SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 5
NO Mundo, Mas não DO Mundo 
No Mundo, Mas não Do Mundo 
Pr. Davi Merkh 
Como est rangeiro no Brasil, sinto muito que serei sempre um "peixe fora 
da água". Não t enho um “RG” mas um “RNE”—Regist ro Nacional de 
Est rangeiro”. Esse meu "visto permanente" me ident ifica como 
“est ranho” em t odos os sent idos: além de ser uma cor esquisit a (laranja), 
sempre me ident ifica como alguém permanentemente carimbado 
como "diferente". Não importa quanto eu me esforço, nunca ficarei 
completamente contextualizado. Não gosto quando pessoas olham 
para minha roupa-camisa xadrez com bermuda amarela e meia 
branca-e logo dizem "eis aí, mais um gringo". Odeio quando pessoas 
perguntam logo depois de conversarmos alguns minut inhos: "Você não 
é daqui, né?" 
Ninguém gosta de ser diferente. Há forte pressão para se conformar . 
..mas ao mesmo tempo, uma tensão por saber que nunca será igual 
aos out ros. No meu caso, estou no Brasil sem ser totalmente do 
Brasil. Como crentes em Cristo Jesus, sofremos uma out ra tensão: a de 
sermos conformados com a imagem de Jesus (Rm 8.29) e não 
conformados com o mundo (Rm 12.1,2), mas ao mesmo tempo, ser tudo 
para todos para ganhar alguns (1 Co 9.22). 
Jesus caracterizou bem essa tensão quando disse que estamos "no 
mundo, mas não do mundo." Como podemos estar no mundo sem 
permit ir que o mundo esteja em nós? Uma pequena fábula ilust ra o 
desafio de sermos equilibrados, em nossa convivência com o mundo. 
Era uma vez, uma família de Urubus vivia na fenda de uma rocha 
numa montanha. Um dia foi descoberto que a família passava mal, 
pois pegara uma doença comendo carne podre. Quando o Gavião 
soube disso, ficou muito crít ico. "É problema deles" ele falou. "Vivem 
comendo animais mortos o tempo todo. Merecem t udo que recebem. 
Eles nunca aprendem." 
O Gavião, indignado pelo est ilo de vida podre dos Urubus, em vez de 
ajudá-los, iniciou uma campanha cont ra eles. Enquanto os Urubus se 
tornaram cada vez mais fracos, o Gavião advert iu aos out ros pássaros a 
não se aproximarem da casa deles. Passava baixo-assinados para 
expulsá-los da vizinhança. Quando os Urubus estavam mal mesmo, o 
Gavião contava piadas a custo deles. A Águia lidou com o problema 
dos Urubus de forma totalmente diferente. Nunca um fã deles, a Águia 
simplesmente os ignorava. Const ruiu seu ninho muito mais alto do que o 
deles (e muito acima dos out ros pássaros também) e os olhou com nariz 
(ou bico) empinado. Ficou isolada dos out ros pássaros e dos seus 
problemas, formando sua própria comunidade exclusivista, com suas 
próprias regrinhas e regulamentos. O Papagaio foi diferente--o oposto 
da Águia. Sempre fascinado pelo Urubu, ele admirava sua 
independência e liberdade. Mesmo sabendo o risco de viver como um 
Urubu, ele não se importava muito com isso. Por que ele também não
podia comer o que ele queria, quando ele queria, mesmo se fosse 
comida est ragada? E assim ele fez. O papagaio se tornou como um 
Urubu. Ele voou como Urubu, comeu como Urubu. Infelizmente, 
também pegou doença como o Urubu. Certamente não ajudou em 
nada os Urubus, fora o fato de que a miséria gosta de 
companhia. 
Esta fábula ilust ra como alguns respondem de formas diferentes ao 
desafio de estar "no mundo, mas não ser do mundo". A maioria de nós 
adota uma de três atitudes no nosso envolvimento com o mundo. 
Vamos considerar estas respostas, e depois propor uma maneira bíblica 
de lidar com a sociedade em que vivemos. 
O Crente Gavião: Ataca o Mundo 
O gavião é um pássaro bonito, porém agressivo e orgulhoso, que vive a 
custo dos out ros. Parece majestoso, mas não é tão sofist icado que não 
pode comer animais mortos. O cristão "gavião" tem como lema de sua 
vida Judas 3b: "batalhar diligentemente pela fé uma vez por todas 
ent regue aos santos". Ele nunca se esquece do fato de que estamos 
numa guerra-uma luta de unhas e dentes cont ra o paganismo, 
secularismo, humanismo, modernismo, liberalismo e comodismo. 
Infelizmente, o crente gavião gasta tanta energia combatendo 
inimigos ou tentando "concertar o mundo" at ravés de suas crít icas, que 
não at rai muitos para sua causa. Adota métodos como: marchas, 
envolvimento polít ico, greves, protestos e boicotes para demonst rar sua 
força, para que pessoas o respeitem. Força humana, mesmo em nome 
de Jesus, não efetua muitas mudanças eternas. Nos dias de Jesus, os 
zelotes adotaram a mesma filosofia ao lidar com o odiado jugo 
romano. Muitos seguidores de Jesus queriam que ele quebrasse aquele 
jugo como Messias-Libertador. Mas não foi o caminho escolhido pelo 
Mest re "manso e humilde de coração". Na história, as cruzadas e a 
Inquisição são exemplos de tentat ivas sinceras, mas enganadas de 
"gaviões" se relacionarem com o mundo. Há elementos de verdade 
nesta posição do gavião. 
Estamos numa guerra espiritual (Ef 6.12)-só que não é cont ra carne e 
sangue, fato que muitos gaviões esquecem em suas denúncias. Os 
profetas do Velho Testamento eram muito capazes de condenar 
pecado em sua sociedade, mas também sabiam minist rar graça e 
compaixão, diferente dos gaviões modernos que bombardeiam clínicas 
de aborto em nome de Jesus. O reino de Jesus não é deste mundo, e 
não será tomado por força, nem poder, mas por meios espirituais (Zc 
4.6). Jesus ensinava os discípulos a serem pescadores de homens; o 
gavião prefere jogar uma bomba no lago e colher os peixes mortos que 
sobem. Jesus nos chama para odiar o pecado, mas amar ao pecador. 
Nossa luta é cont ra "potestades e principados", não cont ra homens. A 
ênfase do nosso ministério tem que ser espiritual. Os meios do nosso 
ministério têm que ser espirituais. Jesus e Paulo nunca passaram baixo-assinados 
ou marcharam cont ra Roma. Não que estes métodos nunca
têm seu lugar, mas não deve constar a totalidade do nosso 
envolvimento com o mundo. O problema com o crente gavião é que 
ele ataca o mundo, sem perceber que o mundo está nele. 
O Crente Águia: Isola-se do Mundo 
De todos os pássaros, talvez a águia seja o mais nobre, o mais 
majestoso. Mas a águia também simboliza orgulho, arrogância, 
inacessibilidade. O texto-base do crente águia é 2 Co 6.17 "ret irai-vos do 
meio deles, separai-vos". Ele resolve a tensão ent re "estar no mundo, 
sem ser do mundo" por isolar-se do mundo. "Talvez", pense ele, "se eu 
ignorar o mundo ele desapareçerá." O cristão águia é separat ista de 
tudo e de todos, e tem orgulho de ser assim conhecido. Ele se acha 
puro, santo, por não se contaminar com o mundo e seus problemas. O 
crente águia geralmente não reconhece que se tornou irrelevante 
para o mundo, pois gosta de pensar que, por ser tão diferente, está 
sendo sal e luz. De fato, fica tão distante, que não tem nenhum 
impacto naqueles ao seu redor! Nos tempos de Jesus, os essênios, 
grupo separat ista, criou sua própria comunidade no deserto, longe do 
mundo real. Ao longo da história, muitos out ros grupos tentaram 
escapar da poluição do mundo sendo monges ou eremitas. Mas muitos 
descobriram que é impossível escapar do mundo, pelo fato do mundo 
estar dent ro deles. "Aonde tu fores, tu te levas cont igo." De todos os 
crentes "águias", os fariseus eram os piores. Eles enganavam-se com suas 
t radições e leis, que evitavam contato com a sociedade e os 
problemas das pessoas, pensando que assim se sant ificariam. Mas 
Jesus reservou para eles suas condenações mais quentes (Mt 23). 
Um grupo chamado os "Amish" nos Estados Unidos exemplifica o 
ext remo desta est ratégia separat ista. Os Amish formam suas próprias 
comunidades, mantendo os padrões de vida de séculos passados. Não 
usam luz elét rica, não dirigem carros, não costuram botões em suas 
roupas, que por sinal são todas pretas e roxas. Sua rigidez e seu 
legalismo os colocam "acima" daqueles ao seu redor, ou assim pensam 
eles. Mas são poucos que, at raídos pelo seu est ilo de vida se tornam 
Amish. Pelo cont rário, muitos jovens Amish deixam a cultura de seus 
pais. 
Há aspectos posit ivos do cristão águia. Deus nos chamou para sermos 
santos, como ele é santo (Mt 5.48). "Sant idade" significa separação da 
impureza. De fato, somos sal e luz (Mt 5.13-16), chamados para não 
sermos contaminados pelo mundo (Fp 2.15,16; Tg 1.27). Mas isso não 
significa que precisamos nos ret irar do mundo. Não foi isso que Jesus e 
Paulo t inham em mente. 1 Co 5.9,10 deixa isso claro: Já em carta vos 
escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me com isto não 
propriamente aos impuros deste mundo, ou aos arvarentos, ou 
roubadores, ou idólat ras; pois, neste caso teríeis de sair do mundo." Não 
é possível separar-se do mundo e assim tornar-se santo. Alguém tem 
que ver as nossas boas obras, para poder glorificar a Deus (Mt 5.13-16). 
Há perigo nas comunidades e sub-culturas evangélicas, "clubes" nas
igrejas que prat icamente excluem descrentes. O crente águia não 
reflete o que Jesus quis dizer quando nos chamou para estar "no 
mundo, mas não ser do mundo." O problema com o crente águia é que 
ele não está no mundo, mas o mundo cont inua nele. 
O Crente Papagaio: Imita o Mundo O papagaio é o "Maria-vai-com-os-out 
ros" do reino animal. Este conformista adota os padrões do mundo, 
imaginando que assim vai ganhar seus colegas para Cristo. Sua lema é 
"Ser tudo para com todos para ganhar alguns" (1 Co 9.22). O papagaio 
sacrifica a verdade e a sant idade em nome do amor. "Por que ser 
diferente?" ele pensa. "Se for aceito por eles, terei uma uma audiência 
para o evangelho." Os saduceus e Herodianos nos tempos de Jesus 
eram assim. Assimilaram-se aos padrões romanos e assim ganharam 
poder polít ico. Mas t inham pouca influência espiritual. Tornaram-se sal 
sem sabor. 
O problema com o crente papagaio em relação ao mundo é que ele 
não tem muito para oferecer. Para ter valor, sal tem que ter um sabor 
especial, senão não presta para nada. Se não há nenhuma diferença 
ent re o crente e o mundo, como at rair o mundo para Jesus? (cf. 1 Pd 
3.15, Rm 12.1,2, 1 Jo 2.15-17) Infelizmente, muitos jovens estão se 
tornando papagaios, procurando aceitação no mundo. Seu est ilo de 
vida, não os diferencia dos seus amigos não-crentes. Seu falar é igual, 
sua música é a mesma, seus padrões de namoro são 
idént icos. Igualmente preocupante são os movimentos evangélicos que 
adotam os padrões do mundo para "ganhar alguns". Suas técnicas de 
"market ing", sua mensagem diluída, sua ét ica em nada difere do 
mundo. Por que seus colegas devem dar ouvidos? O problema com o 
crente papagaio é que ele está no mundo, e o mundo está nele. Existe 
um out ro t ipo de cristão, que melhor exemplifica o equilíbrio ent re "estar 
no mundo" sem que o mundo esteja nele. 
O Crente Pomba: No Mundo, mas não Do Mundo O fim da nossa fábula 
ilust ra como ser um crente no mundo, sem permit ir que o mundo esteja 
em você: 
A Pomba foi o único pássaro que realmente ajudou a família Urubu. 
Sem condenar ou atacá-los, e sem comer carne podre como eles 
comiam, a Pomba assumiu o compromisso de visitá-los e levar carne 
fresca para eles. Pouco a pouco os Urubus se sent iram melhor. 
Percebendo algo diferente na Pomba, logo aprenderam o segredo da 
sua saúde. Aprenderam a sua higiêne, seus hábitos de vida. Depois de 
algumas semanas, os Urubus estavam se comportando como Pombas. 
E os Urubus e as Pombas viveram felizes para 
sempre. 
A pomba é um pássaro calmo, gent il, bondoso, t ranqüilo. Sempre está 
no meio dos out ros pássaros, mas nunca causa tumultos como as out ras 
aves. A pomba sabe como estar no mundo (ent re os out ros pássaros) 
sem ser contaminado pelo mundo (adotar seus padrões de vida). Foi 
isso que Jesus t inha em mente em Jo 17.13-20. Neste texto ele t raça t rês 
verdades sobre o envolvimento do cristão "pomba" com o mundo:
1) Não somos DO mundo (14,16) 
2) Estamos NO mundo (15) 
3) Somos enviados PARA o Mundo (18) 
A história de Daniel no Velho Testamento ilust ra estes princípios na vida 
de um crente "pomba". Com 17 anos Daniel foi exilado para Babilônia, 
longe de seus familiares, de sua terra, de sua língua e cultura. Em áreas 
não-morais, Daniel ent rou na nova cultura para valer. Aceitou uma 
mudança de nome, foi para suas escolas, desenvolveu uma carreira no 
serviço civil. Em áreas morais, porém, no tocante à lei de seu Deus, ele 
colocou seus pés no chão e recusou comer e beber o que foi proibido, 
mesmo que custasse sua carreira, e talvez sua vida. Ele e seus amigos 
não se isolaram da cultura, pondo suas cabeças na areia, mas se 
envolveram até o ponto de comprometer seus ideais. Foi assim na vida 
de Jesus. Em áreas não-morais, ele se ident ificava com pecadores 
(comia com eles, ia para suas festas de casamento, pescava com 
eles.) Mas ele t raçou uma linha em áreas morais-e não foi influenciado 
pelos padrões de vida daqueles ao seu redor. Fazia parte de sua 
cultura, sem ser contaminado por ela. Confesso que não é fácil achar 
este equilíbrio! A luta é constante, e a tentação de cair para um lado 
ou out ro exist irá sempre. 
O segredo é também a moral da fábula: O cristão precisa achar 
equilibro para estar no mundo, sem permitir que o mundo esteja 
nele.*Não sejamos crentes gaviões, atacando e crit icando o mundo ao 
redor, esperando que as pessoas se comportem como cristãos, quando 
não têm a capacitação do Espírito de Deus. *Não sejamos cristãos 
águias, distantes, isolados, aquém dos problemas e do dia-a-dia do 
"povão". Senão, nunca vamos alcança-los.*Não sejamos papagaios, 
em nada diferentes do mundo, e por isso, em nada at raentes para 
ele. Vivamos, sim, como est rangeiros na terra. Não será fácil, pois 
ninguém gosta de ser diferente. Mas a recompensa está "fora deste 
mundo".

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

JustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus Cristo
JustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus CristoJustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus Cristo
JustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus Cristo
Jose Filho
 
Pagina 7
Pagina 7Pagina 7
Pagina 7
josy145
 
Jerônimo mendonça slide.novopptx
Jerônimo mendonça   slide.novopptxJerônimo mendonça   slide.novopptx
Jerônimo mendonça slide.novopptx
bonattinho
 
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graçaAníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
leniogravacoes
 
Círculos Bíblicos (junho2010)
Círculos Bíblicos (junho2010)Círculos Bíblicos (junho2010)
Círculos Bíblicos (junho2010)
Carlos Santos
 

Was ist angesagt? (19)

BOLETIM Nº 54
BOLETIM Nº 54BOLETIM Nº 54
BOLETIM Nº 54
 
O Anticristo é muçulmano
O Anticristo é muçulmanoO Anticristo é muçulmano
O Anticristo é muçulmano
 
BOLETIM Nº 79
BOLETIM Nº 79BOLETIM Nº 79
BOLETIM Nº 79
 
JustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus Cristo
JustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus CristoJustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus Cristo
JustiçA Restaurativa Praticada Por Jesus Cristo
 
Pagina 14
Pagina 14Pagina 14
Pagina 14
 
Pagina 7
Pagina 7Pagina 7
Pagina 7
 
Jerônimo mendonça slide.novopptx
Jerônimo mendonça   slide.novopptxJerônimo mendonça   slide.novopptx
Jerônimo mendonça slide.novopptx
 
Chico Xavier Espirita Apostólico Romano
 Chico Xavier Espirita Apostólico Romano Chico Xavier Espirita Apostólico Romano
Chico Xavier Espirita Apostólico Romano
 
BOLETIM Nº 78
BOLETIM Nº 78BOLETIM Nº 78
BOLETIM Nº 78
 
A corça
A corçaA corça
A corça
 
B05
B05B05
B05
 
Evangelho animais 34
Evangelho animais 34Evangelho animais 34
Evangelho animais 34
 
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graçaAníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
 
Cristo como Senhor do sábado_Lição_original com textos_522015
Cristo como Senhor do sábado_Lição_original com textos_522015Cristo como Senhor do sábado_Lição_original com textos_522015
Cristo como Senhor do sábado_Lição_original com textos_522015
 
Círculos Bíblicos (junho2010)
Círculos Bíblicos (junho2010)Círculos Bíblicos (junho2010)
Círculos Bíblicos (junho2010)
 
John Stott Contracultura Cristã
John Stott   Contracultura CristãJohn Stott   Contracultura Cristã
John Stott Contracultura Cristã
 
Contracultura cristã john-stott
Contracultura cristã   john-stottContracultura cristã   john-stott
Contracultura cristã john-stott
 
Uma pergunta
Uma perguntaUma pergunta
Uma pergunta
 
Anibal pereira dos reis o santo que anchieta matou
Anibal pereira dos reis   o santo que anchieta matouAnibal pereira dos reis   o santo que anchieta matou
Anibal pereira dos reis o santo que anchieta matou
 

Andere mochten auch

21.4 Power Sacristan
21.4   Power Sacristan21.4   Power Sacristan
21.4 Power Sacristan
Julia Poletto
 
Populacao mundial
Populacao mundialPopulacao mundial
Populacao mundial
Virgilio Nt
 
Powerpoint Capitalismo para Principiantes
Powerpoint   Capitalismo para PrincipiantesPowerpoint   Capitalismo para Principiantes
Powerpoint Capitalismo para Principiantes
leathomasdotta
 

Andere mochten auch (20)

Resumo geografia
Resumo geografiaResumo geografia
Resumo geografia
 
NóS Somos O Mundo 1
NóS Somos O Mundo 1NóS Somos O Mundo 1
NóS Somos O Mundo 1
 
Seminario 14
Seminario 14Seminario 14
Seminario 14
 
21.4 Power Sacristan
21.4   Power Sacristan21.4   Power Sacristan
21.4 Power Sacristan
 
Capitalismo (2)
Capitalismo (2)Capitalismo (2)
Capitalismo (2)
 
Capitalismo para Principiantes
Capitalismo para PrincipiantesCapitalismo para Principiantes
Capitalismo para Principiantes
 
Trabalho de sociologia (2)
Trabalho de sociologia (2)Trabalho de sociologia (2)
Trabalho de sociologia (2)
 
Somos a essência e a transformação no mundo de hoje
Somos a essência e a transformação no mundo de hojeSomos a essência e a transformação no mundo de hoje
Somos a essência e a transformação no mundo de hoje
 
Projeto nas turmas A30: Quem somos e onde vivemos?
Projeto nas turmas A30: Quem somos e onde vivemos?Projeto nas turmas A30: Quem somos e onde vivemos?
Projeto nas turmas A30: Quem somos e onde vivemos?
 
Globalização e pós modernidade aula de geografia prof. silvânio barcelos
Globalização e pós modernidade aula de geografia prof. silvânio barcelosGlobalização e pós modernidade aula de geografia prof. silvânio barcelos
Globalização e pós modernidade aula de geografia prof. silvânio barcelos
 
Populacao mundial
Populacao mundialPopulacao mundial
Populacao mundial
 
Sociologia 2-ano-completa
Sociologia 2-ano-completaSociologia 2-ano-completa
Sociologia 2-ano-completa
 
Powerpoint Capitalismo para Principiantes
Powerpoint   Capitalismo para PrincipiantesPowerpoint   Capitalismo para Principiantes
Powerpoint Capitalismo para Principiantes
 
Sociologia 3º ano EM
Sociologia 3º ano EM Sociologia 3º ano EM
Sociologia 3º ano EM
 
Sociologia – 2º ano cultura....
Sociologia – 2º ano   cultura....Sociologia – 2º ano   cultura....
Sociologia – 2º ano cultura....
 
Capitalismo comercial
Capitalismo comercialCapitalismo comercial
Capitalismo comercial
 
Processo de desenvolvimento do capitalismo
Processo de desenvolvimento do capitalismoProcesso de desenvolvimento do capitalismo
Processo de desenvolvimento do capitalismo
 
Tema 1: capitalismo
Tema 1: capitalismoTema 1: capitalismo
Tema 1: capitalismo
 
Trabalho Sociedade Capitalista
Trabalho Sociedade CapitalistaTrabalho Sociedade Capitalista
Trabalho Sociedade Capitalista
 
TEORIAS DEMOGRÁFICAS (DE MALTHUS A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA)
TEORIAS DEMOGRÁFICAS (DE MALTHUS A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA)TEORIAS DEMOGRÁFICAS (DE MALTHUS A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA)
TEORIAS DEMOGRÁFICAS (DE MALTHUS A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA)
 

Ähnlich wie No mundo mas não do mundo

A construcao do_estado_ateista
A construcao do_estado_ateistaA construcao do_estado_ateista
A construcao do_estado_ateista
Alex Rocha
 

Ähnlich wie No mundo mas não do mundo (20)

Jesus, o bom pastor
Jesus, o bom pastorJesus, o bom pastor
Jesus, o bom pastor
 
A construcao do_estado_ateista
A construcao do_estado_ateistaA construcao do_estado_ateista
A construcao do_estado_ateista
 
Jornal outubro 2015
Jornal outubro 2015Jornal outubro 2015
Jornal outubro 2015
 
Evangelho de escândalo
Evangelho de escândaloEvangelho de escândalo
Evangelho de escândalo
 
Vozes mutantes tci (pedro ernesto stilpen e lázaro sanches de oliveira)
Vozes mutantes   tci (pedro ernesto stilpen e lázaro sanches de oliveira)Vozes mutantes   tci (pedro ernesto stilpen e lázaro sanches de oliveira)
Vozes mutantes tci (pedro ernesto stilpen e lázaro sanches de oliveira)
 
O dilema do peixe.
O dilema do peixe.O dilema do peixe.
O dilema do peixe.
 
18 13
18 1318 13
18 13
 
A Mulher Cananeia - Uma Mulher de Atitude
A Mulher Cananeia - Uma Mulher de AtitudeA Mulher Cananeia - Uma Mulher de Atitude
A Mulher Cananeia - Uma Mulher de Atitude
 
Pascoa 2011
Pascoa 2011Pascoa 2011
Pascoa 2011
 
Livro dos Espiritos 271 ESE cap21 item6
Livro dos Espiritos 271 ESE cap21 item6Livro dos Espiritos 271 ESE cap21 item6
Livro dos Espiritos 271 ESE cap21 item6
 
Jormi - Jornal Missionário n° 46
Jormi - Jornal Missionário n° 46Jormi - Jornal Missionário n° 46
Jormi - Jornal Missionário n° 46
 
Jormi 46
Jormi 46Jormi 46
Jormi 46
 
Jormi 46
Jormi 46Jormi 46
Jormi 46
 
Histórias que trazem felicidade
Histórias que trazem felicidadeHistórias que trazem felicidade
Histórias que trazem felicidade
 
Qual o significado de Jesus ser chamado de verme
Qual o significado de Jesus ser chamado de vermeQual o significado de Jesus ser chamado de verme
Qual o significado de Jesus ser chamado de verme
 
Edição agosto 2021 via web
Edição agosto 2021  via webEdição agosto 2021  via web
Edição agosto 2021 via web
 
Tua fé te salvou richard simonetti
Tua fé te salvou   richard simonettiTua fé te salvou   richard simonetti
Tua fé te salvou richard simonetti
 
A SATÂNICA BABILÔNIA MODERNA AVANÇA .pdf
A SATÂNICA BABILÔNIA MODERNA AVANÇA .pdfA SATÂNICA BABILÔNIA MODERNA AVANÇA .pdf
A SATÂNICA BABILÔNIA MODERNA AVANÇA .pdf
 
Suicidio
SuicidioSuicidio
Suicidio
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Agosto...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Agosto...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Agosto...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Agosto...
 

Mehr von Ivanir Silva

Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)
Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)
Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)
Ivanir Silva
 
Docslide.com.br curso clp-exercicios-propostos
Docslide.com.br curso clp-exercicios-propostosDocslide.com.br curso clp-exercicios-propostos
Docslide.com.br curso clp-exercicios-propostos
Ivanir Silva
 
Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440
Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440
Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440
Ivanir Silva
 
Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1
Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1
Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1
Ivanir Silva
 
27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch
27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch
27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch
Ivanir Silva
 
Trabalho de corrente alternada
Trabalho de corrente alternadaTrabalho de corrente alternada
Trabalho de corrente alternada
Ivanir Silva
 

Mehr von Ivanir Silva (12)

2 n2646
2 n26462 n2646
2 n2646
 
Ex pratic pneumaticas
Ex pratic  pneumaticasEx pratic  pneumaticas
Ex pratic pneumaticas
 
Pneumat2481
Pneumat2481Pneumat2481
Pneumat2481
 
Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)
Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)
Exercicios diodo-e-retificadores-v (1)
 
Docslide.com.br curso clp-exercicios-propostos
Docslide.com.br curso clp-exercicios-propostosDocslide.com.br curso clp-exercicios-propostos
Docslide.com.br curso clp-exercicios-propostos
 
Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440
Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440
Tutorial – comissionamento rápido inversor siemens micromaster 440
 
Apostila soft inversor
Apostila soft inversorApostila soft inversor
Apostila soft inversor
 
Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1
Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1
Informaesprocessoseletivoatualizaotecnolgicapscd 2016.1
 
4 leis espirituais ppt
4 leis espirituais ppt4 leis espirituais ppt
4 leis espirituais ppt
 
27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch
27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch
27817833 apostila-de-sistema-supervisorio-intouch
 
Automacao
AutomacaoAutomacao
Automacao
 
Trabalho de corrente alternada
Trabalho de corrente alternadaTrabalho de corrente alternada
Trabalho de corrente alternada
 

No mundo mas não do mundo

  • 1. NO Mundo, Mas não DO Mundo No Mundo, Mas não Do Mundo Pr. Davi Merkh Como est rangeiro no Brasil, sinto muito que serei sempre um "peixe fora da água". Não t enho um “RG” mas um “RNE”—Regist ro Nacional de Est rangeiro”. Esse meu "visto permanente" me ident ifica como “est ranho” em t odos os sent idos: além de ser uma cor esquisit a (laranja), sempre me ident ifica como alguém permanentemente carimbado como "diferente". Não importa quanto eu me esforço, nunca ficarei completamente contextualizado. Não gosto quando pessoas olham para minha roupa-camisa xadrez com bermuda amarela e meia branca-e logo dizem "eis aí, mais um gringo". Odeio quando pessoas perguntam logo depois de conversarmos alguns minut inhos: "Você não é daqui, né?" Ninguém gosta de ser diferente. Há forte pressão para se conformar . ..mas ao mesmo tempo, uma tensão por saber que nunca será igual aos out ros. No meu caso, estou no Brasil sem ser totalmente do Brasil. Como crentes em Cristo Jesus, sofremos uma out ra tensão: a de sermos conformados com a imagem de Jesus (Rm 8.29) e não conformados com o mundo (Rm 12.1,2), mas ao mesmo tempo, ser tudo para todos para ganhar alguns (1 Co 9.22). Jesus caracterizou bem essa tensão quando disse que estamos "no mundo, mas não do mundo." Como podemos estar no mundo sem permit ir que o mundo esteja em nós? Uma pequena fábula ilust ra o desafio de sermos equilibrados, em nossa convivência com o mundo. Era uma vez, uma família de Urubus vivia na fenda de uma rocha numa montanha. Um dia foi descoberto que a família passava mal, pois pegara uma doença comendo carne podre. Quando o Gavião soube disso, ficou muito crít ico. "É problema deles" ele falou. "Vivem comendo animais mortos o tempo todo. Merecem t udo que recebem. Eles nunca aprendem." O Gavião, indignado pelo est ilo de vida podre dos Urubus, em vez de ajudá-los, iniciou uma campanha cont ra eles. Enquanto os Urubus se tornaram cada vez mais fracos, o Gavião advert iu aos out ros pássaros a não se aproximarem da casa deles. Passava baixo-assinados para expulsá-los da vizinhança. Quando os Urubus estavam mal mesmo, o Gavião contava piadas a custo deles. A Águia lidou com o problema dos Urubus de forma totalmente diferente. Nunca um fã deles, a Águia simplesmente os ignorava. Const ruiu seu ninho muito mais alto do que o deles (e muito acima dos out ros pássaros também) e os olhou com nariz (ou bico) empinado. Ficou isolada dos out ros pássaros e dos seus problemas, formando sua própria comunidade exclusivista, com suas próprias regrinhas e regulamentos. O Papagaio foi diferente--o oposto da Águia. Sempre fascinado pelo Urubu, ele admirava sua independência e liberdade. Mesmo sabendo o risco de viver como um Urubu, ele não se importava muito com isso. Por que ele também não
  • 2. podia comer o que ele queria, quando ele queria, mesmo se fosse comida est ragada? E assim ele fez. O papagaio se tornou como um Urubu. Ele voou como Urubu, comeu como Urubu. Infelizmente, também pegou doença como o Urubu. Certamente não ajudou em nada os Urubus, fora o fato de que a miséria gosta de companhia. Esta fábula ilust ra como alguns respondem de formas diferentes ao desafio de estar "no mundo, mas não ser do mundo". A maioria de nós adota uma de três atitudes no nosso envolvimento com o mundo. Vamos considerar estas respostas, e depois propor uma maneira bíblica de lidar com a sociedade em que vivemos. O Crente Gavião: Ataca o Mundo O gavião é um pássaro bonito, porém agressivo e orgulhoso, que vive a custo dos out ros. Parece majestoso, mas não é tão sofist icado que não pode comer animais mortos. O cristão "gavião" tem como lema de sua vida Judas 3b: "batalhar diligentemente pela fé uma vez por todas ent regue aos santos". Ele nunca se esquece do fato de que estamos numa guerra-uma luta de unhas e dentes cont ra o paganismo, secularismo, humanismo, modernismo, liberalismo e comodismo. Infelizmente, o crente gavião gasta tanta energia combatendo inimigos ou tentando "concertar o mundo" at ravés de suas crít icas, que não at rai muitos para sua causa. Adota métodos como: marchas, envolvimento polít ico, greves, protestos e boicotes para demonst rar sua força, para que pessoas o respeitem. Força humana, mesmo em nome de Jesus, não efetua muitas mudanças eternas. Nos dias de Jesus, os zelotes adotaram a mesma filosofia ao lidar com o odiado jugo romano. Muitos seguidores de Jesus queriam que ele quebrasse aquele jugo como Messias-Libertador. Mas não foi o caminho escolhido pelo Mest re "manso e humilde de coração". Na história, as cruzadas e a Inquisição são exemplos de tentat ivas sinceras, mas enganadas de "gaviões" se relacionarem com o mundo. Há elementos de verdade nesta posição do gavião. Estamos numa guerra espiritual (Ef 6.12)-só que não é cont ra carne e sangue, fato que muitos gaviões esquecem em suas denúncias. Os profetas do Velho Testamento eram muito capazes de condenar pecado em sua sociedade, mas também sabiam minist rar graça e compaixão, diferente dos gaviões modernos que bombardeiam clínicas de aborto em nome de Jesus. O reino de Jesus não é deste mundo, e não será tomado por força, nem poder, mas por meios espirituais (Zc 4.6). Jesus ensinava os discípulos a serem pescadores de homens; o gavião prefere jogar uma bomba no lago e colher os peixes mortos que sobem. Jesus nos chama para odiar o pecado, mas amar ao pecador. Nossa luta é cont ra "potestades e principados", não cont ra homens. A ênfase do nosso ministério tem que ser espiritual. Os meios do nosso ministério têm que ser espirituais. Jesus e Paulo nunca passaram baixo-assinados ou marcharam cont ra Roma. Não que estes métodos nunca
  • 3. têm seu lugar, mas não deve constar a totalidade do nosso envolvimento com o mundo. O problema com o crente gavião é que ele ataca o mundo, sem perceber que o mundo está nele. O Crente Águia: Isola-se do Mundo De todos os pássaros, talvez a águia seja o mais nobre, o mais majestoso. Mas a águia também simboliza orgulho, arrogância, inacessibilidade. O texto-base do crente águia é 2 Co 6.17 "ret irai-vos do meio deles, separai-vos". Ele resolve a tensão ent re "estar no mundo, sem ser do mundo" por isolar-se do mundo. "Talvez", pense ele, "se eu ignorar o mundo ele desapareçerá." O cristão águia é separat ista de tudo e de todos, e tem orgulho de ser assim conhecido. Ele se acha puro, santo, por não se contaminar com o mundo e seus problemas. O crente águia geralmente não reconhece que se tornou irrelevante para o mundo, pois gosta de pensar que, por ser tão diferente, está sendo sal e luz. De fato, fica tão distante, que não tem nenhum impacto naqueles ao seu redor! Nos tempos de Jesus, os essênios, grupo separat ista, criou sua própria comunidade no deserto, longe do mundo real. Ao longo da história, muitos out ros grupos tentaram escapar da poluição do mundo sendo monges ou eremitas. Mas muitos descobriram que é impossível escapar do mundo, pelo fato do mundo estar dent ro deles. "Aonde tu fores, tu te levas cont igo." De todos os crentes "águias", os fariseus eram os piores. Eles enganavam-se com suas t radições e leis, que evitavam contato com a sociedade e os problemas das pessoas, pensando que assim se sant ificariam. Mas Jesus reservou para eles suas condenações mais quentes (Mt 23). Um grupo chamado os "Amish" nos Estados Unidos exemplifica o ext remo desta est ratégia separat ista. Os Amish formam suas próprias comunidades, mantendo os padrões de vida de séculos passados. Não usam luz elét rica, não dirigem carros, não costuram botões em suas roupas, que por sinal são todas pretas e roxas. Sua rigidez e seu legalismo os colocam "acima" daqueles ao seu redor, ou assim pensam eles. Mas são poucos que, at raídos pelo seu est ilo de vida se tornam Amish. Pelo cont rário, muitos jovens Amish deixam a cultura de seus pais. Há aspectos posit ivos do cristão águia. Deus nos chamou para sermos santos, como ele é santo (Mt 5.48). "Sant idade" significa separação da impureza. De fato, somos sal e luz (Mt 5.13-16), chamados para não sermos contaminados pelo mundo (Fp 2.15,16; Tg 1.27). Mas isso não significa que precisamos nos ret irar do mundo. Não foi isso que Jesus e Paulo t inham em mente. 1 Co 5.9,10 deixa isso claro: Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me com isto não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos arvarentos, ou roubadores, ou idólat ras; pois, neste caso teríeis de sair do mundo." Não é possível separar-se do mundo e assim tornar-se santo. Alguém tem que ver as nossas boas obras, para poder glorificar a Deus (Mt 5.13-16). Há perigo nas comunidades e sub-culturas evangélicas, "clubes" nas
  • 4. igrejas que prat icamente excluem descrentes. O crente águia não reflete o que Jesus quis dizer quando nos chamou para estar "no mundo, mas não ser do mundo." O problema com o crente águia é que ele não está no mundo, mas o mundo cont inua nele. O Crente Papagaio: Imita o Mundo O papagaio é o "Maria-vai-com-os-out ros" do reino animal. Este conformista adota os padrões do mundo, imaginando que assim vai ganhar seus colegas para Cristo. Sua lema é "Ser tudo para com todos para ganhar alguns" (1 Co 9.22). O papagaio sacrifica a verdade e a sant idade em nome do amor. "Por que ser diferente?" ele pensa. "Se for aceito por eles, terei uma uma audiência para o evangelho." Os saduceus e Herodianos nos tempos de Jesus eram assim. Assimilaram-se aos padrões romanos e assim ganharam poder polít ico. Mas t inham pouca influência espiritual. Tornaram-se sal sem sabor. O problema com o crente papagaio em relação ao mundo é que ele não tem muito para oferecer. Para ter valor, sal tem que ter um sabor especial, senão não presta para nada. Se não há nenhuma diferença ent re o crente e o mundo, como at rair o mundo para Jesus? (cf. 1 Pd 3.15, Rm 12.1,2, 1 Jo 2.15-17) Infelizmente, muitos jovens estão se tornando papagaios, procurando aceitação no mundo. Seu est ilo de vida, não os diferencia dos seus amigos não-crentes. Seu falar é igual, sua música é a mesma, seus padrões de namoro são idént icos. Igualmente preocupante são os movimentos evangélicos que adotam os padrões do mundo para "ganhar alguns". Suas técnicas de "market ing", sua mensagem diluída, sua ét ica em nada difere do mundo. Por que seus colegas devem dar ouvidos? O problema com o crente papagaio é que ele está no mundo, e o mundo está nele. Existe um out ro t ipo de cristão, que melhor exemplifica o equilíbrio ent re "estar no mundo" sem que o mundo esteja nele. O Crente Pomba: No Mundo, mas não Do Mundo O fim da nossa fábula ilust ra como ser um crente no mundo, sem permit ir que o mundo esteja em você: A Pomba foi o único pássaro que realmente ajudou a família Urubu. Sem condenar ou atacá-los, e sem comer carne podre como eles comiam, a Pomba assumiu o compromisso de visitá-los e levar carne fresca para eles. Pouco a pouco os Urubus se sent iram melhor. Percebendo algo diferente na Pomba, logo aprenderam o segredo da sua saúde. Aprenderam a sua higiêne, seus hábitos de vida. Depois de algumas semanas, os Urubus estavam se comportando como Pombas. E os Urubus e as Pombas viveram felizes para sempre. A pomba é um pássaro calmo, gent il, bondoso, t ranqüilo. Sempre está no meio dos out ros pássaros, mas nunca causa tumultos como as out ras aves. A pomba sabe como estar no mundo (ent re os out ros pássaros) sem ser contaminado pelo mundo (adotar seus padrões de vida). Foi isso que Jesus t inha em mente em Jo 17.13-20. Neste texto ele t raça t rês verdades sobre o envolvimento do cristão "pomba" com o mundo:
  • 5. 1) Não somos DO mundo (14,16) 2) Estamos NO mundo (15) 3) Somos enviados PARA o Mundo (18) A história de Daniel no Velho Testamento ilust ra estes princípios na vida de um crente "pomba". Com 17 anos Daniel foi exilado para Babilônia, longe de seus familiares, de sua terra, de sua língua e cultura. Em áreas não-morais, Daniel ent rou na nova cultura para valer. Aceitou uma mudança de nome, foi para suas escolas, desenvolveu uma carreira no serviço civil. Em áreas morais, porém, no tocante à lei de seu Deus, ele colocou seus pés no chão e recusou comer e beber o que foi proibido, mesmo que custasse sua carreira, e talvez sua vida. Ele e seus amigos não se isolaram da cultura, pondo suas cabeças na areia, mas se envolveram até o ponto de comprometer seus ideais. Foi assim na vida de Jesus. Em áreas não-morais, ele se ident ificava com pecadores (comia com eles, ia para suas festas de casamento, pescava com eles.) Mas ele t raçou uma linha em áreas morais-e não foi influenciado pelos padrões de vida daqueles ao seu redor. Fazia parte de sua cultura, sem ser contaminado por ela. Confesso que não é fácil achar este equilíbrio! A luta é constante, e a tentação de cair para um lado ou out ro exist irá sempre. O segredo é também a moral da fábula: O cristão precisa achar equilibro para estar no mundo, sem permitir que o mundo esteja nele.*Não sejamos crentes gaviões, atacando e crit icando o mundo ao redor, esperando que as pessoas se comportem como cristãos, quando não têm a capacitação do Espírito de Deus. *Não sejamos cristãos águias, distantes, isolados, aquém dos problemas e do dia-a-dia do "povão". Senão, nunca vamos alcança-los.*Não sejamos papagaios, em nada diferentes do mundo, e por isso, em nada at raentes para ele. Vivamos, sim, como est rangeiros na terra. Não será fácil, pois ninguém gosta de ser diferente. Mas a recompensa está "fora deste mundo".