1) A produção industrial do Pará registrou queda de 8,6% no segundo trimestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, influenciada pela desaceleração do comércio exterior.
2) Os setores mais afetados foram minerais não-metálicos (-38,6%), madeira (-28,9%), alimentos (-16,1%) e indústria extrativa (-16%).
3) A indústria de minerais não-metálicos teve forte queda no mês de junho (-47,7%), contribuindo para o ma
1. ISSN - 1984-9435
Volume 2 Número 2 Abr./Jun. - 2009
Artigo: CONEXÕES INTERATIVAS ENTRE
UNIVERSIDADES E INSTITUTOS DE
PESQUISA COM EMPRESAS NA AMAZÔNIA
3. Governo do Estado do Pará
Ana Julia Carepa
Vice-governador
Odair Santos Correa
Instituto de Desenvolvimento Econômico,
Social e Ambiental do Pará - Idesp
Presidente do Idesp
Peter Mann Toledo
Diretoria de Planejamento, Administração e Finanças
Sérgio de Mello Alves
Diretoria de Estudos e Pesquisa
Socioeconômica e Analise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretoria de Estatística Tecnologia e Gestão da
Informação
José Tarcísio Alves Ribeiro
Diretoria de Pesquisa e Estudos
Jonas Bastos da Veiga
4. Volume 2 Número 2 Abr./Jun. - 2009
ISSN - 1984-9435
Pa. Conj. Belém v. 2 n.2 p.1-39 Abr/Jun. 2009
5. E xpediente
Diretoria de Estudos e Pesquisa
Socioeconômica e Analise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Núcleo de Análise de Conjuntura
Silvia Ferreira Nunes
Equipe Técnica
Anaiza da Silva Pimentel, Lívia Maria de Araújo Cavalcante, Maria Augusta Esteves
Perreira, Silvia Ferreira Nunes
Comissão Editorial
Ana Rosa dos Santos Rodrigues da Silva
Francisco José Câmara de Figueirêdo
Jonas Bastos da Veiga
José Tarcísio Alves Ribeiro
Sérgio de Mello Alves
Silvia Ferreira Nunes
Editor
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diagramação
Daivson de Souza Belém
José Ferreira da Rocha
Silvia Ferreira Nunes
Expediente
Ana Rosa dos Santos Rodrigues da Silva – Normalização
Helane Costa Galvão – Revisão Gramatical
Pará Conjuntura , 2009. – Belém: IDESP, 2009, v.2, n.2, p.1- 39
Trimestral
ISSN – 1984-9435
1.Conjuntura Econômica .2.Inflação.3.Indústria.4.Comércio.5.Agroindústria.6.Mercado de
Trabalho.7.Comércio Exterior.8.Políticas Habitacionais .9.Pará (Estado).10.Amazônia
Brasileira.I.Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará.
CDD:338.909815
6. A Revista Pará Conjuntura, produzida e editada pelo Idesp – Instituto de
Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, é uma publicação
trimestral a partir de 2008.
Voltada para a área de economia é uma revista com linguagem dinâmica
que inclui artigos sobre conjuntura, planejamento e meio ambiente, onde o objetivo
é identificar e analisar as transformações nas relações de produção industrial,
agropecuária, comercial e comércio internacional, além do fenômeno inflacionário e
mercado de trabalho do estado.
Em nossas análises buscamos identificar elementos críticos que se
constituem em condições que expliquem ou influenciem a dinâmica dessas
atividades e/ou indicadores. Para tanto, convidamos pesquisadores que nos ajudem,
a partir de artigos e entrevistas, refletir sobre tais eventos.
Refletir sobre acontecimentos subsidiados de elementos conjunturais e
atuais, permite analisar trajetórias que vão sendo formadas no tempo e constituindo
histórias da população paraense. Neste sentido, temos a expectativa que esta
publicação seja um instrumento útil aos leitores, aliado a facilidade de consulta e à
fidedignidade dos dados apresentados.
7. Pará Conjuntura
V. 2 N. 2 abr/jun. 2009 ISSN 1984-9435
http://www.idesp.pa.gov.br
Nesta Edição
Análise Conjuntural
Inflação 8
Indústria 10
Comércio 14
Agropecuária 17
Mercado de Trabalho 22
Balança Comercial 27
Leia ainda 31
Artigo: CONEXÕES INTERATIVAS ENTRE UNIVERSIDADES E INSTITUTOS
DE PESQUISA COM EMPRESAS NA AMAZÔNIA
8. INFLAÇÃO
de juros cobradas ao consumidor ainda e as
O Índice de Preço ao Consumidor – IPC - da Região dificuldades de realizações de vendas, em função da
Metropolitana de Belém - RMB, registrou no segundo indisponibilidade de renda do belenense, causando
trimestre de 2009 a taxa de 1,18%. A redução em relação ao limitações na demanda.
segundo trimestre de 2008 foi de 3,78%, quando alcançou
5,15%. Um dos principais fatores que explica a taxa
2008 2009 trimestral de 1,18 %, ser inferior em relação ao
5 ,5 0 % segundo trimestre de 2008 , foi o grupo
5 ,0 0 %
4 ,5 0 %
ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS, que registrou taxa de
4 ,0 0 % 0,66 %, sendo o responsável pelo recuo, pois os
3 ,5 0 % alimentos são os que mais pesam no orçamento da
3 ,0 0 % população que se encontra na classe de renda entre
2 ,5 0 % um e oito salários mínimos. O impacto na taxa do
2 ,0 0 % 1 ,6 0 % 1 ,9 0 % 1 ,5 6 %
1 ,5 0 % grupo Alimentação e Bebidas em relação ao
1 ,0 0 % 0 ,6 9 % trimestre de 2008 (7,85 %) está relacionado ao
0 ,2 2 % 0 ,2 7 %
0 ,5 0 % declínio da atividade econômica e, como
0 ,0 0 % consequência, a redução na renda e nos efeitos da
A br M ai Jun política monetária que inibe o consumo, afetando
Fig. 1 Índice de Preço ao Consumidor – IPC Taxa mensal principalmente o consumidor belenense da RMB.
da Inflação no segundo trimestre de 2009 na Região
Metropolitana de Belém – RMB para as famílias com Apesar da taxa da inflação ter sido inferior no
rendimento mensal entre 1 e 8 salários mínimos trimestre (1,18 %), o índice ainda é elevado, pois na
Fonte: SEPOF/DIPLAN/GERIN análise desagregada ocorreu expressivo aumento,
principalmente no que se refere ao grupo SAÚDE E
A redução no incremento do preço médio no
CUIDADOS PESSOAIS (4,86 %), em função dos
trimestre significa que os produtos de grande peso, na
aumentos nos preços dos medicamentos (8,52 %),
estrutura de consumo do IPC , foram registrados abaixo do
concedido pela Câmara de Regulação de
mercado. Essa diferença expressa a melhor acomodação
Medicamentos (CMED). Esses aumentos não
dos preços verificados no trimestre em análise. Vale
representam tendência ascendente porque é
ressaltar que esta diferença, também, está relacionada à
somente do Setor Medicamentos, sem reflexo de
taxa de câmbio; a redução da taxa SELIC – taxa de juro de
alta generalizada. Outro aumento pontual, mas que
curto prazo, praticado pelo Banco Central, nas suas
relações com o mercado e que define a s demais taxas
8
9. INFLAÇÃO
afetou consideravelmente a taxa trimestral do grupo
DESPESAS E SERVIÇOS PESSOAIS (4,15 %), foi o cigarro
(22,64 %), em decorrência do aumento do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI). É importante salientar que o
reajuste não refletiu no restante da cadeia produtiva, tendo
ficado restrito somente a este Grupo. Outros itens deste
Grupo, que também, ao longo deste trimestre continuaram
registrar taxas bastantes elevadas foram: boate,
danceterias e discotecas (20,5 %), ingresso de
futebol(12,50 %), funeral (18,98 %), manicure e pedicure
(11,02 %).
Os Grupos de comportamento de taxas
ascendentes no trimestre como, COMUNICAÇÃO (1,30 %),
HABITAÇÃO (0,20 %), TRANSPORTE (0,83 %) e EDUCAÇÃO
(0,67 %) e os itens que mais impactaram e ao mesmo tempo
foram atenuados pelas taxas constantes no segundo
trimestre como, os bens administrados: água/luz/telefone,
mensalidades escolares as passagens de ônibus urbano,
intermunicipal e interestadual e ainda, a taxa negativa no
subitem Combustível para Veículo que no trimestre
registrou taxa negativa de (0,57 %), fizeram com que as
taxas chegassem a estes patamares no trimestre/2009.
A desaceleração nas taxas dos produtos nos grupos
VESTUÁRIO (-0,88 %) e MÓVEIS E EQUIPAMENTOS
DOMÉSTICOS (-0,97 %), são reflexos que o comércio vem
amargando com a cautela do consumidor ao ir as compras,
apesar de todas as facilidades apresentadas nas promoções
e pela redução nos impostos, principalmente nos preços
dos Eletrodomésticos que no trimestre registrou taxa
negativa de 4,60 %.
Fig. 2. Índice de Preço ao Consumidor (IPC) na Região
Metropolitana de Belém (RMB).
Fonte: MDIC
Elaboração: Idesp
9
10. INDÚSTRIA
A produção industrial do Estado do Pará, no segundo trimestre de 2009, voltou a registrar queda de -8,6 %,
em relação à igual período do ano anterior, quando a margem de crescimento foi de 4,3 %.
A desaceleração registrada no período refletiu nos impactos causados sobre o comércio de bens com o
exterior, tendo como principais produtos de comercialização as commodities metalicas, base da economia extrativa
do Estado e da indústria em maior dimensão, cuja estrutura mostra-se mais dependente do mercado externo, e ao
ritmo da atividade econômica internacional, se constituindo no maior demandante desses produtos.
Segundo dados divulgados na Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) o maior recuo ocorreu no mês de maio, registrando queda de -14,06 %, sendo este
o pior resultado da série iniciada em janeiro de 2009.
O desempenho negativo do mês de maio esteve associado às maiores retrações ocorridas na indústria de
minerais não-metálicos (-45,9 %), indústria madeireira (-32,8 %) e indústria extrativa (-23,8 %), contribuindo
negativamente para a formação da taxa geral da industrial no trimestre.
Fig. 1. Variação da produção física indústrial – Pará – 2º
trimestre de 2009
Fonte: IBGEElaboração: Idesp
Elaboração: Idesp.
Considerando o intervalo de abril a junho de 2009, a retração ocorrida neste período traduziu-se em
reduções nas seguintes atividades industriais: minerais-não-metálicos (-38,6 %), madeira (-28,9 %), alimentos e
bebidas (-16,1 %), indústria extrativa (-16 %), celulose, papel e produtos de papel (-12,5 %) e indústria de
transformação (-1,9 %) conforme listado na Tabela 1.
10
11. INDÚSTRIA
Tabela 1 - Produção física industrial por atividade Acumulado trimestral
– Pará 2009.
A t iv id a d e s in d u st ria is 2º t rim est re
20 0 8 20 0 9
I n d ú st ria g era l 4, 3 -8 ,6
I n d ú st ria ext ra t iva 6, 4 -1 6, 0
I n d ú st ria de tra n s fo rm a çã o 2, 6 -1 ,9
A lim en t o s e b e b id a s 3, 9 -1 6, 1
M a d e ira -2 3, 3 -2 8, 9
C e lu lo se , p a p el e p ro d u to s d e p a p el 28 ,5 -1 2, 5
M in era is n ã o -m e tá lico s 11 ,8 -3 8, 6
M e ta lu rg ia b á sica 4, 1 18 ,6
Fonte: IBGE
Elaboração: Idesp
A indústria de minerais não-metálicos, um dos A pequena atenção dada a este setor mineral
setores mais atingidos pela desaceleração da atividade se reflete na dificuldade de se conseguir dados, além
produtiva neste trimestre, acentuou a queda no nível de disso, uma parte da produção dos bens minerais não-
produção principalmente no mês de junho (-47,7 %), em metálicos, como a areia para construção civil é
comparação com mesmo mês do ano anterior, quando a produzida e consumida localmente ou de forma
produção havia registrado crescimento de 22,6 %. informal, dificultando ainda mais a obtenção das
informações.
A importância dos minerais não-metálicos para a
economia é evidenciado pelo seu emprego no processo Outro setor responsável pela queda na taxa
produtivo, utilizado como matérias-primas para média acumulada foi a indústria madeireira, de
construção (areia, cascalho, brita) podem ser acordo com os dados do IBGE. A atividade apresentou
empregadas diretamente, sem industrialização; ou recuo de 28,9 %, em relação ao mesmo período
industrializados, como calcário e argila, usados em correspondente a 2008 (-23,3 %). Este
cimento; e minerais industriais. comportamento descendente persiste desde 2007,
acentuando sua queda em 2008, marcado pelo inicio
A queda do ritmo da indústria da construção civil das operações de fiscalização das atividades ilegais na
também provoca reflexos sobre a indústria de minerais região, iniciativa do governo Estadual com apoio da
não-metálicos, pois estes fornecem parte da materia- polícia federal.
prima necessária para o processo produtivo. O efeito
dominó sobre a cadeia produtiva vem se confirmando A indústria madeireira foi apontada como uma
através da queda dos níveis de produção dessas das maiores causadores do desmatamento, entre as
atividades, além disso se refletindo nos custos mais atividades que provocam a ocorrência deste evento.
baixos dos materiais no 2° trimestre de 2009. No entanto, a madeira continua sendo a matéria-
prima utilizada para diversas atividades e dos vários
Segundo o boletim econômico, publicado em insumos usados pela indústria da construção, a
maio de 2009 pelo Sindicato da Indústria da Construção madeira é um dos poucos renováveis.
Civil do Estado do Pará (Sinduscon-PA), o custo unitário
básico (CUB) para construção registrou deflação de 0,64 Apesar da existência da exploração ilegal da
%, em relação ao mês de abril. madeira, há alternativas viáveis para explorar o
recurso com menor impacto ambiental, como o caso
O principal fator responsável pela queda dos das áreas do manejo florestal, que permite a
custos da construção foi o grupo materiais e exploração sustentável.
equipamentos, correspondendo à variação de -1,09 %,
em relação o mês de abril. Dentre os materiais com A produção da indústria de alimentos e
maior influência neste resultado, obteve destaque a bebidas também desacelerou, situando-se à margem
areia média, passando de 4,81 % para 2,75 %, e aqueles de -16,1 % no segundo trimestre, em comparação com
apontados com de menor influência, sobressaiu-se a igual período de 2008 (3,9 %). O desempenho do setor
brita, de 5,40 % para 1,66 %.
11
12. INDÚSTRIA
esteve associado ao comportamento do consumidor frente ao cenário econômico atual, o qual tem reagido com
cautela diante do desaquecimento ocorrido no mercado de trabalho, sobretudo no primeiro trimestre, a atividade
absorveu parte desse movimento, gerando enfraquecimento da desta, refletindo na queda dos preços desses
produtos.
Outro importante setor da atividade industrial na economia do Estado foi a indústria extrativa, cujo maior
volume da produção mineral, considerando todos estados da Amazônia, se concentra no Estado do Pará, onde
apresenta maior variedade de substâncias exploradas e comercializadas. É também o maior exportador de
produtos metálicos, principalmente de minério de ferro.
No entanto, o resultado negativo observado na indústria extrativa (-16 %) evidenciou a retração na demanda
externa por commodities metálicas, que em maio (-23,8 %) de 2009 acentuou seu recuo, permanecendo com
trajetória decrescente durante todo período da análise.
Como consequência da desaceleração produzida na atividade, a partir do primeiro trimestre os
investimentos previstos para projetos no Estado passaram por alterações.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o total dos investimentos para 2009-
2013 ficaram em torno de US$ 23 bilhões, decorrente do novo cenário econômico delineado em função da crise
mundial, quando o nível de atividade reduziu consideravelmente (Tabela 2).
Tabela 2 – Previsão de Investimento
Fonte: IBRAM
A mineração é parte importante dentro da economia dos municípios selecionados, contatando-se que em
alguns desses a compensação financeira pela exploração de recursos minerais (CFEM) é mais importante do que em
outros. No Pará, os três primeiros municípios arrecadadores estão localizados na região de Carajás, com destaque
para Parauapebas (ferro/manganês), Oriximiná (bauxita) e Canaã dos Carajás (cobre).
O processo de retração da indústria de transformação segue incorporando os impactos experimentados
pela produção industrial regional. Neste sentido, a taxa negativa de 1,9 % no segundo trimestre de 2009 representa
uma reversão na trajetória de crescimento que vinha se mantendo até o mês de abril, quando a taxa de crescimento
havia atingido 0,8 %.
A única atividade industrial que contribuiu, positivamente, foi a metalurgia básica, este setor mostrou-se
expansivo com aumentos sequenciais entre janeiro a junho de 2009. Quando comparada à média alcançada no
mesmo período do ano anterior, observa-se uma ampliação do crescimento, passando de 4,1 %; no segundo
trimestre de 2008; para 18,6 % no segundo trimestre de 2009.
12
13. INDÚSTRIA
O desempenho da indústria também esta refletido na diminuição do mercado de trabalho e na
relacionada à predominância na produção de ferro-gusa massa salarial.
e de ferro-liga , segmento relativamente forte, pelo
baixo preço do aço constituindo como fator de D e nt re o s t reze e sta d o s b ra s i l e i ro s
competitividade, justificado pela abundância de minério pesquisados, o Pará ficou situado na quinta posição no
de ferro na região. ranking das unidades da federação, com menor queda
na produção industrial no primeiro trimestre de 2009,
No Pará a produção industrial tem apresentado, acima da média nacional (-12,4 %), perdendo para o
de modo geral, forte retração. Este comportamento Estado de Pernambuco, -6,5 %; Ceará, -6,1 %; Rio de
mostra-se pertinente com a desaceleração da atividade Janeiro -5,6 % e Goiás -2,6 %.
produtiva nacional. Entretanto, as expectativas para
melhorar da confiança do setor e aumento dos níveis de
produção têm apresentado relativo aumento.
Fig. 2. Índice de Confiança do Empresário Industrial.
Fonte: CNI
Elaboração: Idesp
Diante da ausência de indicadores diretos sobre a
formação de expectativas da indústria do Estado, deve ser
considerado como parâmetro o índice de confiança do
empresário industrial, calculado pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI). Segundo a pesquisa do CNI, os
empresários estão mais otimistas perante o futuro. Fig. 3. Ranking da produção física industrial, segundo
Brasil e unidades da federação – 2° trimestre de 2009
Tanto o índice de condições atuais, como o índice Fonte: IBGE
Elaboração: Idesp
geral, avançaram no mês de julho (47,20 e 58,20 pontos),
em relação aos meses anteriores, estão apontando para a
recuperação, tornando as perspectivas da produção mais
favoráveis. Fatores como expansão da demanda interna e
políticas governamentais de incentivo a produção,
ajudaram a explicar parte desse movimento em direção ao
retorno da confiança do setor industrial, estimulando os
gastos com investimentos na produção.
A avaliação do desempenho da produção industrial
por unidades da federação, realizada pelo IBGE, mostra
que o Estado do Pará acompanha a tendência nacional, ou
seja, todos estados brasileiros encontram-se em situações
similares. Passaram a apresentar resultados negativos,
confirmando o encolhimento no nível de atividade,
13
14. COMÉRCIO
As vendas do comércio varejista no Estado do Pará
registraram, no segundo trimestre de 2009, variação
negativa em relação a igual período do ano anterior.
Segundo os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC),
do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÍstica (IBGE), a
variação média acumulada no trimestre foi de -0,10 % para
o volume de vendas e de 5,91 % para a receita nominal de
vendas, ambas as foram inferiores as médias estabelecidas
no varejo, em relação a igual período de 2008.
Fig. 1. Variação acumulada trimestral do volume de
Na passagem do primeiro trimestre para o segundo de vendas do comércio varejista – Pará – 2009
2009, observa-se um menor encolhimento do volume de Fonte: IBGE
vendas, apesar dos dois períodos apresentarem taxas Elaboração: Idesp
negativas. Conforme demostrado na figura a seguir, a
variação negativa no primeiro trimestre foi mais intensa, No mês de maio, as vendas do varejo
correspodendo ao declínio de -2,86 % no volume de voltaram a cair, a taxa de variação registrada de -
vendas e 2,99 % para a receita nominal de vendas, dentre 0,68 % expressam a desaceleração no ritmo de
os principais fatores explicativos do desempenho do setor, crescimento das vendas após o tímido aumento do
destacam-se os efeitos da crise econômica sobre as mês de abril, exercendo maior impacto na formação
condições de crédito. Situação inversa do comportamento da variação média do trimestre. Em termos de
observado em 2008, quando o primeiro trimestre (9,01 %) receita nominal, a desaceleração no faturamento
obteve melhor desempenho em relação ao trimestre acompanhou as reduções nas vendas do comércio
imediatamente posterior (0,51 %), ainda que positivo, as varejista, resultando em menor volume.
taxas refletiram na diminuição do ritmo de atividade,
reforçando a inversão de tendência do setor no período As medidas anunciadas pelo governo para
analisado (Figura 1). redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), para garantir a manutenção
da demanda sobre estes produtos, não se traduziu
na elevação das vendas do segundo trimestre.
14
15. COMÉRCIO
O efeito dessa redução não foi imediato, mas já se Outro importante indicador sobre
percebe algumas mudanças, embora, o desempenho expectativa de consumo, que se relaciona ao
esperado para o mês de maio, período que é comemorado o comércio, é o índice de confiança do consumidor,
dia das mães, ficou abaixo das expectativas. medido pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI). Os dados revelam que em relação às
Na mesma base de comparação, o mês de junho
expectativas futuras sobre a economia, os números
proporcionou o melhor resultado do trimestre, favorecendo
apresentados apontam para um cenário favorável à
o crescimento de 0,82 % no volume de vendas em relação a
junho de 2008 (-0,76 %). intenção de consumo.
Tanto a avaliação das condições econômicas
atuais como o índice geral, o mês de junho
apresentou melhora em relação ao mês de maio,
alcançando 125,74 e 134,54 pontos
respectivamente, números que expressam
expansão em relação o nível registrado desde o mês
de fevereiro de 2009 (128,79 e 132,86 pontos).
Fig. 2. Variação mensal do volume de vendas do comércio
varejista – Pará – 2° trimestre de 2009
Fonte: IBGE
Elaboração: Idesp
Neste cenário, estes resultados mostram que o
nível de atividade esteve condicionado, em parte, pela
melhora gradativa do mercado de crédito, causado pela Fig. 3. Índice de confiança do consumidor.
Fonte: CNI
queda na taxa de juros. A justificativa para diminuição da Elaboração: Idesp
taxa de juros situa-se no descompasso entre a oferta e a *Média ponderada dos dois índices e seu valor varia de 0
demanda de produtos e serviços, isto tem gerado uma (péssimo absoluto) e 200 (ótimo absoluto).
expectativa de elevação da inflação.
A avaliação regional do comércio varejista, no
Em contrapartida, a apreciação cambial deve segundo trimestre, revelou que o comportamento
controlar os preços dos produtos dependentes de das vendas do varejo no Pará apresentou um dos
insumos importados, ajudando a reduzir o custo da menores resultados em relação aos demais estados
produção e aumentar a capacidade produtiva para brasileiros, conseqüência da desaceleração
atender a demanda. experimentada pelos diversos setores da economia
brasileiros, conseqüência da desaceleração
Quando analisada a ampliação da oferta de experimentada pelos diversos setores da economia.
crédito pelos bancos, este representa um fator relevante
para o aquecimento das vendas, pois o aumento do Como efeito imediato, pôde-se observar que
crédito e a manutenção da renda, conjugada com a no primeiro trimestre a diminuição dos investimentos
facilidade de financiamento, devem continuar e a deteriorização de crédito foram mais intensos.
impulsionando a atividade econômica no Estado. Com Posteriormente, durante o segundo trimestre, estas
taxas de juros menores, a tendência é que um maior importantes variáveis econômicas têm invertido
número de pessoas adquira empréstimos junto aos suas trajetórias descendentes, fundamental para a
bancos.
15
16. COMÉRCIO
manutenção das taxas de crescimento das vendas do
varejo, tornando consumidores mais otimistas quanto à
expectativa de renda e otimista em relação à intenção de
consumo.
O resultado negativo observado no Estado tem
refletido o esforço na retomada do ritmo de vendas da
atividade comercial, cujo empenho é observado no
ranking da variação média do volume de vendas dos
estados. Entre as 27 unidades da federação, o Pará ocupa
o
o 23 lugar, ficando situado abaixo da média nacional, com
variação média de 5,21 % nas vendas do varejo e à frente
dos estados do Tocantins, com -0,19 %; Acre, -1,04 %;
Distrito Federal, -1,75 % e Espírito Santo, -3,90 %.
Fig. 4 – Ranking média do volume de vendas, segundo Brasil e
unidades da federação-2° trimestre de 2009
Fonte: IBGE
Elaboração: Idespabsoluto) e 200 (ótimo absoluto).
16
17. AGROPECUÁRIA
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola Pelo segundo trimestre consecutivo de 2009, a
(LSPA) de junho de 2009, realizado pelo Instituto Brasileiro cultura do guaraná obteve a maior variação na
de Geografia e Estatística (IBGE), destaca importantes produção, dentre todas as culturas analisadas pela
culturas da economia agrícola. Na Tabela 1 verificam-se os pesquisa conforme Tabela 1. O aumento da produção
produtos analisados pela pesquisa para o Estado do Pará, e (42,11 %) esteve aliado à expansão da área plantada e
as culturas que apresentaram maiores taxas de variação colhida em 41,67 %, juntamente com um pequeno
positiva na produção, comparativamente ao mesmo incremento na produtividade de 0,19 %. A produção
período do ano anterior, foram o guaraná, a juta e a cana- d e g u a ra n á p a ra e n s e e s t á c o n c e n t ra d a ,
de-açúcar. Já as que apresentaram maiores taxas de predominantemente, nos municípios de Rurópolis e
variação negativa foram a banana, o milho, o café e o Altamira.
abacaxi.
A produção de juta no Estado compreendeu a
segunda maior variação na produção no segundo
Tabela 1 - Produção, Área Colhida e Produtividade dos trimestre de 2009 comparado com 2008. Nessa
principais produtos - Estado do Pará - junho de 2009 / ampliação da produção esteve associada
2008. principalmente ao aumento na área colhida, porém
houve pequena expansão na área plantada e redução
no rendimento médio da cultura. A produção de juta
no Pará está concentrada abacaxiregião de integração
do Baixo Amazonas, principalmente nos municípios de
Alenquer e Curuá. Comparando com as estimativas do
trimestre anterior, houve crescimento de 3,95 % na
produção, 13,51 % na área plantada e 0,39 % no
rendimento médio da cultura.
O cultivo de cana-de-açúcar registrou a
terceira maior expansão na produção no segundo
trimestre, comparando com mesmo período do ano
¹Produtos expressos em mil frutos. anterior. Essa variação positiva na produção foi devido
Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – LSPA, ao aumento na área colhida, pois, a ampliação da área
junho 2009. plantada foi em menor proporção e aconteceu nesse
Elaboração: Idesp. período retração no rendimento médio da cultura.
17
18. AGROPECUÁRIA
A produção de cana-de-açúcar no Pará está concentrada predominantemente, no município de Ulianópolis
localizada na região de integração do Rio Capim. Em relação ao 1º trimestre, ocorreu ampliação na produção de
21,59 %, na área plantada de 15,80 %, mas, a produtividade reduziu em 2,08 %.
Fig. 1 - Variação da Produção dos Principais Produtos - Pará 2º Trimestre
2009/2008.
¹Produtos expressos em mil frutos.
Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – LSPA, junho 2009.
Elaboração: Idesp.
Na Fig. 1 observa-se que a produção de banana, O café apresentou a terceira maior redução
dentre todas as culturas analisadas na pesquisa conduzida dentre as culturas pesquisadas. A retração na
pelo LSPA, foi a que obteve a maior redução na produção, produção no período deveu-se, principalmente, à
com variação negativa de -15,05 %, em relação ao ano diminuição da área plantada que representou recuo
anterior. Essa retração na produção esteve aliada à de (-18,20 %), já que a redução na área colhida foi
redução na área plantada (9,81 %), consequentemente, na apenas de (-3,21 %) e seu rendimento foi de 4,73 %.
mesma proporção na área colhida e no rendimento médio Em comparação com trimestre anterior registraram-
apresentou que recuo de -5,82 %. Em relação ao trimestre se reduções na área plantada (-17,43 %), na produção
passado houve redução nas estimativas da produção (- (-6,42 %) e na produtividade de (-4,38 %). A produção
10,05 %), da área plantada (-4,71 %) e na produtividade de café concentra-se principalmente nos municípios
média (-5,61 %). de Medicilândia e Uruará localizados na região de
integração do Xingu.
O milho obteve a segunda maior retração na
produção paraense, deveu-se tanto ao decréscimo na área Os produtos analisados no segundo trimestre
plantada (-7,92 %), na área colhida (-7,74 %) e no de 2009, em comparação com o ano anterior, os que
rendimento médio (-1,5 %). A produção de milho no apresentaram reduções na produção foram o abacaxi
Estado do Pará concentra-se nas regiões de integração do (-6,04 %) e a pimenta-do-reino (-1,23 %), devidas
Rio Capim nos municípios de Paragominas, Ulianópolis e diminuições tanto na área plantada, como na colhida,
Dom Eliseu; e do Baixo Amazonas nos municípios de aliadas à retração do rendimento médio das culturas.
Monte Alegre, Santarém e Belterra. Os dados do trimestre O arroz, o coco-da-baía e a laranja registraram quedas
anterior mostraram reduções, em relação ao período nas produções de (-0,4 %), (-0,36 %), (-0,2 %),
atual, de (-11,13 %) na produção, de (-5,97 %) na área respectivamente, aliados às diminuições tanto da
plantada e de (-5,49 %) no rendimento. área plantada como da colhida, mas com pequeno
aumento da produtividade.
18
19. AGROPECUÁRIA
A malva obteve aumento na produção de 4,41 % e no rendimento de 10,74 %, comparando com ano
anterior, porém, apresentou redução tanto na área plantada (-6,62 %) como na colhida (-5,69 %). A produção da
cultura tem grande expressão em duas regiões de integração, na do Rio Capim, nos municípios de Nova Esperança
do Piriá, Irituia, Capitão Poço e Garrafão do Norte; e na do Rio Caeté, nos municípios de Santa Luzia do Pará, Viseu e
Cachoeira do Piriá.
O cacau teve aumento na produção de 1,33 %, aliado ao crescimento de sua área plantada e de sua área
colhida, porém houve diminuição na produtividade da cultura. A produção de cacau concentra-se principalmente
no município de Medicilândia, localizado na região de integração do Xingu.
Com base nos dados do Boletim Regional do Banco Central do Brasil de julho de 2009, os indicadores da
produção de grãos da região deverão totalizar 3,7 milhões de toneladas em 2009, reduzindo-se 2,5% em
comparação 2008.
Analisando a produção de grãos no Pará, baseado em estimativa de junho/2009 do IBGE, observa-se
variação negativa (-4,30), em comparação ao mesmo período do ano passado (Tabela 2).
Tabela 2. Produção de grãos – Pará.
R$ milhões
Produção
Grãos
2008 2009¹ Var %
Arroz 292.355 291.199 -0,4
Feijão (2ª Safra) 49.908 50.243 0,67
Milho (1ª Safra) 622.414 565.484 -9,15
Soja 201.111 208.731 3,79
Total 1.165.788 1.115.657 -4,30
Fonte: IBGE
¹ Estimativa do LSPA junho de 2009.
Elaboração: idesp
As produções das culturas de soja (+3,79 %) e de feijão (+0,67 %) apresentaram aumentos, baseados na
expansão das áreas plantadas, das áreas colhidas, e na ascensão na produtividade da safra.
A maior produção no Pará, dentre todas as culturas, é compreendida pela produção de raiz de mandioca,
seguida das produções de cana-de-açúcar, milho e banana, como se pode observar na Fig. 2.
Fig. 2. Produção (t) dos principais produtos – Pará – 2º trimestre 2009.
(1) Produtos expressos em mil frutos
Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – LSPA, junho 2009.
Elaboração: Idesp.
19
20. AGROPECUÁRIA
O Pará é o maior produtor nacional de mandioca, sendo responsável, só no segundo trimestre de 2009, por
aproximadamente 5,0 milhões de toneladas de raiz. A produção do município de Acará é a que mais se destaca
tanto, em nível estadual como nacional, sendo detentora da maior parte da produção de raiz de mandioca do
Estado. A expansão da produção de mandioca (+3,48 %), em relação ao mesmo período de 2008, está aliada ao
aumento da área plantada (+2,2 %), da colhida (+3,25 %), juntamente, com crescimento da produtividade (+0,22
%) da cultura.
Os dados preliminares do IBGE de junho, sinalizavam para a safra nacional 2008/09, a produção de 26,640
milhões de toneladas, área a ser colhida de 1,891 milhão hectares de lavoura e rendimento médio de 14.059
quilos por hectare, representando aumentos de 1,59 % e 0,91 % e diminuição de 0,66 %, respectivamente, em
relação à safra passada.
O Estado do Pará lidera no ranking nacional na produção de raiz de mandioca, com participação de 18,2 %,
seguido pela Bahia, com 16,6 %, o Paraná, com 12,6 % e o Maranhão, com 6,7 %. Estes estados somam 54,1 % do
volume produzido do País.
Segundo pesquisa de abate e produção de animais, no Brasil, feita pelo IBGE, o segundo trimestre de 2009
em relação ao mesmo período de 2008 registrou pelo trimestre consecutivo queda de aproximadamente 10%. O
volume nacional de abate de bovinos (boi, vaca e novilho) alcançou 6.844.225 milhões de cabeças, mas, no ano
anterior o abate foi de 7.618.908 milhões.
No Estado do Pará, o volume de abate de bovinos apresenta mesma trajetória de diminuição do Brasil. A
variação negativa no abate de bovinos no Pará é de aproximadamente 7%, em comparação com mesmo período
do ano anterior. No segundo trimestre de 2008, o Estado alcançou um volume de 535.481 e, no mesmo período de
2009, foi de apenas 500.528 cabeças abatidas.
Tabela 3 - Abate de Animais, Produção de Leite, Couro e Ovos – Pará 2º Trimestre 2009.
¹Quantidade de leite cru ou resfriado adquirido em mil litros.
²Quantidade de ovos em mil dúzias.
³Quantidade de couro cru inteiro de bovino, por procedência; matadouro frigorífico, matadouro
municipal, intermediários (salgadores), outros curtumes e outras origens.
Fonte: IBGE – Pesquisa Trimestral de Abate de Animais – Resultados mensais.
Elaboração: Idesp.
20
21. AGROPECUÁRIA
Segundo dados da Tabela 3, apenas três produções de origem animal no Estado obtiveram variações
positivas de um ano para o outro. O aumento representativo na variação se deu no abate de novilhos, com expansão
de +14,81%, na produção de ovos, com variação de +2,61% e no abate de bovinos, com variação tímida de 0,40%.
As demais produções derivadas de animais no Pará analisadas pela pesquisa registraram variações
negativas. As produções que mais registraram diminuição foram a produção de couro, com recuo de -41,91% e o
abate de vacas que obteve retração de -15,94%.
O abate de bovino é a principal atividade pecuária no Estado, segundo dados do IBGE, o volume de abate no
segundo trimestre de 2008 caiu 11,39% e, em 2009, a redução foi de apenas 6,53%. Apesar da menor retração no
volume de abate no período analisado, a pecuária paraense se mantém no quinto lugar do ranking nacional.
Com base na Fig. 3, o Pará ocupa posição de destaque na pecuária de corte no segundo trimestre de 2009,
representando 38% do total. Em segundo lugar no ranking vem Rondônia, com 457.058 cabeças, representando um
total 35% dos abates.
Fig. 3 - Distribuição de Cabeças Abatidas Bovinas –
Região Norte 2º Trimestre 2009.
Fonte: IBGE – Pesquisa Trimestral de Abate de Animais – Resultados
Mensais.
Elaboração: Idesp.
Os Estados do Amapá, de Roraima e do Amazonas foram os que menos se destacam no abate na região no
período analisado. Juntos, estes estados somaram aproximadamente 3 % da oferta de bovinos abatidos.
Contudo, é importante destacar que no segundo trimestre de 2009, cerca de 70% dos estabelecimentos
que são fiscalizados pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF) registrados na Região Norte, houve redução no volume
de abates de bovinos, comparativamente ao período abril/junho 2008, destacam-se com maior variação negativa
os estados de Amapá (-19%), seguido de Acre e Roraima com recuo de 16% e o do Tocantins com retração de -10%.
O Boletim Regional do Banco Central do Brasil de julho de 2009 mostra que o desempenho da atividade
pecuária da região teve reflexos na decisão do Ministério Público Federal, com vistas a inibir a ampliação da
devastação de área para a criação de gado, em relação ao embargo da carne paraense originária de áreas
desmatadas.
21
22. MERCADO DE
TRABALHO
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério do O total de demissões no segundo foi inferior a 6.575
Trabalho e Emprego, com base em informações do empregos, mostrando recuperação nos registros de
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados carteira assinada.
(Caged), no segundo trimestre de 2009, entre admitidos
e desligados, o Brasil apresentou saldo positivo na O mês de abril atingiu o maior volume de
oferta de empregos formais de 357.257 postos. O maior desligamentos, com redução de 20.787 empregos e
volume de admissões ocorreu no último mês do menor volume de admissões (18.644), registrando
trimestre, com o volume de 1.356.349 empregos. também o maior saldo negativo (-2.143) do trimestre
avaliado.
O Estado do Pará encerrou o segundo trimestre
do ano com sado negativo de 1.768 postos. Apesar do Em maio registrou-se o maior volume de
saldo registrado no trimestre atual representar contratações (19.271) e o menor contingente de
retração, no trimestre anterior o recuo foi bem maior demissões (19.953) que o mês anterior, mostrando
como mostra a Fig. 1. melhora no mercado de trabalho, mesmo ainda
registrando saldo negativo de 682 postos, mas, em
proporções bem menores que o saldo registrado em
abril.
Já em junho, com o fechamento do trimestre,
constatou-se maior nível de admissões do período em
questão, com oferta de 21.326 empregos, porém,
registrou maior quantidade de desligamentos (20.269)
que maio. Junho foi o único mês do período avaliado, e
também do primeiro semestre de 2009, que apresenta
saldo o positivo de 1.057.
Fig. 1. Empregos formais no Pará - 2º trimestre Do mesmo modo, de acordo com pesquisa
2008/2009. realizada pelo Caged sobre seguro desemprego,
Fonte: MTE – Caged. atualizado em 25/07/2009 lote 1090, as evoluções no
Elaboração: Idesp.
Estado do Pará, no segundo trimestre de 2009, somam
O total de contratações no segundo um total de requerentes ao auxílio de 40.030 e o total de
trimestre foi superior ao do primeiro em 3.316 segurados de 38.709.
postos.
22
23. MERCADO DE
TRABALHO
O Estado do Pará representa 40,38 % das solicitações de seguro desemprego da Região. De abril/junho
houve redução nas solicitações do seguro, segundo a Fig. 2. Os números registrados de pedidos no segundo
trimestre foi em menor proporção que no período anterior que registrou volume de requerentes 46.485 e 45.154
segurados.
Fig. 2. Evolução do seguro-desemprego por requerentes.
Fonte: MTE Caged.
Elaboração: Idesp
Conforme a Tabela 1, o demonstrativo de emprego no Estado no segundo trimestre de 2009, entre as
admissões, o saldo que mais se destacou foi o de reemprego, com 42.382 postos, contrapondo as dispensas sem
justa causa que alcançaram 44.839 empregos neste mesmo período.
Tabela 1. Demonstrativo do emprego no primeiro trimestre 2009 – Pará.
Admissões Desligamentos
Primeiro Emprego
15.813 Dispensados Sem Justa Causa 44.839
Reemprego
42.382 Dispensados Por Justa Causa 780
Reintegração 40 A Pedido 8.493
Contrato Trabalho por
Aposentados
Prazo Determinado 1.006 97
Total de Admissões 59.241 Mortos 142
Transferência de Entrada 4.808 Término Contrato Trabalho 5.711
Término Contrato Trabalho
por Prazo Determinado 947
Variação Absoluta
-1.768 Total de Desligamentos 61.009
Transferência de Saída 4.532
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
23
24. MERCADO DE
TRABALHO
Os pedidos de demissões por razões Em seguida vem o Estado do Amazonas em
particulares pelo trabalhador, no qual o desligamento menores proporções, com saldo reduzido de 233
é imediato com solicitação de dispensa do postos. O saldo de emprego do Pará e do Amazonas
cumprimento de aviso prévio, no período em questão possui direções inversas dos demais estados da
foi de 8.493 pedidos. Fazendo comparação em igual Região.
período do ano anterior, que foi de 10.493 solicitações,
houve um recuo de 2.000 desligamentos nessa O Estado de Rondônia obteve destaque na
modalidade. região por apresentar saldo superior aos dos demais
estados, com oferta de 10.407 postos. A atividade que
Segundo Boletim Regional do Banco Central do mais empregou foi a de construção civil, com 7.822
Brasil, de julho de 2009, Região Norte, os indicadores trabalhos, representando 75,16 % do saldo do Estado.
de atividade seguem evidenciando a perda de As obras do PAC (Programa de Aceleração do
dinamismo experimentada pela economia da região Crescimento) do Governo Federal, com a construção
após a intensificação da crise mundial. Os impactos da de duas Hidrelétricas, a de Jirau e a de Santo Antonio,
crise financeira internacional vêm se estendendo por foram essenciais para a obtenção de registros
mais tempo no Norte do que em outras regiões do positivos de emprego em Rondônia.
país, evolução consistente com as características desta
economia, dependente, de forma acentuada, da Com base em pesquisa realizada pelo Caged,
demanda externa por commodities minerais. que mostra a evolução do emprego formal no
segundo trimestre de 2009, os dez primeiros
De abril/junho de 2009, a Região Norte, apesar municípios do Estado do Pará que apresentaram os
de ainda, apresentar sinais da crise instaurada desde melhores saldos na oferta de trabalho, são
setembro de 2008, obteve nos meses analisados discriminados na Fig. 4.
trajetória tímida de crescimento de 272 postos, os
setores da construção civil e do comércio obtiveram a
mesma quantidade de demissões,nos volumes de
admissões, abril ofertou 50.999 vagas de trabalho,
menor que maio (54.453) e junho (56.188). Esse
aumento nas admissões, refletiu no saldo registrado
na região, que fechou período com saldo acumulado
de 11.236 empregos, porém, se comparado ao igual
período do ano passado, a redução foi negativa (61,40
%).
O mercado de trabalho no Pará apresentou o
maior saldo negativo de emprego formal dentre os
estados da Região Norte como mostra Fig. 3.
Fig. 4. Município com melhores saldos de empregos
formais – Pará, 2º trimestre 2009.
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
O município de Parauapebas acumulou o
Fig. 3. Saldo de emprego da Região Norte - 2º trimestre melhor saldo com geração de 614 postos de trabalho.
2009. O setor de construção civil concentrou o maior volume
Fonte: MTE - Caged de oferta de emprego, seguido do setor de serviços.
Elaboração: Idesp
24
25. MERCADO DE
TRABALHO
O segundo maior saldo na geração de Dentre os municípios do Estado do Pará que
empregos, o município de Ulianópolis, ofertou no apresentaram desempenhos negativos no trimestre
período, 293 empregos formais. A atividade analisado, a maior redução aconteceu em Ourilândia
econômica de indústria de transformação foi a que do Norte, com recuo de 803 postos, a maior
mais acumulou postos nesse período. concentração de desligamentos ocorreu na atividade
de construção civil.
Dentro da região metropolitana de Belém,
compreendida pelos municípios de Ananindeua, Segundo Banco Central do Brasil, os
Barcarena, Belém, Benevides, Marituba e Santa indicadores de atividades seguem evidenciando a
Bárbara do Pará, apenas o município de Belém perda de dinamismo experimentada pela economia
aparece no ranking dos dez melhores saldos de da Região Norte após a intensificação da crise
empregos do Estado, no segundo trimestre. Belém mundial. Exerce desdobramentos negativos sobre o
posiciona-se na terceira colocação dos municípios mercado de trabalho e o comércio exterior da região.
paraenses, e as atividades que mais ofertaram vagas
foram as de serviço (9.791) e comércio (6.085). As atividades econômicas formais no Pará,
Barcarena obteve o pior desempenho da região segundo a Tabela 2, com base no segundo trimestre de
metropolitana, acumulando saldo negativo de 552 2009, todas apresentaram recuo na oferta de
empregos, todas as oito atividades econômicas do emprego comparando com o mesmo período do ano
município apresentaram saldos negativos ou nulos, as anterior. Demonstrando sinais ainda de crise
atividades que mais demitiram foram a da construção econômica.
civil e a da indústria de transformação.
Tabela 2. Empregos formais; admitidos, desligados e saldo, segundo as atividades
econômicas - Pará - 2º Trimestres 2008/2009.
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
A atividade econômica no Estado que mais reduziu emprego formal, foi a de serviços, mesmo apresentando
saldo positivo no trimestre analisado (646), a redução de um ano para o outro foi de 3.007 empregos.
A segunda maior retração em postos de trabalho aconteceu no setor da construção civil que apresentou
saldo de -593, apresentando com diminuição na oferta de empregos de 2.584 de 2008 para 2009. A desaceleração
do setor foi devida à conturbação financeira no mercado, provocando redução no ritmo de grandes obras no
Estado.
A indústria de transformação apresentou a terceira maior retração no emprego, fazendo comparação com
2008, obtendo um recuo de 2.208 postos. Registrou o maior saldo negativo do trimestre, dentre todas as atividades,
com -2.091 empregos.
Analisando apenas abril, maio e junho de 2009, em comparação com o mesmo período de 2008, o setor de
comércio apresentou redução de 1.646 postos, mesmo registrando saldo positivo no período de 2009. Com a
mesma base de comparação, o setor agropecuário eliminou 1.437 empregos e registra saldo atual de -410.
25
26. MERCADO DE
TRABALHO
Os setores de atividades econômicas de extrativa O pior desempenho dentre as atividades
mineral, serviços de utilidade pública e administração econômicas foi compreendido pelo setor de indústria
pública, no segundo trimestre do ano passado, de transformação, com 10.183 desligamentos.
registraram saldos positivos, mas nesse mesmo período Dentre os 12 subsetores de indústria 10 obtiveram
de 2009 houve recuo de 258, 34 e 2, respectivamente, de resultados negativos. Os subsetores que
postos formais. concentraram os maiores saldos negativos foram os
da indústria da madeira e do mobiliário (-1.494), o da
Segundo dados do Caged, analisando o segundo indústria de metalurgia (-448) e o da indústria de
trimestre de 2009, no Estado do Pará, dentre as oito produtos minerais não-metálicos (-430). Os
atividades econômica, cinco setores apresentaram municípios que mais incidiram desligamentos neste
desempenho positivo na oferta de postos de trabalho. setor foram os de Belém (1.278) e Marabá (1.002)
Com base na Fig. 5, a atividade de serviço
apresentou o maior saldo de empregos dentre todas,
obteve o segundo maior número de contratações no
Estado, com 16.497 postos. Os municípios que mais
admitiram foram Belém (9.791), Ananindeua (1.256) e
Parauapebas (1.044). O subsetor de serviços que mais
ofertou vagas formais foi o de alojamento e alimentação,
reparação e manutenção, pessoais, domiciliares,
diversões, radiodifusão, televisão, comunitários e sociais
que, somados, geram 6.877 admissões, contrapondo
com as 6.546 demissões, que também registraram os
maiores volumes de desligamentos dentre os subsetores
de serviços
Fig. 5. Saldo de empregos formais por atividades
econômicas - Pará 2º Trimestre 2009.
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
O setor de comércio obteve o segundo melhor
saldo na geração de trabalho, com 386 empregos.
Registrou a maior quantidade de contratações
(16.591), porém, obteve, também, o maior volume de
demissões (16.205) no trimestre analisado. Os
municípios que mais ofertaram vagas foram Belém
(6.085), Ananindeua (1.349) e Marabá (1.210). O
subsetor de comércio que mais se evidenciou no
trimestre foi o varejista, com 13.615 admissões.
26
27. BALANÇA
COMERCIAL
A balança comercial do Estado do Pará vem acompanhando o ritmo de desaceleração da economia
nacional e mundial, apresentando níveis mais baixos na atividade econômica, refletindo a queda da demanda
externa e a redução dos investimentos na atividade produtiva.
Os resultados das relações comerciais traduziram-se na diminuição do ritmo das exportações e, em menor
proporção das importações, tornando-se pertinentes com os decréscimos ocorridos na balança comercial.
Ressalta-se que, as novas condições do mercado financeiro internacional, associado ao comportamento do
mercado de câmbio, vêm gerando reflexos sobre a economia real, ou seja, as transações comerciais passaram por
reduções em valor, pela valorização da moeda nacional frente ao dólar e, também, pela diminuição de
investimentos estrangeiros, que tornam os produtos regionais menos competitivos no mercado internacional.
Dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que a balança comercial
paraense desacelerou, apresentando saldo de US$ 1,7 bilhão no segundo trimestre de 2009, menor do que o
resultado alcançado em igual período do ano anterior, quando a margem alcançada foi US$ 2,2 bilhões,
registrando contração de 20,86 % nas contas externas. Por outro lado, o resultado observado entre os dois
trimestres subsequente apontou para uma ligeira elevação 3 % (Fig. 1).
Fig. 1.Balança comercial paraense - 2° trimestre de 2009.
Fonte: MDIC
Elaboração: Idesp
27
28. BALANÇA
COMERCIAL
A corrente de comércio (exportação +
importação) assinalou decréscimo de 20,84 %, ou seja,
o fluxo de mercadoria registrado foi menor nas
relações comerciais externas, conduzido pelas quedas
nas exportações e importações.
O Estado do Pará possui grande participação na
balança comercial da Região Norte (US$ 737 milhões),
em especial, no saldo das vendas externas (US$ 2,4
bilhões) que representaram 80 % do total das
exportações e, em relação ao Brasil, respondeu por
5,07 % (Fig. 2). Comparativamente, as importações do
Estado apresentaram nível de participação de 11,38 %
do total das compras externas da Região (US$ 1,7 Fig. 3. Exportação paraense por fator agregado – 2°
bilhão). trimestre de 2009.
Fonte: MDIC
Elaboração: Idesp
No acumulado de janeiro a junho, o
desempenho das exportações esteve ligado à
expansão nas vendas de algumas categorias de
produtos, assinando aumentos, principalmente no
minério de ferro, 58,95 %; bovinos vivos 24,10 %;
carnes congeladas, 65%; e sucos de outras frutas,
76,72 %, na somatória representam 57,15 % no total
das vendas. Este último produto tem apresentado
aumento considerável no nível de produção, dada a
importância na economia local, passando a ser
contemplado pelos programas de incentivo do
governo Estadual, que vem fomentando a atividade
Fig. 2.Balança comercial do Pará, Região Norte e Brasil
relacionada à agricultura familiar, contribuindo para a
- 2° trimestre de 2009.
Fonte: MDIC dinamização da fruticultura paraense.
Elaboração: Idesp
Dentre as principais reduções, as mais
expressivas foram ocasionadas, em especial, nos
As vendas externas atingiram US$ 1,9 bilhão produtos minerais como o alumínio, -39,48 %;
entre os meses abril e junho, reduzindo-se em 20,85 % alumina, -13,86 %; ferro fundido bruto, -63,28 %;
em relação a igual período de 2008, quando o volume cobre, 56,28 %; caulim, 40,11 % e bauxita, 57,18 %.
negociado atingiu US$ 2,4 bilhões. Em comparação ao
trimestre imediatamente anterior, a comercialização Na análise das vendas externas, as maiores
dos produtos enfraqueceram em 2 %. quedas foram acompanhadas pela diminuição na
produção de setores indústriais vinculados a estes
A redução das exportações refletiu, sobretudo, produtos, acentuando-se as reduções nos seguintes
os recuos nas vendas dos produtos segmentos: indústria de minerarias não-metálicos,
s e m i m a n u fat u ra d o s ( U S $ 2 8 0 m i l h õ e s ) e indústria madeireira e indústria extrativa.
manufaturados (US$ 372 milhões), correspondendo
cada um pelo decréscimo de 59 % e 19 %, Na mesma base de comparação, as
respectivamente. Enquanto as vendas relacionadas importações somaram US$ 196 milhões, em relação
aos produtos básicos (US$ 1,3 bilhões), cuja ao mesmo período correspondente de 2008 (US$ 247
participação na pauta de exportação passou de 50 % milhões), com decréscimo de 20,75 %. Quando
para 54 % no total exportado, tiveram leve queda de 2 analisado em relação ao trimestre anterior, observa-se
% ocorrida no segundo trimestre de 2009, perante o um recuo ainda maior, registrando queda de 31 % (Fig.
mesmo trimestre do ano anterior (Fig.3). 4).
28
29. BALANÇA
COMERCIAL
Fig. 4. Participação das Importações paraenses por categoria de uso (%) –
janeiro a junho de 2009.
Fonte: MDIC
Elaboração: Idesp
A diminuição no ritmo de crescimento das compras externas foi determinada pela redução de alguns
produtos pertencentes à classe de bens intermediários, destacando o segmento de peças e acessórios de
equipamentos de transporte que obteve queda de 44,66 % no período. Assinaram aumentos nesta categoria, os
insumos industriais, que ampliaram sua participação de 38,95 % para 53,53 % das aquisições, com margem de
crescimento de 52 %.
As aquisições adicionais de insumos industriais evidenciam o empenho da indústria na manutenção dos
níveis de produção, no momento em que os insumos importados passaram a constituir um custo menor, com taxa
de câmbio mais barato.
A categoria de bens de capital permanece com grande participação no total das importações, configurando
a segunda maior representatividade com 36,58 %, sobressaindo os aumentos nos equipamentos de transporte de
uso industrial 8,68 %. As importações de bens de consumo retraíram 11,66 % no período, ressaltando as
diminuições nos itens bens duráveis, 26,53 %: e bens não-duráveis 6,9 %. Na mesma trajetória de queda, observa-se
a classe de produtos combustíveis e lubrificantes, com 63,54 %.
Constituiram-se como principais destinos das exportações paraenses, a China, com US$ 1,3 bilhão;
seguida do Japão, com US$ 425 milhões; e Estados Unidos, US$ 301 milhões (Fig. 5).
Fig.5. Principais destinos das exportações paraenses – janeiro a junho de 2009.
Fonte: MDIC
Elaboração: Idesp
29
30. ARTIGO
CONEXÕES INTERATIVAS ENTRE UNIVERSIDADES E INSTITUTOS DE
PESQUISA COM EMPRESAS NA AMAZÔNIA
LeandroAlmeida
Lívia Cavalcante
1. Introdução
A proposta deste trabalho é investigar os padrões de interação existentes entre ciência e tecnologia na
Amazônia, dado o atual estágio de desenvolvimento do país e o atual estágio de construção do Sistema Nacional de
Inovação brasileiro. Para isso, realiza uma análise sobre de que modo ocorrem as relações entre universidades e
empresas, baseado na teoria do sistema nacional de inovação. A interação entre universidades e empresas tem sido
de grande relevância, considerada como importante ferramenta na obtenção do desenvolvimento da capacidade
inovadora das empresas, na medida em que as universidades passaram ser importantes fontes de informação,
atuando na produção do conhecimento cientifico necessário para o processo produtivo, através dos grupos de
pesquisa que atuam nas universidades e interagem com empresas. A importância desses relacionamentos tem sido
freqüentemente discutida pela literatura da economia evolucionista, considerada crucial para o processo de
desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação.
O estudo revela a importância de dois Estados na região amazônica, uma das conclusões provisórias a que
se chegou dentro da pesquisa, mostra que os estados pesquisados possuem universidades importantes para a
pesquisa científica de âmbito regional, além de abrigar em seu território empresas de destaque nacional. De acordo
com os resultados preliminares, indicam que apesar do estado encontrar-se em um estágio muito insipiente e
abaixo da média nacional de produção tecnológica, em alguns setores produtivos e áreas do conhecimento a
interação parece gerar um resultado positivo entre a produção científica e tecnológica.
Além dessa introdução, o trabalho conta com mais seis capítulos. O segundo apresenta uma revisão
bibliográfica sobre sistema nacional de inovação e a contribuição dada por diversos autores. O terceiro aborda a
interação entre universidades e empresas no Brasil, o quarto apresenta a base de dados disponíveis sobre
universidades e empresas no Brasil, o quinto diz respeito à caracterização do Sistema de Inovação na Amazônia. A
parte da metodologia encontra-se no sexto capítulo e por fim os resultados da pesquisa estão no sétimo capítulo,
onde é realizada uma análise mais detalhada da interatividade entre universidades e empresas nos estados
analisados.
Mestre em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pará
Graduada em Ciências Econômicas – UFPA.
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31. ARTIGO
2. Principais Características daAbordagem de Sistemas Nacionais de Inovação
A expressão Sistema de Inovação surgiu nos anos 80 e se difundiu com trabalhos de FREEMAN (1987) e
NELSON (1987; 1988). A primeira publicação que utilizou este conceito já enfatizava a importância das ligações
entre empresas e instituições no desenvolvimento de novas tecnologias, assim como o seu caráter nacional
(FREEMAN, 1982)
A abordagem de Sistema Nacional de Inovação é uma ferramenta analítica que permite compreender os
processos de criação, uso e difusão do conhecimento e procura evidenciar o processo de inovação, a importância da
interação entre instituições de pesquisa e empresas, assim como o seu caráter nacional. Tendo em vista as principais
características do atual processo de produção e de acumulação, que se baseia na criatividade, na importância de
inovações radicais e incrementais complementares entre si, nas mudanças técnicas, e a importância do caráter
localizado da geração e difusão da inovação.
No caso dos países em desenvolvimento, as inovações adotadas correspondem a um processo de aquisição
e assimilação de tecnologias estrangeiras, já utilizadas com sucesso em outros países, além disso, essas
atividades vão muito além da mera aquisição, envolve um aprendizado através da utilização e do aperfeiçoamento de
tecnologia moderna já existente em economias industriais avançadas. A economia moderna está mais do que nunca
consciente da importância do conhecimento e do aprendizado. No campo dos estudos da inovação e das mudanças
tecnológicas.
NELSON e WINTER (2005) destacam que as universidades possuem papel importante em um Sistema
Nacional de Inovação, atuando como formadoras de cientistas e engenheiros e como fontes de conhecimentos
científicos e de pesquisas que fornecem técnicas úteis para o desenvolvimento tecnológico industrial. Como a
estrutura institucional difere entre os países, o papel das universidades, embora importante, varia de intensidade
(NELSON, 1988; FREEMAN, 1988) e sua influência pode ser potencializada de acordo com a base industrial de um
país ou região e com a relevância dos incentivos e fundos públicos para a pesquisa científica.
ALBUQUERQUE (2006) destaca as principais contribuições das instituições cientificas: instrumento de
focalização contribuindo para a identificação de oportunidades e de vinculação do país aos fluxos internacionais; a
ciência cumpre o papel de instrumento de apoio para o desenvolvimento industrial, fornecendo o conhecimento
necessário para a entrada em setores industriais estratégicos; serve como fonte para algumas soluções criativas que
dificilmente seriam obtidas fora do país.
A maior eficiência e desempenho da firma em relação aos avanços tecnológicos dependem de uma maior
motivação por parte das firmas para essas atividades e de uma infra-estrutura nacional de apoio à inovação. Nesse
sentido as universidades exercem um papel fundamental, de instrumento de apoio para o desenvolvimento
industrial, realizando contribuições importantes, como fonte de geração de conhecimento científico, necessário para
o desenvolvimento de novas tecnologias para as firmas.
É importante ressaltar que a capacidade de absorção, ou seja, a capacidade da firma em adquirir, da melhor
forma possível, o avanço das pesquisas científicas está relacionado aos investimentos internos em P&D. De acordo
com COHEN (2002), os gastos com P&D não estão apenas ligados ao processo de inovação e aperfeiçoamento de
produtos e processos, mas também contribuem para o aprendizado da firma, ou seja, para desenvolver a sua
capacidade de absorção.
Segundo CASSIOLATO E LASTRES (1998), os investimentos em P&D e capacitação técnica para
estimular a inovação e a difusão de tecnologias, além de inovações organizacionais e institucionais, podem conduzir
a economia para um crescimento sustentado, melhor dizendo, contínuo. Assim, cabe aos países e regiões, criarem
um ambiente institucional capaz de propiciar a capacitação técnica, a inovação, a difusão e a incorporação de novas
tecnologias.
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3. Universidades e Empresas no Brasil
As primeiras universidades brasileiras que conciliaram o ensino acadêmico com a pesquisa científica,
somente surgiram a partir da década de 60, primeiramente em Brasília com a Universidade de Brasília (UNB) e logo
em seguida em São Paulo com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Nesse período, os novos
programas de pós-graduação foram remodelados, visando elevar a qualidade de ensino nessas instituições. Nessa
década, também foram criados os primeiros institutos vinculados às universidades com o propósito de prestar
serviços ao governo e as firmas do setor produtivo.
Entre as firmas públicas com forte cunho tecnológico, cabe destacar a criação em 1969 da Empresa
Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), criada no
início da década de 70, responsáveis pelo desenvolvimento de P&D na área de programas espacial e agropecuário
brasileiro. Nessa década, foi criado o Centro de Treinamento e Pesquisa (CENAP), mantido pela empresa Petróleo
Brasileiro S.A (PETROBRÁS). Todo este conjunto de investimentos, adotado pelo governo militar, visava sobretudo,
fortalecer a base técnico-científica nacional.
A despeito das iniciativas realizadas a partir do período da ditadura militar, de um modo geral, os gastos
públicos com educação sempre se mantiveram inexpressivos, enquanto a expansão de escolas técnicas não
conseguia a eficácia na formação de mão de obra técnica. O ensino universitário se difundiu muito tarde em
comparação com outros paises, alem disso a difusão de faculdades particulares com predomínio de cursos que
requerem poucos equipamentos, acarretou numa diminuição da participação de cursos de engenharia, tecnologia
e bioquímica, principais cursos relacionados à inovação.
Neste novo cenário tecnológico, a universidade surge com um novo papel, uma vez que ela assume uma
responsabilidade mais explícita no desenvolvimento econômico e esta deve ser debatida no meio acadêmico. Porém,
o quadro atual indica que mesmo que haja uma intensificação da interação e transformações, a universidade não
deverá perder suas características essenciais, a principal função das universidades é formar estudantes e
pesquisadores nas capacitações para o desenvolvimento, além da absorção e do uso da tecnologia, o que necessita de
um grau de autonomia.
No que se refere sobre a diferença cultural entre as duas instituições reflete de fato uma diferença real de
objetivo de cada parte quando se implementa uma pesquisa conjunta. A vocação institucional da universidade é a
realização da pesquisa desinteressada, cujos resultados pertencem à sociedade. A empresa, por outro lado, está à
procura de resultados comercializáveis da pesquisa, o qual exige sigilo dos resultados alcançados pelos parceiros.
Tendo objetivos distintos, portanto, os agentes de ambos os lados terão como principal desafio, a busca da
convergência de esforços em prol do fortalecimento da Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I).
Uma característica bastante generalizada do empresário de países em desenvolvimento é sua visão de curto
prazo. Quando ele precisa realizar uma transformação tecnológica, esta ação requer um alto grau de imediatismo.
Por um lado, existe um mercado internacional de tecnologias que lhe oferece pacotes tecnológicos de pronta entrega.
Se ele se dirigisse à universidade nesses momentos, esta dificilmente teria uma oferta feita sob medida para atender a
suas necessidades. Conseqüentemente teria que começar por trabalhos de P&D, o que demanda um tempo não
adequado aos interesses do empresário. Portanto, existe um dilema em relação às alternativas entre transferir
tecnologias do exterior ou desenvolvê-las nacionalmente. Nos países desenvolvidos, onde existem estratégias
empresariais de longo prazo, este acontecimento apresenta-se de maneira distinta.
O Brasil dispõe atualmente de um conjunto bastante abrangente de mecanismos de apoio ao
desenvolvimento tecnológico nas empresas, no entanto, o próprio governo tem grandes dificuldades para operar
esses instrumentos. Por outro lado, o setor produtivo se mostra lento em engajar-se no processo. Além disso, os
novos instrumentos por si só não induzem à realização de P&D e inovação por parte do setor privado. Eles servem
de apoio às iniciativas empresariais ao reduzir os custos e os riscos da P&D e da inovação.
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4. Base de Dados sobre Universidades e Empresas no Brasil
O ponto de partida para esta pesquisa é identificar à partir das estatísticas nacionais, dados que permitam
captar as conexões parciais entre universidades, institutos de pesquisa e empresas. Para tanto os dados nacionais
baseados na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), (IBGE, 2005) e dados disponíveis no Diretório de Grupos
de Pesquisa do CNPq (RIGHI, 2005) identificam as principais características de empresas e universidades
distribuídas por Estados. A combinação dessas duas fontes também introduz um olhar complementar no Sistema
Regional de Inovação da Amazônia, cuja informação disponibilizada refere-se ao comportamento de empresas
inovativas nos Estados do Amazonas e do Pará, sendo os dois estados com maior representatividade na região. A
PINTEC relata como as empresas avaliam as universidades enquanto o Diretório do CNPq relata como grupos de
pesquisa das universidades interagem com as empresas.
A tabela 1 apresenta os resultados da PINTEC, agregados por estados (dados ordenados pelo total de
empresas com P&D contínuo). Conforme se observa, para a região amazônica, foram analisadas somente
empresas nos Estados do Pará e Amazonas, de acordo com os dados disponíveis. O Estado do Pará apresenta 1.106
empresas industriais com mais de dez empregados, enquanto o Estado do Amazonas conta com 530 empresas.
Tabela 1 - Firmas industriais, firmas inovativas, e as firmas sistemáticas do P&D performance que indicam
universidades como importante fonte de informação, por estados, espessos por firmas sistemáticas do P&D
performance
Fi rm as s istem áticas do P& D – P erformance
F irmas do Firmas
Firm as Firm as Firma s
Estados P& D indi cando % de Firmas
Indus triais Inovativas indi cando
P erformance uni versidades indi cando
Total uni versidades
importantes uni versidades
não
fonte de importantes
im portantes
informação
São P aulo 29,650 9,209 2,212 1,173 306 867 26.05
R io Grande
8,273 3,304 736 357 84 272 23.69
do Sul
Santa
6,915 2,480 480 244 49 195 19.98
C atarina
Mi nas
10,028 3,503 410 180 80 100 44.55
Gerais
R io de
5,468 1,367 273 134 31 103 23.17
J aneiro
Paraná 7,057 2,607 354 121 19 103 15.33
Amazonas 530 203 51 38 16 22 42.66
B ahi a 1,928 641 60 29 8 21 27.80
P ernam buco 1,674 485 39 26 11 14 44.54
Goiás 2,221 737 53 23 10 13 43.56
C eará 1,785 603 27 15 8 7 54.03
P ará 1,106 378 46 15 9 6 59.58
Es pí rit o
1,776 645 51 12 4 7 37.27
Santo
Total 84,262 28,036 4,941 2,432 649 1,783 26.70
Cf. BRASIL, 2008c.
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As colunas 5 e 6 da Tabela , mostram o objeto de estudo desta pesquisa. Uma hipótese sugere que
empresas com P&D contínuo, indicam universidades como fontes de pesquisa mais importantes do que às
empresas que realizam P&D ocasionalmente. Para o Estado do Amazonas, 42,6% das empresas com P&D contínuo
indicam as universidades como importantes fontes de informação, já no Estado Pará, 59,5% indicam as
universidades como fontes importantes.
A Tabela 2 mostra a distribuição dos grupos de pesquisa totais e interativos por estados brasileiros
(ordenados pelo número de grupos de pesquisa interativos), de acordo com os dados do CNPq. O Estado do Pará
apresenta 286 grupos e 52 interativos que declararam algum relacionamento com o setor produtivo, enquanto no
Estado do Amazonas, são identificados 289 grupos e 28 interativos. Esses dados mostram que ainda é modesta a
proporção de grupos de pesquisa interativos, apenas 14% dos grupos destes Estados relataram interações, o que
sugere haver um amplo espaço para aprimoramento.
Tabela 2 - Grupos de pesquisa (total e grupos interativos) pelos estados, distribuídos por grupos de pesquisa
interativos, e firmas / instituições que interagem com estes grupos
Interação
Grupos
Estados com grupos Firmas / Instituições (c)
(a)
(b)
São Paulo 5,541 464 746
Rio Grande do Sul 2,072 265 417
Rio de Janeiro 2,786 259 329
Minas Gerais 1,694 226 367
Paraná 1,512 183 347
Santa Catarina 996 163 290
Bahia 728 111 163
Pernambuco 602 87 149
Distrito Federal 477 61 98
Ceará 423 52 82
Pará 286 52 57
Goiás 266 43 75
Paraíba 329 36 46
Amazonas 289 28 24
Rio Grande do Norte 220 24 40
Mato Grosso 171 19 28
Espírito Santo 200 16 28
Sergipe 105 15 15
Maranhão 119 14 16
Mato Grosso do Sul 225 11 13
Alagoas 133 10 12
Tocantins 97 6 8
Piauí 101 3 18
Roraima 30 2 2
Acre 25 1 6
Amapá 10 0 0
Rondônia 33 0 0
Total 19,470 2,151 2,768
Fonte: CNPq Diretório dos grupos de pesquisa, 2004.
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