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QUESTIONAMENTOS
 Que tarefas são exigidas para a prática
docente no mundo contemporâneo?
Qual é o papel da geografia escolar
neste mundo? Que trabalho docente os
professores de geografia têm realizado?
Que concepções teórico-práticas têm
contribuído para a construção da
geografia escolar? Como têm sido
formados os professores de geografia.
 A compreensão mais ampla e crítica do
ensino em geral e dos fundamentos
teóricos e metodológicos da geografia
escolar, realizada pela teoria didática, é
um dos subsídios para a atuação
docente consciente e autônoma.
A GEOGRAFIA E A LEITURA DA
ESPACIALIDADE
CONTEMPORÂNEA
 Na área da economia, as mudanças nos
sistemas econômicos e produtivos estão
demandando novas atuações
profissionais.
 Esse quadro é de uma economia que se
estrutura em rede, que fragmenta e
flexibiliza sua produção, com
interconexão entre as empresas, com
uma estrutura empresarial mais
horizontal.
 Além de aspectos atinentes à economia
global atual, características de outras
esferas da vida cotidiana também
compõem o contexto do mundo
contemporâneo, como a urbanização, a
informatização e a comunicação, o
interculturalismo, o avanço e a crise
científicos.
 O espaço como objeto da análise
geográfica não é aquele da experiência
empírica, não é um objeto espacial em si
mesmo, mas sim uma abstração, uma
construção teórica; o espaço geográfico é
concebido e construído intelectualmente
como um produto social e histórico que se
constitui em ferramenta de análise da
realidade em sua dimensão material e em
sua representação.
 Definir o espaço como categoria numa
perspectiva crítica permite analisar a
realidade, ainda segundo Ortega
Valcárcel (2004), prestando atenção não
tanto às coisas, aos objetos, mas aos
processos, destacando o valor das
mudanças, considerando a realidade
mais como um sistema de relações que
de coisas.
 A geografia busca, com isso, estruturar-
se para ter um olhar mais integrador e
aberto, ao mesmo tempo, às
contribuições de outras áreas da ciência
e às diferentes espacialidades em seu
interior; um olhar mais compreensivo,
mas sensível às explicações do senso
comum, ao mesmo, ao sentido dado
pelas pessoas para suas práticas
espaciais.
 Para que os alunos entendam os
espaços de sua vida cotidiana, que se
tornaram extremamente complexos, é
necessário que aprendam a olhar, ao
mesmo tempo, para um contexto mais
amplo e global, do qual todos fazem
parte, e para os elementos que
caracterizam e distinguem seu contexto
local.
O MUNDO ATUAL E OS
DESAFIOS DA PRÁTICA
DOCENTE EM GEOGRAFIA
 A atividade do professor, como agente
essencial dessa formação, exige
alterações, o que, por sua vez, requer
mudanças em seus próprios processos
de formação.
QUESTIONAMENTOS
 Como o professor aprende? Como ele
aprende a ensinar? Em que contextos
ocorre essa aprendizagem? Como o
professor constrói seu conhecimento
das diferentes matérias escolares que
serão instrumentos básicos do trabalho
docente?
 Uma das dificuldades na formação
inicial é que em geral ela tem sido
bastante marcada pela aprendizagem
de conteúdos teóricos da geografia
acadêmica, e de suas diversas
especialidades, sem a reflexão de seus
significados mais amplos e de como
atuar na prática docente com esse
conteúdo.
 A geografia é um campo do conhecimento
científico que desde sempre se constituiu
com base na multidimensionalidade, já que
buscou compreender as relações que se
estabelecem entre o homem e o mundo
natural, e como essas relações que se
estabelecem entre o homem e o mundo
natural, e como essas relações, ao longo
da história, vêm constituindo diferentes
espaços.
REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
RELEVANTES PARA O
PENSAMENTO ESPACIAL
 Os conteúdos a serem ensinados são
aqueles considerados relevantes para
compreender a espacialidade atual. Desse
modo, o aluno poderá adquirir ferramentas
intelectuais que lhe permitam compreender
a realidade espacial que o cercam na
complexidade, na sua multiescalaridade,
nas suas contradições, por meio da análise
de sua forma/conteúdo, de sua
historicidade.
 O ensino é um processo dinâmico que
envolve três elementos fundamentais: o
aluno, o professor e a matéria. Os três
elementos estão interligados, são ativos
e participativos, sendo que a ação de
um deles influencia a ação dos outros.
 Como já foi dito, a geografia escolar lida
com conhecimentos sobre o espaço,
visando ao raciocínio espacial,
necessário ao exercício da cidadania,
pois se acredita, como vem sendo
defendido neste capítulo, que a
espacialidade é uma dimensão
importante da realidade.
 O encontro conceito/confronto da
geografia cotidiana, da dimensão do
espaço vivido pelos alunos, com a
dimensão da geografia científica, do
espaço concebido por essa ciência,
possibilita a reelaboração de
conhecimento e uma maior
compreender da experiência.
CONCEITO DE LUGAR
 O lugar é, portanto, o habitual da vida
cotidiana, mas, por outro lado, também
é por onde se concretizam ralações e
processos globais. O lugar produz-se na
relação do mundial com o local, que é
ao mesmo tempo a possibilidade de
manifestação do global e de realização
de resistência à globalização.
 A geografia sempre se caracterizou por
estudar as questões por uma
perspectiva de análise que pressupõe
distintos níveis territoriais; no entanto,
hoje estão colocados explicitamente
como categorias de análise o cotidiano
e o local, acrescido do regional.
 O conhecimento de outros lugares e a
comparação entre eles e seu próprio
lugar, juntamente com a análise da
diferenciação de condições do “global”
em cada lugar, podem fazer avançar a
compreensão dos lugares vividos.
CONCEITO DE PAISAGEM
 As paisagens são, assim, expressões
técnicas, funcionais e estéticas da
sociedade. Pode-se dizer, assim, que,
pela observação dos objetos da
paisagem – observação que é subjetiva
e seletiva – percebem-se as ações
sociais, as contradições sociais, as
testemunhas de ações passadas, de
distintos tempos.
 No ensino da geografia, é necessário a
formação do conceito de paisagem, que
pressupõe a concepção de que os
espaços têm uma forma (paisagem) que
expressa seu conteúdo (o movimento
social), de que a paisagem revela as
relações de produção da sociedade, seu
imaginário social, suas crenças, seus
valores, seus sentimentos.
 Existe uma distância muito grande entre
o conceito científico e o conceito
cotidiano de paisagem com a qual o
professor deve contar no momento de
iniciar o trabalho de construção de
conhecimento a ser desenvolvido no
ensino.
O CONCEITO DE
TERRITÓRIO
 Esse conceito, portanto, tem a ver com
uma problemática relacional de
indivíduos e seus lugares de prática,
que resulta em formas espaciais,
composta de tessituras, nós e redes.
Sendo assim, a identidade também é
um elemento é um elemento de sua
constituição, assim como o conceito de
lugar.
 O território é considerado como campo
de força, de múltiplas escalas,
produzido por meio da apropriação e da
ocupação de um espaço por um agente,
que pode ser o Estado, uma empresa,
um grupo social ou um indivíduo.
 Além disso, a constituição do território,
como relação social projetada no
espaço, pode dar-se por longo tempo ou
por apenas poucos minutos, tornando-
se regular ou periódico, estável ou
instável, flexível ou inflexível.
 No processo de ensino, é necessário
considerar o que pensam os alunos
sobre território. Por outro lado, quando
pensam em seu espaço cotidiano, eles
apontam território como um lugar
ocupado, do qual alguém tem a
propriedade.
O CONCEITO DE CIDADE
 A compreensão do tema da cidade
pelos alunos exige tratamento
interdisciplinar, requer a formação de
um sistema amplo de conceitos, a
aquisição de muita informação e o
desenvolvimento de uma série de
capacidades e habilidades.
 No entanto, a cidade é um lugar
bastante complexo, de produção social,
no qual a identidade é vivida em
fronteiras difusas, permeáveis, com
muitos espaços de contato, de
resistências e de exclusão, em que há
manifestações de diferentes
percepções, usos, culturas e aspirações
de distintos grupos, em seus espaços
públicos e privados.
 Para que o ensino de geografia
contribua para a formação, pelo aluno,
do conceito de cidade como ferramenta
para a análise geográfica do mundo,
não se deve estruturar o conteúdo
escolar por meio de um conjunto de
conceitos com definição pronta, como,
por exemplo: o que é cidade, o que é o
processo de urbanização, o que é
segregação urbana etc.
 No intuito, dá prioridade a temas como: a
cidade como arranjo espacial – com isso
se discute o que caracteriza a cidade (a
vivida pelo aluno e outras que podem ser
apresentadas pelo professor) do ponto de
vista da organização da paisagem; a
cidade como modo de produção – com
esse tema se trabalha o entendimento de
que ela é um arranjo espacial histórico e
que corresponde a determinadas formas
de organização e da produção social.
O TRABALHO DOCENTE
VOLTADO PARA A
APRENDIZAGEM GEOGRÁFICA
 O trabalho do professor consiste, pois,
em tornar possível a aprendizagem do
aluno. Isso significa que o sujeito central
do ensino é o aluno com seu processo
de conhecimento pelo aluno, mediado
pelo professor.
 A decisão sobre o caminho
metodológico a seguir envolve uma
reflexão epistemológica, entendida
como a definição do que é
conhecimento, do que é o conhecimento
científico, do que é conhecer (ou a
origem do conhecimento), do como e do
que conhecer.
 A escolha metodológica – e de resto as
outras decisões atinentes ao cotidiano
do trabalho docente – deve ser feita
pelo professor, individual e
coletivamente, de modo consciente e
com autoria.
 Acredita-se que ao discutir a sociedade
atual, a partir da compreensão de sua
espacialidade, o professor de Geografia
não deve colocar o espaço geográfico
apenas como palco dos acontecimentos
políticos, econômicos culturais e históricos;
mas ir além, mostrando como a sociedade
constrói e reconstrói o espaço geográfico
conforme os interesses das classes sociais
em um determinado momento histórico.
 O educando deve perceber que o
espaço geográfico é constituído pela
sociedade, como resultado da
interligação entre sociedade e natureza
nas contradições e desigualdades da
sociedade.
 Mas do que o caráter coletivo da prática
docente na escola, o que quero ressaltar
aqui é seu caráter reflexivo. O espaço da
escola é um espaço de formação não só
dos alunos, mas também dos professores.
Além de ser um espaço formativo para os
professores por veicular conhecimentos e
informações, por orientar comportamentos
das pessoas que ali estão no cotidiano, a
escola é um espaço no qual uma formação
profissional mais sistematizada pode
ocorrer.
 O espaço da escola deve ser uma
conquista para o processo de formação
contínua do professor de geografia.
Contudo, a consciência da necessidade
e o desejo de formação contínua devem
surgir de valores e convicções
construídos no processo de formação
inicial em cursos universitários.
 Trata-se de, no tratamento dos diversos
conteúdos apresentados aos alunos em
formação, contemplar reflexões,
procurar aplicações na prática, buscar
aprofundamento na pesquisa, sobre
questões como: em que contexto a
geografia se constituiu como ciência?
Qual a natureza do conhecimento
geográfico ao longo de sua história? ...
 Considero que a tarefa de acompanhar,
analisar e avaliar as propostas de
formação de professores de geografia,
em andamento nos diferentes cursos de
nível superior, é responsabilidade de
todos os envolvidos no processo, e
dessa tarefa dependem a melhoria das
propostas e o avanço nas reflexões da
didática da geografia.

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Desafios da prática docente em geografia no mundo contemporâneo

  • 1.
  • 2. QUESTIONAMENTOS  Que tarefas são exigidas para a prática docente no mundo contemporâneo? Qual é o papel da geografia escolar neste mundo? Que trabalho docente os professores de geografia têm realizado? Que concepções teórico-práticas têm contribuído para a construção da geografia escolar? Como têm sido formados os professores de geografia.
  • 3.  A compreensão mais ampla e crítica do ensino em geral e dos fundamentos teóricos e metodológicos da geografia escolar, realizada pela teoria didática, é um dos subsídios para a atuação docente consciente e autônoma.
  • 4. A GEOGRAFIA E A LEITURA DA ESPACIALIDADE CONTEMPORÂNEA  Na área da economia, as mudanças nos sistemas econômicos e produtivos estão demandando novas atuações profissionais.  Esse quadro é de uma economia que se estrutura em rede, que fragmenta e flexibiliza sua produção, com interconexão entre as empresas, com uma estrutura empresarial mais horizontal.
  • 5.  Além de aspectos atinentes à economia global atual, características de outras esferas da vida cotidiana também compõem o contexto do mundo contemporâneo, como a urbanização, a informatização e a comunicação, o interculturalismo, o avanço e a crise científicos.
  • 6.  O espaço como objeto da análise geográfica não é aquele da experiência empírica, não é um objeto espacial em si mesmo, mas sim uma abstração, uma construção teórica; o espaço geográfico é concebido e construído intelectualmente como um produto social e histórico que se constitui em ferramenta de análise da realidade em sua dimensão material e em sua representação.
  • 7.  Definir o espaço como categoria numa perspectiva crítica permite analisar a realidade, ainda segundo Ortega Valcárcel (2004), prestando atenção não tanto às coisas, aos objetos, mas aos processos, destacando o valor das mudanças, considerando a realidade mais como um sistema de relações que de coisas.
  • 8.  A geografia busca, com isso, estruturar- se para ter um olhar mais integrador e aberto, ao mesmo tempo, às contribuições de outras áreas da ciência e às diferentes espacialidades em seu interior; um olhar mais compreensivo, mas sensível às explicações do senso comum, ao mesmo, ao sentido dado pelas pessoas para suas práticas espaciais.
  • 9.  Para que os alunos entendam os espaços de sua vida cotidiana, que se tornaram extremamente complexos, é necessário que aprendam a olhar, ao mesmo tempo, para um contexto mais amplo e global, do qual todos fazem parte, e para os elementos que caracterizam e distinguem seu contexto local.
  • 10. O MUNDO ATUAL E OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE EM GEOGRAFIA  A atividade do professor, como agente essencial dessa formação, exige alterações, o que, por sua vez, requer mudanças em seus próprios processos de formação.
  • 11. QUESTIONAMENTOS  Como o professor aprende? Como ele aprende a ensinar? Em que contextos ocorre essa aprendizagem? Como o professor constrói seu conhecimento das diferentes matérias escolares que serão instrumentos básicos do trabalho docente?
  • 12.  Uma das dificuldades na formação inicial é que em geral ela tem sido bastante marcada pela aprendizagem de conteúdos teóricos da geografia acadêmica, e de suas diversas especialidades, sem a reflexão de seus significados mais amplos e de como atuar na prática docente com esse conteúdo.
  • 13.  A geografia é um campo do conhecimento científico que desde sempre se constituiu com base na multidimensionalidade, já que buscou compreender as relações que se estabelecem entre o homem e o mundo natural, e como essas relações que se estabelecem entre o homem e o mundo natural, e como essas relações, ao longo da história, vêm constituindo diferentes espaços.
  • 14. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS RELEVANTES PARA O PENSAMENTO ESPACIAL  Os conteúdos a serem ensinados são aqueles considerados relevantes para compreender a espacialidade atual. Desse modo, o aluno poderá adquirir ferramentas intelectuais que lhe permitam compreender a realidade espacial que o cercam na complexidade, na sua multiescalaridade, nas suas contradições, por meio da análise de sua forma/conteúdo, de sua historicidade.
  • 15.  O ensino é um processo dinâmico que envolve três elementos fundamentais: o aluno, o professor e a matéria. Os três elementos estão interligados, são ativos e participativos, sendo que a ação de um deles influencia a ação dos outros.
  • 16.  Como já foi dito, a geografia escolar lida com conhecimentos sobre o espaço, visando ao raciocínio espacial, necessário ao exercício da cidadania, pois se acredita, como vem sendo defendido neste capítulo, que a espacialidade é uma dimensão importante da realidade.
  • 17.  O encontro conceito/confronto da geografia cotidiana, da dimensão do espaço vivido pelos alunos, com a dimensão da geografia científica, do espaço concebido por essa ciência, possibilita a reelaboração de conhecimento e uma maior compreender da experiência.
  • 18. CONCEITO DE LUGAR  O lugar é, portanto, o habitual da vida cotidiana, mas, por outro lado, também é por onde se concretizam ralações e processos globais. O lugar produz-se na relação do mundial com o local, que é ao mesmo tempo a possibilidade de manifestação do global e de realização de resistência à globalização.
  • 19.  A geografia sempre se caracterizou por estudar as questões por uma perspectiva de análise que pressupõe distintos níveis territoriais; no entanto, hoje estão colocados explicitamente como categorias de análise o cotidiano e o local, acrescido do regional.
  • 20.  O conhecimento de outros lugares e a comparação entre eles e seu próprio lugar, juntamente com a análise da diferenciação de condições do “global” em cada lugar, podem fazer avançar a compreensão dos lugares vividos.
  • 21. CONCEITO DE PAISAGEM  As paisagens são, assim, expressões técnicas, funcionais e estéticas da sociedade. Pode-se dizer, assim, que, pela observação dos objetos da paisagem – observação que é subjetiva e seletiva – percebem-se as ações sociais, as contradições sociais, as testemunhas de ações passadas, de distintos tempos.
  • 22.
  • 23.
  • 24.  No ensino da geografia, é necessário a formação do conceito de paisagem, que pressupõe a concepção de que os espaços têm uma forma (paisagem) que expressa seu conteúdo (o movimento social), de que a paisagem revela as relações de produção da sociedade, seu imaginário social, suas crenças, seus valores, seus sentimentos.
  • 25.  Existe uma distância muito grande entre o conceito científico e o conceito cotidiano de paisagem com a qual o professor deve contar no momento de iniciar o trabalho de construção de conhecimento a ser desenvolvido no ensino.
  • 26. O CONCEITO DE TERRITÓRIO  Esse conceito, portanto, tem a ver com uma problemática relacional de indivíduos e seus lugares de prática, que resulta em formas espaciais, composta de tessituras, nós e redes. Sendo assim, a identidade também é um elemento é um elemento de sua constituição, assim como o conceito de lugar.
  • 27.  O território é considerado como campo de força, de múltiplas escalas, produzido por meio da apropriação e da ocupação de um espaço por um agente, que pode ser o Estado, uma empresa, um grupo social ou um indivíduo.
  • 28.  Além disso, a constituição do território, como relação social projetada no espaço, pode dar-se por longo tempo ou por apenas poucos minutos, tornando- se regular ou periódico, estável ou instável, flexível ou inflexível.
  • 29.  No processo de ensino, é necessário considerar o que pensam os alunos sobre território. Por outro lado, quando pensam em seu espaço cotidiano, eles apontam território como um lugar ocupado, do qual alguém tem a propriedade.
  • 30. O CONCEITO DE CIDADE  A compreensão do tema da cidade pelos alunos exige tratamento interdisciplinar, requer a formação de um sistema amplo de conceitos, a aquisição de muita informação e o desenvolvimento de uma série de capacidades e habilidades.
  • 31.  No entanto, a cidade é um lugar bastante complexo, de produção social, no qual a identidade é vivida em fronteiras difusas, permeáveis, com muitos espaços de contato, de resistências e de exclusão, em que há manifestações de diferentes percepções, usos, culturas e aspirações de distintos grupos, em seus espaços públicos e privados.
  • 32.  Para que o ensino de geografia contribua para a formação, pelo aluno, do conceito de cidade como ferramenta para a análise geográfica do mundo, não se deve estruturar o conteúdo escolar por meio de um conjunto de conceitos com definição pronta, como, por exemplo: o que é cidade, o que é o processo de urbanização, o que é segregação urbana etc.
  • 33.  No intuito, dá prioridade a temas como: a cidade como arranjo espacial – com isso se discute o que caracteriza a cidade (a vivida pelo aluno e outras que podem ser apresentadas pelo professor) do ponto de vista da organização da paisagem; a cidade como modo de produção – com esse tema se trabalha o entendimento de que ela é um arranjo espacial histórico e que corresponde a determinadas formas de organização e da produção social.
  • 34. O TRABALHO DOCENTE VOLTADO PARA A APRENDIZAGEM GEOGRÁFICA  O trabalho do professor consiste, pois, em tornar possível a aprendizagem do aluno. Isso significa que o sujeito central do ensino é o aluno com seu processo de conhecimento pelo aluno, mediado pelo professor.
  • 35.  A decisão sobre o caminho metodológico a seguir envolve uma reflexão epistemológica, entendida como a definição do que é conhecimento, do que é o conhecimento científico, do que é conhecer (ou a origem do conhecimento), do como e do que conhecer.
  • 36.  A escolha metodológica – e de resto as outras decisões atinentes ao cotidiano do trabalho docente – deve ser feita pelo professor, individual e coletivamente, de modo consciente e com autoria.
  • 37.  Acredita-se que ao discutir a sociedade atual, a partir da compreensão de sua espacialidade, o professor de Geografia não deve colocar o espaço geográfico apenas como palco dos acontecimentos políticos, econômicos culturais e históricos; mas ir além, mostrando como a sociedade constrói e reconstrói o espaço geográfico conforme os interesses das classes sociais em um determinado momento histórico.
  • 38.  O educando deve perceber que o espaço geográfico é constituído pela sociedade, como resultado da interligação entre sociedade e natureza nas contradições e desigualdades da sociedade.
  • 39.  Mas do que o caráter coletivo da prática docente na escola, o que quero ressaltar aqui é seu caráter reflexivo. O espaço da escola é um espaço de formação não só dos alunos, mas também dos professores. Além de ser um espaço formativo para os professores por veicular conhecimentos e informações, por orientar comportamentos das pessoas que ali estão no cotidiano, a escola é um espaço no qual uma formação profissional mais sistematizada pode ocorrer.
  • 40.  O espaço da escola deve ser uma conquista para o processo de formação contínua do professor de geografia. Contudo, a consciência da necessidade e o desejo de formação contínua devem surgir de valores e convicções construídos no processo de formação inicial em cursos universitários.
  • 41.  Trata-se de, no tratamento dos diversos conteúdos apresentados aos alunos em formação, contemplar reflexões, procurar aplicações na prática, buscar aprofundamento na pesquisa, sobre questões como: em que contexto a geografia se constituiu como ciência? Qual a natureza do conhecimento geográfico ao longo de sua história? ...
  • 42.  Considero que a tarefa de acompanhar, analisar e avaliar as propostas de formação de professores de geografia, em andamento nos diferentes cursos de nível superior, é responsabilidade de todos os envolvidos no processo, e dessa tarefa dependem a melhoria das propostas e o avanço nas reflexões da didática da geografia.