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Proposta de Ensaio

Preparado para: Turma 10º 7ª (ESMGA) - Filosofia
Preparado por: Jorge Nunes Barbosa

4 de Junho de 2012
Exercício nº 7




Jorge Barbosa    http://jbarbo.pt/moodle   	 	    	   	   	   	   	   jbarbo00@gmail.com
JB, 2012




Apresentação

Objetivo
Pretende-se que cada aluno(a) elabore um pequeno ensaio sobre a tese de um filósofo português (Eduardo Lourenço),
segundo a qual a arte é obra de aristocratas. É necessário

       •      Apresentar o problema, equacionado no texto

       •      Clarificar o conceito de “aristocrata”, utilizado por Eduardo Lourenço,

       •      Apresentar correctamente os argumentos do autor.

       •      Assumir uma posição contra, ou a favor, ou alternativa, fundamentada.

       •      Elaborar uma síntese conclusiva do ensaio.




Eslarecimento
A aristocracia, a que Eduardo Lourenço se refere, não significa a pertença a uma classe, ou grupo social específico, a quem
seja destinada em exclusividade o privilégio de produzir ciência, filosofia ou arte. Um escravo pode ser um aristocrata...




Ensaio sobre Arte, com base num texto de Eduardo Lourenço
                                                                 1
JB, 2012




O Texto de Eduardo Lourenço:

Retirado de: Obras Completas de Eduardo Lourenço - I Heterodoxias, Fund. Calouste
Gulbenkian, 2011
Obra original, datada de 1949 (edição de autor)



  Não queremos nada do povo que não queiramos para nós próprios, e a nossa lealdade pode ser
  sem limites porque o nosso espírito é sem reservas. Não o incensamos, mas também não o
  enganamos, pela simples razão de não reconhecermos à nossa efectiva condição de intelectuais
  nenhum estatuto especial que nos coloque na posse da verdade, do bem ou nos faça
  dispensadores da beleza. (…) Daí não reconhecermos ao povo, que somos, nenhum privilégio que
  o torne detentor do sentido da história ou dos segredos da ciência ou das maravilhas da arte. (…)
  Parecerá a muitos dum aristocracismo repugnante esta desvalorização das formas de cultura
  popular. (…)
  Não sabemos se é repugnante, mas concedemos que é aristocracismo. (…) Defendemos, seja
  contra quem for, que toda a educação humana é histórica e essencialmente de raiz aristocrática.
  (…)
  O que é espantoso é que seja no terreno da estética, longa noite onde todos os gatos são pardos,
  que se apregoe a famosa excelência do povo em geral. Sejamos coerentes. Por que não é
  excelente a física do povo? Por que não é excelentíssima a sua biologia? Por que não é
  inexcedivelmente lúcida a sua visão histórica? É claro que ninguém leva a coerência até ao ponto
  de declarar que o famoso “povo em geral” é mais excelente que Einstein, Claude Bernard ou Marx,
  mas se passamos ao domínio da arte… Quanto mais primitivo, mais terrantês, mais instintivo,
  melhor. (…)
  Não aceitamos essa posição. Sabemos que isso é chocante para todos os que não são capazes,
  ou não querem colher o espírito sob a letra, mas a verdade é que é fácil fazer admitir pelo mais
  inculto dos sapateiros, com honestidade, que a essência do seu ofício é conseguir não só fazer
  sapatos, mas sapatos bem feitos, cada vez mais bem feitos se for possível. E educar será, para
  ele, levar um outro a fazê-los com idêntica perfeição. Pela mesma razão, a educação do homem é
  a ascensão incansável e difícil da sua inteligência para graus cada vez mais profundos e vastos (…)
  Essa ascensão processou-se e processa-se contra o bom senso do comum dos homens, que não
  é outra coisa do que a consciência acrítica com o que lhe é dado. Os heróis da educação humana
Ensaio sobre Arte, com base num texto de Eduardo Lourenço
                                            2
JB, 2012




  não são aristocratas por pertencerem a uma classe de situação histórica ou civil exteriormente
  privilegiada, mas só na medida em que foram literalmente “os melhores” - aristoi. São de todas as
  procedências e de todas as raças, desde o realmente aristocrata Platão ao escravo Epicteto, de
  Ramakrischna ao negro Booker Washington. O que os define é a tensão comum para a realização
  do melhor, o repúdio do contentamento fácil em todos os domínios da realidade que tocaram. Eles
  foram os autênticos servidores do povo, eles foram o povo na melhor das suas formas, na medida
  exacta em que se tornaram descobridores de verdades e criadores de beleza. Servir o povo e ser
  povo não é fornecer-lhe um substituto simplista da ciência, a pretexto de que a ciência se tornou
  difícil, mas elevar todos os homens que possam e queiram consegui-lo até ao nível das exigências
  do espírito científico. Também não é servi-lo, fornecer-lhe uma literatura (uma arte) grosseira com a
  justificação de que é a literatura que o povo entende e necessita...




Ensaio sobre Arte, com base num texto de Eduardo Lourenço
                                               3

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Texto para Ensaio

  • 1. Proposta de Ensaio Preparado para: Turma 10º 7ª (ESMGA) - Filosofia Preparado por: Jorge Nunes Barbosa 4 de Junho de 2012 Exercício nº 7 Jorge Barbosa http://jbarbo.pt/moodle jbarbo00@gmail.com
  • 2. JB, 2012 Apresentação Objetivo Pretende-se que cada aluno(a) elabore um pequeno ensaio sobre a tese de um filósofo português (Eduardo Lourenço), segundo a qual a arte é obra de aristocratas. É necessário • Apresentar o problema, equacionado no texto • Clarificar o conceito de “aristocrata”, utilizado por Eduardo Lourenço, • Apresentar correctamente os argumentos do autor. • Assumir uma posição contra, ou a favor, ou alternativa, fundamentada. • Elaborar uma síntese conclusiva do ensaio. Eslarecimento A aristocracia, a que Eduardo Lourenço se refere, não significa a pertença a uma classe, ou grupo social específico, a quem seja destinada em exclusividade o privilégio de produzir ciência, filosofia ou arte. Um escravo pode ser um aristocrata... Ensaio sobre Arte, com base num texto de Eduardo Lourenço 1
  • 3. JB, 2012 O Texto de Eduardo Lourenço: Retirado de: Obras Completas de Eduardo Lourenço - I Heterodoxias, Fund. Calouste Gulbenkian, 2011 Obra original, datada de 1949 (edição de autor) Não queremos nada do povo que não queiramos para nós próprios, e a nossa lealdade pode ser sem limites porque o nosso espírito é sem reservas. Não o incensamos, mas também não o enganamos, pela simples razão de não reconhecermos à nossa efectiva condição de intelectuais nenhum estatuto especial que nos coloque na posse da verdade, do bem ou nos faça dispensadores da beleza. (…) Daí não reconhecermos ao povo, que somos, nenhum privilégio que o torne detentor do sentido da história ou dos segredos da ciência ou das maravilhas da arte. (…) Parecerá a muitos dum aristocracismo repugnante esta desvalorização das formas de cultura popular. (…) Não sabemos se é repugnante, mas concedemos que é aristocracismo. (…) Defendemos, seja contra quem for, que toda a educação humana é histórica e essencialmente de raiz aristocrática. (…) O que é espantoso é que seja no terreno da estética, longa noite onde todos os gatos são pardos, que se apregoe a famosa excelência do povo em geral. Sejamos coerentes. Por que não é excelente a física do povo? Por que não é excelentíssima a sua biologia? Por que não é inexcedivelmente lúcida a sua visão histórica? É claro que ninguém leva a coerência até ao ponto de declarar que o famoso “povo em geral” é mais excelente que Einstein, Claude Bernard ou Marx, mas se passamos ao domínio da arte… Quanto mais primitivo, mais terrantês, mais instintivo, melhor. (…) Não aceitamos essa posição. Sabemos que isso é chocante para todos os que não são capazes, ou não querem colher o espírito sob a letra, mas a verdade é que é fácil fazer admitir pelo mais inculto dos sapateiros, com honestidade, que a essência do seu ofício é conseguir não só fazer sapatos, mas sapatos bem feitos, cada vez mais bem feitos se for possível. E educar será, para ele, levar um outro a fazê-los com idêntica perfeição. Pela mesma razão, a educação do homem é a ascensão incansável e difícil da sua inteligência para graus cada vez mais profundos e vastos (…) Essa ascensão processou-se e processa-se contra o bom senso do comum dos homens, que não é outra coisa do que a consciência acrítica com o que lhe é dado. Os heróis da educação humana Ensaio sobre Arte, com base num texto de Eduardo Lourenço 2
  • 4. JB, 2012 não são aristocratas por pertencerem a uma classe de situação histórica ou civil exteriormente privilegiada, mas só na medida em que foram literalmente “os melhores” - aristoi. São de todas as procedências e de todas as raças, desde o realmente aristocrata Platão ao escravo Epicteto, de Ramakrischna ao negro Booker Washington. O que os define é a tensão comum para a realização do melhor, o repúdio do contentamento fácil em todos os domínios da realidade que tocaram. Eles foram os autênticos servidores do povo, eles foram o povo na melhor das suas formas, na medida exacta em que se tornaram descobridores de verdades e criadores de beleza. Servir o povo e ser povo não é fornecer-lhe um substituto simplista da ciência, a pretexto de que a ciência se tornou difícil, mas elevar todos os homens que possam e queiram consegui-lo até ao nível das exigências do espírito científico. Também não é servi-lo, fornecer-lhe uma literatura (uma arte) grosseira com a justificação de que é a literatura que o povo entende e necessita... Ensaio sobre Arte, com base num texto de Eduardo Lourenço 3