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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
EDU01050 – Filosofia da Educação II: Problemas filosóficos
Lucia Carvalho; Larissa Richter;
Maria Letícia Ferraretto; Paula Prasdio
20 teses de política20 teses de política
Enrique DusselEnrique Dussel
PARTE IPARTE I
•Poder da comunidade
•Poder obediencial
•Fetichização do poder
O que é o político...
• Totalidade;
• Ações, instituições, princípios políticos
ocorrem no campo político
• “O campo é esse espaço político de
cooperação, coincidências, conflitos.” (p.19)
“é um âmbito atravessado por forças,
sujeitos singulares com vontade e com
certo poder.” (p.18)
Sistemas (Ex.:
liberal, socialista
etc.
S
Poder político da comunidade -
Potentia
• “o ser humano originalmente comunitário”
• As vontades dos membros da comunidade
podem se anular, resultando em
impotência, caso cada indivíduo (ou grupo)
cuidar apenas de seus interesses.
• Se as vontades pudessem unir seus
objetivos, seus propósitos, seus fins,
conseguiriam maior potência.
• “A comunidade, como comunidade
comunicativa, linguística, é aquela em que
seus membros podem se dar razões uns aos
outros para chegar a acordos.” (p.27)
• Consenso poder político.
• “Esse consenso não pode ser fruto de um ato
de dominação ou violência...” (p.27)
• “O consenso deve ser um acordo de todos os
participantes, como sujeitos, livres,
autônomos, racionais, com igual capacidade
de intervenção retórica...” (p.27)
• O poder é tido sempre pela comunidade;
• POTENTIA – “o poder que tem a
comunidade como uma faculdade ou
capacidade que é inerente a um povo
enquanto última instância da soberania, da
autoridade, da governabilidade, do político.
(p.29)
O poder como POTESTAS
• A potentia – poder da comunidade – não
possui ainda existência real, objetiva.
• POTESTAS – “é institucionalização do poder
da comunidade”. (p.32)
• POTESTAS – “é a diferenciação heterogênea
de funções por meio de instituições que
permitam que o poder se torne real,
empírico, factível...” (p.32)
O poder obediencial
• Quem manda – que é ele eleito pra cumprir
uma função de potesta – deve mandar em
função das exigências da comunidade.
• “Quem manda, manda obedecendo”
Fetichização do Poder
• O poder se torna fetichizado quando é
corrumpido. Quando um governante, uma
instituição se pensa como fonte do poder.
• “... para poder exercer um poder
autorreferente, fetichizado da potestas, é
necessário antes e continuamente debilitar o
poder político originário da comunidade (a
potentia).” (p.48)
Da Potentia à Potestas
Potentia
Potestas
Como poder consensual;
O ser in-determinado (ainda
não algo)
Fundamento
Como exercício delegado
do poder;
O ente determinado;
Poder político
institucional.
(positiva)
Poder
obediencial
(negativa)
Poder
fetichizado
a
b
c
d
e
PARTE II: A transformação crítica do
político rumo a nova ordem política
• Os que sofrem os efeitos negativos de algo –
no caso da ordem política – são as vítimas;
• Das vítimas surgem os movimentos sociais de
contestação;
“[...] nesta Segunda parte a filosofia política torna-se crítica do sistema vigente;
começa assim uma desconstrução do exposto na Primeira parte. O ponto de apoio da
tarefa desconstrutiva serão as próprias vítimas políticas, oprimidas, reprimidas,
excluídas, quando não torturadas, assassinadas , por todas as “guerras sujas” da
história recente.”
(DUSSEL, 2007, p.87)
Tese 11: O povo, o popular e o “populismo”
• Movimentos sociais e reivindicação hegemônica;
• O “povo”, a “plebs” e o “populus”;
• O “bloco social dos oprimidos”, o popular e o
populismo;
Tese 12: O poder libertador do povo como
hiporpotentia e o “estado de rebelião”
• Vontade-de-viver dos excluídos. Totalidade e
exterioridade;
• O consenso crítico dos negados;
• A eficácia dos fracos. Hiporpotentia das
vítimas em “estado de rebelião”;
Tese 13: Os princípios políticos de libertação
O princípio crítico da esfera material
• Princípios políticos críticos;
• O princípio material libertador, exigência de
afirmação e aumento da vida comunitária;
• As dimensões ecológica, econômica e cultural do
princípio crítico material da política;
Tese 14: Os princípios crítico-democrático e
de transformação estratégica
• O princípio crítico-democrático;
• O princípio de libertação estratégica;
• O nobre ofício da política;
Tese 15: Práxis de libertação dos movimentos
sociais e políticos
• Práxis indica a atualidade do sujeito no mundo;
• A práxis de libertação põe em questão as
estruturas hegemônicas do sistema político;
“A ação política intervém no campo político
modificando, sempre de algum jeito, sua estrutura
dada. Todo sujeito ao transformar-se em ator,
ainda mais quando é um movimento ou povo em
ação, é o motor, a força, o poder que faz história.
Quando é uma “atividade crítico-prática” esta será
denominada práxis de libertação.
(DUSSEL, 2007, p.116)
• Utopia, paradigmas ou modelo possível,
projeto, estratégia, tática, meios;
• Há diversos níveis que devem ser levados em conta
na práxis crítica:
– É necessário acreditar que “Sim! É possível!” para mudar
as coisas;
– Na prática política vai-se esboçando um paradigma
possível;
– Trabalhar sobre um projeto de transformações factíveis;
– O político deve ter clareza estratégica na ação
transformadora;
– Trabalhar sobre táticas eficazes;
– Escolher meios apropriados e possíveis;
• Organização dos novos movimentos sociais e luta
reivindicativas;
• A práxis de libertação não é efetuada somente pelo líder;
• É uma ação de retaguarda do próprio povo;
• A liderança política é serviço, obediência, coerência,
inteligência, disciplina, entrega. (DUSSEL, 2007, p.119)
“A democracia não é um slogan,
deve ser um momento da
subjetividade do político, uma
instituição que se pratique em todos
os níveis da organização dos
movimentos populares, neles
próprios, entre eles, e como
exigência diante dos partidos
políticos progressistas, críticos,
libertadores.”
(DUSSEL, 2007, p.121)
“[...] sem organização, o poder do povo
é pura potência (...)anarquismo.
Organizar um movimento, um povo, é
criar funções heterpgêneas,
diferenciadas, em que cada membro
aprende a cumprir responsabilidades
diferentes, mas dentro da unidade do
consenso do povo.”
(DUSSEL, 2007, p.120)
• Organização dos partidos políticos progressistas;
“Os partidos políticos progressistas, críticos, libertadores, devem ser como a ‘árvore
maia’, que afunda suas raízes na terra mater (o povo), eleva seu tronco sobre a
superfície terrestre (a sociedade civil) e desdobra a sua folhagem e frutos no céu (na
sociedade política, o Estado em sentido restrito).”
(DUSSEL, 2007, p.120)
- É onde se discute e produz teorias;
- Esboçam-se utopias, formulam-se projetos;
- É onde se forma a opinião decantada de um tipo de
sociedade tendo em conta o desenvolvimento histórico
do presente político.
Tese 16: Práxis anti-hegemônica e construção de
nova hegemonia
• Crise de hegemonia;
• Se a comunidade política não se sentir satisfeita com o
poder exercido pelo sistema político vigente vemos
caracterizada uma crise hegemônica;
• Coação legítima, violência e práxis de libertação;
• Coação: todo uso da força baseado no “estado de direito”;
• Violência: ação da força contra o direito do outro;
“Em uma batalha, os dois exércitos têm distinta qualificação
normativa (...) Estamos, é claro, falando de situações limite,
mas que nos ajudam a esclarecer a aplicação concreta dos
princípios, e não aceitar facilmente o caos conceitual criado
pelos poderes militares e econômico-políticos imperiais em
vigor.”
(DUSSEL, 2007, p.128)
• Construção da nova hegemonia;
• “É a ação dos sujeitos que se tornaram atores, os quais
constroem o novo edifício da política a partir de uma
nova ‘cultura’ política.” (DUSSEL, 2007, p.128)
• “Um mundo onde caibam todos os mundos” – é o
postulado.
REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
DUSSEL, Enrique. 20 teses de política. São Paulo: Expressão
Popular, 2007.

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Filosofia dussel (1)

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL EDU01050 – Filosofia da Educação II: Problemas filosóficos Lucia Carvalho; Larissa Richter; Maria Letícia Ferraretto; Paula Prasdio 20 teses de política20 teses de política Enrique DusselEnrique Dussel
  • 2. PARTE IPARTE I •Poder da comunidade •Poder obediencial •Fetichização do poder
  • 3. O que é o político... • Totalidade; • Ações, instituições, princípios políticos ocorrem no campo político • “O campo é esse espaço político de cooperação, coincidências, conflitos.” (p.19) “é um âmbito atravessado por forças, sujeitos singulares com vontade e com certo poder.” (p.18) Sistemas (Ex.: liberal, socialista etc.
  • 4. S
  • 5. Poder político da comunidade - Potentia • “o ser humano originalmente comunitário” • As vontades dos membros da comunidade podem se anular, resultando em impotência, caso cada indivíduo (ou grupo) cuidar apenas de seus interesses. • Se as vontades pudessem unir seus objetivos, seus propósitos, seus fins, conseguiriam maior potência.
  • 6. • “A comunidade, como comunidade comunicativa, linguística, é aquela em que seus membros podem se dar razões uns aos outros para chegar a acordos.” (p.27) • Consenso poder político. • “Esse consenso não pode ser fruto de um ato de dominação ou violência...” (p.27) • “O consenso deve ser um acordo de todos os participantes, como sujeitos, livres, autônomos, racionais, com igual capacidade de intervenção retórica...” (p.27)
  • 7. • O poder é tido sempre pela comunidade; • POTENTIA – “o poder que tem a comunidade como uma faculdade ou capacidade que é inerente a um povo enquanto última instância da soberania, da autoridade, da governabilidade, do político. (p.29)
  • 8. O poder como POTESTAS • A potentia – poder da comunidade – não possui ainda existência real, objetiva. • POTESTAS – “é institucionalização do poder da comunidade”. (p.32) • POTESTAS – “é a diferenciação heterogênea de funções por meio de instituições que permitam que o poder se torne real, empírico, factível...” (p.32)
  • 9. O poder obediencial • Quem manda – que é ele eleito pra cumprir uma função de potesta – deve mandar em função das exigências da comunidade. • “Quem manda, manda obedecendo”
  • 10. Fetichização do Poder • O poder se torna fetichizado quando é corrumpido. Quando um governante, uma instituição se pensa como fonte do poder. • “... para poder exercer um poder autorreferente, fetichizado da potestas, é necessário antes e continuamente debilitar o poder político originário da comunidade (a potentia).” (p.48)
  • 11. Da Potentia à Potestas Potentia Potestas Como poder consensual; O ser in-determinado (ainda não algo) Fundamento Como exercício delegado do poder; O ente determinado; Poder político institucional. (positiva) Poder obediencial (negativa) Poder fetichizado a b c d e
  • 12. PARTE II: A transformação crítica do político rumo a nova ordem política • Os que sofrem os efeitos negativos de algo – no caso da ordem política – são as vítimas; • Das vítimas surgem os movimentos sociais de contestação; “[...] nesta Segunda parte a filosofia política torna-se crítica do sistema vigente; começa assim uma desconstrução do exposto na Primeira parte. O ponto de apoio da tarefa desconstrutiva serão as próprias vítimas políticas, oprimidas, reprimidas, excluídas, quando não torturadas, assassinadas , por todas as “guerras sujas” da história recente.” (DUSSEL, 2007, p.87)
  • 13. Tese 11: O povo, o popular e o “populismo” • Movimentos sociais e reivindicação hegemônica; • O “povo”, a “plebs” e o “populus”; • O “bloco social dos oprimidos”, o popular e o populismo;
  • 14. Tese 12: O poder libertador do povo como hiporpotentia e o “estado de rebelião” • Vontade-de-viver dos excluídos. Totalidade e exterioridade; • O consenso crítico dos negados; • A eficácia dos fracos. Hiporpotentia das vítimas em “estado de rebelião”;
  • 15. Tese 13: Os princípios políticos de libertação O princípio crítico da esfera material • Princípios políticos críticos; • O princípio material libertador, exigência de afirmação e aumento da vida comunitária; • As dimensões ecológica, econômica e cultural do princípio crítico material da política;
  • 16. Tese 14: Os princípios crítico-democrático e de transformação estratégica • O princípio crítico-democrático; • O princípio de libertação estratégica; • O nobre ofício da política;
  • 17. Tese 15: Práxis de libertação dos movimentos sociais e políticos • Práxis indica a atualidade do sujeito no mundo; • A práxis de libertação põe em questão as estruturas hegemônicas do sistema político; “A ação política intervém no campo político modificando, sempre de algum jeito, sua estrutura dada. Todo sujeito ao transformar-se em ator, ainda mais quando é um movimento ou povo em ação, é o motor, a força, o poder que faz história. Quando é uma “atividade crítico-prática” esta será denominada práxis de libertação. (DUSSEL, 2007, p.116)
  • 18. • Utopia, paradigmas ou modelo possível, projeto, estratégia, tática, meios; • Há diversos níveis que devem ser levados em conta na práxis crítica: – É necessário acreditar que “Sim! É possível!” para mudar as coisas; – Na prática política vai-se esboçando um paradigma possível; – Trabalhar sobre um projeto de transformações factíveis; – O político deve ter clareza estratégica na ação transformadora; – Trabalhar sobre táticas eficazes; – Escolher meios apropriados e possíveis;
  • 19. • Organização dos novos movimentos sociais e luta reivindicativas; • A práxis de libertação não é efetuada somente pelo líder; • É uma ação de retaguarda do próprio povo; • A liderança política é serviço, obediência, coerência, inteligência, disciplina, entrega. (DUSSEL, 2007, p.119) “A democracia não é um slogan, deve ser um momento da subjetividade do político, uma instituição que se pratique em todos os níveis da organização dos movimentos populares, neles próprios, entre eles, e como exigência diante dos partidos políticos progressistas, críticos, libertadores.” (DUSSEL, 2007, p.121) “[...] sem organização, o poder do povo é pura potência (...)anarquismo. Organizar um movimento, um povo, é criar funções heterpgêneas, diferenciadas, em que cada membro aprende a cumprir responsabilidades diferentes, mas dentro da unidade do consenso do povo.” (DUSSEL, 2007, p.120)
  • 20. • Organização dos partidos políticos progressistas; “Os partidos políticos progressistas, críticos, libertadores, devem ser como a ‘árvore maia’, que afunda suas raízes na terra mater (o povo), eleva seu tronco sobre a superfície terrestre (a sociedade civil) e desdobra a sua folhagem e frutos no céu (na sociedade política, o Estado em sentido restrito).” (DUSSEL, 2007, p.120) - É onde se discute e produz teorias; - Esboçam-se utopias, formulam-se projetos; - É onde se forma a opinião decantada de um tipo de sociedade tendo em conta o desenvolvimento histórico do presente político.
  • 21. Tese 16: Práxis anti-hegemônica e construção de nova hegemonia • Crise de hegemonia; • Se a comunidade política não se sentir satisfeita com o poder exercido pelo sistema político vigente vemos caracterizada uma crise hegemônica; • Coação legítima, violência e práxis de libertação; • Coação: todo uso da força baseado no “estado de direito”; • Violência: ação da força contra o direito do outro; “Em uma batalha, os dois exércitos têm distinta qualificação normativa (...) Estamos, é claro, falando de situações limite, mas que nos ajudam a esclarecer a aplicação concreta dos princípios, e não aceitar facilmente o caos conceitual criado pelos poderes militares e econômico-políticos imperiais em vigor.” (DUSSEL, 2007, p.128)
  • 22. • Construção da nova hegemonia; • “É a ação dos sujeitos que se tornaram atores, os quais constroem o novo edifício da política a partir de uma nova ‘cultura’ política.” (DUSSEL, 2007, p.128) • “Um mundo onde caibam todos os mundos” – é o postulado.
  • 23. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS DUSSEL, Enrique. 20 teses de política. São Paulo: Expressão Popular, 2007.