O documento descreve três conflitos sociais na República Velha no Brasil: A Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e o Cangaço. A Guerra de Canudos foi um conflito entre o governo e os seguidores messiânicos de Antônio Conselheiro em Canudos na década de 1890. A Guerra do Contestado foi uma revolta camponesa na década de 1910 motivada por disputas de terras. O Cangaço foi um período de banditismo no sertão nordestino entre 1870-1930, liderado por
3. A situação de miséria e descaso político
fez nascer no sertão nordestino, no final
do século XIX, um movimento messiânico
de grande importância.
Liderados por Antônio Conselheiro, o
grupo de miseráveis fundou em uma
fazenda abandonada às margens do rio
Vaza Barris, um arraial.
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5. Este arraial (Vila) era chamado pelos
habitantes e pelo Conselheiro de Arraial
de Belo Monte. A população das cidades
próximas ao Arraial chamavam-no de
Canudos, por causa do antigo nome da
fazenda abandonada, onde ficava.
8. Os grandes fazendeiros nordestinos
(coronéis)viam Canudos como uma
ameaça, porque muitos trabalhadores
deixaram o campo para seguir o
Conselheiro, que prometia uma vida
melhor neste mundo. Antônio Conselheiro
era contra a República; se recusava a
pagar impostos; acusava a Igreja Católica
de colaborar para a exploração dos
pobres.
12. Por estas razões eles eram vistos como
uma ameaça à ordem estabelecida
pela República. Logo, os habitantes de
Canudos foram atacados com toda força
pelas tropas do governo da Bahia.
13. As duas primeiras expedições enviadas
pelo governo baiano contra o arraial entre
1896 e 1897 fracassaram. De março a
outubro de 1897, outras duas expedições
enviadas pelo governo federal e
organizadas pelo Exército, a última com 6
mil homens e artilharia pesada, consegue
finalmente tomar e destruir Canudos.
19. Junto com Conselheiro morrem
aproximadamente 20 mil pessoas. Só
sobrevivem cerca de 400 prisioneiros,
entre velhos, mulheres e crianças.
Ao primeiro sinal de novas ideias, a
República Brasileira ataca com extrema
violência.
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22. A Guerra do Contestado
1912 - 1916
A Guerra do Contestado foi um conflito
armado que ocorreu na região Sul do
Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de
1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil
camponeses que enfrentaram forças
militares dos poderes federal e estadual.
23. Ganhou o nome de Guerra do
Contestado, pois os conflitos ocorrem
numa área de disputa territorial entre os
estados do Parará e Santa Catarina.
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25. Causas da Guerra
A estrada de ferro entre São Paulo e Rio
Grande do Sul estava sendo construída
por uma empresa norte-americana, com
apoio dos coronéis (grandes proprietários
rurais com força política) da região e do
governo.
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27. Para que a estrada de ferro fosse
construída, milhares de família de
camponeses perderam suas terras. Isso
criou muito desemprego entre os
camponeses da região, que ficaram sem
terras para trabalhar.
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29. Outro motivo da revolta foi a compra de uma
grande área da região por de um grupo de
pessoas ligadas à empresa construtora da
estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida
para o estabelecimento de uma grande empresa
madeireira, voltada para a exportação. Com
isso, muitas famílias foram expulsas de suas
terras.
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31. O clima ficou mais tenso quando a
estrada de ferro ficou pronta. Muitos
trabalhadores que atuaram em sua
construção tinham sido trazidos de
diversas partes do Brasil e ficaram
desempregados com o fim da obra.
32. Eles permaneceram na região sem
qualquer apoio por parte da empresa
norte-americana ou do governo.
33. Nesta época, as regiões mais pobres do
Brasil eram terreno fértil para o
aparecimento de lideranças religiosas de
caráter messiânico. Na área do
Contestado não foi diferente, pois, diante
da crise e insatisfação popular, ganhou
força a figura do beato José Maria.
35. Ele pregava a criação de um mundo novo,
regido pelas leis de Deus, onde todos
viveriam em paz, com prosperidade
justiça e terras para trabalhar. José Maria
conseguiu reunir milhares de seguidores,
principalmente de camponeses sem
terras.
36. Os coronéis da região e os governos
(federal e estadual) começaram a ficar
preocupados com a liderança de José
Maria e sua capacidade de atrair os
camponeses.
37. O governo passou a acusar o beato de
ser um inimigo da República, que tinha
como objetivo desestruturar o governo e a
ordem da região. Com isso, policiais e
soldados do exército foram enviados para
o local, com o objetivo de desarticular o
movimento.
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41. Os soldados e policiais começaram a
perseguir o beato e seus seguidores.
Armados de espingardas de caça, facões
e enxadas, os camponeses resistiram e
enfrentaram as forças oficiais que
estavam bem armadas.
42. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8
mil rebeldes, na maioria camponeses,
morreram. Alguns historiadores chegam a
afirmar que o número de mortes chegou à
20 mil. As baixas do lado das tropas
oficiais foram bem menores.
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44. A guerra terminou somente em 1916,
quando as tropas oficiais conseguiram
prender Adeodato, que era um dos chefes
do último reduto de rebeldes da revolta.
Ele foi condenado a trinta anos de prisão.
45. A Guerra do Contestado mostra a forma
com que os políticos e os governos
tratavam as questões sociais no início da
República. Os interesses financeiros de
grandes empresas e proprietários rurais
ficavam sempre acima das necessidades
da população mais pobre
46. Não havia espaço para a tentativa de
solucionar os conflitos com negociação.
Quando havia organização daqueles que
eram injustiçados, as forças oficiais, com
apoio dos coronéis, combatiam os
movimentos com repressão e força militar.
47. O Cangaço
1870 - 1930
Foi uma onda de banditismo, crime e
violência que se alastrou por quase todo o
sertão do Nordeste brasileiro entre o
século XVIII e meados do século XX. Para
alguns especialistas, o cangaço teria
nascido como uma forma de defesa dos
sertanejos diante da ineficiência do
governo em manter a ordem e aplicar a
lei.
48. Mas o fato é que os bandos de
cangaceiros logo se transformaram em
quadrilhas que aterrorizaram o sertão,
pilhando, assassinando e estuprando.
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50. O Cangaço pode ser dividido em três
subgrupos: os que prestavam serviços
esporádicos para os latifundiários; os
"políticos", expressão de poder dos
grandes fazendeiros; e os cangaceiros
independentes, com características de
banditismo.
51. Os cangaceiros conheciam a caatinga e o
território nordestino muito bem, e por isso,
era tão difícil serem capturados pelas
autoridades. Estavam sempre preparados
para enfrentar todo o tipo de situação.
Conheciam as plantas medicinais, as
fontes de água, locais com alimento, rotas
de fuga e lugares de difícil acesso.
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55. O primeiro bando de cangaceiros que se
tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves
de Melo Calado, "Jesuíno Brilhante", que
agiu por volta de 1870. E o último foi de "
Corisco" (Cristino Gomes da Silva Cleto),
que foi assassinado em 25 de maio de
1940.
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58. O cangaceiro mais famoso foi Virgulino
Ferreira da Silva, o "Lampião",
denominado o "Senhor do Sertão" e
também "O Rei do Cangaço". Atuou
durante as décadas de 1920 e 1930 em
praticamente todos os estados do
Nordeste brasileiro.
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61. As primeiras mulheres juntaram-se ao
cangaço a partir de 1930 - a pioneira foi
Maria Bonita, companheira de Lampião.
Estima-se que o bando de Lampião
chegou a matar mais de mil pessoas.
63. Para combater os cangaceiros, o governo
reagia com as "volantes", grupos de
policiais disfarçados de cangaceiros, que
muitas vezes eram mais brutais que os
próprios cangaceiros.
64. . Em1938, Lampião e Maria Bonita foram
mortos por uma volante. Um dos
sobreviventes, Corisco, tentou assumir o
lugar do chefe, mas foi morto pela polícia
em 1940, num ataque que encerra o
cangaço.
66. Padre Cícero
Cícero Romão Batista (Crato, 24 de março de
1844 — Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934)
foi um sacerdote católico brasileiro. Na devoção
popular é conhecido como Padre Cícero ou
Padim Ciço.
Proprietário de terras, gado e dono de diversos
imóveis, o Padre Cícero fazia parte da
sociedade e política conservadora do sertão do
Cariri.
67. O médico Floro Bartolomeu seu braço
direito e integrava o sistema político
cearense que ficou sob o controle da
família Accioli durante mais de duas
décadas. Carismático, obteve grande
prestígio e influência sobre a vida social,
política e religiosa do Ceará e da Região
Nordeste do Brasil.
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69. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era
devoto de padre Cícero e respeitava as
suas crenças e conselhos. Os dois se
encontraram uma única vez, em Juazeiro
do Norte, no ano de 1926. Naquele ano, a
Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos
Prestes, percorria o interior do Brasil
desafiando o Governo Federal.
70. Para combatê-la foram criados os
chamados Batalhões Patrióticos,
comandados por líderes regionais que
muitas vezes convocavam cangaceiros.
71. O certo é que ao chegaremem Juazeiro,
Lampião e os quarenta e nove
cangaceiros que o acompanhavam,
ouviram padre Cícero aconselhá-los a
abandonar o cangaço.
72. Como Lampião exigia receber a patente
que lhe fora prometida, Pedro de
Albuquerque Uchoa, único funcionário
público federal no município, escreveu em
uma folha de papel que Lampião seria, a
partir daquele momento, Capitão e
receberia anistia por seus crimes. O
bando deixou Juazeiro sem enfrentar a
Coluna Prestes.