Este documento discute conceitos e técnicas da terapia familiar simbólico-experiencial. Em menos de 3 frases:
1) O documento descreve a abordagem do terapeuta de criar confusão para desestabilizar crenças rígidas e permitir novo crescimento.
2) As intervenções incluem usar o self do terapeuta, movimentos dentro e para fora, e redefinição do sintoma como tentativa de crescimento.
3) O papel do terapeuta é ajudar a família a ver novos pontos
1. Principais
Dançando conceitos
com a
Família Objetivos
da terapia
Papel do
terapeuta
Intervenções
- Carl Whitaker - e técnicas
Em busca do pai
Iniciando com a família: • Construção da história.
aliando-se, redefinindo e expandindo o sintoma
• O terapeuta sugere uma ótica diferente (redefinição).
Ansiedade inicial • Ponto de partida: o pai (crença do progenitor periférico).
• Estrutura trigeracional: mitos, morte, divórcio, doença etc.
• Primeiros momentos: processo intenso, encoberto e bilateral de
expectativas, oportunidade para uma conexão pessoal.
Alterando as perspectivas: criando um ambiente interacional
• Jogo interativo processo em movimento aprendendo a dançar
• Metáforas “provocativas” (antepassados do pai aspectos atuais do casal).
• Asserção x agressão
• “eles têm em si mesmos a capacidade de lutar e de crescer”.
• “Me torno mesquinho” – fantasias de cura da família batalha pela
iniciativa • “a verdadeira questão torna-se a da coragem, tanto deles quanto minha.
Estamos dispostos a arriscar velejar em águas inexploradas?”.
• Aliar-se e individualizar-se mover-se para dentro e fora
Terapia familiar simbólico-experiencial
•Expansão da compreensão familiar sobre o sintoma através da extensão do
passado e futuro.
• Terapia simbólica é similar à infra-estrutura urbana.
• Risco para o terapeuta: transformar-se em projeto de paternidade •Confundir para desprogramar desestabilizar.
simbólica.
• Desafio para o terapeuta: manter-se em metaposição em relação à família. •Confusão desaprendizagem nova aprendizagem / mudança / progresso.
• Expansão do significado da experiência e ampliação de horizontes.
•Abalar, surpreender para quebrar o estado hipnótico da família de origem.
• Uso do self do terapeuta.
• Filtramos nossas experiências através de pressupostos. O sentido e •Fazer uso das características universais compartilhadas pelas famílias.
impacto da realidade externa são determinados pela realidade interna.
•Busca do crescimento, não de alterações de comportamento.
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2. •“Semeando o inconsciente”: a colheita é deles, não é necessário convence-
los, o que impede a “resistência”. Conceitos principais
•Insight e compreensão são resultado da experiência, não precursores dela. • Intuição
• Técnicas e teorias são secundárias à pessoa do
•Crescimento: tolerância aumentada para o absurdo da vida; estado terapeuta
equilibrado entre pertencimento e individuação.
• Desestabilização gera crescimento
• Batalha pela iniciativa
• A família tem em si mesma a capacidade para
lutar e crescer
• Realidade externa / realidade interna
• Pertencimento / individuação
• A responsabilidade é da família
Objetivos da Terapia Papel do Terapeuta
• Facilitar a individuação e senso de • Criar confusão
pertencimento • “Treinar” como sair da confusão
• Ampliação da experiência
• Envolver-se
• Encorajar membros a serem eles mesmos e
expressar livremente seus pensamentos e • Ajudar o membro e a família no aqui e
sentimentos agora
• Espontaneidade e criatividade
• descongelar
Intervenções e Técnicas Textos selecionados
O processo de terapia familiar gira em torno de pessoas e
• Co-terapia relacionamentos, não de técnicas de intervenção ou abstrações
teóricas.
• Uso do self
• Envolvimento Embora a compaixão seja essencial, o terapeuta profissional não
• Movimento dentro para fora pode esperar ser útil, ou mesmo sobreviver, se for
• Redefinição do sintoma como tentativa de crescimento demasiadamente tragado pelo altruísmo.
• Idéias espontâneas Eu considero um guia básico para meu papel profissional o de
• Mudança de papéis maximizar o crescimento de todos os envolvidos no processo
• Criatividade terapêutico, inclusive o meu próprio. Talvez antes de tudo, o meu
próprio.
• Livre expressão dos sentimentos
• “provocação” As famílias não são frágeis. Elas são fortes e flexíveis.
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3. Quando uma família se aproxima de um terapeuta, todos
os membros querem ver sua visão pessoal validada.
Embora este seja o seu desejo, não é o que eles
A primeira suposição a aferrar-se é a sua visão básica das precisam. O que eles precisam é de uma experiência que
pessoas. (...) após mais de 40 anos nesta atividade maluca, os liberará das perspectivas bloqueadas que eles
eu finalmente dei-me conta de que não acredito nas pessoas. desenvolveram. Eles precisam de uma oportunidade para
ver suas famílias a partir de uma ótica mais complicada.
Não há tal coisa como o indivíduo. Nós somos apenas Para livrarem-se das dicotomias distorcidas dos bons x
fragmentos de famílias flutuando, tentando viver a vida. Toda maus às quais regrediram. Com efeito, eles precisam ter
a vida e toda a patologia são interpessoais. sua comodidade perturbada. Eles precisam estar livres
para desenvolver o tipo de ansiedade necessária para
alimentá-Ios num esforço de crescimento massivo.
Eu cheguei a pensar nisto como um tipo de fertilizante de
amplo espectro. Pode não cheirar bem, mas é necessário
para estimular crescimento. Pergunte a qualquer
fazendeiro.
É um negócio ardiloso, porém, é meu dever pressionar, mas
não é o meu trabalho ou o meu direito dizer-Ihes como
crescer. Tentar vender-Ihes meu modelo de vida iria Outra forma de colocar isto é que as famílias não crescem
meramente solapar seus recursos e suas capacidades. Eles devido a algo que o terapeuta tenha feito com eles. O
precisam descobrir sua própria fórmula e não tentar imitar a verdadeiro crescimento é algo que o terapeuta e a família
minha. Toda esta coisa de "ajudar" a eles é realmente fazem um com o outro. Não é a família ou o terapeuta; é a
aterrorizante. É aviltante tentar "ajudá-Ios", porque isto sugere família e o terapeuta que compõem o veículo do
que minha forma de vida é superior à deles. Dados os muitos crescimento.
terapeutas que conheci, inclusive eu mesmo, não vejo
nenhuma evidência para esta pressuposição. De forma
suscinta: "Ajudar não ajuda".
A parte realmente traiçoeira disto tudo é que, mesmo que
sejamos capazes de captar um relance de nossa fragilidade e
O que torna isto uma noção estranha é que implica em que nossa humanidade, as famílias que nos vêem podem estar
"nós" não somos em nada diferentes "deles". Que somos mais determinadas a ver-nos como oniscientes. Torna-se, então,
similares do que diferentes das famílias que tratamos. Se isto
nossa responsabilidade esvaziar esta ilusão. Nós devemos
é verdade, o que temos para oferecer? Como operamos deixá-los saber que nós não podemos lhes mostrar o
quando somos despidos da casaca de guru ou do manto do caminho. Que, para que eles cheguem em qualquer lugar,
sábio? O papel de perito ou de guru tem uma certa atração,
terão que sujar as próprias mãos. Minha forma favorita de
porque nos ilude com o sentimento de que somos especiais. fazer isto é a de revelar fragmentos de minha própria
Que temos a sabedoria ou a inteligência para deixá-los humanidade. E encorajá-los a reconhecer um pouco das
conhecer algo mais sobre a vida. Isto é muito sedutor, mas
minhas limitações. Uma resposta freqüente a um pedido de
fatal. Afinal de contas, as chances são de que você morra
dizer-lhes o que fazer com as próprias vidas é: "Eu não
também. Eu estou rondando a noção de que eu não saberia agora o que dizer sobre sua situação. Eu já tenho
sobreviverei para sempre. muitos problemas apenas cuidando de minha própria vida.
Mas eu ficarei feliz de ser de alguma utilidade, enquanto
vocês lutam com sua própria vida".
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4. A confrontação pessoal, evidentemente, é o outro lado dos cuidados
pessoais. Você é capaz de amar apenas na medida em que está
Sua disposição de trazer mais e mais de si mesmo para as livre para odiar. Como Winnicott (1949) uma vez disse: "Se você não
sessões é o ingrediente catalítico que pode desencadear a foi odiado por seu terapeuta, você foi roubado". A confrontação
experiência de crescimento da família. É um aprendizado pessoal é uma experiência de valor. É um evento que vivifica todos
magnífico quando uma família pode finalmente aceitar que nós. Eu quero que eles tenham que “me” enfrentar. Isto provoca o
seus cuidados podem ser, ao mesmo tempo, firmes e gentis. fluxo sangüíneo. É a experiência que é importante, não o resultado.
E é ainda mais profundo quando eles se dão conta de que Como acontece no casamento, uma relação que tenha uma
apesar de sua preocupação com eles, você cuida ainda mais subestrutura de companheirismo pode ser enriquecida e
de si mesmo. Embora possa advir como um choque para os desenvolvida pela confrontação. Uma vez que não tenha este
vestígios da ilusão do "guru", é também um alívio. Alivia-os alicerce, ela desabará. Talvez seja mesmo mais fácil na arena
terapêutica do que na conjugal. Como terapeuta, meu investimento
da necessidade de ficarem preocupados em tomar conta de
está em tornar-me envolvido em uma experiência real com a família,
você. Uma vez liberados deste fardo não explicitado, a e não em tentar mudá-los. A confrontação é mais uma questão de
família pode enfocar suas próprias necessidades. compartilhar uma perspectiva, e não uma manipulação. Meus
esforços são de ser honesto com eles, deixando-os livres para
decidir o que fazer.
Aproximadamente na metade da entrevista inicial com uma
família, a sessão chegou a um beco sem saída. Como eles
pararam, eu me encontrei pensando sobre um problema que
eu tinha tido com um barco à vela. O seguinte diálogo ocorreu:
O mais louco de tudo é que eu mesmo não me dera conta
Pai: Bom, sobre o que devemos falar? Você é o especialista aqui. de que estava aborrecido. Quando a mãe nomeou isto, eu
percebi que ela estava certa. Minha honestidade
Terapeuta: Engraçado que você pergunte. Eu estava sentado aqui,
automática nesta situação levou a família de volta à
pensando sobre um problema que eu estou tendo com meu barco. A
corrente está quebrada e eu não fui capaz de consertá-la. questão de assumir a responsabilidade. Demoveu-os da
fantasia de dependência de que eu tinha que ensiná-los.
(pausa)
Mãe: Você está aborrecido também? Durante os últimos dez
minutos, eu estava morrendo de tédio e me perguntando do que nós
estávamos nos escondendo.
Uma das áreas mais problemáticas para os terapeutas é a de
discernir qual é a sua responsabilidade para com a família com que
estão trabalhando. Esta é uma área enganadora devido às
suposições implícitas, não verbalizadas, que os subjazem às
Outras das minhas crenças é que quando atendo uma família,
posições adotadas.
quaisquer idéias, pensamentos ou associações que irrompem
na minha consciência pertencem a eles, tanto quanto a mim. É Quanto mais o terapeuta sente necessidade de assumir
a combinação do meta-ambiente família terapeuta que dá responsabilidades por um cliente, menos ele acredita na capacidade
origem a estas noções ou imagens. Como tal, parece deste cliente ser uma pessoa competente. Devemos evitar
apropriado compartilhá-las com a família. É claro, minha convencer as pessoas que elas são ineptas. Por exemplo, eu tenho
consciência destas associações está conectada ao quanto há muito resistido à idéia de chamar o professor de uma criança para
conheço sobre mim mesmo. A quão livre eu estou para entrar discutir seu problema de comportamento. A razão básica para isto é
em sintonia com meus próprios processos interiores. que eu não desejo reforçar a idéia de que os pais são obtusos. São
eles que precisam falar com o professor, e não eu. Eles conhecem
melhor a criança do que eu jamais conhecerei. Eles amam a criança
mais do que eu jamais poderia.
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5. A outra área da minha responsabilidade está em um domínio
mais técnico ou teórico. Dados os meus preconceitos Eu passei a pensar no papel de terapeuta como sendo uma
particulares e crenças sobre as pessoas e sobre o que o espécie de posição parental. Talvez mais como uma função
crescimento acarreta, eu devo fazer algumas decisões pseudoparental, porque eu nunca estou tão investido a ponto
profissionais. Neste ponto de vista de minha carreira, eu viso de estar ali como no mundo real. Eu não me disponho
mais um ponto ótimo de crescimento, em vez de um realmente a levá-los para casa comigo, quando eles
crescimento marginal. Eu, por-tanto, tomo como minha precisam de um lugar para ficar. Eu estive bastante envolvido
responsabilidade reunir condições que favoreçam a mudança. na criação de meus próprios filhos e não estou mais
Eu quero criar condições que ampliem as possibilidades de disponível para outro tanto. Meu envolvimento é mais no
crescimento real. Alívio temporário ou alterações menores, que domínio de uma figura parental simbólica.
não serão de impacto real, são de pequeno interesse.
Durante uma sessão recente, com um casal, em impasse,
esta questão emergiu.
Estou me oferecendo para envolver-me, mas eu retenho a
opção de decidir que quero sair. Não é um compromisso para
Esposa : Bem, doutor, o que você acha? Você ouviu todos os
toda a vida. Por último, há uma troca de dinheiro. Isto torna
nossos problemas e sabe como eu sou infeliz. Você deve ter
claro que nosso arranjo não é de altruísmo desmedido.
trabalhado com outros casais em situação semelhante. Você
A partir deste modelo básico, é fácil evitar a tentação de ser pensa que seria melhor divorciar-me dele?
colocado concretamente no papel de esposo, amante ou
Terapeuta: Bem, eu não saberia responder. Eu realmente
irmão.
não estou disponível. Estou casado há 47 anos e não estou
É necessário ficar claro que eu pertenço a uma geração
disposto a deixar minha mulher por você. Eu também não
diferente. Que eu estou operando em um meta-nível com
acredito em poligamia.
relação à sua vida. Quando sinto-me coagido a preencher um
papel diferente, eu, rapidamente, movimento-me para expor e
Minha resposta tem a intenção tanto de expor a intenção
contaminar essa situação.
manipulativa oculta como de sublinhar o absurdo de pedir a
alguém para dirigir a sua vi-da.
A idéia básica de aliança também merece ser examinada
mais de perto ao trabalhar com famílias. Embora ser capaz
de empatia e de oferecer apoio a um indivíduo atormentado A solução é deixá-los saber que você toma a unidade
seja um tópico mais ou menos tranqüilo, isto é, muito mais familiar como ponto enfocado. Que você não tem nenhum
complicado com uma família. Qualquer comentário que interesse em se alinhar a favor ou contra qualquer membro
você faz é ouvido e filtrado por vários ouvidos. Um individual ou subgrupo. Que você está empurrando toda a
movimento para ser empático com a esposa pode ser família a crescer.
ouvido pelo marido como você estar se deixando enganar
ao acreditar no lado da história que ela conta, Deixar um pai
saber que é difícil criar os filhos é encarado por estes como
você estando do lado do inimigo. Os exemplos deste tipo de
desentendimento seletivo estão por toda parte.
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6. O assunto da confidencialidade é outro componente desta
Uma das razões básicas pelas quais somos contratados
estrutura de papéis. Acredito que não pode haver
como terapeutas é para sermos honestos. Ninguém
confidencialidade entre os membros de uma família. Meu
realmente necessita de apoio falso. Ser uma prostituta
papel é o de facilitar sua luta para crescer. Ser um
psicológica pode oferecer algum nível de conforto
repositório de segredos e ser seduzido a entrar em alianças
corrompi-do, mas não é este o ponto.
encobertas não cumpre este papel.
Parte do papel, então, é o de estabelecer um enquadre em
Há um custo, porém, em tomar tal posição. Você tem que
que você desenvolva a liberdade de ser direto com eles,
ser capaz de tolerar a idéia de que os membros da família
sem se tomar judicativo. Quando você confronta a família,
possam decidir não veicular informação "crucial". Eles
você o faz a partir de um sentido de sua própria
podem preferir ser enganosos do que levar esta informação
honestidade, não com a intenção de levá-los a concordar
ao conhecimento público da família. Encontrar-se apenas
com você. Dizer "não penso que você está sendo honesto"
com a família pode, é claro, minimizar as oportunidades
é muito diferente de dizer "você é mentiroso". Eu não estou
para tais manobras. Mas o assunto seguidamente emerge
acusando ou tentando impor algo, estou apenas
de formas diferentes. Telefonemas, cartas ou encontros
compartilhando minha impressão.
não programados são familiares a todos terapeutas.
A linha de base funciona mais ou menos da seguinte forma.
Não há in-formação tão valiosa que me convença a entrar
em um acordo conspiratório de um membro da família contra A verdadeira questão aqui são as guias que você escolheu para
o outro. operar. Quando eu recebo um telefonema, carta, etc., é minha
política levar o fato no próximo encontro, à completa revelação.
Estar disponível para tal tipo de manobra política pode Isto clareia o ambiente e nos mantém no caminho certo.
efetivamente invalidar você como pessoa potencial-mente
útil. Por exemplo, se você concorda em falar
confidencialmente com o marido e este lhe conta que está Evidentemente também me libera de estar amarrado e
envolvido num caso amoroso, o que você faz quando preocupado em manter um segredo. Uma das minhas
encontra com o casal? Se você conta para a mulher, você caricaturas favoritas mostra um terapeuta sentado em uma
trai sua confiança, Se você permanece com o acordo de cadeira, amarrado. O cliente está dizendo: "Doutor, estou
confidencialidade com o marido, você está subrepticiamente sofrendo tanto. Por que você não me ajuda?". Embora isto
conspirando com ele contra ela. Quando ela, então, diz que possa ser inevitável de tempos em tempos, ao menos não
sente que o marido já não a ama, o que fazer? A opção de vamos fornecer a corda.
furtivamente revelar a presença de um "segredo", sem
identificar seu conteúdo, parece-me muito enganosa para
ser de real valor.
O objetivo da terapia é ajudar as famílias a alcançar níveis
Minha visão das famílias é que os membros estão mais adaptativos e satisfatórios da vida. A mera remissão de
profundamente inter-conectados. Eu tenho muito pouca sintomas não é suficiente. Eu vejo a remissão dos sintomas
confiança em que idéias ou informações possam levar ao como um efeito colateral de uma terapia produtiva, não como
crescimento. Para que mudanças reais ocorram, a família seu objetivo. De fato, pode ser que viver sem sintomas seja
precisa engajar uns aos outros emocionalmente. Eles precisam apenas uma ilusão destrutiva. Um objetivo mais realista e
de experiências reais, não de insights intelectuais. Meu estilo é apreciável seria o de desenvolver a liberdade para ter bodes
o de enfatizar experiências emocionais, e não aprendizados expiatórios rotativos na vida familiar. Todos os membros da
educacionais. família poderiam, então, beneficiar-se da experiência de jogar
em todas as posições.
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7. Quando procurado inicialmente por uma família, o terapeuta
Quando você atende ao telefonema e é convidado para sair por está num dilema similar. Você aceita sem questionar a proposta
um perfeito - ou não tão perfeito - estranho, uma complicada que estão lhe fazendo? Você engaja-se em um processo de
seqüência de investigações e testes tipicamente tem início. troca para estar certo de que a relação se inicia em termos
Além de descobrir como seu nome e número de telefone foram aceitáveis? Estou convicto de que o terapeuta deve sempre
revelados, você de imediato levanta tópicos como a iniciar pela identificação da proposta da família, e, então, fazer
familiaridade mútua, sobreposição de interesses e planos qualquer contraproposta que julgue necessário para dar início
específicos para o encontro. Se este devesse se dar à moda ao processo.
antiga, a mulher convidada para sair iria cuidadosamente
avaliar o proponente e suas intenções. Se sua proposta De fato, eu penso que é tipicamente aconselhável fazer algum
incluísse um encontro tardio, num lugar retirado, ela poderia tipo de contraproposta logo de princípio. Você precisa se
contrapor sua própria sugestão. Talvez sua oferta poderia ser proteger de ser cooptado pela família. Embora não seja preciso
um almoço com três de suas melhores amigas, no local mais ditar rigidamente uma série impossível de condições, você deve
público da cidade. Ele estará livre para aceitar ou recusar. De tomar uma posição clara. Um processo político bi-direcional se
qualquer forma, ela pensará que agiu com sabedoria. segue. Este contato telefônico para o estabelecimento da
consulta inicial dá o tom do que se segue. Esta batalha inicial é
chamada de Batalha pela Estrutura.
O ponto-chave aqui é o terapeuta encarar a necessidade de
agir com integridade pessoal e profissional. Você deve agir
segundo o que você acre-dita. Traições não ajudam ninguém. A Ao fixar estas condições, quero engajar a família num
Batalha pela Estrutura é, realmente, você defrontar-se consigo processo interacional que leve a um intercâmbio
mesmo e apresentar isto para eles. Não é uma técnica ou jogo experiencial. Para que o processo terapêutico tenha
de poder. É o estabelecimento das condições mínimas impacto, em vez de ser meramente educacional ou social,
necessárias antes de iniciar. ele deve consistir de experiências reais e não meramente
de vôos intelectuais. Embora a educação possa parecer
A Batalha pela Estrutura é o período inicial de luta política com útil, ela tipicamente leva apenas a uma forma mais
a família. Eu preciso estabelecer o que Bowen chamaria uma sofisticada de explicar a vida, e não de vivê-Ia.
"posição de eu" com relação à família. Quando eles começam a
ouvir e absorver as condições e limitações que estou
apresentando, sua resposta automática é a de começar a
colocar em conjunto sua própria "posição de nós".
Outro componente crucial neste processo é a capacidade Meu comentário padrão para as famílias, "eu não estou aqui
do terapeuta de levar seriamente em conta as suas por vocês, estou aqui pelo que eu posso obter da situação", é
próprias necessidades. Tornar-se um mártir profissional, uma forma de dizer que eu não sou alugável como uma
sacrificando-se pela família, não é um modelo prostituta profissional. Deixa-os saber que eu permanecerei o
apropriado. Desistir ou comprometer suas próprias centro de minha pr6pria vida. Que eles não se preocupem em
crenças, padrões e necessidades leva apenas ao proteger-me. Novamente a preocupação real com o outro
desgaste do terapeuta. Estou convencido de que o requer distância preocupação consigo e a capacidade de ficar
desgaste é o efeito colateral de nossa própria luta, pessoalmente envolvido. A não ser que o seu motivo central
fracassada pela integridade, e não uma função de nossa seja seu próprio crescimento, isto degenera em um "ajudar".
luta com os membros da família. A decisão de tentar Uma vez que isto ocorra, está tudo perdido. Eles tornam-se
tornar-se aquilo que eles desejam é culpa do terapeuta. ineptos, e você, impotente.
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8. Outro fator é a aliança automática que emerge de um
referencial comum, de experiências similares ou
A aliança é o processo de desenvolvimento suficiente de perspectivas compartilhadas. Este tipo de essência
uma conexão para, ao menos, sentir que vale a pena compartilhada conota uma capacidade aumentada de
prosseguir. Embora nós, freqüentemente, pensemos nisto empatia. Nós não somos dependentes apenas de palavras
como algo que o terapeuta faz a uma família, eu passei a para veicular a profundidade de nossas experiências.
vê-la como algo que fazemos com uma família. Isto é, nós Evidentemente este nível de conexão também carrega
nos engajamos em um tipo de experiência mútua. embutido em si o dilema dos pontos cegos e da
superidentificação. Eu "sei" o que ele quer dizer, quando
um pai fazendeiro fala sobre sentir-se isolado, ou amar as
vacas. Infelizmente, eu posso não ter a menor noção de
que haja algo problemático com isto. Mas, ao menos, eu
posso ingressar aí.
As famílias tipicamente vem à terapia com um membro
Com este tipo tão comum de família, eu devo também trabalhar familiar, em particular, manifestando um sintoma que deixa
para descobrir maneiras de pular fora dela e ganhar alguma a família preocupada. A minha opinião é que isto deve ser
distância. Eu podia brincar com alguma coisa de forma visto como o bilhete de entrada. Nunca acredite que este é
ausente, tomar páginas e páginas de notas para ficar o único, ou se quer o mais importante problema da família.
visualmente distraído, ou trabalhar com um co-terapeuta a fim Meu objetivo é, tão rapidamente quanto possível, expandir
de ter um "nós" a quem pertencer. o quadro de quais são os problemas e por que eles estão
ali.
No início, meu esforço é o de estabelecer uma metaposição
É como o início de um jogo de pôquer. É importante que
com relação à família. Eu desejo que eles entendam mais
todos fiquem atentos. Algumas famílias fazem isto com
sobre o que eles podem esperar de mim e o que eu posso
relativa facilidade, enquanto outras são muito mais
esperar deles. Isto não é concebido como um relacionamento
resistentes. As famílias resistentes, na verdade, estão mais
entre iguais. Eu quero que seja entendido que, no meu papel
é com medo, e é freqüentemente estimulante desafiá-Ias a
de terapeuta, eu sou membro de uma geração mais velha.
este respeito.
Outro aspecto deste trabalho centra-se na capacidade do
Além de meramente ampliar a constelação sintomática, eu terapeuta de ser "mesquinho". Neste contexto,
também luto para alterar sua perspectiva para um ponto de "mesquinho" representa tanto uma disposição de ser
vista interpessoal. Quando a recusa de Sarah em ir à escola é honesto em minhas reações a eles, como uma recusa a
ligada à sua função de protetora da mãe, o quadro muda. abandonar minha posição e ser artificialmente maternal. É
Passa a enfocar o assunto familiar e não uma mania ou minha responsabilidade ajudá-Ios a olharem-se a si
patologia individual. Ao envolver o pai na alimentação mesmos de forma mais corajosa. Encobrir preocupações
excessiva da mãe, eu torno isto uma função da relação, e não ou ignorar áreas problemáticas, é algo sem valor para
uma indicação da falta de força de vontade. todos. Eles, podem obter isto em casa.
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9. Quando você combateu com êxito na Batalha pela Estrutura
e foi capaz de estabelecer sua metaposição e condições
para a terapia, o processo se altera. Agora que a família,
num certo sentido, capitulou a suas exigências, o risco é Os impasses são inevitáveis! Os períodos em que
que eles se acovardem e passem a bola para você. A você se sente bloqueado e não sabe que caminho
próxima fase, então, é levá-Ios a assumir a tomar são parte do processo.
responsabilidade pelo que acontece na terapia.
Com a continuação do crescimento familiar, eles usam cada
vez mais os seus próprios recursos. Eles desenvolvem a
confiança para rejeitar o meu modo de pensar e começam a
acreditar mais profundamente nos seus. Eles me vêem cada
vez mais humano, com as fraquezas agora incluídas. E
estão livres para importunar-me a respeito de meus erros e
idéias absurdas. Com efeito, eles começam a me ver como
pessoa, e não como um papel. Eles tornam-se seus
próprios terapeutas, assumindo a responsabilidade por sua
própria vida.
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