Este documento fornece um roteiro para a elaboração de propostas de projetos, com 12 passos que incluem: 1) título do projeto, 2) descrição sumária, 3) análise do contexto, 4) árvores de problemas e objetivos, 5) seleção do projeto, 6) detalhamento, 7) cronograma, 8) orçamento, 9) fontes de financiamento, 10) stakeholders, 11) monitoramento e 12) indicadores. O roteiro tem como objetivo orientar a elaboração das propostas para garantir que todos os aspectos important
1. Roteiro para a elaboração de proposta de projeto
O roteiro apresentado a seguir busca sistematizar, de forma mais operacional, os
passos a serem dados para a elaboração de documentos contendo propostas de
realização de projetos.
Este roteiro deve ser entendido como uma orientação geral para a elaboração da
proposta de projeto e não como um modelo fechado que deva necessariamente ser
seguido. A finalidade principal deste guia é a de servir como um “check list” para que
não se deixe de considerar aspectos importantes para a clareza do que se pretende
realizar.
Para facilitar o entendimento e a aplicação do roteiro utilizou-se como exemplo fictício
a definição de algum tipo de intervenção para melhorar o índice de mortalidade infantil
num determinado município ou região.
1- Título do Projeto
O título (ou nome) do projeto deve dar, de saída, uma idéia do que está sendo tratado
e o que se pretende atingir. O título bem escolhido pode, ainda, servir como elemento
de divulgação do projeto ou um meio para despertar o interesse sobre a sua
realização e a motivação para sua aceitação. Por exemplo, um projeto destinado a
reduzir a quantidade de buracos nas vias públicas poderia ter por título “São Paulo
sem buracos” ao invés de um nome mais formal como “projeto para a redução de
buracos nas vias púbicas”.
2. Breve descrição do projeto (sumário)
Indica de maneira bastante sintética o objetivo principal da ação e suas características
mais significativas. Deve conter no máximo 10 linhas e estar colocada na primeira
página (ou na própria capa) do documento logo após o título de forma a permitir que
se tenha, de imediato, uma idéia geral do seu conteúdo. Deve ser redigido após o
detalhamento do programa/projeto e conter:
− Objetivo principal
− Área geográfica a ser considerada
− População alvo a ser beneficiada
Ex: Contribuir para a melhoria da fluidez do tráfego e para a redução do número de
acidentes através da realização de ações corretivas e preventivas de
eliminação/redução do número de buracos nas vias púbicas da cidade. O projeto
será prioritariamente desenvolvido nos bairros A, B e C e buscará promover a
participação efetiva da população a ser beneficiada no seu desenvolvimento.
3. Análise do contexto (diagnóstico) e justificativas
A análise do contexto explicita a situação de momento, dados, estatísticas, indicadores
e outras variáveis que descrevem as condições gerais nas quais o projeto será
desenvolvido e aponta os principais fatores que justificam a iniciativa de se
empreender alguma ação sobre um problema identificado.
Nesta análise pode ser aplicado o método SWOT para se identificar as ameaças,
oportunidades, pontos fortes e pontos fracos a serem considerados na concepção do
projeto.
2. Ex: A cidade de São Paulo conta com XXX Km de vias públicas entre ruas,
avenidas, pontes, viadutos e túneis Manter essa rede viária extremamente
complexa em condições adequadas de circulação é um desfio permanente
enfrentado pela Prefeitura.
A frota circulante na cidade, que já atinge a marca de 6 milhões, recebe mais de
500 veículos novos por dia. Evidentemente, a malha viária da cidade não pode
acompanhar este ritmo de crescimento o que exige que se busque outras iniciativas
que possam contribuir para minimizar o problema do congestionamento crônico que
sufoca a cidade.
Uma das inúmeras causas que concorrem para o agravamento das condições de
circulação na cidade é o aparecimento diário de buracos que surgem diariamente
numa escala acelerada...........(continua)
Diante do exposto, é recomendável que seja revista a estratégia de “administração”
dos buracos nas vias públicas.... (continua)
4. Árvore de problemas e árvore de objetivos
A árvore de problemas e a árvore de objetivos são instrumentos de analise que
permitem avaliar com mais consistência o alcance das medidas propostas
A árvore de problemas ajuda na identificação mais correta do problema central que se
pretende atacar através da especificação das suas causas e conseqüências. A árvore
de objetivos é um instrumento importante para a definição da natureza da ação a ser
empreendida na medida em que correlaciona os problemas identificados com as
ações possíveis de serem desenvolvidas para equacioná-los.
A utilização destes instrumentos não é obrigatória mas altamente recomendável uma
vez que, quase sempre, fornece pistas valiosas para a seleção final do projeto a ser
desenvolvido.
Ex: Problema Central – quantidade crescente de buracos nas vias públicas
(prejudicando o fluxo de veículos)
Árvore de Problemas:
Causas – pouca agilidade dos órgãos responsáveis, influência das chuvas,
ineficiência dos processos de informação (sobre a ocorrência de buracos), baixa
participação da população, etc.......
Conseqüências – falta de controle sobre o problema, aumento do número de
buracos, etc..
Árvore de Objetivos:
Meios – agilização do sistema de identificação e correção de ocorrências,
incentivo à participação da população, etc......
Fins – maior rapidez na eliminação de buracos, informações atualizadas,
etc.......
(Obs: No documento de projeto deve-se utilizar a representação gráfica das árvores
de problemas e de objetivos)
5. Seleção do projeto
Das árvores de problemas e de objetivos decorre a indicação de uma série de ações
que podem ser empreendidas tendo em vista contribuir para o equacionamento do
3. problema central que está sendo considerado. Muitas das ações apontadas pelas
árvores podem dar origem a projetos específicos a serem desenvolvidos.
Ex: Projeto – Realização de campanha de conscientização da população alvo
com relação à atenção materno-infantil.
− Objetivos: Conscientizar a população alvo para a importância dos cuidados a
serem tomados com relação às crianças no primeiro ano de vida.
− Resultados esperados: Crianças no primeiro ano de vida recebendo melhor
atenção dos pais no que se refere à saúde contribuindo para reduzir o índice
de mortalidade nesta faixa etária
− Metas: Atingir 60% da população alvo no primeiro ano de execução.
6. Detalhamento do projeto
Uma vez definidos o escopo e a área específica de intervenção pode-se avançar como
detalhamento do projeto. O detalhamento do projeto deve apontar os seus objetivos
específicos e as principais atividades a serem realizadas.
Ex: Projeto – Realização de campanha de motivação da população com relação à
atenção ao controle de buracos nas vias públicas.
Objetivos específicos:levar a população em geral a colaborar com a prefeitura no
sentido de melhor administrar os buracos nas vias públicas.
Implantar um sistema de recolha de informações, etc.
Atividades:. Definição de uma estratégia geral de condução do projeto
Capacitação do pessoal envolvido
Identificação de parcerias produtivas, etc
7. Cronograma executivo
O cronograma executivo aponta as principais atividades a serem realizadas e sua
distribuição ao longo do tempo. O cronograma executivo é um instrumento
fundamental para a execução do projeto. Permite visualizar de forma imediata as
tarefas a serem cumpridas, a época da realização de cada uma e a ordem de
execução que deve ser seguida.
O cronograma executivo é, ainda, um dos principais instrumentos de apoio para o
acompanhamento e monitoramento da execução do projeto e para a realização das
avaliações intermediárias e avaliação final.
Ex:
Meses
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Preparação da campanha de motivação
Capacitação do pessoal envolvido
Realização da campanha
.........(continua)
4. 8. Recursos necessários (orçamento)
A estimativa, o mais exata possível, dos recursos necessários para a execução do
projeto é aspecto fundamental para avaliar a sua condição de viabilidade. Os
principais itens de custos normalmente considerados para a orçamentação do projeto
são:
Despesas com pessoal: salários, diárias, encargos legais, etc
Despesas com materiais: material permanente, material de consumo, equipamentos,
veículos, etc.
Despesas com terceiros: contratação de pessoas avulsas ou empresas prestadoras de
serviços.
Outras despesas: despesas com comunicações, despesas com transportes, etc.
Ex: Projeto: Realização de campanha de conscientização
Estimativa orçamental (em Reais)
Especificação Unidade Custo unitário Quantidade Sub-Total
1-Recursos Humanos
− Coordenador homem/mês 3.000,00 12 36.000,00
− Técnico em trânsito homem/mês 2.500,00 18 45.000,00
− (etc.)
Sub Total RH X
2-Materiais
− Computador unidade 1200,00 4 4800,00
− Peças publicitárias unidade 3.000,00 4 12000,00
− (etc.)
Sub Total Materiais Y
3-Despesas com terceiros
− Elaboração de cartazes milheiro 300,00 5 1500,00
− Aluguel de sala mês 500,00 8 4000,00
− (etc.)
Sub Total Terceiros W
4-Outras despesas
Transportes mês 18,00 300 5.600,00
Comunicações mês 250,00 12 3000,00
(etc.)
Sub Total Outras Z
Desp.
TOTAL GERAL R
Obs: O quadro acima é apenas um dos vários modelos que podem ser utilizados. Alguns organismos adotam um
formulário padrão que deve ser seguido.
9. Fontes de financiamento – origem dos recursos
A identificação e mobilização das possíveis fontes de financiamento para suportar os
custos do projeto é condição básica para a sua realização. Via de regra existem
diversas alternativas que podem ser exploradas para financiar o projeto: recursos
próprios, recursos de programas governamentais de áreas afins, participação de
ONGs, recursos de agências internacionais, etc.
Ex:Recursos próprios da prefeitura, recursos de programas estaduais, parcerias,
etc.
5. 10. Stakeholders
“Stakeholders” são todas as pessoas, grupos sociais e organismos públicos ou
privados que, de alguma forma, influem na execução do projeto e/ou por ele são
influenciados.
A importância de “mapear” os stakeholders é permitir que sejam identificadas as
necessidades e expectativas de cada um dos públicos específicos com relação ao
projeto e, em função disto, estabelecer estratégias que possibilitem canalizar,
positivamente, o envolvimento destes atores em benefício do projeto.
Ex: População em geral, empresas de transportes, construtoras, associações de
bairros, lideranças locais, associações profissionais, escolas, classe política,
imprensa, etc.
11. Monitoramento do projeto
Monitoramento é o acompanhamento permanente da execução do projeto tendo como
pontos de referências os objetivos e metas para ele estabelecidos. O monitoramento
permite a identificação oportuna de possíveis desvios que venham a ocorrer no
desenvolvimento do projeto possibilitando, desta forma, que sejam tomadas as
medidas corretivas necessárias.
O documento de projeto deve prever o método de monitoramento e os indicadores
(instrumentos de medidas) a serem utilizados na sua concretização.
Ex: Reuniões mensais de coordenação, reuniões periódicas com os principais atores
envolvidos no projeto, levantamento de opiniões junto ao público, etc.
12. Indicadores de execução e formas de verificação
Os indicadores de execução constituem os instrumentos de medidas que permitem
avaliar, a cada momento, se o projeto está sendo executado de acordo com o previsto
e se está caminhando na direção correta para atingir os objetivos esperados. Deve-se
selecionar indicadores que estejam diretamente relacionado com os objetivos do
projeto e que sejam de fácil obtenção, mensuração e análise. Para tal, é necessário
prever de que forma os dados necessários para a construção dos indicadores serão
obtidos.
Ex: Indicadores:
− nº de buracos eliminados por período considerado
− nº de buracos novos identificados por período considerado
− redução da extensão dos congestionamentos, etc
Formas de verificação:
− registro de obras realizadas,
− informações encaminhadas à prefeitura
− dados sobre a extensão dos congestionamentos , etc.