1) O documento descreve o contexto político-social da arte romana no século I a.C./d.C., durante o governo de Augusto, incluindo a expansão do império, a organização militar e administrativa centralizada, e a cultura ecletista.
2) Augusto modernizou a administração política e provincial do império, promoveu a paz e prosperidade, e patrocinou obras públicas e as artes para glorificar Roma.
3) O modelo urbano romano, com ruas ortogonais e fóruns, foi
A cultura e o urbanismo da Roma Antiga: o modelo da civilização romana
1.
2. O TEMPO
O séc. I a.C./ d.C., o século de Augusto
O contexto político-social da Arte Romana
A vastidão do seuImpério(um dos maiores de sempre a nível de extensão)
Opoder autocráticocentralizadoedivinodos seusimperadores;
A modernização do seusistema jurídico que foi durante séculos a principal
fonte deorganização administrativa e judicial da Igreja e dos estados
europeus
A meticulosa e disciplinada organização das suaslegiõesque conquistaram o
mundo
Oeclectismo(gosta de coisas e pessoas de natureza bastante diversa)da sua
cultura, damatrizhelenística, associada a uma síntese original de influências
múltiplas ;
Omundanismo(não virtuoso, dado aos prazeres do mundo)das suas elites
sociais, em contraste com oesclavagismo(é um sistema económico-social que
admite como natural aexistência de escravos, cujo trabalho explora
massivamente com mão de obra gratuita; estratosocial mais pobre, os
escravos)e as duras condições de vida daplebe(estrato social da AntigaRoma
a que pertenciam os homens livres, não nobres e com menores posses
económicas, eabaixo destes encontravam-se os escravos)
Asuperioridade da sua civilização materialque rasgou estradas, construiu
cidades, levantou pontes e aquedutos, desbravou florestas, arroteou campos
e fundou indústrias, escolarizou e pacificou, numa gigantesca tarefa
civilizacional a que modestamente demos o nome deromanização(acto de
aculturação exercido por Roma sobre os diferentes povos do
seuimpério, o latim materializava esta aculturação).
No séculoV e IV a.C.
É iniciada a república(regime político em que o poder, embora repouseno povo, é
exercido por magistrados que o povo elege por períodos limitados de tempo).
3. Roma conquistou a Península Itálica, nos séculos III e II a.C. conquistou o
mediterrâneo ocidental, a Península Ibérica e o norte de África.
Durante séculos, Roma exerceu o seu poder e teve a capacidade de se expandir de
forma estrondosa.Todo o mediterrâneo se transformou num“lago romano” – o mare
nostrum - como Roma gostava de lhe chamar, tornando-se este o centro das
extensas redes comerciais que uniam todas as áreas do império.
Império
Fruto de uma longa evolução, características como domínio, centralização, lei,
ordem,prosperidade económica e material, civilidade…atingiram o seu auge entre
meados doséc. I a.C. e do séc.I d.C., aépoca de ourodaCivilização Romana.Esse
período coincide em grande parte com o governo deOctávio César Augusto
(BIOGRAFIA), cuja acção se manifestou a vários níveis:
-no plano militar- restabeleceu a ordem e a disciplina após a anarquia e guerra
civildos últimos tempos da República; prosseguiu com as conquistas e pacificou as
províncias,estendendo sobre elas apax romana(estadode paz e prosperidade vivido
no império romanodesde o séc. I a.C. até II d.C .)
-noplano político- reformou o aparelho administrativo central e provincial,
reforçandoos poderes do imperador ao criar novos órgãos de apoio (Conselho
Imperial, Guarda Pretorianae novo corpo de funcionários dele dependente)
e reduzindo os poderes do Senado, dasmagistraturas e dos comícios;
-noplano social- apaziguou as lutas sociais, reordenando a população com base
na igualdade (teórica) perante a lei, para os cidadãos livres, e fazendo recair
sobre o montante doimposto pago (censo que Augusto tornou obrigatório) a
possibilidade de se ser eleito para oscargos públicos e políticos, como o Senado
e magistraturas. Com estas medidas, garantiu acoesão do corpo social,
hierarquizando-o, tendo-o a ele e à sua família no cimo destahierarquia;
-noplano cultural–César Augusto, formado na tradição helenística, e amante das
letras e das artes, usou aprosperidade económicada época para proteger poetas,
4. escritores, historiadores, intelectuais e artistas, atraindo-os á sua corte e
subsidiando as suas obras (iníciodo mecenatismo, actividade cujo nome deriva de
um dos mais fiéis conselheiros de Augusto -Mecenas); patrocinou numerosasobras
públicascomo estradas, aquedutos, pontes e termas. Muniu-se de arquitectos e
artesãos gregos para reformar ou construir templos, teatros, mausoléus (casas dos
mortos), arcos do triunfo, entre outros, e ainda para construir um novo fórum
dedicado a ele - o ForumAugustum; construiu e equipou bibliotecas públicas e
fundou escolas;
-no plano religioso- preocupou-se em restabelecer areligião tradicional, ligando-a
ao culto do Imperador de Roma. (esta deposição do poder religioso nas suas mãos
permitiu-lhe fiscalizar os sacerdotes e obter a capacidade de interpretar as
vontades dos deuses). Com tudo isto, César Augusto não só conseguiu manter o
império governado e unido com paz e prosperidade, como criou, na sua pessoa e
no aparelho central que dele dependia, uma espécie de identidade cultural inter-
regional capaz de integrar as diversidades geográficas, étnicas e culturais das
terras conquistadas.
Cultura
A expansão e crescimento do império romano acompanharam o processo de
formação da sua cultura.
Como sabemos os romanos foram grandes admiradores da cultura grega– filosofia,
ciências, arte e religião– que absorveram e adoptaram como sua, logo após a
conquista da Grécia no séc. II a.C. Receberam também muitas outras influências
culturais colhidas ao longo da sua expansão, nas múltiplas partes do seu império.
Em todas, os romanos souberam aproveitar o que de melhor nelas encontraram,
harmonizando-as, posteriormente, às suas necessidades e ao estilo do seumodus
vivendi(modo de viver). Nessa síntese criativa residiu precisamente a originalidade
da cultura romana cujas características dominantes se podem observar em toda a
sua história:-possuem uma inteligência positiva direccionada para a resolução dos
problemas concretos da vida; privilegiam o saber prático em detrimento da
5. especulação e da teoria; praticam uma visão prática da existência, directamente
ligada ao funcional e ao útil; têm em si o espírito político (ordem, disciplina,
estratégia) e o gosto pelo poder. O seu sentido histórico é materializado nas obras
públicas e urbanísticas .
- Tendência para a opulência e monumentalidade, vivenciada sobretudo nos
hábitos esbanjadores da época imperial.
O povo romano foi mais soldado que poeta, mais político que artista, mais
homem de negóciosque intelectual ou pensador .
Foi assim uma arte influenciada por estas características: monumental, funcional
e prática, ao serviço do estado e do império, para a glória dos homens. Não se
lhe reconhece certamente o sentido estético e a harmonia decorativa dos
Gregos, contudo foimais adaptável e variada e demonstrou grande
originalidade técnica e de concepção.
Crise do Império
A partir do século III da nossa era, o império romano começou a dar indícios de
decadência. Nos finais do século IV d.C., muito abalado interna e externamente por
inúmeros problemas de ordem político-militar e económico-social, dividiu-se
definitivamente em império Romano do Ocidente (com capital em Roma) e Império
romano do oriente (com centro e bizâncio, ex-Constantinopla). Em 476 d.C. o
império do ocidente desfez-se sob a pressão dos grupos bárbaros germânicos,
dando inicio a uma nova etapa na história do ocidente:a Idade Média.
6. O ESPAÇO_
Roma: o modelo urbano no império
Roma, uma humilde aldeia, surgiu como cidade noséc. VIII a.C. com a união dos
Latinos do Monte Palatino aos Sabinos do Monte Quirinal, formando um núcleo
urbano forte. Desde aí e até aoséc. IV d.C.o seu crescimento acompanhou o
crescimento político eeconómico do seu povo e a prodigiosa construção do
gigantesco império, do qual Roma foi ocentro. Dominando, pela sua posição
central, o Mediterrâneo, Roma tornou-se o ponto departida e de chegada das rotas
terrestres e marítimas que uniam todas as partes do Império, possibilitando a
circulação e intercâmbio de gentes, produtos e notícias veiculadas por políticos,
soldados, comerciantes, colonos, escritores, artistas, entre outros (calcula-se que
no tempo de Júlio César séc. I a.C. a sua população tivesse já ultrapassado 1
milhão de pessoas). Por todas estas razões o Estado Romano teve sempre grande
preocupação com a qualidade de vida da cidade e do seu espaço físico,
construindo vias e praças, aquedutos para o abastecimento de água,
estabelecendo regras construtivas para os edifícios civis e públicos e embelezando-
a com monumentos e peças de estatuária que lhe dessem a imponência e o
faustonecessários ao poder e ao domínio que a cidade exercia. Capital de tão vasto
império, aUrbeoucidade(deRoma), cresceu de uma formacosmopolita, sendo
umexemplopara inúmeras cidades do império, em todas as regiões ouprovíncias:-
Foi um exemplo anível administrativo e civilizacional, tendo os romanos
efectuadoum rápido processo de aculturação das populações, conseguido pelo
método de transformar ascidades das várias províncias do império, nas sedes do
seu governo; assim em Itália e nasprovíncias, as cidades, com estatutos jurídicos
muito diferenciados (municípios, colónias…),foram as sedes da administração
regional e estruturavam-se internamente usando como modelo as instituições e
órgãos governativos da cidade de Roma (com o seu senado, a sua cúria [Lugarde
reunião do senado romano], a sua basílica…).
- Também anível urbanísticopois o modelo urbano romano foi também adoptado
nas cidades novas, em toda a parte do império e inspirou as reformas
e melhoramentos urbanos feitos em muitas outras cidades já preexistentes. Os
7. romanos foram grandes fundadores de cidades– o urbanismo consistiu-se numa
das marcas distintivas da civilização romana.
As cidades do impérioorganizavam-se em torno de dois eixos viários ortogonais –
ocardoe odecumano. No cruzamento desses dois eixos situavam-se os fóruns,
centrosadministrativos, políticos e religiosos. Junto à periferia das cidades, perto
das portas, erguiam-seos complexos termais, os anfiteatros e teatros. Esta tipologia
era facilmente aplicada em cidadesde centros urbanos, assim com a cidades
de província.
O LOCAL
_ O Senado: os senadores e o cursushonorum
Como assembleia política, oSenadofoi a mais velha instituição do Estado
Romano,tendo existido desde a monarquia até finais do Império. Durante a
República (510-27 a.C.), foi o órgão principal da vida política romana.Inicialmente
possuía funções meramente consultivas, mas com o passar do tempo começou
adominar todos os assuntos da vida pública com carácter deliberativo e normativo.
Cabia-lhe,comofunções ordinárias, a política externa, as decisões de guerra e paz,
a gestão das festas esolenidades religiosas, a administração das finanças e
a tomada de medidas relativas à ordempública; comofunções extraordinárias, podia
ainda declarar o estado de sítio, suspender os tribunais, intervir no governo das
províncias e na gestão do exército, preparar as leis que os comícios deviam votar,
entre outras. Tal amplitude de funções, em conjunto com o prestígio dos senadores
fez das reuniões do Senado, na Cúria (local de reunião do senado), o palco
quotidiano da vida política do império durante a República, onde a arma principal de
convencimento era apalavra, a Retórica, ou arte de bem falar, importante factor no
sucesso dos oradores e na condução das discussões e votações. Com o Império, o
Senado entrou em decadência. Augusto reduziu o número de membros (para 600 e
escolhidos por ele) e retirou-lhe grande parte dos seus poderes: deixou de
comandar o exército e de intervir na política externa. Durante o Império,
acentralização políticausou como principal instrumento de coesão do Estado aLei
Romana(conjunto de normas de Direito, superiormente definidas), que aplicada
8. igualmente em todo o mundo romano, uniformizou os procedimentos da justiça e
dos tribunais em todas as províncias, sobrepondo-se à diversidade dos direitos
locais. A superioridade das leis romanas residia:na racionalidadee nalucidez dos
princípios gerais que enunciavam; nopragmatismo(sentido prático e eficiente) e na
experiência que colocam na análise das situações do quotidiano; na complexidade
das situações que contemplavam e que eram vividas, a todos os níveis
(económicos, sociais, familiares, étnicos e políticos), nas várias regiões do império.