O documento analisa as narrativas orais de ficção de uma mulher analfabeta chamada Dona Madalena. Discute teorias sobre a relação entre oralidade e letramento, concluindo que as narrativas orais de Dona Madalena demonstram sua competência de letramento apesar de sua falta de habilidade em ler e escrever, mostrando que o pensamento oral também pode ser lógico.
3. “A grande Divisa”
Significa que as pessoas que são
letradas, que tem o domínio da
língua, possuem melhor domínio
discursivo.Possuem um pensamento
superior aos que não tem.
4. Críticas à teoria de grande
divisa.
Tannen (1987) “As duas modalidades
entrecruzam-se e se superpõem, dependendo do
foco de envolvimento intrapessoal.
Miyoshi (1988) Diz que a função ideológica dessa
teoria é estabelecer uma separação radical entre
o “eu” e o “outro” nas sociedade ocidentais.
Langer (1987) Propõe que a dicotomia oral X
letrado seja substituída por uma suposição.
Street (1989) Existe uma versão antiga e um
ressurgimento moderno dessa teoria.
5. Autora, Escrita e Oralidade.
Scholles e Kellong (1977) O discurso narrativo
composto oralmente não tem autor. Nesse tipo
narrativa teríamos um “contador de história” que
seria simplesmente um veículo de difusão, de
presentificação do já narrado.
Bakhtin (1985) Autora é aquela que dirige a visão
do leitor e sua atividade de compreensão do
texto. Dentro da obra, o autor é para o leitor o
conjunto de princípios estruturantes que devem
ser realizados, a unidade dos momentos
transgressores da visão ativamente referidos ao
herói e seu mundo.
6. Autora, Escrita e Oralidade.
Em resumo, o autor é visto na bibliografia
como aquele que organiza o discurso
escrito, dando-lhe uma orientação por
meio de mecanismos de coerência e
coesão, mas também garantindo que
certos efeitos de sentido e não outros
serão produzidos durante a leitura.
7. Perfil de Dona Madalena
Madalena de Paula Marques é
negra, analfabeta, pobre, de terceira idade, reside
em um bairro na periferia de Ribeirão Preto – SP. E
viúva, tem filhos e netos e muitos moram com ela
em sua pequena casa. Frequentou a escola durante
um curto período. Sabe contar objetos, conhece os
números mais simples, não sabe ler nem
escrever, sequer sabe assinar o seu próprio nome.
Sempre trabalhou na lavoura, ou como domestica.
E uma pessoa extremamente
comunicativa, amável, hospitaleira e descontraída.
Conversa com todos de maneira desembaraçada. E
além disso, exerce uma liderança, tanto em nível
familiar, quanto comunitária.
8. Indícios De autora nas narrativas
orais de Dona Madalena.
Objetivo: Mostra como os efeitos de sentido são
produzidos por ela em algumas de suas narrativas.
Efeito de suspense: criado pela interrupção de fluxo
narrativo, e pela sugestão antecipada de que algo
importante vai acontecer.
Indícios da antecipação, pelo narrador, de necessidades
do narratário: antecipa dúvidas, questionamentos e
necessidades de informação que não são reais, são
verticais e introduz na narrativa os elementos que julga
problema.
Ressignificação de elementos da experiência de Dona
Madalena dentro do narrado: Introduz nas narrativas
elementos de sua realidade, que passam a fazer parte do
ficcional criado por ela. E como se a autora se colocasse
na posição de testemunha dos fatos narrados.
9. Contextualizando...
Um “analfabeto” contando histórias.
“No caminho da roça tem maracujá
Só não tem maduro pra meu bem chupar
As pombinha voam, eu também quero voar
Os bichinhos pelo chão, as asinhas pelo ar
Dona Mariquinha rodei, Dona Mariquinha
rodai, um beijinho beijei, um beijinho beijai
Dona mariquinha rodei, Dona Mariquinha
rodai, um beijinho beijei, um beijinho beijai”
Cantigas populares
10. CONCLUSÃO
A competência de Madalena comprova que o seu
discurso oral é um elemento característico de
letramento.Isso significa que mesmo as pessoas que
não escrevem ou não escrevem bem, possuem
pensamento lógico por suas narrativas orais.
Portanto, a teoria da Grande Divisa é um pensamento
ultrapassado.
11. REFLEXÕES
Letramento não é um gancho em que se
pendura cada som enunciado.Não é um
treinamento repetitivo de uma habilidade.
Nem um martelo quebrando blocos de
gramática.
(Magda Soares)