SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 4
Downloaden Sie, um offline zu lesen
 

                                                           Filosofia	
  
                      Professor:	
  Jorge	
  Barbosa	
  
           	
                                                                             10ºAno:	
  
                                                                                        Turma:7ª	
  




A	
  atitude	
  estética	
  

John Hospers

1. Atitudes

A atitude estética, ou a «forma estética de contemplar o mundo», é geralmente contraposta à
atitude prática, na qual só interessa a utilidade do objecto em questão. O verdadeiro
negociante de terrenos, que contempla uma paisagem só a pensar no possível valor monetário
do que vê, não está a contemplar esteticamente a paisagem. Para a contemplar dessa maneira
teria de «a observar por observar», sem qualquer outra intenção — teria de saborear a
experiência de observar a própria paisagem, tomando atenção aos seus detalhes, em vez de
utilizar o objecto observado como um meio para atingir um certo fim.

A atitude estética distingue-se também da atitude cognitiva. Os estudantes, familiarizados
com a história da arquitectura, são capazes de identificar rapidamente um edifício, ou umas
ruínas, no que diz respeito à sua época de construção e lugar de origem, ou ao seu estilo e a
outros aspectos visuais. Contemplam o edifício sobretudo para aumentar os seus
conhecimentos, e não para enriquecer a sua experiência perceptiva.

Este tipo de habilidade pode ser útil e importante, mas não está necessariamente
correlacionado com a capacidade de desfrutar a própria experiência da contemplação do
edifício. A capacidade analítica pode eventualmente melhorar a experiência estética, mas
pode também inibi-la.

Quem se interessa por arte devido a um objectivo profissional ou técnico está particularmente
sujeito a afastar-se da contemplação estética. Isto conduz-nos directamente a outra distinção.
A forma estética de observar é também diferente da forma personalizada de o fazer, na qual o
observador, em vez de contemplar o objecto estético para captar o que este lhe oferece,
considera antes a relação desse objecto consigo próprio. Quem não dá atenção a uma obra
musical, usando-a apenas como estímulo para uma fantasia pessoal, acaba por não estar a
ouvir esteticamente, mesmo que pareça o contrário.

Disto segue-se que muitos tipos de respostas aos objectos, incluindo às obras de arte, ficam à
margem do campo da estética. O orgulho de possuir uma obra de arte, por exemplo, pode
interferir na resposta estética. A pessoa que reage com entusiasmo perante os seus
convidados, ao ouvir uma sinfonia no seu próprio equipamento estereofónico, mas que não
reage à interpretação da mesma sinfonia quando a ouve através de um equipamento idêntico
na casa do seu vizinho, não está a ter uma resposta estética.

O antiquário ou o director de museu — que, ao escolher uma obra de arte, tem que ter
presentes o seu valor histórico, fama e época — pode sentir-se parcialmente influenciado pela
apreciação do valor estético, mas a sua atenção desvia-se necessariamente para factores não
estéticos. Do mesmo modo, se uma pessoa aprecia uma peça de teatro ou um romance, porque
espera encontrar informações relativas à época e ao lugar em que a obra foi escrita, está a
substituir o interesse pela experiência estética pelo interesse em adquirir conhecimentos.

Se uma pessoa aprecia favoravelmente uma determinada obra de arte, por esta ser moralmente
edificante ou por «defender uma causa justa», está a confundir a atitude moral com a estética,
o que também ocorre, se a condenar por motivos morais e não conseguir separar essa censura
da apreciação estética.




2. Relações internas

O termo «desinteressado» usa-se muito para descrever a atitude estética. O desinteresse é uma
qualidade do bom juiz, que se manifesta quando este é imparcial. O juiz pode estar
pessoalmente envolvido num certo caso, no sentido em que estuda profundamente a sua
solução, mas ao julgar o caso não pode estar pessoalmente envolvido, no sentido em que deve
evitar que os seus sentimentos ou simpatias pessoais o influenciem ou afectem de qualquer
forma.
A imparcialidade em matérias morais e jurídicas certamente caracteriza o chamado «ponto de
vista moral», mas não é nada claro de que forma temos que nos mostrar desinteressados (ou
seja, imparciais) ao contemplar um quadro ou escutar um concerto. Teremos de ser imparciais
como num conflito entre duas partes litigantes? «Julgar imparcialmente» faz sentido, mas o
que significa observar ou escutar imparcialmente?

«Imparcial» é um termo relacionado com situações, em que existe um conflito entre partes
litigantes, mas não parece ser um termo útil quando tentamos descrever a forma estética de
contemplar as coisas. Um modo menos confuso de descrever a experiência estética é fazê-lo
em termos de relações internas versus externas. Quando contemplamos esteticamente uma
obra de arte ou a natureza, fixamo-nos apenas nas relações internas, ou seja, no objecto
estético e nas suas propriedades, e não na sua relação com nós próprios, nem sequer na sua
relação com o artista que o criou ou com o nosso conhecimento da cultura em que surgiu.

A maior parte das obras de arte são muito complexas e exigem toda a nossa atenção. O estado
estético pressupõe uma concentração intensa e completa. É preciso ter uma consciência
perceptiva intensa, e tanto o objecto estético como as suas diversas relações internas têm de
constituir o único foco da nossa atenção.

3. Valor estético

Não poderemos compreender o importante conceito de forma na arte, sem mencionar alguns
dos critérios principais que são utilizados pelos críticos e filósofos na análise da forma
estética. Quais serão, então, os princípios formais a partir dos quais devemos apreciar uma
obra de arte, pelo menos no seu aspecto formal?

Muitos autores ofereceram diversas sugestões a este respeito, mas o critério central e mais
universalmente aceite é o da unidade. A unidade é o oposto do caos, da confusão, da
desarmonia: quando um objecto está unificado, podemos dizer que tem consistência e não tem
nada de supérfluo. No entanto, há que especificar mais esta condição. Uma parede branca
vazia ou uma superfície uniformemente azul tem unidade, no sentido em que nada a
interrompe. Mas apenas se deseja a unidade nas obras de arte que têm uma grande
complexidade formal. Assim, a fórmula habitual é a da «diversidade na unidade».

O objecto unificado deve conter dentro de si um amplo número de diversos elementos, onde
cada um contribui em alguma medida para a total integração do todo unificado, de modo a
que não exista confusão apesar dos elementos díspares que o integram. No objecto unificado,
todas as coisas são necessárias, e nenhuma é supérflua. Geralmente, ao substantivo «unidade»
acrescenta-se o adjectivo «orgânica». Como uma obra de arte não é um organismo, o termo é
claramente metafórico. Esta analogia baseia-se no facto de nos organismos vivos a relação
entre as diversas partes ser interdependente, e não independente.

Nenhuma parte actua isolada: cada parte ou elemento colabora com os outros, de tal modo
que uma mudança num elemento torna o todo diferente. Por outras palavras, as partes
relacionam-se internamente, e não externamente. Deste modo, se numa certa obra de arte uma
mancha amarela estivesse noutro lugar, isso alteraria todo o carácter da obra pictórica, e o
mesmo aconteceria numa obra teatral se uma determinada cena não estivesse precisamente
onde está. Evidentemente, a ideia de unidade é uma ideia de valor. Significa, por exemplo,
que numa boa melodia, pintura ou poema não se poderia mudar uma parte sem prejudicar (e
não simplesmente mudar) o todo.

John Hospers
Texto retirado de Estetica: Historia y Fundamentos, de John Hospers, Cap. 1 (selecção).

	
  

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt? (20)

Industria cultural
Industria culturalIndustria cultural
Industria cultural
 
A estética do belo
A estética do beloA estética do belo
A estética do belo
 
Heidegger
HeideggerHeidegger
Heidegger
 
AULA 2 - ARTE - 1º E.M
AULA 2 - ARTE - 1º E.MAULA 2 - ARTE - 1º E.M
AULA 2 - ARTE - 1º E.M
 
Filosofia Política
Filosofia PolíticaFilosofia Política
Filosofia Política
 
Edmund husserl
Edmund husserlEdmund husserl
Edmund husserl
 
Filosofia uel (3)
Filosofia uel (3)Filosofia uel (3)
Filosofia uel (3)
 
AINT - Trabalho
AINT - TrabalhoAINT - Trabalho
AINT - Trabalho
 
Feio ou bonito
Feio ou bonitoFeio ou bonito
Feio ou bonito
 
Alta cultura, cultura popular, cultura de massa
Alta cultura, cultura popular, cultura de massaAlta cultura, cultura popular, cultura de massa
Alta cultura, cultura popular, cultura de massa
 
Introdução ao Existencialismo
Introdução ao ExistencialismoIntrodução ao Existencialismo
Introdução ao Existencialismo
 
Estética
Estética Estética
Estética
 
Acção Humana e os Valores
Acção Humana e os ValoresAcção Humana e os Valores
Acção Humana e os Valores
 
Arte, cultura e filosofia
Arte, cultura e filosofiaArte, cultura e filosofia
Arte, cultura e filosofia
 
História do conceito de arte
História do conceito de arteHistória do conceito de arte
História do conceito de arte
 
Senso Comum e Ciência
Senso Comum e CiênciaSenso Comum e Ciência
Senso Comum e Ciência
 
O que é Filosofia?
O que é Filosofia?O que é Filosofia?
O que é Filosofia?
 
O estudo do desenvolvimento humano
O estudo do desenvolvimento humanoO estudo do desenvolvimento humano
O estudo do desenvolvimento humano
 
Schopenhauer: a vontade irrracional
Schopenhauer: a vontade irrracionalSchopenhauer: a vontade irrracional
Schopenhauer: a vontade irrracional
 
Psicologia da forma GESTALT
Psicologia da forma GESTALTPsicologia da forma GESTALT
Psicologia da forma GESTALT
 

Andere mochten auch

Andere mochten auch (7)

ATITUDE ESTÉTICA
ATITUDE ESTÉTICA ATITUDE ESTÉTICA
ATITUDE ESTÉTICA
 
Sequência didática conto pausa
Sequência didática   conto pausaSequência didática   conto pausa
Sequência didática conto pausa
 
Educação estética TPIE
Educação estética TPIEEducação estética TPIE
Educação estética TPIE
 
Experi%c3%a ancia%20est%c3%a9tica[1]
Experi%c3%a ancia%20est%c3%a9tica[1]Experi%c3%a ancia%20est%c3%a9tica[1]
Experi%c3%a ancia%20est%c3%a9tica[1]
 
TPIE - Módulo 1
TPIE - Módulo 1TPIE - Módulo 1
TPIE - Módulo 1
 
Moral Utilitarista VersãO Final
Moral Utilitarista VersãO FinalMoral Utilitarista VersãO Final
Moral Utilitarista VersãO Final
 
Estetica1
Estetica1Estetica1
Estetica1
 

Ähnlich wie A atitude estética na Filosofia de John Hospers

Aprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckout
Aprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckoutAprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckout
Aprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckoutArtetudo
 
3 fil prov. bimestral bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  bc 3bi3 fil    prov. bimestral  bc 3bi
3 fil prov. bimestral bc 3biFelipe Serra
 
Estética e ensino de arte
Estética e ensino de arteEstética e ensino de arte
Estética e ensino de arteMarcos Santos
 
Situação de Aprendizagem Filosofia
Situação de Aprendizagem Filosofia Situação de Aprendizagem Filosofia
Situação de Aprendizagem Filosofia Erica Frau
 
Curso introdu o_educa_o__77366 (1)
Curso introdu o_educa_o__77366 (1)Curso introdu o_educa_o__77366 (1)
Curso introdu o_educa_o__77366 (1)julianabtu2017
 
Estetica (atividade II)
Estetica   (atividade II)Estetica   (atividade II)
Estetica (atividade II)Mary Alvarenga
 
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3biFelipe Serra
 
Apresentação estética Analítica Juízos de Kant
Apresentação estética Analítica Juízos de KantApresentação estética Analítica Juízos de Kant
Apresentação estética Analítica Juízos de KantCarlos Faria
 
Between Authority and Interpretation
Between Authority and InterpretationBetween Authority and Interpretation
Between Authority and InterpretationAdvogadassqn
 
A experiência e a atitude estética2
A experiência e a atitude estética2A experiência e a atitude estética2
A experiência e a atitude estética2Helena Serrão
 
Textos e Comentários
Textos e ComentáriosTextos e Comentários
Textos e ComentáriosJorge Barbosa
 
Felipe E. Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...
Felipe E.  Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...Felipe E.  Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...
Felipe E. Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...Felipeeduardo981762
 
3 fil prov. esp. 2 cham bc 3bi
3 fil    prov. esp. 2 cham bc 3bi3 fil    prov. esp. 2 cham bc 3bi
3 fil prov. esp. 2 cham bc 3biFelipe Serra
 

Ähnlich wie A atitude estética na Filosofia de John Hospers (20)

Aprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckout
Aprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckoutAprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckout
Aprendendo a ver_arte_com_as_imagens_de_eckout
 
3 fil prov. bimestral bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  bc 3bi3 fil    prov. bimestral  bc 3bi
3 fil prov. bimestral bc 3bi
 
Estética e ensino de arte
Estética e ensino de arteEstética e ensino de arte
Estética e ensino de arte
 
Situação de Aprendizagem Filosofia
Situação de Aprendizagem Filosofia Situação de Aprendizagem Filosofia
Situação de Aprendizagem Filosofia
 
Curso introdu o_educa_o__77366 (1)
Curso introdu o_educa_o__77366 (1)Curso introdu o_educa_o__77366 (1)
Curso introdu o_educa_o__77366 (1)
 
Estetica (atividade II)
Estetica   (atividade II)Estetica   (atividade II)
Estetica (atividade II)
 
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3bi
 
Estetica
Estetica   Estetica
Estetica
 
O que é a arte
O que é a arteO que é a arte
O que é a arte
 
Entendendo a arte
Entendendo a arteEntendendo a arte
Entendendo a arte
 
Apresentação estética Analítica Juízos de Kant
Apresentação estética Analítica Juízos de KantApresentação estética Analítica Juízos de Kant
Apresentação estética Analítica Juízos de Kant
 
Between Authority and Interpretation
Between Authority and InterpretationBetween Authority and Interpretation
Between Authority and Interpretation
 
A experiência e a atitude estética2
A experiência e a atitude estética2A experiência e a atitude estética2
A experiência e a atitude estética2
 
Textos e Comentários
Textos e ComentáriosTextos e Comentários
Textos e Comentários
 
a arte como fenomeno social
a arte como fenomeno  social a arte como fenomeno  social
a arte como fenomeno social
 
Felipe E. Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...
Felipe E.  Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...Felipe E.  Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...
Felipe E. Vicente. Resumo do primeiro capítulo do livro A História da Arte, ...
 
Estética
EstéticaEstética
Estética
 
Estética
EstéticaEstética
Estética
 
3 fil prov. esp. 2 cham bc 3bi
3 fil    prov. esp. 2 cham bc 3bi3 fil    prov. esp. 2 cham bc 3bi
3 fil prov. esp. 2 cham bc 3bi
 
Cap 15 Filosofia Estética
Cap 15  Filosofia EstéticaCap 15  Filosofia Estética
Cap 15 Filosofia Estética
 

Mehr von Jorge Barbosa

Ideias em Debate sobre Educação Prioritária
Ideias em Debate sobre Educação PrioritáriaIdeias em Debate sobre Educação Prioritária
Ideias em Debate sobre Educação PrioritáriaJorge Barbosa
 
Assuntos para Debate na Educação
Assuntos para Debate na EducaçãoAssuntos para Debate na Educação
Assuntos para Debate na EducaçãoJorge Barbosa
 
Rapport cn num_education_oct14
Rapport cn num_education_oct14Rapport cn num_education_oct14
Rapport cn num_education_oct14Jorge Barbosa
 
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida Portuguesa
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida PortuguesaProposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida Portuguesa
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida PortuguesaJorge Barbosa
 
Organização do Ano Letivo 2014/2015
Organização do Ano Letivo 2014/2015Organização do Ano Letivo 2014/2015
Organização do Ano Letivo 2014/2015Jorge Barbosa
 
Relatorio Educacao Especial
Relatorio Educacao EspecialRelatorio Educacao Especial
Relatorio Educacao EspecialJorge Barbosa
 
Sentimentos Acráticos, Empatia e Autoconsciência
Sentimentos Acráticos, Empatia e AutoconsciênciaSentimentos Acráticos, Empatia e Autoconsciência
Sentimentos Acráticos, Empatia e AutoconsciênciaJorge Barbosa
 
Afetos, Emoções e Conceitos Aparentados
Afetos, Emoções e Conceitos AparentadosAfetos, Emoções e Conceitos Aparentados
Afetos, Emoções e Conceitos AparentadosJorge Barbosa
 
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...Jorge Barbosa
 
Despacho Normativo 6/2014
Despacho Normativo 6/2014Despacho Normativo 6/2014
Despacho Normativo 6/2014Jorge Barbosa
 
guião reforma estado
guião reforma estadoguião reforma estado
guião reforma estadoJorge Barbosa
 
Revolução kantiana
Revolução kantianaRevolução kantiana
Revolução kantianaJorge Barbosa
 
O Teeteto de Platão e a Apologia de Sócrates
O Teeteto de Platão e a Apologia de SócratesO Teeteto de Platão e a Apologia de Sócrates
O Teeteto de Platão e a Apologia de SócratesJorge Barbosa
 
Estado Crítico da Democracia - Publicação recente
Estado Crítico da Democracia - Publicação recenteEstado Crítico da Democracia - Publicação recente
Estado Crítico da Democracia - Publicação recenteJorge Barbosa
 
Comunicacão associacões CSH ao MEC
Comunicacão associacões CSH ao MECComunicacão associacões CSH ao MEC
Comunicacão associacões CSH ao MECJorge Barbosa
 
Introdução a Espinosa
Introdução a EspinosaIntrodução a Espinosa
Introdução a EspinosaJorge Barbosa
 
Comunicacão do Presidente
Comunicacão do PresidenteComunicacão do Presidente
Comunicacão do PresidenteJorge Barbosa
 

Mehr von Jorge Barbosa (20)

Ideias em Debate sobre Educação Prioritária
Ideias em Debate sobre Educação PrioritáriaIdeias em Debate sobre Educação Prioritária
Ideias em Debate sobre Educação Prioritária
 
Assuntos para Debate na Educação
Assuntos para Debate na EducaçãoAssuntos para Debate na Educação
Assuntos para Debate na Educação
 
Rapport cn num_education_oct14
Rapport cn num_education_oct14Rapport cn num_education_oct14
Rapport cn num_education_oct14
 
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida Portuguesa
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida PortuguesaProposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida Portuguesa
Proposta Honesta e Concreta de Reestruturação da Dívida Portuguesa
 
Organização do Ano Letivo 2014/2015
Organização do Ano Letivo 2014/2015Organização do Ano Letivo 2014/2015
Organização do Ano Letivo 2014/2015
 
Relatorio Educacao Especial
Relatorio Educacao EspecialRelatorio Educacao Especial
Relatorio Educacao Especial
 
Sentimentos Acráticos, Empatia e Autoconsciência
Sentimentos Acráticos, Empatia e AutoconsciênciaSentimentos Acráticos, Empatia e Autoconsciência
Sentimentos Acráticos, Empatia e Autoconsciência
 
Afetos, Emoções e Conceitos Aparentados
Afetos, Emoções e Conceitos AparentadosAfetos, Emoções e Conceitos Aparentados
Afetos, Emoções e Conceitos Aparentados
 
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...
regime de seleção, recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos b...
 
Despacho Normativo 6/2014
Despacho Normativo 6/2014Despacho Normativo 6/2014
Despacho Normativo 6/2014
 
guião reforma estado
guião reforma estadoguião reforma estado
guião reforma estado
 
A Ética - Espinosa
A Ética - EspinosaA Ética - Espinosa
A Ética - Espinosa
 
A Cidade
A CidadeA Cidade
A Cidade
 
Velha do Postigo
Velha do PostigoVelha do Postigo
Velha do Postigo
 
Revolução kantiana
Revolução kantianaRevolução kantiana
Revolução kantiana
 
O Teeteto de Platão e a Apologia de Sócrates
O Teeteto de Platão e a Apologia de SócratesO Teeteto de Platão e a Apologia de Sócrates
O Teeteto de Platão e a Apologia de Sócrates
 
Estado Crítico da Democracia - Publicação recente
Estado Crítico da Democracia - Publicação recenteEstado Crítico da Democracia - Publicação recente
Estado Crítico da Democracia - Publicação recente
 
Comunicacão associacões CSH ao MEC
Comunicacão associacões CSH ao MECComunicacão associacões CSH ao MEC
Comunicacão associacões CSH ao MEC
 
Introdução a Espinosa
Introdução a EspinosaIntrodução a Espinosa
Introdução a Espinosa
 
Comunicacão do Presidente
Comunicacão do PresidenteComunicacão do Presidente
Comunicacão do Presidente
 

Kürzlich hochgeladen

FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 

Kürzlich hochgeladen (20)

FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 

A atitude estética na Filosofia de John Hospers

  • 1.   Filosofia   Professor:  Jorge  Barbosa     10ºAno:   Turma:7ª   A  atitude  estética   John Hospers 1. Atitudes A atitude estética, ou a «forma estética de contemplar o mundo», é geralmente contraposta à atitude prática, na qual só interessa a utilidade do objecto em questão. O verdadeiro negociante de terrenos, que contempla uma paisagem só a pensar no possível valor monetário do que vê, não está a contemplar esteticamente a paisagem. Para a contemplar dessa maneira teria de «a observar por observar», sem qualquer outra intenção — teria de saborear a experiência de observar a própria paisagem, tomando atenção aos seus detalhes, em vez de utilizar o objecto observado como um meio para atingir um certo fim. A atitude estética distingue-se também da atitude cognitiva. Os estudantes, familiarizados com a história da arquitectura, são capazes de identificar rapidamente um edifício, ou umas ruínas, no que diz respeito à sua época de construção e lugar de origem, ou ao seu estilo e a outros aspectos visuais. Contemplam o edifício sobretudo para aumentar os seus conhecimentos, e não para enriquecer a sua experiência perceptiva. Este tipo de habilidade pode ser útil e importante, mas não está necessariamente correlacionado com a capacidade de desfrutar a própria experiência da contemplação do edifício. A capacidade analítica pode eventualmente melhorar a experiência estética, mas pode também inibi-la. Quem se interessa por arte devido a um objectivo profissional ou técnico está particularmente sujeito a afastar-se da contemplação estética. Isto conduz-nos directamente a outra distinção.
  • 2. A forma estética de observar é também diferente da forma personalizada de o fazer, na qual o observador, em vez de contemplar o objecto estético para captar o que este lhe oferece, considera antes a relação desse objecto consigo próprio. Quem não dá atenção a uma obra musical, usando-a apenas como estímulo para uma fantasia pessoal, acaba por não estar a ouvir esteticamente, mesmo que pareça o contrário. Disto segue-se que muitos tipos de respostas aos objectos, incluindo às obras de arte, ficam à margem do campo da estética. O orgulho de possuir uma obra de arte, por exemplo, pode interferir na resposta estética. A pessoa que reage com entusiasmo perante os seus convidados, ao ouvir uma sinfonia no seu próprio equipamento estereofónico, mas que não reage à interpretação da mesma sinfonia quando a ouve através de um equipamento idêntico na casa do seu vizinho, não está a ter uma resposta estética. O antiquário ou o director de museu — que, ao escolher uma obra de arte, tem que ter presentes o seu valor histórico, fama e época — pode sentir-se parcialmente influenciado pela apreciação do valor estético, mas a sua atenção desvia-se necessariamente para factores não estéticos. Do mesmo modo, se uma pessoa aprecia uma peça de teatro ou um romance, porque espera encontrar informações relativas à época e ao lugar em que a obra foi escrita, está a substituir o interesse pela experiência estética pelo interesse em adquirir conhecimentos. Se uma pessoa aprecia favoravelmente uma determinada obra de arte, por esta ser moralmente edificante ou por «defender uma causa justa», está a confundir a atitude moral com a estética, o que também ocorre, se a condenar por motivos morais e não conseguir separar essa censura da apreciação estética. 2. Relações internas O termo «desinteressado» usa-se muito para descrever a atitude estética. O desinteresse é uma qualidade do bom juiz, que se manifesta quando este é imparcial. O juiz pode estar pessoalmente envolvido num certo caso, no sentido em que estuda profundamente a sua solução, mas ao julgar o caso não pode estar pessoalmente envolvido, no sentido em que deve evitar que os seus sentimentos ou simpatias pessoais o influenciem ou afectem de qualquer forma.
  • 3. A imparcialidade em matérias morais e jurídicas certamente caracteriza o chamado «ponto de vista moral», mas não é nada claro de que forma temos que nos mostrar desinteressados (ou seja, imparciais) ao contemplar um quadro ou escutar um concerto. Teremos de ser imparciais como num conflito entre duas partes litigantes? «Julgar imparcialmente» faz sentido, mas o que significa observar ou escutar imparcialmente? «Imparcial» é um termo relacionado com situações, em que existe um conflito entre partes litigantes, mas não parece ser um termo útil quando tentamos descrever a forma estética de contemplar as coisas. Um modo menos confuso de descrever a experiência estética é fazê-lo em termos de relações internas versus externas. Quando contemplamos esteticamente uma obra de arte ou a natureza, fixamo-nos apenas nas relações internas, ou seja, no objecto estético e nas suas propriedades, e não na sua relação com nós próprios, nem sequer na sua relação com o artista que o criou ou com o nosso conhecimento da cultura em que surgiu. A maior parte das obras de arte são muito complexas e exigem toda a nossa atenção. O estado estético pressupõe uma concentração intensa e completa. É preciso ter uma consciência perceptiva intensa, e tanto o objecto estético como as suas diversas relações internas têm de constituir o único foco da nossa atenção. 3. Valor estético Não poderemos compreender o importante conceito de forma na arte, sem mencionar alguns dos critérios principais que são utilizados pelos críticos e filósofos na análise da forma estética. Quais serão, então, os princípios formais a partir dos quais devemos apreciar uma obra de arte, pelo menos no seu aspecto formal? Muitos autores ofereceram diversas sugestões a este respeito, mas o critério central e mais universalmente aceite é o da unidade. A unidade é o oposto do caos, da confusão, da desarmonia: quando um objecto está unificado, podemos dizer que tem consistência e não tem nada de supérfluo. No entanto, há que especificar mais esta condição. Uma parede branca vazia ou uma superfície uniformemente azul tem unidade, no sentido em que nada a interrompe. Mas apenas se deseja a unidade nas obras de arte que têm uma grande complexidade formal. Assim, a fórmula habitual é a da «diversidade na unidade». O objecto unificado deve conter dentro de si um amplo número de diversos elementos, onde cada um contribui em alguma medida para a total integração do todo unificado, de modo a
  • 4. que não exista confusão apesar dos elementos díspares que o integram. No objecto unificado, todas as coisas são necessárias, e nenhuma é supérflua. Geralmente, ao substantivo «unidade» acrescenta-se o adjectivo «orgânica». Como uma obra de arte não é um organismo, o termo é claramente metafórico. Esta analogia baseia-se no facto de nos organismos vivos a relação entre as diversas partes ser interdependente, e não independente. Nenhuma parte actua isolada: cada parte ou elemento colabora com os outros, de tal modo que uma mudança num elemento torna o todo diferente. Por outras palavras, as partes relacionam-se internamente, e não externamente. Deste modo, se numa certa obra de arte uma mancha amarela estivesse noutro lugar, isso alteraria todo o carácter da obra pictórica, e o mesmo aconteceria numa obra teatral se uma determinada cena não estivesse precisamente onde está. Evidentemente, a ideia de unidade é uma ideia de valor. Significa, por exemplo, que numa boa melodia, pintura ou poema não se poderia mudar uma parte sem prejudicar (e não simplesmente mudar) o todo. John Hospers Texto retirado de Estetica: Historia y Fundamentos, de John Hospers, Cap. 1 (selecção).