, já que o câmbio valorizado e os
                                                                                                               juros altos deixam o produto nacional
           para um consenso de que a indústria                    comercial tinha sido de US$ 22 bilhões       sem competitividade.
           brasileira está sendo cada vez mais                    positivos. Já o déficit tecnológico, ainda       “Alguns podem falar que estamos
           impactada pela invasão de produtos                     mais grave, é de US$ 69,9 bilhões nos        importando produtos tecnológicos [que
           importados, somada aos altos custos de                 primeiros dez meses do ano, contra US$       seriam inexistentes no País]. Eu digo que
           produção. No painel “Riscos de                         48,4 bilhões no mesmo período de 2009.       estamos importando qualquer coisa.
           desindustrialização” do IX Encontro                        Evitando a polêmica palavra “desin-      Tenho comparado e vejo que são
           Nacional da Inovação Tecnológica                       dustrialização”, o diretor de Plane-         produtos idênticos ou de tecnologia
           (Enitec), entidades setoriais reclamaram               jamento do BNDES, João Carlos Ferraz,        mais baixa que a nossa”. Segundo
           em coro da rápida e acentuada perda de                 falou em desarticulação da cadeia            Muller, está acontecendo um des-
           espaço no mercado nacional e até                       produtiva para identificar o fenômeno.       colamento da produção física industrial
           internacional, que tem levado à redução                “O processo não é homogêneo; ele             das vendas do varejo. “Estamos
           ou interrupção da produção, com perda                  acontece de formas diferentes em cada        importando bens finais”.
           de conteúdo tecnológico.                               setor, por dentro da cadeia produtiva.
               Os números da economia reforçam o                  Não podemos generalizar”.                    Impactos na cadeia produtiva
           argumento das entidades setoriais.                         Mas em 22 de outubro, no dia                 Humberto Barbato, presidente da
           Segundo levantamento feito pela                        seguinte ao Enitec, o presidente do          Protec e da Associação Brasileira da
           Sociedade Brasileira Pró-Inovação                      BNDES, Luciano Coutinho, assumiu que         Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee),
           Tecnológica (Protec) em dados do                       o Brasil precisa "abrir os olhos" para       disse que a situação é tão grave que há
           Ministério do Desenvolvimento, o                       evitar o processo de desindustrialização.    empresas pedindo para que não sejam
                                                                  Na Federação das Indústrias do Estado        tomadas medidas contra os importados.
                                                                  de São Paulo (Fiesp), ele afirmou que a      “Já temos filiados dependentes de
                                                                  valorização cambial incentiva o              importação. É como um câncer que se
                                                                  crescimento das importações, com             espalha por toda a cadeia produtiva”.
                                                                  indícios de concorrência desleal. "Não           Ele mencionou que transformadores,
                                                                  podemos jogar a toalha e aceitar o           disjuntores, cabos, torres e outros
                                                                  esvaziamento de cadeias produtivas e         produtos do setor de energia elétrica, em
                                                                  que uma explosão de importados               que o Brasil tem indústria consolidada,
                                                                  esvazie especialmente as indústrias de       estão vindo da China. Segundo Barbato,
                                                                  bens de capital e mecânica", declarou.       as ligações Tucuruí-Manaus e Tucuruí-
                                                                      A Associação Brasileira da Indústria     Macapá foram todas feitas com produtos
                                                                  de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)          chineses e o mesmo só não acontecerá
                                                                  é apenas uma das entidades que há            com a construção da usina de Belo Monte,
                                                                  tempos vêm alertando para esse perigo.       no Pará, porque o setor se movimentou
Da esq. p/a dir.: Rafael Moreira, do Ministério do                Klaus Curt Muller, representante da          para pedir providências do governo,
Desenvolvimento; Nelson Marconi, da FGV; Roberto Nicolsky, da
                                                                  Abimaq, disse em sua apresentação no         obtendo uma linha de financiamento do
Protec; Rodrigo Loures, da Fiep; e Klaus Curt Muller, da Abimaq
                                                                  Enitec que o consumo aparente tem            BNDES. Em todo a área de eletroeletrô-




           4    Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
nicos, as importações de produtos
terminados é de 20% do faturamento




                                                 “
e o déficit comercial deve chegar
US$ 27 bilhões este ano. Por isso, Barbato             Falam que
sugeriu o aumento do imposto de impor-          importamos produtos
tação de alguns itens provisoriamente.
                                                     tecnológicos
Soluções apontadas                               inexistentes no País,
    Apesar de discordar das evidências
de “um processo generalizado de
                                                    mas comparo
                                                    e vejo que são
desindustrialização”, assim como Ferraz,
o diretor da Agência Brasileira de Desen-
volvimento Industrial (ABDI), Clayton
Campanhola, afirmou que “não
                                                  produtos idênticos
                                                   ou de tecnologia
                                                                            “
devemos cruzar os braços”. Ele lembrou                 mais baixa                        mentos orientados ao mercado, e a baixa
que o governo está definindo as macro-                que a nossa                        difusão da cultura de inovação.
metas da Política de Desenvolvimento                                                         De acordo com Rafael, a falta de mão
Produtivo para 2011 a 2014 e que esta é a                                                de obra qualificada também contribui
oportunidade de instâncias públicas e                   Klaus Curt Muller
                                                                                         para a desindustrialização. Faltam
privadas reverem os mecanismos de                                                        profissionais em setores como o de
incentivo à produção existentes.                                                         indústria química e instrumentação, e,
    Para mudar o quadro, o professor de                                                  segundo ele, o governo vem se
Economia da Fundação Getúlio Vargas          “Temos ilhas de dinamismo tecnológico
                                                                                         esforçando para casar demanda e oferta.
(FGV-SP) Nelson Marconi (veja entrevista     no Brasil, apesar da insuficiência das
                                                                                         Segundo pesquisa de uma consultoria,
na pág. 3) apontou medidas para              políticas públicas, da carga tributária
                                                                                         55% das empresas não conseguem
desvalorizar o câmbio, promover              que onera investimentos, do ambiente de
                                                                                         efetivar contratações, algumas impor-
negociações internacionais no campo da       juros adverso para os investimentos e da
                                                                                         tando profissionais.
Organização Mundial do Comércio              burocracia”, afirmou.
(OMC) e outras instâncias para proteger          Para o Brasil potencializar seu
os produtos nacionais dos importados, e      desenvolvimento tecnológico, item
implantar políticas de pesquisa,             essencial contra a desindustrialização,               Proposições para...
desenvolvimento e financiamento à            precisa vencer alguns gargalos. Entre
inovação de acordo com as demandas de        eles, Rafael Henrique Rodrigues
segmentos industriais. Ferraz, do            Moreira, gerente de projeto da Secretaria      Reverter o processo
BNDES, também defende a criação de           de Inovação do Ministério do Desen-            de desindustrialização
estratégias setoriais.                       volvimento, Indústria e Comércio
    “O governo precisa prestar apoio a       Exterior, destacou a baixa articulação de
                                                                                            • Aumentar provisoriamente
setores transversais, como os de bens de     atores do sistema brasileiro de inovação,
                                             a insegurança jurídica dos incentivos, os      impostos de importação
capital e de eletroeletrônicos, que dão
competitividade para a economia como         investimentos públicos concentrados em
                                             C&T associados à baixa oferta de instru-       • Adotar medidas para desvalo-
um todo. Até o agronegócio depende
                                                                                            rizar o câmbio
disso”, disse Rodrigo da Rocha Loures,
presidente da Federação das Indústrias
                                                                                            • Negociar internacionalmente a
do Estado do Paraná (Fiep), referindo-se
                                                                                            proteção de produtos brasileiros




                                                 “
às políticas econômicas e comerciais.
                                                       Já temos                             • Implantar políticas de inovação
                                                 filiados na Abinee                         de acordo com demandas de
                                                                                            segmentos industriais, com com-
                                                     dependentes                            partilhamento do risco pelo Estado
                                                   de importação.
                                                 É como um câncer        “                  • Promover o ajuste fiscal e a
                                                                                            redução dos juros para incentivar
                                                 que se espalha por                         os investimentos em inovação e
                                                     toda a cadeia                          em produção
                                                       produtiva
                                                      Humberto Barbato

                                                                                                              www.protec.org.br   5
subvenção
   subvenção




   Recursos não reembolsáveis:
   Enitec conquista melhorias e aponta novos rumos
   E   stá consolidado na Financiadora de
       Estudos e Projetos (Finep) o entendi-
   mento de que a subvenção econômica à
                                                           O palestrante reiterou que as novas
                                                       regras do edital tiveram base em
                                                       reivindicações da Protec e de entidades
                                                                                                 Segundo o palestrante, no modelo
                                                                                                 anterior, muitas vezes as empresas
                                                                                                 proponentes não conheciam seus
   inovação consiste em instrumento                    setoriais, inclusive apresentadas em      concorrentes e o mercado, não estando
   destinado exclusivamente a empresas                 Enitecs anteriores. O seminário de        preparadas para receber os recursos.
   produtivas. A nova visão, antecipada à              avaliação de resultados de 2009
   Pró-Inovação Tecnológica em Revista na              realizado pela Finep também conferiu      Eliminar a restrição temática
   edição passada pelo superintendente da              subsídios para a mudança. “A subven-          De acordo com levantamento apresen-
   área de Financiamento, Luiz Coelho, foi             ção mascarava projetos que eram de        tado pelo consultor da Protec, Fernando
   reforçada pelo chefe do Departamento                Instituições Científicas e Tecnológicas   Varella, sobre o desempenho da subvenção
   de Acompanhamento da Finep,                         (ICTs), mas ela é para as empresas. O     nas edições de 2006 a 2009, ainda há espaço
   Mauricio Syrio, no IX Encontro Nacional             mecanismo deve oferecer apoio e não ser   para melhorar o formato do programa.
   da Inovação Tecnológica (Enitec).                   fonte de sobrevivência. Não queremos      Para começar, acabando com a restrição a
   Durante o painel “Subvenção e apoios                empresas sobrevivendo da subvenção”,      áreas específicas para desenvolvimento de
   não reembolsáveis”, Syrio destacou que              disparou Syrio.                           projetos. “Muitas empresas deixam de
   o edital de subvenção de 2010 sofreu                    Com as mudanças, o número de          participar dos editais porque suas
   alterações nos critérios de seleção para            projetos apresentados caiu (de 2.558 em   propostas não estão enquadradas, apesar
   ser direcionado a empresas de mercado,              2009 para 993 em 2010). Porém, a          de elas atuarem em setores classificados
   que têm condições de lançar produtos e              qualidade aumentou, tendo maiores         como estratégicos pela Política de
   processos com retorno econômico.                    chances de sucesso, garantiu Syrio.       Desenvolvimento Produtivo”, relata.



   6   Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
subvenção



                                                        incrementais correm o risco
                                                        de chegarem a resultados já




                                                                                         ““
                                                        velhos e com tecnologia                Muitas empresas
                                                                                                  A subvenção
                                                        ultrapassada”, disse.
                                                             Das 114 companhias              deixam de participar
                                                                                              mascarava projetos
                                                        selecionadas no edital de               dos editais de
                                                                                                  que eram
                                                        2006, 79 responderam à
                                            pesquisa da Protec. Delas, 44% tinham
                                                                                            Instituições Científicas
                                                                                              subvenção porque      “
                                                                                             eseus projetos não
                                                                                               Tecnológicas (ICTs),  “
  “
                                            concluído seus projetos e inserido as
        A subvenção                         soluções no mercado; 22% concluíram              estão enquadrados
                                                                                                 mas ela é para
    mascarava projetos                      sem inserção; e 34% não concluíram. Syrio
                                            confirmou que os números se aproximam
                                                                                                  nos tópicos
                                                                                                  as empresas
        que eram de                         da avaliação em curso pela Finep.                      definidos
  Instituições Científicas    “
                              “                                                                       Mauricio Syrio
   e Tecnológicas (ICTs),                   Avaliação de impactos
                                                A necessidade e as formas de se                    Fernando Varella
       mas ela é para                       mensurar resultados econômicos dos
        as empresas                         projetos subvencionados estiveram em
                                            discussão no painel. Para Varella, é
                                            imprescindível que a Finep divulgue, com
            Mauricio Syrio                  transparência, os impactos do programa
                                            na economia – quantos produtos foram
    Varella sugeriu ainda que seja          introduzidos no mercado e o número de
diminuído o valor mínimo para projetos      patentes registradas, por exemplo. O
apresentados por micro e pequenas           especialista considera que a metodologia
empresas, de R$ 500 mil para R$ 250 mil.    de avaliação adotada pela Finep em 2009,
Assim, é possível aumentar as chances       de seminário fechado e com fichas de
de se gerir melhor o projeto e pulverizar   avaliação preenchidas pelas próprias
recursos. Em 2006, 327 micro e pequenas     empresas, não é adequado. Juntando os
receberam 37,3% dos recursos disponibi-     seminários realizados em 2009 e 2010, um
lizados, uma média de R$ 1,8 milhão por     total de 71 empresas foram avaliadas,
empresa. O número é nove vezes o valor      representando 11,5% do universo apoiado
                                                                                        A importância do foco no negócio, a falta
médio do faturamento anual das MPE,         no período, uma “amostra pouco
                                                                                        de recursos para se levar o produto ao
segundo dado do Sebrae de São Paulo.        representativa”, segundo ele.
                                                                                        mercado e o baixo risco tecnológico dos
    Outro ponto importante, segundo o           Apesar de reconhecer as limitações do
                                                                                        projetos foram algumas delas.
consultor, é diminuir o tempo entre         estudo, Syrio, da Finep, destacou as
                                                                                            A Finep também observou que mais
lançamento da chamada e contratação.        conclusões possíveis de serem extraídas
                                                                                        da metade dos contemplados ainda não
Também há necessidade de se reduzir o       do primeiro seminário e que permitiram
                                                                                        obteve receitas com o produto subvencio-
tempo para o desenvolvimento, que           o aprimoramento do edital de subvenção.
                                                                                        nado. A falta de inadequação da subven-
atualmente varia de 36 a 48 meses. “Após                                                ção para empresas pré-operacionais e a
esse tempo, os projetos de inovações                                                    dificuldade de os beneficiados gerencia-




                                                 “
                                                                                        rem mais de um projeto ao mesmo tempo
                                                     Projetos                           reforçam as recomendações encaminha-
                                               acadêmicos podem                         das pela Protec em outros anos. Já quanto
                                                                                        à própria metodologia de avaliação, a
                                                 ser ótimos, mas                        Finep notou inconsistências em questio-
                                               não estão baseados           “           nários, com a necessidade de melhorias
                                                  na experiência                        em seu formato.

                                                de mercado para                         Fatores de sucesso
                                                 comercialização                           Com base em estudo sobre os
                                                                                        resultados do Edital Senai de Inovação,
                                                                                        Roberto Nicolsky, diretor-geral da
                                                      Roberto Nicolsky
                                                                                        Protec, identificou os fatores de sucesso




                                                                                                             www.protec.org.br   7
subvenção



para os projetos de subvenção. Ele
apontou o perfil de empresas adequadas
para receber esse tipo de recursos. São
                                                                        Proposições para...
aquelas com estrutura produtiva já
preparada para fazer o produto ou
processo desenhado no projeto. Essas                            Aperfeiçoamento da subvenção
obtiveram 86% de inserção efetiva da
                                                                econômica à inovação
inovação no mercado. A apresentação
do plano de negócios e de projeto
formulado por iniciativa da própria                              • Eliminar restrição do edital     • Desclassificar propostas
empresa também impactaram positiva-                              a temas específicos                cujos gestores não compro-
mente nos resultados.                                                                               vem efetiva experiência na
    “A principal fonte de subsídios para                         • Restringir a aprovação de        fabricação e comercialização
o projeto deve ser o mercado, e não o                            novo projeto de empresas que       dos produtos e processos que
professor Pardal, um gênio da universi-                          ainda não concluíram projetos      pretendem inovar
dade. Este é nosso medo com relação a                            contratados anteriormente
projetos acadêmicos. Eles podem ser                                                                 • Exigir a inserção competi-
ótimos, mas não estão baseados na                                • Aprovar apenas um projeto        tiva no mercado do novo
experiência de mercado para comerciali-                          por empresa                        produto, processo ou servi-
zação”, disse o coordenador do estudo.
                                                                                                    ço, com previsão de despesas
    Pensando na ponta do acesso aos                              • Reduzir o valor mínimo para      de pelo menos 15% dos
recursos, Carlos Cavalcanti, da Asso-
                                                                 projetos apresentados por          recursos solicitados
ciação Brasileira da Indústria Elétrica e
                                                                 micro e pequenas empresas
Eletrônica (Abinee), sugeriu a simplifi-
                                                                 para R$ 250 mil, melhorando a      • Divulgar os impactos do
cação das informações sobre os mecanis-
                                                                 gestão e pulverizando recursos     programa na economia
mos de fomento. “Do ponto de vista do
empresário, os mecanismos são difíceis
                                                                 • Diminuir o tempo entre           • Ampliar os recursos, alo-
de entender e parecem se sobrepor,
                                                                 lançamento da chamada e            cando pelo menos 30% dos
dentro da própria Finep e entre as
agências de fomento. Muitas vezes o                              contratação para o desenvol-       recursos do Fundo Nacional de
tomador não sabe a que guichê recor-                             vimento do projeto                 Desenvolvimento Científico e
rer”, afirmou. Na opinião de Cavalcanti,                                                            Tecnológico (FNDCT), o que
é preciso se discutir mais a inovação e o                        • Comprovar a fonte de re-         corresponderia a R$ 1 bilhão
desenvolvimento tecnológico do ponto                             cursos das contrapartidas          em 2010
de vista de diretrizes gerais para o País,
coordenadas a ações nos estados.




Novos editais do Sebrae
    O Sebrae reformulou seu programa               inovação, prototipagem de produtos e           meses e projetos em valor de até R$ 600 mil,
Sebraetec e incluiu a distribuição de              encadeamento empresarial, com prazo            somando R$ 113,4 mil até 2013. O Sebrae
recursos não reembolsáveis, diretamente            de implementação de até 12 meses e             Nacional arcará com 50% dos projetos,
para empresas, destinados a projetos de            valores de até R$ 90 mil. O desembolso         sendo o restante coberto pela empresa e o
inovação a partir de janeiro de 2011.              total, em três anos, será de R$ 9,1 milhões.   Sebrae no estado. O novo Sebraetec, com
Antes concentrado apenas no custeio de                 Para a inovação de ruptura foi criada a    valor total de R$ 787 milhões de 2011 a
serviços tecnológicos, ele terá a linha            modalidade Sebraetec Inova, também             2013, também engloba serviços de apoio
Sebraetec Inovação, para inovação                  direcionada a eco-inovação e encade-           tecnológico (básico e avançado) e uma
incremental, principalmente em eco-                amento empresarial, porém prazo de 24          linha para indicação geográfica.



8   Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
financiamento
                                                                                                                                        financiamento




           O desafio de
           aumentar o
           dispêndio privado
           O    s recursos crescem e as opções são
                variadas, mas ainda falta o comparti-
           lhamento de risco para que os financia-
                                                                   tivo. Conforme o Estado aumentou sua
                                                                   contribuição, as empresas aprenderam a
                                                                   importância de inovar e, hoje, respon-
           mentos para a inovação dêem certo no                    dem por 70% dos investimentos.
           Brasil. “Sem isso, recursos serão disponi-                  “É um equívoco pensar que a
           bilizados, porém com procura reduzida”,                 empresa tem por norma arriscar para
           decretou o diretor-geral da Sociedade                   aumentar ganhos. Ela se preocupa em
           Brasileira Pró-Inovação Tecnológica                     assegurar o que já tem e tende a inovar
           (Protec), Roberto Nicolsky, no painel                   defensivamente”, disse Nicolsky. Ele
           “Financiamentos” do IX Encontro                         apontou ainda problemas culturais.
           Nacional da Inovação Tecnológica                        “Não costumamos incentivar a inovação
           (Enitec). Segundo ele, foi sob o modelo de              a partir do estágio em que as empresas se
           compartilhamento de risco que a Coreia
           do Sul conseguiu estabelecer o alto
                                                                   encontram; queremos logo dar o salto
                                                                   para a fronteira da tecnologia. Mas
                                                                                                                Outro olhar:
           padrão tecnológico atual. Em 1970, a                    quando o projeto faz parte da linha de       financiamento à inovação
           participação da indústria nos investimen-               produção da empresa, as chances de
           tos em inovação não era mais que 13%,                   sucesso são enormes, de mais de 80%”.        no Nordeste
           enquanto 80% dos recursos públicos para                     Segundo Flávia Kickinger, do
           a área eram destinados ao setor produ-                  BNDES, o banco vem aumentando os                Se o acesso a recursos para o
                                                                   recursos para inovação com o objetivo de     desenvolvimento tecnológico é precário
                                                                   estimular o crescimento dos dispêndios       para empresas do Sul e Sudeste do Brasil,
                                                                   privados para a área. Foram desembolsa-      nas demais regiões o quadro tende a ser
                                                                   dos R$ 721,6 milhões entre janeiro e julho   ainda mais duro. O Banco do Nordeste só
                                                                   deste ano, contra R$ 562,9 milhões no ano    consegue atender a 10% dos projetos de
                                                                   de 2009. Ainda assim, Nicolsky considera     inovação que recebe para sua linha de
                                                                   pouco. “São cerca de 1% dos recursos do      apoio não reembolsável. Ainda assim,
                                                                   BNDES, quando deveriam ser 5%”.              segundo Laércio de Matos Ferreira, do
                                                                       Para finalizar, Afonso Moura, da         Escritório Técnico de Estudos Econô-
                                                                   Associação Brasileira Técnica de             micos do Nordeste, a política nacional de
                                                                   Celulose e Papel (ABTCP), lançou uma         expansão industrial contribuiu para
                                                                   provocação: “Precisamos entender o           aumentar, mesmo que timidamente, o
                                                                   perfil dos financiamentos de hoje – se       apoio às empresas. “Participamos de
Da esq. p/a dir.: Maurício Syrio, da Finep; Flávia Kickinger, do                                                reuniões como o Enitec para buscar
                                                                   estão mais voltados para a melhoria de
BNDES; Roberto Nicolsky, da Protec; Laércio de Matos Ferreira,
                                                                   processos e produtos, ou para grandes        maneiras de customizar nossas linhas de
do Banco do Nordeste; e Afonso Moura, da ABTCP
                                                                   inovações de ruptura”, questionou.           financiamento para resultarem cada vez
                                                                                                                mais em desenvolvimento tecnológico
                                                                                                                efetivo”, disse. Além da linha não
                                                                                                                reembolsável, o Banco do Nordeste tem
                             Proposições para...                                                                o financiamento reembolsável e cotas em
                                                                                                                fundos de capital de risco. Seguindo
                   Melhorar as condições de financiamento                                                       instrução legal, é uma das poucas
                                                                                                                instituições de crédito que aplicam parte
                   • Compartilhar o risco da inovação                                                           dos recursos em projetos na região do
                                                                                                                semi-árido.




                                                                                                                                     www.protec.org.br   9
legislação
   legislação


                                                                                                    MP
                                                                                                       495


   Mais um estímulo
   à inovação nacional
   A    medida Provisória 495, que altera a
        Lei de Licitações (nº 8666/93), foi um
   importante passo para estimular a
                                                      um verdadeiro Buy Brazilian Act [uma
                                                      referência ao Buy American Act, lei
                                                      assinada pelo presidente Franklin
                                                                                                    um impacto positivo para garantir o
                                                                                                    fortalecimento da cadeia produtiva
                                                                                                    nacional, incentivando a pesquisa
   inovação no País, pois institui margem de          Roosevelt em 1933 para ajudar os Estados      tecnológica no País, mais do que simples-
   preferência nas compras governamentais             Unidos a se recuperarem da crise              mente a produção nacional”, afirmou.
   de até 25% para produtos e serviços de             econômica]”, explica Nicolsky. “Depois,           Mas para Marcio Bosio, diretor
   empresas que praticam atividades de                continuamos batalhando para que o             institucional da Associação Brasileira da
   P&D no Brasil. Mas, sozinha, essa                  inciso fosse realmente utilizado.             Indústria de Artigos e Equipamentos
   iniciativa tem efeito limitado, e é                Farmanguinhos foi uma das poucas              Médicos, Odontológicos, Hospitalares e
   necessária a implantação de mecanismos             instituições a colocar o recurso em prática   de Laboratórios (Abimo), a medida pode
   paralelos para que ela tenha efetividade.          para a compra de antirretrovirais”.           ter efeito limitado. “A MP é positiva, pois
   Essa foi uma das conclusões do painel                                                            insere o item da encomenda tecnológica,
   “Incentivos fiscais e o uso do poder de            Setores estratégicos                          mas ela se aplica apenas às empresas que
   compra”, realizado durante o IX                        A MP 495 beneficia principalmente         estão com seus projetos quase no ponto
   Encontro Nacional de Inovação                      os setores mais dependentes das               de execução. É preciso outras medidas de
   Tecnológica (Enitec).                              aquisições públicas, como saúde, defesa       apoio às empresas que estão dando os
       Durante o encontro, Roberto                    e telecomunicações. Um exemplo                seus primeiros passos em inovação”.
   Nicolsky, diretor-geral da Sociedade               recente foi o edital da Telebrás para a
   Brasileira Pró-Inovação Tecnológica                compra de equipamentos DWDM                   Incentivos fiscais
   (Protec), lembrou o papel decisivo da              (tecnologia que alimenta a fibra ótica)           O painel abriu espaço também para a
   instituição na formulação das diretrizes           para a infraestrutura necessária ao Plano     discussão sobre a Lei 11.196/2005,
   gerais da MP 495, lançada em julho.                Nacional de Banda Larga. Com base na          conhecida como Lei do Bem, que
   Antes, em 2004, a Protec já havia proposto         medida provisória, o edital foi restrito a    permitiu um aumento significativo nos
   a inclusão de um artigo na Lei de Inovação         tecnologias desenvolvidas no Brasil ou        investimentos privados em P,D&I no
   que apontava a preferência, nas compras            nos membros do Mercosul. Os próximos          Brasil. De acordo com Reinaldo Danna,
   públicas, de empresas que desenvol-                editais devem incorporar o mesmo              coordenador-geral de inovação tecnoló-
   vessem tecnologia no País. O artigo não            recurso, com exceção dos roteadores de        gica do Ministério da Ciência e
   foi aceito conforme proposto, pois seria           grande porte, que não têm produção            Tecnologia (MCT), o marco legal deduz
   necessária a alteração da Lei de Licitações,       local nem nos países vizinhos.                do Imposto de Renda e da Contribuição
   mas foi incluído na forma de um inciso                 No Enitec, Lelio Augusto Maçaira,         Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) das
   que favoreceu as empresas inovadoras.              vice-presidente da Associação Brasileira      empresas os investimentos em pesquisa
       “Sugerimos ao relator da Lei de                das Indústrias de Química Fina,               básica e aplicada, desenvolvimento
   Inovação, Ricardo Zarattini (PT/SP), a             Biotecnologia e suas Especialidades           tecnológico e de protótipo, além de
   inclusão do inciso IV no artigo 27, que            (Abifina), apresentou os principais           serviços de apoio tecnológico.
   estabelece essa prioridade. Tratou-se de           impactos da MP 495. “A iniciativa tem             A lei prevê ainda a diminuição de



   10     Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
legislação
                                                                                                                                      legislação



         50% no Imposto sobre Produtos
         Industrializados (IPI) para aquisição de
                                                            Impactos da Lei do Bem
         bens de capital utilizados em P&D e a
         redução a zero do imposto sobre as
                                                                                      Renúncia fiscal decorrente      Investimentos realizados
         remessas ao exterior relativas a marcas,                   Ano               dos investimentos em P&D        pelas empresas em P&D
         patentes e cultivares. “Uma vez que as
         empresas apresentem informações
         detalhadas ao MCT sobre seus progra-                       2006                  R$ 229 milhões                  R$ 2,191 bilhões
         mas de pesquisa, o uso desses recursos é
         automático, sem a necessidade de um                        2007                  R$ 884 milhões                  R$ 5,138 bilhões
         analista do Governo”, explica Danna.
         “Além disso, o benefício pode ser                          2008                  R$ 1,544 bilhão                 R$ 8,798 bilhões
         aplicado a dispêndios em inovação
         próprios da empresa ou contratados de
         universidades, instituições de pesquisa,           empresas pularam de R$ 2,2 bilhões para      ciente. Para ele, todos os investimentos do
         inventores independentes ou micro e                R$ 8,8 bilhões, o que representa um salto    setor produtivo devem contar com
         pequenas empresas”.                                de 0,09% para 0,3% do PIB. “Em 2008,         isenção fiscal. “Trata-se de um ciclo
             Segundo o coordenador, o sucesso da            tivemos 552 empresas cadastradas e 460       virtuoso, pois, com uma carga tributária
         lei está estampado nos números. Em                 beneficiadas pela Lei, o que significa um    menor, as empresas poderiam investir
         2006, o governo deixou de arrecadar                crescimento de 253% em relação a 2006”,      mais em qualidade, ampliariam seus
         R$ 229 milhões em renúncia fiscal,                 comenta. “Em 2009, foram recebidos 635       mercados, e o governo poderia arrecadar
         enquanto em 2008 o valor subiu para                formulários das empresas, que ainda se       ainda mais”, defende. “Quando se taxa o
         R$ 1,5 bilhão. No mesmo período, os                encontram em análise”.                       investimento, se encarece a produção e
         investimentos realizados em P&D pelas              .                                            fica mais fácil trazer o produto acabado
                                                            Articulação dos mecanismos de                de fora. Hoje, nosso sistema tributário
                                                            apoio à inovação                             fomenta a importação”.
                                                                Para Roberto Nicolsky, a Lei do Bem          Apesar das críticas, Reinaldo Danna
                                                            representou um grande avanço, mas seu        acredita que o Governo já possui um forte
                                                            efeito é limitado. Para o diretor-geral da   conjunto de mecanismos de apoio à
                                                            Protec, a lei só alcança as grandes          inovação. O que falta, em sua opinião, são
                                                            companhias e, na prática, apoia apenas       as empresas melhorem a gestão tecnoló-
                                                            aquelas que já inovam. “A Lei do Bem         gica de seus programas de P&D. “Em
                                                            estimula as empresas que já iniciaram        geral, essa gestão é muito ruim. As
                                                            suas atividades de pesquisa, e exclui as     empresas precisam formalizar seus
                                                            empresas que ainda pretendem come-           programas, com projetos mais bem
                                                            çar”, declara. “Por isso, defendo a          estruturados e com controles técnicos,
                                                            subvenção econômica. Um único                financeiros e administrativos que
                                                            mecanismo não é suficiente; é preciso que    possibilitem a sua execução”.
                                                            pelo menos a subvenção, as compras               Outro fator que pesa como entrave à
                                                            públicas e a renúncia fiscal estejam         inovação é a burocracia estatal. “É preciso
Da esq. p/a dir.: Marcio Bosio, da Abimo; Reinaldo Danna,   estruturados e bem articulados entre si”.    que as instâncias de Governo conversem
do MCT; Roberto Nicolsky, da Protec; e Lelio Augusto            Marcio Bosio concorda que desonerar      melhor entre si. Incentivos lançados por
Maçaira, da Abifina                                         as atividades de inovação não é sufi-        um ministério muitas vezes encontram
                                                                                                         barreiras impostas pelos tribunais de
                                                                                                         contas, que complicam a vida das
                                                                                                         empresas beneficiadas e do próprio
                                                                                                         ministério”, alega Bosio.
                          Proposições para...                                                                Para que o sistema de apoio à
                                                                                                         inovação seja aperfeiçoado, Nicolsky
                                                                                                         defendeu que as próprias empresas
                Estímulos não-financeiros                                                                expressem suas reivindicações junto ao
                                                                                                         Governo. Um exemplo de que a estratégia
                • Governo sustentar diferentes instrumentos de apoio à inovação,
                                                                                                         funciona é o Edital de Subvenção 2010 da
                em paralelo à Lei do Bem
                                                                                                         Financiadora de Estudos e Projetos
                                                                                                         (Finep), que incorporou propostas
                • Tornar todo investimento em produção e inovação isento de impostos
                                                                                                         encaminhadas pela Protec, com base nas
                                                                                                         proposições feitas em Enitecs anteriores.



                                                                                                                              www.protec.org.br   11
espaço rets
    espaço rets



    Rets inicia seu planejamento estratégico
        A Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets) foi criada em 2007 para
    articular as ações das ETS em torno de demandas tecnológicas comuns a todos os
                                                                                              Associados da Rets

                                                                                              Abendi – Associação Brasileira de Ensaios
    setores da indústria, inclusive o encaminhamento de sugestões para aprimorar as           Não Destrutivos e Inspeção
    políticas públicas de inovação. Desde então, foram grandes as conquistas, mas a
    necessidade de se ampliar a visibilidade da rede é quase uma unanimidade entre seus       Abifina - Associação Brasileira das
    membros. No dia 21 de outubro, durante o IX Encontro Nacional de Inovação                 Indústrias de Química Fina, Biotecnologia
    Tecnológica (Enitec), em São Paulo, os representantes das ETS iniciaram o planeja-        e suas Especialidades
    mento estratégico da Rets para os próximos anos.
        “A Rets precisa concentrar-se em ações para ampliar sua legitimidade política,        Abimo – Associação Brasileira das
    promovendo sistematicamente encontros e reuniões com representantes dos órgãos            Indústrias de Artigos e Equipamentos
    de fomento”, afirmou Carlos Eduardo Cavalcanti, assessor econômico da Associação          Médicos e Odontológicos
    Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Durante a reunião, foram
                                                                                              Abiquim – Associação Brasileira da
    instituídos três grupos de trabalho, que atuarão de forma paralela para a nova
                                                                                              Indústria Química
    estruturação da rede. Conheça suas funções:
                                                                                              ABM – Associação Brasileira de
                                                                                              Metalurgia, Materiais e Mineração
    Governança
        Desenvolverá as diretrizes para o gerenciamento da Rets. As propostas de ação         Abraco – Associação Brasileira de
    incluem o aumento do número de associados, maior divulgação da rede, além de uma          Corrosão
    comissão que participará da organização das próximas edições do Enitec. Será
    composto por representantes do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro,               Abravest – Associação Brasileira do
    Calçados e Artefatos (IBTeC); da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e         Vestuário
    Mineração (ABM); da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
    Perfumaria e Cosméticos (Abihpec); e da Associação Brasileira Técnica de Papel e          Abripur – Associação Brasileira da
    Celulose (ABTCP).                                                                         Indústria do Poliuretano

                                                                                              ABTCP – Associação Brasileira Técnica de
                                                                                              Celulose e Papel
    Relações institucionais
        Realizará ações para estreitar o relacionamento das ETS com os institutos de          CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos
    ciência e tecnologia (ICTs) e universidades e fortalecer a influência política da rede,
    aproximando-a dos poderes Executivo e Legislativo. Também será responsável por            FBTS – Fundação Brasileira de
    ampliar a presença da Rets em fóruns e eventos que tenham a inovação como tema            Tecnologia da Soldagem
    principal. Será formada por colaboradores da Associação Brasileira das Indústrias de
    Artigos e Equipamentos Médicos (Abimo); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento           IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia
    Tecnológico do Complexo Eletroeletrônico (IDP-Eletron); e Associação Brasileira da        do Couro, Calçado e Artefatos
    Indústria Química (Abiquim).
                                                                                              IPDEletron – Instituto de Gestão de
                                                                                              Pesquisa e Desenvolvimento para a
                                                                                              Indústria Elétrica e Eletrônica
    Capacitação
        Promoverá iniciativas para capacitar empresas associadas às ETS e o compartilha-
                                                                                              IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e
    mento de experiências entre as entidades. O objetivo é potencializar as ações já
                                                                                              Desenvolvimento de Fármacos e Produtos
    existentes dentro da entidade. Uma das propostas inclui a qualificação de ETS para
                                                                                              Farmacêuticos
    tornarem-se entidades certificadoras. A comissão será formada por representantes
    do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e
                                                                                              IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e
    Equipamentos (IPD-Maq); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e
                                                                                              Desenvolvimento Tecnológico da
    Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma), da Associação Brasileira de Ensaios Não               Indústria de Máquinas e Equipamentos
    Destrutivos e Inspeção (Abendi) e da ABM.
                                                                                              ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha

                                                                                              Itehpec – Instituto de Tecnologia e
                                                                                              Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria
                                                                                              e Cosméticos




    12    Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
Mais um ano de conquistas!

                        Preferência de produtos com tecnologia
                        nacional em licitações públicas

                        Subvenção econômica à inovação com
                        foco nas empresas produtivas

                        Criação oficial do
                        Dia da Inovação no Brasil




                   Inovação começa na indústria. É por isso
                      que a Protec trabalha por políticas
                   públicas de estímulo ao desenvolvimento
                       tecnológico no setor produtivo. A
                  persistência deu resultados. Basta olhar as
                   vitórias obtidas em 2010. Vitórias que só
                     foram possíveis pelo apoio de nossos
                    associados, parceiros e colaboradores.




A Protec deseja que 2011 venha cheio de novos desafios e conquistas para todos nós.
Veja o que o Senai pode fazer para sua indústria inovar

     Serviços técnicos e tecnológicos
     Assessoria Técnica e Tecnológica
       Se o problema é a qualidade do produto ou a produtividade da empresa ou instituição, o Senai,
     por meio de um trabalho de diagnóstico e recomendações, pode detectar e corrigir falhas no
     campo da gestão, da produção e da execução de serviços.

     Pesquisa Aplicada
       Trabalho executado com o objetivo de desenvolver ou aprimorar produtos, processos ou
     sistemas, utilizando uma ampla rede de laboratórios, centros de informação e de especialistas,
     com foco na pesquisa de novos conhecimentos ou na compreensão dos já existentes.

     Design
      Atividade especializada, de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção
     e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que                         equacionem
     sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos,
     com atendimento concreto às necessidades humanas.

     Serviço laboratorial
      A Rede Senai de laboratórios oferece serviços de calibração, dosagem, ensaio ou teste de
     desempenho para qualificação de produtos e processos, preferencialmente fundamentada em
     normas técnicas ou procedimentos sistematizados.

     Informação tecnológica
       Atividade que engloba busca, tratamento, organização e disseminação de informações,
     possibilitando a solução de necessidades de natureza técnica e tecnológica referente a produtos,
     serviços e processos, para promover a melhoria contínua da qualidade e a inovação no setor
     produtivo.


     Cursos sob medida
       Um dos fatores críticos para o sucesso de sua empresa é possuir um quadro de funcionários
     treinado, qualificado e atualizado. Seja qual for a necessidade de educação profissional de sua
     indústria, o Senai tem solução para ela. Além dos 1.800 cursos, em 28 áreas industriais, regularmente
     ministrados nas unidades operacionais do Senai, a organização oferece cursos especialmente
     desenvolvidos para as necessidades de cada empresa. Com currículos e horários flexíveis,
     concebidos para atender à demanda específica de cada cliente, os cursos sob medida do Senai
     representam um forte diferencial para a sua empresa.



     Aprendizagem industrial
       Tão importante para a indústria quanto para a sociedade, a Aprendizagem Industrial está ligada às
     origens do Senai. Hoje, revitalizada e adequada às novas necessidades do mercado de trabalho, a
     modalidade também ganhou em flexibilidade e eficácia. Uma das alternativas criadas é a
     aprendizagem na empresa , promovida nos locais em que não exista escola, curso ou vaga para
     atender à demanda das indústrias.

       A aprendizagem na empresa é resultado de uma parceria na qual ambos - Senai e empresa - têm
     responsabilidades e atribuições bem definidas e negociadas. Criteriosamente planejados,
     acompanhados, controlados e auditados, os cursos de aprendizagem na empresa representam a
     possibilidade de unir o cumprimento às leis, o exercício da responsabilidade social e o treinamento
     de futuros trabalhadores.

                                  Consulte o Senai mais próximo e informe-se

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Revista Pró Inovação - Edição 04

  • 1. TECNOLÓGICA Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica EM REVISTA ANO l Nº 4 - novembro/dezembro 2010 As bases para uma indústria competitiva Encontro Nacional da Inovação Tecnológica reúne propostas do governo e do setor produtivo ial C ec ITE para impedir o avanço do apagão tecnológico Esp N E IX
  • 2. Inteligente, prático e fácil de usar. Novo Portal Protec. O espaço da inovação tecnológica na internet está renovado para você. O site da Protec acaba de se transformar em portal. Agora, tudo que você precisar saber sobre inovação tecnológica na indústria está reunido em um só lugar. Acesso a sites temáticos e das principais associações setoriais do País, notícias, reportagens exclusivas, publicações especializadas. Sem falar nos serviços, como agenda de editais, eventos, simulador de incentivos e muito mais. Este é o presente de fim de ano que a Protec antecipa para você. Aproveite! Confira as novidades em Portal Inovação na Indústria Brasileira
  • 3. editorial editorial TECNOLÓGICA Diálogo aberto Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica E M R E V I S TA em favor da inovação Sociedade Brasileira Pró-InovaçãoTecnológica O IX Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec) foi, mais uma vez, cenário de profundas Presidente: discussões sobre como avaliar os resultados e melhorar Humberto Barbato as políticas públicas de inovação. Pelo menos dez Vice-presidentes: Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, propostas foram apresentadas pelas entidades setoriais Jorge Lins Freire, Paulo Skaf, e serão consolidadas pela Protec em documento a ser Robson Braga de Andrade e encaminhado para o governo eleito. Para dar transpa- Rodrigo Rocha Loures rência às conclusões dos debates, esta edição da Pró- Conselheiros: Inovação Tecnológica em Revista é totalmente dedicada à cobertura do Enitec, além de Armando Monteiro Neto, Carlos Alexandre Geyer, mostrar momentos da entrega do Prêmio Inovar para Crescer, oferecido pela Protec no Franco Pallamolla, Dia da Inovação (19 de outubro). Celso Antônio Barbosa, O Enitec mostrou, com a análise dos resultados do Edital Senai de Inovação, que João Carlos Basílio, não só é possível, como necessário, usar critérios empresariais para selecionar e José Manuel de Aguiar Martins, Luiz Aubert Neto, verificar a efetividade de projetos de inovação. A orientação serve em especial para a Luiz Guedes, Luiz Amaral, subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No encontro, Merheg Cachum, Paulo Godoy e também foram indicadas propostas de melhorias específicas para esse mecanismo, Paulo Okamotto com base em um estudo da Protec. Com a presença de representantes da Finep prontos Diretoria: a ouvir críticas e sugestões, e ao mesmo tempo expor os limites institucionais, o Enitec Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira, Fabián Yaksic e Joel Weisz estabeleceu o diálogo aberto entre a agência reguladora e a indústria. O papel mediador se fez presente também nos debates sobre a desindustrialização. Pró-Inovação Tecnológica em Revista é BNDES, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), uma publicação bimestral da setores da indústria e o especialista no assunto Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Sociedade Brasileira Vargas (FGV), compartilharam múltiplas visões sobre o tema. Foi possível, assim, Pró-Inovação Tecnológica traçar as diferentes facetas desse problema complexo. A dificuldade maior tem sido Expediente convencer o Governo a assumir que ele ocorre de fato. Coordenação editorial: Mas passados o Enitec e as eleições, o tema começou a ser oficialmente encarado. Natália Calandrini Em meados de novembro o jornal “Valor Econômico” divulgou informações de Textos: documento finalizado pelo MDIC em julho que revela a preocupação com a “desin- Natália Calandrini Igor Waltz dustrialização negativa”, admitindo a "reprimarização" da pauta de exportações Colaboração: desde 2007. Diz, ainda, o que a Protec alerta há alguns anos: a desindustrialização Luciana Ferreira brasileira não se caracteriza pela queda da produção. Ela consiste na “perda relativa de Projeto e produção editorial: dinamismo da indústria na geração de renda e emprego”, como define o texto, que Ricardo Meirelles também aponta a deterioração dos setores de maior intensidade tecnológica. Diagramação: Jessica S. Gama A divulgação do fato acende a esperança de que os problemas do País e as possíveis Estagiárias: soluções apontadas pela indústria comecem a ser considerados pelo Governo. Fernanda Magnani O Enitec se mostrou um eficiente canal de comunicação para que os pleitos sejam Mayara Almeida avaliados e encaminhados, em um esforço conjunto para a melhoria de políticas Comercial e Marketing: públicas que direta ou indiretamente impactam na inovação tecnológica brasileira. Alexandre Nicolsky Circulação: 5 mil exemplares Roberto Nicolsky Diretor-geral da Protec . Protec - Sociedade Brasileira Sumário Pró-Inovação Tecnológica Notas............................................................................................................................................ 2 Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro Indústria – O que fazer para combater a desindustrialização................................................................ 3 Rio de Janeiro - RJ Subvenção – Sugestões para melhorar a oferta de recursos não reembolsáveis.........................6 CEP 20020-050 Tel.: (21) 3077-0800 Financiamento – O papel do governo para estimular o investimento privado em inovação.............9 Fax.: (21) 3077- 0812 Legislação – As transformações provocadas pela MP 495 e a Lei do Bem.....................................10 revista@protec.org.br Espaço Rets................................................................................................................................ 12 www.protec.org.br www.protec.org.br 1
  • 4. notas notas Crescimento à base da inovação A entrega do Prêmio Inovar para Crescer reuniu represen- tantes do governo e da indústria que exercem importante papel na formulação e execução de políticas públicas para inovação. Entre eles, o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Francelino Grando, e o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Clayton Campanhola. Realizada no Dia da Inovação (19 de outubro), no Clube Hebraica, em São Paulo, a cerimônia foi a oportunidade de compartilhar experiências bem-sucedidas no uso da inovação tecnológica como melhoria incremental. O Prêmio foi oferecido pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), em parceria com o Senai, às empresas: Nibtec (Revelação/Pequena Empresa); Altus Sistemas de Informática (Estratégia/Média Empresa); Embraer (Visão/Grande Empresa); Eggon João da Silva, co-fundador da WEG (Personalidade Inovadora) e Carlos Chiti, co-fundador das Indústrias Romi (Personalidade Inovadora In Memoriam). Na abertura do evento, o 1 2 presidente da Protec, Humberto Barbato, expressou preocupação com o déficit comercial e tecnológico do Brasil. Porém, destacou que a oferta do Prêmio Inovar para Crescer demonstra a capacida- de de superação da indústria. O que falta são políticas públicas capazes de incentivar a ino- vação, o investimento pro- dutivo e as exportações. O gerente executivo do 3 4 Departamento Nacional do Senai, Orlando Clapp Filho, destacou os esforços da instituição para aumentar a disponibilidade de serviços de apoio tecnológico e de recursosparainovaçãonaindústria. Segundo ele, atualmente são mais de 100 laboratórios acreditados à disposição e 150 empresas desenvolvem produtos ou processos com investimentos do Senai, que pretende aumentar esses números em 2011. 5 Da esq. p/a dir.: [1] o presidente da Protec, Humberto Barbato, entrega o prêmio Personalidade Inovadora ao presidente do Conselho de Administração da WEG Décio da Silva, representando o pai, Eggon João da Silva; [2] o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Clayton Campanhola, e o presidente da Altus, Luiz Gerbase; [3] o vice-presidente executivo de Tecnologia da Embraer, Emilio Kazunoli Matsuo, e o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Francelino Grando; [4] o gerente do Senai Nacional, Orlando Clapp, e Bruno Gouvea, diretor do Grupo Giga/Nibtec; [5] Eugênio Guimarães Chiti, chefe de Marketing e Relações Institucionais da Romi, recebe a homenagem póstuma ao pai, Carlos Chiti, do diretor- geral da Protec, Roberto Nicolsky
  • 5. indústria indústria Nelson Marconi “A indústria nacional está se tornando uma grande linha de montagem” A queda da participação da indústria brasileira no Produto Interno Bruto (PIB) está acontecendo cedo demais, na outros setores, acredito que a desindustrialização brasileira está acontecendo prematuramente. avaliação de Nelson Marconi, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Foi Como o senhor explicaria o que constatou o estudo feito a partir de esse processo? dados do Instituto Brasileiro de Geografia e N. M.: Em parte, podemos Estatística (IBGE). Para o especialista, os explicar esse fato pelo aumento números são alarmantes. Entre 1947 e 1973, da participação do setor de a participação da indústria de serviços na medida em que a transformação no PIB saltou de 15% para economia cresce. Mas a taxa de 23,5%, mas, a partir dessa data, o câmbio também tem um peso percentual do setor produtivo despencou. importante no processo de Segundo ele, em 1982, a indústria de desindustrialização. Com o real transformação respondia por 20% do PIB, valorizado, a indústria nacional passando para 17% em 1992, e atingiu hoje encontra dificuldade de seu menor patamar desde 1947, com 15%. competir com os produtos A seguir, o professor da FGV analisa o estrangeiros e opta por importar processo brasileiro de desindustrialização máquinas e insumos para (leia a matéria da pág. 4), tema de painel do IX compensar a perda de receita — Encontro Nacional de Inovação fenômeno conhecido como Tecnológica (Enitec). hedge produtivo. Dessa forma, ocorre o desmonte da cadeia A participação da indústria no PIB produtiva, em detrimento brasileiro vem caindo desde meados principalmente dos produtores dos anos 1970. Como o senhor avalia intermediários. A indústria essa redução? brasileira está se tornando uma Que medidas devem ser adotadas pelo Nelson Marconi: A desindustrialização vem grande linha de montagem. Governo para combater o processo de ocorrendo de forma bastante intensa no desindustrialização? Brasil, o que é preocupante. Os dados nos A desindustrialização atinge princi- N.M.: A principal medida é desvalorizar a mostram que atualmente a indústria de palmente quais setores? taxa de câmbio para garantir que a transformação está no mesmo patamar que o N. M.: Os setores mais afetados são os indústria nacional tenha mais condições de do fim da década de 1940, quando o País intensivos em mão de obra, como o têxtil, competir. Mas são necessárias também ainda tinha uma economia essencialmente e os intensivos em tecnologia, como o da ações de longo prazo, como estímulo ao agrária. Essa diminuição do percentual é algo indústria eletrônica. A redução dos investimento em inovação tecnológica e que já foi observado na economia dos países manufaturados pode ser explicada pela linhas de crédito de acordo com as desenvolvidos, mas com uma importante evolução das importações. Nos setores de demandas de cada um dos segmentos diferença. Neles, o processo teve início alta e média-alta tecnologia, as compras industriais. Outra iniciativa importante quando a renda per capta estava em torno de externas de produtos acabados tiveram seria o incentivo à formação de clusters. US$ 10 mil, enquanto no Brasil teve início um crescimento de 149% no período de Organizados na forma de Arranjos com uma renda de R$ 4 mil. Como o valor 1995 a 2007. Já a participação dos bens Produtivos Locais, as indústrias de um adicionado per capita gerado pela indústria intermediários importados saltou de 63% mesmo setor podem adotar ações conjuntas de transformação é maior que o gerado pelos para 69,6% no mesmo período. para aumentar sua competitividade. www.protec.org.br 3
  • 6. indústria indústria A quebra da cadeia produtiva S eja qual for o termo que usem, especialistas do governo e represen- tantes do setor produtivo caminham déficit comercial da indústria foi de US$ 25,7 bilhões de janeiro a outubro de 2010. Em todo o ano de 2007, o saldo alavancado a importação dos bens de capital, já que o câmbio valorizado e os juros altos deixam o produto nacional para um consenso de que a indústria comercial tinha sido de US$ 22 bilhões sem competitividade. brasileira está sendo cada vez mais positivos. Já o déficit tecnológico, ainda “Alguns podem falar que estamos impactada pela invasão de produtos mais grave, é de US$ 69,9 bilhões nos importando produtos tecnológicos [que importados, somada aos altos custos de primeiros dez meses do ano, contra US$ seriam inexistentes no País]. Eu digo que produção. No painel “Riscos de 48,4 bilhões no mesmo período de 2009. estamos importando qualquer coisa. desindustrialização” do IX Encontro Evitando a polêmica palavra “desin- Tenho comparado e vejo que são Nacional da Inovação Tecnológica dustrialização”, o diretor de Plane- produtos idênticos ou de tecnologia (Enitec), entidades setoriais reclamaram jamento do BNDES, João Carlos Ferraz, mais baixa que a nossa”. Segundo em coro da rápida e acentuada perda de falou em desarticulação da cadeia Muller, está acontecendo um des- espaço no mercado nacional e até produtiva para identificar o fenômeno. colamento da produção física industrial internacional, que tem levado à redução “O processo não é homogêneo; ele das vendas do varejo. “Estamos ou interrupção da produção, com perda acontece de formas diferentes em cada importando bens finais”. de conteúdo tecnológico. setor, por dentro da cadeia produtiva. Os números da economia reforçam o Não podemos generalizar”. Impactos na cadeia produtiva argumento das entidades setoriais. Mas em 22 de outubro, no dia Humberto Barbato, presidente da Segundo levantamento feito pela seguinte ao Enitec, o presidente do Protec e da Associação Brasileira da Sociedade Brasileira Pró-Inovação BNDES, Luciano Coutinho, assumiu que Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Tecnológica (Protec) em dados do o Brasil precisa "abrir os olhos" para disse que a situação é tão grave que há Ministério do Desenvolvimento, o evitar o processo de desindustrialização. empresas pedindo para que não sejam Na Federação das Indústrias do Estado tomadas medidas contra os importados. de São Paulo (Fiesp), ele afirmou que a “Já temos filiados dependentes de valorização cambial incentiva o importação. É como um câncer que se crescimento das importações, com espalha por toda a cadeia produtiva”. indícios de concorrência desleal. "Não Ele mencionou que transformadores, podemos jogar a toalha e aceitar o disjuntores, cabos, torres e outros esvaziamento de cadeias produtivas e produtos do setor de energia elétrica, em que uma explosão de importados que o Brasil tem indústria consolidada, esvazie especialmente as indústrias de estão vindo da China. Segundo Barbato, bens de capital e mecânica", declarou. as ligações Tucuruí-Manaus e Tucuruí- A Associação Brasileira da Indústria Macapá foram todas feitas com produtos de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) chineses e o mesmo só não acontecerá é apenas uma das entidades que há com a construção da usina de Belo Monte, tempos vêm alertando para esse perigo. no Pará, porque o setor se movimentou Da esq. p/a dir.: Rafael Moreira, do Ministério do Klaus Curt Muller, representante da para pedir providências do governo, Desenvolvimento; Nelson Marconi, da FGV; Roberto Nicolsky, da Abimaq, disse em sua apresentação no obtendo uma linha de financiamento do Protec; Rodrigo Loures, da Fiep; e Klaus Curt Muller, da Abimaq Enitec que o consumo aparente tem BNDES. Em todo a área de eletroeletrô- 4 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
  • 7. nicos, as importações de produtos terminados é de 20% do faturamento “ e o déficit comercial deve chegar US$ 27 bilhões este ano. Por isso, Barbato Falam que sugeriu o aumento do imposto de impor- importamos produtos tação de alguns itens provisoriamente. tecnológicos Soluções apontadas inexistentes no País, Apesar de discordar das evidências de “um processo generalizado de mas comparo e vejo que são desindustrialização”, assim como Ferraz, o diretor da Agência Brasileira de Desen- volvimento Industrial (ABDI), Clayton Campanhola, afirmou que “não produtos idênticos ou de tecnologia “ devemos cruzar os braços”. Ele lembrou mais baixa mentos orientados ao mercado, e a baixa que o governo está definindo as macro- que a nossa difusão da cultura de inovação. metas da Política de Desenvolvimento De acordo com Rafael, a falta de mão Produtivo para 2011 a 2014 e que esta é a de obra qualificada também contribui oportunidade de instâncias públicas e Klaus Curt Muller para a desindustrialização. Faltam privadas reverem os mecanismos de profissionais em setores como o de incentivo à produção existentes. indústria química e instrumentação, e, Para mudar o quadro, o professor de segundo ele, o governo vem se Economia da Fundação Getúlio Vargas “Temos ilhas de dinamismo tecnológico esforçando para casar demanda e oferta. (FGV-SP) Nelson Marconi (veja entrevista no Brasil, apesar da insuficiência das Segundo pesquisa de uma consultoria, na pág. 3) apontou medidas para políticas públicas, da carga tributária 55% das empresas não conseguem desvalorizar o câmbio, promover que onera investimentos, do ambiente de efetivar contratações, algumas impor- negociações internacionais no campo da juros adverso para os investimentos e da tando profissionais. Organização Mundial do Comércio burocracia”, afirmou. (OMC) e outras instâncias para proteger Para o Brasil potencializar seu os produtos nacionais dos importados, e desenvolvimento tecnológico, item implantar políticas de pesquisa, essencial contra a desindustrialização, Proposições para... desenvolvimento e financiamento à precisa vencer alguns gargalos. Entre inovação de acordo com as demandas de eles, Rafael Henrique Rodrigues segmentos industriais. Ferraz, do Moreira, gerente de projeto da Secretaria Reverter o processo BNDES, também defende a criação de de Inovação do Ministério do Desen- de desindustrialização estratégias setoriais. volvimento, Indústria e Comércio “O governo precisa prestar apoio a Exterior, destacou a baixa articulação de • Aumentar provisoriamente setores transversais, como os de bens de atores do sistema brasileiro de inovação, a insegurança jurídica dos incentivos, os impostos de importação capital e de eletroeletrônicos, que dão competitividade para a economia como investimentos públicos concentrados em C&T associados à baixa oferta de instru- • Adotar medidas para desvalo- um todo. Até o agronegócio depende rizar o câmbio disso”, disse Rodrigo da Rocha Loures, presidente da Federação das Indústrias • Negociar internacionalmente a do Estado do Paraná (Fiep), referindo-se proteção de produtos brasileiros “ às políticas econômicas e comerciais. Já temos • Implantar políticas de inovação filiados na Abinee de acordo com demandas de segmentos industriais, com com- dependentes partilhamento do risco pelo Estado de importação. É como um câncer “ • Promover o ajuste fiscal e a redução dos juros para incentivar que se espalha por os investimentos em inovação e toda a cadeia em produção produtiva Humberto Barbato www.protec.org.br 5
  • 8. subvenção subvenção Recursos não reembolsáveis: Enitec conquista melhorias e aponta novos rumos E stá consolidado na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) o entendi- mento de que a subvenção econômica à O palestrante reiterou que as novas regras do edital tiveram base em reivindicações da Protec e de entidades Segundo o palestrante, no modelo anterior, muitas vezes as empresas proponentes não conheciam seus inovação consiste em instrumento setoriais, inclusive apresentadas em concorrentes e o mercado, não estando destinado exclusivamente a empresas Enitecs anteriores. O seminário de preparadas para receber os recursos. produtivas. A nova visão, antecipada à avaliação de resultados de 2009 Pró-Inovação Tecnológica em Revista na realizado pela Finep também conferiu Eliminar a restrição temática edição passada pelo superintendente da subsídios para a mudança. “A subven- De acordo com levantamento apresen- área de Financiamento, Luiz Coelho, foi ção mascarava projetos que eram de tado pelo consultor da Protec, Fernando reforçada pelo chefe do Departamento Instituições Científicas e Tecnológicas Varella, sobre o desempenho da subvenção de Acompanhamento da Finep, (ICTs), mas ela é para as empresas. O nas edições de 2006 a 2009, ainda há espaço Mauricio Syrio, no IX Encontro Nacional mecanismo deve oferecer apoio e não ser para melhorar o formato do programa. da Inovação Tecnológica (Enitec). fonte de sobrevivência. Não queremos Para começar, acabando com a restrição a Durante o painel “Subvenção e apoios empresas sobrevivendo da subvenção”, áreas específicas para desenvolvimento de não reembolsáveis”, Syrio destacou que disparou Syrio. projetos. “Muitas empresas deixam de o edital de subvenção de 2010 sofreu Com as mudanças, o número de participar dos editais porque suas alterações nos critérios de seleção para projetos apresentados caiu (de 2.558 em propostas não estão enquadradas, apesar ser direcionado a empresas de mercado, 2009 para 993 em 2010). Porém, a de elas atuarem em setores classificados que têm condições de lançar produtos e qualidade aumentou, tendo maiores como estratégicos pela Política de processos com retorno econômico. chances de sucesso, garantiu Syrio. Desenvolvimento Produtivo”, relata. 6 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
  • 9. subvenção incrementais correm o risco de chegarem a resultados já ““ velhos e com tecnologia Muitas empresas A subvenção ultrapassada”, disse. Das 114 companhias deixam de participar mascarava projetos selecionadas no edital de dos editais de que eram 2006, 79 responderam à pesquisa da Protec. Delas, 44% tinham Instituições Científicas subvenção porque “ eseus projetos não Tecnológicas (ICTs), “ “ concluído seus projetos e inserido as A subvenção soluções no mercado; 22% concluíram estão enquadrados mas ela é para mascarava projetos sem inserção; e 34% não concluíram. Syrio confirmou que os números se aproximam nos tópicos as empresas que eram de da avaliação em curso pela Finep. definidos Instituições Científicas “ “ Mauricio Syrio e Tecnológicas (ICTs), Avaliação de impactos A necessidade e as formas de se Fernando Varella mas ela é para mensurar resultados econômicos dos as empresas projetos subvencionados estiveram em discussão no painel. Para Varella, é imprescindível que a Finep divulgue, com Mauricio Syrio transparência, os impactos do programa na economia – quantos produtos foram Varella sugeriu ainda que seja introduzidos no mercado e o número de diminuído o valor mínimo para projetos patentes registradas, por exemplo. O apresentados por micro e pequenas especialista considera que a metodologia empresas, de R$ 500 mil para R$ 250 mil. de avaliação adotada pela Finep em 2009, Assim, é possível aumentar as chances de seminário fechado e com fichas de de se gerir melhor o projeto e pulverizar avaliação preenchidas pelas próprias recursos. Em 2006, 327 micro e pequenas empresas, não é adequado. Juntando os receberam 37,3% dos recursos disponibi- seminários realizados em 2009 e 2010, um lizados, uma média de R$ 1,8 milhão por total de 71 empresas foram avaliadas, empresa. O número é nove vezes o valor representando 11,5% do universo apoiado A importância do foco no negócio, a falta médio do faturamento anual das MPE, no período, uma “amostra pouco de recursos para se levar o produto ao segundo dado do Sebrae de São Paulo. representativa”, segundo ele. mercado e o baixo risco tecnológico dos Outro ponto importante, segundo o Apesar de reconhecer as limitações do projetos foram algumas delas. consultor, é diminuir o tempo entre estudo, Syrio, da Finep, destacou as A Finep também observou que mais lançamento da chamada e contratação. conclusões possíveis de serem extraídas da metade dos contemplados ainda não Também há necessidade de se reduzir o do primeiro seminário e que permitiram obteve receitas com o produto subvencio- tempo para o desenvolvimento, que o aprimoramento do edital de subvenção. nado. A falta de inadequação da subven- atualmente varia de 36 a 48 meses. “Após ção para empresas pré-operacionais e a esse tempo, os projetos de inovações dificuldade de os beneficiados gerencia- “ rem mais de um projeto ao mesmo tempo Projetos reforçam as recomendações encaminha- acadêmicos podem das pela Protec em outros anos. Já quanto à própria metodologia de avaliação, a ser ótimos, mas Finep notou inconsistências em questio- não estão baseados “ nários, com a necessidade de melhorias na experiência em seu formato. de mercado para Fatores de sucesso comercialização Com base em estudo sobre os resultados do Edital Senai de Inovação, Roberto Nicolsky, diretor-geral da Roberto Nicolsky Protec, identificou os fatores de sucesso www.protec.org.br 7
  • 10. subvenção para os projetos de subvenção. Ele apontou o perfil de empresas adequadas para receber esse tipo de recursos. São Proposições para... aquelas com estrutura produtiva já preparada para fazer o produto ou processo desenhado no projeto. Essas Aperfeiçoamento da subvenção obtiveram 86% de inserção efetiva da econômica à inovação inovação no mercado. A apresentação do plano de negócios e de projeto formulado por iniciativa da própria • Eliminar restrição do edital • Desclassificar propostas empresa também impactaram positiva- a temas específicos cujos gestores não compro- mente nos resultados. vem efetiva experiência na “A principal fonte de subsídios para • Restringir a aprovação de fabricação e comercialização o projeto deve ser o mercado, e não o novo projeto de empresas que dos produtos e processos que professor Pardal, um gênio da universi- ainda não concluíram projetos pretendem inovar dade. Este é nosso medo com relação a contratados anteriormente projetos acadêmicos. Eles podem ser • Exigir a inserção competi- ótimos, mas não estão baseados na • Aprovar apenas um projeto tiva no mercado do novo experiência de mercado para comerciali- por empresa produto, processo ou servi- zação”, disse o coordenador do estudo. ço, com previsão de despesas Pensando na ponta do acesso aos • Reduzir o valor mínimo para de pelo menos 15% dos recursos, Carlos Cavalcanti, da Asso- projetos apresentados por recursos solicitados ciação Brasileira da Indústria Elétrica e micro e pequenas empresas Eletrônica (Abinee), sugeriu a simplifi- para R$ 250 mil, melhorando a • Divulgar os impactos do cação das informações sobre os mecanis- gestão e pulverizando recursos programa na economia mos de fomento. “Do ponto de vista do empresário, os mecanismos são difíceis • Diminuir o tempo entre • Ampliar os recursos, alo- de entender e parecem se sobrepor, lançamento da chamada e cando pelo menos 30% dos dentro da própria Finep e entre as agências de fomento. Muitas vezes o contratação para o desenvol- recursos do Fundo Nacional de tomador não sabe a que guichê recor- vimento do projeto Desenvolvimento Científico e rer”, afirmou. Na opinião de Cavalcanti, Tecnológico (FNDCT), o que é preciso se discutir mais a inovação e o • Comprovar a fonte de re- corresponderia a R$ 1 bilhão desenvolvimento tecnológico do ponto cursos das contrapartidas em 2010 de vista de diretrizes gerais para o País, coordenadas a ações nos estados. Novos editais do Sebrae O Sebrae reformulou seu programa inovação, prototipagem de produtos e meses e projetos em valor de até R$ 600 mil, Sebraetec e incluiu a distribuição de encadeamento empresarial, com prazo somando R$ 113,4 mil até 2013. O Sebrae recursos não reembolsáveis, diretamente de implementação de até 12 meses e Nacional arcará com 50% dos projetos, para empresas, destinados a projetos de valores de até R$ 90 mil. O desembolso sendo o restante coberto pela empresa e o inovação a partir de janeiro de 2011. total, em três anos, será de R$ 9,1 milhões. Sebrae no estado. O novo Sebraetec, com Antes concentrado apenas no custeio de Para a inovação de ruptura foi criada a valor total de R$ 787 milhões de 2011 a serviços tecnológicos, ele terá a linha modalidade Sebraetec Inova, também 2013, também engloba serviços de apoio Sebraetec Inovação, para inovação direcionada a eco-inovação e encade- tecnológico (básico e avançado) e uma incremental, principalmente em eco- amento empresarial, porém prazo de 24 linha para indicação geográfica. 8 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
  • 11. financiamento financiamento O desafio de aumentar o dispêndio privado O s recursos crescem e as opções são variadas, mas ainda falta o comparti- lhamento de risco para que os financia- tivo. Conforme o Estado aumentou sua contribuição, as empresas aprenderam a importância de inovar e, hoje, respon- mentos para a inovação dêem certo no dem por 70% dos investimentos. Brasil. “Sem isso, recursos serão disponi- “É um equívoco pensar que a bilizados, porém com procura reduzida”, empresa tem por norma arriscar para decretou o diretor-geral da Sociedade aumentar ganhos. Ela se preocupa em Brasileira Pró-Inovação Tecnológica assegurar o que já tem e tende a inovar (Protec), Roberto Nicolsky, no painel defensivamente”, disse Nicolsky. Ele “Financiamentos” do IX Encontro apontou ainda problemas culturais. Nacional da Inovação Tecnológica “Não costumamos incentivar a inovação (Enitec). Segundo ele, foi sob o modelo de a partir do estágio em que as empresas se compartilhamento de risco que a Coreia do Sul conseguiu estabelecer o alto encontram; queremos logo dar o salto para a fronteira da tecnologia. Mas Outro olhar: padrão tecnológico atual. Em 1970, a quando o projeto faz parte da linha de financiamento à inovação participação da indústria nos investimen- produção da empresa, as chances de tos em inovação não era mais que 13%, sucesso são enormes, de mais de 80%”. no Nordeste enquanto 80% dos recursos públicos para Segundo Flávia Kickinger, do a área eram destinados ao setor produ- BNDES, o banco vem aumentando os Se o acesso a recursos para o recursos para inovação com o objetivo de desenvolvimento tecnológico é precário estimular o crescimento dos dispêndios para empresas do Sul e Sudeste do Brasil, privados para a área. Foram desembolsa- nas demais regiões o quadro tende a ser dos R$ 721,6 milhões entre janeiro e julho ainda mais duro. O Banco do Nordeste só deste ano, contra R$ 562,9 milhões no ano consegue atender a 10% dos projetos de de 2009. Ainda assim, Nicolsky considera inovação que recebe para sua linha de pouco. “São cerca de 1% dos recursos do apoio não reembolsável. Ainda assim, BNDES, quando deveriam ser 5%”. segundo Laércio de Matos Ferreira, do Para finalizar, Afonso Moura, da Escritório Técnico de Estudos Econô- Associação Brasileira Técnica de micos do Nordeste, a política nacional de Celulose e Papel (ABTCP), lançou uma expansão industrial contribuiu para provocação: “Precisamos entender o aumentar, mesmo que timidamente, o perfil dos financiamentos de hoje – se apoio às empresas. “Participamos de Da esq. p/a dir.: Maurício Syrio, da Finep; Flávia Kickinger, do reuniões como o Enitec para buscar estão mais voltados para a melhoria de BNDES; Roberto Nicolsky, da Protec; Laércio de Matos Ferreira, processos e produtos, ou para grandes maneiras de customizar nossas linhas de do Banco do Nordeste; e Afonso Moura, da ABTCP inovações de ruptura”, questionou. financiamento para resultarem cada vez mais em desenvolvimento tecnológico efetivo”, disse. Além da linha não reembolsável, o Banco do Nordeste tem Proposições para... o financiamento reembolsável e cotas em fundos de capital de risco. Seguindo Melhorar as condições de financiamento instrução legal, é uma das poucas instituições de crédito que aplicam parte • Compartilhar o risco da inovação dos recursos em projetos na região do semi-árido. www.protec.org.br 9
  • 12. legislação legislação MP 495 Mais um estímulo à inovação nacional A medida Provisória 495, que altera a Lei de Licitações (nº 8666/93), foi um importante passo para estimular a um verdadeiro Buy Brazilian Act [uma referência ao Buy American Act, lei assinada pelo presidente Franklin um impacto positivo para garantir o fortalecimento da cadeia produtiva nacional, incentivando a pesquisa inovação no País, pois institui margem de Roosevelt em 1933 para ajudar os Estados tecnológica no País, mais do que simples- preferência nas compras governamentais Unidos a se recuperarem da crise mente a produção nacional”, afirmou. de até 25% para produtos e serviços de econômica]”, explica Nicolsky. “Depois, Mas para Marcio Bosio, diretor empresas que praticam atividades de continuamos batalhando para que o institucional da Associação Brasileira da P&D no Brasil. Mas, sozinha, essa inciso fosse realmente utilizado. Indústria de Artigos e Equipamentos iniciativa tem efeito limitado, e é Farmanguinhos foi uma das poucas Médicos, Odontológicos, Hospitalares e necessária a implantação de mecanismos instituições a colocar o recurso em prática de Laboratórios (Abimo), a medida pode paralelos para que ela tenha efetividade. para a compra de antirretrovirais”. ter efeito limitado. “A MP é positiva, pois Essa foi uma das conclusões do painel insere o item da encomenda tecnológica, “Incentivos fiscais e o uso do poder de Setores estratégicos mas ela se aplica apenas às empresas que compra”, realizado durante o IX A MP 495 beneficia principalmente estão com seus projetos quase no ponto Encontro Nacional de Inovação os setores mais dependentes das de execução. É preciso outras medidas de Tecnológica (Enitec). aquisições públicas, como saúde, defesa apoio às empresas que estão dando os Durante o encontro, Roberto e telecomunicações. Um exemplo seus primeiros passos em inovação”. Nicolsky, diretor-geral da Sociedade recente foi o edital da Telebrás para a Brasileira Pró-Inovação Tecnológica compra de equipamentos DWDM Incentivos fiscais (Protec), lembrou o papel decisivo da (tecnologia que alimenta a fibra ótica) O painel abriu espaço também para a instituição na formulação das diretrizes para a infraestrutura necessária ao Plano discussão sobre a Lei 11.196/2005, gerais da MP 495, lançada em julho. Nacional de Banda Larga. Com base na conhecida como Lei do Bem, que Antes, em 2004, a Protec já havia proposto medida provisória, o edital foi restrito a permitiu um aumento significativo nos a inclusão de um artigo na Lei de Inovação tecnologias desenvolvidas no Brasil ou investimentos privados em P,D&I no que apontava a preferência, nas compras nos membros do Mercosul. Os próximos Brasil. De acordo com Reinaldo Danna, públicas, de empresas que desenvol- editais devem incorporar o mesmo coordenador-geral de inovação tecnoló- vessem tecnologia no País. O artigo não recurso, com exceção dos roteadores de gica do Ministério da Ciência e foi aceito conforme proposto, pois seria grande porte, que não têm produção Tecnologia (MCT), o marco legal deduz necessária a alteração da Lei de Licitações, local nem nos países vizinhos. do Imposto de Renda e da Contribuição mas foi incluído na forma de um inciso No Enitec, Lelio Augusto Maçaira, Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) das que favoreceu as empresas inovadoras. vice-presidente da Associação Brasileira empresas os investimentos em pesquisa “Sugerimos ao relator da Lei de das Indústrias de Química Fina, básica e aplicada, desenvolvimento Inovação, Ricardo Zarattini (PT/SP), a Biotecnologia e suas Especialidades tecnológico e de protótipo, além de inclusão do inciso IV no artigo 27, que (Abifina), apresentou os principais serviços de apoio tecnológico. estabelece essa prioridade. Tratou-se de impactos da MP 495. “A iniciativa tem A lei prevê ainda a diminuição de 10 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
  • 13. legislação legislação 50% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para aquisição de Impactos da Lei do Bem bens de capital utilizados em P&D e a redução a zero do imposto sobre as Renúncia fiscal decorrente Investimentos realizados remessas ao exterior relativas a marcas, Ano dos investimentos em P&D pelas empresas em P&D patentes e cultivares. “Uma vez que as empresas apresentem informações detalhadas ao MCT sobre seus progra- 2006 R$ 229 milhões R$ 2,191 bilhões mas de pesquisa, o uso desses recursos é automático, sem a necessidade de um 2007 R$ 884 milhões R$ 5,138 bilhões analista do Governo”, explica Danna. “Além disso, o benefício pode ser 2008 R$ 1,544 bilhão R$ 8,798 bilhões aplicado a dispêndios em inovação próprios da empresa ou contratados de universidades, instituições de pesquisa, empresas pularam de R$ 2,2 bilhões para ciente. Para ele, todos os investimentos do inventores independentes ou micro e R$ 8,8 bilhões, o que representa um salto setor produtivo devem contar com pequenas empresas”. de 0,09% para 0,3% do PIB. “Em 2008, isenção fiscal. “Trata-se de um ciclo Segundo o coordenador, o sucesso da tivemos 552 empresas cadastradas e 460 virtuoso, pois, com uma carga tributária lei está estampado nos números. Em beneficiadas pela Lei, o que significa um menor, as empresas poderiam investir 2006, o governo deixou de arrecadar crescimento de 253% em relação a 2006”, mais em qualidade, ampliariam seus R$ 229 milhões em renúncia fiscal, comenta. “Em 2009, foram recebidos 635 mercados, e o governo poderia arrecadar enquanto em 2008 o valor subiu para formulários das empresas, que ainda se ainda mais”, defende. “Quando se taxa o R$ 1,5 bilhão. No mesmo período, os encontram em análise”. investimento, se encarece a produção e investimentos realizados em P&D pelas . fica mais fácil trazer o produto acabado Articulação dos mecanismos de de fora. Hoje, nosso sistema tributário apoio à inovação fomenta a importação”. Para Roberto Nicolsky, a Lei do Bem Apesar das críticas, Reinaldo Danna representou um grande avanço, mas seu acredita que o Governo já possui um forte efeito é limitado. Para o diretor-geral da conjunto de mecanismos de apoio à Protec, a lei só alcança as grandes inovação. O que falta, em sua opinião, são companhias e, na prática, apoia apenas as empresas melhorem a gestão tecnoló- aquelas que já inovam. “A Lei do Bem gica de seus programas de P&D. “Em estimula as empresas que já iniciaram geral, essa gestão é muito ruim. As suas atividades de pesquisa, e exclui as empresas precisam formalizar seus empresas que ainda pretendem come- programas, com projetos mais bem çar”, declara. “Por isso, defendo a estruturados e com controles técnicos, subvenção econômica. Um único financeiros e administrativos que mecanismo não é suficiente; é preciso que possibilitem a sua execução”. pelo menos a subvenção, as compras Outro fator que pesa como entrave à públicas e a renúncia fiscal estejam inovação é a burocracia estatal. “É preciso Da esq. p/a dir.: Marcio Bosio, da Abimo; Reinaldo Danna, estruturados e bem articulados entre si”. que as instâncias de Governo conversem do MCT; Roberto Nicolsky, da Protec; e Lelio Augusto Marcio Bosio concorda que desonerar melhor entre si. Incentivos lançados por Maçaira, da Abifina as atividades de inovação não é sufi- um ministério muitas vezes encontram barreiras impostas pelos tribunais de contas, que complicam a vida das empresas beneficiadas e do próprio ministério”, alega Bosio. Proposições para... Para que o sistema de apoio à inovação seja aperfeiçoado, Nicolsky defendeu que as próprias empresas Estímulos não-financeiros expressem suas reivindicações junto ao Governo. Um exemplo de que a estratégia • Governo sustentar diferentes instrumentos de apoio à inovação, funciona é o Edital de Subvenção 2010 da em paralelo à Lei do Bem Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que incorporou propostas • Tornar todo investimento em produção e inovação isento de impostos encaminhadas pela Protec, com base nas proposições feitas em Enitecs anteriores. www.protec.org.br 11
  • 14. espaço rets espaço rets Rets inicia seu planejamento estratégico A Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets) foi criada em 2007 para articular as ações das ETS em torno de demandas tecnológicas comuns a todos os Associados da Rets Abendi – Associação Brasileira de Ensaios setores da indústria, inclusive o encaminhamento de sugestões para aprimorar as Não Destrutivos e Inspeção políticas públicas de inovação. Desde então, foram grandes as conquistas, mas a necessidade de se ampliar a visibilidade da rede é quase uma unanimidade entre seus Abifina - Associação Brasileira das membros. No dia 21 de outubro, durante o IX Encontro Nacional de Inovação Indústrias de Química Fina, Biotecnologia Tecnológica (Enitec), em São Paulo, os representantes das ETS iniciaram o planeja- e suas Especialidades mento estratégico da Rets para os próximos anos. “A Rets precisa concentrar-se em ações para ampliar sua legitimidade política, Abimo – Associação Brasileira das promovendo sistematicamente encontros e reuniões com representantes dos órgãos Indústrias de Artigos e Equipamentos de fomento”, afirmou Carlos Eduardo Cavalcanti, assessor econômico da Associação Médicos e Odontológicos Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Durante a reunião, foram Abiquim – Associação Brasileira da instituídos três grupos de trabalho, que atuarão de forma paralela para a nova Indústria Química estruturação da rede. Conheça suas funções: ABM – Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração Governança Desenvolverá as diretrizes para o gerenciamento da Rets. As propostas de ação Abraco – Associação Brasileira de incluem o aumento do número de associados, maior divulgação da rede, além de uma Corrosão comissão que participará da organização das próximas edições do Enitec. Será composto por representantes do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Abravest – Associação Brasileira do Calçados e Artefatos (IBTeC); da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Vestuário Mineração (ABM); da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec); e da Associação Brasileira Técnica de Papel e Abripur – Associação Brasileira da Celulose (ABTCP). Indústria do Poliuretano ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel Relações institucionais Realizará ações para estreitar o relacionamento das ETS com os institutos de CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos ciência e tecnologia (ICTs) e universidades e fortalecer a influência política da rede, aproximando-a dos poderes Executivo e Legislativo. Também será responsável por FBTS – Fundação Brasileira de ampliar a presença da Rets em fóruns e eventos que tenham a inovação como tema Tecnologia da Soldagem principal. Será formada por colaboradores da Associação Brasileira das Indústrias de Artigos e Equipamentos Médicos (Abimo); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia Tecnológico do Complexo Eletroeletrônico (IDP-Eletron); e Associação Brasileira da do Couro, Calçado e Artefatos Indústria Química (Abiquim). IPDEletron – Instituto de Gestão de Pesquisa e Desenvolvimento para a Indústria Elétrica e Eletrônica Capacitação Promoverá iniciativas para capacitar empresas associadas às ETS e o compartilha- IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e mento de experiências entre as entidades. O objetivo é potencializar as ações já Desenvolvimento de Fármacos e Produtos existentes dentro da entidade. Uma das propostas inclui a qualificação de ETS para Farmacêuticos tornarem-se entidades certificadoras. A comissão será formada por representantes do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e Equipamentos (IPD-Maq); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Desenvolvimento Tecnológico da Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma), da Associação Brasileira de Ensaios Não Indústria de Máquinas e Equipamentos Destrutivos e Inspeção (Abendi) e da ABM. ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha Itehpec – Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria e Cosméticos 12 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 4 - novembro/dezembro 2010
  • 15. Mais um ano de conquistas! Preferência de produtos com tecnologia nacional em licitações públicas Subvenção econômica à inovação com foco nas empresas produtivas Criação oficial do Dia da Inovação no Brasil Inovação começa na indústria. É por isso que a Protec trabalha por políticas públicas de estímulo ao desenvolvimento tecnológico no setor produtivo. A persistência deu resultados. Basta olhar as vitórias obtidas em 2010. Vitórias que só foram possíveis pelo apoio de nossos associados, parceiros e colaboradores. A Protec deseja que 2011 venha cheio de novos desafios e conquistas para todos nós.
  • 16. Veja o que o Senai pode fazer para sua indústria inovar Serviços técnicos e tecnológicos Assessoria Técnica e Tecnológica Se o problema é a qualidade do produto ou a produtividade da empresa ou instituição, o Senai, por meio de um trabalho de diagnóstico e recomendações, pode detectar e corrigir falhas no campo da gestão, da produção e da execução de serviços. Pesquisa Aplicada Trabalho executado com o objetivo de desenvolver ou aprimorar produtos, processos ou sistemas, utilizando uma ampla rede de laboratórios, centros de informação e de especialistas, com foco na pesquisa de novos conhecimentos ou na compreensão dos já existentes. Design Atividade especializada, de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equacionem sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, com atendimento concreto às necessidades humanas. Serviço laboratorial A Rede Senai de laboratórios oferece serviços de calibração, dosagem, ensaio ou teste de desempenho para qualificação de produtos e processos, preferencialmente fundamentada em normas técnicas ou procedimentos sistematizados. Informação tecnológica Atividade que engloba busca, tratamento, organização e disseminação de informações, possibilitando a solução de necessidades de natureza técnica e tecnológica referente a produtos, serviços e processos, para promover a melhoria contínua da qualidade e a inovação no setor produtivo. Cursos sob medida Um dos fatores críticos para o sucesso de sua empresa é possuir um quadro de funcionários treinado, qualificado e atualizado. Seja qual for a necessidade de educação profissional de sua indústria, o Senai tem solução para ela. Além dos 1.800 cursos, em 28 áreas industriais, regularmente ministrados nas unidades operacionais do Senai, a organização oferece cursos especialmente desenvolvidos para as necessidades de cada empresa. Com currículos e horários flexíveis, concebidos para atender à demanda específica de cada cliente, os cursos sob medida do Senai representam um forte diferencial para a sua empresa. Aprendizagem industrial Tão importante para a indústria quanto para a sociedade, a Aprendizagem Industrial está ligada às origens do Senai. Hoje, revitalizada e adequada às novas necessidades do mercado de trabalho, a modalidade também ganhou em flexibilidade e eficácia. Uma das alternativas criadas é a aprendizagem na empresa , promovida nos locais em que não exista escola, curso ou vaga para atender à demanda das indústrias. A aprendizagem na empresa é resultado de uma parceria na qual ambos - Senai e empresa - têm responsabilidades e atribuições bem definidas e negociadas. Criteriosamente planejados, acompanhados, controlados e auditados, os cursos de aprendizagem na empresa representam a possibilidade de unir o cumprimento às leis, o exercício da responsabilidade social e o treinamento de futuros trabalhadores. Consulte o Senai mais próximo e informe-se