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 427 a.C - 347 a.C . 
Platão
"Ora, estabelecemos, e repetimos muitas vezes, se bem te
recordas, que cada um deve ocupar-se na cidade de uma única
tarefa, aquela para a qual é melhor dotado por natureza"
Platão – A República
Linha do tempo
432 a.C. - Início da guerra do Peloponeso.
427 a.C. - Nascimento de Platão.
399 a.C. - Condenação de Sócrates à morte pela Assembléia Popular através da
sentença do Aerópago, em Atenas.
387 a.C. - Platão funda, em Atenas, a Academia.
347 a.C. - Morte de Platão em Atenas.
338 a.C. - Felipe da Macedônia vence a batalha de Queronéia e conquista a Grécia.
Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
Filósofo Ateniense nascido em 427 a.C, numa família aristocrática e
abastada, um ano após a morte do estadista ateniense Péricles, e filho de
Ariston e Perictione.
O Historiador Diógenes Laércio afirma que sua ascendência recua até o
grande legislador Sólon, por parte de mãe. Como Platão explicou na VII
Carta, terminou desviando-se da carreira política devido ao regime dos
"Trinta Tiranos", derrocado em 403 a.C.
Um dos seus parentes próximos havia exercido elevadas funções durante
aquela tirania, que, apesar da sua curta duração, foi extremamente
violenta, perseguindo os adversários de maneira incomum para os costumes
gregos. Fato que lançou suspeitas sobre toda a sua família, inclusive
atingindo o jovem Platão, quando a democracia foi restaurada.
O parente era Crítias, do grupo dos Trinta Tiranos, criado para governar
Atenas, após a vitória Espartana na Guerra de Peloponeso.
Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
O verdadeiro nome de Platão era Aristoclés, em uma homenagem ao seu
avô. Platão vem de platôs que significa largura, e provavelmente seu apelido
veio de sua constituição robusta, ombros e frontes largos, um porte físico
forte e vigoroso.
A excelência na forma física era apreciada ao extremo na Grécia Antiga, e
ocupa um lugar central na educação ideal proposta por Sócrates e seus
companheiros no diálogo A República, juntamente com a música e a
literatura não poética. Os diálogos de Platão estão cheios de referência à
competição dos jovens no atletismo e até mesmo Platão quando Jovem
recebeu homenagens pelos feitos atléticos.
Deve-se lembrar também das grandes honras que eram conferidas aos
vencedores dos Jogos Olímpicos, feitos em homenagem a Zeus. Porém, como
veremos o corpo em Platão é subordinado à alma, mero invólucro prisão do
qual o filósofo deve se libertar. Platão só escreve seus diálogos depois da
morte de Sócrates, e segundo o próprio Platão narra, já era chamado assim
por seus companheiros.
Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor
de Heráclito. Tornou-se aprendiz de Sócrates, mais velho do que ele
quarenta anos. Descobre nele, aos 20 anos, sua dialética e se torna um
"amante da sabedoria". Acompanhou de perto todos os passos do
julgamento de seu mestre, acusado de corromper a mente dos jovens e não
acreditar nos deuses. Seu fim trágico marcou-o profundamente, deixando
seqüelas para o resto da vida. Depois da morte por envenenamento de
Sócrates, desiludiu-se com a democracia ateniense e retirou-se com outros
socráticos para junto de Euclides, em Mégara. Depois partiu em
peregrinação pelo mundo para se instruir (390-388). Foi a Esparta onde
conheceu uma cultura militar onde os meninos abandonavam seus pais para
viverem uma vida dura nas montanhas, em exposição aos elementos
naturais, e onde os governantes se misturavam com o povo, comendo e
dormindo juntos. Passou também pela Itália, onde conheceu os pitagóricos e
sua seita. No trajeto de sua viagem teria passado pelo Egito, onde ouviu, da
classe sacerdotal que governava que a Grécia era um país infante, sem
tradições e sem uma cultura profunda. Peregrinou durante doze
anos, quando retornou a Atenas com quarenta anos.
Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
Deixou seu ensinamento escrito em forma de diálogos, feitos para o
leitor comum de sua época. Aparentemente a obra chegou quase completa
até nossos dias devido a Platão ter fundado em Atenas sua Academia, em
torno de 387, no jardim do templo do herói grego Academos, onde se
ensinava Matemática, Ginástica e Filosofia. A matemática era valorizada
pela capacidade de proporcionar o raciocínio abstrato. No pórtico de
entrada da de sua academia, havia a seguinte afirmação:
"Que aqui não adentre quem não souber geometria".
Também disse sobre Deus: "Ele eternamente geometriza".
Aristóteles foi o aluno mais famoso da Academia. A Academia de Platão se
manteve em funcionamento por mais de novecentos anos.
Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma herança, onde levantou
um templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por
ela conservada durante quase um milênio, até o tempo do imperador
Justiniano em 529 d.C.
A ESCOLA DE PLATAO - TELA DE J.DELVILLE
Platão foi o responsável pela formulação de uma nova maneira de
pensar e perceber o mundo criando o que se chama a “Teoria das Idéias ou
Teoria das Formas”.
Este ponto fundamental consiste na descoberta de uma realidade causal
supra-sensível, não material, antes apenas esboçada e não muito bem
delineada por alguns filósofos, embora tenha sido um pouco mais burilada
por Sócrates. Antes de Sócrates, era comum tentar-se explicar os fenômenos
naturais a partir de causas físicas e mecânicas. Platão observa que
Anaxágoras, um dos pré-socráticos, tinha atinado para a necessidade de
introduzir uma Inteligência universal para conseguir explicar o porquê das
coisas, mas não soube levar muito adiante esta sua intuição, continuando a
atribuir peso preponderante às causas físicas.
Entretanto, se perguntava Platão, será que as causas de caráter físico e
mecânico representam as "verdadeiras causas" ou, ao
contrário, representam simples "co-causas", ou seja, causas a serviço de
causas mais elevadas? Não seria o visível fruto de algo mais sutil?
A ESCOLA DE PLATAO - TELA DE J.DELVILLE
Empédocles e Demócrito já tinham nos chamado a atenção para o
fato de que, apesar de todos os fenômenos da natureza “fluírem”, havia
“algo” que nunca se modificava (as “quatro raízes” ou os “átomos”). Platão
também se dedicou a este problema, mas de forma completamente diferente.
Platão achava que tudo o que podemos tocar e sentir na natureza “flui”.
Não existe, portanto, um elemento básico que não se desintegre.
Absolutamente tudo o que pertence ao “mundo dos sentidos” é feito de um
material sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é formado a
partir de uma forma eterna e imutável. Para Platão a faculdade
principal, essencial da alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental:
contemplação em que se realiza a natureza humana, e da qual depende
totalmente a ação moral. Entretanto, sendo que a alma racional é, de
fato, unida a um corpo, dotado de atividade sensitiva e vegetativa, deve
existir um princípio de uma e outra. Segundo Platão, tais funções seriam
desempenhadas por outras duas almas - ou partes da alma: a irascível
(ímpeto), que residiria no peito, e a concupiscível (apetite), que residiria no
abdome - assim como a alma racional residiria na cabeça. Naturalmente a
alma sensitiva e a vegetativa são subordinadas à alma racional.
Academia - Mosaico
Platão, ao contrário de Sócrates, interessou-se vivamente pela política e pela
filosofia política
Em 388 a.C., quando já contava quarenta anos, Platão viajou para
a Magna Grécia com o intuito de conhecer mais de perto comunidades
pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento. Ainda
durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão para ir a Siracusa, na
Sicília. Platão parte para Siracusa com a esperança de lá implantar seus
ideais políticos. No entanto, acabou por se desentender com o tirano local e
retorna para Atenas. Em seu retorno, funda a Academia. A instituição logo
adquire prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de instrução e
até mesmo homens ilustres a fim de debater idéias. Em 367 a.C., Dionísio I
morre e Platão retorna a Siracusa a fim de uma vez mais tentar
implementar suas idéias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o
desejo do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. volta pela última
vez a Siracusa com o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta a
Atenas em 360 a.C., Platão permaneceu na direção da Academia até sua
morte, em 347 a.C.
Platão ensina filosofia. Mosaico romano de Pompéia
Para encontrar a resposta às suas dúvidas, Platão empreendeu
aquilo que chamou simbolicamente de "a segunda navegação". A primeira
navegação seria o percurso da filosofia naturalista. A segunda navegação
seria a orientação metafísica de uma filosofia espiritualista, do inteligível. O
sentido do que seja essa segunda navegação fica claro nos exemplos dados
pelo próprio Platão.
Se se deseja explicar por que uma coisa é bela, um materialista diria que os
elementos físicos como o volume, a cor e o recorte são bem proporcionais e
causam sensações prazerosas e agradáveis aos sentidos. Já Platão diria que
tudo isso seria apenas qualidades que evocariam uma lembrança de algo
ainda mais belo, vista pela alma no plano espiritual, mas que não está
acessível ao plano físico. O objeto seria apenas uma cópia imperfeita, por ser
material, de uma "Idéia" ou forma pura do belo em si.
Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
Vejamos um exemplo:
Sócrates está preso, aguardando a sua condenação. Por que está preso? A
explicação mecanicista diria que é porque Sócrates possui um corpo
corpulento, composto de ossos e nervos, etc, que lhes possibilitam e lhe permitiram
locomover-se e se deslocar por toda a vida, até que, por ter cometido algum
erro, tenha-se dirigido à prisão, onde lhe sejam postas as amarras. Ora, qualquer
pessoa sabe a simplificação desse tipo de argumento, mas é justamente assim que
falam o materialistas-mecanicistas até os dias de hoje. Mas este tipo de explicação
não oferece o verdadeiro "porquê", a razão pela qual Sócrates está preso, explicando
apenas o meio pelo qual pode uma pessoa ser posta num cárcere devido ao seu corpo.
Explica o ato, descrevendo-o, e não suas causas. A verdadeira causa pela qual
Sócrates foi preso não é de ordem mecânica e material, mas de ordem superior, da
mesma forma que um computador não executa um complexo cálculo matemático
pela ação de seus componentes em si, mas devido a algo de ordem superior e mais
abstrato: o seu programa, o software. Sócrates foi condenado devido a um
julgamento de valor moral usado a pretexto de justiça para encobrir ressentimentos
e manobras políticas das pessoas que o odiavam. Ele, Sócrates, decidiu acatar o
veredicto dos juízes e submeter-se à lei de Atenas, por acreditar que isso era o
correto e o conveniente, pois ele era cidadão de Atenas, mesmo ciente da injustiça de
sua condenação. E, em conseqüência disto, dessa escolha de ordem moral e
espiritual, ele, em seguida, moveu os músculos e as pernas e se dirigiu ao
cárcere, onde se deixou ficar prisioneiro.
A segunda navegação, portanto, leva ao conhecimento de dois níveis ou
planos do ser: um, fenomênico e visível (a nível do hardware, como diríamos
em linguagem de computação); outro, invisível e metafenomênico, (a nível
do software), inteligível e compreensível pela razão e pela intuição.
Podemos afirmar, como falam Reale & Antiseri, que a segunda navegação
platônica constitui uma conquista e assinala, ao mesmo tempo, a fundação e
a etapa mais importante da história da metafísica. Todo o pensamento
ocidental seria condicionado definitivamente por essa "distinção" entre o
físico (o hardware) e o causal (o software, a ordem implicada que causa a
ordem explicada), tanto na medida da sua aceitação quanto de sua não
aceitação através da história. Se ela não é aceita, a pessoa que não a aceita
terá de justificar a sua não aceitação, gerando uma polêmica que continuará
dialeticamente a ser condicionada ao fato de que existe - ao menos
filosoficamente - algo que se chama metafísica.
Só após a "segunda navegação" platônica é que se pode falar de
material e espiritual. E é à luz dessas categorias que os físicos anteriores a
Sócrates, e muitos físicos modernos, podem ser tachados e materialistas, mas
agora a natureza não pode mais ser vista como a totalidade das coisas que
existem, mas como a totalidade das coisas que aparecem.
Como diria o Físico David Bohm, a ordem explícita é apenas conseqüência
de uma ordem implícita, superior e invisível. O "verdadeiro" ser é
constituído pela "realidade inteligente" e "inteligível" que lhe é
transcendente.
Platão produziu os chamados diálogos aporéticos e maiêuticos, onde
as questões propostas não são resolvidas e o leitor é convidado a prosseguir a
pesquisa, após ter purificado seu falso saber.
Aporéticos:
Os "aporéticos" são os primeiros diálogos platônicos, supostamente
compostos ainda sob o impacto da morte do mestre, ou sob a poderosa e
recente influência pessoal de Sócrates. Referem-se a pesquisa sobre a
perfeição humana, mais precisamente da qualidades que a integram, de sua
natureza e das condições de sua aprendizagem. Em geral esses diálogos não
chegam a uma solução sobre o conceito investigado, seja ele a coragem
(Lakhes), a piedade (Eutífron), a temperança (Cármides), a beleza (Hípias
Maior), como também, sobre a possibilidade de essas qualidades serem
alcançadas por meio do ensino (Protágoras, Mênon). Dizem-se aporéticos
devido ao tipo de desfecho da trama do diálogo, desenvolvida com grande
habilidade argumentativa; este, após ter exposto a falsa ciência do
interlocutor (ironia e refutação), coloca-o em posição adequada para
reiniciar a investigação, uma vez que foram eliminados os conceitos pré-
estabelecidos acerca do tema que se quer conhecer.
Aporéticos:
Apologia de Sócrates – Onde torna público o discurso que Sócrates fez em
seu julgamento.
Hippias Maior - O que é o belo?
Eutifron - O que é a piedade?
Mênon - O que é a virtude? Pode ser ensinada?
Maiêuticos:
A maiêutica é o parto ou “arte de dar à luz" que conduz o
interlocutor a descobrir paulatinamente o conhecimento sobre o objeto de
discussão. No caso de Sócrates, mestre de Platão, supunha haver idéias
inatas, a maiêutica consistia, mais precisamente, em fazer
recordar, despertando os conhecimentos virtualmente possuídos para
encontrar a verdade através das suas próprias forças, sem que ela lhe seja
ensinada ou transmitida.
Maiêuticos:
Teeteto - O que é a ciência?
Fédon - Sobre a imortalidade da alma, faz um relato dos últimos dias de
Sócrates.
Crátilo - Explica a relação entre as coisas e os nomes que lhes são dados, são
eles inatos ou dependem da convenção?
O Banquete - Sobre o amor ao belo.
Górgias - Sobre a violência, faz a distinção entre a filosofia e o Sofismo.
A República - No século IV a.C, surgiu a primeira concepção de sociedade
perfeita que se conhece. "A República" (Politéia), escrito por Platão quando
tinha mais de 50 anos de idade, é um tratado completo da maturidade, onde
expõe um sistema de governo e o modo vida ideal, e o como se chegar até
eles. Esse diálogos são um grande legado da filosofia e literatura, pois Platão
elevou a filosofia também ao gênero literário.
Um pouco antes do seu falecimento Platão voltou novamente a
especular sobre a sociedade ideal por meio de outro grande diálogo:
As Leis.
O cenário onde o reunião acontece, tal como ocorre em tantos
outros diálogos de Platão, é a casa de um homem rico, o velho Céfalo, que
põe o seu salão à disposição dos intelectuais, políticos e artistas para
discutirem filosofia e assuntos gerais. Estão presentes Sócrates, os filhos do
dono da casa, Polemarco, Lísias e Eutiderno, além de Timeu, Crítias e
Trasímaco. Tais tertúlias eram muito comuns, fazendo o gosto das classes
cultas de Atenas, sendo uma espécie de antecipação dos salões que fizeram a
fama da sociedade aristocrática francesa do século XVIII e XIX.
A morte em - 347 a.C veio operar aquela libertação definitiva do
cárcere do corpo, da qual a filosofia - como lemos no Fédon - não é senão
uma assídua preparação e realização no tempo. Morreu o grande Platão em
348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade.
É o próprio Platão quem nos dá uma idéia magnífica sobre a
questão da ordem implícita e explícita no seu célebre "Mito da Caverna"
que se encontra no centro do Diálogo A República. Vejamos o que nos diz
Platão, através da boca de Sócrates:
"Mito da Caverna"
Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a
luz em toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Imaginemos que
esta caverna seja habitada, e seus habitantes tenham as pernas e o pescoço
amarrados de tal modo que não possam mudar de posição e tenham de
olhar apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos
ainda que, bem em frente da entrada da caverna, exista um pequeno muro
da altura de um homem e que, por trás desse muro, se movam homens
carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e
madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. Imaginemos
também que, por lá, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a
caverna produza ecos e que os homens que passam por trás do muro
estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna.
Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam
ver além das sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da
caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto, por nunca terem
visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que eram cópias
imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e que o eco
das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras.
Suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das
correntes que o prendem. Com muita dificuldade e sentindo-se
freqüentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a
entrada da caverna.
Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à
nova visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele
veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmera
hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são
muito mais belas que as sombras que antes via na caverna, e que agora lhes
parece algo irreal ou limitado. Suponhamos que alguém o traga para o outro
lado do muro.
Primeiramente ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de
luz; depois, habituando-se, veria as várias coisas em si mesmas; e, por
último, veria a própria luz do sol refletida em todas as coisas.
Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e
que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria se
seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância
acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à
caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões
que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não
reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser a
verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam....
Qualquer semelhança com a vida dos grandes gênios e reformadores de
todas as áreas da humanidade não é mera coincidência.
O que Platão nos mostra com esta alegoria da caverna é o caminho que o
filósofo percorre das noções imprecisas para as idéias reais que estão por
trás dos fenômenos da natureza.
Na certa Platão também estava pensando em Sócrates, que tinha
sido morto pelos “habitantes da caverna” por ter colocado em dúvida as
noções a que eles estavam habituados e por querer lhes mostrar o caminho
do verdadeiro conhecimento. Desta forma, a alegoria da caverna é uma
imagem da coragem e da responsabilidade pedagógica do filósofo.
Platão defende o ponto de vista de que a relação entre as trevas da caverna e
a natureza fora dela corresponde à relação entre as formas da natureza e o
mundo das idéias. Ele não acha a natureza em si sombria e triste, mas acha
sim que ela é sombria e triste em relação à clareza das idéias.
A foto de uma bela jovem não é sombria e triste. Ao contrário. Só que não
deixa de ser uma foto.
Citação:
Platão e a democracia
"Ora, estabelecemos, e repetimos muitas vezes, se bem te
recordas, que cada um deve ocupar-se na cidade de uma única
tarefa, aquela para a qual é melhor dotado por natureza“
"A República". Livro IV, 432 d - 433 b.
Política
"... os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos
puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes
das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar
verdadeiramente".
OBRAS:
Alcibíades (Primeiro): trata da doutrina socrática do auto-conhecimento;
Alcibíades (Segundo): trata do conhecimento;
Apologia de Sócrates: relata o discurso de defesa de Sócrates no tribunal de
Atenas;
Banquete: trata da origem, as diferentes manifestações e o significado do
amor sensual;
Cármides: diálogo ético;
Clítofon: trata da virtude;
Crátilo: trata da natureza dos nomes;
Crítias: Platão narra aqui mito de Atlântida através de Crítias (seu avô). É
um diálogo inacabado;
OBRAS:
Críton: trata da justiça;
Eutidemo: crítica aos sofistas;
Eutífron: trata dos conceitos de piedade e impiedade;
Fédon: relata o julgamento e morte de Sócrates e trata da imortalidade da alma;
Fedro: trata da retórica e do amor sensual;
Filebo: versa sobre o bom e o belo e como o homem pode viver melhor;
Górgias: trata do verdadeiro filósofo em oposição aos sofistas;
Hípias (maior): discussão estética;
Hípias (menor): trata do agir humano;
Íon: trata de poesia;
OBRAS:
Laques: trata da coragem;
Leis: aborda vários temas da esfera política e jurídica. É o último (inacabado), mais
longo e complexo diálogo de Platão;
Lísis: trata da amizade/amor;
Menêxeno: elogio da morte no campo de batalha;
Mênon: trata do ensino da virtude;
Parmênides: trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem Sócrates, a
personagem, defende a teoria das formas que é duramente criticada por
Parmênides;
Político: trata do perfil do homem político;
Protágoras: trata do conceito e natureza da virtude;
OBRAS:
A República: aborda vários temas, mas todos subordinados à questão
central da justiça;
Sofista: diálogo de caráter ontológico, discute o problema da imagem, do
falso e do não-ser;
Teeteto: trata exclusivamente da Teoria do Conhecimento;
Timeu: trata da origem do universo.
Mito de Er: O Purgatório.

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  • 1.  427 a.C - 347 a.C .  Platão "Ora, estabelecemos, e repetimos muitas vezes, se bem te recordas, que cada um deve ocupar-se na cidade de uma única tarefa, aquela para a qual é melhor dotado por natureza" Platão – A República
  • 2. Linha do tempo 432 a.C. - Início da guerra do Peloponeso. 427 a.C. - Nascimento de Platão. 399 a.C. - Condenação de Sócrates à morte pela Assembléia Popular através da sentença do Aerópago, em Atenas. 387 a.C. - Platão funda, em Atenas, a Academia. 347 a.C. - Morte de Platão em Atenas. 338 a.C. - Felipe da Macedônia vence a batalha de Queronéia e conquista a Grécia. Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
  • 3. Filósofo Ateniense nascido em 427 a.C, numa família aristocrática e abastada, um ano após a morte do estadista ateniense Péricles, e filho de Ariston e Perictione. O Historiador Diógenes Laércio afirma que sua ascendência recua até o grande legislador Sólon, por parte de mãe. Como Platão explicou na VII Carta, terminou desviando-se da carreira política devido ao regime dos "Trinta Tiranos", derrocado em 403 a.C. Um dos seus parentes próximos havia exercido elevadas funções durante aquela tirania, que, apesar da sua curta duração, foi extremamente violenta, perseguindo os adversários de maneira incomum para os costumes gregos. Fato que lançou suspeitas sobre toda a sua família, inclusive atingindo o jovem Platão, quando a democracia foi restaurada. O parente era Crítias, do grupo dos Trinta Tiranos, criado para governar Atenas, após a vitória Espartana na Guerra de Peloponeso. Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
  • 4. O verdadeiro nome de Platão era Aristoclés, em uma homenagem ao seu avô. Platão vem de platôs que significa largura, e provavelmente seu apelido veio de sua constituição robusta, ombros e frontes largos, um porte físico forte e vigoroso. A excelência na forma física era apreciada ao extremo na Grécia Antiga, e ocupa um lugar central na educação ideal proposta por Sócrates e seus companheiros no diálogo A República, juntamente com a música e a literatura não poética. Os diálogos de Platão estão cheios de referência à competição dos jovens no atletismo e até mesmo Platão quando Jovem recebeu homenagens pelos feitos atléticos. Deve-se lembrar também das grandes honras que eram conferidas aos vencedores dos Jogos Olímpicos, feitos em homenagem a Zeus. Porém, como veremos o corpo em Platão é subordinado à alma, mero invólucro prisão do qual o filósofo deve se libertar. Platão só escreve seus diálogos depois da morte de Sócrates, e segundo o próprio Platão narra, já era chamado assim por seus companheiros. Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
  • 5. Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor de Heráclito. Tornou-se aprendiz de Sócrates, mais velho do que ele quarenta anos. Descobre nele, aos 20 anos, sua dialética e se torna um "amante da sabedoria". Acompanhou de perto todos os passos do julgamento de seu mestre, acusado de corromper a mente dos jovens e não acreditar nos deuses. Seu fim trágico marcou-o profundamente, deixando seqüelas para o resto da vida. Depois da morte por envenenamento de Sócrates, desiludiu-se com a democracia ateniense e retirou-se com outros socráticos para junto de Euclides, em Mégara. Depois partiu em peregrinação pelo mundo para se instruir (390-388). Foi a Esparta onde conheceu uma cultura militar onde os meninos abandonavam seus pais para viverem uma vida dura nas montanhas, em exposição aos elementos naturais, e onde os governantes se misturavam com o povo, comendo e dormindo juntos. Passou também pela Itália, onde conheceu os pitagóricos e sua seita. No trajeto de sua viagem teria passado pelo Egito, onde ouviu, da classe sacerdotal que governava que a Grécia era um país infante, sem tradições e sem uma cultura profunda. Peregrinou durante doze anos, quando retornou a Atenas com quarenta anos. Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
  • 6. Deixou seu ensinamento escrito em forma de diálogos, feitos para o leitor comum de sua época. Aparentemente a obra chegou quase completa até nossos dias devido a Platão ter fundado em Atenas sua Academia, em torno de 387, no jardim do templo do herói grego Academos, onde se ensinava Matemática, Ginástica e Filosofia. A matemática era valorizada pela capacidade de proporcionar o raciocínio abstrato. No pórtico de entrada da de sua academia, havia a seguinte afirmação: "Que aqui não adentre quem não souber geometria". Também disse sobre Deus: "Ele eternamente geometriza". Aristóteles foi o aluno mais famoso da Academia. A Academia de Platão se manteve em funcionamento por mais de novecentos anos. Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma herança, onde levantou um templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por ela conservada durante quase um milênio, até o tempo do imperador Justiniano em 529 d.C. A ESCOLA DE PLATAO - TELA DE J.DELVILLE
  • 7. Platão foi o responsável pela formulação de uma nova maneira de pensar e perceber o mundo criando o que se chama a “Teoria das Idéias ou Teoria das Formas”. Este ponto fundamental consiste na descoberta de uma realidade causal supra-sensível, não material, antes apenas esboçada e não muito bem delineada por alguns filósofos, embora tenha sido um pouco mais burilada por Sócrates. Antes de Sócrates, era comum tentar-se explicar os fenômenos naturais a partir de causas físicas e mecânicas. Platão observa que Anaxágoras, um dos pré-socráticos, tinha atinado para a necessidade de introduzir uma Inteligência universal para conseguir explicar o porquê das coisas, mas não soube levar muito adiante esta sua intuição, continuando a atribuir peso preponderante às causas físicas. Entretanto, se perguntava Platão, será que as causas de caráter físico e mecânico representam as "verdadeiras causas" ou, ao contrário, representam simples "co-causas", ou seja, causas a serviço de causas mais elevadas? Não seria o visível fruto de algo mais sutil? A ESCOLA DE PLATAO - TELA DE J.DELVILLE
  • 8. Empédocles e Demócrito já tinham nos chamado a atenção para o fato de que, apesar de todos os fenômenos da natureza “fluírem”, havia “algo” que nunca se modificava (as “quatro raízes” ou os “átomos”). Platão também se dedicou a este problema, mas de forma completamente diferente. Platão achava que tudo o que podemos tocar e sentir na natureza “flui”. Não existe, portanto, um elemento básico que não se desintegre. Absolutamente tudo o que pertence ao “mundo dos sentidos” é feito de um material sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é formado a partir de uma forma eterna e imutável. Para Platão a faculdade principal, essencial da alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental: contemplação em que se realiza a natureza humana, e da qual depende totalmente a ação moral. Entretanto, sendo que a alma racional é, de fato, unida a um corpo, dotado de atividade sensitiva e vegetativa, deve existir um princípio de uma e outra. Segundo Platão, tais funções seriam desempenhadas por outras duas almas - ou partes da alma: a irascível (ímpeto), que residiria no peito, e a concupiscível (apetite), que residiria no abdome - assim como a alma racional residiria na cabeça. Naturalmente a alma sensitiva e a vegetativa são subordinadas à alma racional. Academia - Mosaico
  • 9. Platão, ao contrário de Sócrates, interessou-se vivamente pela política e pela filosofia política Em 388 a.C., quando já contava quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia com o intuito de conhecer mais de perto comunidades pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento. Ainda durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão para ir a Siracusa, na Sicília. Platão parte para Siracusa com a esperança de lá implantar seus ideais políticos. No entanto, acabou por se desentender com o tirano local e retorna para Atenas. Em seu retorno, funda a Academia. A instituição logo adquire prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater idéias. Em 367 a.C., Dionísio I morre e Platão retorna a Siracusa a fim de uma vez mais tentar implementar suas idéias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o desejo do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. volta pela última vez a Siracusa com o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta a Atenas em 360 a.C., Platão permaneceu na direção da Academia até sua morte, em 347 a.C. Platão ensina filosofia. Mosaico romano de Pompéia
  • 10. Para encontrar a resposta às suas dúvidas, Platão empreendeu aquilo que chamou simbolicamente de "a segunda navegação". A primeira navegação seria o percurso da filosofia naturalista. A segunda navegação seria a orientação metafísica de uma filosofia espiritualista, do inteligível. O sentido do que seja essa segunda navegação fica claro nos exemplos dados pelo próprio Platão. Se se deseja explicar por que uma coisa é bela, um materialista diria que os elementos físicos como o volume, a cor e o recorte são bem proporcionais e causam sensações prazerosas e agradáveis aos sentidos. Já Platão diria que tudo isso seria apenas qualidades que evocariam uma lembrança de algo ainda mais belo, vista pela alma no plano espiritual, mas que não está acessível ao plano físico. O objeto seria apenas uma cópia imperfeita, por ser material, de uma "Idéia" ou forma pura do belo em si. Detalhe de Platão, A Escola de Atenas, obra do renascentista Rafael
  • 11. Vejamos um exemplo: Sócrates está preso, aguardando a sua condenação. Por que está preso? A explicação mecanicista diria que é porque Sócrates possui um corpo corpulento, composto de ossos e nervos, etc, que lhes possibilitam e lhe permitiram locomover-se e se deslocar por toda a vida, até que, por ter cometido algum erro, tenha-se dirigido à prisão, onde lhe sejam postas as amarras. Ora, qualquer pessoa sabe a simplificação desse tipo de argumento, mas é justamente assim que falam o materialistas-mecanicistas até os dias de hoje. Mas este tipo de explicação não oferece o verdadeiro "porquê", a razão pela qual Sócrates está preso, explicando apenas o meio pelo qual pode uma pessoa ser posta num cárcere devido ao seu corpo. Explica o ato, descrevendo-o, e não suas causas. A verdadeira causa pela qual Sócrates foi preso não é de ordem mecânica e material, mas de ordem superior, da mesma forma que um computador não executa um complexo cálculo matemático pela ação de seus componentes em si, mas devido a algo de ordem superior e mais abstrato: o seu programa, o software. Sócrates foi condenado devido a um julgamento de valor moral usado a pretexto de justiça para encobrir ressentimentos e manobras políticas das pessoas que o odiavam. Ele, Sócrates, decidiu acatar o veredicto dos juízes e submeter-se à lei de Atenas, por acreditar que isso era o correto e o conveniente, pois ele era cidadão de Atenas, mesmo ciente da injustiça de sua condenação. E, em conseqüência disto, dessa escolha de ordem moral e espiritual, ele, em seguida, moveu os músculos e as pernas e se dirigiu ao cárcere, onde se deixou ficar prisioneiro.
  • 12. A segunda navegação, portanto, leva ao conhecimento de dois níveis ou planos do ser: um, fenomênico e visível (a nível do hardware, como diríamos em linguagem de computação); outro, invisível e metafenomênico, (a nível do software), inteligível e compreensível pela razão e pela intuição. Podemos afirmar, como falam Reale & Antiseri, que a segunda navegação platônica constitui uma conquista e assinala, ao mesmo tempo, a fundação e a etapa mais importante da história da metafísica. Todo o pensamento ocidental seria condicionado definitivamente por essa "distinção" entre o físico (o hardware) e o causal (o software, a ordem implicada que causa a ordem explicada), tanto na medida da sua aceitação quanto de sua não aceitação através da história. Se ela não é aceita, a pessoa que não a aceita terá de justificar a sua não aceitação, gerando uma polêmica que continuará dialeticamente a ser condicionada ao fato de que existe - ao menos filosoficamente - algo que se chama metafísica.
  • 13. Só após a "segunda navegação" platônica é que se pode falar de material e espiritual. E é à luz dessas categorias que os físicos anteriores a Sócrates, e muitos físicos modernos, podem ser tachados e materialistas, mas agora a natureza não pode mais ser vista como a totalidade das coisas que existem, mas como a totalidade das coisas que aparecem. Como diria o Físico David Bohm, a ordem explícita é apenas conseqüência de uma ordem implícita, superior e invisível. O "verdadeiro" ser é constituído pela "realidade inteligente" e "inteligível" que lhe é transcendente. Platão produziu os chamados diálogos aporéticos e maiêuticos, onde as questões propostas não são resolvidas e o leitor é convidado a prosseguir a pesquisa, após ter purificado seu falso saber.
  • 14. Aporéticos: Os "aporéticos" são os primeiros diálogos platônicos, supostamente compostos ainda sob o impacto da morte do mestre, ou sob a poderosa e recente influência pessoal de Sócrates. Referem-se a pesquisa sobre a perfeição humana, mais precisamente da qualidades que a integram, de sua natureza e das condições de sua aprendizagem. Em geral esses diálogos não chegam a uma solução sobre o conceito investigado, seja ele a coragem (Lakhes), a piedade (Eutífron), a temperança (Cármides), a beleza (Hípias Maior), como também, sobre a possibilidade de essas qualidades serem alcançadas por meio do ensino (Protágoras, Mênon). Dizem-se aporéticos devido ao tipo de desfecho da trama do diálogo, desenvolvida com grande habilidade argumentativa; este, após ter exposto a falsa ciência do interlocutor (ironia e refutação), coloca-o em posição adequada para reiniciar a investigação, uma vez que foram eliminados os conceitos pré- estabelecidos acerca do tema que se quer conhecer.
  • 15. Aporéticos: Apologia de Sócrates – Onde torna público o discurso que Sócrates fez em seu julgamento. Hippias Maior - O que é o belo? Eutifron - O que é a piedade? Mênon - O que é a virtude? Pode ser ensinada?
  • 16. Maiêuticos: A maiêutica é o parto ou “arte de dar à luz" que conduz o interlocutor a descobrir paulatinamente o conhecimento sobre o objeto de discussão. No caso de Sócrates, mestre de Platão, supunha haver idéias inatas, a maiêutica consistia, mais precisamente, em fazer recordar, despertando os conhecimentos virtualmente possuídos para encontrar a verdade através das suas próprias forças, sem que ela lhe seja ensinada ou transmitida.
  • 17. Maiêuticos: Teeteto - O que é a ciência? Fédon - Sobre a imortalidade da alma, faz um relato dos últimos dias de Sócrates. Crátilo - Explica a relação entre as coisas e os nomes que lhes são dados, são eles inatos ou dependem da convenção? O Banquete - Sobre o amor ao belo. Górgias - Sobre a violência, faz a distinção entre a filosofia e o Sofismo. A República - No século IV a.C, surgiu a primeira concepção de sociedade perfeita que se conhece. "A República" (Politéia), escrito por Platão quando tinha mais de 50 anos de idade, é um tratado completo da maturidade, onde expõe um sistema de governo e o modo vida ideal, e o como se chegar até eles. Esse diálogos são um grande legado da filosofia e literatura, pois Platão elevou a filosofia também ao gênero literário.
  • 18. Um pouco antes do seu falecimento Platão voltou novamente a especular sobre a sociedade ideal por meio de outro grande diálogo: As Leis. O cenário onde o reunião acontece, tal como ocorre em tantos outros diálogos de Platão, é a casa de um homem rico, o velho Céfalo, que põe o seu salão à disposição dos intelectuais, políticos e artistas para discutirem filosofia e assuntos gerais. Estão presentes Sócrates, os filhos do dono da casa, Polemarco, Lísias e Eutiderno, além de Timeu, Crítias e Trasímaco. Tais tertúlias eram muito comuns, fazendo o gosto das classes cultas de Atenas, sendo uma espécie de antecipação dos salões que fizeram a fama da sociedade aristocrática francesa do século XVIII e XIX. A morte em - 347 a.C veio operar aquela libertação definitiva do cárcere do corpo, da qual a filosofia - como lemos no Fédon - não é senão uma assídua preparação e realização no tempo. Morreu o grande Platão em 348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade.
  • 19. É o próprio Platão quem nos dá uma idéia magnífica sobre a questão da ordem implícita e explícita no seu célebre "Mito da Caverna" que se encontra no centro do Diálogo A República. Vejamos o que nos diz Platão, através da boca de Sócrates: "Mito da Caverna" Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Imaginemos que esta caverna seja habitada, e seus habitantes tenham as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de posição e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos ainda que, bem em frente da entrada da caverna, exista um pequeno muro da altura de um homem e que, por trás desse muro, se movam homens carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. Imaginemos também que, por lá, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a caverna produza ecos e que os homens que passam por trás do muro estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna.
  • 20. Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e que o eco das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras. Suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. Com muita dificuldade e sentindo-se freqüentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmera hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são muito mais belas que as sombras que antes via na caverna, e que agora lhes parece algo irreal ou limitado. Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro.
  • 21. Primeiramente ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as várias coisas em si mesmas; e, por último, veria a própria luz do sol refletida em todas as coisas. Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria se seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam.... Qualquer semelhança com a vida dos grandes gênios e reformadores de todas as áreas da humanidade não é mera coincidência. O que Platão nos mostra com esta alegoria da caverna é o caminho que o filósofo percorre das noções imprecisas para as idéias reais que estão por trás dos fenômenos da natureza.
  • 22. Na certa Platão também estava pensando em Sócrates, que tinha sido morto pelos “habitantes da caverna” por ter colocado em dúvida as noções a que eles estavam habituados e por querer lhes mostrar o caminho do verdadeiro conhecimento. Desta forma, a alegoria da caverna é uma imagem da coragem e da responsabilidade pedagógica do filósofo. Platão defende o ponto de vista de que a relação entre as trevas da caverna e a natureza fora dela corresponde à relação entre as formas da natureza e o mundo das idéias. Ele não acha a natureza em si sombria e triste, mas acha sim que ela é sombria e triste em relação à clareza das idéias. A foto de uma bela jovem não é sombria e triste. Ao contrário. Só que não deixa de ser uma foto.
  • 23. Citação: Platão e a democracia "Ora, estabelecemos, e repetimos muitas vezes, se bem te recordas, que cada um deve ocupar-se na cidade de uma única tarefa, aquela para a qual é melhor dotado por natureza“ "A República". Livro IV, 432 d - 433 b. Política "... os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente".
  • 24. OBRAS: Alcibíades (Primeiro): trata da doutrina socrática do auto-conhecimento; Alcibíades (Segundo): trata do conhecimento; Apologia de Sócrates: relata o discurso de defesa de Sócrates no tribunal de Atenas; Banquete: trata da origem, as diferentes manifestações e o significado do amor sensual; Cármides: diálogo ético; Clítofon: trata da virtude; Crátilo: trata da natureza dos nomes; Crítias: Platão narra aqui mito de Atlântida através de Crítias (seu avô). É um diálogo inacabado;
  • 25. OBRAS: Críton: trata da justiça; Eutidemo: crítica aos sofistas; Eutífron: trata dos conceitos de piedade e impiedade; Fédon: relata o julgamento e morte de Sócrates e trata da imortalidade da alma; Fedro: trata da retórica e do amor sensual; Filebo: versa sobre o bom e o belo e como o homem pode viver melhor; Górgias: trata do verdadeiro filósofo em oposição aos sofistas; Hípias (maior): discussão estética; Hípias (menor): trata do agir humano; Íon: trata de poesia;
  • 26. OBRAS: Laques: trata da coragem; Leis: aborda vários temas da esfera política e jurídica. É o último (inacabado), mais longo e complexo diálogo de Platão; Lísis: trata da amizade/amor; Menêxeno: elogio da morte no campo de batalha; Mênon: trata do ensino da virtude; Parmênides: trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem Sócrates, a personagem, defende a teoria das formas que é duramente criticada por Parmênides; Político: trata do perfil do homem político; Protágoras: trata do conceito e natureza da virtude;
  • 27. OBRAS: A República: aborda vários temas, mas todos subordinados à questão central da justiça; Sofista: diálogo de caráter ontológico, discute o problema da imagem, do falso e do não-ser; Teeteto: trata exclusivamente da Teoria do Conhecimento; Timeu: trata da origem do universo. Mito de Er: O Purgatório.