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Principais
       Dançando                                                                                          conceitos
        com a
        Família                                                                                Objetivos
                                                                                               da terapia

                                                                                                     Papel do
                                                                                                    terapeuta

                                                                                                           Intervenções
     - Carl Whitaker -                                                                                       e técnicas




                                                                                                                          Em busca do pai
                         Iniciando com a família:                                       •   Construção da história.
             aliando-se, redefinindo e expandindo o sintoma
                                                                                        •   O terapeuta sugere uma ótica diferente (redefinição).

                                   Ansiedade inicial                                    •   Ponto de partida: o pai (crença do progenitor periférico).

                                                                                        •   Estrutura trigeracional: mitos, morte, divórcio, doença etc.
• Primeiros momentos: processo intenso, encoberto                  e   bilateral   de
expectativas, oportunidade para uma conexão pessoal.
                                                                                                 Alterando as perspectivas: criando um ambiente interacional
•   Jogo interativo    processo em movimento        aprendendo a dançar
                                                                                        •   Metáforas “provocativas” (antepassados do pai aspectos atuais do casal).
•   Asserção x agressão
                                                                                        •   “eles têm em si mesmos a capacidade de lutar e de crescer”.
• “Me torno mesquinho” – fantasias de cura da família                  batalha pela
iniciativa                                                                              • “a verdadeira questão torna-se a da coragem, tanto deles quanto minha.
                                                                                        Estamos dispostos a arriscar velejar em águas inexploradas?”.
•   Aliar-se e individualizar-se     mover-se para dentro e fora




               Terapia familiar simbólico-experiencial
                                                                                        •Expansão da compreensão familiar sobre o sintoma através da extensão do
                                                                                        passado e futuro.
•   Terapia simbólica é similar à infra-estrutura urbana.

• Risco para o terapeuta: transformar-se em projeto de paternidade                      •Confundir para desprogramar       desestabilizar.
simbólica.

•   Desafio para o terapeuta: manter-se em metaposição em relação à família.            •Confusão     desaprendizagem       nova aprendizagem / mudança / progresso.

•   Expansão do significado da experiência e ampliação de horizontes.
                                                                                        •Abalar, surpreender para quebrar o estado hipnótico da família de origem.
•   Uso do self do terapeuta.

• Filtramos nossas experiências através de pressupostos. O sentido e                    •Fazer uso das características universais compartilhadas pelas famílias.
impacto da realidade externa são determinados pela realidade interna.

                                                                                        •Busca do crescimento, não de alterações de comportamento.




                                                                                                                                                                       1
•“Semeando o inconsciente”: a colheita é deles, não é necessário convence-
los, o que impede a “resistência”.                                                        Conceitos principais
•Insight e compreensão são resultado da experiência, não precursores dela.        • Intuição
                                                                                  • Técnicas e teorias são secundárias à pessoa do
•Crescimento: tolerância aumentada para o absurdo da vida; estado                   terapeuta
equilibrado entre pertencimento e individuação.
                                                                                  • Desestabilização gera crescimento
                                                                                  • Batalha pela iniciativa
                                                                                  • A família tem em si mesma a capacidade para
                                                                                    lutar e crescer
                                                                                  • Realidade externa / realidade interna
                                                                                  • Pertencimento / individuação
                                                                                  • A responsabilidade é da família




             Objetivos da Terapia                                                         Papel do Terapeuta

      • Facilitar a individuação e senso de                                       •   Criar confusão
        pertencimento                                                             •   “Treinar” como sair da confusão
      • Ampliação da experiência
                                                                                  •   Envolver-se
      • Encorajar membros a serem eles mesmos e
        expressar livremente seus pensamentos e                                   •   Ajudar o membro e a família no aqui e
        sentimentos                                                                   agora
      • Espontaneidade e criatividade
      • descongelar




         Intervenções e Técnicas                                                               Textos selecionados
                                                                             O processo de terapia familiar gira em torno de pessoas e
  •   Co-terapia                                                             relacionamentos, não de técnicas de intervenção ou abstrações
                                                                             teóricas.
  •   Uso do self
  •   Envolvimento                                                           Embora a compaixão seja essencial, o terapeuta profissional não
  •   Movimento dentro para fora                                             pode esperar ser útil, ou mesmo sobreviver, se for
  •   Redefinição do sintoma como tentativa de crescimento                   demasiadamente tragado pelo altruísmo.
  •   Idéias espontâneas                                                     Eu considero um guia básico para meu papel profissional o de
  •   Mudança de papéis                                                      maximizar o crescimento de todos os envolvidos no processo
  •   Criatividade                                                           terapêutico, inclusive o meu próprio. Talvez antes de tudo, o meu
                                                                             próprio.
  •   Livre expressão dos sentimentos
  •   “provocação”                                                           As famílias não são frágeis. Elas são fortes e flexíveis.




                                                                                                                                                 2
Quando uma família se aproxima de um terapeuta, todos
                                                                    os membros querem ver sua visão pessoal validada.
                                                                    Embora este seja o seu desejo, não é o que eles
   A primeira suposição a aferrar-se é a sua visão básica das       precisam. O que eles precisam é de uma experiência que
   pessoas. (...) após mais de 40 anos nesta atividade maluca,      os liberará das perspectivas bloqueadas que eles
   eu finalmente dei-me conta de que não acredito nas pessoas.      desenvolveram. Eles precisam de uma oportunidade para
                                                                    ver suas famílias a partir de uma ótica mais complicada.
   Não há tal coisa como o indivíduo. Nós somos apenas              Para livrarem-se das dicotomias distorcidas dos bons x
   fragmentos de famílias flutuando, tentando viver a vida. Toda    maus às quais regrediram. Com efeito, eles precisam ter
   a vida e toda a patologia são interpessoais.                     sua comodidade perturbada. Eles precisam estar livres
                                                                    para desenvolver o tipo de ansiedade necessária para
                                                                    alimentá-Ios num esforço de crescimento massivo.
                                                                    Eu cheguei a pensar nisto como um tipo de fertilizante de
                                                                    amplo espectro. Pode não cheirar bem, mas é necessário
                                                                    para estimular crescimento. Pergunte a qualquer
                                                                    fazendeiro.




É um negócio ardiloso, porém, é meu dever pressionar, mas
não é o meu trabalho ou o meu direito dizer-Ihes como
crescer. Tentar vender-Ihes meu modelo de vida iria                 Outra forma de colocar isto é que as famílias não crescem
meramente solapar seus recursos e suas capacidades. Eles            devido a algo que o terapeuta tenha feito com eles. O
precisam descobrir sua própria fórmula e não tentar imitar a        verdadeiro crescimento é algo que o terapeuta e a família
minha. Toda esta coisa de "ajudar" a eles é realmente               fazem um com o outro. Não é a família ou o terapeuta; é a
aterrorizante. É aviltante tentar "ajudá-Ios", porque isto sugere   família e o terapeuta que compõem o veículo do
que minha forma de vida é superior à deles. Dados os muitos         crescimento.
terapeutas que conheci, inclusive eu mesmo, não vejo
nenhuma evidência para esta pressuposição. De forma
suscinta: "Ajudar não ajuda".




                                                                    A parte realmente traiçoeira disto tudo é que, mesmo que
                                                                    sejamos capazes de captar um relance de nossa fragilidade e
O que torna isto uma noção estranha é que implica em que            nossa humanidade, as famílias que nos vêem podem estar
"nós" não somos em nada diferentes "deles". Que somos mais          determinadas a ver-nos como oniscientes. Torna-se, então,
similares do que diferentes das famílias que tratamos. Se isto
                                                                    nossa responsabilidade esvaziar esta ilusão. Nós devemos
é verdade, o que temos para oferecer? Como operamos                 deixá-los saber que nós não podemos lhes mostrar o
quando somos despidos da casaca de guru ou do manto do              caminho. Que, para que eles cheguem em qualquer lugar,
sábio? O papel de perito ou de guru tem uma certa atração,
                                                                    terão que sujar as próprias mãos. Minha forma favorita de
porque nos ilude com o sentimento de que somos especiais.           fazer isto é a de revelar fragmentos de minha própria
Que temos a sabedoria ou a inteligência para deixá-los              humanidade. E encorajá-los a reconhecer um pouco das
conhecer algo mais sobre a vida. Isto é muito sedutor, mas
                                                                    minhas limitações. Uma resposta freqüente a um pedido de
fatal. Afinal de contas, as chances são de que você morra
                                                                    dizer-lhes o que fazer com as próprias vidas é: "Eu não
também. Eu estou rondando a noção de que eu não                     saberia agora o que dizer sobre sua situação. Eu já tenho
sobreviverei para sempre.                                           muitos problemas apenas cuidando de minha própria vida.
                                                                    Mas eu ficarei feliz de ser de alguma utilidade, enquanto
                                                                    vocês lutam com sua própria vida".




                                                                                                                                  3
A confrontação pessoal, evidentemente, é o outro lado dos cuidados
                                                                   pessoais. Você é capaz de amar apenas na medida em que está
 Sua disposição de trazer mais e mais de si mesmo para as          livre para odiar. Como Winnicott (1949) uma vez disse: "Se você não
 sessões é o ingrediente catalítico que pode desencadear a         foi odiado por seu terapeuta, você foi roubado". A confrontação
 experiência de crescimento da família. É um aprendizado           pessoal é uma experiência de valor. É um evento que vivifica todos
 magnífico quando uma família pode finalmente aceitar que          nós. Eu quero que eles tenham que “me” enfrentar. Isto provoca o
 seus cuidados podem ser, ao mesmo tempo, firmes e gentis.         fluxo sangüíneo. É a experiência que é importante, não o resultado.
 E é ainda mais profundo quando eles se dão conta de que           Como acontece no casamento, uma relação que tenha uma
 apesar de sua preocupação com eles, você cuida ainda mais         subestrutura de companheirismo pode ser enriquecida e
 de si mesmo. Embora possa advir como um choque para os            desenvolvida pela confrontação. Uma vez que não tenha este
 vestígios da ilusão do "guru", é também um alívio. Alivia-os      alicerce, ela desabará. Talvez seja mesmo mais fácil na arena
                                                                   terapêutica do que na conjugal. Como terapeuta, meu investimento
 da necessidade de ficarem preocupados em tomar conta de
                                                                   está em tornar-me envolvido em uma experiência real com a família,
 você. Uma vez liberados deste fardo não explicitado, a            e não em tentar mudá-los. A confrontação é mais uma questão de
 família pode enfocar suas próprias necessidades.                  compartilhar uma perspectiva, e não uma manipulação. Meus
                                                                   esforços são de ser honesto com eles, deixando-os livres para
                                                                   decidir o que fazer.




Aproximadamente na metade da entrevista inicial com uma
família, a sessão chegou a um beco sem saída. Como eles
pararam, eu me encontrei pensando sobre um problema que
eu tinha tido com um barco à vela. O seguinte diálogo ocorreu:
                                                                     O mais louco de tudo é que eu mesmo não me dera conta
Pai: Bom, sobre o que devemos falar? Você é o especialista aqui.     de que estava aborrecido. Quando a mãe nomeou isto, eu
                                                                     percebi que ela estava certa. Minha honestidade
Terapeuta: Engraçado que você pergunte. Eu estava sentado aqui,
                                                                     automática nesta situação levou a família de volta à
pensando sobre um problema que eu estou tendo com meu barco. A
corrente está quebrada e eu não fui capaz de consertá-la.            questão de assumir a responsabilidade. Demoveu-os da
                                                                     fantasia de dependência de que eu tinha que ensiná-los.
(pausa)

Mãe: Você está aborrecido também? Durante os últimos dez
minutos, eu estava morrendo de tédio e me perguntando do que nós
estávamos nos escondendo.




                                                                   Uma das áreas mais problemáticas para os terapeutas é a de
                                                                   discernir qual é a sua responsabilidade para com a família com que
                                                                   estão trabalhando. Esta é uma área enganadora devido às
                                                                   suposições implícitas, não verbalizadas, que os subjazem às
Outras das minhas crenças é que quando atendo uma família,
                                                                   posições adotadas.
quaisquer idéias, pensamentos ou associações que irrompem
na minha consciência pertencem a eles, tanto quanto a mim. É       Quanto mais o terapeuta sente necessidade de assumir
a combinação do meta-ambiente família terapeuta que dá             responsabilidades por um cliente, menos ele acredita na capacidade
origem a estas noções ou imagens. Como tal, parece                 deste cliente ser uma pessoa competente. Devemos evitar
apropriado compartilhá-las com a família. É claro, minha           convencer as pessoas que elas são ineptas. Por exemplo, eu tenho
consciência destas associações está conectada ao quanto            há muito resistido à idéia de chamar o professor de uma criança para
conheço sobre mim mesmo. A quão livre eu estou para entrar         discutir seu problema de comportamento. A razão básica para isto é
em sintonia com meus próprios processos interiores.                que eu não desejo reforçar a idéia de que os pais são obtusos. São
                                                                   eles que precisam falar com o professor, e não eu. Eles conhecem
                                                                   melhor a criança do que eu jamais conhecerei. Eles amam a criança
                                                                   mais do que eu jamais poderia.




                                                                                                                                          4
A outra área da minha responsabilidade está em um domínio
mais técnico ou teórico. Dados os meus preconceitos              Eu passei a pensar no papel de terapeuta como sendo uma
particulares e crenças sobre as pessoas e sobre o que o          espécie de posição parental. Talvez mais como uma função
crescimento acarreta, eu devo fazer algumas decisões             pseudoparental, porque eu nunca estou tão investido a ponto
profissionais. Neste ponto de vista de minha carreira, eu viso   de estar ali como no mundo real. Eu não me disponho
mais um ponto ótimo de crescimento, em vez de um                 realmente a levá-los para casa comigo, quando eles
crescimento marginal. Eu, por-tanto, tomo como minha             precisam de um lugar para ficar. Eu estive bastante envolvido
responsabilidade reunir condições que favoreçam a mudança.       na criação de meus próprios filhos e não estou mais
Eu quero criar condições que ampliem as possibilidades de        disponível para outro tanto. Meu envolvimento é mais no
crescimento real. Alívio temporário ou alterações menores, que   domínio de uma figura parental simbólica.
não serão de impacto real, são de pequeno interesse.




                                                                 Durante uma sessão recente, com um casal, em impasse,
                                                                 esta questão emergiu.
Estou me oferecendo para envolver-me, mas eu retenho a
opção de decidir que quero sair. Não é um compromisso para
                                                                 Esposa : Bem, doutor, o que você acha? Você ouviu todos os
toda a vida. Por último, há uma troca de dinheiro. Isto torna
                                                                 nossos problemas e sabe como eu sou infeliz. Você deve ter
claro que nosso arranjo não é de altruísmo desmedido.
                                                                 trabalhado com outros casais em situação semelhante. Você
A partir deste modelo básico, é fácil evitar a tentação de ser   pensa que seria melhor divorciar-me dele?
colocado concretamente no papel de esposo, amante ou
                                                                 Terapeuta: Bem, eu não saberia responder. Eu realmente
irmão.
                                                                 não estou disponível. Estou casado há 47 anos e não estou
É necessário ficar claro que eu pertenço a uma geração
                                                                 disposto a deixar minha mulher por você. Eu também não
diferente. Que eu estou operando em um meta-nível com
                                                                 acredito em poligamia.
relação à sua vida. Quando sinto-me coagido a preencher um
papel diferente, eu, rapidamente, movimento-me para expor e
                                                                 Minha resposta tem a intenção tanto de expor a intenção
contaminar essa situação.
                                                                 manipulativa oculta como de sublinhar o absurdo de pedir a
                                                                 alguém para dirigir a sua vi-da.




 A idéia básica de aliança também merece ser examinada
 mais de perto ao trabalhar com famílias. Embora ser capaz
 de empatia e de oferecer apoio a um indivíduo atormentado        A solução é deixá-los saber que você toma a unidade
 seja um tópico mais ou menos tranqüilo, isto é, muito mais       familiar como ponto enfocado. Que você não tem nenhum
 complicado com uma família. Qualquer comentário que              interesse em se alinhar a favor ou contra qualquer membro
 você faz é ouvido e filtrado por vários ouvidos. Um              individual ou subgrupo. Que você está empurrando toda a
 movimento para ser empático com a esposa pode ser                família a crescer.
 ouvido pelo marido como você estar se deixando enganar
 ao acreditar no lado da história que ela conta, Deixar um pai
 saber que é difícil criar os filhos é encarado por estes como
 você estando do lado do inimigo. Os exemplos deste tipo de
 desentendimento seletivo estão por toda parte.




                                                                                                                                 5
O assunto da confidencialidade é outro componente desta
 Uma das razões básicas pelas quais somos contratados
                                                                      estrutura de papéis. Acredito que não pode haver
 como terapeutas é para sermos honestos. Ninguém
                                                                      confidencialidade entre os membros de uma família. Meu
 realmente necessita de apoio falso. Ser uma prostituta
                                                                      papel é o de facilitar sua luta para crescer. Ser um
 psicológica pode oferecer algum nível de conforto
                                                                      repositório de segredos e ser seduzido a entrar em alianças
 corrompi-do, mas não é este o ponto.
                                                                      encobertas não cumpre este papel.
 Parte do papel, então, é o de estabelecer um enquadre em
                                                                      Há um custo, porém, em tomar tal posição. Você tem que
 que você desenvolva a liberdade de ser direto com eles,
                                                                      ser capaz de tolerar a idéia de que os membros da família
 sem se tomar judicativo. Quando você confronta a família,
                                                                      possam decidir não veicular informação "crucial". Eles
 você o faz a partir de um sentido de sua própria
                                                                      podem preferir ser enganosos do que levar esta informação
 honestidade, não com a intenção de levá-los a concordar
                                                                      ao conhecimento público da família. Encontrar-se apenas
 com você. Dizer "não penso que você está sendo honesto"
                                                                      com a família pode, é claro, minimizar as oportunidades
 é muito diferente de dizer "você é mentiroso". Eu não estou
                                                                      para tais manobras. Mas o assunto seguidamente emerge
 acusando ou tentando impor algo, estou apenas
                                                                      de formas diferentes. Telefonemas, cartas ou encontros
 compartilhando minha impressão.
                                                                      não programados são familiares a todos terapeutas.




A linha de base funciona mais ou menos da seguinte forma.
Não há in-formação tão valiosa que me convença a entrar
em um acordo conspiratório de um membro da família contra           A verdadeira questão aqui são as guias que você escolheu para
o outro.                                                            operar. Quando eu recebo um telefonema, carta, etc., é minha
                                                                    política levar o fato no próximo encontro, à completa revelação.
Estar disponível para tal tipo de manobra política pode             Isto clareia o ambiente e nos mantém no caminho certo.
efetivamente invalidar você como pessoa potencial-mente
útil. Por exemplo, se você concorda em falar
confidencialmente com o marido e este lhe conta que está            Evidentemente também me libera de estar amarrado e
envolvido num caso amoroso, o que você faz quando                   preocupado em manter um segredo. Uma das minhas
encontra com o casal? Se você conta para a mulher, você             caricaturas favoritas mostra um terapeuta sentado em uma
trai sua confiança, Se você permanece com o acordo de               cadeira, amarrado. O cliente está dizendo: "Doutor, estou
confidencialidade com o marido, você está subrepticiamente          sofrendo tanto. Por que você não me ajuda?". Embora isto
conspirando com ele contra ela. Quando ela, então, diz que          possa ser inevitável de tempos em tempos, ao menos não
sente que o marido já não a ama, o que fazer? A opção de            vamos fornecer a corda.
furtivamente revelar a presença de um "segredo", sem
identificar seu conteúdo, parece-me muito enganosa para
ser de real valor.




                                                                    O objetivo da terapia é ajudar as famílias a alcançar níveis
Minha visão das famílias é que os membros estão                     mais adaptativos e satisfatórios da vida. A mera remissão de
profundamente inter-conectados. Eu tenho muito pouca                sintomas não é suficiente. Eu vejo a remissão dos sintomas
confiança em que idéias ou informações possam levar ao              como um efeito colateral de uma terapia produtiva, não como
crescimento. Para que mudanças reais ocorram, a família             seu objetivo. De fato, pode ser que viver sem sintomas seja
precisa engajar uns aos outros emocionalmente. Eles precisam        apenas uma ilusão destrutiva. Um objetivo mais realista e
de experiências reais, não de insights intelectuais. Meu estilo é   apreciável seria o de desenvolver a liberdade para ter bodes
o de enfatizar experiências emocionais, e não aprendizados          expiatórios rotativos na vida familiar. Todos os membros da
educacionais.                                                       família poderiam, então, beneficiar-se da experiência de jogar
                                                                    em todas as posições.




                                                                                                                                       6
Quando procurado inicialmente por uma família, o terapeuta
Quando você atende ao telefonema e é convidado para sair por        está num dilema similar. Você aceita sem questionar a proposta
um perfeito - ou não tão perfeito - estranho, uma complicada        que estão lhe fazendo? Você engaja-se em um processo de
seqüência de investigações e testes tipicamente tem início.         troca para estar certo de que a relação se inicia em termos
Além de descobrir como seu nome e número de telefone foram          aceitáveis? Estou convicto de que o terapeuta deve sempre
revelados, você de imediato levanta tópicos como a                  iniciar pela identificação da proposta da família, e, então, fazer
familiaridade mútua, sobreposição de interesses e planos            qualquer contraproposta que julgue necessário para dar início
específicos para o encontro. Se este devesse se dar à moda          ao processo.
antiga, a mulher convidada para sair iria cuidadosamente
avaliar o proponente e suas intenções. Se sua proposta              De fato, eu penso que é tipicamente aconselhável fazer algum
incluísse um encontro tardio, num lugar retirado, ela poderia       tipo de contraproposta logo de princípio. Você precisa se
contrapor sua própria sugestão. Talvez sua oferta poderia ser       proteger de ser cooptado pela família. Embora não seja preciso
um almoço com três de suas melhores amigas, no local mais           ditar rigidamente uma série impossível de condições, você deve
público da cidade. Ele estará livre para aceitar ou recusar. De     tomar uma posição clara. Um processo político bi-direcional se
qualquer forma, ela pensará que agiu com sabedoria.                 segue. Este contato telefônico para o estabelecimento da
                                                                    consulta inicial dá o tom do que se segue. Esta batalha inicial é
                                                                    chamada de Batalha pela Estrutura.




O ponto-chave aqui é o terapeuta encarar a necessidade de
agir com integridade pessoal e profissional. Você deve agir
segundo o que você acre-dita. Traições não ajudam ninguém. A          Ao fixar estas condições, quero engajar a família num
Batalha pela Estrutura é, realmente, você defrontar-se consigo        processo interacional que leve a um intercâmbio
mesmo e apresentar isto para eles. Não é uma técnica ou jogo          experiencial. Para que o processo terapêutico tenha
de poder. É o estabelecimento das condições mínimas                   impacto, em vez de ser meramente educacional ou social,
necessárias antes de iniciar.                                         ele deve consistir de experiências reais e não meramente
                                                                      de vôos intelectuais. Embora a educação possa parecer
A Batalha pela Estrutura é o período inicial de luta política com     útil, ela tipicamente leva apenas a uma forma mais
a família. Eu preciso estabelecer o que Bowen chamaria uma            sofisticada de explicar a vida, e não de vivê-Ia.
"posição de eu" com relação à família. Quando eles começam a
ouvir e absorver as condições e limitações que estou
apresentando, sua resposta automática é a de começar a
colocar em conjunto sua própria "posição de nós".




  Outro componente crucial neste processo é a capacidade            Meu comentário padrão para as famílias, "eu não estou aqui
  do terapeuta de levar seriamente em conta as suas                 por vocês, estou aqui pelo que eu posso obter da situação", é
  próprias necessidades. Tornar-se um mártir profissional,          uma forma de dizer que eu não sou alugável como uma
  sacrificando-se pela família, não é um modelo                     prostituta profissional. Deixa-os saber que eu permanecerei o
  apropriado. Desistir ou comprometer suas próprias                 centro de minha pr6pria vida. Que eles não se preocupem em
  crenças, padrões e necessidades leva apenas ao                    proteger-me. Novamente a preocupação real com o outro
  desgaste do terapeuta. Estou convencido de que o                  requer distância preocupação consigo e a capacidade de ficar
  desgaste é o efeito colateral de nossa própria luta,              pessoalmente envolvido. A não ser que o seu motivo central
  fracassada pela integridade, e não uma função de nossa            seja seu próprio crescimento, isto degenera em um "ajudar".
  luta com os membros da família. A decisão de tentar               Uma vez que isto ocorra, está tudo perdido. Eles tornam-se
  tornar-se aquilo que eles desejam é culpa do terapeuta.           ineptos, e você, impotente.




                                                                                                                                         7
Outro fator é a aliança automática que emerge de um
                                                                referencial comum, de experiências similares ou
  A aliança é o processo de desenvolvimento suficiente de       perspectivas compartilhadas. Este tipo de essência
  uma conexão para, ao menos, sentir que vale a pena            compartilhada conota uma capacidade aumentada de
  prosseguir. Embora nós, freqüentemente, pensemos nisto        empatia. Nós não somos dependentes apenas de palavras
  como algo que o terapeuta faz a uma família, eu passei a      para veicular a profundidade de nossas experiências.
  vê-la como algo que fazemos com uma família. Isto é, nós      Evidentemente este nível de conexão também carrega
  nos engajamos em um tipo de experiência mútua.                embutido em si o dilema dos pontos cegos e da
                                                                superidentificação. Eu "sei" o que ele quer dizer, quando
                                                                um pai fazendeiro fala sobre sentir-se isolado, ou amar as
                                                                vacas. Infelizmente, eu posso não ter a menor noção de
                                                                que haja algo problemático com isto. Mas, ao menos, eu
                                                                posso ingressar aí.




                                                                As famílias tipicamente vem à terapia com um membro
Com este tipo tão comum de família, eu devo também trabalhar    familiar, em particular, manifestando um sintoma que deixa
para descobrir maneiras de pular fora dela e ganhar alguma      a família preocupada. A minha opinião é que isto deve ser
distância. Eu podia brincar com alguma coisa de forma           visto como o bilhete de entrada. Nunca acredite que este é
ausente, tomar páginas e páginas de notas para ficar            o único, ou se quer o mais importante problema da família.
visualmente distraído, ou trabalhar com um co-terapeuta a fim   Meu objetivo é, tão rapidamente quanto possível, expandir
de ter um "nós" a quem pertencer.                               o quadro de quais são os problemas e por que eles estão
                                                                ali.
No início, meu esforço é o de estabelecer uma metaposição
                                                                É como o início de um jogo de pôquer. É importante que
com relação à família. Eu desejo que eles entendam mais
                                                                todos fiquem atentos. Algumas famílias fazem isto com
sobre o que eles podem esperar de mim e o que eu posso
                                                                relativa facilidade, enquanto outras são muito mais
esperar deles. Isto não é concebido como um relacionamento
                                                                resistentes. As famílias resistentes, na verdade, estão mais
entre iguais. Eu quero que seja entendido que, no meu papel
                                                                é com medo, e é freqüentemente estimulante desafiá-Ias a
de terapeuta, eu sou membro de uma geração mais velha.
                                                                este respeito.




                                                                Outro aspecto deste trabalho centra-se na capacidade do
Além de meramente ampliar a constelação sintomática, eu         terapeuta de ser "mesquinho". Neste contexto,
também luto para alterar sua perspectiva para um ponto de       "mesquinho" representa tanto uma disposição de ser
vista interpessoal. Quando a recusa de Sarah em ir à escola é   honesto em minhas reações a eles, como uma recusa a
ligada à sua função de protetora da mãe, o quadro muda.         abandonar minha posição e ser artificialmente maternal. É
Passa a enfocar o assunto familiar e não uma mania ou           minha responsabilidade ajudá-Ios a olharem-se a si
patologia individual. Ao envolver o pai na alimentação          mesmos de forma mais corajosa. Encobrir preocupações
excessiva da mãe, eu torno isto uma função da relação, e não    ou ignorar áreas problemáticas, é algo sem valor para
uma indicação da falta de força de vontade.                     todos. Eles, podem obter isto em casa.




                                                                                                                               8
Quando você combateu com êxito na Batalha pela Estrutura
e foi capaz de estabelecer sua metaposição e condições
para a terapia, o processo se altera. Agora que a família,
num certo sentido, capitulou a suas exigências, o risco é    Os impasses são inevitáveis! Os períodos em que
que eles se acovardem e passem a bola para você. A           você se sente bloqueado e não sabe que caminho
próxima fase, então, é levá-Ios a assumir a                  tomar são parte do processo.
responsabilidade pelo que acontece na terapia.
Com a continuação do crescimento familiar, eles usam cada
vez mais os seus próprios recursos. Eles desenvolvem a
confiança para rejeitar o meu modo de pensar e começam a
acreditar mais profundamente nos seus. Eles me vêem cada
vez mais humano, com as fraquezas agora incluídas. E
estão livres para importunar-me a respeito de meus erros e
idéias absurdas. Com efeito, eles começam a me ver como
pessoa, e não como um papel. Eles tornam-se seus
próprios terapeutas, assumindo a responsabilidade por sua
própria vida.




                                                                                                               9

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  • 1. Principais Dançando conceitos com a Família Objetivos da terapia Papel do terapeuta Intervenções - Carl Whitaker - e técnicas Em busca do pai Iniciando com a família: • Construção da história. aliando-se, redefinindo e expandindo o sintoma • O terapeuta sugere uma ótica diferente (redefinição). Ansiedade inicial • Ponto de partida: o pai (crença do progenitor periférico). • Estrutura trigeracional: mitos, morte, divórcio, doença etc. • Primeiros momentos: processo intenso, encoberto e bilateral de expectativas, oportunidade para uma conexão pessoal. Alterando as perspectivas: criando um ambiente interacional • Jogo interativo processo em movimento aprendendo a dançar • Metáforas “provocativas” (antepassados do pai aspectos atuais do casal). • Asserção x agressão • “eles têm em si mesmos a capacidade de lutar e de crescer”. • “Me torno mesquinho” – fantasias de cura da família batalha pela iniciativa • “a verdadeira questão torna-se a da coragem, tanto deles quanto minha. Estamos dispostos a arriscar velejar em águas inexploradas?”. • Aliar-se e individualizar-se mover-se para dentro e fora Terapia familiar simbólico-experiencial •Expansão da compreensão familiar sobre o sintoma através da extensão do passado e futuro. • Terapia simbólica é similar à infra-estrutura urbana. • Risco para o terapeuta: transformar-se em projeto de paternidade •Confundir para desprogramar desestabilizar. simbólica. • Desafio para o terapeuta: manter-se em metaposição em relação à família. •Confusão desaprendizagem nova aprendizagem / mudança / progresso. • Expansão do significado da experiência e ampliação de horizontes. •Abalar, surpreender para quebrar o estado hipnótico da família de origem. • Uso do self do terapeuta. • Filtramos nossas experiências através de pressupostos. O sentido e •Fazer uso das características universais compartilhadas pelas famílias. impacto da realidade externa são determinados pela realidade interna. •Busca do crescimento, não de alterações de comportamento. 1
  • 2. •“Semeando o inconsciente”: a colheita é deles, não é necessário convence- los, o que impede a “resistência”. Conceitos principais •Insight e compreensão são resultado da experiência, não precursores dela. • Intuição • Técnicas e teorias são secundárias à pessoa do •Crescimento: tolerância aumentada para o absurdo da vida; estado terapeuta equilibrado entre pertencimento e individuação. • Desestabilização gera crescimento • Batalha pela iniciativa • A família tem em si mesma a capacidade para lutar e crescer • Realidade externa / realidade interna • Pertencimento / individuação • A responsabilidade é da família Objetivos da Terapia Papel do Terapeuta • Facilitar a individuação e senso de • Criar confusão pertencimento • “Treinar” como sair da confusão • Ampliação da experiência • Envolver-se • Encorajar membros a serem eles mesmos e expressar livremente seus pensamentos e • Ajudar o membro e a família no aqui e sentimentos agora • Espontaneidade e criatividade • descongelar Intervenções e Técnicas Textos selecionados O processo de terapia familiar gira em torno de pessoas e • Co-terapia relacionamentos, não de técnicas de intervenção ou abstrações teóricas. • Uso do self • Envolvimento Embora a compaixão seja essencial, o terapeuta profissional não • Movimento dentro para fora pode esperar ser útil, ou mesmo sobreviver, se for • Redefinição do sintoma como tentativa de crescimento demasiadamente tragado pelo altruísmo. • Idéias espontâneas Eu considero um guia básico para meu papel profissional o de • Mudança de papéis maximizar o crescimento de todos os envolvidos no processo • Criatividade terapêutico, inclusive o meu próprio. Talvez antes de tudo, o meu próprio. • Livre expressão dos sentimentos • “provocação” As famílias não são frágeis. Elas são fortes e flexíveis. 2
  • 3. Quando uma família se aproxima de um terapeuta, todos os membros querem ver sua visão pessoal validada. Embora este seja o seu desejo, não é o que eles A primeira suposição a aferrar-se é a sua visão básica das precisam. O que eles precisam é de uma experiência que pessoas. (...) após mais de 40 anos nesta atividade maluca, os liberará das perspectivas bloqueadas que eles eu finalmente dei-me conta de que não acredito nas pessoas. desenvolveram. Eles precisam de uma oportunidade para ver suas famílias a partir de uma ótica mais complicada. Não há tal coisa como o indivíduo. Nós somos apenas Para livrarem-se das dicotomias distorcidas dos bons x fragmentos de famílias flutuando, tentando viver a vida. Toda maus às quais regrediram. Com efeito, eles precisam ter a vida e toda a patologia são interpessoais. sua comodidade perturbada. Eles precisam estar livres para desenvolver o tipo de ansiedade necessária para alimentá-Ios num esforço de crescimento massivo. Eu cheguei a pensar nisto como um tipo de fertilizante de amplo espectro. Pode não cheirar bem, mas é necessário para estimular crescimento. Pergunte a qualquer fazendeiro. É um negócio ardiloso, porém, é meu dever pressionar, mas não é o meu trabalho ou o meu direito dizer-Ihes como crescer. Tentar vender-Ihes meu modelo de vida iria Outra forma de colocar isto é que as famílias não crescem meramente solapar seus recursos e suas capacidades. Eles devido a algo que o terapeuta tenha feito com eles. O precisam descobrir sua própria fórmula e não tentar imitar a verdadeiro crescimento é algo que o terapeuta e a família minha. Toda esta coisa de "ajudar" a eles é realmente fazem um com o outro. Não é a família ou o terapeuta; é a aterrorizante. É aviltante tentar "ajudá-Ios", porque isto sugere família e o terapeuta que compõem o veículo do que minha forma de vida é superior à deles. Dados os muitos crescimento. terapeutas que conheci, inclusive eu mesmo, não vejo nenhuma evidência para esta pressuposição. De forma suscinta: "Ajudar não ajuda". A parte realmente traiçoeira disto tudo é que, mesmo que sejamos capazes de captar um relance de nossa fragilidade e O que torna isto uma noção estranha é que implica em que nossa humanidade, as famílias que nos vêem podem estar "nós" não somos em nada diferentes "deles". Que somos mais determinadas a ver-nos como oniscientes. Torna-se, então, similares do que diferentes das famílias que tratamos. Se isto nossa responsabilidade esvaziar esta ilusão. Nós devemos é verdade, o que temos para oferecer? Como operamos deixá-los saber que nós não podemos lhes mostrar o quando somos despidos da casaca de guru ou do manto do caminho. Que, para que eles cheguem em qualquer lugar, sábio? O papel de perito ou de guru tem uma certa atração, terão que sujar as próprias mãos. Minha forma favorita de porque nos ilude com o sentimento de que somos especiais. fazer isto é a de revelar fragmentos de minha própria Que temos a sabedoria ou a inteligência para deixá-los humanidade. E encorajá-los a reconhecer um pouco das conhecer algo mais sobre a vida. Isto é muito sedutor, mas minhas limitações. Uma resposta freqüente a um pedido de fatal. Afinal de contas, as chances são de que você morra dizer-lhes o que fazer com as próprias vidas é: "Eu não também. Eu estou rondando a noção de que eu não saberia agora o que dizer sobre sua situação. Eu já tenho sobreviverei para sempre. muitos problemas apenas cuidando de minha própria vida. Mas eu ficarei feliz de ser de alguma utilidade, enquanto vocês lutam com sua própria vida". 3
  • 4. A confrontação pessoal, evidentemente, é o outro lado dos cuidados pessoais. Você é capaz de amar apenas na medida em que está Sua disposição de trazer mais e mais de si mesmo para as livre para odiar. Como Winnicott (1949) uma vez disse: "Se você não sessões é o ingrediente catalítico que pode desencadear a foi odiado por seu terapeuta, você foi roubado". A confrontação experiência de crescimento da família. É um aprendizado pessoal é uma experiência de valor. É um evento que vivifica todos magnífico quando uma família pode finalmente aceitar que nós. Eu quero que eles tenham que “me” enfrentar. Isto provoca o seus cuidados podem ser, ao mesmo tempo, firmes e gentis. fluxo sangüíneo. É a experiência que é importante, não o resultado. E é ainda mais profundo quando eles se dão conta de que Como acontece no casamento, uma relação que tenha uma apesar de sua preocupação com eles, você cuida ainda mais subestrutura de companheirismo pode ser enriquecida e de si mesmo. Embora possa advir como um choque para os desenvolvida pela confrontação. Uma vez que não tenha este vestígios da ilusão do "guru", é também um alívio. Alivia-os alicerce, ela desabará. Talvez seja mesmo mais fácil na arena terapêutica do que na conjugal. Como terapeuta, meu investimento da necessidade de ficarem preocupados em tomar conta de está em tornar-me envolvido em uma experiência real com a família, você. Uma vez liberados deste fardo não explicitado, a e não em tentar mudá-los. A confrontação é mais uma questão de família pode enfocar suas próprias necessidades. compartilhar uma perspectiva, e não uma manipulação. Meus esforços são de ser honesto com eles, deixando-os livres para decidir o que fazer. Aproximadamente na metade da entrevista inicial com uma família, a sessão chegou a um beco sem saída. Como eles pararam, eu me encontrei pensando sobre um problema que eu tinha tido com um barco à vela. O seguinte diálogo ocorreu: O mais louco de tudo é que eu mesmo não me dera conta Pai: Bom, sobre o que devemos falar? Você é o especialista aqui. de que estava aborrecido. Quando a mãe nomeou isto, eu percebi que ela estava certa. Minha honestidade Terapeuta: Engraçado que você pergunte. Eu estava sentado aqui, automática nesta situação levou a família de volta à pensando sobre um problema que eu estou tendo com meu barco. A corrente está quebrada e eu não fui capaz de consertá-la. questão de assumir a responsabilidade. Demoveu-os da fantasia de dependência de que eu tinha que ensiná-los. (pausa) Mãe: Você está aborrecido também? Durante os últimos dez minutos, eu estava morrendo de tédio e me perguntando do que nós estávamos nos escondendo. Uma das áreas mais problemáticas para os terapeutas é a de discernir qual é a sua responsabilidade para com a família com que estão trabalhando. Esta é uma área enganadora devido às suposições implícitas, não verbalizadas, que os subjazem às Outras das minhas crenças é que quando atendo uma família, posições adotadas. quaisquer idéias, pensamentos ou associações que irrompem na minha consciência pertencem a eles, tanto quanto a mim. É Quanto mais o terapeuta sente necessidade de assumir a combinação do meta-ambiente família terapeuta que dá responsabilidades por um cliente, menos ele acredita na capacidade origem a estas noções ou imagens. Como tal, parece deste cliente ser uma pessoa competente. Devemos evitar apropriado compartilhá-las com a família. É claro, minha convencer as pessoas que elas são ineptas. Por exemplo, eu tenho consciência destas associações está conectada ao quanto há muito resistido à idéia de chamar o professor de uma criança para conheço sobre mim mesmo. A quão livre eu estou para entrar discutir seu problema de comportamento. A razão básica para isto é em sintonia com meus próprios processos interiores. que eu não desejo reforçar a idéia de que os pais são obtusos. São eles que precisam falar com o professor, e não eu. Eles conhecem melhor a criança do que eu jamais conhecerei. Eles amam a criança mais do que eu jamais poderia. 4
  • 5. A outra área da minha responsabilidade está em um domínio mais técnico ou teórico. Dados os meus preconceitos Eu passei a pensar no papel de terapeuta como sendo uma particulares e crenças sobre as pessoas e sobre o que o espécie de posição parental. Talvez mais como uma função crescimento acarreta, eu devo fazer algumas decisões pseudoparental, porque eu nunca estou tão investido a ponto profissionais. Neste ponto de vista de minha carreira, eu viso de estar ali como no mundo real. Eu não me disponho mais um ponto ótimo de crescimento, em vez de um realmente a levá-los para casa comigo, quando eles crescimento marginal. Eu, por-tanto, tomo como minha precisam de um lugar para ficar. Eu estive bastante envolvido responsabilidade reunir condições que favoreçam a mudança. na criação de meus próprios filhos e não estou mais Eu quero criar condições que ampliem as possibilidades de disponível para outro tanto. Meu envolvimento é mais no crescimento real. Alívio temporário ou alterações menores, que domínio de uma figura parental simbólica. não serão de impacto real, são de pequeno interesse. Durante uma sessão recente, com um casal, em impasse, esta questão emergiu. Estou me oferecendo para envolver-me, mas eu retenho a opção de decidir que quero sair. Não é um compromisso para Esposa : Bem, doutor, o que você acha? Você ouviu todos os toda a vida. Por último, há uma troca de dinheiro. Isto torna nossos problemas e sabe como eu sou infeliz. Você deve ter claro que nosso arranjo não é de altruísmo desmedido. trabalhado com outros casais em situação semelhante. Você A partir deste modelo básico, é fácil evitar a tentação de ser pensa que seria melhor divorciar-me dele? colocado concretamente no papel de esposo, amante ou Terapeuta: Bem, eu não saberia responder. Eu realmente irmão. não estou disponível. Estou casado há 47 anos e não estou É necessário ficar claro que eu pertenço a uma geração disposto a deixar minha mulher por você. Eu também não diferente. Que eu estou operando em um meta-nível com acredito em poligamia. relação à sua vida. Quando sinto-me coagido a preencher um papel diferente, eu, rapidamente, movimento-me para expor e Minha resposta tem a intenção tanto de expor a intenção contaminar essa situação. manipulativa oculta como de sublinhar o absurdo de pedir a alguém para dirigir a sua vi-da. A idéia básica de aliança também merece ser examinada mais de perto ao trabalhar com famílias. Embora ser capaz de empatia e de oferecer apoio a um indivíduo atormentado A solução é deixá-los saber que você toma a unidade seja um tópico mais ou menos tranqüilo, isto é, muito mais familiar como ponto enfocado. Que você não tem nenhum complicado com uma família. Qualquer comentário que interesse em se alinhar a favor ou contra qualquer membro você faz é ouvido e filtrado por vários ouvidos. Um individual ou subgrupo. Que você está empurrando toda a movimento para ser empático com a esposa pode ser família a crescer. ouvido pelo marido como você estar se deixando enganar ao acreditar no lado da história que ela conta, Deixar um pai saber que é difícil criar os filhos é encarado por estes como você estando do lado do inimigo. Os exemplos deste tipo de desentendimento seletivo estão por toda parte. 5
  • 6. O assunto da confidencialidade é outro componente desta Uma das razões básicas pelas quais somos contratados estrutura de papéis. Acredito que não pode haver como terapeutas é para sermos honestos. Ninguém confidencialidade entre os membros de uma família. Meu realmente necessita de apoio falso. Ser uma prostituta papel é o de facilitar sua luta para crescer. Ser um psicológica pode oferecer algum nível de conforto repositório de segredos e ser seduzido a entrar em alianças corrompi-do, mas não é este o ponto. encobertas não cumpre este papel. Parte do papel, então, é o de estabelecer um enquadre em Há um custo, porém, em tomar tal posição. Você tem que que você desenvolva a liberdade de ser direto com eles, ser capaz de tolerar a idéia de que os membros da família sem se tomar judicativo. Quando você confronta a família, possam decidir não veicular informação "crucial". Eles você o faz a partir de um sentido de sua própria podem preferir ser enganosos do que levar esta informação honestidade, não com a intenção de levá-los a concordar ao conhecimento público da família. Encontrar-se apenas com você. Dizer "não penso que você está sendo honesto" com a família pode, é claro, minimizar as oportunidades é muito diferente de dizer "você é mentiroso". Eu não estou para tais manobras. Mas o assunto seguidamente emerge acusando ou tentando impor algo, estou apenas de formas diferentes. Telefonemas, cartas ou encontros compartilhando minha impressão. não programados são familiares a todos terapeutas. A linha de base funciona mais ou menos da seguinte forma. Não há in-formação tão valiosa que me convença a entrar em um acordo conspiratório de um membro da família contra A verdadeira questão aqui são as guias que você escolheu para o outro. operar. Quando eu recebo um telefonema, carta, etc., é minha política levar o fato no próximo encontro, à completa revelação. Estar disponível para tal tipo de manobra política pode Isto clareia o ambiente e nos mantém no caminho certo. efetivamente invalidar você como pessoa potencial-mente útil. Por exemplo, se você concorda em falar confidencialmente com o marido e este lhe conta que está Evidentemente também me libera de estar amarrado e envolvido num caso amoroso, o que você faz quando preocupado em manter um segredo. Uma das minhas encontra com o casal? Se você conta para a mulher, você caricaturas favoritas mostra um terapeuta sentado em uma trai sua confiança, Se você permanece com o acordo de cadeira, amarrado. O cliente está dizendo: "Doutor, estou confidencialidade com o marido, você está subrepticiamente sofrendo tanto. Por que você não me ajuda?". Embora isto conspirando com ele contra ela. Quando ela, então, diz que possa ser inevitável de tempos em tempos, ao menos não sente que o marido já não a ama, o que fazer? A opção de vamos fornecer a corda. furtivamente revelar a presença de um "segredo", sem identificar seu conteúdo, parece-me muito enganosa para ser de real valor. O objetivo da terapia é ajudar as famílias a alcançar níveis Minha visão das famílias é que os membros estão mais adaptativos e satisfatórios da vida. A mera remissão de profundamente inter-conectados. Eu tenho muito pouca sintomas não é suficiente. Eu vejo a remissão dos sintomas confiança em que idéias ou informações possam levar ao como um efeito colateral de uma terapia produtiva, não como crescimento. Para que mudanças reais ocorram, a família seu objetivo. De fato, pode ser que viver sem sintomas seja precisa engajar uns aos outros emocionalmente. Eles precisam apenas uma ilusão destrutiva. Um objetivo mais realista e de experiências reais, não de insights intelectuais. Meu estilo é apreciável seria o de desenvolver a liberdade para ter bodes o de enfatizar experiências emocionais, e não aprendizados expiatórios rotativos na vida familiar. Todos os membros da educacionais. família poderiam, então, beneficiar-se da experiência de jogar em todas as posições. 6
  • 7. Quando procurado inicialmente por uma família, o terapeuta Quando você atende ao telefonema e é convidado para sair por está num dilema similar. Você aceita sem questionar a proposta um perfeito - ou não tão perfeito - estranho, uma complicada que estão lhe fazendo? Você engaja-se em um processo de seqüência de investigações e testes tipicamente tem início. troca para estar certo de que a relação se inicia em termos Além de descobrir como seu nome e número de telefone foram aceitáveis? Estou convicto de que o terapeuta deve sempre revelados, você de imediato levanta tópicos como a iniciar pela identificação da proposta da família, e, então, fazer familiaridade mútua, sobreposição de interesses e planos qualquer contraproposta que julgue necessário para dar início específicos para o encontro. Se este devesse se dar à moda ao processo. antiga, a mulher convidada para sair iria cuidadosamente avaliar o proponente e suas intenções. Se sua proposta De fato, eu penso que é tipicamente aconselhável fazer algum incluísse um encontro tardio, num lugar retirado, ela poderia tipo de contraproposta logo de princípio. Você precisa se contrapor sua própria sugestão. Talvez sua oferta poderia ser proteger de ser cooptado pela família. Embora não seja preciso um almoço com três de suas melhores amigas, no local mais ditar rigidamente uma série impossível de condições, você deve público da cidade. Ele estará livre para aceitar ou recusar. De tomar uma posição clara. Um processo político bi-direcional se qualquer forma, ela pensará que agiu com sabedoria. segue. Este contato telefônico para o estabelecimento da consulta inicial dá o tom do que se segue. Esta batalha inicial é chamada de Batalha pela Estrutura. O ponto-chave aqui é o terapeuta encarar a necessidade de agir com integridade pessoal e profissional. Você deve agir segundo o que você acre-dita. Traições não ajudam ninguém. A Ao fixar estas condições, quero engajar a família num Batalha pela Estrutura é, realmente, você defrontar-se consigo processo interacional que leve a um intercâmbio mesmo e apresentar isto para eles. Não é uma técnica ou jogo experiencial. Para que o processo terapêutico tenha de poder. É o estabelecimento das condições mínimas impacto, em vez de ser meramente educacional ou social, necessárias antes de iniciar. ele deve consistir de experiências reais e não meramente de vôos intelectuais. Embora a educação possa parecer A Batalha pela Estrutura é o período inicial de luta política com útil, ela tipicamente leva apenas a uma forma mais a família. Eu preciso estabelecer o que Bowen chamaria uma sofisticada de explicar a vida, e não de vivê-Ia. "posição de eu" com relação à família. Quando eles começam a ouvir e absorver as condições e limitações que estou apresentando, sua resposta automática é a de começar a colocar em conjunto sua própria "posição de nós". Outro componente crucial neste processo é a capacidade Meu comentário padrão para as famílias, "eu não estou aqui do terapeuta de levar seriamente em conta as suas por vocês, estou aqui pelo que eu posso obter da situação", é próprias necessidades. Tornar-se um mártir profissional, uma forma de dizer que eu não sou alugável como uma sacrificando-se pela família, não é um modelo prostituta profissional. Deixa-os saber que eu permanecerei o apropriado. Desistir ou comprometer suas próprias centro de minha pr6pria vida. Que eles não se preocupem em crenças, padrões e necessidades leva apenas ao proteger-me. Novamente a preocupação real com o outro desgaste do terapeuta. Estou convencido de que o requer distância preocupação consigo e a capacidade de ficar desgaste é o efeito colateral de nossa própria luta, pessoalmente envolvido. A não ser que o seu motivo central fracassada pela integridade, e não uma função de nossa seja seu próprio crescimento, isto degenera em um "ajudar". luta com os membros da família. A decisão de tentar Uma vez que isto ocorra, está tudo perdido. Eles tornam-se tornar-se aquilo que eles desejam é culpa do terapeuta. ineptos, e você, impotente. 7
  • 8. Outro fator é a aliança automática que emerge de um referencial comum, de experiências similares ou A aliança é o processo de desenvolvimento suficiente de perspectivas compartilhadas. Este tipo de essência uma conexão para, ao menos, sentir que vale a pena compartilhada conota uma capacidade aumentada de prosseguir. Embora nós, freqüentemente, pensemos nisto empatia. Nós não somos dependentes apenas de palavras como algo que o terapeuta faz a uma família, eu passei a para veicular a profundidade de nossas experiências. vê-la como algo que fazemos com uma família. Isto é, nós Evidentemente este nível de conexão também carrega nos engajamos em um tipo de experiência mútua. embutido em si o dilema dos pontos cegos e da superidentificação. Eu "sei" o que ele quer dizer, quando um pai fazendeiro fala sobre sentir-se isolado, ou amar as vacas. Infelizmente, eu posso não ter a menor noção de que haja algo problemático com isto. Mas, ao menos, eu posso ingressar aí. As famílias tipicamente vem à terapia com um membro Com este tipo tão comum de família, eu devo também trabalhar familiar, em particular, manifestando um sintoma que deixa para descobrir maneiras de pular fora dela e ganhar alguma a família preocupada. A minha opinião é que isto deve ser distância. Eu podia brincar com alguma coisa de forma visto como o bilhete de entrada. Nunca acredite que este é ausente, tomar páginas e páginas de notas para ficar o único, ou se quer o mais importante problema da família. visualmente distraído, ou trabalhar com um co-terapeuta a fim Meu objetivo é, tão rapidamente quanto possível, expandir de ter um "nós" a quem pertencer. o quadro de quais são os problemas e por que eles estão ali. No início, meu esforço é o de estabelecer uma metaposição É como o início de um jogo de pôquer. É importante que com relação à família. Eu desejo que eles entendam mais todos fiquem atentos. Algumas famílias fazem isto com sobre o que eles podem esperar de mim e o que eu posso relativa facilidade, enquanto outras são muito mais esperar deles. Isto não é concebido como um relacionamento resistentes. As famílias resistentes, na verdade, estão mais entre iguais. Eu quero que seja entendido que, no meu papel é com medo, e é freqüentemente estimulante desafiá-Ias a de terapeuta, eu sou membro de uma geração mais velha. este respeito. Outro aspecto deste trabalho centra-se na capacidade do Além de meramente ampliar a constelação sintomática, eu terapeuta de ser "mesquinho". Neste contexto, também luto para alterar sua perspectiva para um ponto de "mesquinho" representa tanto uma disposição de ser vista interpessoal. Quando a recusa de Sarah em ir à escola é honesto em minhas reações a eles, como uma recusa a ligada à sua função de protetora da mãe, o quadro muda. abandonar minha posição e ser artificialmente maternal. É Passa a enfocar o assunto familiar e não uma mania ou minha responsabilidade ajudá-Ios a olharem-se a si patologia individual. Ao envolver o pai na alimentação mesmos de forma mais corajosa. Encobrir preocupações excessiva da mãe, eu torno isto uma função da relação, e não ou ignorar áreas problemáticas, é algo sem valor para uma indicação da falta de força de vontade. todos. Eles, podem obter isto em casa. 8
  • 9. Quando você combateu com êxito na Batalha pela Estrutura e foi capaz de estabelecer sua metaposição e condições para a terapia, o processo se altera. Agora que a família, num certo sentido, capitulou a suas exigências, o risco é Os impasses são inevitáveis! Os períodos em que que eles se acovardem e passem a bola para você. A você se sente bloqueado e não sabe que caminho próxima fase, então, é levá-Ios a assumir a tomar são parte do processo. responsabilidade pelo que acontece na terapia. Com a continuação do crescimento familiar, eles usam cada vez mais os seus próprios recursos. Eles desenvolvem a confiança para rejeitar o meu modo de pensar e começam a acreditar mais profundamente nos seus. Eles me vêem cada vez mais humano, com as fraquezas agora incluídas. E estão livres para importunar-me a respeito de meus erros e idéias absurdas. Com efeito, eles começam a me ver como pessoa, e não como um papel. Eles tornam-se seus próprios terapeutas, assumindo a responsabilidade por sua própria vida. 9