SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 6
Downloaden Sie, um offline zu lesen
1
A herança da Antiguidade Clássica
O modelo ateniense
Por Raul Silva
Embora unida pela mesma língua, pela mesma cultura e pela devoção aos mesmos deuses, a
Grécia nunca adquiriu coesão política. Ciosas da sua autonomia, muitas vezes rivais entre si,
as cidades gregas constituíram o núcleo de pequenos estados independentes, a que os Helenos
chamaram pólis.
É neste mundo fracionado que Atenas se destaca, tornando-se, no século V a. C., a "escola da
Grécia".
Escola, em primeiro lugar, no que diz respeito à política: em Atenas nasce a primeira
democracia, uma democracia direta, amplamente participada, que, apesar das suas
limitações, promove a igualdade e a justiça.
Escola também no que diz respeito à cultura: é na Atenas democrática que os arquitetos e os
escultores criam as mais belas obras de arte, que os dramaturgos encenam as primeiras peças
de teatro, que os filósofos e os oradores cultivam o pensamento e a palavra.
Centro político e cultural de primeira grandeza, Atenas identifica-se com o esplendor da
civilização grega e o seu legado ao mundo acidental.
CADERNODIÁRIO
EXTERNATO LUÍS DE
CAMÕES
N.º 1
https://
www.facebook.com/
historia.externato
http://
externatohistoria.blog
spot.pt
externatohistoria@gm
ail.com
25deSetembrode2015
2
CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015
A Pólis
o espaço, os
cidadãos e as leis
Os antigos gregos, os helenos, sentiam-
se unidos por laços históricos e
culturais, mas, por outro lado, viviam
separados pela distribuição em pólis
(mais de duas mil).
O relevo montanhoso, o território
recortado e a ocupação da Grécia
Continental, Asiática e Insular por
sucessivos povos favoreceram a criação
da pólis ou cidade-estado.
O território de uma pólis era
constituído por uma zona rural, uma
zona urbana e uma zona de ligação ao
mar. Na zona urbana da pólis
distinguiam-se ainda dois espaços
cívicos importantes, a acrópole e a
ágora. A acrópole era um local de
defesa, elevado, muralhado, onde se
localizavam os principais templos, das
cidades-estado; tinha uma função
defensiva e religiosa. A ágora era uma
praça pública das cidades-estado gregas,
localizada na parte baixa da cidade,
onde se encontravam o mercado e
outros locais públicos (teatros, estádios,
etc.), as habitações populares, os órgãos
de governo e de administração; tinha
uma função económica, política e
administrativa. Na ágora também
existiam altares e templos.
Em redor da ágora, e já como expressão
do racionalismo grego, as construções
estavam organizadas geometricamente.
O requinte e a beleza dos templos e
edifícios públicos contrastavam com a
simplicidade das habitações
particulares.
A pólis é composta por corpo cívico, ou
seja, o conjunto dos cidadãos a quem
eram reconhecidos direitos civis e
políticos; em número reduzido, o corpo
cívico era essencial para a condução dos
negócios públicos, para a feitura das leis,
assim como para a organização das
cerimónias religiosas, Nele não se
incluíam as mulheres, os escravos nem
os estrangeiros ou metecos, isto é,
gregos oriundos de outras pólis.
A pólis necessita de um conjunto de leis,
para estabelecer a ordem e assegurar a
governação da cidade.
O ideal da pólis era a autarcia, princípio
segundo o qual uma pólis tinha de ser
autossuficiente, ou seja, bastar-se a si
própria; só assim a sua sobrevivência
enquanto comunidade autónoma
estaria assegurada; este ideal prendia-se
com o espírito orgulhoso e
independente dos gregos e com as
profundas rivalidades que dividiam as
várias cidades-estado, e com frequência
as lançavam em guerra.
A pólis, podendo significar
simultaneamente um Estado, um povo e
uma cidade, era mais pequena do que
os atuais países europeus, permitindo
uma governação desburocratizada e
uma efervescente atividade cultural.
Responder:
a) Explique a formação das pólis.
b) Descreva os espaços da cidade
grega.
c) Indique os elementos
indispensáveis à existência da
pólis grega.
A Pólis
e a dimensão ideal
Aristóteles, A Política
“Demasiado pequena, não pode
satisfazer as suas necessidades, o que
constitui uma condição essencial da
cidade; demasiado extensa, basta-se a si
mesma, não como cidade, mas como
nação, e nela quase se torna impossível
o governo. (…)
A justa proporção para o corpo político
consiste, por certo, na existência do
maior número de cidadãos possível, e
que sejam capazes de satisfazer as
necessidades da sua existência; mas não
tão numerosos que possam eximirem a
uma fácil inspecção ou vigilância. (...)
Vejamos quantos elementos são
indispensáveis à existência da cidade
(...): Em primeiro lugar, as subsistências;
depois, as artes, indispensáveis à vida
(...); em quarto lugar, certa abundância
de riquezas, tanto para atender às
necessidades interiores como para a
guerra; em quinto lugar, que
poderíamos ter posto no início, o culto
divino, ou, como costuma ser
designado, o sacerdócio; finalmente, e
este é o objeto mais importante, a
decisão dos assuntos de interesse geral e
os processos individuais. (...)
Se um dos elementos faltar, torna-se
impossível que a associação se baste a si
mesma.”
“Dever-se-ia instalar uma
praça (…) a quem
chamam Praça Livre.
Essa praça estaria livre,
com efeito, de qualquer
tipo de comércio (...). Um
lugar assim tornar-se-ia
deveras aprazível se nele
se erigissem ginásios
para adultos (…). A praça
do mercado, por seu
turno, deveria ser um
local distinto e separado
daquela, propício para a
acumulação de todos os
produtos, tanto os
transportados por mar
como por terra.”
Aristóteles, A Política
Atenas
Se a acrópole ateniense era o centro da vida
religiosa, cerimonial e patriótica, a ágora era o
centro da vida quotidiana,
3
CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015
A democracia
e o seu caráter
direto
Os Atenienses possuíam igualdade nos
direitos (isonomia), no falar (isegoria) e
no poder (isocracia).
A isonomia estabelecia que as leis eram
iguais para todos os cidadãos,
independentemente da riqueza ou do
prestígio destes, garantia que o cidadão
se destacava pelo mérito e não pelos
bens ou nascimento.
A isocracia era uma norma que
estabelecia que todos os cidadãos
tinham igual direito ao voto e a
desempenhar cargos políticos,
encorajava a participação na vida
política da cidade. Para que nenhum
cidadão, nem mesmo o mais pobre,
fosse afastado da vida cívica, os cargos
eram remunerados (mistoforias). No
entanto, esse pagamento era mais baixo
do que o de um pedreiro, de modo a
que os cargos políticos não fossem
procurados para enriquecimento de
quem os executava. Vários cargos,
como o de membro do Conselho da
Bulé, o de arconte (magistrados) e o de
membro do tribunal do Helieu eram
sorteados, para que todos pudessem
intervir. Na participação política
privilegiava-se a rotatividade das
funções, de modo a evitar que um
tirano se apoderasse do governo da
cidade.
Por último, a isegoria – igual direito de
todos os cidadãos ao uso da palavra –
favorecia o discurso político como
forma de participação cívica. A oratória
(dom da palavra) era altamente
valorizada. A palavra isegoria era
algumas vezes empregada pelos
escritores gregos como sinónimo de
democracia. Existiam mesmo escolas de
bem falar. Isócrates afirmava, por isso,
que a maneira de falar “é o sinal mais
seguro da educação de cada um de
nós”. No entanto, já nessa época se
alertava contra a prática da demagogia
(conquista da confiança do povo através
do discurso vazio ou de promessas
irrealizáveis).
Praticava-se, portanto uma democracia
direta, bem diferente da democracia
representiva dos nossos dias.
Responder:
a) Caraterize a democracia
ateniense evidenciando o seu
caráter direto.
A democracia
ateniense
e a sua superioridade
Tucídides, A Guerra do Peloponeso
“O nosso sistema político não inveja as
leis dos nossos vizinhos, pois temos mais
de paradigmas para os outros do que de
seus imitadores. O seu nome é
democracia, pelo facto da direção do
Estado não se limitar a poucos, mas se
estender à maioria; em relação às
questões particulares, há igualdade
perante a lei; quanto à consideração
social, à medida em que cada um é
conceituado, não se lhe dá preferência
nas honras públicas pela sua classe, mas
pelo seu mérito; nem tão pouco o
afastam pela sua pobreza, ou pela
obscuridade da sua categoria, se for
capaz de fazer algum bem à cidade. (…)
Além disso, pusemos à disposição do
espírito muitas possibilidades de nos
repousarmos das fadigas. Temos
competições e sacrifícios tradicionais
pelo ano fora; e usufruímos de belas
casas particulares (…). Devido à
grandeza da cidade, afluem aqui todos
os produtos (…) e acontece que
desfrutamos dos bens locais com não
menos abundância (…). Em resumo,
direi que esta cidade, no seu conjunto, é
a escola da Grécia.”
“Os cidadãos são os
preferidos para a gestão
dos negócios públicos,
atendendo mais ao seu
mérito do que à sua
classe social. A pobreza
não conta: se alguém
pode prestar serviços à
cidade não é a humildade
da sua condição que
disso o impede. É como
homens livres que nós
administramos o Estado.
(...)”
Tucídides, A Guerra do Peloponeso
Relógio de água (clepsidra)
Usado nas sessões do tribunal do Helieu.
Permitia assegurar, ao asusador e ao acusado,
o mesmo tempo de palavra.
4
O cidadão é o que tem parte na decisão
e no comando. Esta participação
exerce-se através das assembleias, dos
conselhos e dos tribunais. Retomando o
caso de Atenas, temos em primeiro
lugar um órgão que abrangia a
totalidade dos cidadãos, Eclésia ou
assembleia. Composta por cidadãos do
sexo masculino com o serviço militar já
cumprido, inscritos nas demos
atenienses.
A Eclésia possuía funções legislativas e
deliberativas: propunha, discutia e
aprovava as leis e o ostracismo;
designava por eleição ou sorteio, os
magistrados e fiscalizava a sua atuação;
decidia sobre a guerra ou a paz;
negociava e ratifica tratados; controlava
as finanças e as obras públicas; julgava
crimes políticos. As suas decisões eram
tomadas por maioria de votação, e esta
fazia-se geralmente de braço no ar. Para
não afastar os cidadãos dos seus
afazeres, a Eclésia reunia três a quatro
vezes por mês, embora algumas sessões
durassem mais do que um dia.
Um outro órgão, a Bulé ou conselho,
preparava as leis e os projetos para
votação na Eclésia. Para este conselho,
qualquer cidadão podia ser nomeado,
mas não mais de duas vezes na vida, e
essas não seguidas, o que assegurava a
rotatividade de exercício de tais funções.
Para além dos buletas, o Governo
ateniense contava ainda com um corpo
de magistrados que executavam todo o
tipo de funções públicas e faziam
cumprir as leis. Eram designados por
eleição ou sorteio, consoante os cargos,
e possuíam mandatos anuais. O seu
desempenho era fiscalizado pela Bulé e
pela Eclésia, a quem tinham de
apresentar contas no final dos seus
mandatos, apresentando, inclusive,
relatório dos bens pessoais tidos no
início e no fim da função exercida. Os
arcontes organizavam as grandes
cerimónias religiosas e fúnebres e
presidiam aos tribunais. Os estrategos
ocupavam-se das questões militares, na
chefia da marinha e do exército e
regiam a política externa. Não eram
sorteados, mas eleitos, mediante listas
propostas pelas tribos, podendo cumprir
vários mandatos. Os escolhidos eram,
quase todos, descendentes das famílias
nobres.
A aplicação da justiça cabia a dois
tribunais. O Areópago era formado
pelos arcontes que haviam cessado
funções e que nele possuíam assento
vitalício; julgava os crimes religiosos, os
homicídios e os de incêndio. O Helieu
julgava todos os restantes delitos;
compunham-no 6000 juízes (600 por
cada tribo), sorteados anualmente, que
funcionavam divididos por secções; os
julgamentos constavam das alegações
do acusador e do acusado, posto o que
se seguia o veredito dos juízes que
decidiam coletivamente, por maioria,
através do voto secreto.
Responder:
a) Distinga, nas instituições da
Atenas democrática, os órgãos
do poder legislativo, do poder
executivo e do poder judicial.
“Eu votarei em conformidade
com as leis e com os decretos
do povo ateniense (...), e não
adrei o meu voto nem a um
tirano, nem à oligarquia. (...)
Não darei o direito de exercer a
magistratura para que tenha
sido designado a alguém que
não tenha prestado contas de
uma outra magistratura. (...)
Não aceitarei presentes
enquanto heliasta, nem por
mim próprio, nem por
intermédio de outro ou de
outra, através de qualquer
outro artifício ou maquinação.”
Aristóteles, Política
Os orgãos do poder da democracia
e a participação do cidadão
CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015
Ficha de voto pelos
juízes
Feita de bronze e tem
a inscrição psephos
demosia (voto do
povo).
Depois de ouvidas as
alegações do
acusador e do
acusado, eram
distribuídas duas
fichas a cada juiz:
uma, tinha a haste
central e era usada
caso o juiz decidisse a
favor da acusação; a
outra, muito
semelhante, tinha
uma haste central
fechada e significava
absolvição. Os juízes
depositavam o seu
voto numa ânfora, a
fim de manterem
secreto o escrutínio.
A democracia
e o poder da maioria
Aristóteles, Política
“O fundamento da constituição democrática é a
liberdade. Costuma afirmar-se isso, sob alegação
de que apenas nesse regime se goza de liberdade;
esse é, segundo se diz, o objetivo que visa toda a
democracia. Uma das caraterísticas da liberdade
reside em ser governado e governar à vez.
A justiça democrática consiste na igualdade
segundo o número e não segundo o mérito. De
tal noção de justiça resulta que a soberania estará
necessariamente no povo e que a opinião da
maioria deverá ser o fim a conseguir e deverá ser
a justiça. (…) Como resultado disso, nas
democracias, os pobres são mais poderosos do
que os ricos: são em maior número e a
autoridade soberana está na maioria. Esse é, pois,
um sinal de liberdade que todos os democratas
colocam como marca do regime (…).”
5
CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015
A democracia
e as suas
limitações
O cidadão é o que tem parte na
decisão e no comando. Esta
participação exerce-se através das
assembleias, dos conselhos e dos
tribunais. Os detentores de tais direitos
eram os cidadãos. Porém, só eram
considerados cidadãos os indivíduos
livres (não-escravos) do sexo masculino,
filhos de pai e mãe ateniense, maiores
de dezoito anos e com serviço militar
(de dois anos) cumprido. Esses
representavam apenas um estrato da
população, de modo algum a
totalidade. Em 430 a.C., 30.000
cidadãos, 120.000 familiares, 50.000
metecos, 100.000 escravos, o que dá,
para cerca de 300.000 habitantes da
Ática, apenas cerca de 10% da
população. Os pequenos comerciantes,
marinheiros, lavradores, artesãos, é que
constituíam a maioria da população.
Assim, a democracia tornava-se o
governo da minoria, e não da maioria.
Em consequência desta contradição,
ficavam excluídos dos direitos políticos
as mulheres, os metecos (e suas famílias)
e os escravos.
As mulheres podiam cuidar dos filhos e
assistir às festas no templo de Hera. As
mulheres eram responsáveis pelos
trabalhos domésticos; deviam
obediência ao pai, marido e filho mais
velho; pautar a sua vida pela discrição e
sobriedade; sair raramente de casa,
proteger-se com um véu e fazer-se
acompanhar por escravas.
Os metecos podiam dedicar-se ao
comércio e ao artesanato; participar nas
festas da cidade-estado ou nos Jogos
Olímpicos, como espetadores; recorrer
ao tribunal. Por outro lado, tinham de
pagar impostos, prestar serviço militar e
só podiam casar com mulheres que não
fossem atenienses.
Os escravos não tinham qualquer
direito, eram propriedade dos seus
donos e tinham de trabalhar
gratuitamente nos serviços domésticos,
nos campos, nas oficinas e nas minas.
Era uma sociedade desigual e
esclavagista, o que contradiz os
princípios da noção atual de
democracia. Apesar disso, a
incorporação de tais pessoas na
comunidade política como membros de
pleno direito, novidade surpreendente
no seu tempo, raramente repetida
depois, salva, por assim dizer, parte do
sentido da democracia antiga.
Para além da segregação dos sexos e da
discriminação de certos estratos
populacionais, a democracia ateniense
foi contestada por outras questões,
nomeadamente a do ostracismo. A
Eclésia baniu da cidade de Atenas
figuras marcantes da política, apenas
porque discordavam da linha
dominante de pensamento. Além disso,
a condenação à morte de Sócrates,
acusado de corromper a juventude, ter-
se-á tratado de um caso de censura.
Responder:
a) Refira os limites da participação
democrática em Atenas.
A sociedade ateniense
e a condição humana
Aristóteles, Política
“A própria natureza assim o quis, dado
que fez os corpos dos homens livres
diferentes do dos escravos, dando a estes
o vigor necessário para as obras difíceis
da sociedade, dando a estes o vigor
necessário para as obras difíceis da
sociedade, e fazendo, contrariamente,
os primeiros incapazes de dobrar o seu
erecto corpo para dedicar-se a
trabalhos duros, e destinando-os
somente às funções da vida civil,
repartida entre as ocupações da guerra
e da paz. (…)
Seja como for, é evidente que os
primeiros são naturalmente livres e os
segundos naturalmente escravos; e que
para estes últimos é a servidão tão útil
como justa.”
“Muitas vezes olho a
condição das mulheres
desta forma: nós somos
ninguém. Quando
crianças, penso, vivemos
a mais doce das vidas em
casa do nosso pai. Mas
quando nós, uma vez
chegadas à idade da
razão e da puberdade,
somos vendidas e
empurradas para fora da
casa (...) algumas para
bons lares, outras para
maus (...) temos ainda
que dar graças e pensar
que tudo está bem.”
Sófocles, Tereus
Os metecos
Os Gregos nutriam uma enorme admiração
pelas coisas belas, mas depreciavam a sua
execução. Por isso, as atividades artesanais,
desconsideradas e mal pagas, recaíam sobre
os metecos.
6
CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015
A democracia
antiga
e a atual
O sistema democrático ateniense
rodeava-se de todas as cautelas para
prevenir a corrupção e os abusos de
poder, e fazer com que todos os
cidadãos participassem no governo da
cidade.
Os atenienses davam preferência ao
sorteio em relação à eleição, uma vez
que todos deviam ter assegurada a
possibilidade de participar nos cargos
políticos e não só os mais importantes
ou cultos; o sorteio assegurava
igualdade e rotatividade no acesso.
A remuneração pelo exercício de
cargos públicos (mistoforias) permitia a
atribuição de subsídios de modo a
obter uma maior disponibilidade das
pessoas. A participação política não
devia estar condicionada à fortuna de
cada um.
O caráter transitório e rotativo dos
cargos evitava a corrupção, formação de
clientelas e abuso do poder.
A prestação de contas pelos magistrados
no fim dos mandatos evitava o abuso do
poder e a corrupção.
A preocupação de contrabalançar os
perigos que eventualmente podiam
conduzir à degeneração do sistema deu
origem a duas medidas preventivas
famosas: o ostracismo e a acusação de
se ter feito uma proposta ilegal à
Assembleia. Pela primeira, um cidadão
demasiado influente era afastado da
cena política por um período que podia
ir até dez anos; pela segunda, podia ser
castigado que tivesse apresentado à
Assembleia uma proposta ilegal, ainda
que aprovada por aquela.
Comparando os princípios da
democracia ateniense com os preceitos
da democracia actual, encontramos
pontos de convergência e de
divergência. As duas formas de
democracia têm em comum:
• a vontade de satisfazer os desejos dos
cidadãos (ainda que nos nossos dias o
conceito de cidadão seja diferente);
• a divisão dos poderes – legislativo,
executivo, judicial – pelas diferentes
instituições;
• o uso da retórica como arma política;
• o tratamento igual de todos os
cidadãos perante a lei.
Eram caraterísticas da democracia
ateniense, nomeadamente:
• um corpo cívico reduzido em
comparação com o das democracias
actuais (porém, alargado, em
comparação com o dos regimes
políticos da Antiguidade);
• a aplicação do ostracismo;
• a existência legal da escravatura;
• a discriminação das mulheres e dos
estrangeiros;
• a valorização do sorteio como forma
de participação política;
• a democracia direta (impraticável nos
nossos dias, pelo grande volume de
população).
A democracia
e a participação
M. Findley, Democracia Antiga e Moderna
“Considerável proporção de cidadãos
do sexo masculino de Atenas tinha
alguma experiência direta no governo,
muito superior a qualquer uma de que
tenhamos conhecimento ou que até
mesmo possamos imaginar. Era
literalmente verdadeiro que um menino
ateniense, ao nascer, tinha maior
probabilidade do que a da mera sorte
de ser presidente da Assembleia, um
posto rotativo ocupado por um único
dia e, como sempre, preenchido por
alguém sorteado.”
Responder:
a) Indique os mecanismos de
proteção da democracia direta.
b) Compare a democracia
ateniense com a democracia
atual.
“Os discursos belos e
artísticos não são
apanágio das pessoas
inferiores, mas obra de
uma alma que pensa
bem; os sábios e os que
parecem ignorantes
diferem uns dos outros
sobretudo nisto. (...)
Os que foram criados
desde início como
homens livres (...)
distinguem-se pela
maneira de falar, e é este
o sinal mais seguro da
educação de cada um de
nós.”
Isócrates, Panegírico
Ostrakon
Todos os anos, a Eclésia decidia se se devia
ou não votar o ostracismo. Os cidadãos
depositavam o seu ostrakon numa caixa, com
o nome voltado para baixo, a fim de assegurar
o secretismo do voto.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

01_01_o_modelo_ateniense.pdf
01_01_o_modelo_ateniense.pdf01_01_o_modelo_ateniense.pdf
01_01_o_modelo_ateniense.pdfVítor Santos
 
Resumo de matéria de História 10º ano
Resumo de matéria de História 10º anoResumo de matéria de História 10º ano
Resumo de matéria de História 10º anojorgina8
 
Grecia geral
Grecia geralGrecia geral
Grecia geralHCA_10I
 
A Democracia Ateniense no séc. V a. C.
A Democracia Ateniense no séc. V a. C.A Democracia Ateniense no séc. V a. C.
A Democracia Ateniense no séc. V a. C.Jorge Almeida
 
09 civilização grega
09   civilização grega09   civilização grega
09 civilização gregaCarla Freitas
 
Os Gregos no Século V a. C.
Os Gregos no Século V a. C.Os Gregos no Século V a. C.
Os Gregos no Século V a. C.Rainha Maga
 
10 atenas no século v
10   atenas no século v10   atenas no século v
10 atenas no século vCarla Freitas
 
1 o modelo ateniense
1  o modelo ateniense1  o modelo ateniense
1 o modelo ateniensecr962019
 
Resumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo AtenienseResumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo AtenienseLojinha da Flor
 
Orgãos da democracia ateniense
Orgãos da democracia atenienseOrgãos da democracia ateniense
Orgãos da democracia atenienseJoão Couto
 
A identidade civilizacional da Europa Ocidental
A identidade civilizacional da Europa OcidentalA identidade civilizacional da Europa Ocidental
A identidade civilizacional da Europa OcidentalSusana Simões
 
O modelo ateniense a democracia
O modelo ateniense  a democraciaO modelo ateniense  a democracia
O modelo ateniense a democraciaCarla Teixeira
 
Historia A - Grécia
Historia A - Grécia Historia A - Grécia
Historia A - Grécia Lucas Nunes
 
Módulo 3 contexto histórico regular
Módulo 3   contexto histórico regularMódulo 3   contexto histórico regular
Módulo 3 contexto histórico regularCarla Freitas
 
04 história a_revisões_módulo_4
04 história a_revisões_módulo_404 história a_revisões_módulo_4
04 história a_revisões_módulo_4Vítor Santos
 
O Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografia
O Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografiaO Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografia
O Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografiaNúcleo de Estágio ESL 2014-2015
 

Was ist angesagt? (20)

01_01_o_modelo_ateniense.pdf
01_01_o_modelo_ateniense.pdf01_01_o_modelo_ateniense.pdf
01_01_o_modelo_ateniense.pdf
 
Resumo de matéria de História 10º ano
Resumo de matéria de História 10º anoResumo de matéria de História 10º ano
Resumo de matéria de História 10º ano
 
Grecia geral
Grecia geralGrecia geral
Grecia geral
 
A Democracia Ateniense no séc. V a. C.
A Democracia Ateniense no séc. V a. C.A Democracia Ateniense no séc. V a. C.
A Democracia Ateniense no séc. V a. C.
 
09 civilização grega
09   civilização grega09   civilização grega
09 civilização grega
 
Os Gregos no Século V a. C.
Os Gregos no Século V a. C.Os Gregos no Século V a. C.
Os Gregos no Século V a. C.
 
10 atenas no século v
10   atenas no século v10   atenas no século v
10 atenas no século v
 
1 o modelo ateniense
1  o modelo ateniense1  o modelo ateniense
1 o modelo ateniense
 
Roma
RomaRoma
Roma
 
Resumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo AtenienseResumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo Ateniense
 
Orgãos da democracia ateniense
Orgãos da democracia atenienseOrgãos da democracia ateniense
Orgãos da democracia ateniense
 
A identidade civilizacional da Europa Ocidental
A identidade civilizacional da Europa OcidentalA identidade civilizacional da Europa Ocidental
A identidade civilizacional da Europa Ocidental
 
Democracia
DemocraciaDemocracia
Democracia
 
O modelo ateniense a democracia
O modelo ateniense  a democraciaO modelo ateniense  a democracia
O modelo ateniense a democracia
 
Historia A - Grécia
Historia A - Grécia Historia A - Grécia
Historia A - Grécia
 
Atenas no século v
Atenas no século vAtenas no século v
Atenas no século v
 
Módulo 3 contexto histórico regular
Módulo 3   contexto histórico regularMódulo 3   contexto histórico regular
Módulo 3 contexto histórico regular
 
04 história a_revisões_módulo_4
04 história a_revisões_módulo_404 história a_revisões_módulo_4
04 história a_revisões_módulo_4
 
A grécia
A gréciaA grécia
A grécia
 
O Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografia
O Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografiaO Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografia
O Modelo Romano - A apologia do império na épica e na historiografia
 

Andere mochten auch

Andere mochten auch (10)

Etica empresarial. elizabeth
Etica empresarial. elizabethEtica empresarial. elizabeth
Etica empresarial. elizabeth
 
Diapositivas
DiapositivasDiapositivas
Diapositivas
 
Dias de la semana magaly
Dias de la semana magalyDias de la semana magaly
Dias de la semana magaly
 
13052012 cm f1circuitcatalunya
13052012 cm f1circuitcatalunya13052012 cm f1circuitcatalunya
13052012 cm f1circuitcatalunya
 
cvumref
cvumrefcvumref
cvumref
 
Lista de precios specialtech 28 de enero de 2014
Lista de precios specialtech  28   de enero  de  2014 Lista de precios specialtech  28   de enero  de  2014
Lista de precios specialtech 28 de enero de 2014
 
Cifras y lenguas
Cifras y lenguasCifras y lenguas
Cifras y lenguas
 
So many fish!
So many fish!So many fish!
So many fish!
 
¿
¿¿
¿
 
Politica 1
Politica 1Politica 1
Politica 1
 

Ähnlich wie A Escola de Atenas

GRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICO
GRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICOGRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICO
GRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICOJorge Miklos
 
Democracia Grega
Democracia GregaDemocracia Grega
Democracia GregaEscoladocs
 
Civilizacaogrega
CivilizacaogregaCivilizacaogrega
CivilizacaogregaNuno Pinto
 
Lista UFSC - Idade Antiga
Lista UFSC - Idade AntigaLista UFSC - Idade Antiga
Lista UFSC - Idade AntigaElton Zanoni
 
O modelo ateniense a democracia
O modelo ateniense  a democraciaO modelo ateniense  a democracia
O modelo ateniense a democraciaCarla Teixeira
 
Módulo 1 – a cultura da ágora
Módulo 1 – a cultura da ágoraMódulo 1 – a cultura da ágora
Módulo 1 – a cultura da ágoraTLopes
 
Grécia e Roma - Informações Básicas
Grécia e Roma - Informações BásicasGrécia e Roma - Informações Básicas
Grécia e Roma - Informações Básicasseixasmarianas
 
1 simulado geral antiguidade grega
1 simulado geral antiguidade grega1 simulado geral antiguidade grega
1 simulado geral antiguidade gregaCristiane Pantoja
 
Guia de estudo Democracia
Guia de estudo DemocraciaGuia de estudo Democracia
Guia de estudo DemocraciaEscoladocs
 
2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito
2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito
2 Prova semestral de História - 1.6 gabaritoKellyCarvalho2011
 
O modelo ateniense (síntese)PDF.pptx
O modelo ateniense (síntese)PDF.pptxO modelo ateniense (síntese)PDF.pptx
O modelo ateniense (síntese)PDF.pptxMaria Sequeira
 
Noções e concepções de política
Noções e concepções de políticaNoções e concepções de política
Noções e concepções de políticaDesconFiles
 
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigoQuestões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigoZé Knust
 

Ähnlich wie A Escola de Atenas (20)

Caderno Diário O modelo ateniense
Caderno Diário O modelo atenienseCaderno Diário O modelo ateniense
Caderno Diário O modelo ateniense
 
GRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICO
GRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICOGRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICO
GRÉCIA DEMOCRACIA ATENIENSE E PERÍODO CLÁSSICO
 
Democracia Grega
Democracia GregaDemocracia Grega
Democracia Grega
 
Civilizacaogrega
CivilizacaogregaCivilizacaogrega
Civilizacaogrega
 
A DEMOCRACIA GREGA
A DEMOCRACIA GREGAA DEMOCRACIA GREGA
A DEMOCRACIA GREGA
 
Civilização Grega
Civilização GregaCivilização Grega
Civilização Grega
 
Lista UFSC - Idade Antiga
Lista UFSC - Idade AntigaLista UFSC - Idade Antiga
Lista UFSC - Idade Antiga
 
O modelo ateniense a democracia
O modelo ateniense  a democraciaO modelo ateniense  a democracia
O modelo ateniense a democracia
 
Módulo 1 – a cultura da ágora
Módulo 1 – a cultura da ágoraMódulo 1 – a cultura da ágora
Módulo 1 – a cultura da ágora
 
Grécia e Roma - Informações Básicas
Grécia e Roma - Informações BásicasGrécia e Roma - Informações Básicas
Grécia e Roma - Informações Básicas
 
Guia de estudo O modelo ateniense 1314
Guia de estudo O modelo ateniense 1314Guia de estudo O modelo ateniense 1314
Guia de estudo O modelo ateniense 1314
 
Mundo greco romano
Mundo greco romanoMundo greco romano
Mundo greco romano
 
1 simulado geral antiguidade grega
1 simulado geral antiguidade grega1 simulado geral antiguidade grega
1 simulado geral antiguidade grega
 
O direito na história
O direito na história O direito na história
O direito na história
 
Guia de estudo Democracia
Guia de estudo DemocraciaGuia de estudo Democracia
Guia de estudo Democracia
 
2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito
2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito
2 Prova semestral de História - 1.6 gabarito
 
O modelo ateniense (síntese)PDF.pptx
O modelo ateniense (síntese)PDF.pptxO modelo ateniense (síntese)PDF.pptx
O modelo ateniense (síntese)PDF.pptx
 
Noções e concepções de política
Noções e concepções de políticaNoções e concepções de política
Noções e concepções de política
 
A grécia das cidades
A grécia das cidadesA grécia das cidades
A grécia das cidades
 
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigoQuestões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
 

Mehr von Laboratório de História

Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516
Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516
Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516Laboratório de História
 
Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516
Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516
Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516Laboratório de História
 
Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415
Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415
Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415Laboratório de História
 
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415Laboratório de História
 
Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415
Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415
Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415Laboratório de História
 
Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415
Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415
Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415Laboratório de História
 
Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415
Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415
Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415Laboratório de História
 
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...Laboratório de História
 
Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415
Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415
Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415Laboratório de História
 
Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415
Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415
Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415Laboratório de História
 
Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415
Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415
Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415Laboratório de História
 
Apresentação A Revolução Francesa 1415
Apresentação A Revolução Francesa 1415Apresentação A Revolução Francesa 1415
Apresentação A Revolução Francesa 1415Laboratório de História
 
Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415
Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415
Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415Laboratório de História
 
Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415
Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415
Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415Laboratório de História
 

Mehr von Laboratório de História (20)

Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516
Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516
Guia de estudo n.º3 A Europa nos séculos XIII e XIV 1516
 
Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516
Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516
Apresentação n.º3 A Europa nos séculos XIII a XIV 1516
 
Apresentação n.º 2 O Modelo Romano
Apresentação n.º 2 O Modelo RomanoApresentação n.º 2 O Modelo Romano
Apresentação n.º 2 O Modelo Romano
 
Guia de estudo n.º 2 O Modelo Romano
Guia de estudo n.º 2 O Modelo RomanoGuia de estudo n.º 2 O Modelo Romano
Guia de estudo n.º 2 O Modelo Romano
 
Apresentação n.º 1 O Modelo Ateniense
Apresentação n.º 1 O Modelo AtenienseApresentação n.º 1 O Modelo Ateniense
Apresentação n.º 1 O Modelo Ateniense
 
Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415
Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415
Caderno diário os loucos anos 20 n.º 17 1415
 
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
 
Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415
Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415
Caderno diário as opções totalitárias n.º 19 1415
 
Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415
Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415
Caderno diário a grande depressão n.º 18 1415
 
Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415
Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415
Caderno Diário A revolução russa e o marxismo leninismo n.º 16 1415
 
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
 
Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415
Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415
Caderno diário As propostas socialistas n.º12 1415
 
Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415
Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415
Caderno diário As Transformações Económicas na Europa e no Mundo n.º10 1415
 
Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415
Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415
Caderno diário O Liberalismo em Portugal n.º9 1415
 
Apresentação A Revolução Francesa 1415
Apresentação A Revolução Francesa 1415Apresentação A Revolução Francesa 1415
Apresentação A Revolução Francesa 1415
 
Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415
Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415
Caderno diário A Revolução Francesa n.º8 1415
 
Apresentação A Filosofia das Luzes 1415
Apresentação A Filosofia das Luzes 1415Apresentação A Filosofia das Luzes 1415
Apresentação A Filosofia das Luzes 1415
 
Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415
Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415
Caderno diário A Filosofia das Luzes n.º7 1415
 
Apresentação O Absolutismo 1415
Apresentação O Absolutismo 1415Apresentação O Absolutismo 1415
Apresentação O Absolutismo 1415
 
Caderno diário O Absolutismo n.º6 1415
Caderno diário O Absolutismo n.º6 1415Caderno diário O Absolutismo n.º6 1415
Caderno diário O Absolutismo n.º6 1415
 

Kürzlich hochgeladen

HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptxAula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptxpamelacastro71
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAlexandreFrana33
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoSilvaDias3
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxBiancaNogueira42
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasCasa Ciências
 
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?MrciaRocha48
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxBaladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxacaciocarmo1
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
Geometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdfGeometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdf
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdfDemetrio Ccesa Rayme
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESpatriciasofiacunha18
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirIedaGoethe
 
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASQUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASEdinardo Aguiar
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptx
ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptxÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptx
ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptxDeyvidBriel
 

Kürzlich hochgeladen (20)

HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptxAula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
 
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxBaladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
Geometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdfGeometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdf
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
 
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASQUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptx
ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptxÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptx
ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptx
 

A Escola de Atenas

  • 1. 1 A herança da Antiguidade Clássica O modelo ateniense Por Raul Silva Embora unida pela mesma língua, pela mesma cultura e pela devoção aos mesmos deuses, a Grécia nunca adquiriu coesão política. Ciosas da sua autonomia, muitas vezes rivais entre si, as cidades gregas constituíram o núcleo de pequenos estados independentes, a que os Helenos chamaram pólis. É neste mundo fracionado que Atenas se destaca, tornando-se, no século V a. C., a "escola da Grécia". Escola, em primeiro lugar, no que diz respeito à política: em Atenas nasce a primeira democracia, uma democracia direta, amplamente participada, que, apesar das suas limitações, promove a igualdade e a justiça. Escola também no que diz respeito à cultura: é na Atenas democrática que os arquitetos e os escultores criam as mais belas obras de arte, que os dramaturgos encenam as primeiras peças de teatro, que os filósofos e os oradores cultivam o pensamento e a palavra. Centro político e cultural de primeira grandeza, Atenas identifica-se com o esplendor da civilização grega e o seu legado ao mundo acidental. CADERNODIÁRIO EXTERNATO LUÍS DE CAMÕES N.º 1 https:// www.facebook.com/ historia.externato http:// externatohistoria.blog spot.pt externatohistoria@gm ail.com 25deSetembrode2015
  • 2. 2 CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015 A Pólis o espaço, os cidadãos e as leis Os antigos gregos, os helenos, sentiam- se unidos por laços históricos e culturais, mas, por outro lado, viviam separados pela distribuição em pólis (mais de duas mil). O relevo montanhoso, o território recortado e a ocupação da Grécia Continental, Asiática e Insular por sucessivos povos favoreceram a criação da pólis ou cidade-estado. O território de uma pólis era constituído por uma zona rural, uma zona urbana e uma zona de ligação ao mar. Na zona urbana da pólis distinguiam-se ainda dois espaços cívicos importantes, a acrópole e a ágora. A acrópole era um local de defesa, elevado, muralhado, onde se localizavam os principais templos, das cidades-estado; tinha uma função defensiva e religiosa. A ágora era uma praça pública das cidades-estado gregas, localizada na parte baixa da cidade, onde se encontravam o mercado e outros locais públicos (teatros, estádios, etc.), as habitações populares, os órgãos de governo e de administração; tinha uma função económica, política e administrativa. Na ágora também existiam altares e templos. Em redor da ágora, e já como expressão do racionalismo grego, as construções estavam organizadas geometricamente. O requinte e a beleza dos templos e edifícios públicos contrastavam com a simplicidade das habitações particulares. A pólis é composta por corpo cívico, ou seja, o conjunto dos cidadãos a quem eram reconhecidos direitos civis e políticos; em número reduzido, o corpo cívico era essencial para a condução dos negócios públicos, para a feitura das leis, assim como para a organização das cerimónias religiosas, Nele não se incluíam as mulheres, os escravos nem os estrangeiros ou metecos, isto é, gregos oriundos de outras pólis. A pólis necessita de um conjunto de leis, para estabelecer a ordem e assegurar a governação da cidade. O ideal da pólis era a autarcia, princípio segundo o qual uma pólis tinha de ser autossuficiente, ou seja, bastar-se a si própria; só assim a sua sobrevivência enquanto comunidade autónoma estaria assegurada; este ideal prendia-se com o espírito orgulhoso e independente dos gregos e com as profundas rivalidades que dividiam as várias cidades-estado, e com frequência as lançavam em guerra. A pólis, podendo significar simultaneamente um Estado, um povo e uma cidade, era mais pequena do que os atuais países europeus, permitindo uma governação desburocratizada e uma efervescente atividade cultural. Responder: a) Explique a formação das pólis. b) Descreva os espaços da cidade grega. c) Indique os elementos indispensáveis à existência da pólis grega. A Pólis e a dimensão ideal Aristóteles, A Política “Demasiado pequena, não pode satisfazer as suas necessidades, o que constitui uma condição essencial da cidade; demasiado extensa, basta-se a si mesma, não como cidade, mas como nação, e nela quase se torna impossível o governo. (…) A justa proporção para o corpo político consiste, por certo, na existência do maior número de cidadãos possível, e que sejam capazes de satisfazer as necessidades da sua existência; mas não tão numerosos que possam eximirem a uma fácil inspecção ou vigilância. (...) Vejamos quantos elementos são indispensáveis à existência da cidade (...): Em primeiro lugar, as subsistências; depois, as artes, indispensáveis à vida (...); em quarto lugar, certa abundância de riquezas, tanto para atender às necessidades interiores como para a guerra; em quinto lugar, que poderíamos ter posto no início, o culto divino, ou, como costuma ser designado, o sacerdócio; finalmente, e este é o objeto mais importante, a decisão dos assuntos de interesse geral e os processos individuais. (...) Se um dos elementos faltar, torna-se impossível que a associação se baste a si mesma.” “Dever-se-ia instalar uma praça (…) a quem chamam Praça Livre. Essa praça estaria livre, com efeito, de qualquer tipo de comércio (...). Um lugar assim tornar-se-ia deveras aprazível se nele se erigissem ginásios para adultos (…). A praça do mercado, por seu turno, deveria ser um local distinto e separado daquela, propício para a acumulação de todos os produtos, tanto os transportados por mar como por terra.” Aristóteles, A Política Atenas Se a acrópole ateniense era o centro da vida religiosa, cerimonial e patriótica, a ágora era o centro da vida quotidiana,
  • 3. 3 CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015 A democracia e o seu caráter direto Os Atenienses possuíam igualdade nos direitos (isonomia), no falar (isegoria) e no poder (isocracia). A isonomia estabelecia que as leis eram iguais para todos os cidadãos, independentemente da riqueza ou do prestígio destes, garantia que o cidadão se destacava pelo mérito e não pelos bens ou nascimento. A isocracia era uma norma que estabelecia que todos os cidadãos tinham igual direito ao voto e a desempenhar cargos políticos, encorajava a participação na vida política da cidade. Para que nenhum cidadão, nem mesmo o mais pobre, fosse afastado da vida cívica, os cargos eram remunerados (mistoforias). No entanto, esse pagamento era mais baixo do que o de um pedreiro, de modo a que os cargos políticos não fossem procurados para enriquecimento de quem os executava. Vários cargos, como o de membro do Conselho da Bulé, o de arconte (magistrados) e o de membro do tribunal do Helieu eram sorteados, para que todos pudessem intervir. Na participação política privilegiava-se a rotatividade das funções, de modo a evitar que um tirano se apoderasse do governo da cidade. Por último, a isegoria – igual direito de todos os cidadãos ao uso da palavra – favorecia o discurso político como forma de participação cívica. A oratória (dom da palavra) era altamente valorizada. A palavra isegoria era algumas vezes empregada pelos escritores gregos como sinónimo de democracia. Existiam mesmo escolas de bem falar. Isócrates afirmava, por isso, que a maneira de falar “é o sinal mais seguro da educação de cada um de nós”. No entanto, já nessa época se alertava contra a prática da demagogia (conquista da confiança do povo através do discurso vazio ou de promessas irrealizáveis). Praticava-se, portanto uma democracia direta, bem diferente da democracia representiva dos nossos dias. Responder: a) Caraterize a democracia ateniense evidenciando o seu caráter direto. A democracia ateniense e a sua superioridade Tucídides, A Guerra do Peloponeso “O nosso sistema político não inveja as leis dos nossos vizinhos, pois temos mais de paradigmas para os outros do que de seus imitadores. O seu nome é democracia, pelo facto da direção do Estado não se limitar a poucos, mas se estender à maioria; em relação às questões particulares, há igualdade perante a lei; quanto à consideração social, à medida em que cada um é conceituado, não se lhe dá preferência nas honras públicas pela sua classe, mas pelo seu mérito; nem tão pouco o afastam pela sua pobreza, ou pela obscuridade da sua categoria, se for capaz de fazer algum bem à cidade. (…) Além disso, pusemos à disposição do espírito muitas possibilidades de nos repousarmos das fadigas. Temos competições e sacrifícios tradicionais pelo ano fora; e usufruímos de belas casas particulares (…). Devido à grandeza da cidade, afluem aqui todos os produtos (…) e acontece que desfrutamos dos bens locais com não menos abundância (…). Em resumo, direi que esta cidade, no seu conjunto, é a escola da Grécia.” “Os cidadãos são os preferidos para a gestão dos negócios públicos, atendendo mais ao seu mérito do que à sua classe social. A pobreza não conta: se alguém pode prestar serviços à cidade não é a humildade da sua condição que disso o impede. É como homens livres que nós administramos o Estado. (...)” Tucídides, A Guerra do Peloponeso Relógio de água (clepsidra) Usado nas sessões do tribunal do Helieu. Permitia assegurar, ao asusador e ao acusado, o mesmo tempo de palavra.
  • 4. 4 O cidadão é o que tem parte na decisão e no comando. Esta participação exerce-se através das assembleias, dos conselhos e dos tribunais. Retomando o caso de Atenas, temos em primeiro lugar um órgão que abrangia a totalidade dos cidadãos, Eclésia ou assembleia. Composta por cidadãos do sexo masculino com o serviço militar já cumprido, inscritos nas demos atenienses. A Eclésia possuía funções legislativas e deliberativas: propunha, discutia e aprovava as leis e o ostracismo; designava por eleição ou sorteio, os magistrados e fiscalizava a sua atuação; decidia sobre a guerra ou a paz; negociava e ratifica tratados; controlava as finanças e as obras públicas; julgava crimes políticos. As suas decisões eram tomadas por maioria de votação, e esta fazia-se geralmente de braço no ar. Para não afastar os cidadãos dos seus afazeres, a Eclésia reunia três a quatro vezes por mês, embora algumas sessões durassem mais do que um dia. Um outro órgão, a Bulé ou conselho, preparava as leis e os projetos para votação na Eclésia. Para este conselho, qualquer cidadão podia ser nomeado, mas não mais de duas vezes na vida, e essas não seguidas, o que assegurava a rotatividade de exercício de tais funções. Para além dos buletas, o Governo ateniense contava ainda com um corpo de magistrados que executavam todo o tipo de funções públicas e faziam cumprir as leis. Eram designados por eleição ou sorteio, consoante os cargos, e possuíam mandatos anuais. O seu desempenho era fiscalizado pela Bulé e pela Eclésia, a quem tinham de apresentar contas no final dos seus mandatos, apresentando, inclusive, relatório dos bens pessoais tidos no início e no fim da função exercida. Os arcontes organizavam as grandes cerimónias religiosas e fúnebres e presidiam aos tribunais. Os estrategos ocupavam-se das questões militares, na chefia da marinha e do exército e regiam a política externa. Não eram sorteados, mas eleitos, mediante listas propostas pelas tribos, podendo cumprir vários mandatos. Os escolhidos eram, quase todos, descendentes das famílias nobres. A aplicação da justiça cabia a dois tribunais. O Areópago era formado pelos arcontes que haviam cessado funções e que nele possuíam assento vitalício; julgava os crimes religiosos, os homicídios e os de incêndio. O Helieu julgava todos os restantes delitos; compunham-no 6000 juízes (600 por cada tribo), sorteados anualmente, que funcionavam divididos por secções; os julgamentos constavam das alegações do acusador e do acusado, posto o que se seguia o veredito dos juízes que decidiam coletivamente, por maioria, através do voto secreto. Responder: a) Distinga, nas instituições da Atenas democrática, os órgãos do poder legislativo, do poder executivo e do poder judicial. “Eu votarei em conformidade com as leis e com os decretos do povo ateniense (...), e não adrei o meu voto nem a um tirano, nem à oligarquia. (...) Não darei o direito de exercer a magistratura para que tenha sido designado a alguém que não tenha prestado contas de uma outra magistratura. (...) Não aceitarei presentes enquanto heliasta, nem por mim próprio, nem por intermédio de outro ou de outra, através de qualquer outro artifício ou maquinação.” Aristóteles, Política Os orgãos do poder da democracia e a participação do cidadão CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015 Ficha de voto pelos juízes Feita de bronze e tem a inscrição psephos demosia (voto do povo). Depois de ouvidas as alegações do acusador e do acusado, eram distribuídas duas fichas a cada juiz: uma, tinha a haste central e era usada caso o juiz decidisse a favor da acusação; a outra, muito semelhante, tinha uma haste central fechada e significava absolvição. Os juízes depositavam o seu voto numa ânfora, a fim de manterem secreto o escrutínio. A democracia e o poder da maioria Aristóteles, Política “O fundamento da constituição democrática é a liberdade. Costuma afirmar-se isso, sob alegação de que apenas nesse regime se goza de liberdade; esse é, segundo se diz, o objetivo que visa toda a democracia. Uma das caraterísticas da liberdade reside em ser governado e governar à vez. A justiça democrática consiste na igualdade segundo o número e não segundo o mérito. De tal noção de justiça resulta que a soberania estará necessariamente no povo e que a opinião da maioria deverá ser o fim a conseguir e deverá ser a justiça. (…) Como resultado disso, nas democracias, os pobres são mais poderosos do que os ricos: são em maior número e a autoridade soberana está na maioria. Esse é, pois, um sinal de liberdade que todos os democratas colocam como marca do regime (…).”
  • 5. 5 CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015 A democracia e as suas limitações O cidadão é o que tem parte na decisão e no comando. Esta participação exerce-se através das assembleias, dos conselhos e dos tribunais. Os detentores de tais direitos eram os cidadãos. Porém, só eram considerados cidadãos os indivíduos livres (não-escravos) do sexo masculino, filhos de pai e mãe ateniense, maiores de dezoito anos e com serviço militar (de dois anos) cumprido. Esses representavam apenas um estrato da população, de modo algum a totalidade. Em 430 a.C., 30.000 cidadãos, 120.000 familiares, 50.000 metecos, 100.000 escravos, o que dá, para cerca de 300.000 habitantes da Ática, apenas cerca de 10% da população. Os pequenos comerciantes, marinheiros, lavradores, artesãos, é que constituíam a maioria da população. Assim, a democracia tornava-se o governo da minoria, e não da maioria. Em consequência desta contradição, ficavam excluídos dos direitos políticos as mulheres, os metecos (e suas famílias) e os escravos. As mulheres podiam cuidar dos filhos e assistir às festas no templo de Hera. As mulheres eram responsáveis pelos trabalhos domésticos; deviam obediência ao pai, marido e filho mais velho; pautar a sua vida pela discrição e sobriedade; sair raramente de casa, proteger-se com um véu e fazer-se acompanhar por escravas. Os metecos podiam dedicar-se ao comércio e ao artesanato; participar nas festas da cidade-estado ou nos Jogos Olímpicos, como espetadores; recorrer ao tribunal. Por outro lado, tinham de pagar impostos, prestar serviço militar e só podiam casar com mulheres que não fossem atenienses. Os escravos não tinham qualquer direito, eram propriedade dos seus donos e tinham de trabalhar gratuitamente nos serviços domésticos, nos campos, nas oficinas e nas minas. Era uma sociedade desigual e esclavagista, o que contradiz os princípios da noção atual de democracia. Apesar disso, a incorporação de tais pessoas na comunidade política como membros de pleno direito, novidade surpreendente no seu tempo, raramente repetida depois, salva, por assim dizer, parte do sentido da democracia antiga. Para além da segregação dos sexos e da discriminação de certos estratos populacionais, a democracia ateniense foi contestada por outras questões, nomeadamente a do ostracismo. A Eclésia baniu da cidade de Atenas figuras marcantes da política, apenas porque discordavam da linha dominante de pensamento. Além disso, a condenação à morte de Sócrates, acusado de corromper a juventude, ter- se-á tratado de um caso de censura. Responder: a) Refira os limites da participação democrática em Atenas. A sociedade ateniense e a condição humana Aristóteles, Política “A própria natureza assim o quis, dado que fez os corpos dos homens livres diferentes do dos escravos, dando a estes o vigor necessário para as obras difíceis da sociedade, dando a estes o vigor necessário para as obras difíceis da sociedade, e fazendo, contrariamente, os primeiros incapazes de dobrar o seu erecto corpo para dedicar-se a trabalhos duros, e destinando-os somente às funções da vida civil, repartida entre as ocupações da guerra e da paz. (…) Seja como for, é evidente que os primeiros são naturalmente livres e os segundos naturalmente escravos; e que para estes últimos é a servidão tão útil como justa.” “Muitas vezes olho a condição das mulheres desta forma: nós somos ninguém. Quando crianças, penso, vivemos a mais doce das vidas em casa do nosso pai. Mas quando nós, uma vez chegadas à idade da razão e da puberdade, somos vendidas e empurradas para fora da casa (...) algumas para bons lares, outras para maus (...) temos ainda que dar graças e pensar que tudo está bem.” Sófocles, Tereus Os metecos Os Gregos nutriam uma enorme admiração pelas coisas belas, mas depreciavam a sua execução. Por isso, as atividades artesanais, desconsideradas e mal pagas, recaíam sobre os metecos.
  • 6. 6 CADERNODIÁRIO25deSetembrode2015 A democracia antiga e a atual O sistema democrático ateniense rodeava-se de todas as cautelas para prevenir a corrupção e os abusos de poder, e fazer com que todos os cidadãos participassem no governo da cidade. Os atenienses davam preferência ao sorteio em relação à eleição, uma vez que todos deviam ter assegurada a possibilidade de participar nos cargos políticos e não só os mais importantes ou cultos; o sorteio assegurava igualdade e rotatividade no acesso. A remuneração pelo exercício de cargos públicos (mistoforias) permitia a atribuição de subsídios de modo a obter uma maior disponibilidade das pessoas. A participação política não devia estar condicionada à fortuna de cada um. O caráter transitório e rotativo dos cargos evitava a corrupção, formação de clientelas e abuso do poder. A prestação de contas pelos magistrados no fim dos mandatos evitava o abuso do poder e a corrupção. A preocupação de contrabalançar os perigos que eventualmente podiam conduzir à degeneração do sistema deu origem a duas medidas preventivas famosas: o ostracismo e a acusação de se ter feito uma proposta ilegal à Assembleia. Pela primeira, um cidadão demasiado influente era afastado da cena política por um período que podia ir até dez anos; pela segunda, podia ser castigado que tivesse apresentado à Assembleia uma proposta ilegal, ainda que aprovada por aquela. Comparando os princípios da democracia ateniense com os preceitos da democracia actual, encontramos pontos de convergência e de divergência. As duas formas de democracia têm em comum: • a vontade de satisfazer os desejos dos cidadãos (ainda que nos nossos dias o conceito de cidadão seja diferente); • a divisão dos poderes – legislativo, executivo, judicial – pelas diferentes instituições; • o uso da retórica como arma política; • o tratamento igual de todos os cidadãos perante a lei. Eram caraterísticas da democracia ateniense, nomeadamente: • um corpo cívico reduzido em comparação com o das democracias actuais (porém, alargado, em comparação com o dos regimes políticos da Antiguidade); • a aplicação do ostracismo; • a existência legal da escravatura; • a discriminação das mulheres e dos estrangeiros; • a valorização do sorteio como forma de participação política; • a democracia direta (impraticável nos nossos dias, pelo grande volume de população). A democracia e a participação M. Findley, Democracia Antiga e Moderna “Considerável proporção de cidadãos do sexo masculino de Atenas tinha alguma experiência direta no governo, muito superior a qualquer uma de que tenhamos conhecimento ou que até mesmo possamos imaginar. Era literalmente verdadeiro que um menino ateniense, ao nascer, tinha maior probabilidade do que a da mera sorte de ser presidente da Assembleia, um posto rotativo ocupado por um único dia e, como sempre, preenchido por alguém sorteado.” Responder: a) Indique os mecanismos de proteção da democracia direta. b) Compare a democracia ateniense com a democracia atual. “Os discursos belos e artísticos não são apanágio das pessoas inferiores, mas obra de uma alma que pensa bem; os sábios e os que parecem ignorantes diferem uns dos outros sobretudo nisto. (...) Os que foram criados desde início como homens livres (...) distinguem-se pela maneira de falar, e é este o sinal mais seguro da educação de cada um de nós.” Isócrates, Panegírico Ostrakon Todos os anos, a Eclésia decidia se se devia ou não votar o ostracismo. Os cidadãos depositavam o seu ostrakon numa caixa, com o nome voltado para baixo, a fim de assegurar o secretismo do voto.