O poema descreve as terríveis condições a bordo de um navio negreiro, onde escravos africanos são torturados para o divertimento dos traficantes. O narrador presencia a cena e questiona a Deus sobre tamanho sofrimento. Surpreende-se ao ver a bandeira do Brasil no navio, indignado com o país continuar o tráfico de escravos após a independência.
4.
Um pouco do poema
“[...]Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!... [...]”
5.
Navios Negreiros
Autor : Castro Alves
Editora : Comboio de
corda
Edição : Abril de 2009
Edição original : 18 de
abril de 1868
O livro é um poema
que fala sobre tráfico
de escravos.
6. O autor inicia a história exaltando a natureza e o mar ( 84
primeiros versos ) onde existem grandes navios de espanhóis,
italianos , franceses e ingleses cada qual cantando uma musica
alegre. Quando ele está num ponto muito alto no mar, ouve uma
triste música e vê negros dançando sob tortura no porão de um
navio por divertimento dos traficantes. Como uma ave ele entra
no navio e fica transtornado e extremamente confuso com a
situação e então pede uma explicação pra Deus. Ele começa a citar
a vida livre dos negros antes da escravidão e compara essa vida ao
que eles tem agora, em porões fétidos e quentes. Procura saber
então de qual nação é o navio e se surpreende quando vê a
bandeira do Brasil. Indignado, invoca o patriarca da
independência, José Bonifácio e Cristóvão Colombo, o Descobridor
da América, para impedirem o navio de seguir viagem.
Resumo
7.
8.
Castro Alves
Nasceu dia 14 de Março de 1847 na Bahia;
Com 16 anos, foi para Recife, estudar
Direito;
Em 1862 publicou seu primeiro poema,
Destruição de Jerusalém;
Viajou para o Rio de Janeiro e foi recebido
José de Alencar que o recomendou para
Machado de Assis, para quem leu o
poema Gonzaga;
Em 1868, em São Paulo, um tiro acidental
no pé durante uma caçada, obrigou-o a
uma cirurgia que, por fim, amputou seu
membro.
Faleceu em 1871, em sua cidade natal, por
tuberculose pulmonar.
Algumas publicações: Os escravos, Navios
Negreiros, A cachoeira de Paulo Afonso,
Espumas Flutuantes, A canção do Africano e
Gonzaga ou Revolução de Minas.
10.
Os negros no poema são considerados sem valor,
inferiores, sem posicionamento na sociedade ou em
todo um contexto cultural. Só possuem sua própria
cultura e o único momento de demonstrá-la é sobre
chibatadas e tortura. Em determinado ponto, ele vê
os negros como guerreiros, fortes e bravos homens
que saíram da África para sofrerem em navios. Para
Mário de Andrade, o autor não coloca os escravos a
sua altura mas se abaixa até eles como se a África
não fosse uma terra diferente mas uma infelicidade.
Os negros
11.
12.
Ele está fora da história e sente
as emoções de se estar
presenciando cenas de tortura e
escravidão que os traficantes
trazem para dentro do navio.
O narrador
13.
14.
Escravidão
O poema é passado
numa época onde
havia tráfico de
negros da África
para o Brasil. Esse
comércio foi abolido
em 1888 pela
Princesa Isabel.
“[...]Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
[...]”
15.
16.
A história do poema se
passa em geral no mar e
no navio em questão onde
estão os negros escravos.
Lugar
17.
18.
Tráfico de negros
Outros poemas como
o de Heinrich Heine,
Navios Negreiros, e
filmes como A rota do
tráfico, Tráfico Negreiro
e Django Livre
abordam o mesmo
tema do poema de
Castro Alves.
19.
20.
Em 300 anos, O Brasil foi responsável por 43% da
compra de negros em todo o mundo o que equivale a
4 milhões de negros. Os EUA contribuiu coom 5%
apenas desse total.
A mercadoria era trazida em navios com um fundo
falso nos porões para que caso os fiscais
aparecessem, ele funcionasse como um alçapão,
jogando no fundo do mar toda a sua carga, os
negros, que quase sempre morriam afogados ou
devorados por tubarões.
Os negros eram considerados uma mercadoria mais
valiosa que ouro em pó ou marfim.
O tráfico