1) O documento discute a importância de uma abordagem interdisciplinar no ensino de Língua Inglesa, integrando conteúdos de outras disciplinas.
2) Ele fornece exemplos de como o professor de Inglês pode relacionar o ensino da língua com temas de Ciências e Educação Física, como alimentação e saúde.
3) O documento argumenta que a interdisciplinaridade motiva mais os alunos, amplia o espaço para o trabalho com a língua e ressignifica o conteúdo escolar
Trabalho de Metodologia do ensino de Língua Inglesa - Adriana Yuri Takamori S...
Interdisciplinaridade em língua inglesa
1. GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO E CULTURA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
COORDENADORIA DO ENSINO FUNDAMENTAL
A Língua Inglesa navegando ao sabor
da Interdisciplinaridade
Iveti da Silva Bacri
É fato comprovado que o ensino de um componente curricular de
forma isolada, fragmentada, não atende às necessidades dos alunos e não
favorece o processo de ensino e aprendizagem numa dimensão integral e isso
também vale para o ensino de Língua Inglesa. Nesse sentido, nada melhor do que
uma abordagem interdisciplinar .
De acordo com os objetivos gerais do ensino da Língua Inglesa, já
abordados na proposta curricular, não podemos nos esquecer de que a
aprendizagem de uma língua estrangeira é uma atividade emocional e não apenas
intelectual, ou seja, o aluno é um ser cognitivo, afetivo, emotivo e criativo e assim
sendo o trabalho interdisciplinar vem corroborar com essa busca da totalidade do
conhecimento, respeitando-se a especificidade das disciplinas. Assim, a
intencionalidade e o rigor tornam-se características fundamentais de uma forma de
pensar e agir interdisciplinar que se caracteriza pela ousadia da busca, da
pesquisa, da transformação.
A compreensão de interdisciplinaridade que norteia este trabalho ,
não é de uma categoria do conhecimento, mas de ação e é sobre isso que
estaremos dialogando.
É importante lembrar que uma ação pedagógica interdisciplinar
requer, antes de tudo, uma atitude interdisciplinar. Para isso é necessário que os
objetivos pedagógicos sejam comuns para que haja uma interdependência e ao
mesmo tempo complementaridade entre as disciplinas. De acordo com Ivani
Fazenda “Não se faz interdisciplinaridade da intuição ou da moda, sem regras,
sem intenções explícitas...”
O que se deve destacar neste fundamento é a importância do
exercício do diálogo realizado com nossas próprias produções, objetivando extrair
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2. destes diálogos novos conhecimentos, novas posturas, novos indicadores, enfim,
novas possibilidades de trabalho.
Outro fundamento importante para a prática interdisciplinar
consistente é a parceria, que consiste numa tentativa de incitar o diálogo com
outras formas de conhecimento que não estamos habituados, e nessa tentativa a
possibilidade de interpenetração delas. Nós educadores, somos e temos que ser
parceiros de outros educadores que entendem a educação como um mecanismo
de melhoria da condição social dos educandos, parceiros dos teóricos que lemos,
parceiros de nossos alunos, de alguma forma estamos sempre em parceria. A
parceria, seria então, a possibilidade de um pensar que venha a se complementar
no outro.
Acreditamos que o sentido de um trabalho interdisciplinar está
exatamente na compreensão e na intencionalidade de efetivação de novas,
melhores e mais consistentes parcerias. É portanto, correto e coerente afirmar
neste momento que interdisciplinaridade é fruto, muito mais, do encontro de
indivíduos, parceiros com idéias e disposição para o trabalho, do que de
disciplinas. Segundo Danilo Gandin “O longo vôo das aves, desde o gelado
Canadá ao calor do Brasil, ultrapassa todas as dificuldades, porque as aves
sabem o seu destino”, ou seja, têm um objetivo comum e sabem ser parceiras na
longa jornada.
A Interdisciplinaridade busca conseguir uma visão mais ampla e
adequada da realidade, que tantas vezes aparece fragmentada pelos meios de
que dispomos para conhecê-la e não porque o seja em si mesma. Com a
interdisciplinaridade questiona-se a segmentação dos diferentes campos de
conhecimento. Busca-se os possíveis pontos de convergência entre as várias
áreas e a sua abordagem conjunta, propiciando uma abordagem epistemológica
entre as disciplinas. Com ela aproximamo-nos com mais propriedade dos
fenômenos naturais e sociais, que são normalmente complexos e irredutíveis ao
conhecimento obtido quando são estudados por meio de uma única disciplina. As
interconexões que acontecem nas disciplinas são causa e efeito do caráter
interdisciplinar.
Ao se trabalhar com a Língua Inglesa, faz-se necessário relacioná-la
com a cultura dos países que a falam, uma vez que a língua é uma das
representações da cultura de um povo e é por meio dela que essa cultura é
disseminada. Sendo cultura o complexo dos padrões de comportamento, das
crenças das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc.,
transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade, cabe ao professor de
inglês discutir com os alunos os assuntos mais relevantes relacionados aos
diversos aspectos culturais acerca dos 48 países que têm a Língua Inglesa
como oficial ou como segunda língua relacionando-os com o Brasil. O professor
poderá sugerir aos alunos, por exemplo, uma pesquisa sobre a localização
geográfica cabendo a eles a escolha de alguns desses países para uma pesquisa
mais objetiva quanto ao sistema de governo, população, moeda corrente, hábitos,
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3. costumes e curiosidades que envolvem os países estudados no intuito de ampliar
os conhecimentos culturais os quais deverão ser utilizados quando o professor
estiver tratando os conteúdos relacionados ao conhecimento sistêmico podendo
fazer associações entre os países pesquisados em relação ao Brasil numa
tentativa de ressignificar as informações sobre as estruturas da língua. Dessa
forma estaremos despertando os educandos para a importância da aprendizagem
da Língua Inglesa no que se refere a sua hegemonia do mesmo modo que
estaremos tornando a aprendizagem mais significativa.
A aprendizagem de uma língua estrangeira, neste caso a Língua
Inglesa , contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da
aquisição de um conjunto de habilidades lingüísticas. Um aspecto a ser
considerado do ponto de vista educacional é que o estudo das outras disciplinas,
notadamente História, Geografia, Ciências Naturais, Arte, passa a ter outro
significado se, em certos momentos, forem proporcionadas atividades integradas
com o ensino de inglês.
Na perspectiva de se dar um tratamento mais amplo ao conteúdo das
disciplinas cada componente disciplinar tem a sua parcela de contribuição. E a
Língua Inglesa pode, nesse caso, “tomar emprestado” conteúdos de outras
disciplinas para trabalhar essa nova língua abordando assuntos e conteúdos
significativos para os educandos.
O professor de Inglês que pretende se integrar a outros campos do
conhecimento precisa, antes de mais nada, apropriar-se de alguns aspectos de
outras disciplinas, tais como: pressupostos teóricos, objetivos gerais, eixos
norteadores , para que essa integração seja possível.
Tomando- se por exemplo, um dos eixos norteadores de Ciências
“Ser Humano e Saúde” e de Educação Física “Conhecimento sobre o corpo”,
levando-se em conta que o crescimento e o desenvolvimento na puberdade é um
assunto que desperta muito o interesse e leva os adolescentes a ler e discutir
sobre ele e, aproveitando essa motivação natural dos alunos, o professor de
inglês poderá fazer uma grande articulação ao relacionar seus conteúdos com
essas disciplinas e não necessariamente com o professor.
Antes mesmo de explorar a língua inglesa o professor fará um
levantamento dos conhecimentos prévios de seus alunos a respeito da
alimentação adequada para o desenvolvimento saudável do corpo no sentido de
conscientizá-los sobre a dieta adequada aos diferentes estilos de vida e
conseqüentes necessidades: a dieta do atleta, do bancário, do jogador de
basquete e, é claro a dieta pessoal mais correta para cada estudante levando-se
em conta as atividades que realizam no seu dia a dia. Uma vez realizada essa
técnica que em inglês chamamos de “warm-up” , o professor de Inglês se valerá
dos conhecimentos dos alunos para trabalhar um texto em Inglês que aborde o
mesmo assunto . Dessa forma, os alunos sentirão mais facilidade com relação ao
vocabulário que o compõe, uma vez que o tema em questão já fora abordado na
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4. língua materna e, portanto, o interesse pelo texto será maior, pois o uso do
contexto e a familiaridade com o assunto são estratégias de compreensão que
precisam ser exploradas e usadas constantemente durante as aulas.
Após esse trabalho com o texto, o professor poderá explorar ainda
mais o vocabulário, solicitando aos alunos pesquisas relacionadas aos diversos
tipos de alimentos, frutas, atividades físicas, esportes e em seguida utilizar-se
desse vocabulário pesquisado para elaboração de pequenos diálogos ou textos
relacionados aos gostos e preferências pessoais dos alunos. É nesta fase que o
professor incluirá o conteúdo sistêmico que, diferentemente de um trabalho que
centra a atenção em itens lexicais ou gramaticais isolados e descontextualizados,
aparece neste caso, como parte da ação comunicativa e é ensinado como
instrumento para melhor compreensão e produção de um determinado tipo de
texto.
Assim, as questões sistêmicas da língua são consideradas a partir de
sua relevância para o tipo de texto enfocado, da mesma forma que os itens
escolhidos deverão ser os mais significativos em relação ao nível de
aprendizagem e necessidades da turma, contribuindo assim, para a aprendizagem
no que diz respeito as várias maneiras de se abordar um mesmo conteúdo
disciplinar.
Para finalizar, o professor poderia solicitar aos alunos que
elaborassem um cardápio de acordo com as preferências da turma e realizasse
um breakfast em uma das aulas de Inglês explorando mais uma vez o vocabulário
pesquisado e estruturas gramaticais estudadas, não se esquecendo que estes
deverão ser abordados de acordo com o nível de aprendizagem do educando.
As tentativas de ações interdisciplinares não são recentes, porém
sua prática efetiva tem sido um desafio constante a nós educadores, que
acreditamos ser vital à educação a construção de um espírito investigatório pelos
nossos educandos, baseado no hábito do debate e da pesquisa .
Portanto, é necessário rever os fundamentos que constituem em
uma reflexão indispensável no sentido de nos capacitar e nos levar à
interdisciplinaridade. Como no exemplo citado anteriormente, envolvendo as
disciplinas de Ciências e Educação Física e que poderia, caso o professor assim o
quisesse, envolver outras disciplinas como o Português, Arte e, conforme afirma a
experiente educadora Ivani Fazenda, que muito tem contribuído nas reflexões
sobre este tema: “a interdisciplinaridade é ação, ação que transforma e constrói o
novo”. Para ela a atitude interdisciplinar é a compreensão e vivência do momento
dialético, ou seja, “rever o velho para torná-lo novo, tornando novo o velho. O
pressuposto é que o velho sempre pode tornar-se novo e há sempre algo de velho
no novo. Velho e novo, faces da mesma moeda, depende apenas da visão de
quem lê, se o faz disciplinar ou interdisciplinarmente”.
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5. O trabalho interdisciplinar além de ressignificar o conteúdo escolar,
rompe a divisão hermética das disciplinas, e em Língua Inglesa vem favorecer no
sentido de ampliar o espaço para o trabalho com a língua, não ficando, portanto
restrito a apenas duas aulas semanais, visto que os alunos estando motivados e
envolvidos , pesquisam e promovem a interação entre as disciplinas. Trabalhando
interdisciplinarmente o interesse pelas aulas por parte dos alunos aumenta,
cultiva-se o desejo de enriquecimentos por enfoques novos, o gosto pela
combinação das perspectivas e alimenta o gosto pela ultrapassagem dos
caminhos já percorridos e dos saberes adquiridos.
É imprescindível salientar que a criação de um ambiente de
confiança, respeito às diferenças e reciprocidade, encoraja o aluno a reconhecer
os seus conflitos e a descobrir a potencialidade de aprender a partir dos próprios
erros. Da mesma forma, o professor não terá inibições em reconhecer seus
próprios conflitos, erros e limitações e em buscar sua depuração numa atitude de
parceria e humildade diante do conhecimento o que caracteriza a postura
interdisciplinar.
O professor que pretende ingressar nessa aventura interdisciplinar
precisa estar preparado para ser um consultor, articulador, mediador, orientador,
especialista e facilitador dos processos que envolvem o ensino e a aprendizagem
dos alunos. Por isso se torna fundamental estar consciente de que ninguém educa
com idéias “ensinadas”, ter coragem de sempre fornecer a sua razão, razões para
mudar e principalmente não cultivar o gosto pelo “porto seguro” ou pela certeza do
sistema, porque nosso conhecimento nasce da dúvida e se alimenta de
incertezas.
Seria pretenciosa e até mesmo enganosa nossa atitude se não
reconhecêssemos as falhas, pois são com elas que aprendemos a fazer melhor e
com maior qualidade o nosso trabalho. Não podemos nos esquecer de que é o
planejamento que dá eficácia ao trabalho interdisciplinar e não o improviso.
Enfim, ao caminharmos em direção à interdisciplinaridade espera-se
que não perpetuemos a linha tradicional de ensino, na qual se tenta ensinar
regras ou estruturas gramaticais para os alunos que, possivelmente, jamais irão
aplicá-las. Mas que busquemos novas e próprias maneiras de ensinar, através de
uma atitude inovadora, ousada e criativa e que, ao trilhar por caminhos “nunca
dantes navegados” não percamos de vista nosso objetivo maior que é a
aprendizagem dos alunos e entendamos que, ultrapassando as ondas mais
turbulentas encontradas durante o percurso, é que descobriremos o verdadeiro
sabor da interdisciplinaridade.
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6. Bibliografia:
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira/
Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,1998.
FAZENDA, I. C. A. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro.
Ed.Loyola, São Paulo,1993.
_________________. Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria. São Paulo:
Loyola, 1993.
FERRARI, Marisa T. e RUBIN, Sara G. – English Clips: Manual Pedagógico, São
Paulo, Ed. Scipione,2001.
HOLDEN, Susan e ROGERS, Mickey. O ensino da língua inglesa, São Paulo:
Special Book Service, 2002.
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