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INSTITUTO CONSCIÊNCIA

                       Especialização latu sensu:
        SAÚDE PÚBLICA E ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM
              ÊNFASE EM GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Disciplina: A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA




                A família brasileira

                                       Profª Ms. Pollyanna de Siqueira Queirós
                                              Mestrado em Enfermagem.
                                           Especialista em Gestão em Saúde
                                        Enfermeira (Bacharelado e Licenciatura)



                                                               Goiânia, 06/09/2012
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Entender    os aspectos históricos e culturais que têm marcado a sua formação
social;

Aspecto mais importante      formação multiétnica e pluricultural;

A imensa extensão territorial brasileira colonizada por povos de diferentes
etnias, determinou  o aparecimento de uma grande diversidade de culturas, e
conseqüentemente de famílias, em nosso território;

A cada período da história    ocorre um modelo hegemônico de família sobre as
                                      outras.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Nos primeiros séculos de colonização             modelo dominante de organização a
família tradicional, patriarcal, extensa, rural.



Este estilo de família impôs seu domínio na Colônia, subjugando os indígenas e,
mais tarde, com a importação dos escravos negros, os portugueses foram
destruindo formas familiares próprias desses grupos que aqui chegavam.
(BRUSCHINI, 2000).
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Significativas mudanças ocorreram na sociedade brasileira. Sua transformação de
sociedade rural, na qual predominava a família patriarcal e fechada em si mesma,
para uma sociedade de bases industriais com as suas implicações de mobilidade
social, geográfica e cultural acarretou transformações igualmente marcantes na
estrutura do modelo tradicional de família.

O século XX foi cenário de grandes transformações na estrutura da família. Ainda
hoje, porém, observamos algumas marcas deixadas pela suas origens.

Da família romana, por exemplo, temos a autoridade do chefe da família, onde a
submissão da esposa e dos filhos ao pai confere ao homem o papel de chefe.

Da família medieval perpetua-se o caráter sacramental do casamento originado no
século XVI.

Da cultura portuguesa, temos a solidariedade, o sentimento de sensível ligação
afetiva, abnegação e desprendimento.

                                                                   (RIGONATTI, 2003)
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
O chefe da família, “pater famílias”, concentrava as funções militantes,
empresariais e afetivas.

Com uma distribuição extremamente rígida e hierárquica de papéis
a família patriarcal      caracteriza-se também pelo controle da sexualidade
feminina e regulamentação da procriação, para fins de herança e sucessão.

Os casamentos eram realizados por conveniência, entre parentes ou entre
membros de grupos econômicos que desejavam estabelecer alianças.

 A sexualidade masculina se exercia, no entanto, livremente       considerava-se
legítimo que os homens buscassem satisfação sexual e emocional fora da órbita
legal do matrimônio, mantendo concubinas, com as quais tinham filhos ilegítimos.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Família patriarcal       era um extenso grupo composto pelo núcleo conjugal e
sua prole legítima, ao qual se incorporavam parentes, afilhados, agregados,
escravos e até mesmo concubinas e bastardos, todos abrigados sob o mesmo
teto, na casa grande ou na senzala.



Essa característica senhorial foi observada também pelas famílias não
proprietárias, das camadas intermediárias – comerciantes, funcionários públicos,
militares e profissionais liberais (IBIDEM, 2000).

A família patriarcal era uma forma dominante de constituição social e política e
tinha no seu poder, o controle dos recursos da sociedade.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Segunda metade do século XIX  com o início do processo de industrialização
uma mudança na família e o modelo patriarcal, vigente até então, passa a ser
questionado.



Começa a se desenvolver a família conjugal moderna, na qual o casamento
se dá por escolha dos parceiros, com base no amor romântico, tendo com
perspectiva a superação da dicotomia entre amor e sexo e novas atribuições para
os papéis do homem e da mulher no casamento.

Modernizaram-se as concepções sobre o lugar da mulher nos alicerces da moral
familiar e social.

A nova mulher, “moderna”, deveria ser educada para desempenhar o papel de
mãe, educadora – dos filhos, e de suporte do homem para que este pudesse
enfrentar a labuta do trabalho fora de casa.

A “boa esposa” e “boa mãe” deveria ser “prendada” e deveria ir à escola, aprender
a ler e escrever para desempenhar a sua missão como educadora.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Família conjugal moderna              apresentava-se como uma família nuclear,
reduzida ao pai, mãe e filhos, organizada hierarquicamente em torno de uma rígida
divisão sexual de papéis, onde o homem era responsável pelo sustento da família
e a esposa pela educação dos filhos e cuidados do lar.

Esse novo modelo de família institui novos padrões de educação dos filhos, e
atribui alto valor à privacidade e intimidade nas relações entre pais e filhos.

O amor romântico e o amor materno e a domesticidade, o tornaram-se suas
pedras angulares.

Existência de traços da família patriarcal na família conjugal moderna persistem
até o século XX, fundamentada inclusive na legislação, pois, no Brasil, somente na
Constituição de 1988 a mulher e o homem são assumidos com igualdade no que
diz respeito aos direitos e deveres na sociedade conjugal.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Esse processo de modernização se realiza de forma não-linear, não existindo
propriamente a superação de um “modelo” pelo outro.

Alguns pesquisadores do campo da família, entre eles podem ser citados Sarti
(2003) e Mioto (1997), entendem que os “modelos” patriarcal e conjugal
permanecem existindo como tais até os dias atuais, havendo a predominância de
um ou de outro, dependendo da camada social a que pertence a família.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Na contemporaneidade, as mudanças ocorridas na família relacionam-se com a
perda do sentido da tradição.



Assim, o amor, o casamento, a família, a sexualidade e o trabalho, antes vividos a
partir de papéis preestabelecidos, passam, a ser concebidos como parte de um
projeto em que a individualidade conta decisivamente e adquire cada vez mais
importância social.



 É a partir dos anos 90 que a família brasileira apresenta mudanças significativas
                     em todos os seguimentos da população.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Multiplicidade de aspectos:

Sarti (2007), referencia a pílula anticoncepcional, que foi difundida a partir da
década de 1960, como aquela que separou a sexualidade da reprodução e
interferiu decisivamente na sexualidade feminina.

Esse fato criou condições para que a mulher deixasse de ter sua vida e sua
sexualidade atadas à maternidade como um “destino” e com isso, recriou o mundo
subjetivo feminino e, aliado a essa expansão, ampliou as possibilidades de
atuação da mulher no mundo social.

Mais tarde, a partir dos anos 80, as novas tecnologias reprodutivas – seja
inseminações artificiais, seja fertilizações in vitro – dissociaram a gravidez da
relação sexual entre homem e mulher.

 A saída da mulher do mundo privado para o público através do trabalho
remunerado, também abalou os alicerces familiares, pois até pouco tempo atrás o
homem era o provedor e à mulher cabia quase que exclusivamente o cuidado dos
filhos e da casa.
                                                       (STRATHERN, 1955 APUD SARTI, 2007)
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Outro fator importante foi   modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo
Estado brasileiro,



Conseqüência     o empobrecimento acelerado das famílias na década de 80, a
migração agravada do campo para a cidade e a entrada de um contingente muito
grande de mulheres e crianças no mercado de trabalho.



Essas mudanças, ocorridas com a família na contemporaneidade tiveram
profundas implicações na configuração familiar originando vários modelos de
família.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Em todo o mundo, o conceito de família nuclear e a instituição casamento
intimamente ligada à família, passaram por transformações.

A expressão mais marcante dessas transformações ocorreu no final da década de
60:


   aumento no número de separações e divórcios, a religião foi perdendo sua
força, não mais conseguindo segurar casamentos com relações insatisfatórias. A
igualdade passou a ser um pressuposto em muitas relações matrimoniais.


A partir daí, surgem inúmeras organizações familiares alternativas:

    casamentos sucessivos com parceiros distintos e filhos de diferentes uniões;
casais homossexuais adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros
isolados ou mesmo cada um vivendo com uma das famílias de origem; as
chamadas “produções independentes” tornam-se mais freqüentes; e mais
ultimamente, duplas de mães solteiras ou já separadas compartilham a criação de
seus filhos.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Mudanças, ocorridas com a família na contemporaneidade tiveram profundas
implicações na configuração familiar originando vários modelos de família.

       Tipos de composição familiar que podem ser consideradas “família”:

1) família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos;
2) famílias extensas, incluindo três ou quadro gerações;
3) famílias adotivas temporárias;
4) famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multiculturais;
5) casais;
6) famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe;
7) casais homossexuais com ou sem crianças;
8) famílias reconstituídas depois do divórcio;
9) várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso
 mútuo.


                                                         (KASLOW, 2001, SZYMANSKI, 2002)
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Portanto, como se pode observar, não existe historicamente e culturalmente, um
modelo padrão de organização familiar e por isso, não existe a família regular.

Precisamos pensar as famílias hoje de forma plural, nos seus vários arranjos
familiares.

A vida familiar faz parte do mundo real ou simbólico de todas as pessoas e esta é
marcada fortemente por valores morais, religiosos e ideológicos.


Chegamos ao século XXI com a família pós-moderna ou pluralista, como
tem sido chamada, pelos tipos alternativos de convivência que apresenta.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Por esta razão é que se faz necessário entender a família através do seu conceito,
função e estrutura para que a nossa intervenção com a família não seja analisada
a partir do nosso conceito próprio de família e de enfatizar as relações parentais a
partir da consangüinidade.

Como vimos, na breve contextualização histórica e cultural da família brasileira,
torna-se impossível formular uma conceituação única sobre família por ser esta
uma instituição cultural e historicamente condicionada.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”.

Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo organismo social que
surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também
escravidão legalizada.

Esse novo organismo caracterizava-se pela presença de um chefe que mantinha
sob seu poder a mulher, os filhos e um certo número de escravos, com poder de
vida e morte sobre todos eles.

Desde então, o termo família tem designado instituições e agrupamentos sociais
bastantes diferentes, entre si, do ponto de vista de suas funções e estrutura.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
No direito romano clássico a “família natural” é baseada no casamento e no
vínculo de sangue e o seu agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de
seus filhos.

Essa família tem como base o casamento e as relações jurídicas dele resultantes,
entre os cônjuges, e pais e filhos.



Esse conceito teve bastante influência da Igreja Católica através do direito
canônico, no direito brasileiro, até bem pouco tempo.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Para a sociologia, a família é um grupo aparentado, responsável, principalmente,
pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas.



Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue,
casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas, em geral, em uma mesma casa por
um período de tempo indefinido.

É considerada uma unidade social básica e universal por ser encontrada e todas
as sociedades humanas, de uma forma ou de outra




                                                                    (BRUSCHINI, 2000)
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
O interesse pela família pelas correntes marxistas, surgiu na segunda metade da
década de 70      quando começaram a se preocupar com a inexistência de uma
teoria da população.

Esses estudos surgem com base nas estratégias de sobrevivência das camadas
populares e na reprodução do trabalhador.

A família passa a ser definida como a unidade social na qual se realiza a
reprodução do trabalhador.

As tensões e os conflitos são enormes dentro do grupo, mesmo porque as
necessidades e aspirações devem ser consideradas com rendimentos precários.

Mas a família é também o núcleo dentro do qual as pessoas obtêm seu prazer, via
alimentação, sexualidade e lazer.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
No período pré-industrial, homens, mulheres e crianças trabalhavam juntos
tanto na casa quanto no campo e a unidade familiar era antes de tudo uma
unidade com uma função econômica que consistia na produção de bens e serviços
necessários para o seu sustento.

Os membros das famílias tinham deveres claramente definidos, determinados em
função de sua idade e posição no grupo familiar e de seu sexo.

É necessário um grande número de filhos e outros parentes disponíveis para
trabalhar na produção de bens e consumos. Esses parentes habitam o mesmo teto
ou ficam bastante próximos uns dos outros de um modo geral, os avós, os filhos,
as mulheres, os netos etc.

Uma das funções importantes dessa família extensa é o auxílio aos seus membros
para a solução de seus problemas, quer sejam financeiro, de saúde ou de amparo
psicológico. Nas sociedades urbanas, essa função, exercida pelos grupos de
parentes, foi substituída pelas organizações formais que realizam empréstimos,
atendem os doentes e fornecem todo tipo de assistência.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Revolução industrial do século XIX e a industrialização, ocorre uma
mudança na função econômica da família que provocou o surgimento de duas
esferas distintas: de um lado a unidade doméstica, de outro a unidade de
produção.

À mulher coube a reprodução da força de trabalho na esfera privada do lar e sem
remuneração, enquanto ao homem coube o trabalho produtivo extralar, pelo qual
passou a receber uma remuneração.

Segundo Bruschini (2000)      capitalismo   reduz a função econômica da família
à produção de valores de uso ou prestação de serviços domésticos, através do
trabalho doméstico, já que a produção de bens propriamente dita passa a ser feita
no mercado, nas fábricas, nas empresas.

Urbanização     alguns membros da família, não podem permanecer durante toda
a vida morando próximo a seus parentes, sua localização dependerá em grande
medida de onde estudará e onde trabalhará.

Nesses locais, estabelecem novos laços sociais e constituem uma nova família
que terá menos influência do grupo consangüíneo.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
A função da família hoje, na sociedade capitalista, é de uma unidade de renda e
de consumo.

Não produz mais o que o grupo precisa para sobreviver, mas compra no mercado
o necessário para cada um dos seus membros.

A família passa então a ser um grupo que compartilha um orçamento, com
entradas em dinheiro e saídas em gastos. Nesse sentido, a família é também uma
soma de rendimentos.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
     Valores estruturantes da família são:

1.   Presença de afetividade;

2.   A força das representações associadas aos papéis de pai e mãe;

3.   O sentimento de solidariedade e de união;

4.   O forte senso de ajuda mútua; a crença na possibilidade de uma ação
     conjunta;

5.   O valor do trabalho como fonte de superioridade moral – a ética de provedor;

6.   A prevalência de valores mais coletivos do que individuais;

7.   Valores altruístas (expressos pelos jovens), conformistas, a fé religiosa, a
     esperança de ganhar na loto e no jogo do bicho.
                                                                            (KALLAS, 1997)
Funções e transformações da família ao longo da história

 Profissionais das mais diversas áreas têm focalizado a família como objeto de
 estudo a partir da constatação de que ela desempenha papel fundamental no
 desenvolvimento e manutenção da saúde e no equilíbrio emocional de seus
 membros.

 Que a complexidade dos fatores que interferem na sua manutenção e
 perpetuação, requerem que todos aqueles que procuram focalizá-la em seus
 estudos ou trabalhos, tenham em mente que ela deve ser compreendida
 historicamente, e de acordo com as suas especificidades.

 O primeiro passo a ser dado, para que o profissional conheça a realidade e as
 necessidades da família e possa realizar um trabalho mais coerente, é a reflexão
 acerca de conceitos e concepções.
Funções e transformações da família ao longo da história
 O conceito de família pode ser considerado até certo ponto subjetivo, pois
 depende de quem a define, do contexto social, político e familial em que está
 inserido.

 A diversidade de arranjos familiares existentes hoje na sociedade brasileira nos
 leva a definir ...

 A Constituição Federal de 1988 representou um marco na evolução do conceito de
 família, ao corporificar o conceito de Lévy-Brul, de que o traço dominante da
 evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez menos
 organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua
 (GENOFRE, 1997).



 A família é um sistema no qual se conjugam valores, crenças, conhecimentos e
 práticas, formando um modelo explicativo de saúde-doença, através do qual a
 família desenvolve sua dinâmica de funcionamento, promovendo a saúde,
 prevenindo e tratando a doença de seus membros (ELSEN, 2002).
Funções e transformações da família ao longo da história
 Conceitos...



 A família     como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar,
 durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou
 não) por laços consangüíneos. Ela tem como tarefa primordial o cuidado e a
 proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulada com a
 estrutura social na qual está inserida (MIOTO, 1997).



  A família   é uma instituição social que, independente das variantes de
 desenhos e formatações da atualidade, se constitui num canal de iniciação e
 aprendizado dos fatos e das relações sociais, bem como em uma unidade de
 renda e consumo. (DRAIBE 2005 apud CARVALHO, 2005).
Funções e transformações da família ao longo da história
 As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou
 renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta
 às necessidades da sociedade pertencente.

 Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de
 nível interno, como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível
 externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão.

 Segundo Ariès (1981), na aristocracia dos séculos XVI e XVII     A família não
 tinha a função afetiva e socializadora, mas era constituída visando apenas à
 transmissão da vida, à conservação dos bens, a prática de um ofício, a ajuda
 mútua e a proteção da honra e da vida em caso de crise.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Família também pode ser conceituada como uma unidade de pessoas em
 interação, um sistema semi-aberto, com uma história natural composta por vários
 estágios, sendo que a cada um deles correspondem tarefas específicas por parte
 da família (BURGENS; ROGERS apud ELSEN, 2002).



    Família como um sistema inserido numa diversidade de contextos e constituído
 por pessoas que compartilham sentimentos e valores formando laços de interesse,
 solidariedade e reciprocidade, com especificidade e funcionamento próprios.



 Os conceitos podem ser diversos, mas um ponto comum é que a união dos
 membros de uma família, com ou sem laços consangüíneos, se dá a partir da
 intimidade, do respeito mútuo, da amizade, da troca e do enriquecimento conjunto.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Atualmente as famílias se distinguem pela ênfase que dão ao processo de
 individualização. O elemento central não é mais o grupo reunido, mas os membros
 que a compõem.

 A família se transforma em um espaço privado a serviço dos indivíduos. Razão
 porque a família é designada como “relacional e individualista”.

 Prado (1996) afirma que vivemos uma era que predomina a individualidade
 pode se tornar uma maneira de auto satisfação, um meio para se ter vantagens
 próprias apenas.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Cultura familiar...



  Através dessa relação é que se desenvolve a cultura familiar, definida por Elsen
 (2002) como um conjunto próprio de símbolos, significados, saberes e práticas que
 se define a partir das relações internas e externas à família, e que determina seu
 modo de funcionamento interno e a maneira como a família desenvolve suas
 experiências e interações com o mundo externo.



 Essas experiências caracterizam-se pelas ações e interações presentes no núcleo
 familiar e direcionado a cada um de seus membros com o intuito de alimentar e
 fortalecer seu crescimento, desenvolvimento, saúde e bem-estar.
Funções e transformações da família ao longo da história

 No contexto dinâmico, complexo e singular que é o da família, o diálogo é
 destacado por Andrade (2001) como essencial no compartilhar de experiências,
 conhecimentos, sentimentos e necessidades, tanto da família em seu conjunto e
 de seus membros em particular, quanto da relação destes com aquele que se
 dedica a estudar a família mais de perto.

 Althoff (2002) salienta que as conversas familiares representam a oportunidade
 que as pessoas têm de expressar sua individualidade, trocar experiências e fixar
 valores e crenças comuns.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Senna e Antunes (2003) apontam que a composição das famílias brasileiras,
 especialmente nas últimas três décadas, vem passando por várias alterações, do
 ponto de vista demográfico, e embora tais alterações ocorram de forma
 diferenciada nas diversas regiões do país, algumas ocorrem de forma mais ou
 menos similar, como a redução da natalidade e o aumento da longevidade das
 pessoas.

 As autoras assinalam que as famílias vêm se tornando menores, e com um
 número maior de idosos em sua composição, com prevalência de doenças
 crônicas e de problemas decorrentes do processo de envelhecimento.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Nas famílias das camadas mais empobrecidas da população a realidade de
 composição familiar é bem diferente do modelo tradicional de família nuclear;

    Elevou-se o número de núcleos familiares compostos apenas por mulheres e
 seus filhos menores, e também o número de indivíduos e mesmo de famílias
 moradores de rua (SENNA; ANTUNES, 2003).


 Muitas famílias têm vivido situações especiais de risco, com doenças,
 desemprego, conflitos conjugais intensos, envolvimento em atividades ilícitas e
 problemas com a polícia, dependência de drogas, distúrbios mentais, etc,

     que as tornam incapazes de articular minimamente os cuidados de seus
 membros, e por isso necessitando atenção diferenciada do Estado para garantir os
 direitos de cidadania das crianças, idosos e deficientes físicos ali presentes
 (VASCONCELOS, 1999).
Funções e transformações da família ao longo da história

 Nas regiões urbanas brasileiras, tem se observado que o núcleo familiar tende a
 ser um tanto diferente daquele descrito por estudos clássicos sobre o ciclo de vida
 familiar:

    Em tais regiões, o núcleo familiar é predominantemente composto por várias
 gerações, como uma forma de melhor enfrentar as dificuldades financeiras.

 Os filhos adultos, mesmo quando constituem suas próprias famílias, continuam
 compartilhando o habitat original, somando rendimentos com o objetivo de
 baratear os custos com a habitação e garantir melhores cuidados às crianças e a
 outros dependentes que não participam ativamente no mercado de trabalho, como
 os adolescentes, os idosos, os desempregados e os deficientes.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Atualmente, porém, a família parece ser mais influenciável do que influente.

 Foi com o movimento higienista do século XIX, que ela começou a perder a sua
 capacidade de cuidar da saúde e educação de seus membros, tornando-se
 bastante dependente dos profissionais da saúde e da educação.

 Costa (1983) aponta que as famílias vêm, há tempos, vivendo conflitos internos e
 dificuldades sócio-econômicas que conferem pouca credibilidade em seu poder de
 ação.     Acabam ficando a mercê dos doutores do conhecimento, não porque lhes
 falte potencial ou boa vontade, mas porque são subestimadas.
Funções e transformações da família ao longo da história

     Na tradicional divisão de tarefas dentro do lar ocorrem modificações
                                  importantes:

 Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, o tempo da mulher para o
 cuidado dos filhos foi diminuindo e o homem foi mudando seu espaço no interior
 da família, assumindo inclusive tarefas antes tipicamente femininas.

 A mulher torna-se mais competente no trabalho, autônoma e competitiva, ao
 mesmo tempo em que o homem aprende a ser mais cuidadoso e cuidador nas
 relações.

 Essas alterações nos papéis sociais levaram a adaptações dos homens e das
 mulheres, não sem relutância de ambas as partes, pois da mesma forma que foi
 difícil para o homem abandonar o papel de senhor absoluto do modelo tradicional
 de família, para a mulher foi penoso abrir mão do papel de rainha do lar, frágil e
 submissa, ao qual estava secularmente acostumada, e do qual comumente
 angariava algumas vantagens secundárias, numa espécie de poder paralelo no
 mundo privado.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Neste panorama, as mulheres desempenham:


        papel importante na manutenção da vida cotidiana do grupo familiar
 exercendo, além do trabalho doméstico, o preparo e manutenção dos alimentos,
 confecção do vestuário, a procura por preços mais baixos para as compras, na
 tentativa de contribuir na diminuição dos gastos.


 Somado a tudo isto, a mulher participa no orçamento familiar com trabalho
 remunerado realizado dentro ou fora do lar, o que potencializa a sobrecarga física
 e psíquica e os conseqüentes agravos à saúde da mulher.
Funções e transformações da família ao longo da história

 Na estrutura familiar, as crianças são os membros mais vulneráveis às situações
 de conflitos no grupo e, neste sentido, estão mais expostas que os demais,
 justamente por não ter autonomia e capacidade plena de defesa e resolução.


 Com relação aos adolescentes, a situação é praticamente a mesma, com o
 agravante de que, muitas vezes, eles são depositários de expectativas e
 esperanças de ascensão do grupo familiar, sofrem com a frustração destas
 expectativas, tanto pelo contexto familiar de sobrevivência, como pelo contexto de
 possibilidades de inserção social.
Funções e transformações da família ao longo da história

 O Conceito de Gênero...


 O conceito de gênero se faz importante quando se estuda a família, pois, torna
 possível uma compreensão renovada e transformadora das diferenças e
 desigualdades entre mulheres e homens;


     na medida em que pode ampliar o conhecimento para além das diferenças
 individuais, salientando as interações sociais que influem nos resultados
 educativos e ocupacionais, entre tantos outros.




                                                                       (STREY, 2001)
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Funções da família...

A função socializadora (educativa) dentro da família é a mais importante porque
prepara a criança para o seu ingresso na sociedade com a transmissão da
herança social e cultural por intermédio da educação dos filhos.

 Ao exercer ação socializadora, a família atua também como agência de
transmissão da ideologia através de hábitos, costumes, idéias, valores, padrões de
comportamento dependendo do status social da família.

Uma outra função da família que vem sendo contextualizada é a que diz respeito a
Assistência aos seus membros           em todas as sociedades, a família é
basicamente responsável pela proteção física, econômica e psicológica de seus
membros.

 Diz respeito  aos cuidados que a família dispensa aos seus membros tanto nas
situações do dia-a-dia quanto nas situações que exigem um maior cuidado
(doenças, por ex.). E este cuidado se processa num continum que vai da infância
até a velhice.
A Família Brasileira no contexto histórico e cultural
Portanto, podemos entender a família como espaço privilegiado de socialização
através da tolerância, da divisão de responsabilidades entre seus membros, da
busca coletiva de meios para sobrevivência, do respeito mútuo, da afetividade e de
um lugar de igualdade onde todos buscam o bem comum.

Independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem sendo estruturada
é na família que ocorre a proteção integral dos filhos e demais membros
garantindo-lhes a sobrevivência e o desenvolvimento.
Funções e transformações da família ao longo da história


 Mantém a subordinação feminina e dos filhos, mas protege mulheres, crianças e
 velhos contra a violência urbana; cria condições para a dominação masculina, mas
 garante aos homens um espaço de liberdade contra sua subordinação no trabalho;
 conserva tradições, mas é o espaço de elaboração de projetos para o futuro, é não
 só núcleo de tensões e de conflitos, mas também o lugar onde se obtém prazer
 (CHAUÍ, 1986).



 Diante da sociedade tão desigual em que vivemos, é possível encontrarmos
 famílias com laços afetivos e estabilidade econômica definidos, famílias sem
 recursos assistenciais ou direitos sociais, famílias nucleares por conveniência ou
 sobrevivência, características estas que, segundo Santana e Carmangnani (2001),
 devem ser entendidas e analisadas de forma a compreender as transformações e
 significados das relações familiares.
Síntese de Indicadores Sociais - Uma Análise das
   Condições de Vida da População Brasileira 2010
1. Aspectos Demográficos:
Revelam      as características da reprodução da população em termos de sua composição
etária, padrões de mortalidade e comportamento reprodutivo, além de registrar os
movimentos migratórios e sua distribuição pelo território.
   O conjunto de informações e indicadores gerado pelos estudos demográficos tem especial
relevância para as análises das condições de vida da população.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2009, a população
brasileira contava com cerca de 191,8 milhões de habitantes cuja densidade demográfica
média é de 22,5 habitantes por quilômetro quadrado (km2).

A comparação da densidade entre as regiões, mostra grandes disparidades. A Região
Norte, que possui 45,2% da área total do País e 8,1% do total da população brasileira, tem
apenas 4,0 habitantes por km2. Em contrapartida, a Região Sudeste com 42,0% da
população total apresenta densidade de 87,0 habitantes por km2.

A maior concentração de população no Brasil encontra-se no Estado de São Paulo. O peso
relativo da população residente neste estado corresponde a 21,4% do total da população do
País.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
1. Aspectos Demográficos:

A diminuição das taxas de fecundidade e de natalidade pode ser observada a
partir da análise da composição etária da população brasileira.

O estreitamento significativo ocorrido na base da pirâmide aponta para a redução
do contingente das crianças e adolescentes de até 19 anos de idade. Enquanto,
em 1999, a proporção desse grupo na população total era de 40,1%, em 2009,
esta participação diminui para 32,8%.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
   Condições de Vida da População Brasileira 2010
1. Aspectos Demográficos:

Outro ponto que merece ser destacado refere-se ao considerável incremento da
população idosa de 70 anos ou mais de idade.

Em 1999    6,4 milhões de pessoas nessa faixa etária (3,9% da população total),
enquanto para 2009 a população atinge a um efetivo de 9,7 milhões de idosos,
correspondendo a 5,1%.

A redução da população de crianças e jovens e o consequente aumento da
população adulta e idosa estão associados à queda continuada dos níveis de
fecundidade e ao aumento da esperança de vida
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família
   Os padrões de formação, dissolução e reconstituição da família tornam-se cada vez
mais heterogêneos e seus limites mais ambíguos.
    O casamento tornou-se menos central na conformação da vida das pessoas,
diferentemente do que ocorria em um passado recente, por vezes caracterizado pelo
preconceito em relação às pessoas que não se casavam.

As uniões consensuais aumentaram e, em alguns países, já existe o reconhecimento
legal dos casais homossexuais.

Os aumentos das separações conjugais e dos divórcios levaram à formação de novos
arranjos familiares. Quando os indivíduos separados ou divorciados iniciam uma nova
união, formam um novo arranjo denominado “famílias reconstituídas”, especialmente
no caso da presença de crianças.

O aumento da mobilidade espacial permite aos indivíduos maior liberdade na escolha
de onde quer morar, o que pode provocar um aumento do desejo de preservar sua
independência, fazendo com que casais procurem alternativas de convivência e
parceria, como a moradia em domicílios diferentes.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família

No caso do IBGE, até o momento nas suas pesquisas domiciliares, a família é
considerada, primordialmente para fins de investigação, como um grupo cuja definição
está limitada pela condição de residência em um mesmo domicílio, existindo ou não
vínculos entre seus membros.

Tal concepção não contempla todas as dimensões do conceito sociológico de família.
Sua abordagem através de dados quantitativos significa, portanto, apenas uma
aproximação, que deve ser relativizada pelas limitações inerentes à operacionalização
do conceito de família utilizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -
PNAD, a principal fonte de dados aqui utilizada.

O objetivo principal  é caracterizar, especialmente, as condições de vida das famílias
nas quais as pessoas têm relações de parentesco, ou seja, pretende-se chegar mais
próximo ao conceito sociológico.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família

As famílias são unidades fundamentais para análise estatística em várias áreas, tais
como:

  os estudos de gastos e de distribuição de renda; o comportamento demográfico; e a
participação no mercado de trabalho, especialmente, no que se refere às políticas
públicas específicas.

As mudanças verificadas nos países industrializados quanto ao padrão de organização
das famílias vêm se refletindo também no Brasil.

Nas últimas décadas, as tendências mais proeminentes são: as reduções do tamanho
da família e do número de casais com filhos, e o crescimento do tipo de família formado
por casais sem filhos, resultados dos processos de declínio da fecundidade e do
aumento da esperança de vida ao nascer.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família

De 1999 para 2009, o número médio de pessoas na família caiu de 3,4 para 3,1.

Entre as famílias mais pobres (renda mensal per capita de até ½ salário mínimo), o
número médio de pessoas por família chega a 4,2.

Observa-se, também, neste período, no conjunto dos arranjos familiares, um aumento
na proporção de casais sem filhos (de 13,3% para 17,0%) e, consequentemente, uma
redução de casais com filhos, passando de 55,0% para 47,0%.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família
O papel da família na reprodução da sociedade é reconhecidamente muito significativo.
É na família que a renda é reunida para organizar um orçamento comum que satisfaça
as necessidades de cada membro.

A renda adquirida pela família é, basicamente, o que define suas possibilidades de
aquisição de bens e serviços. Nessa medida, a renda familiar per capita é um indicador
bastante eficaz para caracterizar o perfil socioeconômico das famílias brasileiras.
O primeiro aspecto a ser observado é a distribuição das famílias por classes de
rendimento familiar per capita medida em classes de salário mínimo.

A proporção daquelas que viviam com até ½ salário mínimo, em 2009, era de 22,9%. É
importante mencionar que, do total de famílias de baixa renda em todo o País, quase a
metade vivia na Região Nordeste (48,5%).

As desigualdades de renda na sociedade brasileira estão bastante enraizadas nas
diferenças territoriais. Os indicadores de condições de vida referentes à população
residente na Região Nordeste são sistematicamente menos favoráveis do que aqueles
registrados na Região Sudeste.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família


As famílias nas suas trajetórias passam por diversos ciclos de vida. A idade dos
filhos é uma variável utilizada para determinar as etapas, que podem ser
classificadas como: inicial, intermediária e madura.

No Brasil, em 2009     47,2% dos arranjos eram constituídos por uma pessoa de
referência e um cônjuge (casais) com filhos, e 19,5% constituídos por pessoa de
referência sem cônjuge com filhos.

Utilizou-se a idade limite dos filhos em 16 anos, para determinar os ciclos de vida,
por dois motivos:
   a partir desta idade já é possível ingressar no mercado de trabalho e,
   em consonância com o sistema educacional vigente, já se poderia ter o ensino
fundamental completo.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das
    Condições de Vida da População Brasileira 2010
2. Família

É interessante observar que, nos arranjos de casal com filhos, a maior proporção
se refere aos que estão na etapa inicial do ciclo de vida (filhos menores de 16
anos de idade), enquanto no caso de arranjos onde existe somente a pessoa de
referência sem cônjuge 51,4% já se encontravam na etapa considerada madura do
ciclo de vida familiar.

 Na etapa inicial do ciclo de vida, tratando-se de família constituída pelo casal, a
distribuição por classes de rendimento domiciliar per capita mostra que 36,4% das
famílias com até salário mínimo estavam nessa etapa. Quando é o caso das
famílias sem a presença de cônjuge, 45,5% estavam nessa etapa inicial do ciclo
de vida
Referências
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais
Estudos e Pesquisas, Informação Demográfica e Socioeconômica, número 27.
Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População
Brasileira 2010. Rio de Janeiro. 2010.

CAYRES, E. C. D. Família Brasileira no contexto histórico e cultural. In: Formação
continuada, Conselheiros de defesa dos direitos da criança e do adolescente,
Conselheiros tutelares, Instituições conveniadas. Família Brasileira no contexto
histórico e cultural.

CARVALHO, M.C.B. (Org). A família contemporânea em debate. 2ª. Ed. São Paulo:
Cortês/Educ, 1995.

SIMIONATO, M. A. W.; OLIVEIRA, R. G. Funções e transformações da família ao
longo da história. I Encontro Paranaense de Psicopedagogia (ABPppr). 2003.

KALOUSTIAN, S.M. Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortes/UNICEF.
E-mail: pollyannasq@gmail.com

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A familia brasileira - Saude Publica

  • 1. INSTITUTO CONSCIÊNCIA Especialização latu sensu: SAÚDE PÚBLICA E ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM ÊNFASE EM GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE Disciplina: A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA A família brasileira Profª Ms. Pollyanna de Siqueira Queirós Mestrado em Enfermagem. Especialista em Gestão em Saúde Enfermeira (Bacharelado e Licenciatura) Goiânia, 06/09/2012
  • 2. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Entender os aspectos históricos e culturais que têm marcado a sua formação social; Aspecto mais importante formação multiétnica e pluricultural; A imensa extensão territorial brasileira colonizada por povos de diferentes etnias, determinou o aparecimento de uma grande diversidade de culturas, e conseqüentemente de famílias, em nosso território; A cada período da história ocorre um modelo hegemônico de família sobre as outras.
  • 3. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Nos primeiros séculos de colonização modelo dominante de organização a família tradicional, patriarcal, extensa, rural. Este estilo de família impôs seu domínio na Colônia, subjugando os indígenas e, mais tarde, com a importação dos escravos negros, os portugueses foram destruindo formas familiares próprias desses grupos que aqui chegavam. (BRUSCHINI, 2000).
  • 4. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Significativas mudanças ocorreram na sociedade brasileira. Sua transformação de sociedade rural, na qual predominava a família patriarcal e fechada em si mesma, para uma sociedade de bases industriais com as suas implicações de mobilidade social, geográfica e cultural acarretou transformações igualmente marcantes na estrutura do modelo tradicional de família. O século XX foi cenário de grandes transformações na estrutura da família. Ainda hoje, porém, observamos algumas marcas deixadas pela suas origens. Da família romana, por exemplo, temos a autoridade do chefe da família, onde a submissão da esposa e dos filhos ao pai confere ao homem o papel de chefe. Da família medieval perpetua-se o caráter sacramental do casamento originado no século XVI. Da cultura portuguesa, temos a solidariedade, o sentimento de sensível ligação afetiva, abnegação e desprendimento. (RIGONATTI, 2003)
  • 5. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural O chefe da família, “pater famílias”, concentrava as funções militantes, empresariais e afetivas. Com uma distribuição extremamente rígida e hierárquica de papéis a família patriarcal caracteriza-se também pelo controle da sexualidade feminina e regulamentação da procriação, para fins de herança e sucessão. Os casamentos eram realizados por conveniência, entre parentes ou entre membros de grupos econômicos que desejavam estabelecer alianças. A sexualidade masculina se exercia, no entanto, livremente considerava-se legítimo que os homens buscassem satisfação sexual e emocional fora da órbita legal do matrimônio, mantendo concubinas, com as quais tinham filhos ilegítimos.
  • 6. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Família patriarcal era um extenso grupo composto pelo núcleo conjugal e sua prole legítima, ao qual se incorporavam parentes, afilhados, agregados, escravos e até mesmo concubinas e bastardos, todos abrigados sob o mesmo teto, na casa grande ou na senzala. Essa característica senhorial foi observada também pelas famílias não proprietárias, das camadas intermediárias – comerciantes, funcionários públicos, militares e profissionais liberais (IBIDEM, 2000). A família patriarcal era uma forma dominante de constituição social e política e tinha no seu poder, o controle dos recursos da sociedade.
  • 7. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Segunda metade do século XIX com o início do processo de industrialização uma mudança na família e o modelo patriarcal, vigente até então, passa a ser questionado. Começa a se desenvolver a família conjugal moderna, na qual o casamento se dá por escolha dos parceiros, com base no amor romântico, tendo com perspectiva a superação da dicotomia entre amor e sexo e novas atribuições para os papéis do homem e da mulher no casamento. Modernizaram-se as concepções sobre o lugar da mulher nos alicerces da moral familiar e social. A nova mulher, “moderna”, deveria ser educada para desempenhar o papel de mãe, educadora – dos filhos, e de suporte do homem para que este pudesse enfrentar a labuta do trabalho fora de casa. A “boa esposa” e “boa mãe” deveria ser “prendada” e deveria ir à escola, aprender a ler e escrever para desempenhar a sua missão como educadora.
  • 8. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Família conjugal moderna apresentava-se como uma família nuclear, reduzida ao pai, mãe e filhos, organizada hierarquicamente em torno de uma rígida divisão sexual de papéis, onde o homem era responsável pelo sustento da família e a esposa pela educação dos filhos e cuidados do lar. Esse novo modelo de família institui novos padrões de educação dos filhos, e atribui alto valor à privacidade e intimidade nas relações entre pais e filhos. O amor romântico e o amor materno e a domesticidade, o tornaram-se suas pedras angulares. Existência de traços da família patriarcal na família conjugal moderna persistem até o século XX, fundamentada inclusive na legislação, pois, no Brasil, somente na Constituição de 1988 a mulher e o homem são assumidos com igualdade no que diz respeito aos direitos e deveres na sociedade conjugal.
  • 9. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Esse processo de modernização se realiza de forma não-linear, não existindo propriamente a superação de um “modelo” pelo outro. Alguns pesquisadores do campo da família, entre eles podem ser citados Sarti (2003) e Mioto (1997), entendem que os “modelos” patriarcal e conjugal permanecem existindo como tais até os dias atuais, havendo a predominância de um ou de outro, dependendo da camada social a que pertence a família.
  • 10. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Na contemporaneidade, as mudanças ocorridas na família relacionam-se com a perda do sentido da tradição. Assim, o amor, o casamento, a família, a sexualidade e o trabalho, antes vividos a partir de papéis preestabelecidos, passam, a ser concebidos como parte de um projeto em que a individualidade conta decisivamente e adquire cada vez mais importância social. É a partir dos anos 90 que a família brasileira apresenta mudanças significativas em todos os seguimentos da população.
  • 11. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Multiplicidade de aspectos: Sarti (2007), referencia a pílula anticoncepcional, que foi difundida a partir da década de 1960, como aquela que separou a sexualidade da reprodução e interferiu decisivamente na sexualidade feminina. Esse fato criou condições para que a mulher deixasse de ter sua vida e sua sexualidade atadas à maternidade como um “destino” e com isso, recriou o mundo subjetivo feminino e, aliado a essa expansão, ampliou as possibilidades de atuação da mulher no mundo social. Mais tarde, a partir dos anos 80, as novas tecnologias reprodutivas – seja inseminações artificiais, seja fertilizações in vitro – dissociaram a gravidez da relação sexual entre homem e mulher. A saída da mulher do mundo privado para o público através do trabalho remunerado, também abalou os alicerces familiares, pois até pouco tempo atrás o homem era o provedor e à mulher cabia quase que exclusivamente o cuidado dos filhos e da casa. (STRATHERN, 1955 APUD SARTI, 2007)
  • 12. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Outro fator importante foi modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo Estado brasileiro, Conseqüência o empobrecimento acelerado das famílias na década de 80, a migração agravada do campo para a cidade e a entrada de um contingente muito grande de mulheres e crianças no mercado de trabalho. Essas mudanças, ocorridas com a família na contemporaneidade tiveram profundas implicações na configuração familiar originando vários modelos de família.
  • 13. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Em todo o mundo, o conceito de família nuclear e a instituição casamento intimamente ligada à família, passaram por transformações. A expressão mais marcante dessas transformações ocorreu no final da década de 60: aumento no número de separações e divórcios, a religião foi perdendo sua força, não mais conseguindo segurar casamentos com relações insatisfatórias. A igualdade passou a ser um pressuposto em muitas relações matrimoniais. A partir daí, surgem inúmeras organizações familiares alternativas: casamentos sucessivos com parceiros distintos e filhos de diferentes uniões; casais homossexuais adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros isolados ou mesmo cada um vivendo com uma das famílias de origem; as chamadas “produções independentes” tornam-se mais freqüentes; e mais ultimamente, duplas de mães solteiras ou já separadas compartilham a criação de seus filhos.
  • 14. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Mudanças, ocorridas com a família na contemporaneidade tiveram profundas implicações na configuração familiar originando vários modelos de família. Tipos de composição familiar que podem ser consideradas “família”: 1) família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos; 2) famílias extensas, incluindo três ou quadro gerações; 3) famílias adotivas temporárias; 4) famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multiculturais; 5) casais; 6) famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; 7) casais homossexuais com ou sem crianças; 8) famílias reconstituídas depois do divórcio; 9) várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo. (KASLOW, 2001, SZYMANSKI, 2002)
  • 15. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Portanto, como se pode observar, não existe historicamente e culturalmente, um modelo padrão de organização familiar e por isso, não existe a família regular. Precisamos pensar as famílias hoje de forma plural, nos seus vários arranjos familiares. A vida familiar faz parte do mundo real ou simbólico de todas as pessoas e esta é marcada fortemente por valores morais, religiosos e ideológicos. Chegamos ao século XXI com a família pós-moderna ou pluralista, como tem sido chamada, pelos tipos alternativos de convivência que apresenta.
  • 16. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Por esta razão é que se faz necessário entender a família através do seu conceito, função e estrutura para que a nossa intervenção com a família não seja analisada a partir do nosso conceito próprio de família e de enfatizar as relações parentais a partir da consangüinidade. Como vimos, na breve contextualização histórica e cultural da família brasileira, torna-se impossível formular uma conceituação única sobre família por ser esta uma instituição cultural e historicamente condicionada.
  • 17. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo organismo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também escravidão legalizada. Esse novo organismo caracterizava-se pela presença de um chefe que mantinha sob seu poder a mulher, os filhos e um certo número de escravos, com poder de vida e morte sobre todos eles. Desde então, o termo família tem designado instituições e agrupamentos sociais bastantes diferentes, entre si, do ponto de vista de suas funções e estrutura.
  • 18. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural No direito romano clássico a “família natural” é baseada no casamento e no vínculo de sangue e o seu agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos. Essa família tem como base o casamento e as relações jurídicas dele resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos. Esse conceito teve bastante influência da Igreja Católica através do direito canônico, no direito brasileiro, até bem pouco tempo.
  • 19. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Para a sociologia, a família é um grupo aparentado, responsável, principalmente, pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas. Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas, em geral, em uma mesma casa por um período de tempo indefinido. É considerada uma unidade social básica e universal por ser encontrada e todas as sociedades humanas, de uma forma ou de outra (BRUSCHINI, 2000)
  • 20. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural O interesse pela família pelas correntes marxistas, surgiu na segunda metade da década de 70 quando começaram a se preocupar com a inexistência de uma teoria da população. Esses estudos surgem com base nas estratégias de sobrevivência das camadas populares e na reprodução do trabalhador. A família passa a ser definida como a unidade social na qual se realiza a reprodução do trabalhador. As tensões e os conflitos são enormes dentro do grupo, mesmo porque as necessidades e aspirações devem ser consideradas com rendimentos precários. Mas a família é também o núcleo dentro do qual as pessoas obtêm seu prazer, via alimentação, sexualidade e lazer.
  • 21. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural No período pré-industrial, homens, mulheres e crianças trabalhavam juntos tanto na casa quanto no campo e a unidade familiar era antes de tudo uma unidade com uma função econômica que consistia na produção de bens e serviços necessários para o seu sustento. Os membros das famílias tinham deveres claramente definidos, determinados em função de sua idade e posição no grupo familiar e de seu sexo. É necessário um grande número de filhos e outros parentes disponíveis para trabalhar na produção de bens e consumos. Esses parentes habitam o mesmo teto ou ficam bastante próximos uns dos outros de um modo geral, os avós, os filhos, as mulheres, os netos etc. Uma das funções importantes dessa família extensa é o auxílio aos seus membros para a solução de seus problemas, quer sejam financeiro, de saúde ou de amparo psicológico. Nas sociedades urbanas, essa função, exercida pelos grupos de parentes, foi substituída pelas organizações formais que realizam empréstimos, atendem os doentes e fornecem todo tipo de assistência.
  • 22. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Revolução industrial do século XIX e a industrialização, ocorre uma mudança na função econômica da família que provocou o surgimento de duas esferas distintas: de um lado a unidade doméstica, de outro a unidade de produção. À mulher coube a reprodução da força de trabalho na esfera privada do lar e sem remuneração, enquanto ao homem coube o trabalho produtivo extralar, pelo qual passou a receber uma remuneração. Segundo Bruschini (2000) capitalismo reduz a função econômica da família à produção de valores de uso ou prestação de serviços domésticos, através do trabalho doméstico, já que a produção de bens propriamente dita passa a ser feita no mercado, nas fábricas, nas empresas. Urbanização alguns membros da família, não podem permanecer durante toda a vida morando próximo a seus parentes, sua localização dependerá em grande medida de onde estudará e onde trabalhará. Nesses locais, estabelecem novos laços sociais e constituem uma nova família que terá menos influência do grupo consangüíneo.
  • 23. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural A função da família hoje, na sociedade capitalista, é de uma unidade de renda e de consumo. Não produz mais o que o grupo precisa para sobreviver, mas compra no mercado o necessário para cada um dos seus membros. A família passa então a ser um grupo que compartilha um orçamento, com entradas em dinheiro e saídas em gastos. Nesse sentido, a família é também uma soma de rendimentos.
  • 24. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Valores estruturantes da família são: 1. Presença de afetividade; 2. A força das representações associadas aos papéis de pai e mãe; 3. O sentimento de solidariedade e de união; 4. O forte senso de ajuda mútua; a crença na possibilidade de uma ação conjunta; 5. O valor do trabalho como fonte de superioridade moral – a ética de provedor; 6. A prevalência de valores mais coletivos do que individuais; 7. Valores altruístas (expressos pelos jovens), conformistas, a fé religiosa, a esperança de ganhar na loto e no jogo do bicho. (KALLAS, 1997)
  • 25. Funções e transformações da família ao longo da história Profissionais das mais diversas áreas têm focalizado a família como objeto de estudo a partir da constatação de que ela desempenha papel fundamental no desenvolvimento e manutenção da saúde e no equilíbrio emocional de seus membros. Que a complexidade dos fatores que interferem na sua manutenção e perpetuação, requerem que todos aqueles que procuram focalizá-la em seus estudos ou trabalhos, tenham em mente que ela deve ser compreendida historicamente, e de acordo com as suas especificidades. O primeiro passo a ser dado, para que o profissional conheça a realidade e as necessidades da família e possa realizar um trabalho mais coerente, é a reflexão acerca de conceitos e concepções.
  • 26. Funções e transformações da família ao longo da história O conceito de família pode ser considerado até certo ponto subjetivo, pois depende de quem a define, do contexto social, político e familial em que está inserido. A diversidade de arranjos familiares existentes hoje na sociedade brasileira nos leva a definir ... A Constituição Federal de 1988 representou um marco na evolução do conceito de família, ao corporificar o conceito de Lévy-Brul, de que o traço dominante da evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez menos organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua (GENOFRE, 1997). A família é um sistema no qual se conjugam valores, crenças, conhecimentos e práticas, formando um modelo explicativo de saúde-doença, através do qual a família desenvolve sua dinâmica de funcionamento, promovendo a saúde, prevenindo e tratando a doença de seus membros (ELSEN, 2002).
  • 27. Funções e transformações da família ao longo da história Conceitos... A família como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços consangüíneos. Ela tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulada com a estrutura social na qual está inserida (MIOTO, 1997). A família é uma instituição social que, independente das variantes de desenhos e formatações da atualidade, se constitui num canal de iniciação e aprendizado dos fatos e das relações sociais, bem como em uma unidade de renda e consumo. (DRAIBE 2005 apud CARVALHO, 2005).
  • 28. Funções e transformações da família ao longo da história As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno, como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. Segundo Ariès (1981), na aristocracia dos séculos XVI e XVII A família não tinha a função afetiva e socializadora, mas era constituída visando apenas à transmissão da vida, à conservação dos bens, a prática de um ofício, a ajuda mútua e a proteção da honra e da vida em caso de crise.
  • 29. Funções e transformações da família ao longo da história Família também pode ser conceituada como uma unidade de pessoas em interação, um sistema semi-aberto, com uma história natural composta por vários estágios, sendo que a cada um deles correspondem tarefas específicas por parte da família (BURGENS; ROGERS apud ELSEN, 2002). Família como um sistema inserido numa diversidade de contextos e constituído por pessoas que compartilham sentimentos e valores formando laços de interesse, solidariedade e reciprocidade, com especificidade e funcionamento próprios. Os conceitos podem ser diversos, mas um ponto comum é que a união dos membros de uma família, com ou sem laços consangüíneos, se dá a partir da intimidade, do respeito mútuo, da amizade, da troca e do enriquecimento conjunto.
  • 30. Funções e transformações da família ao longo da história Atualmente as famílias se distinguem pela ênfase que dão ao processo de individualização. O elemento central não é mais o grupo reunido, mas os membros que a compõem. A família se transforma em um espaço privado a serviço dos indivíduos. Razão porque a família é designada como “relacional e individualista”. Prado (1996) afirma que vivemos uma era que predomina a individualidade pode se tornar uma maneira de auto satisfação, um meio para se ter vantagens próprias apenas.
  • 31. Funções e transformações da família ao longo da história Cultura familiar... Através dessa relação é que se desenvolve a cultura familiar, definida por Elsen (2002) como um conjunto próprio de símbolos, significados, saberes e práticas que se define a partir das relações internas e externas à família, e que determina seu modo de funcionamento interno e a maneira como a família desenvolve suas experiências e interações com o mundo externo. Essas experiências caracterizam-se pelas ações e interações presentes no núcleo familiar e direcionado a cada um de seus membros com o intuito de alimentar e fortalecer seu crescimento, desenvolvimento, saúde e bem-estar.
  • 32. Funções e transformações da família ao longo da história No contexto dinâmico, complexo e singular que é o da família, o diálogo é destacado por Andrade (2001) como essencial no compartilhar de experiências, conhecimentos, sentimentos e necessidades, tanto da família em seu conjunto e de seus membros em particular, quanto da relação destes com aquele que se dedica a estudar a família mais de perto. Althoff (2002) salienta que as conversas familiares representam a oportunidade que as pessoas têm de expressar sua individualidade, trocar experiências e fixar valores e crenças comuns.
  • 33. Funções e transformações da família ao longo da história Senna e Antunes (2003) apontam que a composição das famílias brasileiras, especialmente nas últimas três décadas, vem passando por várias alterações, do ponto de vista demográfico, e embora tais alterações ocorram de forma diferenciada nas diversas regiões do país, algumas ocorrem de forma mais ou menos similar, como a redução da natalidade e o aumento da longevidade das pessoas. As autoras assinalam que as famílias vêm se tornando menores, e com um número maior de idosos em sua composição, com prevalência de doenças crônicas e de problemas decorrentes do processo de envelhecimento.
  • 34. Funções e transformações da família ao longo da história Nas famílias das camadas mais empobrecidas da população a realidade de composição familiar é bem diferente do modelo tradicional de família nuclear; Elevou-se o número de núcleos familiares compostos apenas por mulheres e seus filhos menores, e também o número de indivíduos e mesmo de famílias moradores de rua (SENNA; ANTUNES, 2003). Muitas famílias têm vivido situações especiais de risco, com doenças, desemprego, conflitos conjugais intensos, envolvimento em atividades ilícitas e problemas com a polícia, dependência de drogas, distúrbios mentais, etc, que as tornam incapazes de articular minimamente os cuidados de seus membros, e por isso necessitando atenção diferenciada do Estado para garantir os direitos de cidadania das crianças, idosos e deficientes físicos ali presentes (VASCONCELOS, 1999).
  • 35. Funções e transformações da família ao longo da história Nas regiões urbanas brasileiras, tem se observado que o núcleo familiar tende a ser um tanto diferente daquele descrito por estudos clássicos sobre o ciclo de vida familiar: Em tais regiões, o núcleo familiar é predominantemente composto por várias gerações, como uma forma de melhor enfrentar as dificuldades financeiras. Os filhos adultos, mesmo quando constituem suas próprias famílias, continuam compartilhando o habitat original, somando rendimentos com o objetivo de baratear os custos com a habitação e garantir melhores cuidados às crianças e a outros dependentes que não participam ativamente no mercado de trabalho, como os adolescentes, os idosos, os desempregados e os deficientes.
  • 36. Funções e transformações da família ao longo da história Atualmente, porém, a família parece ser mais influenciável do que influente. Foi com o movimento higienista do século XIX, que ela começou a perder a sua capacidade de cuidar da saúde e educação de seus membros, tornando-se bastante dependente dos profissionais da saúde e da educação. Costa (1983) aponta que as famílias vêm, há tempos, vivendo conflitos internos e dificuldades sócio-econômicas que conferem pouca credibilidade em seu poder de ação. Acabam ficando a mercê dos doutores do conhecimento, não porque lhes falte potencial ou boa vontade, mas porque são subestimadas.
  • 37. Funções e transformações da família ao longo da história Na tradicional divisão de tarefas dentro do lar ocorrem modificações importantes: Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, o tempo da mulher para o cuidado dos filhos foi diminuindo e o homem foi mudando seu espaço no interior da família, assumindo inclusive tarefas antes tipicamente femininas. A mulher torna-se mais competente no trabalho, autônoma e competitiva, ao mesmo tempo em que o homem aprende a ser mais cuidadoso e cuidador nas relações. Essas alterações nos papéis sociais levaram a adaptações dos homens e das mulheres, não sem relutância de ambas as partes, pois da mesma forma que foi difícil para o homem abandonar o papel de senhor absoluto do modelo tradicional de família, para a mulher foi penoso abrir mão do papel de rainha do lar, frágil e submissa, ao qual estava secularmente acostumada, e do qual comumente angariava algumas vantagens secundárias, numa espécie de poder paralelo no mundo privado.
  • 38. Funções e transformações da família ao longo da história Neste panorama, as mulheres desempenham: papel importante na manutenção da vida cotidiana do grupo familiar exercendo, além do trabalho doméstico, o preparo e manutenção dos alimentos, confecção do vestuário, a procura por preços mais baixos para as compras, na tentativa de contribuir na diminuição dos gastos. Somado a tudo isto, a mulher participa no orçamento familiar com trabalho remunerado realizado dentro ou fora do lar, o que potencializa a sobrecarga física e psíquica e os conseqüentes agravos à saúde da mulher.
  • 39. Funções e transformações da família ao longo da história Na estrutura familiar, as crianças são os membros mais vulneráveis às situações de conflitos no grupo e, neste sentido, estão mais expostas que os demais, justamente por não ter autonomia e capacidade plena de defesa e resolução. Com relação aos adolescentes, a situação é praticamente a mesma, com o agravante de que, muitas vezes, eles são depositários de expectativas e esperanças de ascensão do grupo familiar, sofrem com a frustração destas expectativas, tanto pelo contexto familiar de sobrevivência, como pelo contexto de possibilidades de inserção social.
  • 40. Funções e transformações da família ao longo da história O Conceito de Gênero... O conceito de gênero se faz importante quando se estuda a família, pois, torna possível uma compreensão renovada e transformadora das diferenças e desigualdades entre mulheres e homens; na medida em que pode ampliar o conhecimento para além das diferenças individuais, salientando as interações sociais que influem nos resultados educativos e ocupacionais, entre tantos outros. (STREY, 2001)
  • 41. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Funções da família... A função socializadora (educativa) dentro da família é a mais importante porque prepara a criança para o seu ingresso na sociedade com a transmissão da herança social e cultural por intermédio da educação dos filhos. Ao exercer ação socializadora, a família atua também como agência de transmissão da ideologia através de hábitos, costumes, idéias, valores, padrões de comportamento dependendo do status social da família. Uma outra função da família que vem sendo contextualizada é a que diz respeito a Assistência aos seus membros em todas as sociedades, a família é basicamente responsável pela proteção física, econômica e psicológica de seus membros. Diz respeito aos cuidados que a família dispensa aos seus membros tanto nas situações do dia-a-dia quanto nas situações que exigem um maior cuidado (doenças, por ex.). E este cuidado se processa num continum que vai da infância até a velhice.
  • 42. A Família Brasileira no contexto histórico e cultural Portanto, podemos entender a família como espaço privilegiado de socialização através da tolerância, da divisão de responsabilidades entre seus membros, da busca coletiva de meios para sobrevivência, do respeito mútuo, da afetividade e de um lugar de igualdade onde todos buscam o bem comum. Independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem sendo estruturada é na família que ocorre a proteção integral dos filhos e demais membros garantindo-lhes a sobrevivência e o desenvolvimento.
  • 43. Funções e transformações da família ao longo da história Mantém a subordinação feminina e dos filhos, mas protege mulheres, crianças e velhos contra a violência urbana; cria condições para a dominação masculina, mas garante aos homens um espaço de liberdade contra sua subordinação no trabalho; conserva tradições, mas é o espaço de elaboração de projetos para o futuro, é não só núcleo de tensões e de conflitos, mas também o lugar onde se obtém prazer (CHAUÍ, 1986). Diante da sociedade tão desigual em que vivemos, é possível encontrarmos famílias com laços afetivos e estabilidade econômica definidos, famílias sem recursos assistenciais ou direitos sociais, famílias nucleares por conveniência ou sobrevivência, características estas que, segundo Santana e Carmangnani (2001), devem ser entendidas e analisadas de forma a compreender as transformações e significados das relações familiares.
  • 44. Síntese de Indicadores Sociais - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 1. Aspectos Demográficos: Revelam as características da reprodução da população em termos de sua composição etária, padrões de mortalidade e comportamento reprodutivo, além de registrar os movimentos migratórios e sua distribuição pelo território. O conjunto de informações e indicadores gerado pelos estudos demográficos tem especial relevância para as análises das condições de vida da população. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2009, a população brasileira contava com cerca de 191,8 milhões de habitantes cuja densidade demográfica média é de 22,5 habitantes por quilômetro quadrado (km2). A comparação da densidade entre as regiões, mostra grandes disparidades. A Região Norte, que possui 45,2% da área total do País e 8,1% do total da população brasileira, tem apenas 4,0 habitantes por km2. Em contrapartida, a Região Sudeste com 42,0% da população total apresenta densidade de 87,0 habitantes por km2. A maior concentração de população no Brasil encontra-se no Estado de São Paulo. O peso relativo da população residente neste estado corresponde a 21,4% do total da população do País.
  • 45. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 1. Aspectos Demográficos: A diminuição das taxas de fecundidade e de natalidade pode ser observada a partir da análise da composição etária da população brasileira. O estreitamento significativo ocorrido na base da pirâmide aponta para a redução do contingente das crianças e adolescentes de até 19 anos de idade. Enquanto, em 1999, a proporção desse grupo na população total era de 40,1%, em 2009, esta participação diminui para 32,8%.
  • 46. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 1. Aspectos Demográficos: Outro ponto que merece ser destacado refere-se ao considerável incremento da população idosa de 70 anos ou mais de idade. Em 1999 6,4 milhões de pessoas nessa faixa etária (3,9% da população total), enquanto para 2009 a população atinge a um efetivo de 9,7 milhões de idosos, correspondendo a 5,1%. A redução da população de crianças e jovens e o consequente aumento da população adulta e idosa estão associados à queda continuada dos níveis de fecundidade e ao aumento da esperança de vida
  • 47. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família Os padrões de formação, dissolução e reconstituição da família tornam-se cada vez mais heterogêneos e seus limites mais ambíguos. O casamento tornou-se menos central na conformação da vida das pessoas, diferentemente do que ocorria em um passado recente, por vezes caracterizado pelo preconceito em relação às pessoas que não se casavam. As uniões consensuais aumentaram e, em alguns países, já existe o reconhecimento legal dos casais homossexuais. Os aumentos das separações conjugais e dos divórcios levaram à formação de novos arranjos familiares. Quando os indivíduos separados ou divorciados iniciam uma nova união, formam um novo arranjo denominado “famílias reconstituídas”, especialmente no caso da presença de crianças. O aumento da mobilidade espacial permite aos indivíduos maior liberdade na escolha de onde quer morar, o que pode provocar um aumento do desejo de preservar sua independência, fazendo com que casais procurem alternativas de convivência e parceria, como a moradia em domicílios diferentes.
  • 48. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família No caso do IBGE, até o momento nas suas pesquisas domiciliares, a família é considerada, primordialmente para fins de investigação, como um grupo cuja definição está limitada pela condição de residência em um mesmo domicílio, existindo ou não vínculos entre seus membros. Tal concepção não contempla todas as dimensões do conceito sociológico de família. Sua abordagem através de dados quantitativos significa, portanto, apenas uma aproximação, que deve ser relativizada pelas limitações inerentes à operacionalização do conceito de família utilizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, a principal fonte de dados aqui utilizada. O objetivo principal é caracterizar, especialmente, as condições de vida das famílias nas quais as pessoas têm relações de parentesco, ou seja, pretende-se chegar mais próximo ao conceito sociológico.
  • 49. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família As famílias são unidades fundamentais para análise estatística em várias áreas, tais como: os estudos de gastos e de distribuição de renda; o comportamento demográfico; e a participação no mercado de trabalho, especialmente, no que se refere às políticas públicas específicas. As mudanças verificadas nos países industrializados quanto ao padrão de organização das famílias vêm se refletindo também no Brasil. Nas últimas décadas, as tendências mais proeminentes são: as reduções do tamanho da família e do número de casais com filhos, e o crescimento do tipo de família formado por casais sem filhos, resultados dos processos de declínio da fecundidade e do aumento da esperança de vida ao nascer.
  • 50. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família De 1999 para 2009, o número médio de pessoas na família caiu de 3,4 para 3,1. Entre as famílias mais pobres (renda mensal per capita de até ½ salário mínimo), o número médio de pessoas por família chega a 4,2. Observa-se, também, neste período, no conjunto dos arranjos familiares, um aumento na proporção de casais sem filhos (de 13,3% para 17,0%) e, consequentemente, uma redução de casais com filhos, passando de 55,0% para 47,0%.
  • 51. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família O papel da família na reprodução da sociedade é reconhecidamente muito significativo. É na família que a renda é reunida para organizar um orçamento comum que satisfaça as necessidades de cada membro. A renda adquirida pela família é, basicamente, o que define suas possibilidades de aquisição de bens e serviços. Nessa medida, a renda familiar per capita é um indicador bastante eficaz para caracterizar o perfil socioeconômico das famílias brasileiras. O primeiro aspecto a ser observado é a distribuição das famílias por classes de rendimento familiar per capita medida em classes de salário mínimo. A proporção daquelas que viviam com até ½ salário mínimo, em 2009, era de 22,9%. É importante mencionar que, do total de famílias de baixa renda em todo o País, quase a metade vivia na Região Nordeste (48,5%). As desigualdades de renda na sociedade brasileira estão bastante enraizadas nas diferenças territoriais. Os indicadores de condições de vida referentes à população residente na Região Nordeste são sistematicamente menos favoráveis do que aqueles registrados na Região Sudeste.
  • 52. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família As famílias nas suas trajetórias passam por diversos ciclos de vida. A idade dos filhos é uma variável utilizada para determinar as etapas, que podem ser classificadas como: inicial, intermediária e madura. No Brasil, em 2009 47,2% dos arranjos eram constituídos por uma pessoa de referência e um cônjuge (casais) com filhos, e 19,5% constituídos por pessoa de referência sem cônjuge com filhos. Utilizou-se a idade limite dos filhos em 16 anos, para determinar os ciclos de vida, por dois motivos: a partir desta idade já é possível ingressar no mercado de trabalho e, em consonância com o sistema educacional vigente, já se poderia ter o ensino fundamental completo.
  • 53. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010 2. Família É interessante observar que, nos arranjos de casal com filhos, a maior proporção se refere aos que estão na etapa inicial do ciclo de vida (filhos menores de 16 anos de idade), enquanto no caso de arranjos onde existe somente a pessoa de referência sem cônjuge 51,4% já se encontravam na etapa considerada madura do ciclo de vida familiar. Na etapa inicial do ciclo de vida, tratando-se de família constituída pelo casal, a distribuição por classes de rendimento domiciliar per capita mostra que 36,4% das famílias com até salário mínimo estavam nessa etapa. Quando é o caso das famílias sem a presença de cônjuge, 45,5% estavam nessa etapa inicial do ciclo de vida
  • 54. Referências BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais Estudos e Pesquisas, Informação Demográfica e Socioeconômica, número 27. Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2010. Rio de Janeiro. 2010. CAYRES, E. C. D. Família Brasileira no contexto histórico e cultural. In: Formação continuada, Conselheiros de defesa dos direitos da criança e do adolescente, Conselheiros tutelares, Instituições conveniadas. Família Brasileira no contexto histórico e cultural. CARVALHO, M.C.B. (Org). A família contemporânea em debate. 2ª. Ed. São Paulo: Cortês/Educ, 1995. SIMIONATO, M. A. W.; OLIVEIRA, R. G. Funções e transformações da família ao longo da história. I Encontro Paranaense de Psicopedagogia (ABPppr). 2003. KALOUSTIAN, S.M. Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortes/UNICEF.