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TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB
CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011
Reflexões Arqueológicas: estudo dos sítios
arqueológicos do município de Queimadas/PB
Jacqueline Liedja Araujo SILVA 1
José Augusto Costa de ALMEIDA 2
1 Graduada em Comunicação Social e Geografia, ambos pela UFPB.
E-mail: jliedja@hotmail.com.br
2 Departamento de Geociências, Universidade Federal da Paraíba.
E-mail: paleoprofessor@gmail.com
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REFLEXÕES ARQUEOLÓGICAS: ESTUDO DOS SÍTIOS
ARQUEOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS/PB
RESUMO
O trabalho procura traçar considerações a respeito da ciência arqueológica e importância da
preservação dos vestígios arqueológicos, tendo como área de pesquisa os inscritos rupestres do
Agreste paraibano, localizado no município de Queimadas. Estão catalogados dezesseis sítios
arqueológicos, seis desses fazem parte deste estudo. Identificou-se a importância da
Arqueologia, os impactos negativos na área arqueológica analisada, o papel das instituições
responsáveis e da população diante das áreas arqueológicas.
PALAVRAS-CHAVE: Arqueologia, Conservação e Meio Ambiente.
ABSTRACT
In this work we make some considerations about the archaeological science and the importance
of preservation of archaeological vestiges, taking into account the rupestrian inscriptions located
in archaelogical sites in Agreste of Paraíba, in the city of Queimadas. Sixteen archaeological sites
are catalogued and six of these are part of this study. This research identified the importance of
archeology, the negative impacts on the archaeological area and examined the role of institutions
and people in the face of archeological sites.
KEYWORDS: Archaeology, Conservation and Environment.
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INTRODUÇÃO
Os vestígios arqueológicos são provas de que o passado brasileiro não começa em
cinco séculos de história, onde um dos protagonistas é o invasor europeu, mas a narrativa
brasileira prossegue, não por séculos, mas por milênios. As peças reveladoras dessa época
remota são as pinturas e gravuras rupestres, espalhadas por vários lugares do território
brasileiro. Inscritos rupestres que devem ser preservados, constituem valiosos documentos da
humanidade e fortalece nosso senso de identidade nacional.
A área de estudo da presente pesquisa está inserido no Estado da Paraíba, no município
de Queimadas, que dispõe de um acervo arqueológico significativo, no entanto, boa parte da
população local desconhece. Nos últimos anos, porém tal patrimônio se encontra em estado
precário de preservação, devido à ação antrópica existente.
Diante da análise observada nesta pesquisa, existe a necessidade de maior divulgação
desse acervo, sensibilização da população local e os poderes públicos responsáveis para a
preservação, a afim de que essa área se potencialize de maneira sustentável.
ARQUEOLOGIA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
Arqueologia é vista por muitos estudiosos como sendo uma “ciência que estuda os
monumentos e vestígios das civilizações antigas” (SOUZA, 2004, p. 24). Este entendimento está
relacionado à própria etimologia da palavra Arqueologia, onde archaios quer dizer passado ou
antigo e logos significa ciência ou estudo. Com a fusão destes dois nomes, trata do estudo do
passado ou conhecimento dos primórdios.
Em um conceito mais atualizado, a Arqueologia “nos últimos anos, foi se alargando seu
campo de ação para o estudo da cultura material de qualquer época, passada ou presente”
(FUNARI, 2003, p. 13).
Caracteriza-se como uma ciência que estuda as sociedades atuais ou do passado
através de sua cultura material, ou melhor, através dos objetos e vestígios deixados por
determinado grupo humano.
Já o sítio arqueológico é definido como sendo uma ciência que estuda monumentos e
vestígios das civilizações, as gravuras e pinturas rupestres estão inseridos nesta categoria da
ciência arqueológica, ou seja, “todo vestígio antigo deixado pelo homem na sua passagem pela
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terra, constitui um sítio arqueológico. As pinturas e gravuras rupestres – a denominada arte
rupestre” (ALMEIDA, 1979, p. 21.)
Existe uma diversidade de inscrições rupestres em todo o território nacional e gerou-se
por parte dos estudiosos da área da arqueologia a necessidade de estabelecer uma
classificação para melhor análise, dividindo-os em tradições e sub-tradições. Segundo André
Prous, caracteriza-se tradição como “a categoria mais abrangente entre as unidades rupestres
descritivas, implicando certa permanência de traços distintivos, geralmente temáticos” (PROUS,
1992, p.511).
De acordo com a Fundação Museu do Homem Americano, informação obtida via on-line
no site www.fumdham.org.br/pinturas.asp, os sítios rupestres estão divididos em dois tipos de
gravuras e três de pinturas. As gravuras estão fragmentadas em tradições Itacoatiaras de Oeste
e Itacoatiaras de Leste. Na língua tupi Itacoatiara significa pedra pintada, mas na verdade este
tipo de vestígio pré-histórico não é composto de pintura e sim “gravado na rocha”.
As Itacoatiaras de Oeste estão localizadas desde a fronteira com a Bolívia até o limite
oeste da área do Parque Nacional da Serra da Capivara, indo para o sul, onde aparece até o
norte de Minas Gerais. Já Itacoatiaras de Leste são tradições típicas de todo a região do
Nordeste brasileiro e seus painéis ornam as beiras dos leitos rochosos de rios e riachos do
sertão, marcando cachoeiras ou pontos nos quais a água persiste mesmo durante a época da
seca, acredita-se que as populações antigas cultuavam as águas. Uma das gravuras mais
importantes do Brasil é a Pedra de Ingá/PB. “Indubitavelmente as Itaquatiaras foram à tradição
ou as tradições mais enigmáticas de toda arte rupestre do Brasil” (MARTIN, 1997, p. 299).
As pinturas estão distribuídas em três tipos: tradição Nordeste, tradição Agreste e
tradição Geométrica. “A primeira é originário do Sudeste do Piauí, e a segunda, da região
agreste de Pernambuco e da Paraíba, motivo que nos levou, de comum acordo, a chamar
tradição Agreste a esse horizonte, de cronologia posterior à tradição Nordeste” (MARTIN, op. cit.,
p. 236).
Já a tradição Geométrica é bastante polêmica entre os estudiosos, pois nem todos os
autores entraram em acordo com sua conceituação:
O problema é subjacente à ambigüidade das definições e à escolha do que pode ser
considerado „geométrico‟ para definir uma tradição com esse nome. Note-se um certo
cacoete na inclinação cômoda de atribuir-se a uma suposta tradição geométrica
todos os grafismos puros que não se encaixam nas outras tradições definidas. Os
grafismos puros, em sua infinidade não podem considera-se geométricos.
Comumente as definições como tais têm sido aplicado a grafismo de tendência
retilínea e angulares, que produzem triângulo, quadrado e retângulo, principalmente.
Os grafismos de tendência arredondada são principalmente atribuídos à
representação de corpos celestes e fala-se também de „tradições astronômicas‟
(MARTIN, op. cit., p. 292).
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De acordo com Martin (op. cit) foram classificados pela arqueóloga Niède Guidon os
“dois grandes horizontes culturais nas pinturas rupestres, área de pesquisa, batizadas como
tradição Nordeste e tradição Agreste. A primeira tem maior concentração de sítios e é,
possivelmente, originário do SE do Piauí, e a segunda, da região agreste de Pernambuco e da
Paraíba, motivo que nos levou, de comum acordo, a chamar tradição Agreste a esse horizonte,
de cronologia posterior à tradição Nordeste” (MARTIN, 2007, p. 236). Este é o consenso aceito
entre os pesquisadores nos estudos da classificação das pinturas arqueológicas.
A tradição Nordeste é “notável pela grande quantidade de representações humanas” (PROUS,
op cit., p. 33), caracterizada pela presença de grafismos reconhecíveis e de grafismos puros, ou
seja, que não podem ser identificados.
Não é apenas a representação do cotidiano e sim, principalmente, grafismo
representando cenas cerimoniais ou mitos cujo significado nos escapa e que,
precisamente por isso, quando repetidos em vários abrigos, inclusive em lugares
distantes entre si, identificam a tradição. São cenas formadas por grafismo de ação e
de composição que chamamos de emblemáticas e que são como „logotipo‟ da
tradição Nordeste (MARTINS, op. cit. p. 256).
A dança, práticas sexuais, caça e manifestações rituais em torno de uma árvore são os temas
encontrados na tradição Nordeste. Já os grafismos puros não representam elementos
conhecidos do mundo sensível. As composições simbólicas são figuras dispostas de maneira
típica, com posturas e gestos de pouca complexidade gráfica, mas que se repetem
sistematicamente, como exemplo das cenas de árvores. A tradição Agreste tem manifestações
limitadas entre 10.500 e 6.000 anos antes do presente; com o desaparecimento dos povos de
tradição Nordeste ela se torna dominante e passa a ocupar toda a zona por volta de 5.000 anos.
SUB-TRADIÇÕES
As tradições muitas vezes diferenciadas nos elementos representáveis, surgiu à
necessidade por parte da comunica arqueológica fragmentar ainda mais, através das sub-
tradições, este é um “termo introduzido para definir o grupo desvinculado de uma tradição e
adaptado a um meio geográfico e ecológico diferente que implicam na presença de elementos
novos” (MARTIN, op. cit., p. 241).
A tradição Nordeste possui três sub-tradições: Sub-tradição Várzea Grande: Localiza-se
no sudeste do Piauí, tem esta denominação porque suas manifestações são mais antigas. Essa
tradição “teve longa duração no tempo e ampla dispersão espacial, numa área de
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aproximadamente 40.000 quilômetros quadrados, em conseqüência houve mudanças graduais
na apresentação dos temas e na evolução do grafismo” (MARTIN, op. cit., p. 259), com figuras
humanas e de animais extremamente geométricas.
Sub-tradição Seridó: Localizada no Rio Grande do Norte, com a dança, a luta, a caça, o
sexo e manifestações ritualistas, ou seja, “o mundo que aparece nas pinturas rupestres do
Seridó. É a vida cotidiana da pré-história, às vezes trágicas e violenta, ou com figuras ou com
grande agitação e outras que apresentam um mundo lúdico e brincalhão, documentado pelo
movimento da dança e agitação das figuras acrobáticas” (MARTIN, op. cit., p. 264), expressa
dinâmica, com animação e agitação nas figuras humanas.
Sub-tradição Várzea Central: Localizada no Sertão da Bahia, principalmente nos
municípios de Lençóis e Morro do Chapéu. Nela há uma grande quantidade de pinturas
rupestres, com “quantidade de traço, o movimento das figuras humanas, o tamanho reduzido dos
grafismos, a identificação das espécies animais e certos grafismos „heráldicos‟ asseguram, sem
dúvida, a existência de uma sub-tradição da grande tradição Nordeste, na Bahia” (MARTIN, Op.
cit., p. 270). Nesta sub-tradição há um predomínio de animais em relação às figuras humanas.
A TRADIÇÃO AGRESTE POSSUI UMA SUB-TRADIÇÃO
A tradição Agreste possui duas modalidades estilísticas que variam tanto na técnica
utilizada como nas temáticas gráficas representadas. Com pinturas de características grosseiras,
de grande tamanho, sem preocupação com a delineação da figura e com preenchimento
realizado negligentemente, mas cobrindo extensas superfícies “técnica gráfica e riqueza temática
inferiores à tradição Nordeste” (MARTIN, p. cit., p. 277.). Outra modalidade da tradição Agreste
são figuras de menor tamanho, mas sempre maiores que as da tradição Nordeste, feitas com
maior cuidado e com um preenchimento mais controlado e cuja tinta escorreu menos. Esta
última, segundo os dados disponíveis, seria a mais antiga.
Os registros que os caracteriza tem sido chamado de tradição Agreste. O nome
deve-se à grande concentração de sítios com pinturas localizadas nos pés de serra,
várzeas e „brejos‟ da região agreste de Pernambuco e do sul da Paraíba, mas, na
verdade trata-se de uma tradição rupestre extremamente espalhada por todo o
Nordeste, tanto nos „agreste‟ como nas áreas sertanejas semi-áridas (MARTIN, p.
cit., p.277).
As tradições são estabelecidas pelos tipos de grafismos representados e pela proporção
relativa que estes tipos guardam entre si. Mas nesta abrangência de inscritos rupestres, as
tradições podem distinguir-se entre si, com as diferenças na representação gráfica de um
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mesmo tema e distribuição geográfica.
Sub-tradição Cariris Velhos: Localizada entre Pernambuco e Paraíba, na região onde um
arco de serras marca a divisa entre os limites do município de Arco Verde ao sul e Campina
Grande ao norte. Estes estudos foram feitos no fim da década de 70, nos respectivos estados de
Pernambuco e Paraíba pelas pesquisadoras Alice Aguiar e Ruth Trindade de Almeida.
Os grafismos e painéis da sub-tradição Cariris Velhos nunca aparecem em abrigos e
paredões no alto das serras e, tanto na Paraíba como em Pernambuco, os lugares
preferidos são os matacões arredondados de granito que emergem pela erosão, nas
rochas mais brandas, nos vale e nas encostas das serra, destacando-se na
paisagem (MARTIN, op. cit., p.281-282).
As tradições juntamente com suas respectivas sub-tradições estão segmentadas
geograficamente, como foi mencionado anteriormente que a tradição Nordeste e tradição
Agreste se concentram respectivamente no Sudeste do Piauí e agreste da Paraíba e
Pernambuco. Segundo Prous a tradição Nordeste aborda outras áreas, além das mencionada
por Martin, “tradição Nordeste estendeu-se num vasto território que vai do sul até o Mato Grosso,
passando por Goiás, infiltrando-se tardiamente em parte do território minério. A oeste chega até
o pé dos Andes – na Bolívia, no Peru e na Colômbia Meridional” (PROUS, op. cit., p. 33).
Figura 1 – Mapa de Localização das Sub-Tradições do Nordeste do Brasil
Fonte: Modificado de http://www.portalsaofrancisco.com.br/imagem.php
Devido fazer parte desta tradição, na sub-tradição do Seridó, está concentrada a
inscrição rupestre no Rio Grande do Norte, estado divisa com a Paraíba, a proximidade
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geográfica é fator importante para Queimadas possuir inscrições rupestres de pinturas do tipo da
tradição Nordeste, tradição Agreste e também gravuras Itacoatiaras.
Afirma Gabriela Martin que Niède Guidon é a responsável pela classificação da tradição
Nordeste, Agreste e subtradição Varzea Grande, esta última auxiliada por Anne-Marie Pessis. A
sub-tradição do Seridó com a própria Gabriela Martin, sub-tradição Várzea Central com Maria da
Conceição Beltrão e a sub-tradição Cariris Velhos localizadas no Agreste da Paraíba e
Pernambuco, com as pesquisadoras Ruth Trindade de Almeida e Alice Aguiar, respectivamente.
O território brasileiro é rico em inscrições rupestres, e estes documentos históricos
existem em todas as regiões brasileiras, “segundo os dados do IPHAN, existem atualmente
cerca de 20.000 sítios arqueológicos identificados no país” (MIRANDA, 2002, p. 02). Embora não
haja um controle sobre o número de monumentos pré-históricos existentes no estado da
Paraíba, o IPHAEP assegura que há mais de mil sítios confirmados em solos paraibanos
(ARAUJO, 2004, p.04), apenas na área do presente estudo, na cidade de Queimadas foram
catalogados 16 sítios arqueológicos, entre os anos de 1997 a 2009.
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Queimadas, situado no Nordeste do Brasil, município do Estado da Paraíba, situada na
Mesorregião do Agreste [FIGURA Nº 2] e é uma das oito cidades pertencentes à Microrregião de
Campina Grande, esta área corresponde a 2.113,326 km do total da Paraíba, com uma distância
de 117,24km da Capital do Estado e 15km de Campina Grande que fica ao norte. Possui uma
área de 409,20 km2 e uma população de 40.321 mil habitantes (IBGE/2009).
Figura 2– Mapa da Paraíba em destaque Queimadas e cidades limites
Fonte: Modificado de www.cprm.gov.br/rehi/atlas/paraiba/relatorios/QUEI151.pdf
A cidade está situada em uma zona de transição climática do tipo Quente e úmido (As) e
Semi - árido quente (Bsh), de acordo com a classificação de Koppen, a temperatura mínima fica
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em 19 oC a máxima chega a 30 oC e vegetação é a caatinga hipoxerófila, mas por estar
localizada em área de influências climáticas entre a Zona da Mata e Sertão, apresenta
vegetação tanto com características da mata atlântica e da caatinga.
Inserida no domínio da bacia hidrográfica do rio Paraíba, situada na região do Médio
curso do rio. A morfologia ondulada do município divide-se em dois níveis distintos, á área ao
norte da sede municipal é mais elevada, compõe-se de uma serra íngreme. Esta cadeia rochosa
com 625 m de altitude máxima, não se restringe apenas na área territorial de Queimadas, mas
abrange outros municípios, aos extremos do sentido oeste ao leste, dos municípios de Caturité,
Queimadas e entre Ingá e Itatuba.
Há uma quantidade significativa de registros arqueológicos nessa Serra. De acordo com
os estudos de pesquisadores de universidades paraibanas (UEPB, UFPB, UFCG, etc.) e apoio
da população local (comunidade, estudantes e professores locais) foram catalogados dezesseis
sítios arqueológicos confirmados: Pedra do Touro, Guritiba, Pedra do Zé Velho, Sítio Loca, Sítio
Castanho I, Sítio Castanho II, Sítio Castanho III, Itacoatiara do Macaco, Sítio Aldeia,
Caracolzinho, Bodopitá, Malhada Grande, Gravatá dos Trigueiros, Gravatá de Queimadas,
Vidinhas, Pedra do Parafuso. Sabemos que só através de incentivos de instituições
responsáveis muitos outros acervos arqueológicos poderão ser descobertos nesta área.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE
QUEIMADAS
Os inscritos rupestres encontrados em Queimadas são típicos da tradição Agreste, mas
existem a presença da tradição Nordeste, como a sub-tradição Seridó, além das pinturas,
existem também gravuras no território queimadense, como exemplo do sítio Arqueológico de
Caracozinho. Os sítios selecionados são de pinturas e apenas um é um cemitério indígena,
neste não há inscrições rupestres.
Os sítios selecionados neste estudo foram seis, três sítios ao lado oeste e três ao lado
leste da rodovia 104. Ao lado oeste da BR existem Pedra do Touro, Guritiba e Vidinhas e os três
no sentido leste são: Zé Velho, Loca e Castanho I.
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Figura 3- Sítios Arqueológicos selecionados nesta pesquisa
Através da visita em campo analisou-se características geo-ambientais do entorno das
inscrições rupestres, localizações de coordenadas geográficas, altitudes e principalmente o
estado de conservação dos seis sítios arqueológicos.
Há bastantes semelhantes nos aspectos paisagísticas e problemática ambiental, mas
também existem diferenciações dos traçados rupestres. No aspecto paisagístico apresenta a
vegetação é tanto de espécies típica do Sertão quanto da Zona da Mata, como: juazeiro
(Ziziphus joazeiro Mart.), jurema [Mimosa tenuiflira (Wild) poir], catingueira (Caesalpina
pyramidalis Tul.), mororó (Bahuinia cheilantha Bong) Steud, angico [Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenam] e cactácias em ambudância de acordo com Barbosa et al.(2007). Na espécie
mata atlântica como embaúba (Cecropia lyratiloba Andr. Car.) e coco catolé (Syagrus cearensis
Noblick) segundo Boscolo et al, segundo Boscolo et al (2007).
Os problemas ambientais encontrados são tanto de natureza naturais, quanto antrópicas
que afetam diretamente na preservação desses inscritos.
Sítio Arqueológico da Pedra do Touro: Situado na coordenada geográficas latitude
07º54‟08.3” S, longitude 35º54‟12.8” W e altitude de 582m. Este é um ato vergonhoso, de total
vandalismo e ignorância ao valor neste monumento. Os principais impactos encontrados
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tanto por ações antrópicas são: intemperismo biológico, lixo, pichações e extração de granito, há
uma companhia mineradora próximo do local.
Dentre os elementos figurativos do matacão arqueológico, a uma polêmica em relação a
denominação de Pedra de touro, por possuir a saliência no dorso e aparentes chifres no animal,
mas mesmo com esta semelhança ao animal bovino, não havia ocorrência na América do Sul
antes da vinda dos portugueses segundo afirma estudiosos. Datações feitas a inscritos
rupestres semelhantes a estes na década de 80, em Pernambuco, demonstraram idade de
“1.760 e 2.030 anos [...] como as demais inscrições neste estilo” (BRITO, 2008, p. 54).
Sítio Arqueológico da Guritiba: Com coordenada geográfica de latitude 07º21‟28.3”S,
longitude 35º54‟37.5”W e altitude de 482m, denominado também pela população local de Pedra
do Letreiro, por existir grafismo de tonalidades vermelha a amarela. Este sítio apresenta impacto
como: intemperismo, a facilidade de acesso para o vandalismo, pichações, fragmentação da
rocha e extração de granito.
Sítio Arqueológico Vidinha: Possui coordenada geográfica com latitude de
07º21‟20.7”S, longitude 35º55‟02.0”W e altitude de 478m. Este sítio arqueológico está localizado
na zona rural onde se encontra o sítio arqueológico da Guritiba, poucos menos de 500m de
distância Letreiro de um para o outro. Apresenta figuras retangulares com os cantos
arredondados e setas rupestres estão em bom estado de visualização, mas não são de difícil
entendimento da mensagem transmitida, com uma tinta de tonalidade vermelha.
Este é um dos sítios arqueológicos de menos impacto ambiental, não há presença de
lixo, nem de pichações, extração e fogo. Em outro momento pesquisadores constataram:
“Fuligem de fogo no teto do abrigo e o mesmo serem utilizado com o chiqueiro cercado para
caprinos, os registros rupestres estão em bom estado. Contudo, o solo do abrigo que
possivelmente contém vestígios está contaminado com lixo, fezes de animais e restos de
fogueiras recentes” (Brito et al. 2006, p.61).
Sítio arqueológico do Zé Velho: Apresenta a coordenada geográfica com latitude
07º20‟51.9”S de longitude 35º53‟50.9”W e altitude de 601m. Neste sítio há muitas pichações,
além dos requisitos de uma fogueira, a qual descascou a parte superficial da rocha e perfurações
na rocha para serem colocados os explosivos e a referência numérica 6B, código apontado pelo
Departamento de Estradas e Rodagem para ser destruído.
As figuras rupestres do Zé Velho são de tonalidade vermelha, com desenhos de fácil
identificação: marcações de mãos, dedos e animais, “conjuntos de bidígitos, figuras desconexas,
manchas e uma grande representação de um suposto zoomorfo com braços, pernas e cauda
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estendidas. Esta representação figura apenas o contorno com interior vazado” Brito et al (2006,
p. 66).
As mãos carimbadas e logo abaixo, há manchas ilegíveis, já ao lado leste do matacão
há figura vazada do animal. Essas figuras são típicas da Tradição Agreste, com características
de “figuras agrestes aparecem isoladas ou formando pequenos conjuntos dominados por uma ou
duas grandes figuras antropomorfas (ditas „bonecões‟), eventualmente rodeadas por poucos
grafismos zoomorfos ou pinturas carimbadas na parede - inclusive impressões de mão”
(PROUS, op. cit, p. 35).
Sítio arqueológico do Castanho I: Sua coordenada geográfica de latitude
07º201‟45.7”S, longitude 35º53‟16.9”W e altitude de 522m, localizado logo depois do Sítio
Arqueológico do Zé Velho. A área é conhecida também pela população de Pedra do Amor.
Segundo moradores do local eram muito comuns casais de namorados visitarem o local, mas
hoje em dia isto não se vê mais com freqüência. O matacão granítico tem 14m de altura por 40m
de circunferência, sobre uma plataforma com cinco metros de altura, que aflora do lado leste e é
nivelada ao lado oeste.
As inscrições rupestres deste matacão estão localizadas ao norte da rocha, com
vermelha e amarela, construído de figuras humanas. As figuras desenhadas transmitem idéia
dinâmica onde representante um possível ritual. “Todas mostram com os braços voltados para
baixo, dando agradável impressão de movimento. A impressão deixada pelo observador é
dessas que convidam o estudioso a batizá-la de painel da dança” (ALMEIDA, op. cit., p.70). No
total são 12 figuras humanas de tamanhos diversos, possivelmente sejam compostos por duas
canoas e demais objetos não são nítidos do que seja.
O matacão rochoso do Castanho I encontra-se em um estado relativo de preservação,
resquícios de fogo e extração mineral também não foram encontrados neste local. No entanto as
pichações com uma tinta metálica com nomes pornográficos estão sobre o granítico rupestre,
felizmente na área propriamente das inscrições arqueológicas não há pichações.
Sítio arqueológico Loca: Situado na coordenada geográfica de latitude 07º21‟27.3”Sul
e de longitude Oeste 35º53'53.7” e altitude de 509m, tem este nome devido sua estrutura física,
a forma como estão estruturadas as rochas, umas sobre as outras. Com um espaço entre elas,
formando um ventilado abrigo. Este sítio arqueológico não possui pinturas rupestres, e sim um
cemitério indígena, localizado em cima da serra, com 509m de altitude em relação ao nível do
mar.
Este sítio arqueológico encontra-se bastante vandalizado, com devastação das plantas
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nativas, lixo, espaço ocupado por antes de telefonia e emissoras de TV, fragmentação de
rochas. Os dois problemas mais agravantes são: rochas dinamitadas, estas com fragmentos
para produção de paralelepípedo a fim de serem vendidos e desenterramento dos ossos
humanos, foram levados para as escolas municipais. Segundo estudiosos, diante da tamanha
descaracterização, demonstra não oferecer mais qualquer condição de salvamento arqueológico.
CONCLUSÃO
A ciência arqueológica permite entender o passado da humanidade, vista não apenas
como ciência que estuda os monumentos e vestígios das civilizações antigas, mas com o passar
dos anos o campo de atuação da Arqueologia ampliou e estuda a cultura material de qualquer
época, passada ou presente. Em se tratando de vestígios antigos, há no Brasil um grande
quantidade sítios rupestres e por isto que gerou-se a necessidade de estabelecer uma
classificação, dividindo-os em tradições e sub-tradições.
Os sítios rupestres estão divididos em tradições, com dois tipos de gravuras (Itacoatiaras
de Oeste e Itacoatiaras do Leste) e três de pinturas (tradição Nordeste, tradição Agreste e
tradição Geométrica). Com a expressividade quantitativa e qualitativa de inscritos rupestres, as
tradições são divididas e surgem as sub-tradições (grupo desvinculado de uma tradição e
adaptado a um meio geográfico e ecológico distinto que implicam na presença de elementos
novos), a tradição Nordeste possui três sub-tradições (Sub-tradição Várzea Grande, Sub-
tradição Seridó e Sub-tradição Várzea Central) e tradição Agreste possui uma sub-tradição (Sub-
tradição Cariris Velhos).
Em Queimadas há expressões rupestres típicos (tradição Agreste), mas também a
presença de outras tradições e sub-tradição Seridó, é encontrado no estado do Rio Grande do
Norte, como exemplo do Seridó, é o Sítio Arqueológico do Castanho I. Queimadas possui uma
beleza natural e expressividade arqueológica, mas é necessário haver a valorização dessa área
ambiental, através de uma sensibilização dos poderes públicos, com as autoridades
responsáveis em um planejamento estratégico em prol de uma maior conscientização da
população local sobre a importância que este lugar possui.
É um processo de mudança de comportamento da sociedade em que as práticas
nocivas encontradas neste ambiente, sobretudo no que diz respeito aos inscritos rupestres.
Pichações, queimadas praticadas nas próprias rochas arqueológicas, resíduos de lixo (plásticos,
vidros entre outros), lavra do granito comprometem a riqueza ambiental deste lugar.
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É preciso haver o engajamento da população local e conduzi-la como guardião dos bens
arqueológicos, por esse motivo é necessário informá-la sobre o valor desses inscritos rupestres
e sua relevância documental para a humanidade. Fica difícil cobrar a valorização o que não se
conhece, é necessário conhecer para ser preservado.
Em se tratando dos vandalismos praticados por desocupados, são lamentáveis as
punições que rege as diversas leis constitucionais e infraconstitucionais não passa de teoria e na
prática dificilmente a punição se concretiza. Como exemplo do que vem ocorrendo em
Queimadas, que é difícil encontrar culpados. As legislações vigentes no nosso país tornam-se
inoperante neste sentido, infelizmente.
É necessário um planejamento a curto, médio e longo prazo por parte das instituições
responsáveis aos acervos arqueológicos, parcerias com os poderes públicos locais, onde as
políticas públicas precisam ser mais atuantes. De modo que na prática ocorra a preservação ao
patrimônio dessa área não apenas para as gerações presentes, mas também para as futuras
gerações.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R.T. A arte rupestre nos Cariris Velhos. João Pessoa: Ed. Universitária/UFPB, 1979. 125 p.
ARAUJO, R. Registros pré-história existem em 90% dos municípios paraibanos. Jornal da Paraíba, João
Pessoa, 26 set. 2004.Vandalismo ameaça preservação dos sítios arqueológicos na PB, Cidades, p.1-3.
BOSCOLO. O.H. et al. Potencial antioxidante de algumas plantas de restinga citadas como medicinais.
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.1, p.8-12, 2007. Disponível
em:<http://www.ibb.unesp.br/servicos/publicacoes/rbpm/pdf_v9_n1_2007/artigo2_v9_n1.pdf>. Acesso
em: 10 ago. 2009.
BRITO, V. de. Arqueologia na Borborema. João Pessoa: JRC Ed, 2008. 149 p.
BRITO, V.; SANTOS, J. S. OLIVEIRA, Thomas B. A Serra do Bodopitá: Pesquisas arqueológicas na
Paraíba. João Pessoa: JCR, 2006. 109 p.
FUNARI, P.P. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2003. 126 p.
MARTIN, G. Pré-história do Nordeste do Brasil. 2. ed. Recife: Ed. UFPE, 1997. 404 p.
MIRANDA, M.P. de S. Tutela penal do patrimônio arqueológico brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano
6, n. 55, mar. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2738>. Acesso em: 19
ago. 2008.
PROUS, A. Arqueologia Brasileira.Brasília, DF: Ed.UnB, 1992. 605p.
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB
CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011
______. Arte Pré-histórica do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Com Arte, 2007. 127 p. Coleção Didática.
SOUZA, O. G. de. Cariri Paraibano: Um estudo sobre as inscrições Rupestres e suas potencialidades
Turísticas. 2004. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Bacharelado em Turismo) -
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

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Estudo dos sítios arqueológicos de Queimadas PB

  • 1. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 Reflexões Arqueológicas: estudo dos sítios arqueológicos do município de Queimadas/PB Jacqueline Liedja Araujo SILVA 1 José Augusto Costa de ALMEIDA 2 1 Graduada em Comunicação Social e Geografia, ambos pela UFPB. E-mail: jliedja@hotmail.com.br 2 Departamento de Geociências, Universidade Federal da Paraíba. E-mail: paleoprofessor@gmail.com
  • 2. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 REFLEXÕES ARQUEOLÓGICAS: ESTUDO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS/PB RESUMO O trabalho procura traçar considerações a respeito da ciência arqueológica e importância da preservação dos vestígios arqueológicos, tendo como área de pesquisa os inscritos rupestres do Agreste paraibano, localizado no município de Queimadas. Estão catalogados dezesseis sítios arqueológicos, seis desses fazem parte deste estudo. Identificou-se a importância da Arqueologia, os impactos negativos na área arqueológica analisada, o papel das instituições responsáveis e da população diante das áreas arqueológicas. PALAVRAS-CHAVE: Arqueologia, Conservação e Meio Ambiente. ABSTRACT In this work we make some considerations about the archaeological science and the importance of preservation of archaeological vestiges, taking into account the rupestrian inscriptions located in archaelogical sites in Agreste of Paraíba, in the city of Queimadas. Sixteen archaeological sites are catalogued and six of these are part of this study. This research identified the importance of archeology, the negative impacts on the archaeological area and examined the role of institutions and people in the face of archeological sites. KEYWORDS: Archaeology, Conservation and Environment.
  • 3. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 INTRODUÇÃO Os vestígios arqueológicos são provas de que o passado brasileiro não começa em cinco séculos de história, onde um dos protagonistas é o invasor europeu, mas a narrativa brasileira prossegue, não por séculos, mas por milênios. As peças reveladoras dessa época remota são as pinturas e gravuras rupestres, espalhadas por vários lugares do território brasileiro. Inscritos rupestres que devem ser preservados, constituem valiosos documentos da humanidade e fortalece nosso senso de identidade nacional. A área de estudo da presente pesquisa está inserido no Estado da Paraíba, no município de Queimadas, que dispõe de um acervo arqueológico significativo, no entanto, boa parte da população local desconhece. Nos últimos anos, porém tal patrimônio se encontra em estado precário de preservação, devido à ação antrópica existente. Diante da análise observada nesta pesquisa, existe a necessidade de maior divulgação desse acervo, sensibilização da população local e os poderes públicos responsáveis para a preservação, a afim de que essa área se potencialize de maneira sustentável. ARQUEOLOGIA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS Arqueologia é vista por muitos estudiosos como sendo uma “ciência que estuda os monumentos e vestígios das civilizações antigas” (SOUZA, 2004, p. 24). Este entendimento está relacionado à própria etimologia da palavra Arqueologia, onde archaios quer dizer passado ou antigo e logos significa ciência ou estudo. Com a fusão destes dois nomes, trata do estudo do passado ou conhecimento dos primórdios. Em um conceito mais atualizado, a Arqueologia “nos últimos anos, foi se alargando seu campo de ação para o estudo da cultura material de qualquer época, passada ou presente” (FUNARI, 2003, p. 13). Caracteriza-se como uma ciência que estuda as sociedades atuais ou do passado através de sua cultura material, ou melhor, através dos objetos e vestígios deixados por determinado grupo humano. Já o sítio arqueológico é definido como sendo uma ciência que estuda monumentos e vestígios das civilizações, as gravuras e pinturas rupestres estão inseridos nesta categoria da ciência arqueológica, ou seja, “todo vestígio antigo deixado pelo homem na sua passagem pela
  • 4. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 terra, constitui um sítio arqueológico. As pinturas e gravuras rupestres – a denominada arte rupestre” (ALMEIDA, 1979, p. 21.) Existe uma diversidade de inscrições rupestres em todo o território nacional e gerou-se por parte dos estudiosos da área da arqueologia a necessidade de estabelecer uma classificação para melhor análise, dividindo-os em tradições e sub-tradições. Segundo André Prous, caracteriza-se tradição como “a categoria mais abrangente entre as unidades rupestres descritivas, implicando certa permanência de traços distintivos, geralmente temáticos” (PROUS, 1992, p.511). De acordo com a Fundação Museu do Homem Americano, informação obtida via on-line no site www.fumdham.org.br/pinturas.asp, os sítios rupestres estão divididos em dois tipos de gravuras e três de pinturas. As gravuras estão fragmentadas em tradições Itacoatiaras de Oeste e Itacoatiaras de Leste. Na língua tupi Itacoatiara significa pedra pintada, mas na verdade este tipo de vestígio pré-histórico não é composto de pintura e sim “gravado na rocha”. As Itacoatiaras de Oeste estão localizadas desde a fronteira com a Bolívia até o limite oeste da área do Parque Nacional da Serra da Capivara, indo para o sul, onde aparece até o norte de Minas Gerais. Já Itacoatiaras de Leste são tradições típicas de todo a região do Nordeste brasileiro e seus painéis ornam as beiras dos leitos rochosos de rios e riachos do sertão, marcando cachoeiras ou pontos nos quais a água persiste mesmo durante a época da seca, acredita-se que as populações antigas cultuavam as águas. Uma das gravuras mais importantes do Brasil é a Pedra de Ingá/PB. “Indubitavelmente as Itaquatiaras foram à tradição ou as tradições mais enigmáticas de toda arte rupestre do Brasil” (MARTIN, 1997, p. 299). As pinturas estão distribuídas em três tipos: tradição Nordeste, tradição Agreste e tradição Geométrica. “A primeira é originário do Sudeste do Piauí, e a segunda, da região agreste de Pernambuco e da Paraíba, motivo que nos levou, de comum acordo, a chamar tradição Agreste a esse horizonte, de cronologia posterior à tradição Nordeste” (MARTIN, op. cit., p. 236). Já a tradição Geométrica é bastante polêmica entre os estudiosos, pois nem todos os autores entraram em acordo com sua conceituação: O problema é subjacente à ambigüidade das definições e à escolha do que pode ser considerado „geométrico‟ para definir uma tradição com esse nome. Note-se um certo cacoete na inclinação cômoda de atribuir-se a uma suposta tradição geométrica todos os grafismos puros que não se encaixam nas outras tradições definidas. Os grafismos puros, em sua infinidade não podem considera-se geométricos. Comumente as definições como tais têm sido aplicado a grafismo de tendência retilínea e angulares, que produzem triângulo, quadrado e retângulo, principalmente. Os grafismos de tendência arredondada são principalmente atribuídos à representação de corpos celestes e fala-se também de „tradições astronômicas‟ (MARTIN, op. cit., p. 292).
  • 5. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 De acordo com Martin (op. cit) foram classificados pela arqueóloga Niède Guidon os “dois grandes horizontes culturais nas pinturas rupestres, área de pesquisa, batizadas como tradição Nordeste e tradição Agreste. A primeira tem maior concentração de sítios e é, possivelmente, originário do SE do Piauí, e a segunda, da região agreste de Pernambuco e da Paraíba, motivo que nos levou, de comum acordo, a chamar tradição Agreste a esse horizonte, de cronologia posterior à tradição Nordeste” (MARTIN, 2007, p. 236). Este é o consenso aceito entre os pesquisadores nos estudos da classificação das pinturas arqueológicas. A tradição Nordeste é “notável pela grande quantidade de representações humanas” (PROUS, op cit., p. 33), caracterizada pela presença de grafismos reconhecíveis e de grafismos puros, ou seja, que não podem ser identificados. Não é apenas a representação do cotidiano e sim, principalmente, grafismo representando cenas cerimoniais ou mitos cujo significado nos escapa e que, precisamente por isso, quando repetidos em vários abrigos, inclusive em lugares distantes entre si, identificam a tradição. São cenas formadas por grafismo de ação e de composição que chamamos de emblemáticas e que são como „logotipo‟ da tradição Nordeste (MARTINS, op. cit. p. 256). A dança, práticas sexuais, caça e manifestações rituais em torno de uma árvore são os temas encontrados na tradição Nordeste. Já os grafismos puros não representam elementos conhecidos do mundo sensível. As composições simbólicas são figuras dispostas de maneira típica, com posturas e gestos de pouca complexidade gráfica, mas que se repetem sistematicamente, como exemplo das cenas de árvores. A tradição Agreste tem manifestações limitadas entre 10.500 e 6.000 anos antes do presente; com o desaparecimento dos povos de tradição Nordeste ela se torna dominante e passa a ocupar toda a zona por volta de 5.000 anos. SUB-TRADIÇÕES As tradições muitas vezes diferenciadas nos elementos representáveis, surgiu à necessidade por parte da comunica arqueológica fragmentar ainda mais, através das sub- tradições, este é um “termo introduzido para definir o grupo desvinculado de uma tradição e adaptado a um meio geográfico e ecológico diferente que implicam na presença de elementos novos” (MARTIN, op. cit., p. 241). A tradição Nordeste possui três sub-tradições: Sub-tradição Várzea Grande: Localiza-se no sudeste do Piauí, tem esta denominação porque suas manifestações são mais antigas. Essa tradição “teve longa duração no tempo e ampla dispersão espacial, numa área de
  • 6. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 aproximadamente 40.000 quilômetros quadrados, em conseqüência houve mudanças graduais na apresentação dos temas e na evolução do grafismo” (MARTIN, op. cit., p. 259), com figuras humanas e de animais extremamente geométricas. Sub-tradição Seridó: Localizada no Rio Grande do Norte, com a dança, a luta, a caça, o sexo e manifestações ritualistas, ou seja, “o mundo que aparece nas pinturas rupestres do Seridó. É a vida cotidiana da pré-história, às vezes trágicas e violenta, ou com figuras ou com grande agitação e outras que apresentam um mundo lúdico e brincalhão, documentado pelo movimento da dança e agitação das figuras acrobáticas” (MARTIN, op. cit., p. 264), expressa dinâmica, com animação e agitação nas figuras humanas. Sub-tradição Várzea Central: Localizada no Sertão da Bahia, principalmente nos municípios de Lençóis e Morro do Chapéu. Nela há uma grande quantidade de pinturas rupestres, com “quantidade de traço, o movimento das figuras humanas, o tamanho reduzido dos grafismos, a identificação das espécies animais e certos grafismos „heráldicos‟ asseguram, sem dúvida, a existência de uma sub-tradição da grande tradição Nordeste, na Bahia” (MARTIN, Op. cit., p. 270). Nesta sub-tradição há um predomínio de animais em relação às figuras humanas. A TRADIÇÃO AGRESTE POSSUI UMA SUB-TRADIÇÃO A tradição Agreste possui duas modalidades estilísticas que variam tanto na técnica utilizada como nas temáticas gráficas representadas. Com pinturas de características grosseiras, de grande tamanho, sem preocupação com a delineação da figura e com preenchimento realizado negligentemente, mas cobrindo extensas superfícies “técnica gráfica e riqueza temática inferiores à tradição Nordeste” (MARTIN, p. cit., p. 277.). Outra modalidade da tradição Agreste são figuras de menor tamanho, mas sempre maiores que as da tradição Nordeste, feitas com maior cuidado e com um preenchimento mais controlado e cuja tinta escorreu menos. Esta última, segundo os dados disponíveis, seria a mais antiga. Os registros que os caracteriza tem sido chamado de tradição Agreste. O nome deve-se à grande concentração de sítios com pinturas localizadas nos pés de serra, várzeas e „brejos‟ da região agreste de Pernambuco e do sul da Paraíba, mas, na verdade trata-se de uma tradição rupestre extremamente espalhada por todo o Nordeste, tanto nos „agreste‟ como nas áreas sertanejas semi-áridas (MARTIN, p. cit., p.277). As tradições são estabelecidas pelos tipos de grafismos representados e pela proporção relativa que estes tipos guardam entre si. Mas nesta abrangência de inscritos rupestres, as tradições podem distinguir-se entre si, com as diferenças na representação gráfica de um
  • 7. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 mesmo tema e distribuição geográfica. Sub-tradição Cariris Velhos: Localizada entre Pernambuco e Paraíba, na região onde um arco de serras marca a divisa entre os limites do município de Arco Verde ao sul e Campina Grande ao norte. Estes estudos foram feitos no fim da década de 70, nos respectivos estados de Pernambuco e Paraíba pelas pesquisadoras Alice Aguiar e Ruth Trindade de Almeida. Os grafismos e painéis da sub-tradição Cariris Velhos nunca aparecem em abrigos e paredões no alto das serras e, tanto na Paraíba como em Pernambuco, os lugares preferidos são os matacões arredondados de granito que emergem pela erosão, nas rochas mais brandas, nos vale e nas encostas das serra, destacando-se na paisagem (MARTIN, op. cit., p.281-282). As tradições juntamente com suas respectivas sub-tradições estão segmentadas geograficamente, como foi mencionado anteriormente que a tradição Nordeste e tradição Agreste se concentram respectivamente no Sudeste do Piauí e agreste da Paraíba e Pernambuco. Segundo Prous a tradição Nordeste aborda outras áreas, além das mencionada por Martin, “tradição Nordeste estendeu-se num vasto território que vai do sul até o Mato Grosso, passando por Goiás, infiltrando-se tardiamente em parte do território minério. A oeste chega até o pé dos Andes – na Bolívia, no Peru e na Colômbia Meridional” (PROUS, op. cit., p. 33). Figura 1 – Mapa de Localização das Sub-Tradições do Nordeste do Brasil Fonte: Modificado de http://www.portalsaofrancisco.com.br/imagem.php Devido fazer parte desta tradição, na sub-tradição do Seridó, está concentrada a inscrição rupestre no Rio Grande do Norte, estado divisa com a Paraíba, a proximidade
  • 8. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 geográfica é fator importante para Queimadas possuir inscrições rupestres de pinturas do tipo da tradição Nordeste, tradição Agreste e também gravuras Itacoatiaras. Afirma Gabriela Martin que Niède Guidon é a responsável pela classificação da tradição Nordeste, Agreste e subtradição Varzea Grande, esta última auxiliada por Anne-Marie Pessis. A sub-tradição do Seridó com a própria Gabriela Martin, sub-tradição Várzea Central com Maria da Conceição Beltrão e a sub-tradição Cariris Velhos localizadas no Agreste da Paraíba e Pernambuco, com as pesquisadoras Ruth Trindade de Almeida e Alice Aguiar, respectivamente. O território brasileiro é rico em inscrições rupestres, e estes documentos históricos existem em todas as regiões brasileiras, “segundo os dados do IPHAN, existem atualmente cerca de 20.000 sítios arqueológicos identificados no país” (MIRANDA, 2002, p. 02). Embora não haja um controle sobre o número de monumentos pré-históricos existentes no estado da Paraíba, o IPHAEP assegura que há mais de mil sítios confirmados em solos paraibanos (ARAUJO, 2004, p.04), apenas na área do presente estudo, na cidade de Queimadas foram catalogados 16 sítios arqueológicos, entre os anos de 1997 a 2009. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Queimadas, situado no Nordeste do Brasil, município do Estado da Paraíba, situada na Mesorregião do Agreste [FIGURA Nº 2] e é uma das oito cidades pertencentes à Microrregião de Campina Grande, esta área corresponde a 2.113,326 km do total da Paraíba, com uma distância de 117,24km da Capital do Estado e 15km de Campina Grande que fica ao norte. Possui uma área de 409,20 km2 e uma população de 40.321 mil habitantes (IBGE/2009). Figura 2– Mapa da Paraíba em destaque Queimadas e cidades limites Fonte: Modificado de www.cprm.gov.br/rehi/atlas/paraiba/relatorios/QUEI151.pdf A cidade está situada em uma zona de transição climática do tipo Quente e úmido (As) e Semi - árido quente (Bsh), de acordo com a classificação de Koppen, a temperatura mínima fica
  • 9. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 em 19 oC a máxima chega a 30 oC e vegetação é a caatinga hipoxerófila, mas por estar localizada em área de influências climáticas entre a Zona da Mata e Sertão, apresenta vegetação tanto com características da mata atlântica e da caatinga. Inserida no domínio da bacia hidrográfica do rio Paraíba, situada na região do Médio curso do rio. A morfologia ondulada do município divide-se em dois níveis distintos, á área ao norte da sede municipal é mais elevada, compõe-se de uma serra íngreme. Esta cadeia rochosa com 625 m de altitude máxima, não se restringe apenas na área territorial de Queimadas, mas abrange outros municípios, aos extremos do sentido oeste ao leste, dos municípios de Caturité, Queimadas e entre Ingá e Itatuba. Há uma quantidade significativa de registros arqueológicos nessa Serra. De acordo com os estudos de pesquisadores de universidades paraibanas (UEPB, UFPB, UFCG, etc.) e apoio da população local (comunidade, estudantes e professores locais) foram catalogados dezesseis sítios arqueológicos confirmados: Pedra do Touro, Guritiba, Pedra do Zé Velho, Sítio Loca, Sítio Castanho I, Sítio Castanho II, Sítio Castanho III, Itacoatiara do Macaco, Sítio Aldeia, Caracolzinho, Bodopitá, Malhada Grande, Gravatá dos Trigueiros, Gravatá de Queimadas, Vidinhas, Pedra do Parafuso. Sabemos que só através de incentivos de instituições responsáveis muitos outros acervos arqueológicos poderão ser descobertos nesta área. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE QUEIMADAS Os inscritos rupestres encontrados em Queimadas são típicos da tradição Agreste, mas existem a presença da tradição Nordeste, como a sub-tradição Seridó, além das pinturas, existem também gravuras no território queimadense, como exemplo do sítio Arqueológico de Caracozinho. Os sítios selecionados são de pinturas e apenas um é um cemitério indígena, neste não há inscrições rupestres. Os sítios selecionados neste estudo foram seis, três sítios ao lado oeste e três ao lado leste da rodovia 104. Ao lado oeste da BR existem Pedra do Touro, Guritiba e Vidinhas e os três no sentido leste são: Zé Velho, Loca e Castanho I.
  • 10. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 Figura 3- Sítios Arqueológicos selecionados nesta pesquisa Através da visita em campo analisou-se características geo-ambientais do entorno das inscrições rupestres, localizações de coordenadas geográficas, altitudes e principalmente o estado de conservação dos seis sítios arqueológicos. Há bastantes semelhantes nos aspectos paisagísticas e problemática ambiental, mas também existem diferenciações dos traçados rupestres. No aspecto paisagístico apresenta a vegetação é tanto de espécies típica do Sertão quanto da Zona da Mata, como: juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.), jurema [Mimosa tenuiflira (Wild) poir], catingueira (Caesalpina pyramidalis Tul.), mororó (Bahuinia cheilantha Bong) Steud, angico [Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam] e cactácias em ambudância de acordo com Barbosa et al.(2007). Na espécie mata atlântica como embaúba (Cecropia lyratiloba Andr. Car.) e coco catolé (Syagrus cearensis Noblick) segundo Boscolo et al, segundo Boscolo et al (2007). Os problemas ambientais encontrados são tanto de natureza naturais, quanto antrópicas que afetam diretamente na preservação desses inscritos. Sítio Arqueológico da Pedra do Touro: Situado na coordenada geográficas latitude 07º54‟08.3” S, longitude 35º54‟12.8” W e altitude de 582m. Este é um ato vergonhoso, de total vandalismo e ignorância ao valor neste monumento. Os principais impactos encontrados
  • 11. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 tanto por ações antrópicas são: intemperismo biológico, lixo, pichações e extração de granito, há uma companhia mineradora próximo do local. Dentre os elementos figurativos do matacão arqueológico, a uma polêmica em relação a denominação de Pedra de touro, por possuir a saliência no dorso e aparentes chifres no animal, mas mesmo com esta semelhança ao animal bovino, não havia ocorrência na América do Sul antes da vinda dos portugueses segundo afirma estudiosos. Datações feitas a inscritos rupestres semelhantes a estes na década de 80, em Pernambuco, demonstraram idade de “1.760 e 2.030 anos [...] como as demais inscrições neste estilo” (BRITO, 2008, p. 54). Sítio Arqueológico da Guritiba: Com coordenada geográfica de latitude 07º21‟28.3”S, longitude 35º54‟37.5”W e altitude de 482m, denominado também pela população local de Pedra do Letreiro, por existir grafismo de tonalidades vermelha a amarela. Este sítio apresenta impacto como: intemperismo, a facilidade de acesso para o vandalismo, pichações, fragmentação da rocha e extração de granito. Sítio Arqueológico Vidinha: Possui coordenada geográfica com latitude de 07º21‟20.7”S, longitude 35º55‟02.0”W e altitude de 478m. Este sítio arqueológico está localizado na zona rural onde se encontra o sítio arqueológico da Guritiba, poucos menos de 500m de distância Letreiro de um para o outro. Apresenta figuras retangulares com os cantos arredondados e setas rupestres estão em bom estado de visualização, mas não são de difícil entendimento da mensagem transmitida, com uma tinta de tonalidade vermelha. Este é um dos sítios arqueológicos de menos impacto ambiental, não há presença de lixo, nem de pichações, extração e fogo. Em outro momento pesquisadores constataram: “Fuligem de fogo no teto do abrigo e o mesmo serem utilizado com o chiqueiro cercado para caprinos, os registros rupestres estão em bom estado. Contudo, o solo do abrigo que possivelmente contém vestígios está contaminado com lixo, fezes de animais e restos de fogueiras recentes” (Brito et al. 2006, p.61). Sítio arqueológico do Zé Velho: Apresenta a coordenada geográfica com latitude 07º20‟51.9”S de longitude 35º53‟50.9”W e altitude de 601m. Neste sítio há muitas pichações, além dos requisitos de uma fogueira, a qual descascou a parte superficial da rocha e perfurações na rocha para serem colocados os explosivos e a referência numérica 6B, código apontado pelo Departamento de Estradas e Rodagem para ser destruído. As figuras rupestres do Zé Velho são de tonalidade vermelha, com desenhos de fácil identificação: marcações de mãos, dedos e animais, “conjuntos de bidígitos, figuras desconexas, manchas e uma grande representação de um suposto zoomorfo com braços, pernas e cauda
  • 12. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 estendidas. Esta representação figura apenas o contorno com interior vazado” Brito et al (2006, p. 66). As mãos carimbadas e logo abaixo, há manchas ilegíveis, já ao lado leste do matacão há figura vazada do animal. Essas figuras são típicas da Tradição Agreste, com características de “figuras agrestes aparecem isoladas ou formando pequenos conjuntos dominados por uma ou duas grandes figuras antropomorfas (ditas „bonecões‟), eventualmente rodeadas por poucos grafismos zoomorfos ou pinturas carimbadas na parede - inclusive impressões de mão” (PROUS, op. cit, p. 35). Sítio arqueológico do Castanho I: Sua coordenada geográfica de latitude 07º201‟45.7”S, longitude 35º53‟16.9”W e altitude de 522m, localizado logo depois do Sítio Arqueológico do Zé Velho. A área é conhecida também pela população de Pedra do Amor. Segundo moradores do local eram muito comuns casais de namorados visitarem o local, mas hoje em dia isto não se vê mais com freqüência. O matacão granítico tem 14m de altura por 40m de circunferência, sobre uma plataforma com cinco metros de altura, que aflora do lado leste e é nivelada ao lado oeste. As inscrições rupestres deste matacão estão localizadas ao norte da rocha, com vermelha e amarela, construído de figuras humanas. As figuras desenhadas transmitem idéia dinâmica onde representante um possível ritual. “Todas mostram com os braços voltados para baixo, dando agradável impressão de movimento. A impressão deixada pelo observador é dessas que convidam o estudioso a batizá-la de painel da dança” (ALMEIDA, op. cit., p.70). No total são 12 figuras humanas de tamanhos diversos, possivelmente sejam compostos por duas canoas e demais objetos não são nítidos do que seja. O matacão rochoso do Castanho I encontra-se em um estado relativo de preservação, resquícios de fogo e extração mineral também não foram encontrados neste local. No entanto as pichações com uma tinta metálica com nomes pornográficos estão sobre o granítico rupestre, felizmente na área propriamente das inscrições arqueológicas não há pichações. Sítio arqueológico Loca: Situado na coordenada geográfica de latitude 07º21‟27.3”Sul e de longitude Oeste 35º53'53.7” e altitude de 509m, tem este nome devido sua estrutura física, a forma como estão estruturadas as rochas, umas sobre as outras. Com um espaço entre elas, formando um ventilado abrigo. Este sítio arqueológico não possui pinturas rupestres, e sim um cemitério indígena, localizado em cima da serra, com 509m de altitude em relação ao nível do mar. Este sítio arqueológico encontra-se bastante vandalizado, com devastação das plantas
  • 13. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 nativas, lixo, espaço ocupado por antes de telefonia e emissoras de TV, fragmentação de rochas. Os dois problemas mais agravantes são: rochas dinamitadas, estas com fragmentos para produção de paralelepípedo a fim de serem vendidos e desenterramento dos ossos humanos, foram levados para as escolas municipais. Segundo estudiosos, diante da tamanha descaracterização, demonstra não oferecer mais qualquer condição de salvamento arqueológico. CONCLUSÃO A ciência arqueológica permite entender o passado da humanidade, vista não apenas como ciência que estuda os monumentos e vestígios das civilizações antigas, mas com o passar dos anos o campo de atuação da Arqueologia ampliou e estuda a cultura material de qualquer época, passada ou presente. Em se tratando de vestígios antigos, há no Brasil um grande quantidade sítios rupestres e por isto que gerou-se a necessidade de estabelecer uma classificação, dividindo-os em tradições e sub-tradições. Os sítios rupestres estão divididos em tradições, com dois tipos de gravuras (Itacoatiaras de Oeste e Itacoatiaras do Leste) e três de pinturas (tradição Nordeste, tradição Agreste e tradição Geométrica). Com a expressividade quantitativa e qualitativa de inscritos rupestres, as tradições são divididas e surgem as sub-tradições (grupo desvinculado de uma tradição e adaptado a um meio geográfico e ecológico distinto que implicam na presença de elementos novos), a tradição Nordeste possui três sub-tradições (Sub-tradição Várzea Grande, Sub- tradição Seridó e Sub-tradição Várzea Central) e tradição Agreste possui uma sub-tradição (Sub- tradição Cariris Velhos). Em Queimadas há expressões rupestres típicos (tradição Agreste), mas também a presença de outras tradições e sub-tradição Seridó, é encontrado no estado do Rio Grande do Norte, como exemplo do Seridó, é o Sítio Arqueológico do Castanho I. Queimadas possui uma beleza natural e expressividade arqueológica, mas é necessário haver a valorização dessa área ambiental, através de uma sensibilização dos poderes públicos, com as autoridades responsáveis em um planejamento estratégico em prol de uma maior conscientização da população local sobre a importância que este lugar possui. É um processo de mudança de comportamento da sociedade em que as práticas nocivas encontradas neste ambiente, sobretudo no que diz respeito aos inscritos rupestres. Pichações, queimadas praticadas nas próprias rochas arqueológicas, resíduos de lixo (plásticos, vidros entre outros), lavra do granito comprometem a riqueza ambiental deste lugar.
  • 14. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 É preciso haver o engajamento da população local e conduzi-la como guardião dos bens arqueológicos, por esse motivo é necessário informá-la sobre o valor desses inscritos rupestres e sua relevância documental para a humanidade. Fica difícil cobrar a valorização o que não se conhece, é necessário conhecer para ser preservado. Em se tratando dos vandalismos praticados por desocupados, são lamentáveis as punições que rege as diversas leis constitucionais e infraconstitucionais não passa de teoria e na prática dificilmente a punição se concretiza. Como exemplo do que vem ocorrendo em Queimadas, que é difícil encontrar culpados. As legislações vigentes no nosso país tornam-se inoperante neste sentido, infelizmente. É necessário um planejamento a curto, médio e longo prazo por parte das instituições responsáveis aos acervos arqueológicos, parcerias com os poderes públicos locais, onde as políticas públicas precisam ser mais atuantes. De modo que na prática ocorra a preservação ao patrimônio dessa área não apenas para as gerações presentes, mas também para as futuras gerações. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R.T. A arte rupestre nos Cariris Velhos. João Pessoa: Ed. Universitária/UFPB, 1979. 125 p. ARAUJO, R. Registros pré-história existem em 90% dos municípios paraibanos. Jornal da Paraíba, João Pessoa, 26 set. 2004.Vandalismo ameaça preservação dos sítios arqueológicos na PB, Cidades, p.1-3. BOSCOLO. O.H. et al. Potencial antioxidante de algumas plantas de restinga citadas como medicinais. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.1, p.8-12, 2007. Disponível em:<http://www.ibb.unesp.br/servicos/publicacoes/rbpm/pdf_v9_n1_2007/artigo2_v9_n1.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2009. BRITO, V. de. Arqueologia na Borborema. João Pessoa: JRC Ed, 2008. 149 p. BRITO, V.; SANTOS, J. S. OLIVEIRA, Thomas B. A Serra do Bodopitá: Pesquisas arqueológicas na Paraíba. João Pessoa: JCR, 2006. 109 p. FUNARI, P.P. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2003. 126 p. MARTIN, G. Pré-história do Nordeste do Brasil. 2. ed. Recife: Ed. UFPE, 1997. 404 p. MIRANDA, M.P. de S. Tutela penal do patrimônio arqueológico brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 55, mar. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2738>. Acesso em: 19 ago. 2008. PROUS, A. Arqueologia Brasileira.Brasília, DF: Ed.UnB, 1992. 605p.
  • 15. TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB CampinaGrande,AnoII–Vol.1-Número02–Marçode2011 ______. Arte Pré-histórica do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Com Arte, 2007. 127 p. Coleção Didática. SOUZA, O. G. de. Cariri Paraibano: Um estudo sobre as inscrições Rupestres e suas potencialidades Turísticas. 2004. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Bacharelado em Turismo) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.