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Professor Jason Lima
Leia os textos abaixo:
Texto 1 - POBREZA AINDA É OBSTÁCULO PARA A EDUCAÇÃO
Marli Moreira, da Agência Brasil
No mundo todo há cerca de 100 milhões de crianças e quase 800 milhões
de jovens e adultos fora do sistema educacional. A informação é do relator
especial da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo direito à educação, o
costa-riquenho Vernor Muñoz Villalobos. Para ele, a adoção de medidas con-
tra essa exclusão é o maior desafio a ser enfrentado pelas mais diversas socie-
dades.
“[O combate à] discriminação de grupos que têm sido, historicamente, ex-
cluídos da educação, continua sendo um desafio importante”, declarou. Villa-
lobos veio a São Paulo para participar do seminário Pela Não Discriminação
na Educação, da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação
(Clade), realizado na sede da organização Ação Educativa.
Ele avalia que a situação de desigualdade econômica é mais crítica na
América Latina, o que provoca carências nas oportunidades de ensino. No
caso do Brasil, ele considera que o maior entrave a ser vencido é o de traçar metas de educação de forma dirigida às
populações negra e indígena, reconhecendo que a questão é complexa por causa da diversidade cultural desses povos.
Na análise do relator da ONU, a adoção de cotas que permitem a reserva de vagas nas universidades brasileiras pa-
ra afrodescendentes “é uma excelente medida”. “É uma ação afirmativa no sentido de combater a exclusão e a discri-
minação histórica que os afrodescendentes sofrem.”
Ele observa, no entanto, que as discriminações estão presentes no mundo todo e não se restringem a essas popula-
ções. “É um problema sentido pelas minorias étnicas, pelas mulheres, pelos menos capacitados, entre outros”, aponta.
Villalobos afirma também que é fundamental o combate à pobreza para permitir o ingresso de um maior número
de pessoas no sistema de ensino, que deve ser gratuito e oferecido para todos os níveis de ensino, inclusive o universi-
tário. “Se as famílias têm de escolher entre enviar os seus filhos para a escola ou comer, certamente, a opção é co-
mer”, pondera ele, complementando que esse é um desafio a ser enfrentado não apenas pelo Brasil, mas em todo o
continente.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que embora o Brasil tenha avançado nessa
área nos últimos 15 anos, o país ainda registra 2,4% do universo de crianças em idade escolar – de 7 a 14 anos – fora
da escola. Isso significa uma exclusão de 680 mil brasileiros.
Fonte: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/pobreza-ainda-e-obstaculo-para-a-educacao/
Texto 2 - BOA EDUCAÇÃO NO BRASIL SÓ SEM POBREZA, DIZ AMERICANO
O professor americano Martin Carnoy, da Universidade de Stanford, defende em visita ao Brasil que é preciso aca-
bar com a pobreza para melhorar a educação nacional
Enquanto houver crianças pobres frequentando as escolas brasileiras, o sistema educacional do país
não irá atingir um nível de excelência. A afirmação é de Martin Carnoy, professor da Escola de Educação de
Stanford, que é categórico ao afirmar que todo o dinheiro do mundo não será suficiente para melhorar o
sistema educacional a menos que haja uma mudança profunda na sociedade brasileira.
Pesquisador da educação nacional desde os anos 1960, Carnoy falou nesta quarta-feira a uma plateia
de professores e profissionais ligados ao setor de educação em um seminário promovido pelo Centro Le-
mann para o Empreendedorismo e Inovação na Educação Brasileira.
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Com base em suas pesquisas, o professor afirmou que o país não poderá ter um bom sistema educaci-
onal público antes de que o problema da pobreza seja resolvido.
"Quanto mais crianças pobres, pior o sistema", disse Carnoy. Ele explica que a educação é puxada pe-
la parte inferior, e não pelos exemplos de sucesso, isto é, ela nivelada por baixo. Além disso, ao contrário do
que é comumente defendido, Carnoy acredita que a pobreza não vai ser resolvida pela educação, porque
esse é o caminho mais caro.
"Não é barato resolver o problema da pobreza de um país pela educação, é preciso começar logo na
educação infantil, quando a criança tem 3 anos de idade, com um ensino estimulante e de extrema qualida-
de", explica.
Ele defende que o melhor caminho é o das mudanças na sociedade como um todo, oferecendo melho-
res condições de saúde, nutrição e segurança, por exemplo.
"Os sistemas educacionais estão profundamente mergulhados e conectados com as sociedades em que
estão inseridos. Se a sociedade vai mal, a educação vai também", afirma o professor.Para ele, mudanças
fundamentais na educação precisam ser puxadas por mudanças profundas na sociedade.
O uso da tecnologia, tão aclamado como a solução para todos os problemas, também é colocado em uma posi-
ção secundária por Carnoy. "Não há tecnologia que substitua um bom professor e não há um bom sistema educacional
sem bons professores", encerra.
Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/enquanto-houver-pobreza-o-brasil-nao-tera-uma-boa-educacao
Texto 3 - BOLSA FAMÍLIA IMPULSIONA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA INTERROMPER
CICLO DA POBREZA
Frequência escolar, uma das condicionalidades do programa, mostrou-se eficaz para manter crianças na escola
Se o Bolsa Família tem por objetivo contribuir para romper a transmissão da pobreza no País, de geração para
geração, a educação básica tem papel estratégico no processo de resgate de brasileiros da situação de vulnerabilidade
social.
Os pesquisadores Clélia Craveiro e Daniel Ximenes fazem uma compilação de estudos e pesquisas, demons-
trando que a desigualdade social e econômica é um dos dificultadores para a universalização da educação básica, no
estudo do Ipea sobre os impactos do programa. “A desigualdade faz com que haja na escola problemas que não são da
escola”, já defendia, em 2002, o especialista em educação, Carlos Roberto Jamil Cury.
A frequência escolar, uma das condicionalidades do Bolsa Família, mostrou-se eficaz para manter as crianças
na escola e, com a redução do abandono, diminuíram também as defasagens idade-série além de melhorar o desempe-
nho dos estudantes mais pobres. De acordo com pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep/MEC), em 2011, a condicionalidade educacional já havia contribuído para reduzir em 36% o
percentual de crianças entre 6 e 16 anos que não frequentavam a escola. Nesse período, esse montante passou de 8,4%
para 5,4%.
A continuidade da política resultou em mudanças rápidas no nível de escolaridade da faixa dos 20% mais po-
bres da pirâmide social brasileira. Em 2001, apenas 17,4% dos jovens com 16 anos deste segmento populacional
tinham o ensino fundamental completo. Na PNAD 2011 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), este percen-
tual já havia subido para 43%.
Manter essas crianças na escola também melhorou o desempenho escolar, principalmente nas séries finais do
ensino fundamental. Neste nível de ensino, a taxa de aprovação das crianças assistidas pelo Bolsa Família nas regiões
Norte e Nordeste é maior que a dos demais estudantes da rede pública de ensino.
Uma tendência que se consolida no ensino médio, com os estudantes do Bolsa Família tendo taxas de aprova-
ção superiores aos demais do ensino público, em todo o país – 79,7% de aprovação para os estudantes do programa,
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contra 75,5% dos demais estudantes de escolas públicas, diferença que pode chegar a 10 pontos percentuais na região
Nordeste.
Em outro artigo do mesmo livro, em que traçam o perfil da pobreza no Brasil, entre 2003 e 2011, Pedro Hercu-
lano Ferreira de Souza e Rafael Guerreiro Osório mostram que melhoraram os níveis de escolaridade entre os pobres
e extremamente pobres entre 2003 e 2011, segundo dados da PNAD.
Em 2003, 53,7% dos extremamente pobres e 40,5% dos pobres em idade economicamente ativa não tinham es-
colaridade, percentual que ficou em 45% e 37,9% em 2011. A variação é ainda maior entre os que tinham o ensino
médio completo. Em 2003, apenas 3,8% dos extremamente pobres e 7,7% dos pobres, contra 10,5% e 13,8% em
2011.
Como forma de assegurar a inserção no mercado de trabalho da população em situação de vulnerabilidade, o
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) já ofertou 800 mil vagas em cursos para be-
neficiários do Bolsa Família. “Se a Bolsa Família é o coração que faz circular o sangue por diversas veias e ampliando
a energia vital do Brasil, temos a veia do Pronatec com a educação”, comparou a presidenta Dilma Rousseff, durante
a celebração dos 10 anos do programa.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/educacao/2013/11/bolsa-familia-impulsiona-educacao-basica-para-interromper-ciclo-da-pobreza
Texto 4 - VÍNCULOS ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA - Izabel Sadalla Grispino *
O estudante brasileiro de baixa renda tem no estudo seu passaporte para o mercado de trabalho, o qual conse-
gue somente através de bolsas de estudo. Financiar os estudos dos estudantes carentes é lutar pelo desenvolvimento
social da nação.
O jovem pobre, hoje, é consciente da necessidade de se frequentar um curso superior para melhorar de vida. O
Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ), divulgado em março de 2004, revela, surpreendentemente, que, ao contrario
do que se fala, o jovem brasileiro gosta de trabalhar, quer estudar e luta para conseguir trabalho e conciliá-lo com os
estudos.
Políticas afirmativas vêm surgindo, cada vez mais, nos meios educacionais. A educação começa a criar víncu-
los com a pobreza. A Universidade de São Paulo (USP), como alternativa à política de cotas para ingresso ao ensino
superior, vai implantar um cursinho pré-vestibular gratuito. Deverá ser inaugurado em 1.º de julho do corrente ano, na
zona leste da capital, uma das áreas mais carentes de São Paulo. Serão oferecidas 5 mil vagas para alunos da escola
pública da região. As aulas do cursinho pré-vestibular e as apostilas serão supervisionadas por professores da USP,
dadas por alunos da USP, que receberão capacitação e bolsa em dinheiro. O cursinho irá reforçar as 9 disciplinas do
ensino médio e as aulas devem ser dadas em salas ociosas da rede estadual de ensino. A Secretaria Estadual de Edu-
cação entrou como parceira da USP, financiando o projeto.
Outra medida de ajuda da USP será a concessão, ainda para este ano, de 60 mil inscrições da taxa de vestibular
da Fuvest para estudantes de baixa renda. No ano passado foram oferecidas 20 mil.
O cursinho pré-vestibular será de grande valia, porque irá socorrer alunos oriundos da rede pública, de um sis-
tema de ensino decaído; alunos sem condições de pagar cursinhos particulares. Cinco mil vagas é um número insufi-
ciente, o Educafro atende 9 mil alunos carentes, mas é, sem dúvida, uma iniciativa, um primeiro passo que será, cer-
tamente, seguido de outros. A tendência é crescer.
A formação de um cursinho pré-vestibular comunitário foi a alternativa que a USP encontrou, diante da política
de cotas que o Ministério da Educação tenta implantar. A USP prefere ajudar na formação dos alunos do ensino mé-
dio, nas deficiências curriculares desse ensino, que aceitar aluno sem qualificação para os seus cursos, o que iria de-
sestabilizar o seu padrão de ensino. Essa convicção foi reforçada após a primeira lei de cotas destinadas aos alunos da
rede pública, aprovada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2000. Na ocasião, os professores das uni-
versidades estaduais exigiram que se implantasse um Sistema de Acompanhamento do Desempenho dos Estudantes
do Ensino Médio paralelo. Instituiu-se uma prova e os alunos que obtivessem conceitos D e E não poderiam pleitear a
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inclusão nas cotas. Em outubro de 2002, foi feita a primeira avaliação e 42,2% tiveram conceito E – menos de 20%
de acertos na prova – e 34%, conceito D – menos de um terço de acertos na prova.
A avaliação preliminar às cotas mostrou uma precária formação, incapacitada à frequência de uma universidade
pública. Entendeu a USP que a desigualdade social não se corrigirá através de cotas e, sim, por melhorias no ensino
público.
Ainda sobre o debate de cotas, o reitor Adolpho José Melfi revelou números do vestibular da USP de 2003, que
mostram não ser apenas a origem racial ou pobreza os impedidores do ingresso à universidade. Entra aí, com peso
considerável, a escolaridade dos pais. 34% dos inscritos no vestibular eram alunos do ensino médio público. Entre os
aprovados, o índice foi de 18%. O que chamou a atenção foi o fato de, nesse montante, apenas 2% dos aprovados ter
renda familiar mensal per capita inferior a R$ 500,00. Candidatos que conseguiram ingressar nas melhores universi-
dades, tanto estaduais com federais, geralmente, têm pai e mãe com curso superior completo. Em alguns cursos, a
porcentagem chega a 80% dos aprovados.
Esses dados vêm comprovar como o ambiente cultural interfere diretamente na aprendizagem do aluno. Analis-
tas sociais citam a baixa escolaridade dos pais como forte fator de exclusão social, sobrepujando a faixa de renda fa-
miliar.
Quando se fala em baixo nível de escolaridade, a qualidade de vida surge como espelho refletor da realidade.
Fatores culturais empobrecidos geram nível de ensino empobrecido. O ambiente cultural nativo tem peso considerável
no desequilíbrio social. Que se arregimentem forças na ajuda ao aluno carente, seja por financiamentos, por bolsas de
estudo, vagas estatizadas, vagas oficiais, cursinhos pré-vestibulares, isenção de taxas de inscrições ao exame vestibu-
lar, ou por outros mecanismos que venham facilitar o aluno pobre a estudar.
Que esses estudantes não sejam eles os pais, sem curso superior, a interferir negativamente na boa aprendiza-
gem de seus futuros filhos. Que a médio prazo possamos reverter esse quadro, substituindo-o por um mais iluminado
panorama educacional. Uma forte corrente de motivação deve percorrer os estratos mais pobres da população, provo-
car um renascimento, não deixando que o aluno pobre, ao concluir o ensino médio, pratique um ato de renúncia, de
autoexclusão. Esse aluno eleva sua autoconfiança quando percebe viabilizado economicamente o seu ingresso ao en-
sino superior.
* Supervisora de ensino aposentada.
Fonte: http://www.izabelsadallagrispino.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1390:vinculos-entre-educacao-e-pobreza-
&catid=103:artigos-educacionais&Itemid=456
Texto 5 - POBREZA E EDUCAÇÃO
Marcos Cintra
Há pelos menos três séculos os economistas tentam definir os fatores determinantes do crescimento econômico.
O objetivo seria identificar elementos que permitissem expandir a produção de bens e as sociedades pudessem elimi-
nar a pobreza material vivenciada por um grande contingente de pessoas.
Adam Smith sugeriu que o mercado livre e a especialização do trabalho seriam as causas fundamentais da ri-
queza das nações; Joseph Schumpeter priorizou a inovação tecnológica e a constante renovação dos métodos de pro-
dução como fontes da expansão econômica; Robert Solow tentou medir o impacto da poupança e do investimento no
processo de geração de riqueza, mas não foi capaz de explicar um grande resíduo em suas estimativas que chamou de
progresso tecnológico; Kenneth Arrow introduziu o conhecimento e a pesquisa nas equações do crescimento econô-
mico; e John Galbraith sugeriu variáveis socioculturais como a base da armadilha da pobreza no mundo, entre muitos
outros notáveis esforços de outros economistas.
Recentemente, Douglas North propôs que valores e instituições são determinantes no crescimento econômico,
sendo essa tese atualmente aceita por todos. De fato, há correlação entre instituições eficientes, garantia de contratos e
estabilidade de direitos com expansão econômica.
Muitos economistas deram importantes contribuições para o combate à pobreza, contudo nunca se conseguiu
produzir uma teoria geral do crescimento. Conseguiu-se apenas identificar alguns fatores determinantes para a gera-
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ção de riquezas. Mas, o governo brasileiro acredita que encontrou a fórmula que uma profissão inteira vem procuran-
do e ainda não achou.
O caminho escolhido no Brasil para a superação da pobreza tem sido o do assistencialismo. O programa mais
conhecido do País é o Bolsa Família, que transferirá em 2012 cerca de R$ 18,7 bilhões para 13,6 milhões de famílias.
Através de ações como essa a miséria pode ser minimizada no curto prazo, mas é imprescindível que a sociedade re-
flita a respeito da necessidade de se promover ajustes em todos os programas de assistência social.
Toda transferência de renda deveria exigir que os beneficiários e/ou seus dependentes participem de cursos de
capacitação profissional. Seria oportuno ainda que fosse vinculado à liberação de recursos em determinados progra-
mas um desempenho mínimo no ensino fundamental. De qualquer forma o objetivo deve ser um só: que o beneficiário
de programas sociais não dependa de dinheiro público e possa gerar sua própria renda, fruto do seu trabalho.
A ruptura com a situação de pobreza acha-se na educação. É a qualidade do capital humano que gera cresci-
mento e, subsidiariamente, também gera boas instituições.
Grande parte dos homens públicos brasileiros não aprendeu com o sucesso do Japão e da Coréia do Sul, que in-
vestiram pesadamente em educação. O Brasil ainda ignora esse clamor e confunde caridade, que é uma virtude pesso-
al, com políticas eficazes de geração de renda, virtude pública rara entre nossos governantes.
Marcos Cintra é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fun-
dação Getulio Vargas.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/economia/34969/Pobreza-e-educa%C3%A7%C3%A3o.htm
Texto 6 - EDUCAÇÃO PODE SUPERAR A POBREZA E A DISCRIMINAÇÃO
Um oásis na África do deserto graças à educação. Foi assim que a professora Aidil de Carvalho Borges definiu
seu país, Cabo Verde, na mesa “Pedagogia, regiões metropolitanas e periféricas”, dentro do Fórum Mundial de Edu-
cação, que acontece na cidade de Canoas (RS), dentro da programação do Fórum Social Temático. Geógrafa de for-
mação, ela não se conforma com a divisão artificial da África em cinco regiões, nem concorda com os que a veem
dividida em duas: uma branca, acima do Saara e outra negra, subsaariana. “Existem muitas Áfricas dentro do nosso
continente”, diz a professora, “eu sou do deserto, há pessoas da floresta, das montanhas, mas costumam ver nosso
continente como uma única nação e com a imagem de um povo sem esperança”.
As metas do milênio em educação já foram superadas em Cabo Verde. Pudera! Lá 25% do PIB vão para a edu-
cação! A determinação de garantir a sua universalização vem desde a independência (1975), com a total assunção dos
custos pelo Estado, a prioridade para mulheres e crianças, fez o país avançar em outros campos também. “A educação
generalizada faz toda a diferença”, diz Aidil, “incluindo a garantia no acesso especialmente às mulheres, às minorias
étnicas, aos menos favorecidos”. Para ela, a educação universal deveria se estender a todo o continente, pois países
pobres como a Etiópia destinam apenas 3% dos seus recursos para isso. A educação ambiental é transversal e deve
estar incluída, a luta pelo acesso à água potável é uma das urgências.
Mulheres constroem sustentabilidade
Konte Fatoumata, prefeita de Bamako e professora, capital do Mali, também vê na educação e na inclusão das
mulheres, as estratégias para que seu pais saia da condição de um dos mais pobres do mundo. Ela acredita que “o
desenvolvimento sustentável pode ser construído com a promoção da escola”, e diz que hoje a escola é obrigatória e
gratuita, “em cada vila há uma escola”. Ainda persistem hábitos de não levar a escola as crianças do campo, que cedo
trabalham.
Também a participação das mulheres é destacada pela prefeita, que organizou há quinze anos a “Associação pe-
lo Progresso das Mulheres”; elas contam com um veículo “A voz da mulher” que atua entre as diversas etnias que
formam a população. O seu partido, que é socialista, tem outro programa que visa a participação das comunidades no
próprio desenvolvimento, com a promoção do desenvolvimento local e a promoção da democracia.
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A professora Aidil considera necessária a criação de um Marco Referencial para a política ambiental em todo o
continente. Além disso, a geógrafa chama a atenção para a necessidade dos africanos olharem menos para fora. “É
uma afronta mendigar junto aos que os escravizaram e trataram como animais”, desabafa. “Os africanos desesperados
não se metem pelo continente adentro em busca de uma vida melhor, buscam a Europa”. A professora critica também
a comunicação, que antes de ir de país para país no continente, passa pelos antigos colonizadores. “Não sabemos o
que se passa no continente, é urgente e necessário a criação de uma rede para ligação dos 54 Estados e territórios afri-
canos, um dos maiores desafios para os próximos tempos”.
Construindo utopias
Seja na África, na Europa ou no Brasil, as mulheres constituem a maioria invisível dos educadores, formais e
informais. “Nas escolas, somos maioria, na direção das escolas, somos minoria. Por quê?”, questiona Leslie Campa-
ner de Toledo, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), de Portugal. Ela defende a sustentabilidade do
planeta com a perspectiva de gênero, “sem as mulheres não há desenvolvimento sustentável”. Leslie nos contou uma
experiência que viveu em Valência, na Espanha, da organização do movimento feminista para atuar no orçamento
participativo. “As mulheres organizaram-se para buscar espaço nesse processo e para que houvesse prioridade para as
crianças; houve uma compreensão da importância da participação para a transformação real nas escolas”.
Atualmente residindo no Rio Grande do Sul, ela critica a construção dos espaços metropolitanos determinada
pelos carros, “que são os protagonistas, não as pessoas, gerando poluição e isolamento. As cidades crescem artificial-
mente, as escolas e postos de saúde não correspondem”. Leslie destaca outras contradições geradas pela existência de
bairros luxuosos, em espaços separados, onde há desperdício de água, por exemplo, enquanto existem outros espaços
ocupados por moradias sem água, com esgoto a céu aberto. Nestes últimos, o trabalho de subsistência realizado é
praticamente feito pelas mulheres. Também isto temos em comum com os países africanos, são as mulheres a defen-
der a vida e o futuro, seus cuidados e sua manutenção.
Não por coincidência, as mulheres constituíram esta mesa, defendendo apaixonadamente a educação e a visibi-
lização das mulheres como fatores estratégicos para construirmos um mundo sustentável. Fatoumata acredita na cons-
trução de um outro mundo possível. “No mundo globalizado, existem muitas pessoas conscientes, dispostas a mudar”,
diz a prefeita africana. Defensora das utopias, Aidil acredita ser fundamental que o debate e a importância da educa-
ção chegue aos políticos, Cabo Verde é exemplo disso. “A utopia funciona se acreditarmos e tivermos educação e
determinação. Nossas crianças acreditam no futuro e têm esperança!”
Por Terezinha Vicente, da Ciranda (www.ciranda.net)
Após ler os textos de apoio e de acordo com o seu conhecimento adquirido e construído ao longo de sua
formação, redija uma dissertação-argumentativa acerca do seguinte tema: EDUCAÇÃO E DESENVOL-
VIMENTO: O QUE FALTA AO BRASIL?
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