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Mídia e Cultura na Amazônia Roteiro da Aula 3 – Parte I A compreensãoda “máscarametafísica” porBeneditoNunes 29 de março de 2011  Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia - UFPA
Comecemos com uma indagação: No contexto da “crise da cultura” (1ª parte da aula de hoje) que discussão podemos fazer a respeito do desafio que nos colocamos de construir um objeto de pesquisa tridentino (cultura/comunicação/Amazônia)?
	Mas... já agora suspendamos essa questão. Coloquêmo-la “entre parênteses”. Ela apenas serve para que não percamos o fio da meada.  	Na verdade, precisamos acrescentar um outro elemento crítico para poder ampliá-la – e poder prosseguir no esporte de desconstruir a epistemologia da comunicação com base numa reabertura para a cultura. 	Esse elemento que nos falta também o encontramos em Benedito Nunes. Conversemos sobre os temas da “máscara metafísica” e da necessidade de descontruí-la.
Os doissentidosda “destruiçãodahistóriadaontologia” O desmascaramentodos pressupostosdaontologia; A suasuperação, pormeio de um modo de pensarque se situealém de todopressuposto.
Qual a máscaradaontologia? 	É a mascara dametafísica, queatravessaPlatão, Aristóteles, osEscolásticos, Descartes, Kant e Hegel (paracitarosfilósofos-chavedessatradição).
Os dispositivosdessatradição EmPlatão (essência, idéia) EmAristóteles (substância) NosEscolásticos (substância) Em Descartes (Cogito) Em Kant (as categorias do Entendimento) Em Hegel (dialéticahistórica)
O problema Essatradiçãofixoualgumaspossibilidadesinterpretativas, emdetrimento de outras;  	com isso, se acreditouqueessaspossibilidadesconstituiam dados efetivos do problema do Ser.
O desafio Superar a maneiratradicionalcomo a questãosobreo Ser écolocada.   E quemaneiraéessa? Para responder a essaquestão, éprecisoquestionar a tradição, indagandosobreaquiloquefoifalseadoporela. Vejamos:  
O quefoifalseado? Platão (Pressupôsqueoverdadeiro Ser estavanasidéias. Com isso, sacrificouo “tempo”, colocando-onaretaguarda do Ser. Dissequeo Ser verdadeiroéintemporaleimóvel.) Aristóteles (Pressupõe no Ser um princípio de mudança, a substância. Tal coisaseriaumadeterminadaunidadeorgânicada material eda forma, masdependente de uma forma inicial, primeva, compreendidacomo um “atopuro”.) Escolásticos (RecuperamPlatãoeAristótelesàsuamaneira, submetendo-os a umaideologiacristã, edividem a Existênciaemdoisreinos: osenscreatumeosensincreatum.) Descartes (O Cogito. As idéias de Sujeitoe de Mente.) Kant (A validadeda “verdade”, que se processapormeio das categorias do Entendimento) Hegel (A ordenaçãodialéticadaVerdadekantianaàpartirdapercepçãohistórica.)

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  • 2. Comecemos com uma indagação: No contexto da “crise da cultura” (1ª parte da aula de hoje) que discussão podemos fazer a respeito do desafio que nos colocamos de construir um objeto de pesquisa tridentino (cultura/comunicação/Amazônia)?
  • 3. Mas... já agora suspendamos essa questão. Coloquêmo-la “entre parênteses”. Ela apenas serve para que não percamos o fio da meada. Na verdade, precisamos acrescentar um outro elemento crítico para poder ampliá-la – e poder prosseguir no esporte de desconstruir a epistemologia da comunicação com base numa reabertura para a cultura. Esse elemento que nos falta também o encontramos em Benedito Nunes. Conversemos sobre os temas da “máscara metafísica” e da necessidade de descontruí-la.
  • 4. Os doissentidosda “destruiçãodahistóriadaontologia” O desmascaramentodos pressupostosdaontologia; A suasuperação, pormeio de um modo de pensarque se situealém de todopressuposto.
  • 5. Qual a máscaradaontologia? É a mascara dametafísica, queatravessaPlatão, Aristóteles, osEscolásticos, Descartes, Kant e Hegel (paracitarosfilósofos-chavedessatradição).
  • 6. Os dispositivosdessatradição EmPlatão (essência, idéia) EmAristóteles (substância) NosEscolásticos (substância) Em Descartes (Cogito) Em Kant (as categorias do Entendimento) Em Hegel (dialéticahistórica)
  • 7. O problema Essatradiçãofixoualgumaspossibilidadesinterpretativas, emdetrimento de outras; com isso, se acreditouqueessaspossibilidadesconstituiam dados efetivos do problema do Ser.
  • 8. O desafio Superar a maneiratradicionalcomo a questãosobreo Ser écolocada.   E quemaneiraéessa? Para responder a essaquestão, éprecisoquestionar a tradição, indagandosobreaquiloquefoifalseadoporela. Vejamos:  
  • 9. O quefoifalseado? Platão (Pressupôsqueoverdadeiro Ser estavanasidéias. Com isso, sacrificouo “tempo”, colocando-onaretaguarda do Ser. Dissequeo Ser verdadeiroéintemporaleimóvel.) Aristóteles (Pressupõe no Ser um princípio de mudança, a substância. Tal coisaseriaumadeterminadaunidadeorgânicada material eda forma, masdependente de uma forma inicial, primeva, compreendidacomo um “atopuro”.) Escolásticos (RecuperamPlatãoeAristótelesàsuamaneira, submetendo-os a umaideologiacristã, edividem a Existênciaemdoisreinos: osenscreatumeosensincreatum.) Descartes (O Cogito. As idéias de Sujeitoe de Mente.) Kant (A validadeda “verdade”, que se processapormeio das categorias do Entendimento) Hegel (A ordenaçãodialéticadaVerdadekantianaàpartirdapercepçãohistórica.)