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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, no início da década de 1880, era marcado
por transformações políticas, econômicas e demográficas que
alteravam o cenário da cidade. Cada vez mais aumentava o número
de residências insalubres e carentes (conhecidos depreciativamente
como cortiços) no centro da cidade. Por falta de opção, imigrantes,
brasileiros pobres, escravos de ganho, portugueses ocupavam estas
precárias moradias. Essas habituações representavam para os
setores mais abastados da capital da corte uma ameaça à saúde
pública.
Além disso, os transportes públicos eram marcados por
precárias condições: atrasos, acidentes, superlotação eram
problemas muito comuns. Portanto, moradores ricos e pobres da
cidade sentiam o peso das transformações urbanas.
Foi neste contexto que ocorreu, nos últimos dias do mês de
dezembro de 1879 e nos primeiros dias de janeiro de 1880, na capital
da corte, manifestações populares contra o imposto de um vintém –
moeda de menor valor do Império – sobre as passagens dos bondes
urbanos. Um dos grandes motivos de indignação da população era
que o imposto recaía apenas sobre os moradores da cidade do Rio de
Janeiro e não onerava em nada os donos das companhias de bondes.
O imposto do vintém começaria a ser cobrado a partir
do dia 1º de janeiro. Quatro dias antes da data, cinco
mil pessoas seguiram em direção ao Palácio
Imperial, em São Cristóvão, para entregar ao
imperador uma petição pedindo a revogação do
imposto. Rapidamente, a residência imperial foi
cercada por forças policiais armadas de cassetetes.
Os manifestantes foram sendo afastados do Palácio
em direção à área central da cidade. Mais tarde, Pedro
II mandaria notícia a José Lopes da Silva Trovão, o
qual estava “representando” os manifestantes, de que
os receberia. Porém, Lopes Trovão negou-se a se
encontrar com o imperador. Os acontecimentos se
intensificaram após este dia. Os manifestantes não
reivindicavam mais o fim do imposto; decidiram
negarem-se a pagá-lo.
“Sua majestade, por esperteza, deixou que a policia impedisse a
entrada do povo em seu palácio, julgando que assim ela e governo
atrairiam a odiosidade pública.
Foi ainda, por esperteza, que depois de ter repelido o povo pela força
armada e pelos capangas da secreta, pelo seu camarista, Sua
Majestade mandou comunicar que o receberia.
[...]
Felizmente, porém, o povo teve bom senso e dignidade. A
popularidade do rei corre parelhas com a sua ilustração.
Não voltou.
Dando
uma
tremenda
lição
na
grandeza
de
sua
superioridade, desprezou a traição e o traidor.
Um amigo do Sr. A. Celso”
(O imperador e o meeting, Gazeta de notícias, Rio de Janeiro, 31 dez.
1879.
p.
1.
Disponível
em:
http://memoria.bn.br/pdf2/103730/per103730_1879_00359.pdf
Acesso em: 01/12/2013)
“Os meetings foram proibidos e o terrível chanfalho da polícia
ameaça os oradores.” “O D. Lopes Trovão , um dos nossos mais
populares tribunos tem sua cabeça, isto é, o seu pescoço
ameaçado!”

“Grandes revistas foram passadas
nos quartéis, e todo o nosso
exército de mar e terra está de
prontidão.”
“No
entanto,
que
as
intenções do nosso povo
são todas pacíficas, pificas
até, como o provaram no
passeio que deram em S.
Cristóvão.
Nos que esperamos o
resultado
da
entrevista
imperial
para desenhálas, somos obrigados a
limitar-nos ao que acima
fica dito.”

Revista

Illustrada,
Rio
de
Janeiro,
dez.
1879,
p.
4-5.
Disponível
em:
http://memoria.bn.br/DOCREADER/DOCREADER.ASPX?BIB=332747 Acesso em: 07/12/2013.
No dia 1º de janeiro, 4 mil manifestantes saíram em
passeata em direção ao Largo de São Francisco, local de onde
partiam todos os bondes do centro. Em certo momento os
manifestantes se dividiram em grupos. Depois disso, muitos
carros de bondes foram virados, trilhos foram arrancados, mulas
foram esfaqueadas. A força militar colocou-se em prontidão.
Reprimiu os manifestantes, disparando tiros contra eles. No final
do dia o saldo aproximado foi o seguinte: quinze ou vinte feridos
e três homens mortos.
Os acontecimentos do dia 1º de janeiro de 1880 não são
consensuais. José Carlos de Carvalho, o único manifestante que
deixou relato detalhado, identificou nas depredações uma forma
de resistência à violência policial, assim como observadores dos
eventos relacionaram a atitude dos manifestantes como ato
defensivo.
“O Mequetrefe que tantas vezes tem se dirigido a vossa imperial pessoa, mais
uma vez hoje enfrenta-se com V. M. afim de, com a sem cerimônia de uma
consciência franca, e com toda a energia de um caráter solidamente
honesto, dizer-vos:
- Majestade, vós fostes a única culpada dos assassinatos praticados em homens
do povo indefesos, pela força pública, no dia do 1° corrente.
A história, mais tarde, quando, descendo um pouco, tratar do vosso reinado há
de tomar de umas tenazes para levantar-vos, a luz da civilização para que Ela
desfeche sobre vós um epíteto que nos está a saltar do bico da pena.
É acusado aqui dizer-vos tudo o que se deu durante os quatro primeiros dias do
corrente ano; estais tão bem informado como o público em geral, por isso
abstendo-nos disso apenas registramos aqui nestas páginas alegres e
francas, toda a nossa indignação contra os atos de vandalismos autorizados por
vós.
[...] Quanto à coroa que tendes sobre a cabeça, coroa que este bom povo soube
levantá-la, ao mesmo tempo que guardava o vosso berço, para mais tarde
entregá-la limpa e honrada, essa coroa, esperamos vê-la o mais cedo possível
caída no pó das praças para nunca mais ser erguida.
No mais, como sempre, somos de V. M. o que somos de todos os outros,
O Mequetrefe”
(Majestade, O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 3 jan. 1880. p. 3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/pdf/709670/per709670_1880_00001.pdf
Acesso
em:
01/12/2013)
“Apanhado segundo a parte oficial do comandante em chefe do exército em operações na
Rua Uruguaiana, contra o povo inerme. Na verdade, o seu Antonico Enéas é um bravo. Agora
o que se deu não é o que fica aí, mas sim outra coisa.”

“Barricadas antes
da luta”

“Barricadas antes
da luta”

“Barricada da
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“Barricada da
esquina da
Uruguaiana e 7 de
Setembro”

“Barricada da
esquina da Rua da
Uruguaiana e Rua
do Ouvidor
quarteirão
compreendido
entre esta rua e o

“Barricada da
esquina da rua da
Uruguaiana e Largo
da Sé”

”

Largo da Sé
“Aspecto da Barricada central em frente o Alcazar durante a luta.
1. Um súdito polaco (morto) 2. O Pernambucano Affonso Faria de
Andrade (morto) 3. O súdito francês Carlos Milet (morto) 4. Um
cidadão brasileiro (ferido)”

Narrativa dos acontecimentos do dia 1° de janeiro no centro da cidade. (O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 3 jan. 1880, p. 4-5. Disponível
em: http://memoria.bn.br/pdf/709670/per709670_1880_00001.pdf Acesso em: 01/12/2013

)
“O governo, a polícia e o povo. Segundo a opinião geral e em particular de todos aqueles que
apanharam algumas lambadas nestes últimos dias.”
Revista
Illustrada,
Rio
de
Janeiro,
jan.
1880,
p.
8.
Disponível
em:
http://memoria.bn.br/pdf/332747/per332747_1880_A00189.pdf Acesso em: 07/12/2013.
“O Povo no dia 1º de janeiro. A mim pareceu o povo desta corte no dia 1º de janeiro
ao governo de sua Majestade.” (O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 3 jan. 1880, p. 8-9.
Disponível
em:
http://memoria.bn.br/pdf/709670/per709670_1880_00001.pdf
Acesso em: 01/12/2013 )
Em 3 de janeiro de 1880, no centro da cidade, reuniram-se na rua do Carmo
Silveira da Motta, Francisco Otávio de Almeida Rosa, Antonio Marcellino Nunes
Gonçalves, Carlos Leôncio de Carvalho, José da Costa Azevedo, Joaquim Baptista
Pereira, Joaquim Nabuco e Joaquim Saldanha Marinho. Estes deputados e
senadores posicionaram-se contra a violência policial ocorrida no dia 1º de janeiro.
Boa parte deles iria defender a causa abolicionista. Além disso, outros envolvidos
com o Motim do Vintém estariam à frente da defesa pela liberdade dos
escravizados, como José do Patrocínio e Lopes Trovão.
Em junho de 1880, foi fundada, sob liderança de Joaquim Nabuco, a
Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Dentre seus membros estavam ativistas
do Motim do Vintém. Os comícios de rua e palestras, distribuição de
panfletos, organização de passeatas mudou a forma de pensar a política no contexto
da década de 1880.
Segundo a historiadora Sandra Lauderlate Graham, “[...] [O Motim do
Vintém] redefiniu, nada mais, nada menos, os atores, a plateia e a encenação da
cultura política. A década, iniciada por agitações populares e marcada por um novo
estilo político, que assim se fazia anunciar, continuaria como uma década de
conflito. Até fins dos anos 80, os perfis gerais da vida social seriam alterados: o
Parlamento iria abolir finalmente a escravidão, e um governo republicano
substituiria a monarquia constitucional do Império. [...]” (GRAHAM, Sandra
Lauderlate. O Motim do Vintém e a cultura política do Rio de Janeiro, 1880. In:
DANTAS, Monica (org). Revoltas, motins, revoluções: homens livres pobres e libertos
no Brasil do século XIX. São Paulo: Palameda, 2011. p. 487.)
Paralela ao grupo formado pelo Partido Liberal foi
formada uma Comissão de Paz. Composta por
médicos, advogados, homens de negócios, a
comissão repudiava a violência policial, assumindo
semelhante posição dos senadores e deputados. A
Comissão de Paz indicou um grupo de advogados
para defender gratuitamente os presos do protesto
do dia 1º de janeiro; argumentavam que as prisões
tinham sido realizadas ilegalmente. Além disso, foi
exigida a suspensão do imposto. Segundo Sandra
Graham, a formação dessa comissão queria dizer
que “a cidade dispunha de porta-vozes próprios”
(idem, p. 498).
Depois dos acontecimentos do dia 1º de
janeiro, os passageiros continuavam
negando-se a pagar o imposto. Em abril, as
companhias de bonde pediram ao governo
para que o imposto fosse abolido.
Finalmente, em 5 de setembro de 1880, o
imposto do vintém foi suspenso.
Manifestantes protestando no centro de São Paulo contra o aumento da tarifa de
ônibus, trens e metrôs em junho de 2013. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tarifa_Zero_SP.jpg Acesso em: 01/12/2013.
Em junho de 2013, ocorreram em São Paulo os primeiros protestos contra
o aumento de vinte centavos na tarifa de ônibus, trens e metrôs. Em 13 de
junho, houve uma intensa repressão policial contra os manifestantes
paulistas, a qual gerou uma enorme repulsa da população em escala
nacional. Nos dias seguintes, ocorreu uma série de manifestações em
todo o país contra o aumento das passagens. Os protestos foram
marcados por intensa violência das forças policiais contra os
manifestantes. Dias depois do início das grandes mobilizações, os
governantes de diferentes cidades começaram a revogar o aumento da
passagem. Os meses seguintes foram marcados por várias outras
manifestações que possuíam pautas variadas, tais como investimentos
em educação, saúde, transporte público, segurança.

Para saber mais, acesse os seguintes links:
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-manifestacoes-dejunho-e-a-midia/4/28178
http://saopaulo.mpl.org.br/2013/08/30/nao-comecou-em-salvador-nao-vaiterminar-em-sao-paulo/
http://g1.globo.com/brasil/protestos-2013/infografico/platb/
GRAHAM, Sandra Lauderdale. O Motim do Vintém e a
cultura política do Rio de Janeiro, 1880. In:
DANTAS, Monica (org). Revoltas, motins, revoluções:
homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX. São
Paulo: Palameda, 2011.
Trabalho apresentado à disciplina Didática, ministrada pela
professora Rachel Colacique, elaborado pela aluna de
graduação em História Jamile Silva Neto.

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Slides Motim do Vintém

  • 1. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • 2. O Rio de Janeiro, no início da década de 1880, era marcado por transformações políticas, econômicas e demográficas que alteravam o cenário da cidade. Cada vez mais aumentava o número de residências insalubres e carentes (conhecidos depreciativamente como cortiços) no centro da cidade. Por falta de opção, imigrantes, brasileiros pobres, escravos de ganho, portugueses ocupavam estas precárias moradias. Essas habituações representavam para os setores mais abastados da capital da corte uma ameaça à saúde pública. Além disso, os transportes públicos eram marcados por precárias condições: atrasos, acidentes, superlotação eram problemas muito comuns. Portanto, moradores ricos e pobres da cidade sentiam o peso das transformações urbanas. Foi neste contexto que ocorreu, nos últimos dias do mês de dezembro de 1879 e nos primeiros dias de janeiro de 1880, na capital da corte, manifestações populares contra o imposto de um vintém – moeda de menor valor do Império – sobre as passagens dos bondes urbanos. Um dos grandes motivos de indignação da população era que o imposto recaía apenas sobre os moradores da cidade do Rio de Janeiro e não onerava em nada os donos das companhias de bondes.
  • 3. O imposto do vintém começaria a ser cobrado a partir do dia 1º de janeiro. Quatro dias antes da data, cinco mil pessoas seguiram em direção ao Palácio Imperial, em São Cristóvão, para entregar ao imperador uma petição pedindo a revogação do imposto. Rapidamente, a residência imperial foi cercada por forças policiais armadas de cassetetes. Os manifestantes foram sendo afastados do Palácio em direção à área central da cidade. Mais tarde, Pedro II mandaria notícia a José Lopes da Silva Trovão, o qual estava “representando” os manifestantes, de que os receberia. Porém, Lopes Trovão negou-se a se encontrar com o imperador. Os acontecimentos se intensificaram após este dia. Os manifestantes não reivindicavam mais o fim do imposto; decidiram negarem-se a pagá-lo.
  • 4. “Sua majestade, por esperteza, deixou que a policia impedisse a entrada do povo em seu palácio, julgando que assim ela e governo atrairiam a odiosidade pública. Foi ainda, por esperteza, que depois de ter repelido o povo pela força armada e pelos capangas da secreta, pelo seu camarista, Sua Majestade mandou comunicar que o receberia. [...] Felizmente, porém, o povo teve bom senso e dignidade. A popularidade do rei corre parelhas com a sua ilustração. Não voltou. Dando uma tremenda lição na grandeza de sua superioridade, desprezou a traição e o traidor. Um amigo do Sr. A. Celso” (O imperador e o meeting, Gazeta de notícias, Rio de Janeiro, 31 dez. 1879. p. 1. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf2/103730/per103730_1879_00359.pdf Acesso em: 01/12/2013)
  • 5. “Os meetings foram proibidos e o terrível chanfalho da polícia ameaça os oradores.” “O D. Lopes Trovão , um dos nossos mais populares tribunos tem sua cabeça, isto é, o seu pescoço ameaçado!” “Grandes revistas foram passadas nos quartéis, e todo o nosso exército de mar e terra está de prontidão.” “No entanto, que as intenções do nosso povo são todas pacíficas, pificas até, como o provaram no passeio que deram em S. Cristóvão. Nos que esperamos o resultado da entrevista imperial para desenhálas, somos obrigados a limitar-nos ao que acima fica dito.” Revista Illustrada, Rio de Janeiro, dez. 1879, p. 4-5. Disponível em: http://memoria.bn.br/DOCREADER/DOCREADER.ASPX?BIB=332747 Acesso em: 07/12/2013.
  • 6. No dia 1º de janeiro, 4 mil manifestantes saíram em passeata em direção ao Largo de São Francisco, local de onde partiam todos os bondes do centro. Em certo momento os manifestantes se dividiram em grupos. Depois disso, muitos carros de bondes foram virados, trilhos foram arrancados, mulas foram esfaqueadas. A força militar colocou-se em prontidão. Reprimiu os manifestantes, disparando tiros contra eles. No final do dia o saldo aproximado foi o seguinte: quinze ou vinte feridos e três homens mortos. Os acontecimentos do dia 1º de janeiro de 1880 não são consensuais. José Carlos de Carvalho, o único manifestante que deixou relato detalhado, identificou nas depredações uma forma de resistência à violência policial, assim como observadores dos eventos relacionaram a atitude dos manifestantes como ato defensivo.
  • 7. “O Mequetrefe que tantas vezes tem se dirigido a vossa imperial pessoa, mais uma vez hoje enfrenta-se com V. M. afim de, com a sem cerimônia de uma consciência franca, e com toda a energia de um caráter solidamente honesto, dizer-vos: - Majestade, vós fostes a única culpada dos assassinatos praticados em homens do povo indefesos, pela força pública, no dia do 1° corrente. A história, mais tarde, quando, descendo um pouco, tratar do vosso reinado há de tomar de umas tenazes para levantar-vos, a luz da civilização para que Ela desfeche sobre vós um epíteto que nos está a saltar do bico da pena. É acusado aqui dizer-vos tudo o que se deu durante os quatro primeiros dias do corrente ano; estais tão bem informado como o público em geral, por isso abstendo-nos disso apenas registramos aqui nestas páginas alegres e francas, toda a nossa indignação contra os atos de vandalismos autorizados por vós. [...] Quanto à coroa que tendes sobre a cabeça, coroa que este bom povo soube levantá-la, ao mesmo tempo que guardava o vosso berço, para mais tarde entregá-la limpa e honrada, essa coroa, esperamos vê-la o mais cedo possível caída no pó das praças para nunca mais ser erguida. No mais, como sempre, somos de V. M. o que somos de todos os outros, O Mequetrefe” (Majestade, O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 3 jan. 1880. p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/709670/per709670_1880_00001.pdf Acesso em: 01/12/2013)
  • 8. “Apanhado segundo a parte oficial do comandante em chefe do exército em operações na Rua Uruguaiana, contra o povo inerme. Na verdade, o seu Antonico Enéas é um bravo. Agora o que se deu não é o que fica aí, mas sim outra coisa.” “Barricadas antes da luta” “Barricadas antes da luta” “Barricada da esquina da rua da Uruguaiana e rua do Ouvidor” “Barricada da esquina da Uruguaiana e 7 de Setembro” “Barricada da esquina da Rua da Uruguaiana e Rua do Ouvidor quarteirão compreendido entre esta rua e o “Barricada da esquina da rua da Uruguaiana e Largo da Sé” ” Largo da Sé “Aspecto da Barricada central em frente o Alcazar durante a luta. 1. Um súdito polaco (morto) 2. O Pernambucano Affonso Faria de Andrade (morto) 3. O súdito francês Carlos Milet (morto) 4. Um cidadão brasileiro (ferido)” Narrativa dos acontecimentos do dia 1° de janeiro no centro da cidade. (O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 3 jan. 1880, p. 4-5. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/709670/per709670_1880_00001.pdf Acesso em: 01/12/2013 )
  • 9. “O governo, a polícia e o povo. Segundo a opinião geral e em particular de todos aqueles que apanharam algumas lambadas nestes últimos dias.” Revista Illustrada, Rio de Janeiro, jan. 1880, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/332747/per332747_1880_A00189.pdf Acesso em: 07/12/2013.
  • 10. “O Povo no dia 1º de janeiro. A mim pareceu o povo desta corte no dia 1º de janeiro ao governo de sua Majestade.” (O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 3 jan. 1880, p. 8-9. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/709670/per709670_1880_00001.pdf Acesso em: 01/12/2013 )
  • 11. Em 3 de janeiro de 1880, no centro da cidade, reuniram-se na rua do Carmo Silveira da Motta, Francisco Otávio de Almeida Rosa, Antonio Marcellino Nunes Gonçalves, Carlos Leôncio de Carvalho, José da Costa Azevedo, Joaquim Baptista Pereira, Joaquim Nabuco e Joaquim Saldanha Marinho. Estes deputados e senadores posicionaram-se contra a violência policial ocorrida no dia 1º de janeiro. Boa parte deles iria defender a causa abolicionista. Além disso, outros envolvidos com o Motim do Vintém estariam à frente da defesa pela liberdade dos escravizados, como José do Patrocínio e Lopes Trovão. Em junho de 1880, foi fundada, sob liderança de Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Dentre seus membros estavam ativistas do Motim do Vintém. Os comícios de rua e palestras, distribuição de panfletos, organização de passeatas mudou a forma de pensar a política no contexto da década de 1880. Segundo a historiadora Sandra Lauderlate Graham, “[...] [O Motim do Vintém] redefiniu, nada mais, nada menos, os atores, a plateia e a encenação da cultura política. A década, iniciada por agitações populares e marcada por um novo estilo político, que assim se fazia anunciar, continuaria como uma década de conflito. Até fins dos anos 80, os perfis gerais da vida social seriam alterados: o Parlamento iria abolir finalmente a escravidão, e um governo republicano substituiria a monarquia constitucional do Império. [...]” (GRAHAM, Sandra Lauderlate. O Motim do Vintém e a cultura política do Rio de Janeiro, 1880. In: DANTAS, Monica (org). Revoltas, motins, revoluções: homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX. São Paulo: Palameda, 2011. p. 487.)
  • 12. Paralela ao grupo formado pelo Partido Liberal foi formada uma Comissão de Paz. Composta por médicos, advogados, homens de negócios, a comissão repudiava a violência policial, assumindo semelhante posição dos senadores e deputados. A Comissão de Paz indicou um grupo de advogados para defender gratuitamente os presos do protesto do dia 1º de janeiro; argumentavam que as prisões tinham sido realizadas ilegalmente. Além disso, foi exigida a suspensão do imposto. Segundo Sandra Graham, a formação dessa comissão queria dizer que “a cidade dispunha de porta-vozes próprios” (idem, p. 498).
  • 13. Depois dos acontecimentos do dia 1º de janeiro, os passageiros continuavam negando-se a pagar o imposto. Em abril, as companhias de bonde pediram ao governo para que o imposto fosse abolido. Finalmente, em 5 de setembro de 1880, o imposto do vintém foi suspenso.
  • 14. Manifestantes protestando no centro de São Paulo contra o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrôs em junho de 2013. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tarifa_Zero_SP.jpg Acesso em: 01/12/2013.
  • 15. Em junho de 2013, ocorreram em São Paulo os primeiros protestos contra o aumento de vinte centavos na tarifa de ônibus, trens e metrôs. Em 13 de junho, houve uma intensa repressão policial contra os manifestantes paulistas, a qual gerou uma enorme repulsa da população em escala nacional. Nos dias seguintes, ocorreu uma série de manifestações em todo o país contra o aumento das passagens. Os protestos foram marcados por intensa violência das forças policiais contra os manifestantes. Dias depois do início das grandes mobilizações, os governantes de diferentes cidades começaram a revogar o aumento da passagem. Os meses seguintes foram marcados por várias outras manifestações que possuíam pautas variadas, tais como investimentos em educação, saúde, transporte público, segurança. Para saber mais, acesse os seguintes links: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-manifestacoes-dejunho-e-a-midia/4/28178 http://saopaulo.mpl.org.br/2013/08/30/nao-comecou-em-salvador-nao-vaiterminar-em-sao-paulo/ http://g1.globo.com/brasil/protestos-2013/infografico/platb/
  • 16. GRAHAM, Sandra Lauderdale. O Motim do Vintém e a cultura política do Rio de Janeiro, 1880. In: DANTAS, Monica (org). Revoltas, motins, revoluções: homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX. São Paulo: Palameda, 2011. Trabalho apresentado à disciplina Didática, ministrada pela professora Rachel Colacique, elaborado pela aluna de graduação em História Jamile Silva Neto.