Este documento discute a integração das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no ensino básico português como uma área de formação transdisciplinar. Ele analisa a transdisciplinaridade e seus quatro axiomas fundamentais, e argumenta que desenvolver estruturas curriculares mais abertas à discussão é essencial para integrar as TIC de forma transdisciplinar.
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Integração TIC Ensino Básico Transdisciplinar
1. VII Conferência Internacional de TIC na Educação Universidade do Minho | Braga | Portugal 12-13 de Maio de 2011 Contributos para (re)pensar a integração curricular das TIC como área de formação transdisciplinar no ensino básico. Elisabete Cruz . Instituto de Educação da Universidade de Lisboa .ecruz@ie.ul.pt
2. CONTRIBUTOS PARA (RE)PENSAR A INTEGRAÇÃO CURRICULAR DAS TIC COMO ÁREA DE FORMAÇÃO TRANSDISCIPLINAR NO ENSINO BÁSICO Elisabete Cruz Instituto de Educação da Universidade de Lisboa ecruz@ie.ul.pt Resumo: Partindo da análise e reflexão de algumas leituras acerca da transdisciplinaridade, enquanto movimento promissor para desenvolver uma nova visão do conhecimento humano, este trabalho pretende fornecer elementos mais claros que nos permitam (re)pensar e fundamentar a integração das TIC no ensino básico, em Portugal. Com esta intenção, o foco de análise será direccionado para os desafios que esta abordagem coloca quando transposta para as dinâmicas de trabalho que ocorrem em contexto escolar. Para fazer esta análise, mobilizaremos, fundamentalmente, alguns pressupostos teóricos da Metodologia Transdisciplinar, proposta por BasarabNicolescu, e alguns elementos de reflexão crítica consagrados particularmente nos escritos de PredragCicovacki e de Sue L.T. McGregor. No desenvolvimento do trabalho, identificam-se e caracterizam-se os quatro axiomas que suportam teoricamente a transdisciplinaridade. Sublinhando a necessidade de enfrentar uma transformação na concepção acerca do conhecimento, o trabalho finaliza apelando para o desenvolvimento de estruturas curriculares mais abertas à permuta de diálogos. Procurar elementos mais claros que nos permitam (re)pensar e fundamentar a integração das TIC no ensino básico, em Portugal, como área de formação transdisciplinar.
3. Artigo 6.º Formações transdisciplinares 1 — A educação para a cidadania bem como a valorização da língua portuguesa e da dimensão humana do trabalho constituem formações transdisciplinares, no âmbito do ensino básico. 2 — Constitui ainda formação transdisciplinar de carácter instrumental a utilização das tecnologias de informação e comunicação, a qual deverá conduzir, no âmbito da escolaridade obrigatória, a uma certificação da aquisição das competências básicas neste domínio. Apesar do incentivo que nos últimos anos os sistemas educativos têm vindo a fazer no sentido de integrar as TIC no currículo escolar, observa-se que não têm sido mobilizados esforços aos mais diversos níveis no sentido de questionar, perceber e compreender as implicações decorrentes da adopção de uma perspectiva transdisciplinar no desenvolvimento curricular.
5. A transdisciplinaridade assume a existência de uma Realidade multidimensional, constituída por uma dinâmica não linear funcional em rede, de natureza recursiva e retroactiva. ontologia realidade multidimensional
6. lógica terceiro incluído A lógica transdisciplinar propõe-se ir além da lógica clássica, reconhecendo que a vida não está limitada pelos três axiomas que a caracterizam: o axioma da identidade (A é A); o axioma da não contradição (A não é não-A); e o axioma do terceiro excluído (não existe um terceiro termo T que é, ao mesmo tempo, A e não-A).
7. epistemologia dinamismo cognitivo O reconhecimento de um dinamismo cognitivo também ele de natureza complexa, que depende do que acontece no sujeito, incluindo tanto as emoções, as intuições, os sentimentos, a experiência como a razão, sugere que a relação sujeito/objecto é sempre aberta, exposta a processos de intercâmbio ricos e dinâmicos.
8. axiologia tecido em comunhão A transdisciplinaridade pressupõe “uma atitude integral de desenvolvimento interior, uma conduta comprometida com os valores da vida, com responsabilidade social e política, com sustentabilidade em seu sentido mais amplo, a partir do reconhecimento da complexidade da vida, onde tudo está tecido em comunhão” (Moraes & Navas, 2010, pp. 18-19).
10. Desenvolverum conhecimento pertinente capaz de operar o vínculo entre as partes e as totalidades. Integraro aluno na concepção, gestão e desenvolvimento curricular. Adoptar modelos de formação direccionados para a transformação existencial/social do sujeito. Enfrentar o potencial conflito de valores resultante das interacções num determinado contexto.
***Pensando ainda mais concretamente na ideia de TIC como formação transdisciplinar, a ideia que no fundo está na origem deste trabalho, parece-nos importante sublinhar uma outra ideia. Uma ideia que não sendo nova, pois é defendida por vários autores (e.g. Demo), nos remete para uma visão instrumental das TIC, enquanto ferramentas para apoiar a construção do conhecimento, ou seja, encarar as TIC como uma entidade instrumental que pode auxiliar a construção/organização da aprendizagem. Isto significa que, na realidade, os atributos associados às TIC, nomeadamente a sua velocidade e flexibilidade, podem fazer com que o sujeito possa sentir-se mais disponível, mais motivado para reconstruir textos e imagens, para aprender… No entanto, é preciso ter presente que os processos de construção não linear do conhecimento não ocorrem na base tecnológica mas sim na base humana, acontecem no sujeito!!!