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HISTÓRIA DA INFÂNCIA E DA LITERATURA INFANTIL


       A infância marca um período de nossas vidas em que necessitamos de
um tratamento diferenciado por termos necessidades específicas e sermos
dependentes de outros seres humanos mais vividos em muitos aspectos.
Entretanto esse conceito de infância como um período determinado de nossas
vidas não esteve sempre presente.
       Ao longo da Idade Média esse conceito era inexistente e as crianças
eram tratadas como pequenos adultos, chegando até a realizarem tarefas
similares a de seus pais e participarem do cotidiano adulto. O conceito de
família da época nos ajuda a compreender o porque deste tratamento. O
casamento era um instrumento de manutenção de poder e do patrimônio e não
implicava afeto entre os cônjuges ou proximidade com os filhos que, por conta
do contexto, eram criados de maneira a manter as tradições e interesses da
família,   sem   qualquer   tratamento   específico   que   respeitasse   suas
necessidades de criança. As altas taxas de mortalidade infantil da época
combinadas ao analfabetismo e a falta de um conceito de educação também
contribuíam para uma falta de compreensão do conceito de infância e no
tratamento referido às crianças.
       A idéia de família como uma unidade com ligações afetivas começou a
surgir no final da Idade Média e, a partir do século XVI, começaram a ser
impressos livros relativos à criação de filhos e orientações dirigidas às mães,
que salientavam a importância de um cuidado maior com os flhos por serem
frágeis e necessitarem de proteção por parte dos adultos.
       A concepção moderna de infância foi fruto de um longo processo, que
destacava a vulnerabilidade das crianças e até as protegia de uma exploração
proveniente do aumento do número de fábricas no século XIX, com uma
legislação que regulamentava o trabalho infantil. Foi nesta época que se
desenvolveram alguns aspectos importantes para a valorização da criança, a
preocupação com o seu desenvolvimento e a percepção da literatura como
instrumento de enriquecimento. Essa maior preocupação com a educação
demandou uma maior dedicação e compromisso dos pais, principalmente por
este ser um processo longo e cumulativo, e aprimorou a capacidade lingüística
das crianças.
      Como afirma Neil Postman:
                No início da Idade Moderna, a tipografia auxiliou na expansão do conhecimento
      e instituiu o hábito individual de leitura e esse fato rompeu com a longa tradição de
      transmissão oral do saber. Essa mudança veio a fundar uma outra etapa do
      desenvolvimento infantil, significando que após o domínio da linguagem oral, a criança
      tinha que desenvolver as habilidades necessárias para dominar a escrita. Só desta
      forma ela poderia ter acesso as informações que os adultos dominavam.

                apud Ceci Vilar Noronha.
      Desta maneira, a partir do século XIX, a escola torna-se um lugar
privilegiado para o desenvolvimento da infância. Tal visão, mais atenta à
educação, deu         destaque     a   outro    instrumento     de aprimoramento          do
desenvolvimento da criança: a literatura infantil. Muitos autores, como é o caso
de Denise Escarpit (1981), afirmam que a literatura infantil provém dos antigos
contos populares, só que incorporados de um caráter didático e voltados à um
público específico, uma vez que em sua origem eram destinados a diferentes
faixas etárias da população, pois foram produzidos em uma época na qual o
espírito coletivo e popular marcava a sociedade.
      A literatura infantil surgiu com um intuito pedagógico de servir de apoio
ao ensino e era estruturada no conservadorismo e no didatismo, a fim de
transmitir valores já presentes na sociedade para as novas gerações. Muitas
das características da literatura infantil coincidem com as dos contos populares,
como o vocabulário familiar, o contato com o leitor, o uso da ficção e da
fantasia como uma verificação ou experimentação da realidade, os
personagens movidos pelos seus próprios interesses, a aproximação afetiva, o
senso comum, a visão subjetiva, a moral ingênua e até mesmo o típico final
feliz. Dessa forma ambos os universos se aproximam e adquirem importante
papel socializador em um período fundamental do desenvolvimento, até
mesmo para a auto-reprodução da sociedade. A literatura infantil é, assim, fruto
indireto do próprio conceito de infância.
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA


      A relação entre sujeito e ambiente está condicionada a diversos fatores.
Língua, idade, classe social, gênero, estrutura familiar, modo de vida,
posicionamento geográfico, profissão, escolaridade, dentre outros, exercem
influência direta no modo como o “eu” observa, pensa, interpreta e relaciona-se
com o que o rodeia. Nesse contexto, se tal influência é clara quando o sujeito já
está formado, ela é ainda mais intensa durante a sua formação, fazendo com
que o meio seja fator determinante na construção do pensamento e da
personalidade.
      Diferentes idades definitivamente determinam as relações diversas que
se estabelecem entre sujeito e ambiente. Henri Wallon (1879-1962), filósofo,
médico e político francês, dedicou-se ao estudo do psiquismo humano, de seus
mecanismos e relações mútuas, concentrando-se na infância por considerá-la
o berço da maioria dos processos psíquicos. Wallon define, na formação da
personalidade infantil, diferentes estágios do desenvolvimento cognitivo que se
sucedem e alternam, construindo a relação do sujeito com o mundo.
      Os estágios do desenvolvimento cognitivo estabelecidos por Wallon
fazem referência aos mecanismos através dos quais o sujeito relaciona-se com
o seu redor. A manifestação desses estágios, que não ocorre de forma linear,
sofre, portanto, direta influência do meio no qual o sujeito está inserido, uma
vez que este fornece mais ou menos estímulos ao desenvolvimento cognitivo.
Dessa forma as idades atribuídas por Wallon a cada uma das fases não são
fixas e variam de acordo com os diferentes contextos de interação entre o
sujeito e o meio.
       Wallon defende que do nascimento até o primeiro ano de vida a relação
estabelecida com o mundo é impulsivo-emocional. Em tal estágio a relação
entre sujeito e meio desenrola-se sem grande elaboração cognitiva, com o
predomínio das emoções em tal interação, fazendo deste um estágio
predominantemente afetivo. Do primeiro ano até o terceiro a criança passa pelo
estágio sensório-motor e projetivo no qual desenvolve suas ações com fins
práticos através da interação entre o corpo e os objetos, fazendo com que as
emoções e pensamentos também sejam fisicamente expressos. Nesse estágio
a criança começa a adquirir a linguagem através, inicialmente, da imitação.
Para a criança, a aquisição da linguagem representa uma transformação
radical no seu relacionamento com o meio, no seu pensamento e na sua
atividade frente ao mundo. Wallon descreve o pensamento infantil como
essencialmente sincrético, ou seja, ao mesmo tempo confuso e global. Ele
defende que a criança percebe a realidade e a representa de forma
indiferenciada. A relação com a linguagem aprofunda-se durante o terceiro
estágio do desenvolvimento cognitivo, o personalismo, no qual ocorre
fundamentalmente o desenvolvimento da personalidade, realizado através da
consciência de si conquistada no estabelecimento de relações com o outro. O
início da formação da personalidade ocorre também através de assimilações e
refutações frente aos outros em relação a idéias e comportamentos. Tais
relações são essencialmente sociais, re-orientando o interesse da criança para
as pessoas, definindo este como mais um estágio afetivo. Tal estágio afetivo
difere bastante do estágio afetivo anterior, dada a transformação da relação
entre sujeito e meio possibilitada pela aquisição da linguagem. Enquanto
processo gradual, a aquisição contínua da linguagem modifica constantemente
tal relação ao expandir as possibilidades de interação.
      Wallon defende que o sincretismo, entretanto, faz-se ainda muito
presente, implicando na confusão entre o sujeito e objeto pensado, os objetos
entre si e os diversos planos do conhecimento¹, em uma dinâmica que se
assemelha à associação livre de idéias. O sincretismo sofre também forte
influência afetiva, fazendo com que o sujeito misture motivos afetivos e
objetivos da experiência, definindo e explicando o real a partir disso. Tal
influência só é diminuída com os progressos da atividade cognitiva
conquistados nos próximos estágios do desenvolvimento cognitivo.
      A partir dos seis anos o amadurecimento dos centros de inibição e
discriminação do cérebro gera um novo estágio denominado como categorial,
fundamental para a diminuição do sincretismo, característico das fases
anteriores. Tal diminuição ocorre graças à intensificação das diferenciações
realizadas pelo sujeito, o que ameniza o caráter confuso e global do
pensamento infantil, até então bastante presente, ao “categorizar” o meio. Ela
ocorre também graças a consolidação gradual da função simbólica e à
formação da personalidade, ocorridas na fase do personalismo, fundamentais
ao desenvolvimento cognitivo. O interesse da criança volta-se nesse estágio,
portanto, à conquista e compreensão do mundo e das coisas, gerando assim
conhecimento com o início do predomínio da atividade cognitiva sobre a
afetiva, pela primeira vez observado durante seu desenvolvimento.
      A possibilidade de transformar a “coisa” em “idéia”, graças à apropriação
da linguagem, que usa imagens e símbolos como equivalentes da realidade,
permite à criança evocar objetos ausentes e confrontá-los entre si, favorecendo
o desenvolvimento da atividade mental cada vez mais desvinculada da
experiência imediata e pessoal. O processo de simbolização é essencial na
categorização objetiva do real ao definir signos convencionais e referências
mais objetivas como predominantes sobre as experiências pessoais. Nesse
estágio formam-se categorias para descrever o real, organizando-o através de
classes e séries fundamentadas em uma base simbólica estável. Para isso a
criança precisa desvincular a qualidade do objeto, uma vez que no sincretismo
é observada uma aderência na qual o adjetivo é atributo exclusivo da coisa à
qual se relaciona. Com tal separação a síntese, a análise, a generalização e a
comparação podem ser realizadas, estabelecendo assim outro tipo de relação
criança-mundo.
      O processo de discriminação dos conteúdos mentais depende
estreitamente da linguagem e do conhecimento, desenvolvidos socialmente.
Interagindo    com     o    conhecimento     formal   ocorre    a   apropriação   das
diferenciações culturalmente realizadas, que passam a ser interpretadas
pessoalmente na realização de diferenciações subjetivas. Há, dessa forma,
grande dependência entre a consolidação da função categorial e do meio
cultural e social no qual está inserido o sujeito. Nesse contexto a categorização
dialoga também com os estereótipos, advindos da cultura, sendo internalizados
e   possivelmente      reinterpretados   pelo   sujeito.   Na   criança, o   recente
desenvolvimento dessa categorização e, portanto, da capacidade crítica, fazem
dela um fácil receptor desses estereótipos. Tais estereótipos só serão
confrontados    mais       tarde   com   o   desenvolvimento    dessa    capacidade,
intensificado apenas na adolescência. Curiosamente é na adolescência que os
estereótipos são utilizados como veículo da crítica realizada, tornando-se
possível alvo da crítica do sujeito apenas mais tarde.
      O desenvolvimento da atividade cognitiva na criança dá-se, assim, de
forma gradual e crescente, oscilando entre momentos em que a atividade
afetiva predomina e outros em que tal percepção dá-se mais objetivamente e
alternando também os diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo. A
capacidade crítica desenvolve-se junto à cognitiva e sofre influência direta dos
diversos fatores culturais e sociais no qual está inserido o sujeito.


A RELAÇÃO ENTRE A LINGUAGEM INFANTIL E A DOS CONTOS DE
FADAS


       A linguagem é uma importante aquisição do ser humano no decorrer da
História. Ela é um meio de comunicação altamente desenvolvido e de extrema
importância para o convívio em sociedade. Desde a tenra idade o ser humano
é bombardeado por palavras e conseqüentemente pela linguagem. Primeiro se
tem o contato com a forma coloquial da língua e com a educação passa-se,
então, a conhecer a língua em sua estrutura formal.
       A linguagem, como já dizia Schaff (1974), é composta tanto do elemento
verbal quanto do elemento mental. O autor também afirma que a palavra não é
natural ao homem, assim sendo a educação social mostra-se como um
instrumento necessário através do qual se aprende não somente a falar, como
também a pensar e perceber o mundo de determinada maneira.
       Por mais que o ser humano esteja inserido em um mundo cheio de
palavras, isto não implica em uma aquisição da fala de maneira fácil e rápida.
Existem várias teorias que tentam resolver o enigma do desenvolvimento da
fala na criança. Os behavioristas, por exemplo, dizem que a criança aprende a
falar por conseguir memorizar de forma competente as palavras e frases que
são faladas pelos adultos e aprende quando é estimulada de maneira positiva a
adquirir um novo comportamento lingüístico.
       As crianças conseguem aprender uma grande variedade de palavras por
relacionar o seu significado ao dos gestos, cabendo aos adultos a interpretação
destes enquanto a criança não os expressa de forma verbal sofisticada. Vale
destacar que, além das palavras, a entonação e a sonoridade são também
importantes, pois estimulam o cérebro da criança a desenvolver mecanismos
importantes para a construção da fala.
Utilizando-se de todos os processos comunicativos, através dos quais o
ser humano constrói significados, a criança aprende uma nova palavra quando
esta faz sentido, representa algo para ela. De acordo com Vygotsky (1991):


              A transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a outros
      requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade
      de intercâmbio durante o trabalho [...]. Partiu-se da hipótese de que o meio de
      comunicação era o signo (a palavra ou o som ); que, por meio de uma ocorrência
      simultânea, um som podia associar-se ao conteúdo de qualquer experiência , servindo
      então para transmitir o mesmo conteúdo a outros seres humanos.
              No entanto, um estudo mais profundo do desenvolvimento da compreensão e
      da comunicação na infância levou à conclusão de que a verdadeira comunicação
      requer significado – isto é, generalização -, tanto quanto signos. (p. 5)


      O entretenimento é parte integrante do desenvolvimento da criança,
fazendo-se presente através de brincadeiras ou por meio de filmes e desenhos
animados. Um grande exemplo quando se refere a filmes infantis são os
longas-metragens da Disney. No caso dos filmes escolhidos para este trabalho,
que são baseados nos contos de fada, nota-se uma linguagem simplificada
com a presença marcante da dicotomia entre o bem e o mal.
      Esses     valores     básicos      são    passados        à   criança       durante   seu
desenvolvimento e acabam por ser reforçados através dos filmes infantis, que
comumente trazem essa clássica rivalidade. Procura-se diferenciar o ambiente,
as roupas, as atitudes e o tom de voz das personagens dependendo do valor
que representam. Mecanismos como esses são explorados por veículos de
comunicação destinados ao público infantil de forma a garantir um maior
aproveitamento e apreensão por parte desse público do conteúdo veiculado.
Tal dicotomia e os mecanismos para a diferenciação das personagens segundo
o valor que representam serão mais explicitados no desenrolar deste trabalho,
no qual tentaremos explicitar a formação de esteriótipos e como esses são
posteriormente incorporados – ou não – pelo seu público.




                          A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS
“Desde sempre o homem vem sendo seduzido pelas narrativas que, de
maneira simbólica ou realista, direta ou indiretamente, lhe falam da vida a ser
vivida ou da própria condição humana, seja relacionada aos deuses seja
limitada aos próprios homens” 1. Assim disse Nelly Novaes Coelho em sua obra
intitulada O Conto de Fadas, na qual retrata o caminho desses fabulosos
contos através dos tempos.

          Nesta etapa de nosso estudo tentaremos dimensionar a profundidade
presente nessas narrativas, suas estruturas (psicológica e narrativa), seu
desenvolvimento cronológico e os limites de sua definição.

          - Definição

          A definição de conto de fadas é imprecisa visto que diversos
pesquisadores/autores costumam freqüentemente utilizá-la como sinônimo de
contos maravilhosos ou contos míticos. Cabe a nós salientar as diferenças.

          Começaremos por explicar a diferença entre conto de fadas e contos
maravilhosos. O primeiro consiste em histórias que se passam em um tempo e
espaço indefinidos e que apresentam de início uma situação realista
problemática, de tema universal com um conflito entre o bem e o mal, além de
elementos mágicos, terminando com a punição dos maus e o final feliz do
herói. São histórias nas quais o ponto de partida ou o eixo-gerador é sempre
uma problemática existencial, ou seja, a realização pessoal do herói/heroína no
que diz respeito a união de um casal. Uma observação importante a ser feita é
que nos contos de origem celta e cristã é sempre o homem quem deve sofrer
as provas para a auto-realização. Em contrapartida, nos contos de fadas
nórdicos e eslavos é a figura feminina que passa pelos desafios em busca da
auto-realização, como identifica Nelly Novaes Coelho2. Outro aspecto
primordial para a diferenciação dos contos de fada, em relação aos contos
maravilhosos, diz respeito aos personagens sempre presentes na sua estrutura
mais simples: reis, rainhas, príncipes, princesas, fadas, bruxas como é
identificado nas obras A bela e a fera, Cinderela, A Bela Adormecida, Branca
de Neve.

1
    COELHO, Nelly Novaes , O conto de fadas, p.10

2
    Cf. COELHO, Nelly Novaes.O conto de fadas, p13
Os contos maravilhosos, por sua vez, têm como eixo-gerador questões
referentes à ordem social, ou seja, a auto-realização do herói/heroína ocorre no
âmbito sócio-econômico. O ponto de partida é sempre miséria ou necessidade
de sobrevivência, como pode ser visto nas obras O Aladim e O Gato de Botas.

      Os contos míticos diferem dos contos de fadas em alguns aspectos
estruturais e no que diz respeito aos conteúdos abordados. Os mitos ilustram a
realidade de modo mais direto e didático e, por conseguinte, psicologicamente
mais efetivo do que os contos de fadas. Servem, portanto, como método
educativo e de transmissão de valores em algumas sociedades. No que diz
respeito aos conteúdos abordados pode-se destacar o fato de que o mito
contém um elemento cultural que não é presente nos contos de fadas,
restringindo, por tanto, seu entendimento apenas àqueles que se encontram
naquele contexto se tornando conseqüentemente excludente ou limitado. Os
contos de fadas por sua vez tratam de conteúdos, ou temas, que estão além
das diferenças raciais e culturais e por tanto é uma linguagem universal a qual
todos compreendem.Embora nos mitos e contos de fadas apareçam as
mesmas figuras exemplares e situações milagrosas há uma diferença
elementar no que diz respeito a maneira como são comunicados.Enquanto no
mito o sentimento dominante é tido como absolutamente singular, não podendo
acontecer com qualquer outra pessoa. Nos contos de fadas ,embora, com
freqüência inusitada e improváveis as situações são apresentadas como
comuns, algo que poderia acontecer com qualquer um, mesmo os mais
notáveis encontros são relatados de maneiras causais e cotidianas. Outra
diferença significativa entre tais reside no fato de que o final das estórias nos
mitos são quase sempre trágicos enquanto nos contos sempre felizes.

             - Origens e Fontes

      Não é possível traçar um painel de ordenação lógica e definitiva sobre
as raízes e fontes geradoras das narrativas dos contos de fadas, uma vez que
estão presentes na cultura de diversos povos das várias regiões do mundo.
Segundo Marie Louise Von Franz (1981), essa dificuldade de identificação da
origem deve-se ao fato de o conto de fadas estar além das diferenças culturais
e raciais, podendo assim migrar facilmente de um país para o outro. No
entanto, há um consenso entre os orientalistas e pesquisadores de que a fonte
mais antiga desses contos é a oriental.

           Como identifica Nelly Novaes Coelho, as mais antigas fontes conhecidas
são das regiões da Índia, Egito, Palestina, Grécia Clássica, Império Romano,
sendo este o grande divulgador da sabedoria mágica do Oriente no Ocidente.
Ainda é possível verificar a presença dessas narrativas na Pérsia, Irã, Turquia
e Arábia. Sendo as histórias orientais de Calila e Dimma e principalmente Mil e
uma noites os maiores representantes destas fontes3.

           Antes de falarmos das fontes ocidentais, devemos falar da influência
céltica na cultura cristã.

           Os celtas são povos de origem indo – européia que se espalharam no
noroeste europeu a partir do II milênio a.C sendo que a maioria das tribos foi
conquistada pelo império romano sendo a exceção os povos localizados na
Grã – Bretanha. Conclui – se disso que os celtas ficaram por anos se
expandindo e se fundindo com bretões, gauleses, francos, bretões entre outros
o que implica a extensão de sua influência cultural ser mais intensa na grande
ilha do mar do norte. E justamente nesse local é que encontrado a maior
vastidão de literatura maravilhosas do mundo ocidental. Algumas como           A
lenda de Beowulf ; Os Mabinogion neste último encontra – se as novelas do
Rei Arthur e os seus cavaleiros que foi de grande inspiração para artistas
posteriores, tanto na Alemanha com os irmãos Grimm, quanto na França com
Perrault,na Dinamarca com Hanz Christian Anderesen e tantos outros que são
tão responsáveis pela transmissão oral e escrita, quanto pela modificação e se
podemos dizer, o aperfeiçoamento destas narrativas.

           -Estrutura

           Segundo Nádia Glotib os contos de fadas apresentam uma forma
simples que permanece através dos tempos por ser fluido móvel e ser capaz
de se renovar nas suas transmissões sem se desmanchar4. Além de serem
relatos de fácil acompanhamento e memorização, por serem curtas e



3
    COELHO, Nelly Novaes, O conto de fadas, p. 15

4
    Glotib apud Castro, 1994, p.27, 28
aparentemente simples como ressalta Ilíada de Castro5, o que facilitam sua
disseminação.

                   Os contos de fadas podem ser divididos em algumas partes
essenciais, são elas:

           Exposição; condensação; clímax e situação final. A exposição é a parte
inicial do conto onde se mostra um cenário que contém uma determinada
problemática, esta deverá ser solucionada no desenrolar da história pelo
protagonista. A condensação é a trajetória dos personagens, na qual estes
vivenciam desafios e aventuras característicos desta parte do conto, que se
apresenta geralmente como a mais dinâmica. A condensação leva a história ao
que seria seu ponto máximo, o clímax, o que envolve transformações dos
personagens ou um obstáculo físico, como um conflito com monstro ou fera.
Por fim há a situação final na qual o personagem se encontra em uma nova
situação psicológica e de vida.

                   Devemos fazer um destaque a expressão Era uma vez. Ela
retrata uma situação atemporal num espaço indefinido o que não permite saber
se o local é próximo ou distante do público receptor. Quando projeta – se a tão
famosa expressão, todas as formas irreais ao nosso mundo, como seres
humanos convivendo com seres fantásticos, plantas falantes, metamorfoses
entre outros, tornam-se permitidas e tão concretas quanto na realidade que nos
cerca. Bettelheim explica esse fenômeno na passagem: “O conto de fadas
claramente não se refere ao mundo exterior, embora possa começar de forma
bastante realista e ter entrelaçados os traços do cotidiano. A natureza irrealista
destes contos (a qual os racionalistas de mente limitada objetam) é um
expediente importante, porque torna óbvio que a preocupação do conto de
fadas não é uma informação útil sobre o mundo exterior, mas sobre os
processos interiores que ocorrem num indivíduo”6.

                   Os contos de fadas apresentam uma estrutura particular em
relação à disposição de seus personagens: o maniqueísmo. Trata-se de um
conflito entre o Bem - herói/heroína, frágil, indefeso (a), injustiçado (a) – e o Mal

5
    Soriano apud Castro, 1994, p.23

6
    BETTELHEIM, Bruno, A psicanálise dos contos de fadas, p. 33-34
– personagem poderoso, inimigo do herói/heroína. Ou seja, estereótipos com
limites rigorosamente expressos e ausência de conflitos internos. Produzindo
assim uma coragem desumana.

             Podemos dar exemplo do maniqueísmo no conto A Cinderela, na
versão de Perrault. Como um personagem que representa o Bem há a heroína
Cinderela; no caso do Mal há a Madrasta e suas filhas.

      -Desenvolvimento dos contos de fadas

      Os primitivos contos celtas e orientais do século XI se divulgaram na
Europa e acabaram sendo organizados em uma estrutura novelística, cujo
sucesso, iniciado no século XII, se manteve até o início do XVII.

      A França foi a principal mediadora dessa expansão dos contos celtas
pela Europa. A rainha Alienor D’Aquitânia, expulsa da corte de Luís VII e nova
rainha da Inglaterra após casar-se com Henrique II, foi uma grande
incentivadora da cultura e das artes e aliou-se aos trovadores, os quais
conviviam com a literatura matéria bretã, repleta da magia sonhadora celta.
Torna-se apaixonada pela literatura dos contos e torna-se uma de suas mais
importantes divulgadoras.

      O primeiro registro histórico-fantasioso foi o de Rei Artur, e é a partir dele
que começaram a surgir outras invenções literárias.

      Foi com Marie de France, filha de Alienor D’Aquitânia e considerada a
primeira poetisa francesa da História, com suas narrativas maravilhosas?
conhecidas como Lais de Marie de France, que foram fundidos o paganismo e
o espírito cristão, através de objetos com vida, reinos de fadas e magos,
animais falantes e heróis com feitos sobre-humanos. A partir desse momento
os textos passaram a ser difundidos rapidamente, devido, principalmente, à
atmosfera provocada pelo amor cortês, o qual espiritualizava o amor.

      Com o fim da Idade Média passam a circulares novas narrativas,
oriundas   de   modificações     na   matéria    inaugural.   Nessa     etapa    do
desenvolvimento dos contos de fadas, a criatividade e talento do autor
assumem importância decisiva, fazendo com que os textos deixem o
anonimato e passem a ter apenas a origem popular. As duas fontes européias
mais relevantes desse período são a de Straparola e a de Basile.
Ambos recolhem um grande número de narrativas que circulavam
oralmente em diversos dialetos na várias províncias italianas, e conseguem
introduzir-lhes inúmeras novidades.

           Esses textos prolongaram-se pelo Renascimento, até que, na passagem
da era clássica para a romântica, grande parte dessa literatura destinada a
adultos passa a ser incorporada à oralidade popular e a ser transmitida em
forma de literatura infantil.

           O principal autor que concretizou essas transformações narrativas foi o
francês Charles Perrault. Segundo vários estudiosos, as narrativas de Basile
serviram de fonte para Perrault, evidentemente, todos eles “expurgados da
maliciosa ironia e de uma certa insolência de que Basile se utiliza ao contá-los
para ouvidos cortesãos e homens mundanos” 7, diz Fryda Mantovani

           Perrault passa, então, a resgatar os relatos maravilhosos guardados na
memória do povo e dispõe-se a redescobri-los. Contudo, o autor não iniciou
essa recriação da literatura folclórica preocupado com as crianças, só após sua
terceira adaptação em A pele de asno é que a intenção de produzir uma
literatura infantil se manifesta.

           Perrault cria o primeiro núcleo da literatura infantil ocidental: Histórias ou
contos do tempo passado, com suas moralidades-Contos da minha Mãe
Gansa. A partir daí, direciona sua descoberta para provar a equivalência da
sabedoria e valores entre os antigos greco-latinos e os antigos nacionais e
divertir as crianças através de uma orientação de formação moral.

           É na Revolução Francesa, em 1789, com a chegada da Era Romântica e
com a conseqüente imposição de uma nova razão, que as fadas passam para
segundo plano no interesse dos adultos e refugiam-se no mundo infantil.
Assim, o que nasceu com um profundo sentido de verdade humana tornou-se
contos maravilhosos? infantis, dotados de um envoltório colorido e fantasioso.

           O interesse dos adultos nos contos maravilhosos vai dar-se no início do
século XIX, não por preocupação com as crianças ou por entretenimento, mas
pela       descoberta       de    que     as        narrativas   maravilhosas   eram   fontes
extraordinariamente ricas para se estudar a origem das várias línguas e

7
    Mantovani apud Coelho, O conto de fadas, p.65
dialetos, os processos de transformações havidos para, assim, descobrir a
verdadeira identidade nacional de cada povo.

           No núcleo europeu mais importante desses estudos lingüísticos estavam
os alemães Jacob e Wilhelm Grimm, os quais, servidos de inúmeros textos de
fantasia, são seduzidos pela imaginação humana e começa a publicá-los.

           Tanto os Grimm como Perrrault neutralizaram os dramas e medos
existentes na raiz de todos os contos e nutriram-nos de leveza, bom humor e
alegria, fazendo com que essa literatura ficasse bem adequada ao espírito das
crianças

           Como revela Coelho:

                   “...não há dúvidas de que, sem esse mar de narrativas maravilhosas, que
cobrem a humanidade desde a origem dos tempos, a vida na Terra teria sido bem diferente:
dificilmente poderia se vista e sentida na essencialidade e grandeza que lhes são inerentes e
que, infelizmente, nem todos conseguem descobrir.” 8

           -Psicologia

           A análise psicológica que se faz sobre os contos de fadas, sem focar em
qualquer história particular, produz um material extenso, subjetivo e denso.
Vamos, porém, focar nosso estudo em alguns autores que se destacaram
neste campo.

           Como resultado de muitos estudos C.G.Jung contribui com sua
formação em psiquiatria, que faz com que seja possível encontrar pontos de
tangência entre seus estudos e o campo em análise.Segundo o próprio Jung o
que é interessante neles é o fato de que eles são isentos de materiais culturais,
como em mitos e lendas, tal fato faz com que eles se tornem o melhor lugar
para se estudar a anatomia comparada da psique9.

           Segundo Marie Louise Von Franz:

                   “As raízes da consciência estão mergulhadas nas profundezas do inconsciente.
           E os contos de fada são o veículo adequado capaz de trazer à consciência infantil em




87
     COELHO, Nelly Novaes, O conto de fadas, p.75

9
    Jung apud Von Franz, , A interpretação dos contos de fadas, 1981
formação, de maneira assimilável, as ricas substâncias contidas nas raízes da psique.”
            10



            Desta forma se começa a ter uma noção da grandiosidade por trás dos
contos, aparentemente nada mais que um tipo de criação literária.A mesma
Marie Louise Von Franz fala sobre a importância que é a atividade de introduzir
os contos no cotidiano desde cedo:

                     “Deveria ter um lugar importante na educação. Infelizmente assim não
            acontece.Mesmo quando são oferecidos à criança costumam vir hoje retocados
            inescrupulosamente, os personagens todos bonzinhos e alambicados.Sua força salutar
            fica perdida.” 11

            Isso, pois cada conto de fada fornece uma experiência de realidade
psíquica que é importante principalmente para as crianças na medida em que
de certa forma lhes mostrarão de uma maneira subjetiva que elas vão passar
por problemas na vida. Pode-se observar por exemplo que os temas dos
contos geralmente trazem os medos e as ansiedades que é comum nas
crianças como a necessidade do amor, do medo, o desamparo, da rejeição e
da morte. Freud vai nesta direção ao afirmar:

            “Não é surpreendente descobrir que a psicanálise confirma nosso
reconhecimento do lugar importante que os contos de fadas populares
alcançaram na vida mental de nossos filhos. Em algumas pessoas, a
rememoração de seus contos de fadas favoritos ocupa o lugar das lembranças
de sua própria infância; elas transformaram esses contos em lembranças
encobridoras” 12.

            Colocando assim os contos de fadas como estratégicos para a
superação dos medos infantis, embora, não sejam temas nada infantis
apresentam uma maneira peculiar de abordagem que faz com que a criança
entenda que seus medos não são estranhos e que tem nexo existirem, além
disso, ajuda a criança a expô-los para os pais ou adultos em geral.Estes que
para os psicanalistas tem um papel importante na medida em que são a fonte
deles, ou seja, são os que apresentam ou não os contos às crianças e são
10
     Von Franz, Marie Louise,1981, p.11

11
     Ibid., p.11

12
     Freud apud Magnelli, Contos de fada – possível resolução para os conflitos infantis, 2005.
também eles que deverão tratar de conversar com a criança sobre os medos
que compartilha com os personagens do conto e com isso devem tentar juntos
amadurece-los para que com o passar da infância estes possam sumir e
deixando de ocupar o inconsciente do adulto.

           Um fato relevante a respeito dos contos é que eles são formados
essencialmente por arquétipos que segundo Jung: “são modelos inatos que
servem de matriz para o desenvolvimento da psique” 13, o mesmo dará outro
nome, imagens primordiais, estes que se originam de uma constante repetição
de uma mesma experiência, por muitas gerações. Os arquétipos são formas
instintivas de imaginar, ou ainda, são “matrizes arcaícas onde configurações
análogas ou semelhantes tomam forma”14. Os chamados arquétipos seriam a
base do inconsciente coletivo, este que seria uma espécie de substrato comum
da psique, à espécie humana, assim como há semelhanças na anatomia há
também na psique. Através, por tanto, do contato com os contos de fadas e
conseqüentemente com esses arquétipos o indivíduo consegue chegar ao
processo conhecido como individuação, conceituado por Jung, consiste em
uma espécie de auto-conhecimento, no nível mais psíquico. Tal processo é
segundo o mesmo importante para o desenvolvimento do ser humano isso pois
como produto desse processo temos o que seria a síntese de um indivíduo
específico e inteiro, através do                 desenvolvimento de suas potencialidades
psíquicas. O processo se resume basicamente no confrontamento de duas
partes das pessoas, o consciente e o inconsciente. Isso pois até certa idade as
pessoas(crianças ainda) agem de acordo com o meio social, ou seja, de acordo
com os padrões sociais, por tanto age com consciência no sentido de seguir
uma conduta que lhe é esperada e não própriamente sua, a partir, entretanto,
de uma certa idade a criança tende a confrontar tais padrões de
comportamento com o seu inconsciente, como resultado desse processo temos
um indivíduo com um novo centro psíquico que Jung nomeu de self ( ou si
mesmo).Esse self será o centro de sua personalidade total.

           As etapas do processo de individuação se dividem em duas etapas:


13
     Jung apud Von Franz,1981, p.14

14
     SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.76,1981.
A primeira é o desvestimento das falsas roupagens da persona, essa
que seria justamente a aparência artificial da pessoa, aquilo que as pessoas
esperam que ela seja ou até mesmo ela espere de si mesma.

           A segunda etapa seria a confrontação da anima( no caso de homens) e
animus(no caso de mulheres). Anima é segundo estudos de Jung a
feminilidade presente no inconsciente masculino e animus, o contrário para as
mulheres. Segundo Nise de Silveira:

           “A retirada da imagem da anima de seu primeiro receptáculo constitue uma etapa muito
importante na evolução psíquica do homem.Se não se realiza, a anima é transposta, sob forma
                                                                 15
de imagem da mãe, para a namorada, esposa, ou amante”.

           No caso da mulher o animus é trasposto, sob forma de pai,
posteriormente para mestres, atores, chefes políticos, e por fim, se não for
confrontado, ao             homem amado, o qual consequentemente adquire uma
imagem ideal que dificultará a convivência.

           Segundo Marie Louise Von Franz:

           “Quando, depois de duras lutas, desfazem-se as personificações da anima ou do
animus o ‘inconsciente ‘ muda de aspecto e aparece sob uma forma simbólica nova,
representando o self, o núcleo mais interior da psique”.16

                                       HISTÓRIA DO CINEMA
           É antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O
desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos
dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de
figuras. Entre os inventos precursores do cinema estão as sombras chinesas,
silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil
anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a
lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma
tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século
XVII.


           A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-
Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo
15
     SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.94,1981.

16
     Von Franz apud SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.99, 1981.
do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark
Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na
retina após ter sido vista.


        Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado
na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o
teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes
de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos,
experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de
cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison,
desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de
celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado
cinetoscópio.


        A primeira apresentação pública do cinematógrafo marca oficialmente o
início da história do cinema, ocorre em 28 de dezembro de 1895, no Grand
Café, em Paris, como uma produção dos irmãos Lumière. Filhos de um
fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram
praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890.
Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os
processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo.Louis
Lumière é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos, as
produções são rudimentares, em geral sobre a vida cotidiana, com cerca de
dois minutos de projeção, filmados ao ar livre."Sortie de l'usine Lumière à Lyon"
(ou "Empregados deixando a Fábrica Lumière") é tido como o primeiro
documentário da história sendo dirigido e produzido por Louis Lumière. Seu
irmão    Auguste     participa   das   primeiras   descobertas,    dedicando-se
posteriormente à medicina.


        Em 1986, o cinema substituía o cinetoscópio e filmes curtos de
dançarinas, atores de vaudeville, desfiles e trens encheram as telas
americanas. Surgiram as produções pioneiras de Edison e das companhias
Biograph e Vitagraph.Edison, ambicionando dominar o mercado, travou com
seus concorrentes uma disputa por patentes industriais.
Considerado o criador do espetáculo cinematográfico, o diretor, ator,
produtor e figurinista francês Georges Méliès, depois de assistir à primeira
apresentação dos Lumière, decide-se pelo cinema. Foi o primeiro a encaminhar
o novo invento no rumo da fantasia, transformando a fotografia animada, de
divertimento que era, em meio de expressão artística. Méilès utilizou cenários e
efeitos especiais em todos seus filmes, até em cinejornais, que reconstituíam
eventos importantes com maquetes e truques ópticos.Realiza os primeiros
filmes de ficção – Viagem à Lua ( Voyage dans la lune, Lê – 1912) – e
desenvolve diversas técnicas: fusão, exposição múltipla, uso de maquetes e
truques ópticos, precursores dos efeitos especiais.


      Os pioneiros ingleses, como James Williasmson e George Albert Smith,
formaram a chamada escola de Brighton, dedicada ao filme documental e
primeira a utilizar rudimentos de montagem.Na França, Charles Pathé criou a
primeira grande indústria de filmes; do curta metragem passou, no grande
estúdio construído em Vicennes com seu sócio Ferdinand Zecca, a realizar
filmes longos em que substituíram a fantasia pelo realismo. O maior
concorrente de Pathé foi Louis Gaumont, que também criou uma produtora e
montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos. E lançou a primeira
mulher cineasta, Alice Guy.
      Ainda na França foram feitas as primeiras comédias, e nelas se
combinavam personagens divertidos com perseguições. O comediante mais
popular na época foi Max Linder, criador de um tipo refinado, elegante e
melancólico que anteceu, de certo modo, o Carlitos de Chaplin.Também ali
foram produzidos, antes da primeira Guerra Mundial e durante o conflito, os
primeiros filmes de aventuras em episódios quinzenais que atraíam o
público.Os seriados mais famosos foram Fantômas (1913) e Judex (1917),
ambos de Louis Feuillade. A intenção de conquistar platéias mais cultas levou
ao film d’art, teatro filmado com intérpretes da Comédie Française.O marco
inicial dessa tendência foi L’Assassinat du duc de Guise (1908; O assassinato
do duque de Guise), episódio histórico encenado com luxo e grandiloqüência,
mas demasiado estático.
Nova York já concentrava a produção cinematográfica em 1907, época
em que Edwin S. Porter se firmara como diretor de estatura internacional.
Dirigiu The Great Train Robbery (1903; O grande roubo do trem), considerado
modelo dos filmes de ação e, em particular, do western. Seu seguidor foi David
Wark Griffith, que começou como ator num filme do próprio Porter, Rescued
from an Eagle's Nest (1907; Salvo de um ninho de águia). Passando à direção,
em 1908, com The Adventures of Dollie, Griffith ajudou a salvar a Biograph de
graves problemas financeiros e até 1911 realizou 326 filmes de um e dois rolos.
                                 Descobridor de grandes talentos como as
atrizes Mary Pickford e Lillian Gish, Griffith inovou a linguagem cinematográfica
com elementos como flash- back, os grandes planos e as ações paralelas,
consagrados em The Birth of a Nation (1915; O nascimento de uma nação) e
Intolerancce (1916), epopéias que conquistaram a admiração do público e da
crítica.Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande
inovador estético e diretor de filmes de faroeste que já continham todos os
tópicos do gênero num estilo épico e dramático.


      Quando o negócio prosperou, acirrou-se a luta entre as grandes
produtoras e distribuidoras pelo controle do mercado.Esse fato, aliado à
Primeira Guerra Mundial que ocorria na Europa, passou a dificultar as
filmagens e levou os industriais do cinema a instalarem seus estúdios em
Hollywood, um subúrbio de Los Angeles.
      Em 1912, Mack Sennet, o maior produtor de comédias do cinema mudo,
que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton, instala a sua Keystone
Company.No mesmo ano, surge a Famous Players (futura Paramount) e, em
1915, a Fox Film Corporation.Para enfrentar os altos salários e custos de
produção,   exibidores   e   distribuidores   reúnem-se    em    conglomerados
autônomos, como a United Artists, fundada em 1919.

      O advento do som, nos Estados Unidos, revoluciona a produção
cinematográfica mundial. Os anos 30 consolidam os grandes estúdios e
consagram astros e estrelas como Gloria Swanson, Dustin Farnum, Mabel
Normand e Theda Bara em Hollywood. Os gêneros se multiplicam e o musical
ganha destaque.
As experiências com filme colorido haviam começado já em 1906, mas
só como curiosidade. Os sistemas experimentados, como o Technicolor de
duas cores, foram decepcionantes e fracassaram na tentativa de entusiasmar o
público. Mas por volta de 1933, o Technicolor foi aperfeiçoado com um sistema
de três cores comercializável, empregado pela primeira vez no filme Vaidade e
beleza (1935), de Rouben Mamoulian. Na década de 1950, o uso da cor
generalizou-se tanto que o preto e branco ficou praticamente relegado a
"pequenos" filmes.

         No pós-guerra, a chegada da televisão colocou um desafio à indústria
cinematográfica que ainda hoje permanece. A indústria respondeu com uma
oferta de mais espetáculo, que se concretizou no aumento de tamanho das
telas.

O impacto do cinema europeu sobre os cineastas americanos e a posterior
decadência do sistema de grandes estúdios foram as duas linhas de força que,
durante as décadas de 1960 e 1970, fizeram mudar o estilo do cinema
americano.

         Surgiu uma nova geração de realizadores sob a influência das
tendências européias e com o desejo de trabalhar com diferentes
distribuidores. Muitos deles realizaram filmes de grande qualidade. Pode-se
citar Stanley Kubrick, Woody Allen, Arthur Penn, Francis Ford Coppola e Martin
Scorsese.

         Diante da filmografia representada pelos realizadores do cinema "de
autor" e em que pese o fato de ser americano e ligado por vezes à indústria
hollywoodiana, o cinema americano deu seqüência a outras linhas de produção
para o consumo de massa, especialmente de crianças e adolescentes. Seus
filmes baseiam-se principalmente nos efeitos especiais proporcionados pelas
novas tecnologias e que bem se enquadram nos temas escolhidos. Dentro
dessa categoria figuram os filmes de catástrofes, como O destino do Poseidon
(1972), de Ronald Neame, e Inferno na torre (1974), de John Guillermin e Irvin
Allen; as aventuras de personagens das histórias em quadrinhos, como
Superman (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, com
suas intermináveis continuações; ou os filmes de guerra e de ficção científica,
como Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas. Nesses gêneros
comerciais destacou-se Steven Spielberg.




                  HISTÓRIA DE WALT DISNEY E DA DISNEY


     • De “Disney Brothers Cartoon Studio” à “Walt Disney Studio”




     Cartazes de divulgação dos desenhos “Alice Comedies” e “Oswald, the Lucky
     Rabbit”.

     Em 1923, os três saíram em direção a Hollywood, Los Angeles, na tentativa
de ganhar dinheiro realizando e fazendo sonhos, queriam mostrar ao mundo o
universo dos contos de fada e dos desenhos animados. Chegam na cidade
com o nome de “Disney Brothers Cartoon Studio”, posteriormente foi mudado
para “Walt Disney Studio”.
     Na escola de artes Walt tinha uma animação sobre uma menina vivendo em
um     mundo    de    desenho    animado    chamada     “Alice’s   Wonderland”
(posteriormente conhecida no Brasil como “Alice no país das maravilhas”) e
usou-a como piloto para conseguir seu primeiro contrato. Após várias
tentativas, a distribuidora de filmes M.J. Wrinkler não só aceita fazer a
distribuição de “Alice’s Wonderland” como encomenda uma série de filmes
sobre a menina, pagando mil e quinhentos dólares por cada um.
     Durante os 4 anos de produção de “Alice Comedies” eles conseguem
acumular dinheiro, material e pessoal, então Walt decide fazer uma série de
cartoon. Ele cria um personagem chamado “Oswald, the lucky rabbit”, aqui no
Brasil conhecido como “Oswald, o coelho sortudo”. A série foi um sucesso,
foram feitos 26 desenhos animados de Oswald, porém quando Walt foi à Nova
York tentar aumentar o preço da venda dos desenhos à distribuidora percebeu
que tinha sido enganado: a distribuidora havia roubado sua equipe, os
personagens e as encomendas, fazendo os desenhos animados por sua conta.
Relendo o contrato percebeu que realmente não possuía os direitos autorais de
Oswald, porém mandou uma carta ao irmão acalmando-o, pois já tinha outro
personagem para seus desenhos: Mickey Mouse.


   • Mickey Mouse




Walt Disney no lançamento dos primeiros bonecos Disney


      Para superar a fase difícil e contornar os prejuízos, Walt Disney criou
Mickey Mouse, baseado em seu ratinho de estimação Mortimer 10, em 1928
para competir com o sucesso do Gato Félix. No início Iwerks fez dois desenhos
animados com Mickey Mouse como protagonista, porém os cartoons não
fizeram muito sucesso pois eram filmes mudos e o som estava revolucionando
a indústria do cinema. Então o próprio Walt Disney dublou o Mickey e em 18 de
novembro de 1928 o camundongo, desenhado a partir de uma série de
círculos, provou ser ideal para o desenho animado e se tornaria o personagem
de maior sucesso dos estúdios Disney. Nessa época, a produtora passou a ser
mais bem organizada: Roy cuidava da parte financeira, Walt produzia e dirigia,
e Iwerks desenhava.
Com o sucesso do camundongo e a entrada de recursos, a “Walt Disney
Studio” saiu dos fundos de um escritório na Kingswell Avenue e foi para um
estúdio especialmente contruído na Hyperion Avenue.
Foto do “Walt Disney Studio”, localizado na Hyperion Avenue.


Logo depois, para manter a série de cartoons, surgiram outras personagens
para contracenar com o camundongo: Pato Donald, Pateta e Pluto.
Em 1929, Disney começou a produzir uma série de desenhos que saia um
pouco da linha de humor rápido que eram característicos até então chamada
“Silly Simphonies” onde Mickey estrelava ao lado das novas personagens.
Como a série tinha novos personagens e seguia uma linha mais voltada a
emoção e a temas musicais, os artistas da Disney         tinham uma grande
liberdade de criação o que posteriormente seria a base para a produção de




longas-metragens animados.
Cartaz da série de desenhos “Silly Symphonies” que rendeu o primeiro Oscar
de animação da história aos irmãos Disney.


O reconhecimento veio em 1932 quando o desenho “Flowers and Trees”,
dessa série, recebeu o primeiro Oscar de desenhe animado concedido pela
academia. A série foi produzida até 1939 quando Disney descobriu que um dos
sócios da empresa, Pot Powers, manipulou o valor dos bilhetes para enriquecer
deixando a jovem empresa um pouco empobrecida.




   • Os longas metragens e a Segunda Guerra Mundial




Cartaz de “Branca de Neve e os Sete Anões”, primeiro longa-metragem animado da
Disney.


A idéia de Walt Disney de fazer um longa-metragem sobre o conto de fadas
dos Irmãos Grimm não foi aceita prontamente por todos na companhia, porém
com o tempo todos estavam se esforçando para finalizar esse projeto, que
após três anos de produção intensa o filme estreou e foi um sucesso. Apesar
do orçamento inicial do filme ser de 150 mil dólares ele acabou custando 1,5
milhões de dólares, um absurdo para época. Mesmo assim o filme reergueu de
vez os Estúdios Disney, com direito a um Oscar honorário a Walt Disney feito
sobre medida: além da tradicional estatueta foram concedidas outras sete
miniaturas desta 14.
Branca de Neve e os Sete Anões gerou lucro para construção de um novo
estúdio e foram criados outros longas-metragens entre eles Bambi, Fantasia e
Pinóquio, além de inaugurar o que os especialistas chamam de “A Idade de
Ouro da Animação Disney” 11.


Os filmes tinham uma boa visibilidade e o exterior também já reconhecia o
trabalho da Disney até que veio a Segunda Guerra Mundial. Em troca de
informações sobre seus pais verdadeiros Walt Disney colaborava com o FBI
denunciando atividades subversivas no meio artístico. Também apoiava as
Forças Armadas fazendo filmes de treinamento para os soldados e também
filmes de propaganda utilizando seus personagens mais conhecidos.
A serviço do governo norte-americano Disney também produziu filmes e fez
personagens voltados a América do Sul, visando implantar o ideal americano
em um local onde começava a aparecer o comunismo, seguindo a chamada
“política da boa-vizinhança” 8. O governo de Getúlio Vargas no Brasil, por
exemplo, flertava com o Eixo, portanto Disney veio ao país com o objetivo de
impulsionar a carreira de Carmen Miranda e criar uma personagem que
futuramente viria a ser conhecido como Zé Carioca. A personagem estreou no
filme “Alô amigos” em 1942 onde ciceroneava o Pato Donald pelo país e até




hoje faz parte das histórias da Disney no país.
Cartaz do filme “Você já foi a Bahia?” com a participação de Zé Carioca e
Carmen Miranda além do galinho mexicano Panchito, todos criados para
satisfazer a “política da boa-vizinhança” americana.




   • A Recuperação Pós-Guerra


Durante a guerra a Disney lançou vários filmes mas todos sem repetir os
grandes sucessos anteriores, o que acabou causando uma crise na empresa
12. Havia duas opções ou a empresa era vendida ou eles apostavam em outro
filme com o risco da falência. Assim iniciou-se a produção de Cinderela, com o
peso de reerguer os Estúdios Disney. Walt Disney apostou nessa história pois
tal como a personagem principal ele foi da pobreza a riqueza. O resultado foi
um filme de muito sucesso e recursos suficientes para produzir outros filmes e
manter a empresa viva.
No mesmo ano a Disney lançou seu primeiro filme apenas com atores
chamado “A Ilha do Tesouro” e ainda em 1950 foi ao ar o primeiro Especial de
Natal Disney que recolocou a empresa no ramo televisivo. Seguindo o sucesso
foi lançada uma série chamada “Antologia Disney” que chegou a ser exibida
em três emissoras ao mesmo tempo nos Estados Unidos e mesmo após
mudanças foi a série televisiva que ficou mais tempo no ar de todos os tempos:
29 anos.


   • A Disneylândia




Walt Disney e o projeto da “Disnleylândia”
Com a empresa restabelecida financeiramente e bem encaminhada, Walt
Disney decidiu se dedicar a um projeto ambicioso: um lugar onde pais e filhos
pudessem se divertir se encantar. Esse lugar foi chamado de Disneylândia.
Inaugurado em 17 de julho de 1955 o parque foi construído em parceria com a
rede de televisão ABC.
Inicialmente o parque contava com 5 áreas, além de toda a estrutura de
acomodação incluindo um resort:
   -   Main Street, que é modelada baseada nas vilas do meio-oeste
       americano do início do século vinte e tem em sua extremidade final o
       “Castelo da Bela Adormecida”, um dos maiores símbolos do parque.
   -   Adventureland, um lugar projetado para recriar os ambientes das
       remotas selvas da Ásia e da África que possuí atrações inspiradas em
       filmes como “Indiana Jones” e Tarzan.
   -   Frontierland, feito para mostrar a história dos Estados Unidos nos
       primeiros dias de colonização com atrações baseadas nos nativos
       americanos e no Velho-Oeste.
   -   Fantasyland, é o local onde o sonho das pessoas que queriam voar
       como Peter Pan ou passar pelas experiências como as da Alice no país
       das maravilhas se tornam realidade. Inicialmente com um estilo
       medieval e modificada em 1983 inspirada em uma aldeia da Bavária
       possuí também o carrossel do Rei Arthur entre outras atrações.
   -   Tomorrowland, onde projetos e idéias do futuro são realidade. Conta
       com atrações baseadas nas idéias de Jules Verne e em viagens ao
       espaço além das atrações incluídas após a grande transformação em
       1967 onde passou a ser chamada de “Nova Tomorrowland”, baseadas
       em filmes como “Procurando Nemo” e “Toy Story”.
O Castelo da Bela Adormecida, um dos maiores símbolos da Disneylândia.


Localizado em Anaheim, Califórnia, com uma área de aproximadamente
344000 metros quadrados o parque temático recebeu até hoje a visita de mais
de 515 milhões de pessoas, e atrações são acrescentadas regularmente pois
como disse Walt Disney: “ Enquanto houver imaginação e criatividade a
Disneylândia continuará em construção”.
Atualmente existem mais três áreas no parque:
   -    New Orleans Square, inaugurada em 1966 é baseada na New Orleans
        do século 19 onde fica o “Clube 33”, único lugar onde é permitida a
        venda de bebidas alcoólicas. Duas das atrações mais populares do
        parque também se encontram aqui: “Piratas do Caribe” e a “Mansão
        Mal-Assombrada”.
   -    Critter Country, inspirado nas florestas do noroeste do Pacífico e
        inicialmente com o nome de Bear Country conta com atrações de
        personagens como o Ursinho Pooh e o Splash Mountain baseado no
        filme “Canção do Sul”.
   -    Mickey´s Toontown, a recriação do subúrbio fictício de Los Angeles
        mostrado no filme “Uma cilada para Roger Rabbit” é onde ficam as
        casas de vários personagens clássicos Disney e também o melhor lugar
        para fazer compras do parque.
Poucas vezes o parque foi fechado, uma delas sendo após o assassinato do
presidente Kennedy e outra após os ataques terroristas de 11 de setembro de
2001.
O sucesso dos longa-metragens continuaram com filmes como A Bela
Adormecida e 101 Dálmatas. Em 1964 foi produzido o filme “Mary Poppins” que
muitos consideram um dos melhores trabalhos de Walt Disney, uma mistura de
desenhos animados com personagens humanos que concorreu ao Oscar em
catorze categorias vencendo cinco.
Após o sucesso da Disneylândia os planos de Walt Disney eram de construir
outro parque temático, mais complexo, e já que o espaço era reduzido ele
decidiu comprar um terreno do outro lado do país, mais precisamente na
Flórida. A obra já estava em andamento quando Walt Disney faleceu, vítima de
um câncer em 15 de dezembro de 1966, aos 65 anos.


       • Walt Disney World

Roy Disney assumiu o papel de presidente da empresa e logo se encarregou
de levar em frente os planos do irmão. Comandou a construção e os primeiros
anos do parque, até sua morte em 1971, quando Walt Disney Company passou
a ser liderada por uma equipe treinada pelos irmãos Disney, tendo em sua
base Card Walker, Donn Tatum e Ron Miller. No dia da inauguração,
perguntado por um repórter sobre o que ele acha que o irmão acharia do
projeto final, respondeu: “Acho que Walt teria aprovado” 13.
Localizado no município de Lake Buena Vista, próximo a Orlando no sul do
estado da Flórida, o maior e mais visitado resort do mundo possuí uma área de
122 quilômetros quadrados e é composto de quatro parques temáticos, dois
parques aquáticos, campos de golfe com mais de 99 buracos e 32 hotéis sendo
22 recreativos, cada um com uma tematização diferente, com hospedagens
que variam entre 39 e 805 dólares.


   -   Magic Kingdom:
Castelo da Cinderela.


Foi o primeiro a ser construído, inaugurado no primeiro dia de outubro de 1971,
com atrações semelhantes às apresentadas na Disneylândia de Anahein, é o
mais lúdico de todos e o mais glamoroso. Recebeu em 2007 um valor estimado
de 17 milhões de visitantes, tornando-o o parque temático mais visitado no
mundo 2.


   -   Epcot:




Spaceship Earth.


    Epcot é a sigla de Experimental Prototype Community of Tomorrow
    (Protótipo de Comunidade Experimental do Amanhã), um local idealizado
    por Walt Disney onde todas as nações coexistem harmoniosamente e haja
    uma comunidade equilibrada e bem-estruturada. A comunidade em si
    nunca existiu, porém há uma empreitada recente da Walt Disney Co.
chamada Celebration que já está em funcionamento, inclusive com
moradores ilustres como o dono do SBT, Silvio Santos 3. O parque é
dividido em duas partes: a primeira é a “Future World”, com atrações high-
tech como o passeio abaixo do mar com projeções super realísticas dos
personagens     do    filme   Procurando   Nemo   e   a   “Mission:   Space”,
desenvolvida em parceria com a HP e a NASA é um simulador tão forte
quanto uma saída da atmosfera sentida pelos astronautas. A segunda é a
”World Showcase”, um lugar que tem como tema todas as nações do
mundo com restaurantes e atrações que o fazem o lugar preferido dos
adultos.


-   Disney – Hollywood Studios:




    Sorcerer´s Hat.


Inaugurado em maio de 1989 a idéia do parque é celebrar a Hollywood das
décadas de 30 e 40 e, principalmente, mostrar bastidores e fazer atrações
de produções que já foram feitas pelo estúdio além das que estão em
processo de desenvolvimento. É a área do WDW que mais cresce já que
acompanha o ritmo de produções dos filmes, além de atrações baseadas
em programas de televisão como a inspirada no famoso programa
American Idol, prevista para o início de 2009 .


-   Animal Kingdon:
Tree of Life.


   O mais novo parque da WDW foi inaugurado em 1998 e possuí uma área
   cerca de cinco vezes maior que o Magic Kingdom. O intuito deste reino
   animal é celebrar a história de todos os animais, sejam eles reais, extintos
   ou imaginários. Constituído por sete áreas diferentes, o parque consegue
   criar um clima diferenciado, pois, além de disponibilizar animais raros com
   seus tratadores a disposição para esclarecer dúvidas, também existem
   atrações feitas com a mais alta tecnologia para recriar os animais
   imaginários ou extintos. O Animal Kingdon é reconhecido pela Association
   of Zoos and Aquariums o que significa que eles tem excelência nos
   padrões requisitados a um zoológico de Educação, Conservação e
   Pesquisa 4.


Os parques aquáticos do WDW também são bem visados pelos vistantes. O
Blizzard Beach têm como tema uma estação de esqui na neve derretida e
possuí o tobogã de velocidade mais alto do mundo e uma praia com areia e
ondas artificiais. Já o Typhoon Lagoon representa um pequeno vilarejo do
Hawaii arruinado por uma tempestade. Considerado um dos maiores parques
aquáticos do mundo, a “Lagoa do Tufão” possuí além de todo o ambiente
havaiano passeios com tubarões e outros animais marinhos como atrativo.
Outro atrativo a parte é o Downtown Disney, que reúne os maiores atrativos da
vida noturna ao redor do mundo. O centro de entretenimento reúne centros de
compras, lazer, recreação e alimentação, além de uma infinidade de
restaurantes, bares, boates e até uma filial do Cirque de Soleil: La Nouba. Para
animar ainda mais as pessoas que passam por Downtown há uma queima de
fogos todo dia a meia-noite, como se todos os dias fossem réveillon.


       • As novas empresas e a atualidade.




O primeiro logotipo do canal de televisão da Disney.


A equipe treinada pelos irmãos Disney permaneceu até 1984 e entre seus
maiores feitos estão a criação da Disneylândia em Tókio e do Disney Channel,
um canal com programação exclusiva da Disney na TV a cabo, além da
produção de filmes como Robin Hood e O Ursinho Puff.
Posteriormente a presidência da empresa foi cedida a dupla Michael Eisner e
Frank Wells que com uma ótima visão de mercado conseguiu revolucionar o
modo de distribuição dos filmes através da venda direta ao espectador. Já em
1984 foi criada a Touchstone Films, focando um ramo dedicado a produção de
filmes mais maduros que conta com grandes clássicos como “Sociedade dos
Poetas Mortos” e “Uma Linda Mulher”. No mesmo ano se inicia a venda dos
“Clássicos Disney” uma coleção em vídeo com os maiores sucessos da
empresa que alcançou um alto posto entre os filmes mais vendidos da história.
Três anos depois a compra da rede de lojas de brinquedos infantis Childcraft
leva a abertura da primeira Disney Store em Glandale, Califórnia, é o impulso
para a exploração da marca e dos personagens Disney através de produtos
exclusivos que até hoje são uma das bases financeiras da Walt Disney
Company 5 .
Após um acordo com a MGM Studios em 1989 é lançado A Pequena Sereia,
filme que é a faísca para reacender as grandes produções animadas da
Disney. Em 1991 A Bela e a Fera consolida o retorno dos grandes sucessos
cinematográficos como o único longa-metragem animado a concorrer ao Oscar
de melhor filme e um ano depois Aladdin continua gerando grandes lucros e
fixando a marca no âmbito mundial o que é reforçado com a inauguração da
Disneylândia Paris.
Em 1994 Frank Wells morre em um acidente de helicóptero porém a linha
agressiva e expansiva continua com Eisner no comando. No mesmo ano é
lançado O Rei Leão, o filme 2d mais rentável da história do cinema, sucesso
que se segue com as produções de Pocahontas, O Corcunda de Notre Dame,
Tarzan, entre outros.
A Disney entrou no ramo esportivo em 1992 após entrada do Mighty Ducks de
Anaheim na Liga Nacional de Hóquei e com a aquisição do time de baseball
“Califórnia Angels” que acabou batizado de Anaheim Angel.
Continuando a expansão e a consolidação do “Império Disney” em 1996 foi
adquirido pó dezenove bilhões de dólares o grupo Capital Cities/ABC, sendo a
segunda maior transação já feita nos E.U.A. e transformando a Disney na
maior detentora       de   redes de televisão do país, posto consolidado
posteriormente com a aquisição da Fox Family por US$ 3 bilhões em 2001.
Eisner, considerado por muitos o terceiro homem mais importante da história
da Disney, saiu do comando da Disney em 2005 porém como últimos grandes
atos inaugurou a Disneylândia de Hong Kong e o canal Jetix.




Logotipo da Pixar, produtora adquirida pela Disney em 2006.
Iger assume o comando da empresa com a responsabilidade de continuar seu
crescimento e renovar a imagem da Disney. Assim, em 2006, a Pixar,
produtora de alguns dos filmes mais famosos na área de animação feita por
computador, foi adquirida por US$ 7,4 bilhões em ações fazendo seu
executivo-chefe, Steve Jobs, o maior acionista individual da empresa e se
tornando membro do Conselho de Diretores 6.
Em 2007 a Walt Disney Company fechou o ano como a segunda maior
empresa do ramo de entretenimento, atrás apenas da Time Warner, com um
valor de mercado de 71.674,5 milhões de dólares classificada na posição
número 64 entre as 500 empresas mais valiosas dos Estados Unidos 7, o papel
da Disney na história é explicado pelo seu slogan: “Disney, where dreams
come true”.




   Notas de rodapé:
   1.
   2. TEA/ERA Theme Park Attendance Report 2007. www.themeit.com.
        http://www.connectingindustry.com/downloads/pwteaerasupp.pdf.
        Acesso em 14/03/2008
   3. Celebration,                          Flórida.                   www.wikipedia.org.
        http://en.wikipedia.org/wiki/Celebration%2C_Florida              –   Acesso       em
        08/06/2008.
   4. Association                of             Zoos             and            Aquariums.
        http://www.aza.org/FindZooAquarium/index.cfm%3Fpage%3Dzoostate
        %26st%3DFL – Acesso em 08/06/2008.
   5. The     Walt     Disney         Annual     Report.     Walt      Disney     Company.
        http://amedia.disney.go.com/investorrelations/annual_reports/WDC-
        AR-2007.pdf - Acesso em 08/06/2008.
   6. Disney acerta compra da Pixar por US$ 7,4 bilhões. BBC Brasil.
        http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/story/2006/01/060125_disne
        ypixarcg.shtml - Acesso em 08/06/2008.
   7. Fortune: our annual ranking of America´s largest corporations. Fortune.
        http://money.cnn.com/magazines/fortune/fortune500/2007/snapshots/14
        16.html - Acesso em 08/06/2008.
   8. Disney a serviço do fbi - Historia Viva, edição 43. – Maio/2007.
   9. Walt             Disney                 biography.            Just              Disney.
        http://www.justdisney.com/WaltDisney100/biography01.html                  -   Acesso
        em 21/05/2008.
   10. Solomon,       Charles.        The      Golden      Age    Of     Mickey       Mouse.
        http://disney.go.com/disneyatoz/familymuseum/exhibits/articles/mickeym
        ousegoldenage/index.html - Acesso em 23/05/2008.
11. Walt          Disney         Studio      Biography.           Animation        USA.
          http://www.animationusa.com/resources/aboutdisney.html - Acesso em
          23/05/08.
    12. Solomon,          Charles.    Mickey     in   the        Post-War    Era.    Disney.
          http://disney.go.com/disneyatoz/familymuseum/exhibits/articles/goldena
          ge/index.html - Acesso em 23/05/2008.
    13.      Griffiths,     Bill.    Grand     opening      of     Walt     Disney    world.
          http://www.startedbyamouse.com/archives/GrandOpeningWDW01.shtml
          - Acesso em 23/25/2008.
    14. Walt Disney Academy awards. Academy of Motion Picture Arts and
          Sciences. http://awardsdatabase.oscars.org/index.jsp - Acesso em
          19/05/2008.


            ANÁLISE DOS FILMES: BRANCA DE NEVE E CINDERELA

Branca De Neve e os Sete Anões

Ficha Técnica:

Título Original: Snow White and the Seven Dwarfs

Titulo em Português: Branca de Neve e os Sete Anões

Pais: Estados Unidos da América

Lançamento:

Ano de produção: 1937

Diretor: Jacob Ludwig Carl Grim, Wilhelm Carl Grim

Estúdio: Walt Disney Pictures

Tempo de Duração: 83 min.

Gênero: Animado

Classificação Etária: Livre
História:

      O conto Branca De Neve relata a história de uma princesa, assim
chamada por ter a pele muito branca, os lábios vermelhos como o sangue e os
cabelos negros como o ébano. Ela vivia em um lindo castelo com seu pai e sua
mãe. Passado algum tempo, o rei enviuvou e voltou a casar-se com uma
mulher belíssima, mas extremamente cruel e vaidosa. Ela, uma feiticeira,
desde o primeiro dia tratou muito mal a menina.

      Quando o rei morreu a feiticeira, vendo que a Branca de Neve possuiria
uma beleza que excederia a sua, obrigou-a a fazer todo o trabalho no castelo.
A rainha tinha um espelho mágico e todos os dias lhe perguntava quem era a
mulher mais bela do reino. Um dia, ao fazer a habitual pergunta, o espelho
respondeu que a rainha era bela, mas que Branca de Neve era mais bela do
que ela. Certo dia Branca de Neve estava trabalhando e foi pegar água do
poço para banhar-se. Seu cantarolar chamou a atenção de um prícipe que
caçava pelos arredores e ele foi ao seu encontro. A malvada rainha, tomada
pela inveja, mandou um caçador ir ao bosque para matar Branca de Neve.
Como prova de que havia cumprido este ato, ordenou-lhe que trouxesse o
coração da menina. O caçador, porém, teve pena da princesa e poupou-lhe a
vida, ordenando a ela que fugisse. Para comprovar que havia obedecido às
ordens da madrasta entregou-lhe o coração de um gavião.

      Branca de Neve correu bosque à dentro e, por estar muito cansada,
adormeceu profundamente numa clareira. No dia seguinte, ao acordar, estava
rodeada pelos pequenos animais da floresta que a levaram até uma casinha no
centro do bosque. Dentro, tudo era pequeno: mesas, cadeiras, caminhas. Nela
a desordem era aparente e tudo estava muito sujo. Ajudada pelos
animaizinhos, deixou a casa toda arrumada e depois foi dormir.

      Ao anoitecer chegaram os donos da casa. Eram eles os sete anões,
voltando da mina de diamantes onde trabalhavam. Quando a princesa acordou
eles se apresentaram: Soneca, Dengoso, Dunga (o único que não tinha barbas
e não falava), Feliz, Atchim, Mestre e Zangado. Ao serem informados dos
problemas da princesa, eles resolveram tomar conta dela e permitiram que ela
ficasse e em troca a princesa cuidaria da casa e dos anões.

      A malvada rainha não tardou, por meio do seu espelho mágico, a saber
que Branca de Neve estava viva e continuava a ser a mulher mais bonita do
reino. Decidiu então acabar pessoalmente com a vida da princesa. Disfarçou-
se de pobre-velhinha, indefesa e feiosa, e envenenou uma maçã, que levou até
a casa dos anões. Quando eles saíram para trabalhar, ofereceu a maçã
envenenada à Branca de Neve, que mordeu-a e caiu adormecida.

      Quando os anões regressaram, pensaram que Branca de Neve tivesse
morrido. De tão linda, eles não tiveram coragem de enterrá-la. Então fizeram
um caixão de vidro e enfeitaram com flores. Estavam junto da princesa
adormecida, quando por ali passou o príncipe do reino vizinho que há muito
tempo a procurava. Ao ver a bela Branca de Neve deitada no seu leito,
aproximou-se dela e deu-lhe um beijo de amor. Este beijo quebrou o feitiço,
que fez a princesa cuspir a maçã e despertar. O príncipe pediu à Branca de
Neve em casamento. O feliz casal encaminhou-se para o palácio do príncipe e
foram felizes para sempre.

História Original:

      A história é a da princesa branca de neve, assim chamada por ser tão
corada como sangue e de cabelos tão negros como o ébano. Orfã de mãe ao
nascer, é criada por uma madrasta orgulhosa e arrogante e, acima e tudo,
ciumenta por seus atributos físicos. Vítima da madrasta, é salva da morte pela
compaixão do caçador e encontra refúgio em uma pequena casa no meio da
floresta, habitada por sete anões. Localizada pela inimiga, sofre seu assédio
por duas vezes; mas consegue salvar-se. Na terceira vez, entretanto, come
uma maçã envenenada e morre. Colocada num caixão de vidro, encanta um
príncipe que passeava pela floresta e que pede o esquife de presente. No seu
transporte, com movimento decorrente de um tropeço, a maça escapa-lhe da
garganta e ela volta a viver. Casa-se com o príncipe e vivem felizes para
sempre.
Branca de Neve não faz parte da coletânea de Perrault, mas há notícias
de versões mais antigas, como a registrada por Gian Alesio Brasile, em 1634,
narrando a história de uma menina que sofre a perseguição da madrasta, por
inveja de sua beleza e também por ciúmes da relação de seu marido com a
enteada. Há outros elementos em comum com Branca de Neve: um pente
enterrado em seus cabelos faz com que ela morra; um caixão de cristal em que
ela repousa até o seu dispertar com a queda do pente.

      Na versão dos Grimm, as personagens masculinas, com exceção do pai,
inexpressivo, participam de modo positivo: o caçador, que poupa-lhe a vida, os
anões que a acolhem e o príncipe que a ama. Aliás, o encontro de Branca de
Neve com os anões é um grande momento do enredo: um verdadeiro ato de
complementação. Primeiro, por serem eles muito amáveis, segundo, porque se
tornam amigos e protetores. Naquele mundo exclusivamente masculino faltava
o elemento feminino.

Personagens:

      Branca de Neve: É uma princesa bondosa e delicada, que, mesmo
sendo adulta, ainda é bastante inocente, fato mostrado ao deixar a madrasta
entrar em sua casa e provar a maçã envenenada por ela oferecida. Sonha com
um amor verdadeiro e o encontra na figura do príncipe.

      Madrasta: A madrasta é o personagem com o esteriótipo mais bem
definido. A personagem é a representação do mal, baseada na vaidade e na
inveja. Tais características dominam em sua personalidade e a levam a ações
extremas, como a de tentar matar Branca de Neve.

      Príncipe: Na história de Branca de Neve o príncipe tem uma aparição
mínima. Ele aparece apenas duas vezes, uma ao ouvir a protagonista cantar e
outra ao final da trama, quando reconhece sua amada e a leva para o seu
castelo. O príncipe é um reflexo de poder, por sua posição social e de
bondade, e ama Branca de Neve.
Mestre: Esta personagem tem como função transmitir a idéia que a
liderança e o conhecimento não tornam uma pessoa superior as outras e que
este conhecimento beneficia o seu convívio com os outros.

      Feliz: Estereótipo do bom humor e da alegria.

      Atchim: Hipocondríaco, sempre está doente.

      Dengoso: Estereótipo da carência.

      Zangado: A personagem de zangado foi criada para representar os
espectadores cínicos da platéia que assistiam a trama julgando-a como uma
tolice, ao não reconhecer o valor das produções de animação. Sendo assim, a
personagem de zangado é apresentada como mal-humorada, ranzinza e
menos satisfeita que os outros anões.

      Dunga: A personagem Dunga é vista no conto como representação da
inocência.

      Soneca: A personagem soneca é um reflexo das pessoas que permitem
que a inércia domine, tornando suas atitudes lentas e ineficientes.

      Animais: No conto Branca de Neve e os Sete Anões, os animais da
floresta são representações da bondade e da solidariedade, transmitindo aos
espectadores a mensagem da importância do trabalho em equipe e a
gratificação pela ajuda ao próximo. Ao longo da trama os animais ajudam
Branca de Neve a encontar abrigo, a arrumar a casa e a buscar ajuda quando
a princesa está em perigo.

Decupagem:

Cena 1:

Representação da inveja e do ódio

Madrasta:

      ─ Fala mágico espelho meu, quem agora é mais bela do que eu?
Espelho:

      ─ Por de trás das sete colinas, além do espesso bosque, lá na casa dos
sete anões, vive Branca de Neve que ainda é a mais bela.

Madrasta:

      ─ Branca de Neve está morta na floresta, o caçador trouxe-me a prova,
veja o coração.

Espelho:

      ─ Branca de neve ainda vive, é a mais bela então. É o coração de um
bicho que está em vossa mão.

Madrasta:

      ─ Coração de um bicho?! Então fui traída.

      As luzes ficam mais escuras, uma música de suspense começa a tocar e
a madrasta desce as escadas até a sua sala de feitiços, e diz:

       ─ Coração de um bicho, maldito caçador! Então, irei eu mesma na casa
dos sete anões em um disfarce tão perfeito que ninguém irá suspeitar.

A madrasta pega o seu livro de feitiços e diz:

      ─ Ah, a fórmula do que transforma minha beleza em feiura, faz das
minhas vestes de rainha, vestes de mendiga. Pó mágico para envelhecer, meu
abrigo ser o manto da noite. Para envelhecer minha voz; o riso de uma bruxa.
Para branquear meus cabelos um grito de horror. O vendaval afirma o meu
ódio, relâmpago, para misturar. Agora começa o teu sortilégio.

A madrasta toma a poção e começa a se transformar em uma bruxa.

      ─ Ah! Minhas mãos! Minha voz!

Ela dá uma gargalhada maléfica e diz:
─ Perfeito disfarce!

         Música: Ao longo de toda a cena há uma música instrumental remetendo
a idéia de trovões e relâmpagos passando o clima de suspense e intriga.

         Cenário: A cena se passa dentro do castelo, na sala do espelho e na
sala de feitiços.

         Cores: As cores são escuras, enfatizando o estriótipo do mal.




Cena 2:

O amor verdadeiro

Branca de Neve está limpando a entrada do castelo, cantando uma música:

“Sabem de um segredo? Não irão contar?

Ouçam então o que eu vou dizer

Quem quiser realizar aquilo que sonhar

Basta o eco repetir o que você falar

Um dia eu serei feliz sonhando assim

Aquele com quem eu sonhei eu quero pra mim

Ah-Ah-Ah-Ah-Ah”

De repente aparece o príncipe que termina de cantar a canção com ela e inicia
outra:

“Assim

Hoje eu lhe peço
O que eu quero dizer

Esta canção que eu canto é só para você

O amor compôs o tema, e o poema vem de você

Sinto que algum dia esta canção que eu fiz

Venha fazer o nosso destino muito feliz”

          Música: A música cantada por Branca de Neve é romântica, calma e
serena. A canção fala sobre a possibilidade de se alcançar os sonhos. Já a
outra canção, fala sobre o amor, em especial sobre o amor que será vivido no
futuro.

          Cenário: A cena se passa no jardim do castelo.

          Cores: As cores são claras e diversificadas.




Cena 3:

          Após limpar toda a casa dos sete anões com a ajuda dos animais da
floresta, Branca de Neve decide subir as escadas para conhecer o restante da
casa que encontrou e diz:

─ O que haverá lá em cima?

─ Oh, que lindas caminhas! Olhe tem o nome de cada um deles: Mestre, Feliz,
Atchim, Dunga.

─ Nomes gozados têm esses meninos... Zangado, Dengoso, Soneca.

─ Ah, agora também fiquei com sono.

          Branca de Neve deita nas camas e os passarinhos apagam as luzes e a
cobrem.
Enquanto isso, os sete anões estão voltando da mina onde trabalham,
cantando: “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou. Parara tibum, parara tibum,
eu vou, eu vou...”

      Ao avistarem a casa deles se espantam, pois ela está toda acesa e com
fumaça saindo pela chaminé, e o Mestre diz:

─ Olhem nossa casa, azeda, não, não, acesa!

      Todos:

─ Nossa senhora! A porta aberta e fumaça! O que aconteceu?

─ Fantasma, assombração, o demônio, um dragão!?

      Zangado:

─ Podem estar certos, eu sabia disso, eu desconfiava. Os calos doem, puxa
isso é um mau sinal. Vamos espiar.

      Mestre:

─ Isso, vamos espirrar! Quer dizer, espiar! Sigam-me!

      Os anões entram na casa e se espantam com a limpeza, ouvem então
um barulho no andar de cima e decidem subir para ver o que está havendo. Ao
subirem as escadas se deparam com Branca de Neve dormindo em suas
camas. Os anãos têm a idéia de baterem nela, mas ao verem acordando
mudam de idéia. Após conversarem com ela e conhecerem sua história, os
anões permitem que Branca de Neve fique com eles.

      Música: A música cantada na cena é alegre e divertida.

      Cenário: A cena se passa na casa dos anões.

      Cores: As cores são diversificadas, sendo o quarto de cor neutra e as
roupas das personagens de cores vivas.
Análise:

       No caso do filme A Branca de Neve e os Sete Anões, a madrasta veste-
se de preto, seu quarto é mostrado como um ambiente sombrio e ríspido e seu
tom de voz é rude. Já ao mostrar Branca de Neve, nota-se a delicadeza em
sua voz, suas roupas são de tonalidades mais alegres, seu amor pela natureza
e os animais é mostrado de maneira marcante e o seu comportamento, apesar
dos abusos da madrasta, é sempre festivo.




Cinderela

Ficha Técnica:

Titulo original: Cinderella

Titulo em português: Cinderela

Pais: EUA

Lançamento:

Ano de produção: 1950

Diretor: Clyde Geronimi

Estúdio: Walt Disney Pictures

Tempo de Duração: 75 min.

Gênero: Animado

Classificação Etária: Livre




História:
O conto de fadas Cinderela conta a história de uma menina que era filha de
um comerciante rico. Quando era criança seu pai faleceu, e Cinderela passou a
ser criada por sua madrasta malvada e suas duas filhas que fizeram da jovem
a criada casa. Apesar da falta de aproximação com sua nova família, Cinderela
não vivia solitária, ela contava com a amizade dos animais do castelo: os ratos,
o cachorro e o cavalo. Um dia o rei convocou todas as jovens do reino para um
baile em homenagem ao prícipe, a fim de que este pudesse encontar sua
noiva. Cinderela ficou muito contente, pois nunca perdeu a esperança em
encontrar sua felicidade. Porém a madrasta não permitiria que Cinderela
fosse ao baile ao menos que ela conseguisse limpar a casa, e encontrar um
vestido bonito para usar na festa. No entanto, o que Cinderela nao sabia é que
possuía uma fada madrinha que ao perceber a tristeza da jovem apareceu,
organizou a casa e deixou Cinderela linda para o baile, entretanto, a magia só
duraria até meia noite. Quando Cinderela chegou ao baile, o príncipe se
apaixonou por ela e os dois dançaram juntos durante toda a noite. Ao soar das
doze badaladas do relógio Cinderela saiu tão apressada que deixou cair na
escada do palácio seu sapatinho de cristal. Determinado a        encontrá-la, o
príncipe ordenou que todas as moças do reino experimentassem o sapato e
apesar de todas as armadilhas arquitetadas pela madrasta, Cinderela
experimentou o sapato e comprovou ser a jovem pela qual o principe se
encantou. Cinderela e o príncipe se casaram e viveram felizes para sempre.




História Original:

Cinderela, do francês Cendrillon, segundo o dicionário de Olívio C. Carvalho
(ZXXX), significa gata borralheira, rapariga pouco asseada, porcalhona;
rapariga abandonada.

Perrault, no original, utiliza dois nomes para a protagonista: Cendrillon e
Cucendron, traduzidos respectivamente como Cinderela e Borralheira. Apesar
de constarem como sinônimos, Perrault difere os dois vocábulos. Segundo ele,
o termo Cendrillon passa a ser menos ofensivo, apesar de manter o mesmo
significado: sentar-se nas cinzas, ato considerado humilhante há séculos.
A Borralheira francesa de Perrault veio à luz em 1697, e a dos irmãos Grimm
cento e quinze anos depois, na Alemanha, em 1812. É possível observar a
influência da época e dos lugares em que viveram os autores, ou melhor,
compiladores. Há detalhes que variam como conseqüência da cultura desses
países tão próximos fisicamente, mas com características tão distintas.
Enquanto o texto de Perrault, ambientado na corte do Rei Sol, é mais leve e
bem humorado, o dos Grimm é sombrio, tem sofrimento muito presente,
influenciado pelas idéias românticas. Diz o historiador Estêvão Cruz que: “Era
característica da escola romântica uma necessidade metafísica mais intensa, o
interesse e o aprofundamento no mundo medieval, além da busca da cultura,
da tradição popular e da valorização da fantasia”. As características do
romantismo são perceptíveis no conto, como religiosidade, valorização da
natureza, e contraste entre comportamento da protagonista, a vítima, e as
maldades dos antagonistas.

Em Perrault, percebe-se a visão de mundo de um clássico, com a prevalência
do homem-razão, mesmo se movendo no universo feérico. Observa-se então,
que no pano de fundo da obra, se encontra o cartesianismo do autor.

Como em um verdadeiro conto de fadas, o tema básico se mantém em
Cinderela, apesar de algumas variações introduzidas, que serão destacadas
após a esquematização das histórias.




Cinderela ou Sapatinho de Cristal (Perrault):

- “Um fidalgo se casa em segundas núpcias com a mulher mais orgulhosa e
mais arrogante que já existiu até hoje”. “Mãe já morta. Foi a melhor criatura do
mundo”.

- Pai é um fidalgo “dominado por sua mulher”. Madrasta obriga a moça a fazer
os trabalhos mais grosseiros da casa.

- Duas filhas orgulhosas e arrogantes. A caçula, Srta. Javotte, não é tão
maldosa quanto a mais velha.
- Cinderela (nome dado pela irmã mais nova) é a doçura em pessoa, exemplo
de bondade, paciência, beleza e bom gosto. Dorme na palha do celeiro e é
denominada borralheira por estar sempre suja pelas cinzas do borralho.

- Convite para o baile do filho do rei. Sugere então mais trabalho para
Cinderela: passar, engomar e pentear.

- Para auxiliar Cinderela aparece a fada madrinha. “Se você se comportar bem,
eu farei você ir”, diz-lhe a fada. Pede uma abóbora e a transforma em numa
linda carruagem com sua varinha.

- Da ratoeira retira seis ratos e os transforma em cavalos. Borralheira vai
buscar mais ratos para a fada transformar em cocheiro. A fada pede seis
lagartos e os transforma em pajens.”Irei assim, com essa roupa horrível?”,
pergunta Borralheira. A fada transforma seus trapos em um rico vestido
bordado a ouro, prata e pedrarias, e lhe dá um sapato de cristal.

- “O encanto se desfará à meia noite e um minuto”, avisa –lhe a Fada.

- Recebida pelo filho do rei, Borralheira para o baile com sua beleza. Todas as
damas põem-se “a examinar com toda a atenção o seu penteado e seus trajes,
para no dia seguinte copiá-los”.

- Dança com graça e divide os doces com as irmãs que se espantam pela
gentileza de uma princesa desconhecida.

- Sai às 23:45h, agradece à madrinha e pede-lhe para ir no dia seguinte
novamente. As irmãs voltam para a casa e Borralheira faz como se tivesse
acordado naquele momento. A irmã comenta sobre a linda princesa
desconhecida.

- Novo baile com Borralheira trajando um vestido mais lindo. Só sai ao ouvir a
primeira badalada da meia-noite. Deixa cair um de seus sapatinhos, que o
príncipe pega.

- As irmãs comentam que o príncipe está apaixonado pela linda dona do
sapato. O príncipe manda que todas as moças o experimentem, mas em vão,
pois as irmãs fazem o possível para calçá-lo, sem sucesso. Borralheira pede
para experimentá-lo e o sapato serve, para o espanto de todos.

- Tira do bolso o outro sapato e também o calça. Aparece então a fada que lhe
transforma o vestido. As irmãs reconhecem a princesa, e pedem perdão a
Borralheira. Cinderela casa-se com o príncipe. Acontece também o casamento
das irmãs com dois ricos fidalgos.

Outro ponto importante a ser destacado na versão de Perrault é que ele parece
ter sido o criador do sapatinho de vidro. Só há registro de calçados desse
material em outras cinderelas após a publicação de seus contos.




A Gata Borralheira (Grimm):

A mulher de um homem rico fica doente, e quando ela sente que seu fim se
aproxima, chama sua única filha lhe diz: “Filha querida, se é devota e boa;
então o bom Deus sempre te valerá e eu olharei por ti lá do céu, e estarei perto
de ti”.

Após o falecimento da mãe, o pai, que é um homem muito rico, casa-se com
outra mulher.

Cinderela passa a fazer serviços pesados o dia todo.

Filhas bonitas e alvas de rosto, mas feias e negras de coração. Zombavam da
Borralheira e esparramavam as ervilhas e as lentilhas na cinza do borralho
para ela recolher e separar.

Borralheira é devota e boa, vai todos os dias ao túmulo de sua mãe e chora.

Dorme nas cinzas, ao lado do fogão. Por estar sempre empoeirada e suja de
cinza é chamada de gata borralheira.

Pede ao pai que traga o primeiro raminho que na volta lhe roce o chapéu. O pai
traz, ela o planta no túmulo da mãe, regando-o com lágrimas.
O ramo cresce e transforma-se numa bela árvore. Borralheira vai lá três vezes
por dia, chora e reza e aparece um passarinho branco na árvore. Sempre que
Borralheira exprime um desejo, o passarinho lhe joga o que ela deseja.

São entregues no reino convites para as moças bonitas irem ao baile para o
príncipe escolher sua noiva.

Mais trabalho para Borralheira. Choro. Pedidos insistentes à madrasta
“Derramei uma bacia de lentilhas nas cinzas, se separares as lentilhas em duas
horas, poderás vir conosco”, diz a madrasta. Todos os passarinhos do céu a
ajudam e concluem o serviço em uma hora. A madrasta não a deixa ir. Choro.
“Se puderes catar das cinzas e recolher duas bacias de lentilhas em uma hora,
então poderás vir”, diz a madrasta. Com a ajuda dos pássaros, acaba a tarefa
em meia hora. “Nada disso vai te adiantar, não virás conosco, porque não tens
vestido e não sabes dançar. Nós ficaríamos com vergonha de ti”, conclui a
madrasta.

Vão ao baile. Borralheira visita o túmulo da mãe e pede: “Sacodes teus ramos,
querida nogueira”.

Joga ouro e prata sobre Borralheira. Passarinho joga-lhe um vestido de ouro e
prata, e sapatinhos bordados de seda e prata.

O filho do rei dança só com ela. “Essa dançarina é minha” diz ele.

Dança até o anoitecer, então ela quer retornar a casa. O príncipe espera até
que chegue o pai da jovem e lhe diz que a moça estranha lá está. O velho
pensa: “Será que não é Borralheira?”. E racham o pombal; mas dentro não há
ninguém. Borralheira deixa a roupa no túmulo e o passarinho a leva embora.
Ela volta para a cozinha com o velho avental.

Novo baile, e ela vai com um vestido mais bonito. O príncipe só dança com ela.
Quer ir embora, e o príncipe a segue. Ela foge para o jardim atrás da casa.
Sobe na árvore. O príncipe espera pelo pai dela. O pai pensa: “Será que não é
a Borralheira?” Manda buscar a machadinha e derruba a árvore, mas lá não há
ninguém. Quando as irmãs voltam, Gata Borralheira já está deitada nas cinzas.
Novo baile com vestido ainda mais bonito e sapatinhos de ouro puro. O
príncipe só dança com ela. Quando quer ir embora, escapa ligeira, mas o
príncipe tinha mandado untar com piche a escadaria inteira. O sapatinho
esquerdo fica grudado num degrau.

“Nenhuma outra será minha esposa a não ser aquela em cujo pé couber este
sapatinho de ouro”, proclama ele.

No sapato não cabe o pé da irmã mais velha. “Corta fora esse dedão do pé!
Quando fores rainha, não precisarás mais andar a pé”,diz a madrasta. A moça
corta-o, disfarça a dor e parte com o príncipe, mas eles têm de passar pelo
túmulo onde as pombinhas cantam: “Purr-purr,purr-purr,purrinho...sangue no
sapatinho, não cabe no seu pé, a noiva esta não é.”

O príncipe vê o sangue, devolve a falsa noiva e faz a outra irmã provar o
sapato.

A madrasta entrega a segunda filha a faca, dizendo-lhe: “Corta fora um pedaço
do calcanhar! Quando fores rainha, não precisaras mais andar a pé. A moça
decepa-o, disfarça a dor e parte com o príncipe, mas eles também têm de
passar pelo túmulo onde duas pombinhas cantam:

“Purr-purr, purr-purr, purrinho...sangue no sapatinho, não cabe no seu pé, a
noiva esta não é.”

“A senhora não tem outra filha?”, pergunta o príncipe. “Não, diz o pai de
Borralheira. Só da minha falecida esposa temos uma pequena e insignificante
Gata Borralheira; não é possível ser ela a noiva, mas o príncipe quer vê-la, de
qualquer maneira, e é chamada a Borralheira. Ela senta-se sobre um
banquinho, tira o pé do pesado tamanco de madeira e enfia-o no sapatinho,
que se adapta com perfeição. E quando ela se levanta e o príncipe a fita,
reconhece a bela com quem dançara e exclama: “Esta é a noiva verdadeira”.

A madrasta e as duas irmãs se surpreendem e empalidecem de raiva. Ele,
porém, põe borralheira sobre o seu cavalo e partem. Duas pombinhas brancas
arrulham: “purr-purr, purr-purr, purrinho... sem sangue no sapatinho, que coube
no seu pé, a noiva esta é”. No casamento, as irmãs têm seus olhos arrancados
pelas pombas.

Analisando a história de Perrault a moralidade observada é:

A beleza é, sem dúvida, um tesouro precioso;

Ninguém se cansa de admirá-la;

Vale muito mais e não tem preço

Aquilo que chamamos de encanto

Foi o que aconteceu com a borralheira

Educando e instruindo,

Sua madrinha fez dela uma rainha

(Foi o que este conto nos mostrou)

A beleza vale mais do que lindos penteados




Para melhor seduzir os corações

O encanto, porém, é o dom das fadas

Sem ele nada se consegue, com ele tudo se obtém




Outra moral:

È sem dúvida vantajoso

Ter espírito, ter coragem

Ser bem nascido, ter bom senso
E outras tantas qualidades semelhantes

Mas é inútil possuí-las

Pois não serão o valor para o sucesso

Se não houver, também para reforçar

Padrinhos ou madrinhas que ajudem




A primeira moral valoriza a beleza como muito mais poderosa. Entretanto,
destaca a magia e o encanto, pois só a ajuda da fada consegue transformar
borralheira em rainha.

Parece haver a intenção de valorizar o imaginário. A segunda registra a
importância do apadrinhamento para subir na vida.

Entre as duas obras há pontos em comum. Ambas apresentam acontecimentos
numa ordem cronológica que permitem separá-los em dois grandes blocos:

I-a morte da mãe à vida difícil com a madrasta;

II-o convite para o baile ao casamento.

Em ambas as histórias a presença do narrador é marcante. Ele descreve o
ambiente, estabelece as relações de causa e efeito, analisa as personagens e
discorre sobre o sentido moral do conto. O narrador, no caso, é um recurso do
qual lança mão o autor para dizer com maior clareza aquilo que a própria
história dos acontecimentos não foi capaz de exprimir.

Por outro lado, além dos pontos já levantados, as duas histórias têm diferenças
significativas: em Perrault, não há punição do mal. Já nos Grimm, há punição
para as duas irmãs maldosas por meio de sofrimento e crueldade, mas
proceda-se ao cotejo mais pormenorizado dessas duas versões.
Análise dos Personagens:

Cinderela: Cinderela é uma personagem típica dos contos de fadas, é o
estereótipo do bem, meiga, bondosa e sonhadora. Mas Cinderela tem uma
característica peculiar apesar de ser uma boa pessoa, ela não se deixa
subestimar por sua madrasta e meias-irmãs, e até mesmo possuiu uma ponta
de ironia em algumas de suas falas. Quando fica sabendo sobre o baile, por
exemplo, ela assume sua posição como parte da família e lembra que o convite
também se estende a ela, o que permite concluir que a personagem possui
uma qualidade de princesa de contos de fada, mas também uma auto-
confidência e segurança que as torna uma heroína contemporânea.

Madrasta: A madrasta de Cinderela é vista como uma das mais terríveis das
produções Walt Disney e também uma das mais reais. Não sendo provida de
nenhuma espécie de poder mágico, a Madrasta é uma pessoa fria e calculista,
que faz todo o trabalho sujo com suas próprias mãos, sem medo de mostrar
suas verdadeiras cores na frente dos outros personagens e não medindo
esforços para fazer a vida de Cinderela miserável. Sua introdução é uma das
mais interessantes de qualquer personagem Disney, sendo apresentada em
meio às sombras apenas com seus olhos em realce. O espectador pode sentir
em sua dominadora expressão o ódio que sente por Cinderela, e seus
brilhantes diálogos alternam entre linhas calmas e frias e momentos de súbita
fúria.

Brizela e Anastácia: As meia-irmãs de Cinderela também fazem parte do
esteriótipo do mal. As meninas não são tão perversas como a mãe, no entanto
são retratadas como jovens antipáticas, mimadas e egoístas.

Príncipe: O príncipe, como na maioria dos contos de fadas, tem uma aparição
restrita ao longo da história. Aparece somente nas cenas de encontro com a
personagem de Cinderela, e no final, para levá-la ao castelo, concluindo o filme
e promovendo o “felizes para sempre”. Na história de Cinderela o príncipe é um
jovem bonito, apaixonado e decidido, pois não mede esforços para encontrar
sua amada. O príncipe representa o poder e ascensão social, corresponde-se a
um verdadeiro aristocrata.
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  • 1. HISTÓRIA DA INFÂNCIA E DA LITERATURA INFANTIL A infância marca um período de nossas vidas em que necessitamos de um tratamento diferenciado por termos necessidades específicas e sermos dependentes de outros seres humanos mais vividos em muitos aspectos. Entretanto esse conceito de infância como um período determinado de nossas vidas não esteve sempre presente. Ao longo da Idade Média esse conceito era inexistente e as crianças eram tratadas como pequenos adultos, chegando até a realizarem tarefas similares a de seus pais e participarem do cotidiano adulto. O conceito de família da época nos ajuda a compreender o porque deste tratamento. O casamento era um instrumento de manutenção de poder e do patrimônio e não implicava afeto entre os cônjuges ou proximidade com os filhos que, por conta do contexto, eram criados de maneira a manter as tradições e interesses da família, sem qualquer tratamento específico que respeitasse suas necessidades de criança. As altas taxas de mortalidade infantil da época combinadas ao analfabetismo e a falta de um conceito de educação também contribuíam para uma falta de compreensão do conceito de infância e no tratamento referido às crianças. A idéia de família como uma unidade com ligações afetivas começou a surgir no final da Idade Média e, a partir do século XVI, começaram a ser impressos livros relativos à criação de filhos e orientações dirigidas às mães, que salientavam a importância de um cuidado maior com os flhos por serem frágeis e necessitarem de proteção por parte dos adultos. A concepção moderna de infância foi fruto de um longo processo, que destacava a vulnerabilidade das crianças e até as protegia de uma exploração proveniente do aumento do número de fábricas no século XIX, com uma legislação que regulamentava o trabalho infantil. Foi nesta época que se desenvolveram alguns aspectos importantes para a valorização da criança, a preocupação com o seu desenvolvimento e a percepção da literatura como instrumento de enriquecimento. Essa maior preocupação com a educação demandou uma maior dedicação e compromisso dos pais, principalmente por
  • 2. este ser um processo longo e cumulativo, e aprimorou a capacidade lingüística das crianças. Como afirma Neil Postman: No início da Idade Moderna, a tipografia auxiliou na expansão do conhecimento e instituiu o hábito individual de leitura e esse fato rompeu com a longa tradição de transmissão oral do saber. Essa mudança veio a fundar uma outra etapa do desenvolvimento infantil, significando que após o domínio da linguagem oral, a criança tinha que desenvolver as habilidades necessárias para dominar a escrita. Só desta forma ela poderia ter acesso as informações que os adultos dominavam. apud Ceci Vilar Noronha. Desta maneira, a partir do século XIX, a escola torna-se um lugar privilegiado para o desenvolvimento da infância. Tal visão, mais atenta à educação, deu destaque a outro instrumento de aprimoramento do desenvolvimento da criança: a literatura infantil. Muitos autores, como é o caso de Denise Escarpit (1981), afirmam que a literatura infantil provém dos antigos contos populares, só que incorporados de um caráter didático e voltados à um público específico, uma vez que em sua origem eram destinados a diferentes faixas etárias da população, pois foram produzidos em uma época na qual o espírito coletivo e popular marcava a sociedade. A literatura infantil surgiu com um intuito pedagógico de servir de apoio ao ensino e era estruturada no conservadorismo e no didatismo, a fim de transmitir valores já presentes na sociedade para as novas gerações. Muitas das características da literatura infantil coincidem com as dos contos populares, como o vocabulário familiar, o contato com o leitor, o uso da ficção e da fantasia como uma verificação ou experimentação da realidade, os personagens movidos pelos seus próprios interesses, a aproximação afetiva, o senso comum, a visão subjetiva, a moral ingênua e até mesmo o típico final feliz. Dessa forma ambos os universos se aproximam e adquirem importante papel socializador em um período fundamental do desenvolvimento, até mesmo para a auto-reprodução da sociedade. A literatura infantil é, assim, fruto indireto do próprio conceito de infância.
  • 3. O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA A relação entre sujeito e ambiente está condicionada a diversos fatores. Língua, idade, classe social, gênero, estrutura familiar, modo de vida, posicionamento geográfico, profissão, escolaridade, dentre outros, exercem influência direta no modo como o “eu” observa, pensa, interpreta e relaciona-se com o que o rodeia. Nesse contexto, se tal influência é clara quando o sujeito já está formado, ela é ainda mais intensa durante a sua formação, fazendo com que o meio seja fator determinante na construção do pensamento e da personalidade. Diferentes idades definitivamente determinam as relações diversas que se estabelecem entre sujeito e ambiente. Henri Wallon (1879-1962), filósofo, médico e político francês, dedicou-se ao estudo do psiquismo humano, de seus mecanismos e relações mútuas, concentrando-se na infância por considerá-la o berço da maioria dos processos psíquicos. Wallon define, na formação da personalidade infantil, diferentes estágios do desenvolvimento cognitivo que se sucedem e alternam, construindo a relação do sujeito com o mundo. Os estágios do desenvolvimento cognitivo estabelecidos por Wallon fazem referência aos mecanismos através dos quais o sujeito relaciona-se com o seu redor. A manifestação desses estágios, que não ocorre de forma linear, sofre, portanto, direta influência do meio no qual o sujeito está inserido, uma vez que este fornece mais ou menos estímulos ao desenvolvimento cognitivo. Dessa forma as idades atribuídas por Wallon a cada uma das fases não são fixas e variam de acordo com os diferentes contextos de interação entre o sujeito e o meio. Wallon defende que do nascimento até o primeiro ano de vida a relação estabelecida com o mundo é impulsivo-emocional. Em tal estágio a relação entre sujeito e meio desenrola-se sem grande elaboração cognitiva, com o predomínio das emoções em tal interação, fazendo deste um estágio predominantemente afetivo. Do primeiro ano até o terceiro a criança passa pelo estágio sensório-motor e projetivo no qual desenvolve suas ações com fins práticos através da interação entre o corpo e os objetos, fazendo com que as emoções e pensamentos também sejam fisicamente expressos. Nesse estágio a criança começa a adquirir a linguagem através, inicialmente, da imitação.
  • 4. Para a criança, a aquisição da linguagem representa uma transformação radical no seu relacionamento com o meio, no seu pensamento e na sua atividade frente ao mundo. Wallon descreve o pensamento infantil como essencialmente sincrético, ou seja, ao mesmo tempo confuso e global. Ele defende que a criança percebe a realidade e a representa de forma indiferenciada. A relação com a linguagem aprofunda-se durante o terceiro estágio do desenvolvimento cognitivo, o personalismo, no qual ocorre fundamentalmente o desenvolvimento da personalidade, realizado através da consciência de si conquistada no estabelecimento de relações com o outro. O início da formação da personalidade ocorre também através de assimilações e refutações frente aos outros em relação a idéias e comportamentos. Tais relações são essencialmente sociais, re-orientando o interesse da criança para as pessoas, definindo este como mais um estágio afetivo. Tal estágio afetivo difere bastante do estágio afetivo anterior, dada a transformação da relação entre sujeito e meio possibilitada pela aquisição da linguagem. Enquanto processo gradual, a aquisição contínua da linguagem modifica constantemente tal relação ao expandir as possibilidades de interação. Wallon defende que o sincretismo, entretanto, faz-se ainda muito presente, implicando na confusão entre o sujeito e objeto pensado, os objetos entre si e os diversos planos do conhecimento¹, em uma dinâmica que se assemelha à associação livre de idéias. O sincretismo sofre também forte influência afetiva, fazendo com que o sujeito misture motivos afetivos e objetivos da experiência, definindo e explicando o real a partir disso. Tal influência só é diminuída com os progressos da atividade cognitiva conquistados nos próximos estágios do desenvolvimento cognitivo. A partir dos seis anos o amadurecimento dos centros de inibição e discriminação do cérebro gera um novo estágio denominado como categorial, fundamental para a diminuição do sincretismo, característico das fases anteriores. Tal diminuição ocorre graças à intensificação das diferenciações realizadas pelo sujeito, o que ameniza o caráter confuso e global do pensamento infantil, até então bastante presente, ao “categorizar” o meio. Ela ocorre também graças a consolidação gradual da função simbólica e à formação da personalidade, ocorridas na fase do personalismo, fundamentais ao desenvolvimento cognitivo. O interesse da criança volta-se nesse estágio,
  • 5. portanto, à conquista e compreensão do mundo e das coisas, gerando assim conhecimento com o início do predomínio da atividade cognitiva sobre a afetiva, pela primeira vez observado durante seu desenvolvimento. A possibilidade de transformar a “coisa” em “idéia”, graças à apropriação da linguagem, que usa imagens e símbolos como equivalentes da realidade, permite à criança evocar objetos ausentes e confrontá-los entre si, favorecendo o desenvolvimento da atividade mental cada vez mais desvinculada da experiência imediata e pessoal. O processo de simbolização é essencial na categorização objetiva do real ao definir signos convencionais e referências mais objetivas como predominantes sobre as experiências pessoais. Nesse estágio formam-se categorias para descrever o real, organizando-o através de classes e séries fundamentadas em uma base simbólica estável. Para isso a criança precisa desvincular a qualidade do objeto, uma vez que no sincretismo é observada uma aderência na qual o adjetivo é atributo exclusivo da coisa à qual se relaciona. Com tal separação a síntese, a análise, a generalização e a comparação podem ser realizadas, estabelecendo assim outro tipo de relação criança-mundo. O processo de discriminação dos conteúdos mentais depende estreitamente da linguagem e do conhecimento, desenvolvidos socialmente. Interagindo com o conhecimento formal ocorre a apropriação das diferenciações culturalmente realizadas, que passam a ser interpretadas pessoalmente na realização de diferenciações subjetivas. Há, dessa forma, grande dependência entre a consolidação da função categorial e do meio cultural e social no qual está inserido o sujeito. Nesse contexto a categorização dialoga também com os estereótipos, advindos da cultura, sendo internalizados e possivelmente reinterpretados pelo sujeito. Na criança, o recente desenvolvimento dessa categorização e, portanto, da capacidade crítica, fazem dela um fácil receptor desses estereótipos. Tais estereótipos só serão confrontados mais tarde com o desenvolvimento dessa capacidade, intensificado apenas na adolescência. Curiosamente é na adolescência que os estereótipos são utilizados como veículo da crítica realizada, tornando-se possível alvo da crítica do sujeito apenas mais tarde. O desenvolvimento da atividade cognitiva na criança dá-se, assim, de forma gradual e crescente, oscilando entre momentos em que a atividade
  • 6. afetiva predomina e outros em que tal percepção dá-se mais objetivamente e alternando também os diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo. A capacidade crítica desenvolve-se junto à cognitiva e sofre influência direta dos diversos fatores culturais e sociais no qual está inserido o sujeito. A RELAÇÃO ENTRE A LINGUAGEM INFANTIL E A DOS CONTOS DE FADAS A linguagem é uma importante aquisição do ser humano no decorrer da História. Ela é um meio de comunicação altamente desenvolvido e de extrema importância para o convívio em sociedade. Desde a tenra idade o ser humano é bombardeado por palavras e conseqüentemente pela linguagem. Primeiro se tem o contato com a forma coloquial da língua e com a educação passa-se, então, a conhecer a língua em sua estrutura formal. A linguagem, como já dizia Schaff (1974), é composta tanto do elemento verbal quanto do elemento mental. O autor também afirma que a palavra não é natural ao homem, assim sendo a educação social mostra-se como um instrumento necessário através do qual se aprende não somente a falar, como também a pensar e perceber o mundo de determinada maneira. Por mais que o ser humano esteja inserido em um mundo cheio de palavras, isto não implica em uma aquisição da fala de maneira fácil e rápida. Existem várias teorias que tentam resolver o enigma do desenvolvimento da fala na criança. Os behavioristas, por exemplo, dizem que a criança aprende a falar por conseguir memorizar de forma competente as palavras e frases que são faladas pelos adultos e aprende quando é estimulada de maneira positiva a adquirir um novo comportamento lingüístico. As crianças conseguem aprender uma grande variedade de palavras por relacionar o seu significado ao dos gestos, cabendo aos adultos a interpretação destes enquanto a criança não os expressa de forma verbal sofisticada. Vale destacar que, além das palavras, a entonação e a sonoridade são também importantes, pois estimulam o cérebro da criança a desenvolver mecanismos importantes para a construção da fala.
  • 7. Utilizando-se de todos os processos comunicativos, através dos quais o ser humano constrói significados, a criança aprende uma nova palavra quando esta faz sentido, representa algo para ela. De acordo com Vygotsky (1991): A transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a outros requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade de intercâmbio durante o trabalho [...]. Partiu-se da hipótese de que o meio de comunicação era o signo (a palavra ou o som ); que, por meio de uma ocorrência simultânea, um som podia associar-se ao conteúdo de qualquer experiência , servindo então para transmitir o mesmo conteúdo a outros seres humanos. No entanto, um estudo mais profundo do desenvolvimento da compreensão e da comunicação na infância levou à conclusão de que a verdadeira comunicação requer significado – isto é, generalização -, tanto quanto signos. (p. 5) O entretenimento é parte integrante do desenvolvimento da criança, fazendo-se presente através de brincadeiras ou por meio de filmes e desenhos animados. Um grande exemplo quando se refere a filmes infantis são os longas-metragens da Disney. No caso dos filmes escolhidos para este trabalho, que são baseados nos contos de fada, nota-se uma linguagem simplificada com a presença marcante da dicotomia entre o bem e o mal. Esses valores básicos são passados à criança durante seu desenvolvimento e acabam por ser reforçados através dos filmes infantis, que comumente trazem essa clássica rivalidade. Procura-se diferenciar o ambiente, as roupas, as atitudes e o tom de voz das personagens dependendo do valor que representam. Mecanismos como esses são explorados por veículos de comunicação destinados ao público infantil de forma a garantir um maior aproveitamento e apreensão por parte desse público do conteúdo veiculado. Tal dicotomia e os mecanismos para a diferenciação das personagens segundo o valor que representam serão mais explicitados no desenrolar deste trabalho, no qual tentaremos explicitar a formação de esteriótipos e como esses são posteriormente incorporados – ou não – pelo seu público. A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS
  • 8. “Desde sempre o homem vem sendo seduzido pelas narrativas que, de maneira simbólica ou realista, direta ou indiretamente, lhe falam da vida a ser vivida ou da própria condição humana, seja relacionada aos deuses seja limitada aos próprios homens” 1. Assim disse Nelly Novaes Coelho em sua obra intitulada O Conto de Fadas, na qual retrata o caminho desses fabulosos contos através dos tempos. Nesta etapa de nosso estudo tentaremos dimensionar a profundidade presente nessas narrativas, suas estruturas (psicológica e narrativa), seu desenvolvimento cronológico e os limites de sua definição. - Definição A definição de conto de fadas é imprecisa visto que diversos pesquisadores/autores costumam freqüentemente utilizá-la como sinônimo de contos maravilhosos ou contos míticos. Cabe a nós salientar as diferenças. Começaremos por explicar a diferença entre conto de fadas e contos maravilhosos. O primeiro consiste em histórias que se passam em um tempo e espaço indefinidos e que apresentam de início uma situação realista problemática, de tema universal com um conflito entre o bem e o mal, além de elementos mágicos, terminando com a punição dos maus e o final feliz do herói. São histórias nas quais o ponto de partida ou o eixo-gerador é sempre uma problemática existencial, ou seja, a realização pessoal do herói/heroína no que diz respeito a união de um casal. Uma observação importante a ser feita é que nos contos de origem celta e cristã é sempre o homem quem deve sofrer as provas para a auto-realização. Em contrapartida, nos contos de fadas nórdicos e eslavos é a figura feminina que passa pelos desafios em busca da auto-realização, como identifica Nelly Novaes Coelho2. Outro aspecto primordial para a diferenciação dos contos de fada, em relação aos contos maravilhosos, diz respeito aos personagens sempre presentes na sua estrutura mais simples: reis, rainhas, príncipes, princesas, fadas, bruxas como é identificado nas obras A bela e a fera, Cinderela, A Bela Adormecida, Branca de Neve. 1 COELHO, Nelly Novaes , O conto de fadas, p.10 2 Cf. COELHO, Nelly Novaes.O conto de fadas, p13
  • 9. Os contos maravilhosos, por sua vez, têm como eixo-gerador questões referentes à ordem social, ou seja, a auto-realização do herói/heroína ocorre no âmbito sócio-econômico. O ponto de partida é sempre miséria ou necessidade de sobrevivência, como pode ser visto nas obras O Aladim e O Gato de Botas. Os contos míticos diferem dos contos de fadas em alguns aspectos estruturais e no que diz respeito aos conteúdos abordados. Os mitos ilustram a realidade de modo mais direto e didático e, por conseguinte, psicologicamente mais efetivo do que os contos de fadas. Servem, portanto, como método educativo e de transmissão de valores em algumas sociedades. No que diz respeito aos conteúdos abordados pode-se destacar o fato de que o mito contém um elemento cultural que não é presente nos contos de fadas, restringindo, por tanto, seu entendimento apenas àqueles que se encontram naquele contexto se tornando conseqüentemente excludente ou limitado. Os contos de fadas por sua vez tratam de conteúdos, ou temas, que estão além das diferenças raciais e culturais e por tanto é uma linguagem universal a qual todos compreendem.Embora nos mitos e contos de fadas apareçam as mesmas figuras exemplares e situações milagrosas há uma diferença elementar no que diz respeito a maneira como são comunicados.Enquanto no mito o sentimento dominante é tido como absolutamente singular, não podendo acontecer com qualquer outra pessoa. Nos contos de fadas ,embora, com freqüência inusitada e improváveis as situações são apresentadas como comuns, algo que poderia acontecer com qualquer um, mesmo os mais notáveis encontros são relatados de maneiras causais e cotidianas. Outra diferença significativa entre tais reside no fato de que o final das estórias nos mitos são quase sempre trágicos enquanto nos contos sempre felizes. - Origens e Fontes Não é possível traçar um painel de ordenação lógica e definitiva sobre as raízes e fontes geradoras das narrativas dos contos de fadas, uma vez que estão presentes na cultura de diversos povos das várias regiões do mundo. Segundo Marie Louise Von Franz (1981), essa dificuldade de identificação da origem deve-se ao fato de o conto de fadas estar além das diferenças culturais e raciais, podendo assim migrar facilmente de um país para o outro. No
  • 10. entanto, há um consenso entre os orientalistas e pesquisadores de que a fonte mais antiga desses contos é a oriental. Como identifica Nelly Novaes Coelho, as mais antigas fontes conhecidas são das regiões da Índia, Egito, Palestina, Grécia Clássica, Império Romano, sendo este o grande divulgador da sabedoria mágica do Oriente no Ocidente. Ainda é possível verificar a presença dessas narrativas na Pérsia, Irã, Turquia e Arábia. Sendo as histórias orientais de Calila e Dimma e principalmente Mil e uma noites os maiores representantes destas fontes3. Antes de falarmos das fontes ocidentais, devemos falar da influência céltica na cultura cristã. Os celtas são povos de origem indo – européia que se espalharam no noroeste europeu a partir do II milênio a.C sendo que a maioria das tribos foi conquistada pelo império romano sendo a exceção os povos localizados na Grã – Bretanha. Conclui – se disso que os celtas ficaram por anos se expandindo e se fundindo com bretões, gauleses, francos, bretões entre outros o que implica a extensão de sua influência cultural ser mais intensa na grande ilha do mar do norte. E justamente nesse local é que encontrado a maior vastidão de literatura maravilhosas do mundo ocidental. Algumas como A lenda de Beowulf ; Os Mabinogion neste último encontra – se as novelas do Rei Arthur e os seus cavaleiros que foi de grande inspiração para artistas posteriores, tanto na Alemanha com os irmãos Grimm, quanto na França com Perrault,na Dinamarca com Hanz Christian Anderesen e tantos outros que são tão responsáveis pela transmissão oral e escrita, quanto pela modificação e se podemos dizer, o aperfeiçoamento destas narrativas. -Estrutura Segundo Nádia Glotib os contos de fadas apresentam uma forma simples que permanece através dos tempos por ser fluido móvel e ser capaz de se renovar nas suas transmissões sem se desmanchar4. Além de serem relatos de fácil acompanhamento e memorização, por serem curtas e 3 COELHO, Nelly Novaes, O conto de fadas, p. 15 4 Glotib apud Castro, 1994, p.27, 28
  • 11. aparentemente simples como ressalta Ilíada de Castro5, o que facilitam sua disseminação. Os contos de fadas podem ser divididos em algumas partes essenciais, são elas: Exposição; condensação; clímax e situação final. A exposição é a parte inicial do conto onde se mostra um cenário que contém uma determinada problemática, esta deverá ser solucionada no desenrolar da história pelo protagonista. A condensação é a trajetória dos personagens, na qual estes vivenciam desafios e aventuras característicos desta parte do conto, que se apresenta geralmente como a mais dinâmica. A condensação leva a história ao que seria seu ponto máximo, o clímax, o que envolve transformações dos personagens ou um obstáculo físico, como um conflito com monstro ou fera. Por fim há a situação final na qual o personagem se encontra em uma nova situação psicológica e de vida. Devemos fazer um destaque a expressão Era uma vez. Ela retrata uma situação atemporal num espaço indefinido o que não permite saber se o local é próximo ou distante do público receptor. Quando projeta – se a tão famosa expressão, todas as formas irreais ao nosso mundo, como seres humanos convivendo com seres fantásticos, plantas falantes, metamorfoses entre outros, tornam-se permitidas e tão concretas quanto na realidade que nos cerca. Bettelheim explica esse fenômeno na passagem: “O conto de fadas claramente não se refere ao mundo exterior, embora possa começar de forma bastante realista e ter entrelaçados os traços do cotidiano. A natureza irrealista destes contos (a qual os racionalistas de mente limitada objetam) é um expediente importante, porque torna óbvio que a preocupação do conto de fadas não é uma informação útil sobre o mundo exterior, mas sobre os processos interiores que ocorrem num indivíduo”6. Os contos de fadas apresentam uma estrutura particular em relação à disposição de seus personagens: o maniqueísmo. Trata-se de um conflito entre o Bem - herói/heroína, frágil, indefeso (a), injustiçado (a) – e o Mal 5 Soriano apud Castro, 1994, p.23 6 BETTELHEIM, Bruno, A psicanálise dos contos de fadas, p. 33-34
  • 12. – personagem poderoso, inimigo do herói/heroína. Ou seja, estereótipos com limites rigorosamente expressos e ausência de conflitos internos. Produzindo assim uma coragem desumana. Podemos dar exemplo do maniqueísmo no conto A Cinderela, na versão de Perrault. Como um personagem que representa o Bem há a heroína Cinderela; no caso do Mal há a Madrasta e suas filhas. -Desenvolvimento dos contos de fadas Os primitivos contos celtas e orientais do século XI se divulgaram na Europa e acabaram sendo organizados em uma estrutura novelística, cujo sucesso, iniciado no século XII, se manteve até o início do XVII. A França foi a principal mediadora dessa expansão dos contos celtas pela Europa. A rainha Alienor D’Aquitânia, expulsa da corte de Luís VII e nova rainha da Inglaterra após casar-se com Henrique II, foi uma grande incentivadora da cultura e das artes e aliou-se aos trovadores, os quais conviviam com a literatura matéria bretã, repleta da magia sonhadora celta. Torna-se apaixonada pela literatura dos contos e torna-se uma de suas mais importantes divulgadoras. O primeiro registro histórico-fantasioso foi o de Rei Artur, e é a partir dele que começaram a surgir outras invenções literárias. Foi com Marie de France, filha de Alienor D’Aquitânia e considerada a primeira poetisa francesa da História, com suas narrativas maravilhosas? conhecidas como Lais de Marie de France, que foram fundidos o paganismo e o espírito cristão, através de objetos com vida, reinos de fadas e magos, animais falantes e heróis com feitos sobre-humanos. A partir desse momento os textos passaram a ser difundidos rapidamente, devido, principalmente, à atmosfera provocada pelo amor cortês, o qual espiritualizava o amor. Com o fim da Idade Média passam a circulares novas narrativas, oriundas de modificações na matéria inaugural. Nessa etapa do desenvolvimento dos contos de fadas, a criatividade e talento do autor assumem importância decisiva, fazendo com que os textos deixem o anonimato e passem a ter apenas a origem popular. As duas fontes européias mais relevantes desse período são a de Straparola e a de Basile.
  • 13. Ambos recolhem um grande número de narrativas que circulavam oralmente em diversos dialetos na várias províncias italianas, e conseguem introduzir-lhes inúmeras novidades. Esses textos prolongaram-se pelo Renascimento, até que, na passagem da era clássica para a romântica, grande parte dessa literatura destinada a adultos passa a ser incorporada à oralidade popular e a ser transmitida em forma de literatura infantil. O principal autor que concretizou essas transformações narrativas foi o francês Charles Perrault. Segundo vários estudiosos, as narrativas de Basile serviram de fonte para Perrault, evidentemente, todos eles “expurgados da maliciosa ironia e de uma certa insolência de que Basile se utiliza ao contá-los para ouvidos cortesãos e homens mundanos” 7, diz Fryda Mantovani Perrault passa, então, a resgatar os relatos maravilhosos guardados na memória do povo e dispõe-se a redescobri-los. Contudo, o autor não iniciou essa recriação da literatura folclórica preocupado com as crianças, só após sua terceira adaptação em A pele de asno é que a intenção de produzir uma literatura infantil se manifesta. Perrault cria o primeiro núcleo da literatura infantil ocidental: Histórias ou contos do tempo passado, com suas moralidades-Contos da minha Mãe Gansa. A partir daí, direciona sua descoberta para provar a equivalência da sabedoria e valores entre os antigos greco-latinos e os antigos nacionais e divertir as crianças através de uma orientação de formação moral. É na Revolução Francesa, em 1789, com a chegada da Era Romântica e com a conseqüente imposição de uma nova razão, que as fadas passam para segundo plano no interesse dos adultos e refugiam-se no mundo infantil. Assim, o que nasceu com um profundo sentido de verdade humana tornou-se contos maravilhosos? infantis, dotados de um envoltório colorido e fantasioso. O interesse dos adultos nos contos maravilhosos vai dar-se no início do século XIX, não por preocupação com as crianças ou por entretenimento, mas pela descoberta de que as narrativas maravilhosas eram fontes extraordinariamente ricas para se estudar a origem das várias línguas e 7 Mantovani apud Coelho, O conto de fadas, p.65
  • 14. dialetos, os processos de transformações havidos para, assim, descobrir a verdadeira identidade nacional de cada povo. No núcleo europeu mais importante desses estudos lingüísticos estavam os alemães Jacob e Wilhelm Grimm, os quais, servidos de inúmeros textos de fantasia, são seduzidos pela imaginação humana e começa a publicá-los. Tanto os Grimm como Perrrault neutralizaram os dramas e medos existentes na raiz de todos os contos e nutriram-nos de leveza, bom humor e alegria, fazendo com que essa literatura ficasse bem adequada ao espírito das crianças Como revela Coelho: “...não há dúvidas de que, sem esse mar de narrativas maravilhosas, que cobrem a humanidade desde a origem dos tempos, a vida na Terra teria sido bem diferente: dificilmente poderia se vista e sentida na essencialidade e grandeza que lhes são inerentes e que, infelizmente, nem todos conseguem descobrir.” 8 -Psicologia A análise psicológica que se faz sobre os contos de fadas, sem focar em qualquer história particular, produz um material extenso, subjetivo e denso. Vamos, porém, focar nosso estudo em alguns autores que se destacaram neste campo. Como resultado de muitos estudos C.G.Jung contribui com sua formação em psiquiatria, que faz com que seja possível encontrar pontos de tangência entre seus estudos e o campo em análise.Segundo o próprio Jung o que é interessante neles é o fato de que eles são isentos de materiais culturais, como em mitos e lendas, tal fato faz com que eles se tornem o melhor lugar para se estudar a anatomia comparada da psique9. Segundo Marie Louise Von Franz: “As raízes da consciência estão mergulhadas nas profundezas do inconsciente. E os contos de fada são o veículo adequado capaz de trazer à consciência infantil em 87 COELHO, Nelly Novaes, O conto de fadas, p.75 9 Jung apud Von Franz, , A interpretação dos contos de fadas, 1981
  • 15. formação, de maneira assimilável, as ricas substâncias contidas nas raízes da psique.” 10 Desta forma se começa a ter uma noção da grandiosidade por trás dos contos, aparentemente nada mais que um tipo de criação literária.A mesma Marie Louise Von Franz fala sobre a importância que é a atividade de introduzir os contos no cotidiano desde cedo: “Deveria ter um lugar importante na educação. Infelizmente assim não acontece.Mesmo quando são oferecidos à criança costumam vir hoje retocados inescrupulosamente, os personagens todos bonzinhos e alambicados.Sua força salutar fica perdida.” 11 Isso, pois cada conto de fada fornece uma experiência de realidade psíquica que é importante principalmente para as crianças na medida em que de certa forma lhes mostrarão de uma maneira subjetiva que elas vão passar por problemas na vida. Pode-se observar por exemplo que os temas dos contos geralmente trazem os medos e as ansiedades que é comum nas crianças como a necessidade do amor, do medo, o desamparo, da rejeição e da morte. Freud vai nesta direção ao afirmar: “Não é surpreendente descobrir que a psicanálise confirma nosso reconhecimento do lugar importante que os contos de fadas populares alcançaram na vida mental de nossos filhos. Em algumas pessoas, a rememoração de seus contos de fadas favoritos ocupa o lugar das lembranças de sua própria infância; elas transformaram esses contos em lembranças encobridoras” 12. Colocando assim os contos de fadas como estratégicos para a superação dos medos infantis, embora, não sejam temas nada infantis apresentam uma maneira peculiar de abordagem que faz com que a criança entenda que seus medos não são estranhos e que tem nexo existirem, além disso, ajuda a criança a expô-los para os pais ou adultos em geral.Estes que para os psicanalistas tem um papel importante na medida em que são a fonte deles, ou seja, são os que apresentam ou não os contos às crianças e são 10 Von Franz, Marie Louise,1981, p.11 11 Ibid., p.11 12 Freud apud Magnelli, Contos de fada – possível resolução para os conflitos infantis, 2005.
  • 16. também eles que deverão tratar de conversar com a criança sobre os medos que compartilha com os personagens do conto e com isso devem tentar juntos amadurece-los para que com o passar da infância estes possam sumir e deixando de ocupar o inconsciente do adulto. Um fato relevante a respeito dos contos é que eles são formados essencialmente por arquétipos que segundo Jung: “são modelos inatos que servem de matriz para o desenvolvimento da psique” 13, o mesmo dará outro nome, imagens primordiais, estes que se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, por muitas gerações. Os arquétipos são formas instintivas de imaginar, ou ainda, são “matrizes arcaícas onde configurações análogas ou semelhantes tomam forma”14. Os chamados arquétipos seriam a base do inconsciente coletivo, este que seria uma espécie de substrato comum da psique, à espécie humana, assim como há semelhanças na anatomia há também na psique. Através, por tanto, do contato com os contos de fadas e conseqüentemente com esses arquétipos o indivíduo consegue chegar ao processo conhecido como individuação, conceituado por Jung, consiste em uma espécie de auto-conhecimento, no nível mais psíquico. Tal processo é segundo o mesmo importante para o desenvolvimento do ser humano isso pois como produto desse processo temos o que seria a síntese de um indivíduo específico e inteiro, através do desenvolvimento de suas potencialidades psíquicas. O processo se resume basicamente no confrontamento de duas partes das pessoas, o consciente e o inconsciente. Isso pois até certa idade as pessoas(crianças ainda) agem de acordo com o meio social, ou seja, de acordo com os padrões sociais, por tanto age com consciência no sentido de seguir uma conduta que lhe é esperada e não própriamente sua, a partir, entretanto, de uma certa idade a criança tende a confrontar tais padrões de comportamento com o seu inconsciente, como resultado desse processo temos um indivíduo com um novo centro psíquico que Jung nomeu de self ( ou si mesmo).Esse self será o centro de sua personalidade total. As etapas do processo de individuação se dividem em duas etapas: 13 Jung apud Von Franz,1981, p.14 14 SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.76,1981.
  • 17. A primeira é o desvestimento das falsas roupagens da persona, essa que seria justamente a aparência artificial da pessoa, aquilo que as pessoas esperam que ela seja ou até mesmo ela espere de si mesma. A segunda etapa seria a confrontação da anima( no caso de homens) e animus(no caso de mulheres). Anima é segundo estudos de Jung a feminilidade presente no inconsciente masculino e animus, o contrário para as mulheres. Segundo Nise de Silveira: “A retirada da imagem da anima de seu primeiro receptáculo constitue uma etapa muito importante na evolução psíquica do homem.Se não se realiza, a anima é transposta, sob forma 15 de imagem da mãe, para a namorada, esposa, ou amante”. No caso da mulher o animus é trasposto, sob forma de pai, posteriormente para mestres, atores, chefes políticos, e por fim, se não for confrontado, ao homem amado, o qual consequentemente adquire uma imagem ideal que dificultará a convivência. Segundo Marie Louise Von Franz: “Quando, depois de duras lutas, desfazem-se as personificações da anima ou do animus o ‘inconsciente ‘ muda de aspecto e aparece sob uma forma simbólica nova, representando o self, o núcleo mais interior da psique”.16 HISTÓRIA DO CINEMA É antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. Entre os inventos precursores do cinema estão as sombras chinesas, silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século XVII. A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph- Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo 15 SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.94,1981. 16 Von Franz apud SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.99, 1981.
  • 18. do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista. Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio. A primeira apresentação pública do cinematógrafo marca oficialmente o início da história do cinema, ocorre em 28 de dezembro de 1895, no Grand Café, em Paris, como uma produção dos irmãos Lumière. Filhos de um fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890. Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo.Louis Lumière é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos, as produções são rudimentares, em geral sobre a vida cotidiana, com cerca de dois minutos de projeção, filmados ao ar livre."Sortie de l'usine Lumière à Lyon" (ou "Empregados deixando a Fábrica Lumière") é tido como o primeiro documentário da história sendo dirigido e produzido por Louis Lumière. Seu irmão Auguste participa das primeiras descobertas, dedicando-se posteriormente à medicina. Em 1986, o cinema substituía o cinetoscópio e filmes curtos de dançarinas, atores de vaudeville, desfiles e trens encheram as telas americanas. Surgiram as produções pioneiras de Edison e das companhias Biograph e Vitagraph.Edison, ambicionando dominar o mercado, travou com seus concorrentes uma disputa por patentes industriais.
  • 19. Considerado o criador do espetáculo cinematográfico, o diretor, ator, produtor e figurinista francês Georges Méliès, depois de assistir à primeira apresentação dos Lumière, decide-se pelo cinema. Foi o primeiro a encaminhar o novo invento no rumo da fantasia, transformando a fotografia animada, de divertimento que era, em meio de expressão artística. Méilès utilizou cenários e efeitos especiais em todos seus filmes, até em cinejornais, que reconstituíam eventos importantes com maquetes e truques ópticos.Realiza os primeiros filmes de ficção – Viagem à Lua ( Voyage dans la lune, Lê – 1912) – e desenvolve diversas técnicas: fusão, exposição múltipla, uso de maquetes e truques ópticos, precursores dos efeitos especiais. Os pioneiros ingleses, como James Williasmson e George Albert Smith, formaram a chamada escola de Brighton, dedicada ao filme documental e primeira a utilizar rudimentos de montagem.Na França, Charles Pathé criou a primeira grande indústria de filmes; do curta metragem passou, no grande estúdio construído em Vicennes com seu sócio Ferdinand Zecca, a realizar filmes longos em que substituíram a fantasia pelo realismo. O maior concorrente de Pathé foi Louis Gaumont, que também criou uma produtora e montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos. E lançou a primeira mulher cineasta, Alice Guy. Ainda na França foram feitas as primeiras comédias, e nelas se combinavam personagens divertidos com perseguições. O comediante mais popular na época foi Max Linder, criador de um tipo refinado, elegante e melancólico que anteceu, de certo modo, o Carlitos de Chaplin.Também ali foram produzidos, antes da primeira Guerra Mundial e durante o conflito, os primeiros filmes de aventuras em episódios quinzenais que atraíam o público.Os seriados mais famosos foram Fantômas (1913) e Judex (1917), ambos de Louis Feuillade. A intenção de conquistar platéias mais cultas levou ao film d’art, teatro filmado com intérpretes da Comédie Française.O marco inicial dessa tendência foi L’Assassinat du duc de Guise (1908; O assassinato do duque de Guise), episódio histórico encenado com luxo e grandiloqüência, mas demasiado estático.
  • 20. Nova York já concentrava a produção cinematográfica em 1907, época em que Edwin S. Porter se firmara como diretor de estatura internacional. Dirigiu The Great Train Robbery (1903; O grande roubo do trem), considerado modelo dos filmes de ação e, em particular, do western. Seu seguidor foi David Wark Griffith, que começou como ator num filme do próprio Porter, Rescued from an Eagle's Nest (1907; Salvo de um ninho de águia). Passando à direção, em 1908, com The Adventures of Dollie, Griffith ajudou a salvar a Biograph de graves problemas financeiros e até 1911 realizou 326 filmes de um e dois rolos. Descobridor de grandes talentos como as atrizes Mary Pickford e Lillian Gish, Griffith inovou a linguagem cinematográfica com elementos como flash- back, os grandes planos e as ações paralelas, consagrados em The Birth of a Nation (1915; O nascimento de uma nação) e Intolerancce (1916), epopéias que conquistaram a admiração do público e da crítica.Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande inovador estético e diretor de filmes de faroeste que já continham todos os tópicos do gênero num estilo épico e dramático. Quando o negócio prosperou, acirrou-se a luta entre as grandes produtoras e distribuidoras pelo controle do mercado.Esse fato, aliado à Primeira Guerra Mundial que ocorria na Europa, passou a dificultar as filmagens e levou os industriais do cinema a instalarem seus estúdios em Hollywood, um subúrbio de Los Angeles. Em 1912, Mack Sennet, o maior produtor de comédias do cinema mudo, que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton, instala a sua Keystone Company.No mesmo ano, surge a Famous Players (futura Paramount) e, em 1915, a Fox Film Corporation.Para enfrentar os altos salários e custos de produção, exibidores e distribuidores reúnem-se em conglomerados autônomos, como a United Artists, fundada em 1919. O advento do som, nos Estados Unidos, revoluciona a produção cinematográfica mundial. Os anos 30 consolidam os grandes estúdios e consagram astros e estrelas como Gloria Swanson, Dustin Farnum, Mabel Normand e Theda Bara em Hollywood. Os gêneros se multiplicam e o musical ganha destaque.
  • 21. As experiências com filme colorido haviam começado já em 1906, mas só como curiosidade. Os sistemas experimentados, como o Technicolor de duas cores, foram decepcionantes e fracassaram na tentativa de entusiasmar o público. Mas por volta de 1933, o Technicolor foi aperfeiçoado com um sistema de três cores comercializável, empregado pela primeira vez no filme Vaidade e beleza (1935), de Rouben Mamoulian. Na década de 1950, o uso da cor generalizou-se tanto que o preto e branco ficou praticamente relegado a "pequenos" filmes. No pós-guerra, a chegada da televisão colocou um desafio à indústria cinematográfica que ainda hoje permanece. A indústria respondeu com uma oferta de mais espetáculo, que se concretizou no aumento de tamanho das telas. O impacto do cinema europeu sobre os cineastas americanos e a posterior decadência do sistema de grandes estúdios foram as duas linhas de força que, durante as décadas de 1960 e 1970, fizeram mudar o estilo do cinema americano. Surgiu uma nova geração de realizadores sob a influência das tendências européias e com o desejo de trabalhar com diferentes distribuidores. Muitos deles realizaram filmes de grande qualidade. Pode-se citar Stanley Kubrick, Woody Allen, Arthur Penn, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese. Diante da filmografia representada pelos realizadores do cinema "de autor" e em que pese o fato de ser americano e ligado por vezes à indústria hollywoodiana, o cinema americano deu seqüência a outras linhas de produção para o consumo de massa, especialmente de crianças e adolescentes. Seus filmes baseiam-se principalmente nos efeitos especiais proporcionados pelas novas tecnologias e que bem se enquadram nos temas escolhidos. Dentro dessa categoria figuram os filmes de catástrofes, como O destino do Poseidon (1972), de Ronald Neame, e Inferno na torre (1974), de John Guillermin e Irvin Allen; as aventuras de personagens das histórias em quadrinhos, como Superman (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, com
  • 22. suas intermináveis continuações; ou os filmes de guerra e de ficção científica, como Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas. Nesses gêneros comerciais destacou-se Steven Spielberg. HISTÓRIA DE WALT DISNEY E DA DISNEY • De “Disney Brothers Cartoon Studio” à “Walt Disney Studio” Cartazes de divulgação dos desenhos “Alice Comedies” e “Oswald, the Lucky Rabbit”. Em 1923, os três saíram em direção a Hollywood, Los Angeles, na tentativa de ganhar dinheiro realizando e fazendo sonhos, queriam mostrar ao mundo o universo dos contos de fada e dos desenhos animados. Chegam na cidade com o nome de “Disney Brothers Cartoon Studio”, posteriormente foi mudado para “Walt Disney Studio”. Na escola de artes Walt tinha uma animação sobre uma menina vivendo em um mundo de desenho animado chamada “Alice’s Wonderland” (posteriormente conhecida no Brasil como “Alice no país das maravilhas”) e usou-a como piloto para conseguir seu primeiro contrato. Após várias tentativas, a distribuidora de filmes M.J. Wrinkler não só aceita fazer a distribuição de “Alice’s Wonderland” como encomenda uma série de filmes sobre a menina, pagando mil e quinhentos dólares por cada um. Durante os 4 anos de produção de “Alice Comedies” eles conseguem acumular dinheiro, material e pessoal, então Walt decide fazer uma série de cartoon. Ele cria um personagem chamado “Oswald, the lucky rabbit”, aqui no
  • 23. Brasil conhecido como “Oswald, o coelho sortudo”. A série foi um sucesso, foram feitos 26 desenhos animados de Oswald, porém quando Walt foi à Nova York tentar aumentar o preço da venda dos desenhos à distribuidora percebeu que tinha sido enganado: a distribuidora havia roubado sua equipe, os personagens e as encomendas, fazendo os desenhos animados por sua conta. Relendo o contrato percebeu que realmente não possuía os direitos autorais de Oswald, porém mandou uma carta ao irmão acalmando-o, pois já tinha outro personagem para seus desenhos: Mickey Mouse. • Mickey Mouse Walt Disney no lançamento dos primeiros bonecos Disney Para superar a fase difícil e contornar os prejuízos, Walt Disney criou Mickey Mouse, baseado em seu ratinho de estimação Mortimer 10, em 1928 para competir com o sucesso do Gato Félix. No início Iwerks fez dois desenhos animados com Mickey Mouse como protagonista, porém os cartoons não fizeram muito sucesso pois eram filmes mudos e o som estava revolucionando a indústria do cinema. Então o próprio Walt Disney dublou o Mickey e em 18 de novembro de 1928 o camundongo, desenhado a partir de uma série de círculos, provou ser ideal para o desenho animado e se tornaria o personagem de maior sucesso dos estúdios Disney. Nessa época, a produtora passou a ser mais bem organizada: Roy cuidava da parte financeira, Walt produzia e dirigia, e Iwerks desenhava.
  • 24. Com o sucesso do camundongo e a entrada de recursos, a “Walt Disney Studio” saiu dos fundos de um escritório na Kingswell Avenue e foi para um estúdio especialmente contruído na Hyperion Avenue. Foto do “Walt Disney Studio”, localizado na Hyperion Avenue. Logo depois, para manter a série de cartoons, surgiram outras personagens para contracenar com o camundongo: Pato Donald, Pateta e Pluto. Em 1929, Disney começou a produzir uma série de desenhos que saia um pouco da linha de humor rápido que eram característicos até então chamada “Silly Simphonies” onde Mickey estrelava ao lado das novas personagens. Como a série tinha novos personagens e seguia uma linha mais voltada a emoção e a temas musicais, os artistas da Disney tinham uma grande liberdade de criação o que posteriormente seria a base para a produção de longas-metragens animados.
  • 25. Cartaz da série de desenhos “Silly Symphonies” que rendeu o primeiro Oscar de animação da história aos irmãos Disney. O reconhecimento veio em 1932 quando o desenho “Flowers and Trees”, dessa série, recebeu o primeiro Oscar de desenhe animado concedido pela academia. A série foi produzida até 1939 quando Disney descobriu que um dos sócios da empresa, Pot Powers, manipulou o valor dos bilhetes para enriquecer deixando a jovem empresa um pouco empobrecida. • Os longas metragens e a Segunda Guerra Mundial Cartaz de “Branca de Neve e os Sete Anões”, primeiro longa-metragem animado da Disney. A idéia de Walt Disney de fazer um longa-metragem sobre o conto de fadas dos Irmãos Grimm não foi aceita prontamente por todos na companhia, porém com o tempo todos estavam se esforçando para finalizar esse projeto, que após três anos de produção intensa o filme estreou e foi um sucesso. Apesar do orçamento inicial do filme ser de 150 mil dólares ele acabou custando 1,5 milhões de dólares, um absurdo para época. Mesmo assim o filme reergueu de vez os Estúdios Disney, com direito a um Oscar honorário a Walt Disney feito
  • 26. sobre medida: além da tradicional estatueta foram concedidas outras sete miniaturas desta 14. Branca de Neve e os Sete Anões gerou lucro para construção de um novo estúdio e foram criados outros longas-metragens entre eles Bambi, Fantasia e Pinóquio, além de inaugurar o que os especialistas chamam de “A Idade de Ouro da Animação Disney” 11. Os filmes tinham uma boa visibilidade e o exterior também já reconhecia o trabalho da Disney até que veio a Segunda Guerra Mundial. Em troca de informações sobre seus pais verdadeiros Walt Disney colaborava com o FBI denunciando atividades subversivas no meio artístico. Também apoiava as Forças Armadas fazendo filmes de treinamento para os soldados e também filmes de propaganda utilizando seus personagens mais conhecidos. A serviço do governo norte-americano Disney também produziu filmes e fez personagens voltados a América do Sul, visando implantar o ideal americano em um local onde começava a aparecer o comunismo, seguindo a chamada “política da boa-vizinhança” 8. O governo de Getúlio Vargas no Brasil, por exemplo, flertava com o Eixo, portanto Disney veio ao país com o objetivo de impulsionar a carreira de Carmen Miranda e criar uma personagem que futuramente viria a ser conhecido como Zé Carioca. A personagem estreou no filme “Alô amigos” em 1942 onde ciceroneava o Pato Donald pelo país e até hoje faz parte das histórias da Disney no país.
  • 27. Cartaz do filme “Você já foi a Bahia?” com a participação de Zé Carioca e Carmen Miranda além do galinho mexicano Panchito, todos criados para satisfazer a “política da boa-vizinhança” americana. • A Recuperação Pós-Guerra Durante a guerra a Disney lançou vários filmes mas todos sem repetir os grandes sucessos anteriores, o que acabou causando uma crise na empresa 12. Havia duas opções ou a empresa era vendida ou eles apostavam em outro filme com o risco da falência. Assim iniciou-se a produção de Cinderela, com o peso de reerguer os Estúdios Disney. Walt Disney apostou nessa história pois tal como a personagem principal ele foi da pobreza a riqueza. O resultado foi um filme de muito sucesso e recursos suficientes para produzir outros filmes e manter a empresa viva. No mesmo ano a Disney lançou seu primeiro filme apenas com atores chamado “A Ilha do Tesouro” e ainda em 1950 foi ao ar o primeiro Especial de Natal Disney que recolocou a empresa no ramo televisivo. Seguindo o sucesso foi lançada uma série chamada “Antologia Disney” que chegou a ser exibida em três emissoras ao mesmo tempo nos Estados Unidos e mesmo após mudanças foi a série televisiva que ficou mais tempo no ar de todos os tempos: 29 anos. • A Disneylândia Walt Disney e o projeto da “Disnleylândia”
  • 28. Com a empresa restabelecida financeiramente e bem encaminhada, Walt Disney decidiu se dedicar a um projeto ambicioso: um lugar onde pais e filhos pudessem se divertir se encantar. Esse lugar foi chamado de Disneylândia. Inaugurado em 17 de julho de 1955 o parque foi construído em parceria com a rede de televisão ABC. Inicialmente o parque contava com 5 áreas, além de toda a estrutura de acomodação incluindo um resort: - Main Street, que é modelada baseada nas vilas do meio-oeste americano do início do século vinte e tem em sua extremidade final o “Castelo da Bela Adormecida”, um dos maiores símbolos do parque. - Adventureland, um lugar projetado para recriar os ambientes das remotas selvas da Ásia e da África que possuí atrações inspiradas em filmes como “Indiana Jones” e Tarzan. - Frontierland, feito para mostrar a história dos Estados Unidos nos primeiros dias de colonização com atrações baseadas nos nativos americanos e no Velho-Oeste. - Fantasyland, é o local onde o sonho das pessoas que queriam voar como Peter Pan ou passar pelas experiências como as da Alice no país das maravilhas se tornam realidade. Inicialmente com um estilo medieval e modificada em 1983 inspirada em uma aldeia da Bavária possuí também o carrossel do Rei Arthur entre outras atrações. - Tomorrowland, onde projetos e idéias do futuro são realidade. Conta com atrações baseadas nas idéias de Jules Verne e em viagens ao espaço além das atrações incluídas após a grande transformação em 1967 onde passou a ser chamada de “Nova Tomorrowland”, baseadas em filmes como “Procurando Nemo” e “Toy Story”.
  • 29. O Castelo da Bela Adormecida, um dos maiores símbolos da Disneylândia. Localizado em Anaheim, Califórnia, com uma área de aproximadamente 344000 metros quadrados o parque temático recebeu até hoje a visita de mais de 515 milhões de pessoas, e atrações são acrescentadas regularmente pois como disse Walt Disney: “ Enquanto houver imaginação e criatividade a Disneylândia continuará em construção”. Atualmente existem mais três áreas no parque: - New Orleans Square, inaugurada em 1966 é baseada na New Orleans do século 19 onde fica o “Clube 33”, único lugar onde é permitida a venda de bebidas alcoólicas. Duas das atrações mais populares do parque também se encontram aqui: “Piratas do Caribe” e a “Mansão Mal-Assombrada”. - Critter Country, inspirado nas florestas do noroeste do Pacífico e inicialmente com o nome de Bear Country conta com atrações de personagens como o Ursinho Pooh e o Splash Mountain baseado no filme “Canção do Sul”. - Mickey´s Toontown, a recriação do subúrbio fictício de Los Angeles mostrado no filme “Uma cilada para Roger Rabbit” é onde ficam as casas de vários personagens clássicos Disney e também o melhor lugar para fazer compras do parque. Poucas vezes o parque foi fechado, uma delas sendo após o assassinato do presidente Kennedy e outra após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
  • 30. O sucesso dos longa-metragens continuaram com filmes como A Bela Adormecida e 101 Dálmatas. Em 1964 foi produzido o filme “Mary Poppins” que muitos consideram um dos melhores trabalhos de Walt Disney, uma mistura de desenhos animados com personagens humanos que concorreu ao Oscar em catorze categorias vencendo cinco. Após o sucesso da Disneylândia os planos de Walt Disney eram de construir outro parque temático, mais complexo, e já que o espaço era reduzido ele decidiu comprar um terreno do outro lado do país, mais precisamente na Flórida. A obra já estava em andamento quando Walt Disney faleceu, vítima de um câncer em 15 de dezembro de 1966, aos 65 anos. • Walt Disney World Roy Disney assumiu o papel de presidente da empresa e logo se encarregou de levar em frente os planos do irmão. Comandou a construção e os primeiros anos do parque, até sua morte em 1971, quando Walt Disney Company passou a ser liderada por uma equipe treinada pelos irmãos Disney, tendo em sua base Card Walker, Donn Tatum e Ron Miller. No dia da inauguração, perguntado por um repórter sobre o que ele acha que o irmão acharia do projeto final, respondeu: “Acho que Walt teria aprovado” 13. Localizado no município de Lake Buena Vista, próximo a Orlando no sul do estado da Flórida, o maior e mais visitado resort do mundo possuí uma área de 122 quilômetros quadrados e é composto de quatro parques temáticos, dois parques aquáticos, campos de golfe com mais de 99 buracos e 32 hotéis sendo 22 recreativos, cada um com uma tematização diferente, com hospedagens que variam entre 39 e 805 dólares. - Magic Kingdom:
  • 31. Castelo da Cinderela. Foi o primeiro a ser construído, inaugurado no primeiro dia de outubro de 1971, com atrações semelhantes às apresentadas na Disneylândia de Anahein, é o mais lúdico de todos e o mais glamoroso. Recebeu em 2007 um valor estimado de 17 milhões de visitantes, tornando-o o parque temático mais visitado no mundo 2. - Epcot: Spaceship Earth. Epcot é a sigla de Experimental Prototype Community of Tomorrow (Protótipo de Comunidade Experimental do Amanhã), um local idealizado por Walt Disney onde todas as nações coexistem harmoniosamente e haja uma comunidade equilibrada e bem-estruturada. A comunidade em si nunca existiu, porém há uma empreitada recente da Walt Disney Co.
  • 32. chamada Celebration que já está em funcionamento, inclusive com moradores ilustres como o dono do SBT, Silvio Santos 3. O parque é dividido em duas partes: a primeira é a “Future World”, com atrações high- tech como o passeio abaixo do mar com projeções super realísticas dos personagens do filme Procurando Nemo e a “Mission: Space”, desenvolvida em parceria com a HP e a NASA é um simulador tão forte quanto uma saída da atmosfera sentida pelos astronautas. A segunda é a ”World Showcase”, um lugar que tem como tema todas as nações do mundo com restaurantes e atrações que o fazem o lugar preferido dos adultos. - Disney – Hollywood Studios: Sorcerer´s Hat. Inaugurado em maio de 1989 a idéia do parque é celebrar a Hollywood das décadas de 30 e 40 e, principalmente, mostrar bastidores e fazer atrações de produções que já foram feitas pelo estúdio além das que estão em processo de desenvolvimento. É a área do WDW que mais cresce já que acompanha o ritmo de produções dos filmes, além de atrações baseadas em programas de televisão como a inspirada no famoso programa American Idol, prevista para o início de 2009 . - Animal Kingdon:
  • 33. Tree of Life. O mais novo parque da WDW foi inaugurado em 1998 e possuí uma área cerca de cinco vezes maior que o Magic Kingdom. O intuito deste reino animal é celebrar a história de todos os animais, sejam eles reais, extintos ou imaginários. Constituído por sete áreas diferentes, o parque consegue criar um clima diferenciado, pois, além de disponibilizar animais raros com seus tratadores a disposição para esclarecer dúvidas, também existem atrações feitas com a mais alta tecnologia para recriar os animais imaginários ou extintos. O Animal Kingdon é reconhecido pela Association of Zoos and Aquariums o que significa que eles tem excelência nos padrões requisitados a um zoológico de Educação, Conservação e Pesquisa 4. Os parques aquáticos do WDW também são bem visados pelos vistantes. O Blizzard Beach têm como tema uma estação de esqui na neve derretida e possuí o tobogã de velocidade mais alto do mundo e uma praia com areia e ondas artificiais. Já o Typhoon Lagoon representa um pequeno vilarejo do Hawaii arruinado por uma tempestade. Considerado um dos maiores parques aquáticos do mundo, a “Lagoa do Tufão” possuí além de todo o ambiente havaiano passeios com tubarões e outros animais marinhos como atrativo. Outro atrativo a parte é o Downtown Disney, que reúne os maiores atrativos da vida noturna ao redor do mundo. O centro de entretenimento reúne centros de compras, lazer, recreação e alimentação, além de uma infinidade de restaurantes, bares, boates e até uma filial do Cirque de Soleil: La Nouba. Para
  • 34. animar ainda mais as pessoas que passam por Downtown há uma queima de fogos todo dia a meia-noite, como se todos os dias fossem réveillon. • As novas empresas e a atualidade. O primeiro logotipo do canal de televisão da Disney. A equipe treinada pelos irmãos Disney permaneceu até 1984 e entre seus maiores feitos estão a criação da Disneylândia em Tókio e do Disney Channel, um canal com programação exclusiva da Disney na TV a cabo, além da produção de filmes como Robin Hood e O Ursinho Puff. Posteriormente a presidência da empresa foi cedida a dupla Michael Eisner e Frank Wells que com uma ótima visão de mercado conseguiu revolucionar o modo de distribuição dos filmes através da venda direta ao espectador. Já em 1984 foi criada a Touchstone Films, focando um ramo dedicado a produção de filmes mais maduros que conta com grandes clássicos como “Sociedade dos Poetas Mortos” e “Uma Linda Mulher”. No mesmo ano se inicia a venda dos “Clássicos Disney” uma coleção em vídeo com os maiores sucessos da empresa que alcançou um alto posto entre os filmes mais vendidos da história. Três anos depois a compra da rede de lojas de brinquedos infantis Childcraft leva a abertura da primeira Disney Store em Glandale, Califórnia, é o impulso para a exploração da marca e dos personagens Disney através de produtos exclusivos que até hoje são uma das bases financeiras da Walt Disney Company 5 . Após um acordo com a MGM Studios em 1989 é lançado A Pequena Sereia, filme que é a faísca para reacender as grandes produções animadas da Disney. Em 1991 A Bela e a Fera consolida o retorno dos grandes sucessos cinematográficos como o único longa-metragem animado a concorrer ao Oscar de melhor filme e um ano depois Aladdin continua gerando grandes lucros e
  • 35. fixando a marca no âmbito mundial o que é reforçado com a inauguração da Disneylândia Paris. Em 1994 Frank Wells morre em um acidente de helicóptero porém a linha agressiva e expansiva continua com Eisner no comando. No mesmo ano é lançado O Rei Leão, o filme 2d mais rentável da história do cinema, sucesso que se segue com as produções de Pocahontas, O Corcunda de Notre Dame, Tarzan, entre outros. A Disney entrou no ramo esportivo em 1992 após entrada do Mighty Ducks de Anaheim na Liga Nacional de Hóquei e com a aquisição do time de baseball “Califórnia Angels” que acabou batizado de Anaheim Angel. Continuando a expansão e a consolidação do “Império Disney” em 1996 foi adquirido pó dezenove bilhões de dólares o grupo Capital Cities/ABC, sendo a segunda maior transação já feita nos E.U.A. e transformando a Disney na maior detentora de redes de televisão do país, posto consolidado posteriormente com a aquisição da Fox Family por US$ 3 bilhões em 2001. Eisner, considerado por muitos o terceiro homem mais importante da história da Disney, saiu do comando da Disney em 2005 porém como últimos grandes atos inaugurou a Disneylândia de Hong Kong e o canal Jetix. Logotipo da Pixar, produtora adquirida pela Disney em 2006. Iger assume o comando da empresa com a responsabilidade de continuar seu crescimento e renovar a imagem da Disney. Assim, em 2006, a Pixar, produtora de alguns dos filmes mais famosos na área de animação feita por computador, foi adquirida por US$ 7,4 bilhões em ações fazendo seu executivo-chefe, Steve Jobs, o maior acionista individual da empresa e se tornando membro do Conselho de Diretores 6. Em 2007 a Walt Disney Company fechou o ano como a segunda maior empresa do ramo de entretenimento, atrás apenas da Time Warner, com um
  • 36. valor de mercado de 71.674,5 milhões de dólares classificada na posição número 64 entre as 500 empresas mais valiosas dos Estados Unidos 7, o papel da Disney na história é explicado pelo seu slogan: “Disney, where dreams come true”. Notas de rodapé: 1. 2. TEA/ERA Theme Park Attendance Report 2007. www.themeit.com. http://www.connectingindustry.com/downloads/pwteaerasupp.pdf. Acesso em 14/03/2008 3. Celebration, Flórida. www.wikipedia.org. http://en.wikipedia.org/wiki/Celebration%2C_Florida – Acesso em 08/06/2008. 4. Association of Zoos and Aquariums. http://www.aza.org/FindZooAquarium/index.cfm%3Fpage%3Dzoostate %26st%3DFL – Acesso em 08/06/2008. 5. The Walt Disney Annual Report. Walt Disney Company. http://amedia.disney.go.com/investorrelations/annual_reports/WDC- AR-2007.pdf - Acesso em 08/06/2008. 6. Disney acerta compra da Pixar por US$ 7,4 bilhões. BBC Brasil. http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/story/2006/01/060125_disne ypixarcg.shtml - Acesso em 08/06/2008. 7. Fortune: our annual ranking of America´s largest corporations. Fortune. http://money.cnn.com/magazines/fortune/fortune500/2007/snapshots/14 16.html - Acesso em 08/06/2008. 8. Disney a serviço do fbi - Historia Viva, edição 43. – Maio/2007. 9. Walt Disney biography. Just Disney. http://www.justdisney.com/WaltDisney100/biography01.html - Acesso em 21/05/2008. 10. Solomon, Charles. The Golden Age Of Mickey Mouse. http://disney.go.com/disneyatoz/familymuseum/exhibits/articles/mickeym ousegoldenage/index.html - Acesso em 23/05/2008.
  • 37. 11. Walt Disney Studio Biography. Animation USA. http://www.animationusa.com/resources/aboutdisney.html - Acesso em 23/05/08. 12. Solomon, Charles. Mickey in the Post-War Era. Disney. http://disney.go.com/disneyatoz/familymuseum/exhibits/articles/goldena ge/index.html - Acesso em 23/05/2008. 13. Griffiths, Bill. Grand opening of Walt Disney world. http://www.startedbyamouse.com/archives/GrandOpeningWDW01.shtml - Acesso em 23/25/2008. 14. Walt Disney Academy awards. Academy of Motion Picture Arts and Sciences. http://awardsdatabase.oscars.org/index.jsp - Acesso em 19/05/2008. ANÁLISE DOS FILMES: BRANCA DE NEVE E CINDERELA Branca De Neve e os Sete Anões Ficha Técnica: Título Original: Snow White and the Seven Dwarfs Titulo em Português: Branca de Neve e os Sete Anões Pais: Estados Unidos da América Lançamento: Ano de produção: 1937 Diretor: Jacob Ludwig Carl Grim, Wilhelm Carl Grim Estúdio: Walt Disney Pictures Tempo de Duração: 83 min. Gênero: Animado Classificação Etária: Livre
  • 38. História: O conto Branca De Neve relata a história de uma princesa, assim chamada por ter a pele muito branca, os lábios vermelhos como o sangue e os cabelos negros como o ébano. Ela vivia em um lindo castelo com seu pai e sua mãe. Passado algum tempo, o rei enviuvou e voltou a casar-se com uma mulher belíssima, mas extremamente cruel e vaidosa. Ela, uma feiticeira, desde o primeiro dia tratou muito mal a menina. Quando o rei morreu a feiticeira, vendo que a Branca de Neve possuiria uma beleza que excederia a sua, obrigou-a a fazer todo o trabalho no castelo. A rainha tinha um espelho mágico e todos os dias lhe perguntava quem era a mulher mais bela do reino. Um dia, ao fazer a habitual pergunta, o espelho respondeu que a rainha era bela, mas que Branca de Neve era mais bela do que ela. Certo dia Branca de Neve estava trabalhando e foi pegar água do poço para banhar-se. Seu cantarolar chamou a atenção de um prícipe que caçava pelos arredores e ele foi ao seu encontro. A malvada rainha, tomada pela inveja, mandou um caçador ir ao bosque para matar Branca de Neve. Como prova de que havia cumprido este ato, ordenou-lhe que trouxesse o coração da menina. O caçador, porém, teve pena da princesa e poupou-lhe a vida, ordenando a ela que fugisse. Para comprovar que havia obedecido às ordens da madrasta entregou-lhe o coração de um gavião. Branca de Neve correu bosque à dentro e, por estar muito cansada, adormeceu profundamente numa clareira. No dia seguinte, ao acordar, estava rodeada pelos pequenos animais da floresta que a levaram até uma casinha no centro do bosque. Dentro, tudo era pequeno: mesas, cadeiras, caminhas. Nela a desordem era aparente e tudo estava muito sujo. Ajudada pelos animaizinhos, deixou a casa toda arrumada e depois foi dormir. Ao anoitecer chegaram os donos da casa. Eram eles os sete anões, voltando da mina de diamantes onde trabalhavam. Quando a princesa acordou eles se apresentaram: Soneca, Dengoso, Dunga (o único que não tinha barbas
  • 39. e não falava), Feliz, Atchim, Mestre e Zangado. Ao serem informados dos problemas da princesa, eles resolveram tomar conta dela e permitiram que ela ficasse e em troca a princesa cuidaria da casa e dos anões. A malvada rainha não tardou, por meio do seu espelho mágico, a saber que Branca de Neve estava viva e continuava a ser a mulher mais bonita do reino. Decidiu então acabar pessoalmente com a vida da princesa. Disfarçou- se de pobre-velhinha, indefesa e feiosa, e envenenou uma maçã, que levou até a casa dos anões. Quando eles saíram para trabalhar, ofereceu a maçã envenenada à Branca de Neve, que mordeu-a e caiu adormecida. Quando os anões regressaram, pensaram que Branca de Neve tivesse morrido. De tão linda, eles não tiveram coragem de enterrá-la. Então fizeram um caixão de vidro e enfeitaram com flores. Estavam junto da princesa adormecida, quando por ali passou o príncipe do reino vizinho que há muito tempo a procurava. Ao ver a bela Branca de Neve deitada no seu leito, aproximou-se dela e deu-lhe um beijo de amor. Este beijo quebrou o feitiço, que fez a princesa cuspir a maçã e despertar. O príncipe pediu à Branca de Neve em casamento. O feliz casal encaminhou-se para o palácio do príncipe e foram felizes para sempre. História Original: A história é a da princesa branca de neve, assim chamada por ser tão corada como sangue e de cabelos tão negros como o ébano. Orfã de mãe ao nascer, é criada por uma madrasta orgulhosa e arrogante e, acima e tudo, ciumenta por seus atributos físicos. Vítima da madrasta, é salva da morte pela compaixão do caçador e encontra refúgio em uma pequena casa no meio da floresta, habitada por sete anões. Localizada pela inimiga, sofre seu assédio por duas vezes; mas consegue salvar-se. Na terceira vez, entretanto, come uma maçã envenenada e morre. Colocada num caixão de vidro, encanta um príncipe que passeava pela floresta e que pede o esquife de presente. No seu transporte, com movimento decorrente de um tropeço, a maça escapa-lhe da garganta e ela volta a viver. Casa-se com o príncipe e vivem felizes para sempre.
  • 40. Branca de Neve não faz parte da coletânea de Perrault, mas há notícias de versões mais antigas, como a registrada por Gian Alesio Brasile, em 1634, narrando a história de uma menina que sofre a perseguição da madrasta, por inveja de sua beleza e também por ciúmes da relação de seu marido com a enteada. Há outros elementos em comum com Branca de Neve: um pente enterrado em seus cabelos faz com que ela morra; um caixão de cristal em que ela repousa até o seu dispertar com a queda do pente. Na versão dos Grimm, as personagens masculinas, com exceção do pai, inexpressivo, participam de modo positivo: o caçador, que poupa-lhe a vida, os anões que a acolhem e o príncipe que a ama. Aliás, o encontro de Branca de Neve com os anões é um grande momento do enredo: um verdadeiro ato de complementação. Primeiro, por serem eles muito amáveis, segundo, porque se tornam amigos e protetores. Naquele mundo exclusivamente masculino faltava o elemento feminino. Personagens: Branca de Neve: É uma princesa bondosa e delicada, que, mesmo sendo adulta, ainda é bastante inocente, fato mostrado ao deixar a madrasta entrar em sua casa e provar a maçã envenenada por ela oferecida. Sonha com um amor verdadeiro e o encontra na figura do príncipe. Madrasta: A madrasta é o personagem com o esteriótipo mais bem definido. A personagem é a representação do mal, baseada na vaidade e na inveja. Tais características dominam em sua personalidade e a levam a ações extremas, como a de tentar matar Branca de Neve. Príncipe: Na história de Branca de Neve o príncipe tem uma aparição mínima. Ele aparece apenas duas vezes, uma ao ouvir a protagonista cantar e outra ao final da trama, quando reconhece sua amada e a leva para o seu castelo. O príncipe é um reflexo de poder, por sua posição social e de bondade, e ama Branca de Neve.
  • 41. Mestre: Esta personagem tem como função transmitir a idéia que a liderança e o conhecimento não tornam uma pessoa superior as outras e que este conhecimento beneficia o seu convívio com os outros. Feliz: Estereótipo do bom humor e da alegria. Atchim: Hipocondríaco, sempre está doente. Dengoso: Estereótipo da carência. Zangado: A personagem de zangado foi criada para representar os espectadores cínicos da platéia que assistiam a trama julgando-a como uma tolice, ao não reconhecer o valor das produções de animação. Sendo assim, a personagem de zangado é apresentada como mal-humorada, ranzinza e menos satisfeita que os outros anões. Dunga: A personagem Dunga é vista no conto como representação da inocência. Soneca: A personagem soneca é um reflexo das pessoas que permitem que a inércia domine, tornando suas atitudes lentas e ineficientes. Animais: No conto Branca de Neve e os Sete Anões, os animais da floresta são representações da bondade e da solidariedade, transmitindo aos espectadores a mensagem da importância do trabalho em equipe e a gratificação pela ajuda ao próximo. Ao longo da trama os animais ajudam Branca de Neve a encontar abrigo, a arrumar a casa e a buscar ajuda quando a princesa está em perigo. Decupagem: Cena 1: Representação da inveja e do ódio Madrasta: ─ Fala mágico espelho meu, quem agora é mais bela do que eu?
  • 42. Espelho: ─ Por de trás das sete colinas, além do espesso bosque, lá na casa dos sete anões, vive Branca de Neve que ainda é a mais bela. Madrasta: ─ Branca de Neve está morta na floresta, o caçador trouxe-me a prova, veja o coração. Espelho: ─ Branca de neve ainda vive, é a mais bela então. É o coração de um bicho que está em vossa mão. Madrasta: ─ Coração de um bicho?! Então fui traída. As luzes ficam mais escuras, uma música de suspense começa a tocar e a madrasta desce as escadas até a sua sala de feitiços, e diz: ─ Coração de um bicho, maldito caçador! Então, irei eu mesma na casa dos sete anões em um disfarce tão perfeito que ninguém irá suspeitar. A madrasta pega o seu livro de feitiços e diz: ─ Ah, a fórmula do que transforma minha beleza em feiura, faz das minhas vestes de rainha, vestes de mendiga. Pó mágico para envelhecer, meu abrigo ser o manto da noite. Para envelhecer minha voz; o riso de uma bruxa. Para branquear meus cabelos um grito de horror. O vendaval afirma o meu ódio, relâmpago, para misturar. Agora começa o teu sortilégio. A madrasta toma a poção e começa a se transformar em uma bruxa. ─ Ah! Minhas mãos! Minha voz! Ela dá uma gargalhada maléfica e diz:
  • 43. ─ Perfeito disfarce! Música: Ao longo de toda a cena há uma música instrumental remetendo a idéia de trovões e relâmpagos passando o clima de suspense e intriga. Cenário: A cena se passa dentro do castelo, na sala do espelho e na sala de feitiços. Cores: As cores são escuras, enfatizando o estriótipo do mal. Cena 2: O amor verdadeiro Branca de Neve está limpando a entrada do castelo, cantando uma música: “Sabem de um segredo? Não irão contar? Ouçam então o que eu vou dizer Quem quiser realizar aquilo que sonhar Basta o eco repetir o que você falar Um dia eu serei feliz sonhando assim Aquele com quem eu sonhei eu quero pra mim Ah-Ah-Ah-Ah-Ah” De repente aparece o príncipe que termina de cantar a canção com ela e inicia outra: “Assim Hoje eu lhe peço
  • 44. O que eu quero dizer Esta canção que eu canto é só para você O amor compôs o tema, e o poema vem de você Sinto que algum dia esta canção que eu fiz Venha fazer o nosso destino muito feliz” Música: A música cantada por Branca de Neve é romântica, calma e serena. A canção fala sobre a possibilidade de se alcançar os sonhos. Já a outra canção, fala sobre o amor, em especial sobre o amor que será vivido no futuro. Cenário: A cena se passa no jardim do castelo. Cores: As cores são claras e diversificadas. Cena 3: Após limpar toda a casa dos sete anões com a ajuda dos animais da floresta, Branca de Neve decide subir as escadas para conhecer o restante da casa que encontrou e diz: ─ O que haverá lá em cima? ─ Oh, que lindas caminhas! Olhe tem o nome de cada um deles: Mestre, Feliz, Atchim, Dunga. ─ Nomes gozados têm esses meninos... Zangado, Dengoso, Soneca. ─ Ah, agora também fiquei com sono. Branca de Neve deita nas camas e os passarinhos apagam as luzes e a cobrem.
  • 45. Enquanto isso, os sete anões estão voltando da mina onde trabalham, cantando: “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou. Parara tibum, parara tibum, eu vou, eu vou...” Ao avistarem a casa deles se espantam, pois ela está toda acesa e com fumaça saindo pela chaminé, e o Mestre diz: ─ Olhem nossa casa, azeda, não, não, acesa! Todos: ─ Nossa senhora! A porta aberta e fumaça! O que aconteceu? ─ Fantasma, assombração, o demônio, um dragão!? Zangado: ─ Podem estar certos, eu sabia disso, eu desconfiava. Os calos doem, puxa isso é um mau sinal. Vamos espiar. Mestre: ─ Isso, vamos espirrar! Quer dizer, espiar! Sigam-me! Os anões entram na casa e se espantam com a limpeza, ouvem então um barulho no andar de cima e decidem subir para ver o que está havendo. Ao subirem as escadas se deparam com Branca de Neve dormindo em suas camas. Os anãos têm a idéia de baterem nela, mas ao verem acordando mudam de idéia. Após conversarem com ela e conhecerem sua história, os anões permitem que Branca de Neve fique com eles. Música: A música cantada na cena é alegre e divertida. Cenário: A cena se passa na casa dos anões. Cores: As cores são diversificadas, sendo o quarto de cor neutra e as roupas das personagens de cores vivas.
  • 46. Análise: No caso do filme A Branca de Neve e os Sete Anões, a madrasta veste- se de preto, seu quarto é mostrado como um ambiente sombrio e ríspido e seu tom de voz é rude. Já ao mostrar Branca de Neve, nota-se a delicadeza em sua voz, suas roupas são de tonalidades mais alegres, seu amor pela natureza e os animais é mostrado de maneira marcante e o seu comportamento, apesar dos abusos da madrasta, é sempre festivo. Cinderela Ficha Técnica: Titulo original: Cinderella Titulo em português: Cinderela Pais: EUA Lançamento: Ano de produção: 1950 Diretor: Clyde Geronimi Estúdio: Walt Disney Pictures Tempo de Duração: 75 min. Gênero: Animado Classificação Etária: Livre História:
  • 47. O conto de fadas Cinderela conta a história de uma menina que era filha de um comerciante rico. Quando era criança seu pai faleceu, e Cinderela passou a ser criada por sua madrasta malvada e suas duas filhas que fizeram da jovem a criada casa. Apesar da falta de aproximação com sua nova família, Cinderela não vivia solitária, ela contava com a amizade dos animais do castelo: os ratos, o cachorro e o cavalo. Um dia o rei convocou todas as jovens do reino para um baile em homenagem ao prícipe, a fim de que este pudesse encontar sua noiva. Cinderela ficou muito contente, pois nunca perdeu a esperança em encontrar sua felicidade. Porém a madrasta não permitiria que Cinderela fosse ao baile ao menos que ela conseguisse limpar a casa, e encontrar um vestido bonito para usar na festa. No entanto, o que Cinderela nao sabia é que possuía uma fada madrinha que ao perceber a tristeza da jovem apareceu, organizou a casa e deixou Cinderela linda para o baile, entretanto, a magia só duraria até meia noite. Quando Cinderela chegou ao baile, o príncipe se apaixonou por ela e os dois dançaram juntos durante toda a noite. Ao soar das doze badaladas do relógio Cinderela saiu tão apressada que deixou cair na escada do palácio seu sapatinho de cristal. Determinado a encontrá-la, o príncipe ordenou que todas as moças do reino experimentassem o sapato e apesar de todas as armadilhas arquitetadas pela madrasta, Cinderela experimentou o sapato e comprovou ser a jovem pela qual o principe se encantou. Cinderela e o príncipe se casaram e viveram felizes para sempre. História Original: Cinderela, do francês Cendrillon, segundo o dicionário de Olívio C. Carvalho (ZXXX), significa gata borralheira, rapariga pouco asseada, porcalhona; rapariga abandonada. Perrault, no original, utiliza dois nomes para a protagonista: Cendrillon e Cucendron, traduzidos respectivamente como Cinderela e Borralheira. Apesar de constarem como sinônimos, Perrault difere os dois vocábulos. Segundo ele, o termo Cendrillon passa a ser menos ofensivo, apesar de manter o mesmo significado: sentar-se nas cinzas, ato considerado humilhante há séculos.
  • 48. A Borralheira francesa de Perrault veio à luz em 1697, e a dos irmãos Grimm cento e quinze anos depois, na Alemanha, em 1812. É possível observar a influência da época e dos lugares em que viveram os autores, ou melhor, compiladores. Há detalhes que variam como conseqüência da cultura desses países tão próximos fisicamente, mas com características tão distintas. Enquanto o texto de Perrault, ambientado na corte do Rei Sol, é mais leve e bem humorado, o dos Grimm é sombrio, tem sofrimento muito presente, influenciado pelas idéias românticas. Diz o historiador Estêvão Cruz que: “Era característica da escola romântica uma necessidade metafísica mais intensa, o interesse e o aprofundamento no mundo medieval, além da busca da cultura, da tradição popular e da valorização da fantasia”. As características do romantismo são perceptíveis no conto, como religiosidade, valorização da natureza, e contraste entre comportamento da protagonista, a vítima, e as maldades dos antagonistas. Em Perrault, percebe-se a visão de mundo de um clássico, com a prevalência do homem-razão, mesmo se movendo no universo feérico. Observa-se então, que no pano de fundo da obra, se encontra o cartesianismo do autor. Como em um verdadeiro conto de fadas, o tema básico se mantém em Cinderela, apesar de algumas variações introduzidas, que serão destacadas após a esquematização das histórias. Cinderela ou Sapatinho de Cristal (Perrault): - “Um fidalgo se casa em segundas núpcias com a mulher mais orgulhosa e mais arrogante que já existiu até hoje”. “Mãe já morta. Foi a melhor criatura do mundo”. - Pai é um fidalgo “dominado por sua mulher”. Madrasta obriga a moça a fazer os trabalhos mais grosseiros da casa. - Duas filhas orgulhosas e arrogantes. A caçula, Srta. Javotte, não é tão maldosa quanto a mais velha.
  • 49. - Cinderela (nome dado pela irmã mais nova) é a doçura em pessoa, exemplo de bondade, paciência, beleza e bom gosto. Dorme na palha do celeiro e é denominada borralheira por estar sempre suja pelas cinzas do borralho. - Convite para o baile do filho do rei. Sugere então mais trabalho para Cinderela: passar, engomar e pentear. - Para auxiliar Cinderela aparece a fada madrinha. “Se você se comportar bem, eu farei você ir”, diz-lhe a fada. Pede uma abóbora e a transforma em numa linda carruagem com sua varinha. - Da ratoeira retira seis ratos e os transforma em cavalos. Borralheira vai buscar mais ratos para a fada transformar em cocheiro. A fada pede seis lagartos e os transforma em pajens.”Irei assim, com essa roupa horrível?”, pergunta Borralheira. A fada transforma seus trapos em um rico vestido bordado a ouro, prata e pedrarias, e lhe dá um sapato de cristal. - “O encanto se desfará à meia noite e um minuto”, avisa –lhe a Fada. - Recebida pelo filho do rei, Borralheira para o baile com sua beleza. Todas as damas põem-se “a examinar com toda a atenção o seu penteado e seus trajes, para no dia seguinte copiá-los”. - Dança com graça e divide os doces com as irmãs que se espantam pela gentileza de uma princesa desconhecida. - Sai às 23:45h, agradece à madrinha e pede-lhe para ir no dia seguinte novamente. As irmãs voltam para a casa e Borralheira faz como se tivesse acordado naquele momento. A irmã comenta sobre a linda princesa desconhecida. - Novo baile com Borralheira trajando um vestido mais lindo. Só sai ao ouvir a primeira badalada da meia-noite. Deixa cair um de seus sapatinhos, que o príncipe pega. - As irmãs comentam que o príncipe está apaixonado pela linda dona do sapato. O príncipe manda que todas as moças o experimentem, mas em vão,
  • 50. pois as irmãs fazem o possível para calçá-lo, sem sucesso. Borralheira pede para experimentá-lo e o sapato serve, para o espanto de todos. - Tira do bolso o outro sapato e também o calça. Aparece então a fada que lhe transforma o vestido. As irmãs reconhecem a princesa, e pedem perdão a Borralheira. Cinderela casa-se com o príncipe. Acontece também o casamento das irmãs com dois ricos fidalgos. Outro ponto importante a ser destacado na versão de Perrault é que ele parece ter sido o criador do sapatinho de vidro. Só há registro de calçados desse material em outras cinderelas após a publicação de seus contos. A Gata Borralheira (Grimm): A mulher de um homem rico fica doente, e quando ela sente que seu fim se aproxima, chama sua única filha lhe diz: “Filha querida, se é devota e boa; então o bom Deus sempre te valerá e eu olharei por ti lá do céu, e estarei perto de ti”. Após o falecimento da mãe, o pai, que é um homem muito rico, casa-se com outra mulher. Cinderela passa a fazer serviços pesados o dia todo. Filhas bonitas e alvas de rosto, mas feias e negras de coração. Zombavam da Borralheira e esparramavam as ervilhas e as lentilhas na cinza do borralho para ela recolher e separar. Borralheira é devota e boa, vai todos os dias ao túmulo de sua mãe e chora. Dorme nas cinzas, ao lado do fogão. Por estar sempre empoeirada e suja de cinza é chamada de gata borralheira. Pede ao pai que traga o primeiro raminho que na volta lhe roce o chapéu. O pai traz, ela o planta no túmulo da mãe, regando-o com lágrimas.
  • 51. O ramo cresce e transforma-se numa bela árvore. Borralheira vai lá três vezes por dia, chora e reza e aparece um passarinho branco na árvore. Sempre que Borralheira exprime um desejo, o passarinho lhe joga o que ela deseja. São entregues no reino convites para as moças bonitas irem ao baile para o príncipe escolher sua noiva. Mais trabalho para Borralheira. Choro. Pedidos insistentes à madrasta “Derramei uma bacia de lentilhas nas cinzas, se separares as lentilhas em duas horas, poderás vir conosco”, diz a madrasta. Todos os passarinhos do céu a ajudam e concluem o serviço em uma hora. A madrasta não a deixa ir. Choro. “Se puderes catar das cinzas e recolher duas bacias de lentilhas em uma hora, então poderás vir”, diz a madrasta. Com a ajuda dos pássaros, acaba a tarefa em meia hora. “Nada disso vai te adiantar, não virás conosco, porque não tens vestido e não sabes dançar. Nós ficaríamos com vergonha de ti”, conclui a madrasta. Vão ao baile. Borralheira visita o túmulo da mãe e pede: “Sacodes teus ramos, querida nogueira”. Joga ouro e prata sobre Borralheira. Passarinho joga-lhe um vestido de ouro e prata, e sapatinhos bordados de seda e prata. O filho do rei dança só com ela. “Essa dançarina é minha” diz ele. Dança até o anoitecer, então ela quer retornar a casa. O príncipe espera até que chegue o pai da jovem e lhe diz que a moça estranha lá está. O velho pensa: “Será que não é Borralheira?”. E racham o pombal; mas dentro não há ninguém. Borralheira deixa a roupa no túmulo e o passarinho a leva embora. Ela volta para a cozinha com o velho avental. Novo baile, e ela vai com um vestido mais bonito. O príncipe só dança com ela. Quer ir embora, e o príncipe a segue. Ela foge para o jardim atrás da casa. Sobe na árvore. O príncipe espera pelo pai dela. O pai pensa: “Será que não é a Borralheira?” Manda buscar a machadinha e derruba a árvore, mas lá não há ninguém. Quando as irmãs voltam, Gata Borralheira já está deitada nas cinzas.
  • 52. Novo baile com vestido ainda mais bonito e sapatinhos de ouro puro. O príncipe só dança com ela. Quando quer ir embora, escapa ligeira, mas o príncipe tinha mandado untar com piche a escadaria inteira. O sapatinho esquerdo fica grudado num degrau. “Nenhuma outra será minha esposa a não ser aquela em cujo pé couber este sapatinho de ouro”, proclama ele. No sapato não cabe o pé da irmã mais velha. “Corta fora esse dedão do pé! Quando fores rainha, não precisarás mais andar a pé”,diz a madrasta. A moça corta-o, disfarça a dor e parte com o príncipe, mas eles têm de passar pelo túmulo onde as pombinhas cantam: “Purr-purr,purr-purr,purrinho...sangue no sapatinho, não cabe no seu pé, a noiva esta não é.” O príncipe vê o sangue, devolve a falsa noiva e faz a outra irmã provar o sapato. A madrasta entrega a segunda filha a faca, dizendo-lhe: “Corta fora um pedaço do calcanhar! Quando fores rainha, não precisaras mais andar a pé. A moça decepa-o, disfarça a dor e parte com o príncipe, mas eles também têm de passar pelo túmulo onde duas pombinhas cantam: “Purr-purr, purr-purr, purrinho...sangue no sapatinho, não cabe no seu pé, a noiva esta não é.” “A senhora não tem outra filha?”, pergunta o príncipe. “Não, diz o pai de Borralheira. Só da minha falecida esposa temos uma pequena e insignificante Gata Borralheira; não é possível ser ela a noiva, mas o príncipe quer vê-la, de qualquer maneira, e é chamada a Borralheira. Ela senta-se sobre um banquinho, tira o pé do pesado tamanco de madeira e enfia-o no sapatinho, que se adapta com perfeição. E quando ela se levanta e o príncipe a fita, reconhece a bela com quem dançara e exclama: “Esta é a noiva verdadeira”. A madrasta e as duas irmãs se surpreendem e empalidecem de raiva. Ele, porém, põe borralheira sobre o seu cavalo e partem. Duas pombinhas brancas arrulham: “purr-purr, purr-purr, purrinho... sem sangue no sapatinho, que coube
  • 53. no seu pé, a noiva esta é”. No casamento, as irmãs têm seus olhos arrancados pelas pombas. Analisando a história de Perrault a moralidade observada é: A beleza é, sem dúvida, um tesouro precioso; Ninguém se cansa de admirá-la; Vale muito mais e não tem preço Aquilo que chamamos de encanto Foi o que aconteceu com a borralheira Educando e instruindo, Sua madrinha fez dela uma rainha (Foi o que este conto nos mostrou) A beleza vale mais do que lindos penteados Para melhor seduzir os corações O encanto, porém, é o dom das fadas Sem ele nada se consegue, com ele tudo se obtém Outra moral: È sem dúvida vantajoso Ter espírito, ter coragem Ser bem nascido, ter bom senso
  • 54. E outras tantas qualidades semelhantes Mas é inútil possuí-las Pois não serão o valor para o sucesso Se não houver, também para reforçar Padrinhos ou madrinhas que ajudem A primeira moral valoriza a beleza como muito mais poderosa. Entretanto, destaca a magia e o encanto, pois só a ajuda da fada consegue transformar borralheira em rainha. Parece haver a intenção de valorizar o imaginário. A segunda registra a importância do apadrinhamento para subir na vida. Entre as duas obras há pontos em comum. Ambas apresentam acontecimentos numa ordem cronológica que permitem separá-los em dois grandes blocos: I-a morte da mãe à vida difícil com a madrasta; II-o convite para o baile ao casamento. Em ambas as histórias a presença do narrador é marcante. Ele descreve o ambiente, estabelece as relações de causa e efeito, analisa as personagens e discorre sobre o sentido moral do conto. O narrador, no caso, é um recurso do qual lança mão o autor para dizer com maior clareza aquilo que a própria história dos acontecimentos não foi capaz de exprimir. Por outro lado, além dos pontos já levantados, as duas histórias têm diferenças significativas: em Perrault, não há punição do mal. Já nos Grimm, há punição para as duas irmãs maldosas por meio de sofrimento e crueldade, mas proceda-se ao cotejo mais pormenorizado dessas duas versões.
  • 55. Análise dos Personagens: Cinderela: Cinderela é uma personagem típica dos contos de fadas, é o estereótipo do bem, meiga, bondosa e sonhadora. Mas Cinderela tem uma característica peculiar apesar de ser uma boa pessoa, ela não se deixa subestimar por sua madrasta e meias-irmãs, e até mesmo possuiu uma ponta de ironia em algumas de suas falas. Quando fica sabendo sobre o baile, por exemplo, ela assume sua posição como parte da família e lembra que o convite também se estende a ela, o que permite concluir que a personagem possui uma qualidade de princesa de contos de fada, mas também uma auto- confidência e segurança que as torna uma heroína contemporânea. Madrasta: A madrasta de Cinderela é vista como uma das mais terríveis das produções Walt Disney e também uma das mais reais. Não sendo provida de nenhuma espécie de poder mágico, a Madrasta é uma pessoa fria e calculista, que faz todo o trabalho sujo com suas próprias mãos, sem medo de mostrar suas verdadeiras cores na frente dos outros personagens e não medindo esforços para fazer a vida de Cinderela miserável. Sua introdução é uma das mais interessantes de qualquer personagem Disney, sendo apresentada em meio às sombras apenas com seus olhos em realce. O espectador pode sentir em sua dominadora expressão o ódio que sente por Cinderela, e seus brilhantes diálogos alternam entre linhas calmas e frias e momentos de súbita fúria. Brizela e Anastácia: As meia-irmãs de Cinderela também fazem parte do esteriótipo do mal. As meninas não são tão perversas como a mãe, no entanto são retratadas como jovens antipáticas, mimadas e egoístas. Príncipe: O príncipe, como na maioria dos contos de fadas, tem uma aparição restrita ao longo da história. Aparece somente nas cenas de encontro com a personagem de Cinderela, e no final, para levá-la ao castelo, concluindo o filme e promovendo o “felizes para sempre”. Na história de Cinderela o príncipe é um jovem bonito, apaixonado e decidido, pois não mede esforços para encontrar sua amada. O príncipe representa o poder e ascensão social, corresponde-se a um verdadeiro aristocrata.