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análise de dois solos finos
1.
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Solos Finos do Distrito Federal para Utilização em Estruturas de Rodovias Francisco Hélio Caitano Pessoa, doutorando em Geoecnia (UnB) Professor do CEFET/RR, Brasilia, Brasil, caitano@unb.br Edi Mendes Guimarães, Dra. Professor da Universidade de Brasilia, Brasilia, Brasil,rxedi@un.br Isabel Cristina de Oliveira Campos, MsC em Geotecnica Professora da Universidade de Brasília, izabelcampos@unb.br José Camapum de Carvalho, PhD Professor da Universidade de Brasilia, Brasilia, Brasil,rxedi@un.br RESUMO: O solo pode ser considerado como o material de construção civil de maior abundância na crosta terrestre. Tem muitas aplicações em obras civis, em baragens e principalmente na engenharia rodoviária. Neste trabalho os solos analisados são proveniente de uma área de empréstimo próximo a uma via urbana na Região Administrativa de Taguatinga/DF. Realizaram-se nos mesmos as caracterizações física, mineralógica e mecânica. Foram executados ensaios em laboratório: de umidade, de granulometria a laser e peneiramento, limites de Atterberg, massa específica dos sólidos, cisalhamento direto e difratometria de raio X. Concluindo-se que os solos apresentam a mesma composição mineralógica e pertencem as mesmas classificações e também apresentam comportamento mecânico que deve ser visto com restrições ao emprego em obras rodoviárias. PALAVRAS-CHAVE: solos, ensaios, laboratório, difração, raios X. 1 INTRODUÇÃO A necessidade da caracterização de materiais, na maior parte das vezes, advém da necessidade de conhecer suas propriedades físicas (resistências mecânicas à compressão, à flexão, a abrasão), químicas (para verificação da adequação a um determinado processo) mineralógicas e micro-estruturais (compostos presentes, relação entre os grãos, porosidade, permeabilidade) para a sua correta aplicação em diferentes processos industriais(GOULART, 2000). A argila é um material natural, terroso, de granulação fina, que geralmente adquire, quando umedecido com água, certa plasticidade; quimicamente, são as argilas formadas essencialmente por silicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio(SANTOS, 1989). As argilas têm grande importância nas prospecções geológicas, na agricultura, na mecânica dos solos e na indústria(metarlúgica, petróleo, borracha, papel, cerâmica, e outras). As argilas são essencialmente compostas por partículas cristalinas extremamente pequenas de um ou mais membros de um grupo relativamente restrito de minerais. São silicatos de alumínio hidratados, com magnésio ou ferro substituindo total ou parcialmente o alumínio em alguns minerais e que, em alguns casos, incluem elementos alcalinos ou alcalinos terrosos. São colóides eletronegativos, e uma das suas propriedades mais importantes é a da adsorção e troca de cátions. Também são susceptíveis de dispersão e floculação. COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 1
2.
As propriedades físicas
mais importantes são: o forte poder de retenção de água, a acentuada plasticidade e adesividade, a tenacidade no estado seco, a variação de volume com o teor de água e a formação de ligações com substâncias orgânicas. A estrutura da maioria das substâncias sólidas é cristalina. Isto significa que, nas substâncias sólidas, átomos, íons e moléculas estão arranjadas de uma maneira ordenada, de forma repetida nas 3 dimensões. Se a repetição ocorre em uma ou duas direções somente a substância é chamada semi-cristalina. A identificação das argilas pode ser feita por difração de Raios X(XRD), Análise Térmica Diferencial(ATD) e microscopia eletrônica de transmissão(MET). Os raios X são radiações eletromagnéticas da mesma natureza que as radiações que compõem a luz branca, visível ao olho humano. Os comprimentos de onda dos raios X são cerca de 1000 vezes menores que os comprimentos de onda da luz visível e daí resultam grandes diferenças nas propriedades dos dois tipos de radiação; por exemplo, uma folha de alumínio de 1mm de espessura é transparente aos raios X e é opaca à radiação branca. A unidade de medidas das regiões de raios X (comprimento de onda) é o Ângstron (10-8 cm), e os raios X usados em difração possuem comprimento de onda na faixa de 0,5 a 2,5 Ângstrons, enquanto que o comprimento de onda da luz visível é da ordem de 6000 Angstrons(LIMA, 2000). A técnica de difração de raio X (XRD) oferece um modo conveniente para determinar a análise mineralógica dos sólidos cristalinos. Se um mineral cristalino é exposto a raios X de um comprimento de onda específico, as camadas de átomos difratam os raios e produzem um padrão de picos que é característico do mineral. A escala horizontal (ângulo de difração) de um padrão XRD típico fornece o espaçamento do arranjo cristalino, e a escala vertical (altura do pico) fornece a intensidade do raio difratado. Quando a amostra bombardeada com raio X contém mais do que um mineral, a intensidade de picos características dos minerais individuais são proporcionais às suas quantidades.” (MEHTA & MONTEIRO, 1994) A difratometria de raios X corresponde a uma das principais técnicas de caracterização micro-estrutural de materiais cristalinos, encontrando aplicações em diversos campos do conhecimento, mais particularmente na engenharia e ciências de materiais, engenharias metalúrgica, química e de minas, além de geociências, dentre outros. A difração de raios X permite a determinação dos compostos existentes em um material através da interpretação dos diagramas de difração (difratogramas). Um aspecto interessante a ser considerado é a preparação da amostra, dependendo dela o sucesso da análise. O método mais empregado de difração é o método de pós (a amostra é analisada de forma pulverizada). A preparação da amostra consiste em acondicionar a substância a ser analisada em um amostrador. A partir da difração de raios-X é possível identificar, determinar o grau de cristalinidade, quantificar o tamanho do cristal e a substituição isomórfica dos minerais (RESENDE, et al., 2005). A primeira fase de identificação dos cristais é a medida das distâncias interplanares e das intensidades relativas dos picos do difratograma. O uso simultâneo de valores de “d” associados a intensidade representam a maneira usual e mais prática de identificação dos materiais (cristais). As aplicações da difratometria são várias: a) Identificação de fases cristalinas: a principal aplicação da difração de raios X refere-se à identificação de compostos cristalinos, sejam eles inorgânicos ou orgânicos. São características específicas e únicas de cada substância cristalina: os planos de difração e suas respectivas distâncias interplanares, as densidades de átomos. b) Quantificação de fases: a intensidade da difração é dependente da densidade de elétrons em um dado plano cristalino. Os fatores de estrutura, de multiplicidade, e de Lorentz- Polarização devem também ser consideradas; c) Determinação de parâmetros de célula unitária: o padrão do difratograma de um material cristalino é função da sua estrutura cristalina, é possível se determinar os parâmetros do seu retículo (a, b, c e α, β e γ da COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 2
3.
célula unitária) desde
que se disponha de informações referentes aos sistema cristalino, grupo espacial, índices de Miller (hkl) e respectivas distâncias interplanares dos picos difratados. d) Dispositivos com controle de temperatura: inúmeros processos de manufatura empregam temperaturas elevadas, nas quais os constituintes primários da amostra sofrem mudanças de fase em razão do aquecimento. d) Orientação de cristalitos (Textura): a orientação preferencial de cristalitos em materiais sólidos policristalinos é de vital importância para vários materiais industriais. Materiais extrudados e pós-prensados, dentre outros, são materiais que tipicamente apresentam orientação preferencial; alguns materiais cerâmicos e semicondutores tem suas propriedades relacionadas a uma dada direção cristalográfica, sendo de extrema importância o controle da orientação preferencial nos processos de fabricação e controle de qualidade. e) Tamanho de cristalitos: partículas de dimensões inferiores a 1µm podem apresentar intensidades difratadas em valores de 2θ pouco superiores e inferiores ao valor do ângulo de Bragg devido ao efeito de alargamento de picos face ao tamanho de partículas. Tal fato deve-se ao menor número de planos que difratam os raios X, em função das pequenas dimensões dos cristalitos, permitindo a difração para valores de comprimento de onda um pouco superiores e inferiores ao valor de λ. f) Tensão Residual: Tensão em um material pode causar dois efeitos distintos sobre o difratograma. Se a tensãocorresponder a um esforço uniforme, compressivo ou distensivo, também chamado de macrotensão (macrostress), as distâncias da célula unitária dos cristais vão, respectivamente, diminuir ou aumentar, ocasionando um deslocamento na posição dos picos difratados. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Os solos analisados foram coletados nas proximidades de uma via urbana na região administrativa de Taguatinga. O solo denominado de orgânico foi coletado à montante de um córrego e o solo denominado laterítico no aterro na ampliação da via Qnc Foram retirados de dois(2) blocos indeformados, conforme mostra a Figura 1. O solo orgânico na profundidade de 1m, à montante do córrego e o solo laterítico na profundidade de 2m, no aterro da via. As coordenadas de localização são 150 49’13,37’’S e 480 04’ 22,49”O. Figura 1. Localização dos solos analisados. Realizaram-se os seguintes ensaios em laboratório para a determinação de umidade, de granulometria a laser (com e sem ultra-som) e peneiramento com lavagem, limites de Atterberg e massa específica dos sólidos, e cisalhamento direto, todos de acordo com as normas da ABNT. E também, difratometria de raios-x na amostra total e na fração argilosa. A identificação dos minerais das frações areia e silte foram feitas com material não orientado. Inicialmente, as amostras foram trituradas, preferencialmente em gral de ágata. Fez-se então, a montagem em lâminas de alumínio vazada, pela técnica de back loading. Esta consiste no pressionamento do pó para o preenchimento da abertura da lâmina, que deve estar apoiada sobre superfície lisa e firme (geralmente vidro). A separação da fração argila foi realizada por dispersão em água numa porção de cerca de 15g. A seguir realizada a centrifugação com rotação de 750rpm, durante 7min. A fração silte precipita, enquanto a fração argila permanece em suspensão. A fração argila decantada por centrifugação a 1500 rpm, é utilizada como uma pasta na preparação de lâminas com amostras COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 3
4.
orientadas. A técnica
utilizada foi a do “esfregaço” - consiste no espalhamento da pasta sobre a lâmina de vidro, utilizando-se uma espátula, com movimentos repetidos na mesma direção. Então, a seguir a amostra orientada sobre a lâmina é deixada ao ar para secagem, sendo denominadas “normais”. Posteriomente foi realizada a glicolagem das amostra que consiste em deixar a lâmina com a amostra orientada em uma atmosfera de etileno-glicol por cerca de 12 horas, favorecendo a entrada do composto nos espaços intercamada dos minerais expansivos. A lâmina é analisada em seguida, permitindo a verificação do possível aumento das distâncias interplanares. E por fim, o aquecimento, na qual a lâmina foi submetida à temperatura de 490o C, em mufla por 3:30 horas. Após este tempo foi procedida à análise da amostra, podendo-se verificar as mudanças da posição dos picos, pela perda do material do sítio intercamada, ou o colapso da estrutura de alguns minerais. A análise das amostras foram realizadas no equipamento RIGAKU D/MAX – 2/C operando com tubo de cobre, sob voltagem de 35kv e 15mA, velocidade de varredura de 2o /minuto, no intervalo de 2° a 70° - 2θ teta (para as amostras total e fração argila) e de 2° a 40° - 2θ teta (glicolada e aquecida). A identificação e interpretação dos difratogramas foi feita com auxílio do software JADE 3.0, com banco de dados ICCD 1996. 3 DISCUSSÕES E RESULTADOS 3.1 Caracterização física Umidade é a massa de água contida em uma determinada porção de solo, expressa como uma porcentagem da massa das partículas sólidas (solo seco) existente nessa porção. A determinação do teor de umidade dos solos é necessária para a análise de situações como: (a) estudo da umidade em áreas de empréstimo, barragens, aterros, aeroportos, fundações; (b) estudo de parâmetros geotécnicos de solos obtidos em ensaios de compactação, caracterização, resistência e outros; (c) estudo da variação sazonal e em profundidade da umidade em corpos de aterro, em pavimentos; (d) controle do teor de umidade em áreas de empréstimo, execução de aterro. Para as amostras estudadas as umidades naturais encontradas foram 66,4% e 28,9%, respectivamente para os solos orgânico e laterítico. A análise granulométrica visa determinar a relação entre as dimensões das partículas e os seus percentuais bem como, a graduação destas no solo. Nos ensaios convencionais ela consiste, em geral de duas fases: peneiramento (partículas com dimensões maiores que 0,074mm segundo a NBR 7181) e sedimentação (partículas com dimensões menores que 2 mm segundo a mesma norma). Nesta pesquisa a granulometria foi determinada utilizando-se o granulômetro a laser da fração fina e peneiramento após lavagem da fração mais grosseira. O material fino foi analisado no granulômetro com e sem o uso de ultra-som. O granulômetro a laser existente no laborabtório de Geotecnia da Universidade de Brasília é o modelo MASTERSIZER Standard BENCH produzido pela Malvern Instruments Ltda da Inglaterra. Este equipamento é constituído de três peças: a unidade óptica, a unidade de preparação da amostra e o computador. A Figura 2 mostra o granulômetre e seus acessórios. Figura 2. Granulômetro a laser e seus acessórios. Observado as curvas granulométricas (Figuras 3 e 4) percebe-se que os solos são COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 4
5.
finos e que
o procedimento utilizando ultrasom desagregou os torrões de argila ou areia, aumentando a proporção de material mais fino. Figura 3. Curva Granulométrica do Solo Laterítico. Figura 4. Curva Granulométrica do Solo Orgânico. A consistência do solo está relacionada à manifestação das forças físicas de coesão e adesão que nele atuam para vários teores em água. Num solo úmido a muito úmido podem surgir em grau variável duas formas de consistência: a adesividade (maior ou menor facilidade de aderência a outros objetos) e a plasticidade (mudança reversível na forma sob ação de pressão). A maior ou menor intensidade da manifestação das diversas formas de consistência depende essencialmente da textura do solo, da natureza dos colóides minerais, do teor de matéria orgânica e do estado disperso ou floculado dos colóides, e está intimamente relacionada com a estrutura do solo (Costa, 1973). Nesta pesquisa os limites de liquidez e plasticidade foram determinados, respectivamente, de acordo com as normas NBR 6459/84 NBR 718/84. No entanto, foram realizados natural, com secagem ao ar e em estufa. A Tabela 1 apresenta os resultados dos limites de Atterberg para as amostras realizadas. Correlacionando-se os dados da Tabela 1 com a Figura 5 resulta a classificação dos solos estudados que está apresentada na Tabela 2. Os limites de Atterberg fornecem indicativos dos solos quanto as suas características de plasticidade, permeabilidade e resistência. A Figura 5 mostra a Carta de Plasticidade de Casagrande, observando-a percebe-se que os solos analisados, quanto aos limites de Atterbergg, classificam-se como MH ou OH. Figura 5. Carta de Plasticidade de Casagrande dos solos analisados. Tabela 1. Resultados dos limites de Atterberg. Solo Laterítico Solo Orgânico com secagem Limites de Atterberg sem secagem natural estufa WL 52 56 51 49 WP 46 51 46 46 IP 6 1 5 3 Os limites de Atterberg refletem a influência dos argilominerais nas propriedades do solo sem levar em conta distintamente e influência do tipo e da quantidade dos argilominerais presentes. A massa específica dos sólidos, de um solo, é função dos minerais constituintes e da percentagem de ocorrência de cada um deles nesse solo. Ela representa a média da massa específica dos constituintes que compõem a fase sólida do solo, incluindo minerais, compostos orgânicos, sais precipitados e materiais não cristalinos. Na Tabela 2 constam os valores de massa específica dos sólidos dos minerais mais comuns nos solos. É necessário o conhecimento Solo Laterítico 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 DiâmetrodasPartículas(mm) solo laterítico sem ultra-som solo laterítico com ultra-som Solo Orgânico 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 Diâmetrodas Partículas (mm) solo orgânico sem ultra-som solo orgânico com ultra-som COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 5
6.
da massa específica
dos sólidos do solo para caracterizá-lo quanto aos valores de seus índices físicos em um dado instante. O seu valor quase não se altera com o tempo, pois é dependente dos minerais. Neste trabalho a massa específica dos sólidos (γs) foi obtida experimentalmente de acordo com a norma NBR 6508/84. Tabela 2. Massas Específica dos sólidos de diferente minerais (modificado - Nogueira, 2001). Para as amostras estudadas os valores foram 2580(kg/m3 ) e 2630(kg/m3 ) respectivamente, para os solos orgânico e laterítico. Tabela 3. Resultado das propriedades dos solos. Grupo MH OH Compactação regular a ruim regular a ruim Compressibilidade e expansão alta alta Drenagem e permeabilidade drenagem ruim e impermeável sem drenagem e impermeável Qualidade como aterro estabilidade regular a ruim não deve ser usado Qualidade como subleito ruim muito ruim Qualidade como base não adequada não adequada Grupo Comparáveis A - 5 A -7 ou A - 8 Analisando-se a Tabela 3 percebe-se que os solos apresentam propriedades de comportamento ruim para aplicação em estruturas de pavimento rodoviário. Porque são solos muito compressíveis e expansíveis e possuem baixa permeabilidade e pouca drenagem. 3.2 Caracterização mecânica A Tabela 4 apresenta alguns parâmetros determinados em laboratório e na condição inundada para as amostras dos solos estudados. Analisando-a percebe-se que os solos quando inundados (pior condição) apresentam coesão muito baixa, não suportando as possíveis cargas de projeto. Quanto ao índice de vazios, os valores são muito altos, caracterizando-se solos altamente permeáveis. Já o valor do ângulo de atrito é baixo, indicando solos com pouca resistência ao cisalhamento. Tabela 4. Resultados de parâmetros de resistência dos solos. Solos Parâmetros Laterítico Orgânico Indice de vazios (e) 1,18 1,71 Ângulo de atrito(φ, 0 ) 16 12 Coesão(c, kPa) 0 3 Umidade higroscópica (w,%) 1,52 1,70 3.2 Caracterização mineralógica Skempton (1953), citado por Vermatti (1995) comenta que as propriedades de uma argila são determinadas fundamentalmente pelas características físico-químicas dos vários minerais constituintes e pela proporção relativa que esses minerais se apresentam no solo. A matéria mineral sólida do solo é constituída por minerais primários e por minerais secundários. Os minerais primários encontrados no solo provêm da rocha a partir da qual o solo se originou (herdados da rocha- mãe), persistindo mais ou menos inalterados na sua composição. Os minerais secundários, por sua vez, podem ocorrer no solo principalmente por três processos: - por síntese in situ de produtos resultantes da meteorização dos minerais primários menos resistentes; MINERAL MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS(kg/m3 ) Feldspato 2590 - 2900 Quartzo 2650 Montmorilonita 2500 - 2800 Caulinita 2600 - 2650 Mica 2700 - 3200 Goetita 4400 Ilmenita 4500 - 5000 Magnetita 5200 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 6
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- por simples
alteração da estrutura de determinados minerais primários verificada in situ; - herdados diretamente da rocha-mãe. Costa (1973) relaciona os principais minerais primários que podem ocorrer nos solos: quartzo, feldspato, feldspatóides, micas, piroxenas, anfibolios, olivinas, apatite, magnetite, turmalina, rutílio, ilmenita, zircão, calcita, granadas, etc. Os mais freqüentes são o quartzo e os feldspatos. O conhecimento qualitativo e quantitativo dos minerais primários fornece a indicação do grau de evolução do solo e da reserva de mineral. Os minerais secundários de ocorrência mais freqüentes são os minerais de argilas (silicatos de alumínio no estado cristalino), silicatos não cristalinos, óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio e carbonatos de cálcio e de magnésio. Cavalieri (1988) argumenta que a composição mineralógica da fração argilosa avalia quais as estruturas argilosas predominantes e a possibilidade de uso da cal como agente estabilizante do solo Lima (2003) reforça que o conhecimento da composição mineralógica dos solos é fundamental para a compreensão de suas características físicas. Existem vários métodos para identificação dos minerais dos solos, os mais empregados são: a análise química, a difratometria por raios-X(DRX), a análise termo-diferencial (ATD), a análise termo- gravimétrica, as microscopias óptica, eletrônica e de transmissão. As Figuras 5 e 6 apresentam os difratogramas das amostras estudadas e a Tabela 5 mostra os tipos de minerais e a abundância relativa em cada amostra. O quartzo está presente na fração grosseira de todos os solos e predomina na fração areia. O pico do quartzo serve de referência qualitativa do tamanho de partículas ou cristalinidade e para a correção dos picos dos demais minerais. A diferença entre a largura do pico à meia altura do mineral, menos a referente a do quartzo, dá idéia relativa de tamanho. Quanto maior for a diferença, menor é o tamanho das partículas do mineral analisado(REZENDE, et al., 2005). A caulinita é o argilomineral de mais ampla ocorrência em solos, sobretudo nos de domínio tropical. A sua formação é a partir de uma grande variedade de materiais de origem. É produto do intemperismo ácido devido a retirada de sílica e das bases. A estrutura básica é composta pelo arranjamento de lâminas contendo silício e um octaedro de alumínio, portanto, com estrutura 1:1(REZENDE, et al., 2005). Observando os picos da caulinita em ambos os difratogramas (Figuras 6 e 7) percebe-se que elas não desapareceram quando aquecida, concluindo-se que não houve colapso da sua estrutura. Figura 6. Difratograma do Solo Laterítico. Figura 7. Difratograma do Solo Orgânico. A goethita é um dos principais óxidos de ferro encontrado nos solos e responsável pela coloração amarelada, no entanto, essa coloração pode ser diferente conforme o tamanho e substituição isomórfica, do alumínio(Al) no lugar do ferro(Fe)[REZENDE, et al., 2005]. A gibbsita foi mais marcante no solo orgânico(de coloração marrom) e quando a mostra foi aquecida ela desapareceu, ocorreu a desestruturação dela. COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 7
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Solos de alta
capacidade de troca catiônica(CTC), geralmente são argilosos e contém praticamente todos os tipos de minerais que se encontravam na rocha de origem. Na fração argila pode ocorrer caulinita, gibbsita, goethita e hematita. A Tabela 5 apresenta os tipos de minerais e a abundância relativa nos solos estudados. Os minerais antásio e rutilo, ambos têm a mesma composição química e estão presentes nos solos analisados. No entanto, originam-se de rochas diferentes. O anatásio tem origem sedimentar e o rutilo, metamórfica. Tabela 5. Minerais presentes nas amostras analisadas. Abundância relativa Amostra totalMinerais Composição Química Orgânico Laterítico Quartzo SiO2 maior maior Caulinita Al2Si2O5(OH)4 maior menor Goethitha FeO(OH) maior maior Gibsita Al(OH)3 maior menor Rutilo TiO2 - maior Anatásio TiO2 maior - 4 CONCLUSÕES De acordo com os resultados dos limites de Atterberg e da granulometria os solos podem ser classificados com orgânico e/ou siltosos. Pelas propriedades geotécnicas que estes solos apresentam eles são de comportamento ruim. Os solos analisados quanto à mineralogia, apresentam basicamente os mesmo minerais. Induzindo-se que são de mesma origem geológica e que os fatores intempéricos atuaram com intensidade similar. O comportamento mecânico quanto à utilização na estrutura de rodovias deve ser visto com restrições. No entanto, um procedimento executivo utilizando boas técnicas e controles e /ou o uso de algum processo de estabilização para melhorar as propriedades físicas e comportamentais, estes solos poderão ser empregados em obras rodoviárias. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem muitíssimo aos técnicos do Laboratório de Geotecnia da UnB e ao mestrando em Geologia Wagner do Laboratório de Geociências. REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma Brasileira 6459 (1984). Solo – Determinação do Limite de Liquidez, Rio de Janeiro, RJ, 6 p. _____________________________________________ NBR 6508 (1984). Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica, Rio de Janeiro, RJ, 8 p. _____________________________________________ NBR 7180 (1984). Solo – Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de Janeiro, RJ, 3 p. ______________________________________________ NBR 7181 (1984). Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro, RJ, 13 p. ______________________________________________ COSTA, J.B. (1997). Caracterização e Constituição do Solo, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, 527 p. CAVALIERI, L.V.P. (1988). Estabilização de Minerais Argilosos com Cal, Petrobrás: Petróleo Brasileiro S. A., Rio de Janeiro, RJ, 100 p. GOULART, E.P.(2000). A Capacitação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo para a Caracterização de Materiais de Interesse Cultural, 2000 Disponível em http:// www.itaucultural.org.br/ conservar_nao_restaurar/papers/PAPER_EVARISTO.rtf, acessado em 0/10/2008. KALN, H.Difração de Raios X. 2000 (apontamentos de aula). LIMA, M. G.(2001). Materiais e Processos Construtivos, Disponível em: http//: www.angelfire.com/ crazy3/qfl2308/1_multipart_xF8FF_4_MEV_PMI- 2201.pdf, acessado em 15/10/2008 LIMA, M.C. (2003). Degradação Físico-Química e Mineralógica de Maciços junto às Boçorocas, Tese de Doutorado em Geotecnia, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, FT, UnB, Brasília, DF,346 p. MEHTA, P.K., MONTEIRO, P.J.M.(1994). Concreto – Estrutura, Propriedades e Materiais. Editora PINI, São Paulo, SP, Brasil, 573p. NOGUEIRA, J.B.(2000). Ensaios de Laboratório,EESC- USP, São Carlos, SP, Brasil, 248 p. COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 8
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dos Solos de Urucu para Fins de Uso Rodoviário, Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 151p. REZENDE, M. et al. (2005). Mineralogia dos Solos Brasileiros – Interpretação e Aplicações, ed. UFLA, Lavras, MG, Brasil, 192p. SANTO, P.S.(1989). Ciência e Tecnologia das Argilas, 2ªed, ed. Edgard Blucher ltda, São Paulo, SP, Brasil, vol. 1, 409 p. VERTAMATTI, E., SOUSA, E.B.& REZENDE, A.A.(1995). Um estudo da determinação da umidade de solos arenosos em laboratório, 29ª Reunião Anual de Pavimentação, Cuiabá, MT, Brasil, pp. 381-397. COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 9
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