O documento descreve o processo de independência da América Espanhola no início do século XIX. A sociedade colonial era dividida em classes e dominada por espanhóis. Movimentos precursoros na década de 1780 prepararam o terreno para as rebeliões de independência lideradas por criollos entre 1810-1824, com destaque para Bolívar e San Martin, que proclamaram a independência de vários países. Fatores como a Revolução Francesa, a ocupação napoleônica da Espanha e o apoio dos EUA e Inglaterra
3. • No início do século XIX, quando ocorreu o
choque entre a Revolução Industrial inglesa e
a Revolução Francesa, o império colonial
espanhol na América estava dividido, em
termos administrativos, em quatro vice-
reinados e quatro capitanias gerais.
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5. • Os vice-reinados existentes eram Nova
Espanha ( México e parte do território
atualmente pertencente aos Estados Unidos),
Nova Granada ( Colômbia e Equador), Peru e
Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai).
As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala,
Venezuela e Chile.
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7. • Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram
exercidos por representantes da Coroa que
vinham direto da Espanha. Todos os altos
postos da administração colonial eram
ocupados por espanhóis.
8. • A economia colonial baseava-se na
exportação de matérias-primas e, portanto,
era dependente do mercado externo
monopolizado pela metrópole através do
pacto colonial. A mineração baseava-se na
extração de ouro e prata e estava concentrada
no México e na Bolívia.
12. • A agricultura tropical desenvolveu-se na
América Central e nas Antilhas, com base no
sistema de "plantation", ou seja, grandes
propriedades monoculturas, trabalhadas por
escravos.
16. • A pecuária concentrava-se principalmente no
México e no vice-reinado do Prata. O
comércio era praticado nas grandes cidades
portuárias, como Buenos Aires, Valparaíso,
Cartagena e Vera Cruz.
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18. • A Espanha exercia o monopólio comercial entre
suas colônias e a Europa, o que afetava os
interesses econômicos da elite colonial, obrigada
a vender, a baixos preços, seus produtos à
metrópole e dela comprar, a altos preços, as
manufaturas importadas. O mesmo acontecia
com os comerciantes e industriais ingleses,
forçados a aceitar a intermediação da Espanha e
impedidos de vender diretamente as suas
mercadorias à América.
19. • O fim do monopólio comercial interessava,
assim, tanto à elite colonial como à burguesia
inglesa, à medida que ambas aumentariam
seus lucros com a adoção do livre comércio.
Esta convergência de interesses foi um fator
decisivo para a vitória do movimento de
independência hispano-americano.
22. • Nessa época a sociedade colonial era formada
por uma população de dez milhões de
habitantes, divididos em diversas classes sociais.
Os brancos eram três milhões e trezentos mil e
classificavam-se em: chapetones e criollos. Os
chapetones (300 mil), eram os espanhóis natos
que, monopolizando o poder político,
dominavam os altos cargos da administração
colonial.
23. • Os criollos, cerca de três milhões, eram
descendentes de espanhóis nascidos na
América e formavam a elite econômica e
intelectual da colônia, à qual pertenciam os
latifundiários, comerciantes, profissionais
liberais e membros do baixo clero.
24. • Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios,
eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao
pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os
índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-
de-obra explorada na mineração e na agricultura.
Os negros, perto de oitocentos mil,
concentravam-se principalmente nas Antilhas e
formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas
plantations tropicais.
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27. • Os criollos e os chapetones dominavam e
determinavam a condução das relações
econômicas e políticas das colônias hispano-
americanas e era a eles que interessava a
ligação com a metrópole ou o rompimento de
laços com ela.
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29. O Processo de Independência:
• Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola
inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A
grande maioria desses intelectuais era de origem
criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na
América desprovidos de amplos direitos políticos
nas grandes instituições do mundo colonial
espanhol. Por estarem politicamente excluídos,
enxergavam no iluminismo uma resposta aos
entraves legitimados pelo domínio espanhol, ali
representado pelos chapetones.
30. • Ao mesmo tempo em que houve toda essa
efervescência ideológica em torno do
iluminismo e do fim da colonização, a pesada
rotina de trabalho dos índios, escravos e
mestiços também contribuiu para o processo
de independência.
31. • As péssimas condições de trabalho e a
situação de miséria já tinham, antes do
processo definitivo de independência,
mobilizado setores populares das colônias
hispânicas. Dois claros exemplos dessa
insatisfação puderam ser observados durante
a Rebelião Tupac Amaru (1780/Peru) e o
Movimento Comunero (1781/Nova Granada).
34. • No final do século XVIII, a chegada de
Napoleão ao governo francês e a necessidade
britânica e norte-americana em aumentar
seus mercados consumidores influenciaram a
independência da América Espanhola. A
França, invadiu a Espanha (porque esta não
cumpriu o Bloqueio Continental),
desestabilizando a autoridade do governo sob
as colônias.
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36. • É nesse momento, no início do século XIX, que
a mobilização ganha seus primeiros
contornos. A restauração da autoridade
colonial espanhola seria o estopim do levante
capitaneado pelos criollos. Contando com o
apoio financeiro anglo-americano, os criollos
convocaram as populações coloniais a se
rebelarem contra a Espanha.
37. • Os dois dos maiores líderes criollos da
independência foram Simon Bolívar e José de
San Martin. Organizando exércitos no norte e
no sul da América do Sul, ambos proclamaram
a independência de vários países latino-
americanos.
40. A guerra de Independência:
• O processo de independência hispano-
americano dividiu-se, grosso modo, em três
fases principais: os movimentos precursores
(1780 - 1810), as rebeliões fracassadas (1810 -
1816) e as rebeliões vitoriosas (1817 - 1824).
41. • Os movimentos antes da independência,
foram severamente reprimidos pelas
autoridades espanholas. Ainda que
derrotados, contribuíram para enfraquecer a
dominação colonial e amadurecer as
condições para a guerra de independência.
42. • A mais importante dessas insurreições iniciou-
se no território peruano em 1780 e foi
comandada por Tupac Amaru. Essa rebelião
indígena mobilizou mais de sessenta mil índios
e só foi totalmente esmagada pelos espanhóis
em 1783, quando foram igualmente
reprimidas outras revoltas no Chile e na
Venezuela.
43. • Inspirado no exemplo dos Estados Unidos, o
criollo venezuelano Francisco Miranda
liderou, a partir desta época, vários levantes e
se tornou o maior precursor da independência
hispano-americana. Após os Estados Unidos, a
segunda independência da América foi
realizada pelos escravos trabalhadores das
plantations que, em 1793, através de uma
insurreição popular contra a elite branca
libertaram o Haiti.
45. • Na América espanhola, a ocupação da
Espanha pelas tropas de Napoleão
enfraqueceu o controle da metrópole sobre as
colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou
sem êxito proclamar a independência do Vice-
Reino de Nova Espanha (México). Nova
tentativa em 1813, novo fracasso: Hidalgo foi
executado.
47. • A conquista da independência veio em 1821,
liderada pelo general Itúrbide, que se
proclamou imperador. Obrigado a abdicar em
1823, morreu fuzilado. O México tornou-se
então uma República federal independente.
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49. • Do Vice-Reino de Nova Granada surgiram
Venezuela, Colômbia e Equador, libertados
por Simón Bolívar, respectivamente, em 1817,
1819 e 822. O Vice-Reino do Peru deu origem
a três países: Peru, Chile e Bolívia.
51. • Do Vice-Reino do Prata surgiram outros três
países: Argentina, Uruguai e Paraguai. O
Paraguai libertou-se sem guerras em 1811. O
Uruguai, invadido por Portugal em 1816 e
anexado ao Brasil com o nome de Província
Cisplatina, só se tornou independente em
1828.
54. • Diante da revolta generalizada, o rei espanhol
Fernando VII chegou a pedir ajuda a Santa
Aliança. Mas os Estados Unidos e a Inglaterra
foram contra a intervenção e reconheceram a
independência das colônias espanholas.
55. • A Posição dos EUA pode ser resumida na
política estabelecida, em 1823, pelo
presidente James Monroe, a chamada
Doutrina Monroe, que declarava "a América
para os americanos". A Inglaterra era movida
por interesses econômicos, já que os novos
países podiam representar mercado seguro
para seus produtos.