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Introdução
O presente trabalho acadêmico tem como tema “O Sexo na Mídia Impressa” fazendo
uma comparação entre as divulgações sobre o tema na década de 70 e nos dias de hoje. Para
isso utilizaremos uma edição da Revista Manchete veiculada na década de 70 que era
destinada a praticamente todos os tipos de público, e uma edição de 2007 da Revista
Capricho, que também é de veiculação nacional, porém é mais segmentada quanto ao seu
conteúdo, sendo destinado especialmente ao púbico jovem feminino.
Falar sobre sexo, algumas décadas atrás, causava repressão pela própria família, pela
igreja e também pela sociedade. De acordo com a tradição da época as mulheres deveriam se
casar virgens, e não havia preocupação com métodos contraceptivos para prevenção de
doenças sexualmente transmissíveis, até mesmo porque isso não era abordado na mídia nem
na educação escolar.
Com a revolução cultural iniciada na década de 70 com o movimento Hippie, o sexo
passou a ser encarado como uma coisa mais natural em alguns países, no Brasil, no entanto,
só na década de 80 esse assunto formou-se mais freqüente na mídia, na educação e nas
conversas familiares.
Hoje, como conhecemos mais de perto esses riscos que o sexo sem prevenção
apresenta, a mídia passa a abordá-lo com mais naturalidade, com o intuito de informar e
instruir a população quanto a isso.
O tema foi escolhido por ter sido extremamente polêmico, e porque mesmo com o
passar dos anos e com a facilidade que temos hoje em dia de falar sobre ele, essa polêmica
não diminuiu. Estudando o tema sexo dentro dos veículos de comunicação anteriormente
citados nós podemos não somente especificar mais a pesquisa como também entrar em
contato direto com estes veículos e conhecer mais sobre como eram e como são feitas as
divulgações dentro deles, o que profissionalmente também acrescenta conhecimento em nossa
área de trabalho. A falta de diálogo sobre o tema colaborava para o aumento do surgimento de
tabus, o que aumentava ainda mais a curiosidade das pessoas, e as dúvidas também.
Com o desenvolvimento da mídia impressa e de todas as outras, as mulheres
passaram a ter mais espaços nas publicações, ganhando até revistas dedicadas somente a elas,
com dicas de como cuidar da casa e até com uma coluna sentimental onde elas encontraram
uma possibilidade de achar respostas as suas dúvidas e anseios. Foi assim que as pílulas
1
anticoncepcionais ganharam espaço na mídia, e junto delas outros tantos produtos de
intimidade feminina, o que as fez ganhar uma segurança maior e vencer a dependência que
tinham de seus maridos.
Com a popularização da pílula, já não se tinha medo de se engravidar antes do
casamento, e o sexo ganhou um tratamento um pouco mais informal, o que aumentou o caso
de casais que apenas passavam a morarem juntos sem se preocuparem com o casamento.
Esse desenvolvimento do tema sexo dentro da mídia impressa foi ficando cada vez
maior, com cada vez mais apelo sobre o mesmo. Passou a ser normal as pessoas se
interessarem pelo seu próprio corpo, e se preocuparem com a beleza física na hora de
conseguir um parceiro, isto se possível com a recente segmentação da mídia, processo, este,
iniciando pela mídia impressa nas últimas duas décadas. Esta segmentação procurou atingir
público-alvo específico, e outros temas, como o sexo pôde, finalmente, ser abordado com
vocabulário adequado para cada público-alvo.
Agora o sexo é também assunto de saúde pública, com o aumento dos casos de DST
– AIDS, e de extrema preocupação da sociedade com o aumento de gravidez indesejadas e
abortos ocorridos com adolescentes cada vez mais jovens. Até mesmo a Igreja Católica
enfrenta problemas em relação a isso, querendo incentivar novamente a virgindade até o
casamento e a proibição do uso da camisinha, tendo em relação a isso a desaprovação de seus
próprios seguidores.
Isso é o que torna esse trabalho importante tanto para a sociedade quanto para o
mundo acadêmico e o mundo do Jornalismo e Publicidade e Propaganda, fazer uma
comparação séria das formas de linguagem e abordagem no tema nas duas revistas para
analisar as diferenças e as evoluções que ocorreram ao passar do tempo. E a partir daí buscar
soluções para esse problema que vêm crescendo de forma assustadora.
O trabalho fundamenta-se nas duas revistas já citadas acima, em Andrade e
Cardoso(2006), Áries e Duby (1987), Bourdieu (1999), Braga (2007), Marak(2007), Scalzo
(2006), Simion (1987).
O nosso objetivo geral é analisar como o assunto “sexo” era abordado na mídia
impressa á 30 anos atrás, e como é abordado nos dias de hoje, pesquisando as diferenças de
cada época e o porquê dessas diferenças. A partir daí especificar nossos objetivos e pesquisar
o conceito de sexo; analisar a linguagem usada e os assuntos sobre sexo que eram tratados nas
duas diferentes épocas. E, por fim, exporemos os efeitos que essas divulgações causaram e
causam na sociedade, buscando entender porque ainda se trata de um tema polêmico, e o
2
porquê de problemas de gravidez indesejada e DST- AIDS continuam a ocorrer e o porquê
eles aumentam em nossa sociedade. E para chegar a tais objetivos o método de pesquisa que
utilizaremos é a analise de uma edição da revista Manchete do ano de 1974 e uma edição da
Revista Capricho do ano de 2007, mostrando de maneira comparativa como se dão as
divulgações de reportagens sobre o tema estudado nas duas diferentes épocas e veículos de
comunicação.
3
1 Sexo na Mídia Impressa brasileira: um longo processo
1.1 Introdução
Tendo esse trabalho o objetivo de falar sobre sexo na Mídia Impressa, através da
comparação de duas revistas de épocas diferentes, sendo estas a revista Manchete edição no
1160 do ano de 1974 e a revista Capricho, edição no
1016 de 15 abril do ano de 2007, vale
colocar a definição e o histórico de cada item.
Mídia Impressa1
define-se como meio de comunicação de todo tipo de material
impresso, especialmente revistas e jornais, incluindo também outdoors.
O Sexo na Mídia Impressa veio a ser retratado após a década de 70, no fim da
Ditadura Militar, quando o Brasil percebeu que grandes mudanças haviam sido feitas nos
países do exterior e que era extremamente urgente e necessário acompanhar estas mudanças
para não ficar fora da evolução.
A principal mudança da mídia de modo geral nessa época foi o surgimento da
segmentação.
A segmentação de mídia, mais especificamente nas revistas surgiram para atender
novas demandas, tais como público feminino, masculino ou amantes do futebol, é o caso da
revista Cláudia, da revista Playboy e da revista Placar.
O surgimento da televisão também contribuiu para o aparecimento do tema na Mídia
Impressa. Com as telenovelas, e o aumento das propagandas publicitárias, o sexo era tratado
de uma maneira um pouco mais informal, passando pouco a pouco a se tornar um fato
cotidiano na vida das pessoas, e a Mídia Impressa não poderia ficar para trás dessa
transformação.
Um dos principais fatores do aparecimento de abordagens e reportagens sobre sexo
na Mídia foi a independência feminina, que passou a votar, a conhecer métodos
contraceptivos, a trabalhar fora para ajudar no sustento da casa, isso quando não era ela a
responsável pelo sustento.
A Mídia percebeu essa mudança dos hábitos femininos, e se adequou aos temas que
se encaixavam no perfil da nova mulher. Falar sobre a casa, culinária e como cuidar dos filhos
já não era suficiente, era necessário falar sobre como se manter bonita, maquiagem, moda,
sobre trabalho e sobre sexo.
1
1-fonte SBT, < http://www.gppcom.com.br/midia/index.php?op=dicionario&id=13>
Acessado em 15 de outubro de 2007, 11:10:00
4
A propaganda também teve uma importante participação nisso, passando a vender
seus produtos de cosmética, higiene pessoal, moda, voltados principalmente sobre o público
feminino.
1.2 Revista Manchete
Com sua estréia nos anos 50, a Revista Manchete, da Bloch Editores, tratava de temas
diversos, que iam de moda até política, por não ter um público alvo definido, seus leitores
incluíam mulheres, homens, jovens, etc.
Revolucionou a sua época trazendo o Foto jornalismo. A revista trazia várias imagens
e fotos, e sua capa também era colorida, o que justificava sua filosofia que imagens dizem
mais que palavras.
Isso rendeu a ela grandes lucros, chegando até a ser a revista mais lida de sua época.
1.3 Revista Capricho
A Revista Capricho, que foi criada na mesma época da anterior, passou por várias
mudanças editorias se enquadrando nas necessidades que suas leitoras tinham.
Criada em 1952, o conteúdo da Capricho era constituído de fotonovelas, dirigidas a
um público mais adulto. Ainda nesse ano, a revista foi ampliada e passou a abordar os
seguintes temas: moda, beleza, comportamento, contos e variedades; contemplando assuntos
como: técnicas de conquista, namoro e virgindade. No ano de 1956, a Capricho atingiu a até
então maior tiragem de uma revista da América Latina, rompendo a marca dos quinhentos mil
exemplares. Sucesso que perdurou ao longo dos anos 1960, e que estava relacionado,
especialmente às fotonovelas por ela publicadas.
A Revista Capricho existe até os dias atuais e continua sendo uma revista de
destaque entre as adolescentes, claro que para manter-se no mercado ao longo de tantos anos,
perpassando diferentes gerações, ela precisou passar por diversas reformulações: da “revista
da moça moderna” para a “revista da gatinha”, re-adequando seu conteúdo a seu público alvo;
exercício realizado constantemente pela revista.
Atualmente tem circulação quinzenal, publicada pela Editora Abril, é totalmente
dedicada para os adolescentes com todos os problemas socias, afetivos e vários assuntos do
5
tipo. Contendo espaços para os próprios adolescentes mandarem suas opniões, histórias,
micos, ou apenas contando fatos do cotidiano que os fazem ver a vida de um modo diferente.
A revista aborda temas sociais e polêmicos.Com versões dos dois lados do assunto para que o
leitor tenha uma idéia profunda do tema.
A revista hoje é divida em várias seções de diversos assuntos como: moda, beleza,
comportamento, lançamentos, e uma coluna falando sobre sexo em uma linguagem
descontraída, de fácil entendimento e até usando gírias. E o tema é até assunto de matérias
específicas, com destaque de capa.
6
2 Revisão da teoria aplicada ao objeto
Apresentam-se aqui resenhas dos conteúdos teóricos que serão utilizados como
subsídios para a analise do objeto de estudo. Também neste item que são apresentados,
desenvolvidos e discutidos os conceitos teóricos que embasam a reflexão crítica.
2.1 As mulheres e a revista
A imagem da mulher na sociedade sempre foi alvo de preconceito. A mulher sofre
com a desigualdade e desvalorização em todos os fatores, em produtos direcionados ao
público feminino, em seu papel na sociedade, suas tarefas, etc.
Segundo citações de Adriana Braga2
, a condição feminina de trabalho, ou posição de
trabalho, é sempre ligada à incapacidade, e até seu corpo é banalizado, visto como um corpo
feito para receber análises, para ser observado, julgado, como se fosse o bem mais importante
em uma mulher. Além disso, visto como um objeto de dominação masculina.
Esse atraso e preconceito nos pensamentos da sociedade em relação à mulher
colaboraram muito com a lentidão da chegada da imprensa feminina e de revistas
direcionadas especificamente ao público feminino.
As mulheres foram reprimidas durante muito tempo, e a conquista de espaço para
exporem suas opiniões foi demorada e difícil, mas, hoje em dia, as mulheres tomam conta de
grande parte, se não da maior parte, da segmentação dessa mídia impressa dedicada a elas.
No começo não era bem assim. Segundo Braga, podemos observar que os primeiros
“projetos de revistas” que surgiram em 16633
, na Europa, eram mais livros que revistas, e
continham vários artigos sobre um mesmo assunto, voltadas para um público específico.
Nessa época, esse começo de novo meio de comunicação, ainda não era chamado de revista,
isso só aconteceu mais tarde.
2
BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil.
www.jornalismo.ufsc.br.
Disponível em: http://64.233.169.104/search?
q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia
%2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina
%2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt.
Acesso em: 18.10.2007.
3
Idem, ibidem.
7
Segundo Scalzo4
, a primeira revista direcionada ao público feminino surgiu em 1693,
intitulada “Ladies Mercury”, na Inglaterra.
No começo, as revistas tratavam de horóscopo, aconselhamento sentimental e coisas
do gênero. Em seguida, surgiram as revistas que tratavam de moda, com anúncios de modelos
de roupas e boas lojas, o que na época era novidade, e com certeza deixava as mulheres em
êxtase.
Apesar de toda essa estréia das revistas femininas terem acontecido euforicamente na
Europa, Scalzo5
nos mostra que foi nos Estados Unidos que surgiram as famosas e
consagradas magazines, quando apareceu a bem sucedida revista “Ladies Magazine”, no
século XVIII.
A autora conta também que a princípio, as revistas eram entregues via correio.
Apenas em 1828 elas começaram a ser vendidas em livrarias, mas não podemos deixar de
destacar que, naquela época, revista feminina não era algo comum que andava circulando por
todos os lugares, era um luxo que pouquíssimas mulheres tinham acesso, e também poucas
eram alfabetizadas para terem a satisfação de poderem ler suas revistas.
No nosso país, vemos no artigo de Adriana Braga6
, que a história foi um pouco mais
atrasada, as primeiras iniciativas datam apenas do século XIX, com a chegada de jornais
femininos. O primeiro desses jornais foi “A Fluminense Exaltada”.
Moda, artes e variedades eram temas estampados nessas folhas lidas pelas mulheres
brasileiras, que sentiam o clima de novidade, e talvez até uma sensação de começo de
independência. O avanço chegou quando, nos pequenos folhetins, nos rodapés desses jornais,
foram ocupados pelos romances seriados. As revistas da época estavam sempre de portas
abertas para romances literários de escritores famosos.
Com moda e literatura estando sempre em primeiro lugar na preferência da leitora
brasileira, começa a fixar ainda mais a imagem da mulher como dona de casa frágil e
delicada. Esta imagem de desprotegida que a mulher sempre teve na sociedade não poderia ter
4
SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3ª.ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 22.
5
Idem (3), ibidem. p. 22.
6
BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil.
www.jornalismo.ufsc.br.
Disponível em: http://64.233.169.104/search?
q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia
%2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina
%2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt.
Acesso em: 18.10.2007.
8
sido mais bem exposta do que através de romances e assuntos considerados banais pela
sociedade, como moda, roupas e beleza.
Desde aquela época o preconceito na imagem feminina já falava alto, tendo como
destaque o julgamento de que as mulheres se interessam por assuntos tão inúteis para a
sociedade quanto elas pareciam ser para os homens naquela época. Foi difícil a mulher
conseguir um espaço justo e digno perante a sociedade. Talvez a evolução das revistas de
público feminino tenha sido um empurrão e tanto para isso.
Scalzo7
conta também que no século XX, com a chegada da fotografia e da
modernidade, que teve início na “Revista da Semana”, e pela primeira vez em uma revista
direcionada as mulheres na “Revista Feminina”, essa tal evolução trouxe com ela a idéia para
novas conquistas nos meios de comunicação e para as publicações femininas principalmente.
E com Braga8
podemos ver que a Revista Feminina não trouxe apenas a imagem
como símbolo de revolução para as mulheres brasileiras, trouxe com ela outras grandes
novidades, como a parceria com a “Empresa Feminina Brasileira”. Com isso, eram vendidos
junto com as revistas produtos de beleza, e, pela primeira, vez apareceu a tintura para cabelos.
Braga9
também apresenta que em 1928, surge a revista “O Cruzeiro”, direcionada ao
jornalismo e à literatura, contendo também uma agenda cultural da cidade. Até que, vinda da
França, chega ao Brasil um novo estilo que viria marcar as mulheres dessa geração e ser de
grande importância na história das revistas, principalmente de publicação feminina: as
fotonovelas. Prato cheio para o mercado da mídia impressa, tendo um sucesso enorme entre as
donas de casa.
Nasce então, em 1959, a primeira revista de moda no Brasil, “Manequim”. Revista
vendida até hoje, que traz com ela moldes de roupas para serem confeccionadas em casa.
Mas o começo das mudanças, tão esperadas, na imagem da mulher perante a
sociedade começou a aparecer em 1961, com a chegada da revista “Claudia”. No começo era
só mais uma revista feminina, que tratava de assuntos que não eram novidades para as
7
SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3ª.ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 22.
8
BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil.
www.jornalismo.ufsc.br.
Disponível em: http://64.233.169.104/search?
q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia
%2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina
%2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt.
Acesso em: 18.10.2007.
9
Idem (7). Ibidem.
9
mulheres nem para as revistas concorrentes. Mas com o passar do tempo a revista Claudia
passou a veicular informações mais importantes para as mulheres do que fotonovelas ou
simplesmente moda, abordando em suas páginas assuntos como mudanças na vida da mulher,
saúde, orçamentos doméstico e até mesmo sexo. De todo modo, nada era tão transparente e
nem tratado com tanta naturalidade.
Scalzo10
conta que foi a jornalista Carmen da Silva, também na revista Claudia, quem
criou a coluna intitulada “A arte de ser mulher”. E mudou completamente a cara do
jornalismo feminino, aproximando-se das mulheres brasileiras com intimidade e coragem,
quebrando tabus e escancarando temas que eram omitidos pela sociedade, como a solidão e o
machismo enfrentado pelas mulheres, alienações, falta de informação e até sobre problemas
sexuais. Naquela época, uma jornalista tinha que ter peito para expor suas opiniões sobre
esses assuntos e manter as mulheres bem orientadas.
A autora11
conta também que as revistas “Nova” e “Mais” entraram de cabeça nas
bancas nos anos 70, com as mulheres também entrando de cabeça no mercado de trabalho,
abordando assuntos não só para donas-de-casa, mas para mulheres modernas, independentes e
com uma carreira pela frente.
Hoje em dia, as revistas femininas são dominadas pelo fenômeno da segmentação, e
mantém temas diversos. Revistas especificamente sobre plástica, culinária, ginástica, filhos,
decoração, bordado, novelas, fofoca, trabalho, sexo, enfim, sobre todos os assuntos possíveis.
E tabu em relação as mulheres é quase extinto, e, apesar de ter sido uma batalha chegar a este
ponto, as mulheres podem tratar de qualquer assunto com liberdade de expressão e de crítica e
as revistas dedicadas às mulheres estão aí fazendo sua parte.
2.2 Revista Manchete
10
SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3ª.ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 23.
11
Idem (9). Ibidem. p. 24.
10
Segundo o site Traça12
, a Revista Manchete surgiu na década de 50, e é considerada a
segunda maior revista brasileira de sua época. A revista teve sua inspiração na ilustrada
francesa “Paris Match”. Com uma fonte de inspiração como esta, a Revista Manchete tinha
em suas páginas o estilo fotojornalismo. Em poucas semanas a revista já era sucesso, e se
tornou revista semanal mais vendida em todo o país. Passando assim à frente da consagrada
revista “O Cruzeiro”.
Ana Maria Ribeiro de Andrade e José Leandro Rocha Cardoso13
, contam que
Adolpho Bloch, criador da revista Manchete, quando apresentou o projeto da revista já sabia
que havia no mercado lugar para mais uma revista, que seria sucesso de venda e competiria
estreitamente com a revista “O Cruzeiro”. Isso, levando em consideração, que a revista teve
lucratividade muito boa desde seu início, sua venda era surpreendente, e começou com um
investimento inicial relativamente pequeno. E com o tempo foi aumentando o tamanho e o
número de jornalistas envolvidos em sua produção. E sem contar que era a única de capa
colorida da sua época.
Ana Maria e José Leandro14
também citam que Adolpho Bloch era amigo de
Juscelino Kubitschek, e dedicava total apoio a ele. Apesar de não ser totalmente envolvido
com a política e não concordar com o andamento da política em relação à Saúde e à
Educação, e na Revista Manchete havia uma seção dedicada à política.
Além desta seção dedicada à política, a revista continha seções que tratavam de
comportamento, cinema, teatro, culinária e alguns outros temas. Mas entre 1952 a 1962, não
havia uma seção dedicada à ciência, com uma única exceção em 1955. Com a matéria de
nome "Ratos no ciclotron", escrita por Henrique Pongetti.
Ana Maria e José Leandro15
informam que a Revista Manchete era totalmente fiel ao
fotojornalismo, já que 70% de suas páginas eram compostas por fotoreportagens, e seus
títulos e subtítulos eram dedicados à foto a apresentada. Algumas vezes suas fotos tomavam
12
Revista Manchete. www.traca.com.br. Disponível em: http://www.traca.com.br/?
tema=padrao&pag=revistamanchete&mod=inicial.
Acesso em: 23.10.2007.
13
RIBEIRO DE ANDRADE, Ana Maria. ROCHA CARDOSO, José Leandro. Museu de Astronomia e Ciências
Afins. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010201882001000200013&script=sci_arttext.
Acesso em: 23.10.2007.
14
Idem (12). Ibidem.
15
Idem (12 e 13). Ibidem.
11
conta de uma página inteira. A revista era adepta a filosofia de que a imagem choca,
impressiona e comove ainda mais o leitor do que uma simples reportagem qualquer.
Além disso, a revista também mantinha um formato de texto que era praticamente
poético, de português impecável e palavras com colocações bem elaboradas. Tratando sempre
muito bem dos temas cultura, entretenimento, e permanecendo com sua visão política
centralizada, a Manchete se manteve em circulação, pela editora Bloch Editores, até o ano
2000. E até cedeu seu nome a já extinta rede de televisão Manchete.
Em dezembro de 2002, os títulos da Bloch Editores foram leiloados e vendidos para
Marcos Dvoskin. Junto com estes títulos foi comprado também o título “Manchete”. A revista
Manchete foi relançada, também em 2002, pela Editora Manchete. No entanto, deixou de ser
semanal e passou a não ter periodicidade fixa, como sempre foi. Tendo apenas edições
especiais, raras, como os especiais de Carnaval, os dez anos da morte do piloto Ayrton Senna,
e em algumas edições de pesquisas sobre Agronegócios.
2.3 Revista Capricho
A Revista Capricho surgiu na mesma época que a Revista Manchete, mas sua
história tem um rumo completamente diferente. É uma das mais importantes revistas de
público feminino no Brasil, e também uma das mais famosas. Lembrando que ela é uma das
poucas revistas que continuam no mercado após tantos anos, sobrevivendo a inúmeras
modificações desde sua criação.
Iniciou-se tendo como público alvo as donas de casa, e hoje é destinada às
adolescentes. A Revista Capricho, cuja história é narrada por Scalzo16
, surgiu logo no início
da Editora Abril, em 1952. O nome já tinha uma cara totalmente feminina e delicada, e
chegou às bancas com a fotonovela. Como diferencial publicava uma fotonovela inteira por
edição, e não divida em capítulos, como as outras revistas faziam. Além disso, não era
indicada para menores de 18 anos.
Era líder deste segmento de revistas na época, com sucesso estrondoso e rápido. Com
a popularidade da televisão, que era novidade, e suas novelas, as fotonovelas se tornaram
menos populares, o que derrubou muitas revistas femininas, que insistiram em tentar competir
com a tecnologia da televisão, e saíram das bancas. Para evitar este fim, a revista Capricho
teve que aceitar tomar um novo rumo, passando por sua primeira grande mudança.
16
SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3 ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 87 – 99.
12
O espaço das fotonovelas foi diminuindo aos poucos, dando espaço a artigos
variados, destinados a donas de casa de classe baixa. Mas a Capricho não deixou totalmente
de lado suas iniciais fotonovelas. Será que essa foi uma boa decisão? Nem tanto, pois a revista
era alvo de preconceito, e vista como vulgar e de cultura inútil. Isso fez com que suas vendas
diminuíssem. Fazendo então com que, em 1985, a Capricho passasse a pensar em mais um
novo caminho a seguir, para não sair das bancas.
Chega aí a idéia de ser direcionada a um público mais jovem, já que elas não tinham
até então nenhuma revista dedicada a elas. Mal sabiam que nessa época a Revista Capricho
acertaria o público de uma vez por todas, já que a revista é direcionada às adolescentes até os
dias de hoje.
Com o slogan “A revista da gatinha”, termo muito usado na época entre os
adolescentes, a “nova” Revista Capricho foi, como o de costume, sucesso de venda.
Mas não durou muito tempo com este formato. As vendas caíram novamente e outra
vez a editora optou por novas mudanças no formato da revista, que, desta vez, apelou para os
assuntos sexo e namoro, pegando carona com o sucesso de outras revistas que estavam
conquistando os leitores adolescentes com estes temas.
Essa opção não trouxe a prosperidade esperada. A revista continuou morna, e partiu
para a tentativa fracassada de uma “Capricho Boys”. O título realmente não chama atenção, e
nem tinha cara de que faria alvoroço entre os rapazes. Afinal de contas, “Capricho” já traz um
ar extremamente feminino, difícil de ser bem recebida pelo público masculino.
Em 1989, a revista já não acompanhava a freqüência das outras revistas para garotas
de 17 a 25 anos, escancarando o tema sexo. E como não aceitava ser uma média, fez uma
nova escolha: dar férias ao apelo no tema sexo, e ter como alvo as meninas de 12 a 18 anos,
com temas mais “lights”. O que funcionou, e muito bem, já que as garotas leitoras dessas
famosas revistas tinham como opção lerem revistas sobre assuntos picantes escondidas dos
pais. A Revista Capricho se prendeu à idéia de ser uma revista mais careta, mas que pudesse
ser lida abertamente, e que as garotas pudessem compartilhar sem vergonha alguma entre suas
amigas e família os assuntos da revista. A revista parecia enfim estar em casa, nos braços de
seu público certo.
No decorrer desses anos até os tempos de hoje, a revista continuou sofrendo
mudanças. Nos anos 90 ocorreram as mudanças mais agitadas, uma reforma completa, quase
uma cirurgia plástica na cara e no corpo da revista. Tudo para se adaptar cada vez mais ao seu
novo público alvo. Jornalistas mais novos, mudanças na capa, fotografia e textos. Cada vez
13
mais a revista Capricho tenta se enquadrar a seu público, procurando usar seu modo de falar e
transformar a matéria em mais simples de ser entendida pelos jovens. Com uma forma mais
íntima de atendimento ao público, idéias novas com a ajuda das leitoras, entrevistas com as
leitoras, sempre com o objetivo de entrar de cabeça na sociedade como amiga íntima de suas
leitoras, tornando-se leitura de cabeceira da garota moderna.
A Revista Capricho, mesmo com tantas transformações, mantém o sucesso até hoje.
2.4 Sexo
O sexo pode ser encarado sob vários aspectos em cada tipo de sociedade, de cultura,
de religião ou de pensamento. Com certeza foi um tema muito mais difícil de ser discutido no
passado do que é nos dias de hoje, mas isso não significa que nos tempos atuais não existam
dificuldades ou tabus em se tratar deste assunto. Sem contar que o sexo deriva de vários
outros temas muito importantes, como: prevenção sexual, prostituição, pedofilia, DST-AIDS,
aborto, gravidez, etc.
Mas a diferença do tema, comparando-o com trinta anos atrás, por exemplo, é
notável, pois antes, talvez, fosse até impossível ouvir nas ruas ou em qualquer lugar a palavra
“sexo”, considerado falta de respeito. Uma cultura completamente diferente da atual, e
devemos levar em consideração que esta evolução que vemos hoje na nossa cultura, e essa
liberdade em poder se tratar de assuntos como este, foi muito rápida. Observando como nos
séculos passados havia uma lentidão na evolução, no amadurecimento, ou então em
abandonar algumas culturas primitivas.
Segundo o livro A história da vida privada17
, o aborto, por exemplo, que é um
assunto evitado de ser discutido há muito tempo, já era praticado desde a antiguidade, mesmo
que de forma precária e amadora. E a igreja foi o fator que sempre impediu uma discussão
aberta sobre este assunto, e o direito das pessoas de terem suas próprias opiniões sobre ele. Já
que sempre foi contra, e também contra, até mesmo, aos meios anticoncepcionais. A igreja vê
o sexo como um ato praticado com a finalidade unicamente da reprodução, e condena
qualquer meio que a impeça.
Quanto a esta forma primitiva de ver assuntos relacionados a sexo ou ao a borto,
Pierre Simon afirma18
:
17
A história da vida privada. Vol. 5. Companhia das letras, p. 249.
18
14
[...] A maneira como as sucessivas sociedades, na evolução histórica, abordam
assuntos tão graves como o aborto basta para indicar a prioridade da sociedade sobre o
indivíduo. Não é apenas a mãe, mas a coletividade inteira que traz o filho em seu seio.
É ela que decide se ele deve ser gerado, se deve viver ou morrer, qual é seu papel e
seu futuro. Ela dita às mulheres a arte e a maneira de dar à luz, a parte de sofrimento
que lhes cabe” ( SIMON, Pierre. p. 249).
Já do século XX até hoje, temos uma rapidez considerável nas mudanças no modo de
pensar, na cultura e nos pensamentos da sociedade. Isso acontece até mesmo com a
tecnologia, mas isto é uma outra história.
Esta evolução deve-se ao fato do pós-guerra, no século XX, que trouxe inúmeros
movimentos revolucionários e culturais que pregavam o amor livre. Podemos observar que o
sexo é visto principalmente com malícia, brincadeiras, sátiras, ou como ato de prazer, ao invés
de um assunto sério a ser tratado, com conseqüências, e de necessária maturidade para se
praticar com cuidado ou até mesmo falar sobre ele.
Nos dias de hoje podemos ver uma quantidade imensa de jovens que já se
consideram especialistas do sexo, que já praticam relações sexuais com seus parceiros, e que
vêem o sexo como uma coisa normal, que já faz parte de suas vidas, sem considerá-lo um
risco para a sociedade. Isto já é visível com os números enormes de abortos entre os
adolescentes, gravidez indesejadas, mães extremamente jovens e sem responsabilidade
alguma.
Por outro lado temos um tema interessante a ser discutido neste meio: Será que até
hoje a religião ainda tem influências sobre este assunto?
Tratando deste assunto, o Jornal da Globo19
apresentou uma reportagem realizada
com jovens católicos, em uma série chamada “Os jovens e a fé”, tratando do assunto
virgindade. O que surpreende, diante da posição desses jovens, é o forte contraste que existe
diante da maioria dos adolescentes que iniciam sua vida sexual precocemente.
Mas a Igreja Católica enfrenta problemas sérios em relação ao assunto “sexo”, não só
com o tabu da virgindade até o casamento, mas também com a proibição do uso da camisinha.
Uma pesquisa realizada pelo Ibope, e divulgada também pelo também pelo Jornal da Globo20
,
nesta mesma série, aponta que 97% dos fiéis católicos não são a favor da proibição do uso da
SIMON, Pierre. De la vie avant chose (A vida antes de tudo). Citação retirada do livro A história da vida
privada. Vol. 5. Companhia das letras, p. 249.
19
Jornal da Globo. Rede Globo de televisão. Série Os jovens e a fé. Reportagem exibida em 01-05-2007.
20
Idem (18). Ibidem. Série Os jovens e a fé. Reportagem exibida em 01-05-2007.
15
camisinha, como uma questão de segurança e de saúde. Podemos ver que o tema “sexo” é
alvo de várias discussões e opiniões diferentes espalhadas por esse e outros temas.
Mas não podemos deixar de falar que o sexo não é um assunto que aborda apenas
prevenção, virgindade, gravidez. O sexo é um dos assuntos mais falados em qualquer lugar,
também quando é para falar de prazer. Na realidade o sexo é taxado pelo prazer, pelo desejo,
fazendo com que as pessoas se esqueçam da parte séria do assunto.
Mas até essa parte do assunto não é assim tão simples de ser discutida, por exemplo,
em relação as idades, quando se é muito novo, ou até mesmo muito velho, o assunto “desejo
sexual” se torna tabu também. O sexo na velhice é um assunto delicado de se tratar, levando
em consideração uma questão social, o interesse sexual partir da aparência, da idade, o que
não significa que não existam exceções, isso é mais uma pressão cultural.
E a dificuldade de tratar de sexo com os jovens, vem da rapidez com que os jovens
entram em uma vida sexual nos tempos de hoje. A cada dia, parece que essa vida sexual
começa mais cedo, o que é um grande problema a ser tratado, pela falta de maturidade do
jovem para manter esta vida sexual com segurança e informação. Isto dificulta a sociedade a
ter controle sobre o assunto e orientar todos os jovens, sobre prevenção, sobre gravidez e
métodos anticoncepcionais.
Não podemos esquecer que o machismo também é um assunto a ser analisado.
Levando em consideração que o sexo é um assunto muito mais difícil de ser discutido entre as
mulheres, do que é para os homens. Tanto quando se fala de virgindade, mas também quando
se fala de sexo no primeiro encontro, e qual a hora certa da mulher ter relação sexual com o
seu companheiro.
Com o passar dos anos esse tabu tem sido superado, e o sexo tem se transformado em
uma igualdade, com pensamentos do tipo: “se o homem pode transar com várias mulheres, as
mulheres também podem transar com vários homens”; ou “se o homem pode transar no
primeiro encontro, as mulheres também podem”. Talvez seja um dos fatores que faz do sexo
um tema ainda delicado hoje em dia. Porque podemos analisar se antes, com um pensamento
mais fechado das mulheres em relação ao sexo, e os homens levando o sexo como seu
principal interesse, poderia se balancear isto, fazendo então com que houvesse menos
mulheres prontas para o sexo, tanto quanto os homens.
Talvez nesta época o sexo fosse um caso de muito mais responsabilidade, se não pela
maioria dos homens, havia responsabilidade da parte da mulher. O que tem sido diferente nos
dias de hoje. A vida sexual, e as irresponsabilidades em relação ao sexo, tem sido iguais entre
16
ambos. Não que seja o caso discutir o machismo, ou feminismo, mas ressaltar que o sexo é
um assunto mais complicado para a mulher, tanto no prazer, quanto numa gravidez, por
exemplo, que diz respeito principalmente à mulher.
2.5 Sexo e Prevenção
O Dr. José Aristodemo Pinotti21
disse o seguinte:
[...] Educação sexual não é uma questão só de saúde. É um tema mais amplo, que
envolve diversos setores da sociedade. Mas o setor da saúde tem sido um dos mais
envolvidos quando se abordam as questões de sexo, pois é impossível desvincular da
prática sexual os aspectos da reprodução, do planejamento familiar, etc. Também é
na área de saúde que estão os profissionais (médicos, enfermeiras, psicólogos e
assistentes sociais) que frequentemente são procurados para esclarecimentos e
orientações, quando as pessoas sentem dificuldades com relação à vida sexual.
Temos ainda de considerar que, se saúde significa um estado de completo bem-estar,
uma pessoa que entenda ter uma sexualidade inadequada ou insatisfatória não pode
se sentir de todo saudável (ARISTODEMO PINOTTI, 2007, p. 53).
Este trecho nos ajuda a ter uma idéia sobre um dos principais fatores importantes em
relação ao sexo: A saúde.
Devemos prestar mais atenção neste tema, pois é importante levar em consideração
que se preocupar com o sexo não significa apenas colocar na cabeça das pessoas que a
prevenção é necessária, e que é necessário o uso da camisinha, mas também que o sexo é uma
questão de saúde, acima de qualquer coisa. Esse é o grande ponto do tema “Sexo e
Prevenção”.
O assunto sexo só irá alcançar a importância necessária na sociedade, quando as
pessoas criarem consciência de que é um assunto de saúde pública, e de higiene pública
também. O sexo sem segurança pode causar doenças sexualmente transmissíveis, AIDS e
gravidez indesejada. E é importante destacar que se o sexo seguro fosse algo simples de ser
tratado, e houvesse resultados, não precisaríamos discutir assuntos como aborto, por exemplo.
A sociedade não só precisa, mas deve adquirir conhecimento destes problemas, de
uma forma mais simples e abrangente. Não é só uma questão de cuidado, mas de dignidade e
direito do cidadão ter acesso a essas informações.
21
ARISTODEMO PINOTTI, José. Saúde da mulher. Contexto, 2007, p. 53.
17
2.6 Sexo e Mídia: Apelo sexual funciona?
O apelo sexual na mídia impressa não é muito diferente do que em qualquer outro
tipo de mídia. Temos os exemplos das revistas femininas e masculinas que circulam por aí
com fotos que mostram nudismo e vendem muito mais do que revistas comuns.
O que poucas pessoas se lembram ou nem sabem é que estas revistas têm matérias e
entrevistas interessantes e sobre vários assuntos úteis em suas páginas. E por que será que a
maior parte da sociedade não sabe disso?
É aí que entra a discussão sobre o apelo sexual funcionar ou não. Será que estas
revistas venderiam assim tão bem se, por acaso, não tivessem os ensaios tão sensuais de
mulheres extremamente lindas e nuas.
O apelo sexual tem total influência no sucesso destas revistas, e, geralmente, o
sucesso é muito maior nas revistas de nu feminino. E mais uma vez podemos destacar o fato
de que o corpo das mulheres sempre foi extremamente explorado. Podemos perceber isto
nesta frase de Pierre Bourdieu (1999) 22
: “elas existem primeiro pelo, e para, o olhar dos
outros, ou seja, enquanto objetos receptivos, atraentes, disponíveis”.
O corpo feminino já é visto como um objeto, como se a mulher nascesse com este
corpo para oferecer algo aos homens, e esta citação de Bourdieu nos deixa claro isto. A
sexualidade em relação ao corpo feminino é explorada no mundo inteiro, tanto que as revistas
de nu masculino não fazem sucesso.
E esta exploração do corpo feminino, segundo as idéias de Pierre Bourdieu, também
é citada por Adriana Braga23
:
[...] “O corpo feminino, para Bourdieu, é um corpo-para-o-outro, objetificado pelo
olhar e pelo discurso dos outros. A relação da mulher com o próprio corpo não se
reduz a uma auto-imagem corporal. A estrutura social desta relação está na
interação, nas reações, na representação que um corpo provoca no outro e como
essas reações são percebidas. As mulheres são objetos simbólicos constituintes da
22
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999.
23
BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil.
www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search?
q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia
%2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina
%2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt.
Acesso em: 18.10.2007.
18
dominação masculina e feito dessa estrutura coloca a mulher em um estado perene
de insegurança corporal. Assim, esse padrão internacional que subordina a mulher e
a torna mesmo dependente do olhar do outro – não só dos homens – traz como
conseqüência a introjeção desse mesmo olhar, que se torna parte constitutiva do
próprio ser feminino”. (BRAGA, 2007).
A sexualidade e sensualidade feminina são exploradas em todos os tipos de mídia.
Em propagandas de televisão e revistas, especialmente nas propagandas de cerveja, o que é
também totalmente machista, em novelas, filmes e em mídias pornográficas.
Portanto, estas revistas que apresentam o nu feminino definitivamente não venderiam
como vendem se não fosse esse apelo sexual. E esse apelo funciona em tudo onde é
acrescentado. Todo o tipo de mídia que apela a sexualidade vende mais do que uma mídia
comum, que não usa esta apelação.
Apesar do preconceito que existe até os dias de hoje e de alguns tabus em relação a
este assunto, este fato é visível para todos nós, e estes meios midiáticos são de acesso geral.
Qualquer pessoa pode comprar uma revista com fotos de mulheres ou homens nus, ou
comprar (ou alugar) um filme pornográfico. Dizer que este apelo não tem resultado seria uma
piada, já que todos nós somos capazes de enxergar isso no nosso dia-a-dia.
E as mulheres são as que sofrem mais com este fenômeno. Mas levando em
consideração que as mulheres que se submetem a participar deste apelo sexual na mídia,
fazem isto por livre e espontânea vontade. E isso nos atrapalha a termos voz ativa para
reivindicar contra esta exploração em cima das mulheres.
De qualquer forma, o sexo não é só tabu, o sexo é também sinônimo de “bons
resultados” e “lucro” para grande parte da mídia no mundo inteiro. E este fato social nós não
podemos mais mudar, a própria sociedade causou isto.
19
3 Análise das Revistas Manchete e Capricho: uma distância no
tempo, nos costumes e no discurso.
3.1 Introdução
Nesta parte de nosso trabalho serão utilizados os de estudos já levantados e relatados
nas partes anteriores para que possamos concluir a análise dos produtos midiáticos que
estamos estudando. No caso a Revista Manchete e a Revista Capricho. O tipo de análise que
adotaremos é a comparativa, do ponto de vista cronológico por se tratarem de revistas de
épocas diferentes, e do ponto de vista jornalístico por se tratarem de revistas diferentes não só
no nome, como no estilo e público alvo.
3.2 Análise da Estética
A Revista Manchete do ano de 1974 tem um tamanho relativamente grande se
comparada à maioria das revistas de hoje em dia. Ela tem 33 centímetros de comprimento, 24
centímetros de largura, e 146 páginas. A revista Capricho do ano de 2007 é de tamanho
menor, padronizada com as demais revistas de sua época, tem 26,5 centímetros de
comprimento, 20 centímetros de largura, e 98 páginas. A evolução observada nesse aspecto é
que com o avanço da mídia as empresas de comunicação impressa passaram a se preocupar
mais com o conforto e opinião dos consumidores, isso porque as revistas sendo
confeccionadas com tamanho menor geram mais mobilidade ao leitor. E como hoje ninguém
tem muito tempo para ler em casa é possível que as revistas sejam carregadas aonde quer que
a pessoa vá.
Outro aspecto das revistas é o conteúdo e estética apresentados na capa. Segundo
Thomaz Souto Correa “Capa é feita para vender revista” 24
. Nele as diferenças são bem
explicitas. A revista Manchete apresenta o título no canto superior esquerdo e pequeno se
comparado ao tamanho da capa. As cores utilizadas tanto no título quanto nas chamadas das
matérias são as mesmas, amarelo, vermelho e preto. A foto colocada é do técnico Zagalo com
uma pequena montagem de uma bola de futebol na cabeça dele. Como a Revista Manchete
não tinha um público específico e era lida por diversos tipos de pessoas, apresentar a foto de
24
SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. 3 ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 62
20
uma pessoa relacionada ao futebol pareceu ser adequado, porém a montagem feita não mostra
nenhuma relação com a chamada da reportagem referente a ele. Veja imagem a seguir:
Fig. 1 – Capa da Revista Manchete (1974)
Já a capa da Revista Capricho apresenta o título na parte superior do canto esquerdo
até o canto direito, a forma como ele é escrito já teve diversas alterações ao longo dos anos.
Ele normalmente é escrito na horizontal, e a letra utilizada não é bem estilizada e
descontraída. As cores utilizadas nas letras e fundos não têm um padrão, elas sempre mudam
conforme a foto ou o tema da reportagem principal, que por sinal é bem destacada do resto
das chamadas. A foto é do ator Rodrigo Santoro que na época da edição estava em evidência
na mídia, pois iria estrear no seriado norte americano ”Lost”. Como a Revista Capricho é
destinada ao público jovem feminino essa capa é sem duvidas um forte artifício para atrair as
21
leitoras a comprarem a revista. Os efeitos visuais apresentados são modernos, porém bem
simples para que fique em destaque a foto do ator. Pois hoje o que chama atenção não é o
exagero e sim a harmonia visual. Veja a imagem a seguir:
Fig. 2 – Capa da Revista Capricho (2007)
Ambas as revistas apresentas em seu interior, diversas páginas destinadas somente a
propaganda. Na revista Manchete as propagandas são de eletrodomésticos, alimentos, cigarro.
Na revista Capricho se vê uma predominância de propagandas de marcas famosas de roupa,
calçados, acessórios, todos sempre condizendo com o gosto e preferência dos jovens. Neste
aspecto também se nota uma grande evolução não só estética como também na forma como
são anunciados os produtos. Conforme imagens a seguir:
22
Fig. 3 – Propaganda de cigarro veiculada na Revista Manchete (1974)
Fig. 4 – Propaganda de eletrônico veiculada na Revista Manchete (1974)
23
Fig. 5 – Propaganda de roupa veiculada na Revista Capricho (2007)
Fig. 6 – Propaganda de Calçado veiculada na Revista Capricho (2007)
24
O índice das revistas, o título das seções, o formato das matérias, as cores, as fotos, a
linguagem, todo o conteúdo de uma maneira geral apresenta diferenças nas duas revistas.
Algumas dessas diferenças são mínimas e outras gritantes. O que vale destacar é que os textos
das matérias ainda são feitos em letra bem pequena e em colunas ladeadas, sendo que na
Revista Capricho ele pode encontrar uma pequena alteração no formato. Também destacamos
os nomes das seções que são completamente diferentes. Na Revista Manchete eles são bem
específicos e qualquer pessoa pode localizar com facilidade qual a parte terá matérias de seu
interesse. Já, na Capricho o nome das seções são mais trabalhados, tem uma estética
característica e são feitos na linguagem que os jovens estão mais habituados, ou seja, para
outros tipos de público é difícil entender do que se trata cada seção.
Comparando as matérias que escolhemos das duas revistas, podemos perceber
algumas outras diferenças estéticas. A cor do fundo na Revista Manchete é branca assim
como as demais matérias desta revista, já na Revista Capricho o fundo é colorido, apesar de
algumas outras seções também terem a padronização do fundo branco. Isso ocorre, pois a
seção onde se encontra a matéria é de reportagem especial. Além do fundo colorido há
também um trabalho artístico no plano de fundo da reportagem. Como ela fala sobre “diários
da primeira vez” de algumas meninas, no fundo é apresentado uma imagem de um tipo de
caderno e mãos segurando na lateral. Veja as imagens a seguir:
Fig. 7 – Página 37 da Revista Capricho (2007) Fig. 8 – Página 36 da Revista Manchete (1974)
25
Isso demonstra não somente a evolução digital e tecnológica da mídia, mas também
na produção que há por trás da matéria pronta. Pois numa revista atual como a Capricho as
imagens e efeitos utilizados também são escolhidos a dedo para sempre transmitir ao leitor
qual é a intenção daquela reportagem. E se tratando do público jovem isso é ainda mais
importante, pois facilita a compreensão e deixa restrito o campo para as diversas
interpretações que podemos ter.
3.3 Análise de Conteúdo
3.3.1 Quadro Comparativo
O quadro a seguir busca sintetizar o conteúdo das duas matérias escolhidas. “A Escola
de Amor Mais Antiga do Mundo” em Manchete, cujo objetivo é mostrar e comentar um ritual
de uma tribo hindu para iniciação dos jovens na atividade sexual. E “Era Uma Vez um
Hímen” na Revista Capricho, cujo objetivo é apresentar relatos de garotas sobre sua primeira
relação sexual, contados pelas palavras das próprias garotas. Optou-se pelas colunas de modo
que se pudessem criar categorias e analisar cada uma delas separadamente.
26
MANCHETE CAPRICHO COMPARAÇÃO
Titulo
O “olho”
Estética do Texto
O título da matéria é “A Escola de
Amor Mais Antiga do Mundo”. Não
diz a palavra sexo logo de cara, e
também encontra uma maneira singela
e contida de introduzir o leitor no
assunto abordado.
É um texto grande, descreve e explica
um pouco do que estará na matéria, de
forma detalhada. Assume um caráter
de “introdução explicativa”. (texto
completo do “olho” em anexo1)
O texto é escrito em prosa se apresenta
na forma de uma reportagem factual,
escrito em colunas, com fotos. O texto
da matéria é escrito sem nenhum
subtítulo, e tem algumas legendas nas
fotos. Em negrito há algumas palavras
chaves para conduzir o leitor pelo
texto e também a encontrar a parte que
lhe interessa.
Ex.: “civilização”, “mais antiga
escola de amor do mundo”, “clima”,
“reconhecendo”, “madeiras
roubadas”.
O título da reportagem é “Era Uma Vez
um Hímen” mostra explicitamente uma
palavra relacionada a sexo e o termo
“era uma vez” já dá entrada a intenção
da reportagem que é de contar histórias
da primeira relação sexual de algumas
meninas na forma de um diário.
É um texto curto, mas não deixa de
explicar o que virá na matéria. Usa uma
linguagem descontraída, jovial, e vai
direto ao ponto sem detalhar muito.
Assume um caráter de “introdução
chamativa”. (texto completo do “olho”
em anexo2)
Existem subtítulos. Texto em prosa, na
primeira pessoa, como se as próprias
meninas estivessem contando suas
histórias.
Os subtítulos contêm dados como: nome
da menina, a idade atual, a idade do
casal quando se relacionaram, o tipo de
relação que tinham e quanto tempo
estava durando e se o rapaz também era
virgem.
O título da Manchete é, mais
contido, porém ainda assim é
polêmico para a época em que foi
veiculada a reportagem. O da
Revista Capricho não é nada
contido, mas as leitoras já estão
acostumadas com esse tipo de
linguagem.
Ambos têm a intenção de chamar o
leitor para a matéria. O texto da
Manchete é mais completo,
informativo. Enquanto o da Revista
Capricho é mais compacto para
gerar curiosidade das leitoras
rapidamente.
O tema é semelhante, porém é
apresentado de duas formas
completamente diferentes. Na
Manchete o fato é relatado pelas
palavras do jornalista e o mesmo já
apresenta o seu ponto de vista sobre
o assunto. Quem lê já tem toda a
linha de pensamento pronta para ser
lida, e não precisa pensar a respeito
para analisá-la. Na Capricho por
serem apresentados textos em
primeira pessoa se lê o fato pelas
palavras da pessoa que as viveram
apenas com uma pequena edição na
Tabela comparativa das reportagens mencionadas acima
27
Foto
Feita à luz do dia, ao natural.
Apresenta uma tribo hindu em sua
aldeia fazendo o ritual que é descrito
na matéria. Sem censura e sem
computação gráfica. Os efeitos são
singelos. Apresenta nudez, o que era
incomum na época.
Usam uma modelo para representar a
menina, a foto é feita em estúdio, com
luz artificial. Onde só aparecem os
olhos, a boca e as mãos. Ela segura um
tipo de diário para ilustrar que na
matéria são apresentadas as histórias
reais e particulares da primeira relação
sexual dessas quatro garotas. Os efeitos
também são singelos, porém modernos e
criativos.
parte de ortografia e vocabulário
para poder se adequar a linha
utilizada pela revista, sem
apresentar, mas nenhum comentário
de nenhuma outra pessoa,
permitindo que o leitor possa tirar
suas próprias conclusões da matéria
sem influência nenhuma.
A foto na Manchete mostra
exatamente aquilo do que a matéria
fala. Já na Revista Capricho ela quer
ilustrar através do uma imagem que
não é real aquilo que a matéria
apresenta, além disso, também tem
uma mensagem implícita de que as
meninas estão escondidas atrás do
diário dando a idéia de que elas
ainda têm vergonha de falar sobre
esse assunto.
28
Linguagem
Escolha
Vocabular
O texto é claro e simples, e muito
contido, pois mostra um receio em se
usar certas palavras e expressões, e
nestes casos opta por termos mais
técnicos. Mostram termos também da
tribo em questão, como denominações
de objetos e posições.
A reportagem consegue apresentar
uma linguagem que não é nem tão
formal e nem tão informal.
Termos da tribo hindu: Ghotul, Chalu,
Baidhar, Patel.
Para se referir ao sexo ou a termos
diretamente relacionados, a Revista
Manchete escolheu palavras leves
como: amor, práticas sexuais, clima,
jogos amorosos, se tocam, se afagam,
jornada amorosa, eróticas,
desempenho amoroso, ato sexual,
atividade sexual, “... estão na cama
dos...”.
Todos os textos são informais, pois
representam a fala de garotas entre 17 e
19 anos sem grandes modificações. Ele
ainda deixa transparecer aspectos da
cultura, educação, classe, e estilo de
cada garota, pois mantém os termos
utilizados por elas para descrever os
acontecimentos e emoções sentidas, e
para caracterizar os mesmos.
A linguagem é restrita ao público alvo,
até mesmo pela informalidade e
expressões jovens.
Termos coloquiais usados: “a gente
ficou”, “não queria nada sério”,
“galinhas”, “vacas”, “MTV”, “ficar”,
“rolar”, “ICQ”, “selinho”.
A Revista Capricho usou termos mais
explícitos para se referir ao sexo e
termos relacionados, isso porque
provinham da fala das garotas. Como
por exemplo: beijo de língua, pílula,
camisinhas, sexo oral, modess, perder a
virgindade, primeira vez, rolou, transa,
dor, ficar, transar, aquilo, fazer,
sangrou, prazer, vida sexual ativa,
objetos, amassos, hímen, vez.
O público alvo da Revista Manchete
não é bem específico, por isso ela
consegue chegar a uma linguagem
que pode ser bem interpretada por
qualquer pessoa.
Na Revista Capricho não há essa
generalização, a linguagem está
somente de acordo com o público
jovem. Mas por esse motivo o texto
pode não ser compreendido por
outros públicos que poderiam vir a
ler a matéria. Está sujeito a
desaprovação de uma parte da
população que ainda está estagnada
pelo conservadorismo. Isso não tira
a credibilidade da matéria ou a torna
menos importante, e sim menos
acessível.
Os vocabulários escolhidos pelas
revistas são bem diferentes. Mas nas
duas ele busca adequar-se ao público
leitor da revista. Ou seja, o
vocabulário não depende muito da
polêmica da reportagem e sim do
que está de acordo com padrões do
público e da própria revista.
29
3.3.2 Conteúdo das Matérias
Apresentam-se a seguir três subdivisões. As duas primeiras resumem e analisam os
conteúdos das matérias estudadas nas Revistas Manchete e Capricho respectivamente. A
terceira compara as duas análises apontando suas principais semelhanças e diferenças.
3.3.2.1 “A Escola de Amor Mais Antiga do Mundo” - Manchete
A reportagem escolhida da Revista Manchete relata os costumes de uma tribo hindu
quanto ao assunto iniciação dos jovens na vida sexual. Eles descrevem com detalhes o ritual
em que jovens indianos de ambos os sexos escolhem os parceiros e se quiserem após as
etapas, têm a primeira relação sexual. Ainda dizem que por isso os índios são mais felizes.
Contam também os prejuízos que o homem branco causa a eles (texto integral da matéria em
anexo 1).
Como é possível perceber essa reportagem é um tanto quanto polêmica para a época
em que foi publicada, 1974. E só não causou muita desaprovação, pois o conteúdo se refere a
uma sociedade totalmente distante da sociedade da época no Brasil, em todos os aspectos. Até
por que na época de 1974 segundo a jornalista Tânia Marak “Vivíamos uma época de
‘Ditadura Militar’. Então o assunto sexo abordado nas revistas só era editado no exterior,
em revistas importadas” (informação verbal)25
.
A reportagem consegue romper a barreira da censura do assunto, trazendo
informações que pudessem suprir a curiosidade dos leitores, escolhendo uma sociedade
distinta para que o impacto fosse amortecido. “Existia sexo nas revistas? Existia! Mas era
algo mais intrigante” foi o que relatou Marak. Ao mesmo tempo o conteúdo da matéria ainda
deixa a desejar quanto a exploração do tema sexo, pois tratando de uma sociedade tão
diferente ele se torna restrito, e até mesmo fictício. E também segundo Marak se os pais
vissem essa reportagem na presença dos filhos passariam rapidamente dizendo que aquilo não
era interessante, pois isso só foi ser totalmente desvendado, explorado, e mostrado, na década
de 90.
Apesar disso, é possível usar em benefício próprio o assunto da matéria, pois nele há
informações muito proveitosas. Como por exemplo, ter um controle sobre a iniciação dos
jovens na vida sexual onde é possível orientá-los de maneira correta, e prevenir os riscos que
existem quando são iniciados de maneira imatura. Outro aspecto dessa sociedade que poderia
25
Informação divulgada por Tânia Marak na entrevista concedida ao nosso grupo, em São Paulo, em 6 de
outubro de 2007.
30
ser tido como exemplo é o de tratar o sexo como um assunto natural que faz parte de todos, e
que não causa vergonha e nem preconceitos entre a população.
Apesar de o conteúdo aparecer bem contido em algumas palavras ou expressões, ele
não tem aspecto malicioso. Trata-o como se fosse uma espécie de ritual religioso, que faz
parte da tradição da sociedade hindu, e que é respeitado e preservado por todos como é
possível perceber neste trecho: “A felicidade como conseqüência do amor desvinculado do
sentimento de culpa parece ser principio geral entre esses primitivos”.
Ao final, o autor se afasta um pouco do foco da matéria, para retratar algumas
relações entre a sociedade indígena mencionada e a sociedades exteriores, que seriam mais
parecidas com a que o leitor se encontra. No trecho: “Comerciantes e lenhadores das
localidades vizinhas tratam de atrair as moças Marias para as cidades, oferecendo-lhes
empregos de domésticas. Logo elas estão na cama de seus patrões...” é possível perceber
isso.
Essas relações prejudicavam os indianos, e já retratavam outros problemas que a
sociedade em que o leitor se encontrava também sofria, mas eram negligenciados. Portanto
mesmo tendo acesso a essa informação não era possível para o leitor contextualizá-las dentro
da sua rotina, e muito menos tirar proveito para mudar essa situação dentro da sociedade em
que vivia.
3.3.2.2 “Era Uma Vez um Hímen” - Capricho
Como o próprio título já sugere a reportagem mostra a história da primeira relação
sexual de algumas garotas. Elas são relatadas pelas próprias garotas e por isso contém
vestígios da faixa etária e educação das meninas, isso é passado através de gírias e
características das situações descritas por elas. Não contém complemento textual, somente
apresenta os relatos e dados das garotas. (texto integral da matéria em anexo 2).
A matéria ao mesmo tempo em que trata o assunto com naturalidade, é polêmica, pois
o assunto ainda ser alvo de muitos tabus. Como por exemplo, virgindade, opção sexual,
métodos contraceptivos, gravidez indesejada, masturbação, ejaculação precoce, e a
banalização que o tema tem hoje na mídia.
A época da reportagem é marcada por uma sociedade que recebe o sexo diariamente
em suas casas através de todos os tipos de mídia, especialmente na Publicidade e na
Propaganda. Como citado na aula de Teoria da Comunicação da professora Luci Bonini o uso
do sexo na Publicidade pode até mesmo vir implícito nas propagandas dos mais diversos tipos
de produto, até mesmo aqueles que nada tem a ver com sexo.
31
Procuram cada vez mais explorar o tema, deixando de passar informações úteis,
abordando somente o lado sensual ou erótico para atrair consumidores.
Assim temos jovens que se iniciam sexualmente cada vez mais cedo, e por não
conseguirem vencer a barreira da falta de diálogo com seus pais ou responsáveis, passam a
procurar respostas para suas questões em revistas segmentadas para esse tipo de público. Isso
torna a sua concepção sobre sexo muito restrita, pois o objetivo da Mídia muitas vezes não é
informar e educar, mas sim padronizar e alienar. Isso tanto na Publicidade quanto no
Jornalismo.
Outra característica dessa matéria é que ela não apresenta durante o texto nenhuma
intervenção do autor e deixa o leitor livre para ler diretamente das palavras das próprias
garotas, este aspecto é bom, pois cada um tem a liberdade de pensar o que quiser sobre o que
leu, mas é ruim, pois deixa a matéria um pouco vaga no geral.
Tanto o texto quanto o plano de fundo e as figuras utilizadas para ilustrar essa
reportagem mostram que não é nada fácil para essas garotas falar de sua primeira vez, apesar
de hoje não haver mais restrição alguma na Mídia quando o assunto é sexo. Mas essa
“vergonha” não foi só em contar isso para a Revista Capricho, também é possível perceber
pelas histórias que há muita pressão e muita dúvida em qualquer que seja a idade quando se
inicia a vida sexual. Tanto que em dois dos relatos as meninas não estavam nem se quer
namorando quando tiveram a primeira relação, como é possível ver nesse trecho: “A gente foi
ficando, mas não queria nada sério. Quando fazia pouco mais de um mês ele falou – e ai,
vamos avançar? Eu falei – não calma.”.
O que também parece ser muito importante em relação a isso para as garotas é a
opinião dos outros, da família, dos amigos e do próprio parceiro. No caso da família o que
ocorre muitas vezes é que as meninas acabam não contando para os pais que já tiveram
experiências sexuais e muito menos procurando um ginecologista para tirar dúvidas. Como
pode ser percebido neste trecho: “Num fim de semana, minha mãe disse que ia viajar com o
meu pai e, ai, com o coração quase saindo do peito, fui perguntar se ele podia dormir em
casa.”.
No caso dos amigos a influência é ainda maior, se você é muito nova e não é mais
virgem você é discriminada. Ou então se você já está mais velha ou na está faculdade e ainda
é virgem você também é descriminada, isso no caso das meninas. Há outros tipos de
preconceito e influências como no trecho: “Umas amigas minhas ficaram se sentindo vacas
depois que perderam a virgindade, mas eu não.” e no outro trecho: “Várias amigas minhas
já tinham uma vida sexual ativa...”. Com o parceiro as inseguranças variam de acordo com o
32
menino e o tipo de relação que levavam. Se ele gosta da menina e transparece confiança tudo
ocorre mais naturalmente, e a menina não se sente pressionada. Mas quando o garoto coloca
pressão e fica insistindo muito, a garota acaba cedendo e por isso fica desconfortável e pode
esquecer de usar camisinha e sentir ainda mais dor na hora da relação. Esses trechos
exemplificam isso: “Durante a transa ele ficava perguntando se estava doendo, dizendo que
me amava”, “Ele queria fazer tudo rápido, mas eu falei pra ir com calma”.
Enfim a reportagem mostra uma realidade semelhante com a vivida pelas leitoras, o
que as ajuda a enfrentar seus problemas e tirar dúvidas.
3.3.2.3 Comparação
As duas matérias se assemelham nos seguintes pontos: As duas falam
especificamente sobre a iniciação dos jovens na vida sexual. Apresentam termos específicos
em seu contexto. Mencionam direta ou indiretamente as frustrações, dúvidas e influências que
os outros causam quando os jovens estão para iniciar a vida sexual.
As sociedades abordadas têm aspectos diferentes dentro da reportagem, em dois
sentidos. Um é porque as culturas de cada uma das sociedades são completamente distintas no
espaço e no tempo, e consequentemente o modo como se comportam em relação ao sexo
também diferem muito. Outro é que enquanto a Manchete fala de uma sociedade e cultura que
apesar de ser interessante, é pouco conhecida e nada tem a ver com o público que a lia, a
Revista Capricho se preocupa em mostrar situações e experiências o mais próximo possível
daquilo que a maior parte do seu público provavelmente entende, já viveu ou poderá viver.
Os termos apresentados pela Manchete fazem parte da cultura da sociedade retratada,
e por isso vêm acompanhados de uma explicação do que significam, esse aspecto mostra que
a reportagem está focalizada somente nos indianos e que nem se imagina deslocar o assunto
para a realidade do leitor. Por exemplo, no trecho “... a existência da Ghotul – cabana de
amar e dormir –...”. Os termos da revista Capricho são os coloquiais usados pelos jovens que
não vem com explicação alguma, pois os leitores (jovens) já sabem o que querem dizer. Por
exemplo, quando dizem: “... ia ser legal perder com ele, apesar dele ser muito galinha.”.
Porém isso ainda sim restringe um pouco a matéria, pois se uma pessoa mais velha ler poderá
não entender esses termos.
A grande diferença percebida é a postura das próprias revistas perante o tema sexo e
os jovens. Quanto à Revista Manchete a reportagem em sua maior parte preocupou-se em
descrever os rituais que acontecem na tribo mencionada, fazendo somente alguns pequenos
33
comentários. É perceptível que não há preocupação alguma em contextualizar o tema
abordado à realidade dos leitores, até mesmo no final quando é mencionado o mal que o
homem branco causa a essas tribos, pois mesmo esse é tratado como um problema incomum e
distante que nada tem a ver com os autores e leitores dessa revista.
Já a Capricho mostra nessa reportagem sua preocupação com o público alvo. Mesmo
não tendo nenhum texto do repórter a não ser o título e o “olho” o caráter adotado já
demonstra isso. Pois a matéria não apenas relata fatos que condizem com a realidade do
público leitor da revista, mas também apresenta esses fatos contados diretamente de quem os
viveu. Essa forma que o autor adotou para formatar e apresentar a reportagem ao público foi
muito bem pensada. Ele não pegou simplesmente as histórias que coletou das garotas e fez um
texto só descrevendo esse acontecimento. Deixando transparecer também através da
linguagem e vocabulário, mas principalmente através de como os jovens falam sobre sexo,
como caracterizam seus atos e os atos do parceiro, como expressam suas emoções numa hora
tão importante e até preocupante de suas vidas.
Segundo a jornalista Tânia Marak a Mídia Impressa evoluiu sim e está bem mais
acessível, porém há uma banalização do tema em algumas divulgações que não existia antes e
que acaba tornando o tema vulgar algumas vezes.
Concluindo cada uma das revistas apresentou aquilo que o público queria realmente
ler, e não necessariamente aquilo que precisava ler.
34
Considerações Finais
Através de pesquisas, de entrevistas, orientações dadas pelos professores durante as
aulas, pudemos concluir que o tema Sexo na Mídia Impressa ainda é, apesar do rompimento
de alguns tabus, polêmico e o conteúdo publicado através da mídia pouco informativo.
Há três décadas atrás o assunto era praticamente proibido, e citado raramente em
revistas. Tivemos como exemplo, na matéria que analisamos, “A Escola de Amor mais Antiga
do Mundo”, onde só foi possível falar sobre a iniciação sexual dos jovens de uma tribo hindu
porque se tratava de uma sociedade com hábitos e tradições completamente distintas das
nossas.
Impossível fazer a comparação de como era abordado o tema em duas épocas
diferentes, a década de 70 com os anos atuais, sem citar as mudanças de comportamento das
mulheres e dos jovens através dos anos, e como a mídia explorou isso.
Nos dias atuais, graças ao desenvolvimento das mídias, incluindo a impressa, fala-se
abertamente a maioria dos assuntos.
Mas apesar de toda essa evolução, da segmentação da mídia, da adaptação do
formato e forma de linguagem, do desenvolvimento de técnicas de computação gráfica e
melhorias de impressão, o conteúdo da mídia não procura informar, ou ensinar seus leitores,
mas seu conteúdo é escolhido com os temas que vão vender exemplares, com linguagem curta
e rápida, e se possível, associada com alguma propaganda publicitária.
Na Publicidade e Propaganda também houve uma evolução, onde agora são
escolhidas as mídias certas para atingir determinado público.
O comportamento da mulher atual, moderna, transformou as revistas dedicadas a ela;
de revistas de culinária e dicas de como cuidar dos filhos, para revistas que falam de como
obter prazer, como alcançar sucesso profissional, dicas de maquiagem para cada ocasião,
enfim essa segmentação transformou-se em um guia que moldam as atitudes e
comportamentos das mulheres. A publicidade também contribui para essa mudança, hoje em
dia publica - se propagandas de moda, produtos cosméticos, com modelos com um padrão de
beleza quase perfeito, em um mundo surreal onde todas as pessoas são felizes.
A mulher pôde se libertar do seu lar, conquistar reconhecimento profissional, se
tornar mais bonita, mas esse excesso de preocupação com a beleza, e com a influência da
mídia que usou o tema sexo explorando a parte erótica, a mulher passou a ser vista como
vulgar, como objeto de desejo. Com roupas que insinuam que deixam expostos boa parte do
35
seu corpo, já não há mais a curiosidade por parte masculina de descobrir o que há por baixo
daquelas vestimentas, mas dão idéia que aquilo é fácil de se conseguir.
O comportamento dos jovens também é completamente diferente. Os filhos
antigamente eram, na grande maioria das vezes, educados pelos pais, atualmente essa situação
é bem diferente, os pais não precisam se casar mais para criar seus filhos, ou já se casaram e
divorciaram-se. Em alguns modelos deferentes de famílias os pais são brigados e não se falam
mais. Ou seja, é comum hoje em dia ver jovens que moram e, portanto são educados, apenas
com a mãe, ou com o pai.
Esses jovens têm um acesso muito grande a mídia, e essa exerce uma influência
muito grande sobre eles, principalmente nas mídias segmentadas à eles, onde são impostos
maneiras de se vestir, se comportar, e até de como se expressar.
O tom erótico e o sensual sempre estão presentes, e o fato do tema sexo ser um
assunto essencial em qualquer mídia, torna - o mais fácil de se falar, tira “o ar de proibido”, e
o torna um fato corriqueiro, e os jovens também querem falar sobre o assunto.
Assim os jovens iniciam suas vidas sexuais cada vez mais cedo, e com dúvidas ou
problemas relacionados a isso, procuram a mídia como forma de esclarecimento.
Alguns tabus ainda não foram vencidos, como a falta de diálogo dos pais com os
filhos sobre sexo e também sobre prevenção, e alguns foram criados, um exemplo disso é a
idade da primeira relação sexual, quanto mais velha a pessoa fica, cada vez mais ele é visto
como careta, ou diferente dos outros.
Portanto, o que concluímos foi que a Mídia Impressa se desenvolveu de maneira a
agradar todos os públicos, a entreter, a levar fatos e, portanto deixou um pouco a parte de usar
o seu poder na formação de opiniões.
A exploração não só da figura feminina, mas da sensualidade como um todo, e a
utilização do tema sexo como forma de assunto banal, sem a preocupação com a informação
foi o que observamos na transformação do tema Sexo na Mídia Impressa durante os anos.
36
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de; CARDOSO, José Leandro Rocha. Museu de Astronomia
e Ciências Afins. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S010201882001000200013&script=sci_arttext. Acesso em: 23.10.2007.
ARIÈS, Philipe; DUBY, Georges; História da Vida Privada – Coleção Dirigida. 5 ed.
Companhia das Letras, 1987. p. 249
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999.
BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil.
www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search?
q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo
%2520e%2520midia%2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da
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%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt. Acesso em:
18.10.2007.
JORNAL DA GLOBO, São Paulo: Rede Globo de televisão. Série Os jovens e a fé.
Reportagem exibida em 01-05-2007
MARAK, Tânia; Entrevista concedida em 6 de outubro de 2007, no Centro Cultural de São
Paulo.
PINOTTI, José Aristodemo. A Saúde da mulher. Contexto, 2007, p. 53.
REVISTA CAPRICHO, São Paulo: Editora Abril, 15 abril de 2007
REVISTA MANCHETE, Rio de Janeiro: Bloch Editores S.A., 13 de julho de 1974
TRAÇA.<www.traca.com.br.>
Disponível em: http://www.traca.com.br/?tema=padrao&pag=revistamanchete&mod=inicial.
Acesso em: 23.10.2007.
SBT, <http://www.gppcom.com.br/ >
Disponível em: http://www.gppcom.com.br/midia/index.php?op=dicionario&id=13
Acessado em 15 de outubro de 2007, 11:10:00
SCALZO, Marília; Jornalismo de Revista. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 22-27, 62, 87-
99.
SIMON, Pierre. De la vie avant chose (A vida antes de tudo). Citação retirada do livro A
história da vida privada. Vol. 5. Companhia das letras, p. 249.
37
Anexo 1 – “A Escola de Amor Mais Antiga do Mundo” – Revista Manchete
38
39
40
41
42
Anexo 2 – “Era uma vez um hímen” – Revista Capricho
43
44
45
46
47
Lista de Ilustrações
Fig. 1 – Capa da Revista Manchete (1974)...............................................................................21
Fig. 2 – Capa da Revista Capricho (2007)................................................................................22
Fig. 3 – Propaganda de cigarro veiculada na Revista Manchete (1974)...................................23
Fig. 4 – Propaganda de eletrônico veiculada na Revista Manchete (1974)..............................23
Fig. 5 – Propaganda de roupa veiculada na Revista Capricho (2007)......................................24
Fig. 6 – Propaganda de Calçado veiculada na Revista Capricho (2007)..................................24
Fig. 7 – Página 37 da Revista Capricho (2007) Fig. 8 – Página 36 da Revista
Manchete (1974) ......................................................................................................................25
48
Sumário
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
Camila Alves de Araujo
Juliana Figueiredo Barbosa
Heloisa Alencar Ikeda
49
SEXO NA MÍDIA IMPRESSA: ONTEM E HOJE
Mogi das Cruzes
2007
50
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
Camila Alves de Araujo
Juliana Figueiredo Barbosa
Heloisa Alencar Ikeda
SEXO NA MÍDIA IMPRESSA: ONTEM E HOJE
Professores Orientadores: Luci Bonini e Sersi Bardari
Mogi das Cruzes
2007
Trabalho apresentado como conclusão
parcial do Projeto Processos e Produtos
Midiáticos, do Curso de Comunicação
Básico, da Universidade de Mogi das
Cruzes.
51
Araújo, Camila Alves
Barbosa, Juliana Figueiredo
Alencar, Heloisa Ikeda
Sexo na Mídia Impressa: Ontem e Hoje/Camila Alves de Araújo, Juliana
Figueiredo Barbosa, Heloisa Alencar Ikeda - 2007
Área de Concentração: Comunicação Social – Jornalismo
Orientadores: Professores Luci Bonini e Sersi Bardari
1. Sexo 2. Revista Manchete 3. Revista Capricho
52
Camila Alves de Araújo
Juliana Figueiredo Barbosa
Heloisa Alencar Ikeda
SEXO NA MÍDIA IMPRESSA: ONTEM HOJE
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profª. - Doutora Luci Bonini
Universidade de Mogi das Cruzes – UMC
_______________________________________
Prof. – Sérsi Bardari
Universidade de Mogi das Cruzes - UMC
_______________________________________
Jornalista – Tânia Marak
Trabalho apresentado como
conclusão parcial, projeto Processos
e Produtos Midiáticos, do curso de
Comunicação Social Básico da
Universidade de Mogi das Cruzes.
53
Dedicatória
Dedicamos esse trabalho a nossa amizade que
surgiu nesse um ano de projeto, à paciência, à
dedicação, e à colaboração que todas nós
tivemos de ter umas com as outras, aos
conhecimentos partilhados, e as experiências
que passamos juntas que nos renderam ótimos
momentos de diversão.
54
Agradecimentos
Agradecemos a Deus, por nos dar o dom da vida e o talento de escrever e podermos
nos comunicar.
Aos professores orientadores Luci Bonini e Sersi Bardari, que pacientemente nos
ajudaram a montar esse projeto através do enorme conhecimento que possuem.
À jornalista Tânia Marak que nos cedeu a entrevista, e acima de tudo nos passou
conhecimentos valiosos para concluirmos nossa análise.
Aos familiares, e amigos, que ouviram nossas reclamações, deram sugestões, fizeram
críticas, compraram material, não nos deixaram desistir, e nos acompanharam por toda essa
trajetória.
E à nossas companheiras de grupo Marília e Patrícia, que não chegaram até a
conclusão do projeto, mas fizeram da sua colaboração imprescindível.
55
“Então vá
Faça o que tu queres
Pois é tudo
Da lei, da lei
Viva, viva, viva a sociedade alternativa
Faz o que tu queres há de ser
Tudo da lei, da lei
Todo homem, toda mulher
É uma estrela
Viva”
Raul Seixas - Sociedade Alternativa
56
Resumo
Este trabalho tem como tema Sexo na Mídia Impressa, e tem como objetivo analisar
a forma como o assunto era tratado na mídia há trinta anos atrás e como ele é tratado agora,
através da comparação de duas revistas de importância em cada uma de suas épocas, a Revista
Manchete e Revista Capricho.
O que torna essas duas revistas importantes foi como elas alcançaram grandes partes
de seus públicos e entraram para a história da Mídia Impressa.
Através de pesquisas aos conceitos de sexo, Mídia Impressa, e a história da
segmentação da mesma e suas transformações ao passar dos anos, da trajetória de cada revista
pudemos analisar duas matérias. Intitulada de “A Escola de Amor mais Antiga do Mundo” na
Revista Manchete, e “Era Uma Vez um Hímen” na Revista Capricho, estudando em cada uma
delas as mudanças de linguagem, de abordagem do tema, da escolha vocabular, dos recursos
gráficos utilizados e o conteúdo de seus textos.
Palavras-chave: Sexo, Revista Manchete, Revista Capricho.
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PPM Final!

  • 1. Introdução O presente trabalho acadêmico tem como tema “O Sexo na Mídia Impressa” fazendo uma comparação entre as divulgações sobre o tema na década de 70 e nos dias de hoje. Para isso utilizaremos uma edição da Revista Manchete veiculada na década de 70 que era destinada a praticamente todos os tipos de público, e uma edição de 2007 da Revista Capricho, que também é de veiculação nacional, porém é mais segmentada quanto ao seu conteúdo, sendo destinado especialmente ao púbico jovem feminino. Falar sobre sexo, algumas décadas atrás, causava repressão pela própria família, pela igreja e também pela sociedade. De acordo com a tradição da época as mulheres deveriam se casar virgens, e não havia preocupação com métodos contraceptivos para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, até mesmo porque isso não era abordado na mídia nem na educação escolar. Com a revolução cultural iniciada na década de 70 com o movimento Hippie, o sexo passou a ser encarado como uma coisa mais natural em alguns países, no Brasil, no entanto, só na década de 80 esse assunto formou-se mais freqüente na mídia, na educação e nas conversas familiares. Hoje, como conhecemos mais de perto esses riscos que o sexo sem prevenção apresenta, a mídia passa a abordá-lo com mais naturalidade, com o intuito de informar e instruir a população quanto a isso. O tema foi escolhido por ter sido extremamente polêmico, e porque mesmo com o passar dos anos e com a facilidade que temos hoje em dia de falar sobre ele, essa polêmica não diminuiu. Estudando o tema sexo dentro dos veículos de comunicação anteriormente citados nós podemos não somente especificar mais a pesquisa como também entrar em contato direto com estes veículos e conhecer mais sobre como eram e como são feitas as divulgações dentro deles, o que profissionalmente também acrescenta conhecimento em nossa área de trabalho. A falta de diálogo sobre o tema colaborava para o aumento do surgimento de tabus, o que aumentava ainda mais a curiosidade das pessoas, e as dúvidas também. Com o desenvolvimento da mídia impressa e de todas as outras, as mulheres passaram a ter mais espaços nas publicações, ganhando até revistas dedicadas somente a elas, com dicas de como cuidar da casa e até com uma coluna sentimental onde elas encontraram uma possibilidade de achar respostas as suas dúvidas e anseios. Foi assim que as pílulas 1
  • 2. anticoncepcionais ganharam espaço na mídia, e junto delas outros tantos produtos de intimidade feminina, o que as fez ganhar uma segurança maior e vencer a dependência que tinham de seus maridos. Com a popularização da pílula, já não se tinha medo de se engravidar antes do casamento, e o sexo ganhou um tratamento um pouco mais informal, o que aumentou o caso de casais que apenas passavam a morarem juntos sem se preocuparem com o casamento. Esse desenvolvimento do tema sexo dentro da mídia impressa foi ficando cada vez maior, com cada vez mais apelo sobre o mesmo. Passou a ser normal as pessoas se interessarem pelo seu próprio corpo, e se preocuparem com a beleza física na hora de conseguir um parceiro, isto se possível com a recente segmentação da mídia, processo, este, iniciando pela mídia impressa nas últimas duas décadas. Esta segmentação procurou atingir público-alvo específico, e outros temas, como o sexo pôde, finalmente, ser abordado com vocabulário adequado para cada público-alvo. Agora o sexo é também assunto de saúde pública, com o aumento dos casos de DST – AIDS, e de extrema preocupação da sociedade com o aumento de gravidez indesejadas e abortos ocorridos com adolescentes cada vez mais jovens. Até mesmo a Igreja Católica enfrenta problemas em relação a isso, querendo incentivar novamente a virgindade até o casamento e a proibição do uso da camisinha, tendo em relação a isso a desaprovação de seus próprios seguidores. Isso é o que torna esse trabalho importante tanto para a sociedade quanto para o mundo acadêmico e o mundo do Jornalismo e Publicidade e Propaganda, fazer uma comparação séria das formas de linguagem e abordagem no tema nas duas revistas para analisar as diferenças e as evoluções que ocorreram ao passar do tempo. E a partir daí buscar soluções para esse problema que vêm crescendo de forma assustadora. O trabalho fundamenta-se nas duas revistas já citadas acima, em Andrade e Cardoso(2006), Áries e Duby (1987), Bourdieu (1999), Braga (2007), Marak(2007), Scalzo (2006), Simion (1987). O nosso objetivo geral é analisar como o assunto “sexo” era abordado na mídia impressa á 30 anos atrás, e como é abordado nos dias de hoje, pesquisando as diferenças de cada época e o porquê dessas diferenças. A partir daí especificar nossos objetivos e pesquisar o conceito de sexo; analisar a linguagem usada e os assuntos sobre sexo que eram tratados nas duas diferentes épocas. E, por fim, exporemos os efeitos que essas divulgações causaram e causam na sociedade, buscando entender porque ainda se trata de um tema polêmico, e o 2
  • 3. porquê de problemas de gravidez indesejada e DST- AIDS continuam a ocorrer e o porquê eles aumentam em nossa sociedade. E para chegar a tais objetivos o método de pesquisa que utilizaremos é a analise de uma edição da revista Manchete do ano de 1974 e uma edição da Revista Capricho do ano de 2007, mostrando de maneira comparativa como se dão as divulgações de reportagens sobre o tema estudado nas duas diferentes épocas e veículos de comunicação. 3
  • 4. 1 Sexo na Mídia Impressa brasileira: um longo processo 1.1 Introdução Tendo esse trabalho o objetivo de falar sobre sexo na Mídia Impressa, através da comparação de duas revistas de épocas diferentes, sendo estas a revista Manchete edição no 1160 do ano de 1974 e a revista Capricho, edição no 1016 de 15 abril do ano de 2007, vale colocar a definição e o histórico de cada item. Mídia Impressa1 define-se como meio de comunicação de todo tipo de material impresso, especialmente revistas e jornais, incluindo também outdoors. O Sexo na Mídia Impressa veio a ser retratado após a década de 70, no fim da Ditadura Militar, quando o Brasil percebeu que grandes mudanças haviam sido feitas nos países do exterior e que era extremamente urgente e necessário acompanhar estas mudanças para não ficar fora da evolução. A principal mudança da mídia de modo geral nessa época foi o surgimento da segmentação. A segmentação de mídia, mais especificamente nas revistas surgiram para atender novas demandas, tais como público feminino, masculino ou amantes do futebol, é o caso da revista Cláudia, da revista Playboy e da revista Placar. O surgimento da televisão também contribuiu para o aparecimento do tema na Mídia Impressa. Com as telenovelas, e o aumento das propagandas publicitárias, o sexo era tratado de uma maneira um pouco mais informal, passando pouco a pouco a se tornar um fato cotidiano na vida das pessoas, e a Mídia Impressa não poderia ficar para trás dessa transformação. Um dos principais fatores do aparecimento de abordagens e reportagens sobre sexo na Mídia foi a independência feminina, que passou a votar, a conhecer métodos contraceptivos, a trabalhar fora para ajudar no sustento da casa, isso quando não era ela a responsável pelo sustento. A Mídia percebeu essa mudança dos hábitos femininos, e se adequou aos temas que se encaixavam no perfil da nova mulher. Falar sobre a casa, culinária e como cuidar dos filhos já não era suficiente, era necessário falar sobre como se manter bonita, maquiagem, moda, sobre trabalho e sobre sexo. 1 1-fonte SBT, < http://www.gppcom.com.br/midia/index.php?op=dicionario&id=13> Acessado em 15 de outubro de 2007, 11:10:00 4
  • 5. A propaganda também teve uma importante participação nisso, passando a vender seus produtos de cosmética, higiene pessoal, moda, voltados principalmente sobre o público feminino. 1.2 Revista Manchete Com sua estréia nos anos 50, a Revista Manchete, da Bloch Editores, tratava de temas diversos, que iam de moda até política, por não ter um público alvo definido, seus leitores incluíam mulheres, homens, jovens, etc. Revolucionou a sua época trazendo o Foto jornalismo. A revista trazia várias imagens e fotos, e sua capa também era colorida, o que justificava sua filosofia que imagens dizem mais que palavras. Isso rendeu a ela grandes lucros, chegando até a ser a revista mais lida de sua época. 1.3 Revista Capricho A Revista Capricho, que foi criada na mesma época da anterior, passou por várias mudanças editorias se enquadrando nas necessidades que suas leitoras tinham. Criada em 1952, o conteúdo da Capricho era constituído de fotonovelas, dirigidas a um público mais adulto. Ainda nesse ano, a revista foi ampliada e passou a abordar os seguintes temas: moda, beleza, comportamento, contos e variedades; contemplando assuntos como: técnicas de conquista, namoro e virgindade. No ano de 1956, a Capricho atingiu a até então maior tiragem de uma revista da América Latina, rompendo a marca dos quinhentos mil exemplares. Sucesso que perdurou ao longo dos anos 1960, e que estava relacionado, especialmente às fotonovelas por ela publicadas. A Revista Capricho existe até os dias atuais e continua sendo uma revista de destaque entre as adolescentes, claro que para manter-se no mercado ao longo de tantos anos, perpassando diferentes gerações, ela precisou passar por diversas reformulações: da “revista da moça moderna” para a “revista da gatinha”, re-adequando seu conteúdo a seu público alvo; exercício realizado constantemente pela revista. Atualmente tem circulação quinzenal, publicada pela Editora Abril, é totalmente dedicada para os adolescentes com todos os problemas socias, afetivos e vários assuntos do 5
  • 6. tipo. Contendo espaços para os próprios adolescentes mandarem suas opniões, histórias, micos, ou apenas contando fatos do cotidiano que os fazem ver a vida de um modo diferente. A revista aborda temas sociais e polêmicos.Com versões dos dois lados do assunto para que o leitor tenha uma idéia profunda do tema. A revista hoje é divida em várias seções de diversos assuntos como: moda, beleza, comportamento, lançamentos, e uma coluna falando sobre sexo em uma linguagem descontraída, de fácil entendimento e até usando gírias. E o tema é até assunto de matérias específicas, com destaque de capa. 6
  • 7. 2 Revisão da teoria aplicada ao objeto Apresentam-se aqui resenhas dos conteúdos teóricos que serão utilizados como subsídios para a analise do objeto de estudo. Também neste item que são apresentados, desenvolvidos e discutidos os conceitos teóricos que embasam a reflexão crítica. 2.1 As mulheres e a revista A imagem da mulher na sociedade sempre foi alvo de preconceito. A mulher sofre com a desigualdade e desvalorização em todos os fatores, em produtos direcionados ao público feminino, em seu papel na sociedade, suas tarefas, etc. Segundo citações de Adriana Braga2 , a condição feminina de trabalho, ou posição de trabalho, é sempre ligada à incapacidade, e até seu corpo é banalizado, visto como um corpo feito para receber análises, para ser observado, julgado, como se fosse o bem mais importante em uma mulher. Além disso, visto como um objeto de dominação masculina. Esse atraso e preconceito nos pensamentos da sociedade em relação à mulher colaboraram muito com a lentidão da chegada da imprensa feminina e de revistas direcionadas especificamente ao público feminino. As mulheres foram reprimidas durante muito tempo, e a conquista de espaço para exporem suas opiniões foi demorada e difícil, mas, hoje em dia, as mulheres tomam conta de grande parte, se não da maior parte, da segmentação dessa mídia impressa dedicada a elas. No começo não era bem assim. Segundo Braga, podemos observar que os primeiros “projetos de revistas” que surgiram em 16633 , na Europa, eram mais livros que revistas, e continham vários artigos sobre um mesmo assunto, voltadas para um público específico. Nessa época, esse começo de novo meio de comunicação, ainda não era chamado de revista, isso só aconteceu mais tarde. 2 BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil. www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search? q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia %2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina %2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt- BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt. Acesso em: 18.10.2007. 3 Idem, ibidem. 7
  • 8. Segundo Scalzo4 , a primeira revista direcionada ao público feminino surgiu em 1693, intitulada “Ladies Mercury”, na Inglaterra. No começo, as revistas tratavam de horóscopo, aconselhamento sentimental e coisas do gênero. Em seguida, surgiram as revistas que tratavam de moda, com anúncios de modelos de roupas e boas lojas, o que na época era novidade, e com certeza deixava as mulheres em êxtase. Apesar de toda essa estréia das revistas femininas terem acontecido euforicamente na Europa, Scalzo5 nos mostra que foi nos Estados Unidos que surgiram as famosas e consagradas magazines, quando apareceu a bem sucedida revista “Ladies Magazine”, no século XVIII. A autora conta também que a princípio, as revistas eram entregues via correio. Apenas em 1828 elas começaram a ser vendidas em livrarias, mas não podemos deixar de destacar que, naquela época, revista feminina não era algo comum que andava circulando por todos os lugares, era um luxo que pouquíssimas mulheres tinham acesso, e também poucas eram alfabetizadas para terem a satisfação de poderem ler suas revistas. No nosso país, vemos no artigo de Adriana Braga6 , que a história foi um pouco mais atrasada, as primeiras iniciativas datam apenas do século XIX, com a chegada de jornais femininos. O primeiro desses jornais foi “A Fluminense Exaltada”. Moda, artes e variedades eram temas estampados nessas folhas lidas pelas mulheres brasileiras, que sentiam o clima de novidade, e talvez até uma sensação de começo de independência. O avanço chegou quando, nos pequenos folhetins, nos rodapés desses jornais, foram ocupados pelos romances seriados. As revistas da época estavam sempre de portas abertas para romances literários de escritores famosos. Com moda e literatura estando sempre em primeiro lugar na preferência da leitora brasileira, começa a fixar ainda mais a imagem da mulher como dona de casa frágil e delicada. Esta imagem de desprotegida que a mulher sempre teve na sociedade não poderia ter 4 SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3ª.ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 22. 5 Idem (3), ibidem. p. 22. 6 BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil. www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search? q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia %2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina %2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt- BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt. Acesso em: 18.10.2007. 8
  • 9. sido mais bem exposta do que através de romances e assuntos considerados banais pela sociedade, como moda, roupas e beleza. Desde aquela época o preconceito na imagem feminina já falava alto, tendo como destaque o julgamento de que as mulheres se interessam por assuntos tão inúteis para a sociedade quanto elas pareciam ser para os homens naquela época. Foi difícil a mulher conseguir um espaço justo e digno perante a sociedade. Talvez a evolução das revistas de público feminino tenha sido um empurrão e tanto para isso. Scalzo7 conta também que no século XX, com a chegada da fotografia e da modernidade, que teve início na “Revista da Semana”, e pela primeira vez em uma revista direcionada as mulheres na “Revista Feminina”, essa tal evolução trouxe com ela a idéia para novas conquistas nos meios de comunicação e para as publicações femininas principalmente. E com Braga8 podemos ver que a Revista Feminina não trouxe apenas a imagem como símbolo de revolução para as mulheres brasileiras, trouxe com ela outras grandes novidades, como a parceria com a “Empresa Feminina Brasileira”. Com isso, eram vendidos junto com as revistas produtos de beleza, e, pela primeira, vez apareceu a tintura para cabelos. Braga9 também apresenta que em 1928, surge a revista “O Cruzeiro”, direcionada ao jornalismo e à literatura, contendo também uma agenda cultural da cidade. Até que, vinda da França, chega ao Brasil um novo estilo que viria marcar as mulheres dessa geração e ser de grande importância na história das revistas, principalmente de publicação feminina: as fotonovelas. Prato cheio para o mercado da mídia impressa, tendo um sucesso enorme entre as donas de casa. Nasce então, em 1959, a primeira revista de moda no Brasil, “Manequim”. Revista vendida até hoje, que traz com ela moldes de roupas para serem confeccionadas em casa. Mas o começo das mudanças, tão esperadas, na imagem da mulher perante a sociedade começou a aparecer em 1961, com a chegada da revista “Claudia”. No começo era só mais uma revista feminina, que tratava de assuntos que não eram novidades para as 7 SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3ª.ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 22. 8 BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil. www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search? q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia %2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina %2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt- BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt. Acesso em: 18.10.2007. 9 Idem (7). Ibidem. 9
  • 10. mulheres nem para as revistas concorrentes. Mas com o passar do tempo a revista Claudia passou a veicular informações mais importantes para as mulheres do que fotonovelas ou simplesmente moda, abordando em suas páginas assuntos como mudanças na vida da mulher, saúde, orçamentos doméstico e até mesmo sexo. De todo modo, nada era tão transparente e nem tratado com tanta naturalidade. Scalzo10 conta que foi a jornalista Carmen da Silva, também na revista Claudia, quem criou a coluna intitulada “A arte de ser mulher”. E mudou completamente a cara do jornalismo feminino, aproximando-se das mulheres brasileiras com intimidade e coragem, quebrando tabus e escancarando temas que eram omitidos pela sociedade, como a solidão e o machismo enfrentado pelas mulheres, alienações, falta de informação e até sobre problemas sexuais. Naquela época, uma jornalista tinha que ter peito para expor suas opiniões sobre esses assuntos e manter as mulheres bem orientadas. A autora11 conta também que as revistas “Nova” e “Mais” entraram de cabeça nas bancas nos anos 70, com as mulheres também entrando de cabeça no mercado de trabalho, abordando assuntos não só para donas-de-casa, mas para mulheres modernas, independentes e com uma carreira pela frente. Hoje em dia, as revistas femininas são dominadas pelo fenômeno da segmentação, e mantém temas diversos. Revistas especificamente sobre plástica, culinária, ginástica, filhos, decoração, bordado, novelas, fofoca, trabalho, sexo, enfim, sobre todos os assuntos possíveis. E tabu em relação as mulheres é quase extinto, e, apesar de ter sido uma batalha chegar a este ponto, as mulheres podem tratar de qualquer assunto com liberdade de expressão e de crítica e as revistas dedicadas às mulheres estão aí fazendo sua parte. 2.2 Revista Manchete 10 SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3ª.ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 23. 11 Idem (9). Ibidem. p. 24. 10
  • 11. Segundo o site Traça12 , a Revista Manchete surgiu na década de 50, e é considerada a segunda maior revista brasileira de sua época. A revista teve sua inspiração na ilustrada francesa “Paris Match”. Com uma fonte de inspiração como esta, a Revista Manchete tinha em suas páginas o estilo fotojornalismo. Em poucas semanas a revista já era sucesso, e se tornou revista semanal mais vendida em todo o país. Passando assim à frente da consagrada revista “O Cruzeiro”. Ana Maria Ribeiro de Andrade e José Leandro Rocha Cardoso13 , contam que Adolpho Bloch, criador da revista Manchete, quando apresentou o projeto da revista já sabia que havia no mercado lugar para mais uma revista, que seria sucesso de venda e competiria estreitamente com a revista “O Cruzeiro”. Isso, levando em consideração, que a revista teve lucratividade muito boa desde seu início, sua venda era surpreendente, e começou com um investimento inicial relativamente pequeno. E com o tempo foi aumentando o tamanho e o número de jornalistas envolvidos em sua produção. E sem contar que era a única de capa colorida da sua época. Ana Maria e José Leandro14 também citam que Adolpho Bloch era amigo de Juscelino Kubitschek, e dedicava total apoio a ele. Apesar de não ser totalmente envolvido com a política e não concordar com o andamento da política em relação à Saúde e à Educação, e na Revista Manchete havia uma seção dedicada à política. Além desta seção dedicada à política, a revista continha seções que tratavam de comportamento, cinema, teatro, culinária e alguns outros temas. Mas entre 1952 a 1962, não havia uma seção dedicada à ciência, com uma única exceção em 1955. Com a matéria de nome "Ratos no ciclotron", escrita por Henrique Pongetti. Ana Maria e José Leandro15 informam que a Revista Manchete era totalmente fiel ao fotojornalismo, já que 70% de suas páginas eram compostas por fotoreportagens, e seus títulos e subtítulos eram dedicados à foto a apresentada. Algumas vezes suas fotos tomavam 12 Revista Manchete. www.traca.com.br. Disponível em: http://www.traca.com.br/? tema=padrao&pag=revistamanchete&mod=inicial. Acesso em: 23.10.2007. 13 RIBEIRO DE ANDRADE, Ana Maria. ROCHA CARDOSO, José Leandro. Museu de Astronomia e Ciências Afins. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010201882001000200013&script=sci_arttext. Acesso em: 23.10.2007. 14 Idem (12). Ibidem. 15 Idem (12 e 13). Ibidem. 11
  • 12. conta de uma página inteira. A revista era adepta a filosofia de que a imagem choca, impressiona e comove ainda mais o leitor do que uma simples reportagem qualquer. Além disso, a revista também mantinha um formato de texto que era praticamente poético, de português impecável e palavras com colocações bem elaboradas. Tratando sempre muito bem dos temas cultura, entretenimento, e permanecendo com sua visão política centralizada, a Manchete se manteve em circulação, pela editora Bloch Editores, até o ano 2000. E até cedeu seu nome a já extinta rede de televisão Manchete. Em dezembro de 2002, os títulos da Bloch Editores foram leiloados e vendidos para Marcos Dvoskin. Junto com estes títulos foi comprado também o título “Manchete”. A revista Manchete foi relançada, também em 2002, pela Editora Manchete. No entanto, deixou de ser semanal e passou a não ter periodicidade fixa, como sempre foi. Tendo apenas edições especiais, raras, como os especiais de Carnaval, os dez anos da morte do piloto Ayrton Senna, e em algumas edições de pesquisas sobre Agronegócios. 2.3 Revista Capricho A Revista Capricho surgiu na mesma época que a Revista Manchete, mas sua história tem um rumo completamente diferente. É uma das mais importantes revistas de público feminino no Brasil, e também uma das mais famosas. Lembrando que ela é uma das poucas revistas que continuam no mercado após tantos anos, sobrevivendo a inúmeras modificações desde sua criação. Iniciou-se tendo como público alvo as donas de casa, e hoje é destinada às adolescentes. A Revista Capricho, cuja história é narrada por Scalzo16 , surgiu logo no início da Editora Abril, em 1952. O nome já tinha uma cara totalmente feminina e delicada, e chegou às bancas com a fotonovela. Como diferencial publicava uma fotonovela inteira por edição, e não divida em capítulos, como as outras revistas faziam. Além disso, não era indicada para menores de 18 anos. Era líder deste segmento de revistas na época, com sucesso estrondoso e rápido. Com a popularidade da televisão, que era novidade, e suas novelas, as fotonovelas se tornaram menos populares, o que derrubou muitas revistas femininas, que insistiram em tentar competir com a tecnologia da televisão, e saíram das bancas. Para evitar este fim, a revista Capricho teve que aceitar tomar um novo rumo, passando por sua primeira grande mudança. 16 SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 3 ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 87 – 99. 12
  • 13. O espaço das fotonovelas foi diminuindo aos poucos, dando espaço a artigos variados, destinados a donas de casa de classe baixa. Mas a Capricho não deixou totalmente de lado suas iniciais fotonovelas. Será que essa foi uma boa decisão? Nem tanto, pois a revista era alvo de preconceito, e vista como vulgar e de cultura inútil. Isso fez com que suas vendas diminuíssem. Fazendo então com que, em 1985, a Capricho passasse a pensar em mais um novo caminho a seguir, para não sair das bancas. Chega aí a idéia de ser direcionada a um público mais jovem, já que elas não tinham até então nenhuma revista dedicada a elas. Mal sabiam que nessa época a Revista Capricho acertaria o público de uma vez por todas, já que a revista é direcionada às adolescentes até os dias de hoje. Com o slogan “A revista da gatinha”, termo muito usado na época entre os adolescentes, a “nova” Revista Capricho foi, como o de costume, sucesso de venda. Mas não durou muito tempo com este formato. As vendas caíram novamente e outra vez a editora optou por novas mudanças no formato da revista, que, desta vez, apelou para os assuntos sexo e namoro, pegando carona com o sucesso de outras revistas que estavam conquistando os leitores adolescentes com estes temas. Essa opção não trouxe a prosperidade esperada. A revista continuou morna, e partiu para a tentativa fracassada de uma “Capricho Boys”. O título realmente não chama atenção, e nem tinha cara de que faria alvoroço entre os rapazes. Afinal de contas, “Capricho” já traz um ar extremamente feminino, difícil de ser bem recebida pelo público masculino. Em 1989, a revista já não acompanhava a freqüência das outras revistas para garotas de 17 a 25 anos, escancarando o tema sexo. E como não aceitava ser uma média, fez uma nova escolha: dar férias ao apelo no tema sexo, e ter como alvo as meninas de 12 a 18 anos, com temas mais “lights”. O que funcionou, e muito bem, já que as garotas leitoras dessas famosas revistas tinham como opção lerem revistas sobre assuntos picantes escondidas dos pais. A Revista Capricho se prendeu à idéia de ser uma revista mais careta, mas que pudesse ser lida abertamente, e que as garotas pudessem compartilhar sem vergonha alguma entre suas amigas e família os assuntos da revista. A revista parecia enfim estar em casa, nos braços de seu público certo. No decorrer desses anos até os tempos de hoje, a revista continuou sofrendo mudanças. Nos anos 90 ocorreram as mudanças mais agitadas, uma reforma completa, quase uma cirurgia plástica na cara e no corpo da revista. Tudo para se adaptar cada vez mais ao seu novo público alvo. Jornalistas mais novos, mudanças na capa, fotografia e textos. Cada vez 13
  • 14. mais a revista Capricho tenta se enquadrar a seu público, procurando usar seu modo de falar e transformar a matéria em mais simples de ser entendida pelos jovens. Com uma forma mais íntima de atendimento ao público, idéias novas com a ajuda das leitoras, entrevistas com as leitoras, sempre com o objetivo de entrar de cabeça na sociedade como amiga íntima de suas leitoras, tornando-se leitura de cabeceira da garota moderna. A Revista Capricho, mesmo com tantas transformações, mantém o sucesso até hoje. 2.4 Sexo O sexo pode ser encarado sob vários aspectos em cada tipo de sociedade, de cultura, de religião ou de pensamento. Com certeza foi um tema muito mais difícil de ser discutido no passado do que é nos dias de hoje, mas isso não significa que nos tempos atuais não existam dificuldades ou tabus em se tratar deste assunto. Sem contar que o sexo deriva de vários outros temas muito importantes, como: prevenção sexual, prostituição, pedofilia, DST-AIDS, aborto, gravidez, etc. Mas a diferença do tema, comparando-o com trinta anos atrás, por exemplo, é notável, pois antes, talvez, fosse até impossível ouvir nas ruas ou em qualquer lugar a palavra “sexo”, considerado falta de respeito. Uma cultura completamente diferente da atual, e devemos levar em consideração que esta evolução que vemos hoje na nossa cultura, e essa liberdade em poder se tratar de assuntos como este, foi muito rápida. Observando como nos séculos passados havia uma lentidão na evolução, no amadurecimento, ou então em abandonar algumas culturas primitivas. Segundo o livro A história da vida privada17 , o aborto, por exemplo, que é um assunto evitado de ser discutido há muito tempo, já era praticado desde a antiguidade, mesmo que de forma precária e amadora. E a igreja foi o fator que sempre impediu uma discussão aberta sobre este assunto, e o direito das pessoas de terem suas próprias opiniões sobre ele. Já que sempre foi contra, e também contra, até mesmo, aos meios anticoncepcionais. A igreja vê o sexo como um ato praticado com a finalidade unicamente da reprodução, e condena qualquer meio que a impeça. Quanto a esta forma primitiva de ver assuntos relacionados a sexo ou ao a borto, Pierre Simon afirma18 : 17 A história da vida privada. Vol. 5. Companhia das letras, p. 249. 18 14
  • 15. [...] A maneira como as sucessivas sociedades, na evolução histórica, abordam assuntos tão graves como o aborto basta para indicar a prioridade da sociedade sobre o indivíduo. Não é apenas a mãe, mas a coletividade inteira que traz o filho em seu seio. É ela que decide se ele deve ser gerado, se deve viver ou morrer, qual é seu papel e seu futuro. Ela dita às mulheres a arte e a maneira de dar à luz, a parte de sofrimento que lhes cabe” ( SIMON, Pierre. p. 249). Já do século XX até hoje, temos uma rapidez considerável nas mudanças no modo de pensar, na cultura e nos pensamentos da sociedade. Isso acontece até mesmo com a tecnologia, mas isto é uma outra história. Esta evolução deve-se ao fato do pós-guerra, no século XX, que trouxe inúmeros movimentos revolucionários e culturais que pregavam o amor livre. Podemos observar que o sexo é visto principalmente com malícia, brincadeiras, sátiras, ou como ato de prazer, ao invés de um assunto sério a ser tratado, com conseqüências, e de necessária maturidade para se praticar com cuidado ou até mesmo falar sobre ele. Nos dias de hoje podemos ver uma quantidade imensa de jovens que já se consideram especialistas do sexo, que já praticam relações sexuais com seus parceiros, e que vêem o sexo como uma coisa normal, que já faz parte de suas vidas, sem considerá-lo um risco para a sociedade. Isto já é visível com os números enormes de abortos entre os adolescentes, gravidez indesejadas, mães extremamente jovens e sem responsabilidade alguma. Por outro lado temos um tema interessante a ser discutido neste meio: Será que até hoje a religião ainda tem influências sobre este assunto? Tratando deste assunto, o Jornal da Globo19 apresentou uma reportagem realizada com jovens católicos, em uma série chamada “Os jovens e a fé”, tratando do assunto virgindade. O que surpreende, diante da posição desses jovens, é o forte contraste que existe diante da maioria dos adolescentes que iniciam sua vida sexual precocemente. Mas a Igreja Católica enfrenta problemas sérios em relação ao assunto “sexo”, não só com o tabu da virgindade até o casamento, mas também com a proibição do uso da camisinha. Uma pesquisa realizada pelo Ibope, e divulgada também pelo também pelo Jornal da Globo20 , nesta mesma série, aponta que 97% dos fiéis católicos não são a favor da proibição do uso da SIMON, Pierre. De la vie avant chose (A vida antes de tudo). Citação retirada do livro A história da vida privada. Vol. 5. Companhia das letras, p. 249. 19 Jornal da Globo. Rede Globo de televisão. Série Os jovens e a fé. Reportagem exibida em 01-05-2007. 20 Idem (18). Ibidem. Série Os jovens e a fé. Reportagem exibida em 01-05-2007. 15
  • 16. camisinha, como uma questão de segurança e de saúde. Podemos ver que o tema “sexo” é alvo de várias discussões e opiniões diferentes espalhadas por esse e outros temas. Mas não podemos deixar de falar que o sexo não é um assunto que aborda apenas prevenção, virgindade, gravidez. O sexo é um dos assuntos mais falados em qualquer lugar, também quando é para falar de prazer. Na realidade o sexo é taxado pelo prazer, pelo desejo, fazendo com que as pessoas se esqueçam da parte séria do assunto. Mas até essa parte do assunto não é assim tão simples de ser discutida, por exemplo, em relação as idades, quando se é muito novo, ou até mesmo muito velho, o assunto “desejo sexual” se torna tabu também. O sexo na velhice é um assunto delicado de se tratar, levando em consideração uma questão social, o interesse sexual partir da aparência, da idade, o que não significa que não existam exceções, isso é mais uma pressão cultural. E a dificuldade de tratar de sexo com os jovens, vem da rapidez com que os jovens entram em uma vida sexual nos tempos de hoje. A cada dia, parece que essa vida sexual começa mais cedo, o que é um grande problema a ser tratado, pela falta de maturidade do jovem para manter esta vida sexual com segurança e informação. Isto dificulta a sociedade a ter controle sobre o assunto e orientar todos os jovens, sobre prevenção, sobre gravidez e métodos anticoncepcionais. Não podemos esquecer que o machismo também é um assunto a ser analisado. Levando em consideração que o sexo é um assunto muito mais difícil de ser discutido entre as mulheres, do que é para os homens. Tanto quando se fala de virgindade, mas também quando se fala de sexo no primeiro encontro, e qual a hora certa da mulher ter relação sexual com o seu companheiro. Com o passar dos anos esse tabu tem sido superado, e o sexo tem se transformado em uma igualdade, com pensamentos do tipo: “se o homem pode transar com várias mulheres, as mulheres também podem transar com vários homens”; ou “se o homem pode transar no primeiro encontro, as mulheres também podem”. Talvez seja um dos fatores que faz do sexo um tema ainda delicado hoje em dia. Porque podemos analisar se antes, com um pensamento mais fechado das mulheres em relação ao sexo, e os homens levando o sexo como seu principal interesse, poderia se balancear isto, fazendo então com que houvesse menos mulheres prontas para o sexo, tanto quanto os homens. Talvez nesta época o sexo fosse um caso de muito mais responsabilidade, se não pela maioria dos homens, havia responsabilidade da parte da mulher. O que tem sido diferente nos dias de hoje. A vida sexual, e as irresponsabilidades em relação ao sexo, tem sido iguais entre 16
  • 17. ambos. Não que seja o caso discutir o machismo, ou feminismo, mas ressaltar que o sexo é um assunto mais complicado para a mulher, tanto no prazer, quanto numa gravidez, por exemplo, que diz respeito principalmente à mulher. 2.5 Sexo e Prevenção O Dr. José Aristodemo Pinotti21 disse o seguinte: [...] Educação sexual não é uma questão só de saúde. É um tema mais amplo, que envolve diversos setores da sociedade. Mas o setor da saúde tem sido um dos mais envolvidos quando se abordam as questões de sexo, pois é impossível desvincular da prática sexual os aspectos da reprodução, do planejamento familiar, etc. Também é na área de saúde que estão os profissionais (médicos, enfermeiras, psicólogos e assistentes sociais) que frequentemente são procurados para esclarecimentos e orientações, quando as pessoas sentem dificuldades com relação à vida sexual. Temos ainda de considerar que, se saúde significa um estado de completo bem-estar, uma pessoa que entenda ter uma sexualidade inadequada ou insatisfatória não pode se sentir de todo saudável (ARISTODEMO PINOTTI, 2007, p. 53). Este trecho nos ajuda a ter uma idéia sobre um dos principais fatores importantes em relação ao sexo: A saúde. Devemos prestar mais atenção neste tema, pois é importante levar em consideração que se preocupar com o sexo não significa apenas colocar na cabeça das pessoas que a prevenção é necessária, e que é necessário o uso da camisinha, mas também que o sexo é uma questão de saúde, acima de qualquer coisa. Esse é o grande ponto do tema “Sexo e Prevenção”. O assunto sexo só irá alcançar a importância necessária na sociedade, quando as pessoas criarem consciência de que é um assunto de saúde pública, e de higiene pública também. O sexo sem segurança pode causar doenças sexualmente transmissíveis, AIDS e gravidez indesejada. E é importante destacar que se o sexo seguro fosse algo simples de ser tratado, e houvesse resultados, não precisaríamos discutir assuntos como aborto, por exemplo. A sociedade não só precisa, mas deve adquirir conhecimento destes problemas, de uma forma mais simples e abrangente. Não é só uma questão de cuidado, mas de dignidade e direito do cidadão ter acesso a essas informações. 21 ARISTODEMO PINOTTI, José. Saúde da mulher. Contexto, 2007, p. 53. 17
  • 18. 2.6 Sexo e Mídia: Apelo sexual funciona? O apelo sexual na mídia impressa não é muito diferente do que em qualquer outro tipo de mídia. Temos os exemplos das revistas femininas e masculinas que circulam por aí com fotos que mostram nudismo e vendem muito mais do que revistas comuns. O que poucas pessoas se lembram ou nem sabem é que estas revistas têm matérias e entrevistas interessantes e sobre vários assuntos úteis em suas páginas. E por que será que a maior parte da sociedade não sabe disso? É aí que entra a discussão sobre o apelo sexual funcionar ou não. Será que estas revistas venderiam assim tão bem se, por acaso, não tivessem os ensaios tão sensuais de mulheres extremamente lindas e nuas. O apelo sexual tem total influência no sucesso destas revistas, e, geralmente, o sucesso é muito maior nas revistas de nu feminino. E mais uma vez podemos destacar o fato de que o corpo das mulheres sempre foi extremamente explorado. Podemos perceber isto nesta frase de Pierre Bourdieu (1999) 22 : “elas existem primeiro pelo, e para, o olhar dos outros, ou seja, enquanto objetos receptivos, atraentes, disponíveis”. O corpo feminino já é visto como um objeto, como se a mulher nascesse com este corpo para oferecer algo aos homens, e esta citação de Bourdieu nos deixa claro isto. A sexualidade em relação ao corpo feminino é explorada no mundo inteiro, tanto que as revistas de nu masculino não fazem sucesso. E esta exploração do corpo feminino, segundo as idéias de Pierre Bourdieu, também é citada por Adriana Braga23 : [...] “O corpo feminino, para Bourdieu, é um corpo-para-o-outro, objetificado pelo olhar e pelo discurso dos outros. A relação da mulher com o próprio corpo não se reduz a uma auto-imagem corporal. A estrutura social desta relação está na interação, nas reações, na representação que um corpo provoca no outro e como essas reações são percebidas. As mulheres são objetos simbólicos constituintes da 22 BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999. 23 BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil. www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search? q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo%2520e%2520midia %2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da%2520imprensa%2520feminina %2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m%C3%ADdia+fragmentos&hl=pt- BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt. Acesso em: 18.10.2007. 18
  • 19. dominação masculina e feito dessa estrutura coloca a mulher em um estado perene de insegurança corporal. Assim, esse padrão internacional que subordina a mulher e a torna mesmo dependente do olhar do outro – não só dos homens – traz como conseqüência a introjeção desse mesmo olhar, que se torna parte constitutiva do próprio ser feminino”. (BRAGA, 2007). A sexualidade e sensualidade feminina são exploradas em todos os tipos de mídia. Em propagandas de televisão e revistas, especialmente nas propagandas de cerveja, o que é também totalmente machista, em novelas, filmes e em mídias pornográficas. Portanto, estas revistas que apresentam o nu feminino definitivamente não venderiam como vendem se não fosse esse apelo sexual. E esse apelo funciona em tudo onde é acrescentado. Todo o tipo de mídia que apela a sexualidade vende mais do que uma mídia comum, que não usa esta apelação. Apesar do preconceito que existe até os dias de hoje e de alguns tabus em relação a este assunto, este fato é visível para todos nós, e estes meios midiáticos são de acesso geral. Qualquer pessoa pode comprar uma revista com fotos de mulheres ou homens nus, ou comprar (ou alugar) um filme pornográfico. Dizer que este apelo não tem resultado seria uma piada, já que todos nós somos capazes de enxergar isso no nosso dia-a-dia. E as mulheres são as que sofrem mais com este fenômeno. Mas levando em consideração que as mulheres que se submetem a participar deste apelo sexual na mídia, fazem isto por livre e espontânea vontade. E isso nos atrapalha a termos voz ativa para reivindicar contra esta exploração em cima das mulheres. De qualquer forma, o sexo não é só tabu, o sexo é também sinônimo de “bons resultados” e “lucro” para grande parte da mídia no mundo inteiro. E este fato social nós não podemos mais mudar, a própria sociedade causou isto. 19
  • 20. 3 Análise das Revistas Manchete e Capricho: uma distância no tempo, nos costumes e no discurso. 3.1 Introdução Nesta parte de nosso trabalho serão utilizados os de estudos já levantados e relatados nas partes anteriores para que possamos concluir a análise dos produtos midiáticos que estamos estudando. No caso a Revista Manchete e a Revista Capricho. O tipo de análise que adotaremos é a comparativa, do ponto de vista cronológico por se tratarem de revistas de épocas diferentes, e do ponto de vista jornalístico por se tratarem de revistas diferentes não só no nome, como no estilo e público alvo. 3.2 Análise da Estética A Revista Manchete do ano de 1974 tem um tamanho relativamente grande se comparada à maioria das revistas de hoje em dia. Ela tem 33 centímetros de comprimento, 24 centímetros de largura, e 146 páginas. A revista Capricho do ano de 2007 é de tamanho menor, padronizada com as demais revistas de sua época, tem 26,5 centímetros de comprimento, 20 centímetros de largura, e 98 páginas. A evolução observada nesse aspecto é que com o avanço da mídia as empresas de comunicação impressa passaram a se preocupar mais com o conforto e opinião dos consumidores, isso porque as revistas sendo confeccionadas com tamanho menor geram mais mobilidade ao leitor. E como hoje ninguém tem muito tempo para ler em casa é possível que as revistas sejam carregadas aonde quer que a pessoa vá. Outro aspecto das revistas é o conteúdo e estética apresentados na capa. Segundo Thomaz Souto Correa “Capa é feita para vender revista” 24 . Nele as diferenças são bem explicitas. A revista Manchete apresenta o título no canto superior esquerdo e pequeno se comparado ao tamanho da capa. As cores utilizadas tanto no título quanto nas chamadas das matérias são as mesmas, amarelo, vermelho e preto. A foto colocada é do técnico Zagalo com uma pequena montagem de uma bola de futebol na cabeça dele. Como a Revista Manchete não tinha um público específico e era lida por diversos tipos de pessoas, apresentar a foto de 24 SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. 3 ed., São Paulo: Contexto, 2006, p. 62 20
  • 21. uma pessoa relacionada ao futebol pareceu ser adequado, porém a montagem feita não mostra nenhuma relação com a chamada da reportagem referente a ele. Veja imagem a seguir: Fig. 1 – Capa da Revista Manchete (1974) Já a capa da Revista Capricho apresenta o título na parte superior do canto esquerdo até o canto direito, a forma como ele é escrito já teve diversas alterações ao longo dos anos. Ele normalmente é escrito na horizontal, e a letra utilizada não é bem estilizada e descontraída. As cores utilizadas nas letras e fundos não têm um padrão, elas sempre mudam conforme a foto ou o tema da reportagem principal, que por sinal é bem destacada do resto das chamadas. A foto é do ator Rodrigo Santoro que na época da edição estava em evidência na mídia, pois iria estrear no seriado norte americano ”Lost”. Como a Revista Capricho é destinada ao público jovem feminino essa capa é sem duvidas um forte artifício para atrair as 21
  • 22. leitoras a comprarem a revista. Os efeitos visuais apresentados são modernos, porém bem simples para que fique em destaque a foto do ator. Pois hoje o que chama atenção não é o exagero e sim a harmonia visual. Veja a imagem a seguir: Fig. 2 – Capa da Revista Capricho (2007) Ambas as revistas apresentas em seu interior, diversas páginas destinadas somente a propaganda. Na revista Manchete as propagandas são de eletrodomésticos, alimentos, cigarro. Na revista Capricho se vê uma predominância de propagandas de marcas famosas de roupa, calçados, acessórios, todos sempre condizendo com o gosto e preferência dos jovens. Neste aspecto também se nota uma grande evolução não só estética como também na forma como são anunciados os produtos. Conforme imagens a seguir: 22
  • 23. Fig. 3 – Propaganda de cigarro veiculada na Revista Manchete (1974) Fig. 4 – Propaganda de eletrônico veiculada na Revista Manchete (1974) 23
  • 24. Fig. 5 – Propaganda de roupa veiculada na Revista Capricho (2007) Fig. 6 – Propaganda de Calçado veiculada na Revista Capricho (2007) 24
  • 25. O índice das revistas, o título das seções, o formato das matérias, as cores, as fotos, a linguagem, todo o conteúdo de uma maneira geral apresenta diferenças nas duas revistas. Algumas dessas diferenças são mínimas e outras gritantes. O que vale destacar é que os textos das matérias ainda são feitos em letra bem pequena e em colunas ladeadas, sendo que na Revista Capricho ele pode encontrar uma pequena alteração no formato. Também destacamos os nomes das seções que são completamente diferentes. Na Revista Manchete eles são bem específicos e qualquer pessoa pode localizar com facilidade qual a parte terá matérias de seu interesse. Já, na Capricho o nome das seções são mais trabalhados, tem uma estética característica e são feitos na linguagem que os jovens estão mais habituados, ou seja, para outros tipos de público é difícil entender do que se trata cada seção. Comparando as matérias que escolhemos das duas revistas, podemos perceber algumas outras diferenças estéticas. A cor do fundo na Revista Manchete é branca assim como as demais matérias desta revista, já na Revista Capricho o fundo é colorido, apesar de algumas outras seções também terem a padronização do fundo branco. Isso ocorre, pois a seção onde se encontra a matéria é de reportagem especial. Além do fundo colorido há também um trabalho artístico no plano de fundo da reportagem. Como ela fala sobre “diários da primeira vez” de algumas meninas, no fundo é apresentado uma imagem de um tipo de caderno e mãos segurando na lateral. Veja as imagens a seguir: Fig. 7 – Página 37 da Revista Capricho (2007) Fig. 8 – Página 36 da Revista Manchete (1974) 25
  • 26. Isso demonstra não somente a evolução digital e tecnológica da mídia, mas também na produção que há por trás da matéria pronta. Pois numa revista atual como a Capricho as imagens e efeitos utilizados também são escolhidos a dedo para sempre transmitir ao leitor qual é a intenção daquela reportagem. E se tratando do público jovem isso é ainda mais importante, pois facilita a compreensão e deixa restrito o campo para as diversas interpretações que podemos ter. 3.3 Análise de Conteúdo 3.3.1 Quadro Comparativo O quadro a seguir busca sintetizar o conteúdo das duas matérias escolhidas. “A Escola de Amor Mais Antiga do Mundo” em Manchete, cujo objetivo é mostrar e comentar um ritual de uma tribo hindu para iniciação dos jovens na atividade sexual. E “Era Uma Vez um Hímen” na Revista Capricho, cujo objetivo é apresentar relatos de garotas sobre sua primeira relação sexual, contados pelas palavras das próprias garotas. Optou-se pelas colunas de modo que se pudessem criar categorias e analisar cada uma delas separadamente. 26
  • 27. MANCHETE CAPRICHO COMPARAÇÃO Titulo O “olho” Estética do Texto O título da matéria é “A Escola de Amor Mais Antiga do Mundo”. Não diz a palavra sexo logo de cara, e também encontra uma maneira singela e contida de introduzir o leitor no assunto abordado. É um texto grande, descreve e explica um pouco do que estará na matéria, de forma detalhada. Assume um caráter de “introdução explicativa”. (texto completo do “olho” em anexo1) O texto é escrito em prosa se apresenta na forma de uma reportagem factual, escrito em colunas, com fotos. O texto da matéria é escrito sem nenhum subtítulo, e tem algumas legendas nas fotos. Em negrito há algumas palavras chaves para conduzir o leitor pelo texto e também a encontrar a parte que lhe interessa. Ex.: “civilização”, “mais antiga escola de amor do mundo”, “clima”, “reconhecendo”, “madeiras roubadas”. O título da reportagem é “Era Uma Vez um Hímen” mostra explicitamente uma palavra relacionada a sexo e o termo “era uma vez” já dá entrada a intenção da reportagem que é de contar histórias da primeira relação sexual de algumas meninas na forma de um diário. É um texto curto, mas não deixa de explicar o que virá na matéria. Usa uma linguagem descontraída, jovial, e vai direto ao ponto sem detalhar muito. Assume um caráter de “introdução chamativa”. (texto completo do “olho” em anexo2) Existem subtítulos. Texto em prosa, na primeira pessoa, como se as próprias meninas estivessem contando suas histórias. Os subtítulos contêm dados como: nome da menina, a idade atual, a idade do casal quando se relacionaram, o tipo de relação que tinham e quanto tempo estava durando e se o rapaz também era virgem. O título da Manchete é, mais contido, porém ainda assim é polêmico para a época em que foi veiculada a reportagem. O da Revista Capricho não é nada contido, mas as leitoras já estão acostumadas com esse tipo de linguagem. Ambos têm a intenção de chamar o leitor para a matéria. O texto da Manchete é mais completo, informativo. Enquanto o da Revista Capricho é mais compacto para gerar curiosidade das leitoras rapidamente. O tema é semelhante, porém é apresentado de duas formas completamente diferentes. Na Manchete o fato é relatado pelas palavras do jornalista e o mesmo já apresenta o seu ponto de vista sobre o assunto. Quem lê já tem toda a linha de pensamento pronta para ser lida, e não precisa pensar a respeito para analisá-la. Na Capricho por serem apresentados textos em primeira pessoa se lê o fato pelas palavras da pessoa que as viveram apenas com uma pequena edição na Tabela comparativa das reportagens mencionadas acima 27
  • 28. Foto Feita à luz do dia, ao natural. Apresenta uma tribo hindu em sua aldeia fazendo o ritual que é descrito na matéria. Sem censura e sem computação gráfica. Os efeitos são singelos. Apresenta nudez, o que era incomum na época. Usam uma modelo para representar a menina, a foto é feita em estúdio, com luz artificial. Onde só aparecem os olhos, a boca e as mãos. Ela segura um tipo de diário para ilustrar que na matéria são apresentadas as histórias reais e particulares da primeira relação sexual dessas quatro garotas. Os efeitos também são singelos, porém modernos e criativos. parte de ortografia e vocabulário para poder se adequar a linha utilizada pela revista, sem apresentar, mas nenhum comentário de nenhuma outra pessoa, permitindo que o leitor possa tirar suas próprias conclusões da matéria sem influência nenhuma. A foto na Manchete mostra exatamente aquilo do que a matéria fala. Já na Revista Capricho ela quer ilustrar através do uma imagem que não é real aquilo que a matéria apresenta, além disso, também tem uma mensagem implícita de que as meninas estão escondidas atrás do diário dando a idéia de que elas ainda têm vergonha de falar sobre esse assunto. 28
  • 29. Linguagem Escolha Vocabular O texto é claro e simples, e muito contido, pois mostra um receio em se usar certas palavras e expressões, e nestes casos opta por termos mais técnicos. Mostram termos também da tribo em questão, como denominações de objetos e posições. A reportagem consegue apresentar uma linguagem que não é nem tão formal e nem tão informal. Termos da tribo hindu: Ghotul, Chalu, Baidhar, Patel. Para se referir ao sexo ou a termos diretamente relacionados, a Revista Manchete escolheu palavras leves como: amor, práticas sexuais, clima, jogos amorosos, se tocam, se afagam, jornada amorosa, eróticas, desempenho amoroso, ato sexual, atividade sexual, “... estão na cama dos...”. Todos os textos são informais, pois representam a fala de garotas entre 17 e 19 anos sem grandes modificações. Ele ainda deixa transparecer aspectos da cultura, educação, classe, e estilo de cada garota, pois mantém os termos utilizados por elas para descrever os acontecimentos e emoções sentidas, e para caracterizar os mesmos. A linguagem é restrita ao público alvo, até mesmo pela informalidade e expressões jovens. Termos coloquiais usados: “a gente ficou”, “não queria nada sério”, “galinhas”, “vacas”, “MTV”, “ficar”, “rolar”, “ICQ”, “selinho”. A Revista Capricho usou termos mais explícitos para se referir ao sexo e termos relacionados, isso porque provinham da fala das garotas. Como por exemplo: beijo de língua, pílula, camisinhas, sexo oral, modess, perder a virgindade, primeira vez, rolou, transa, dor, ficar, transar, aquilo, fazer, sangrou, prazer, vida sexual ativa, objetos, amassos, hímen, vez. O público alvo da Revista Manchete não é bem específico, por isso ela consegue chegar a uma linguagem que pode ser bem interpretada por qualquer pessoa. Na Revista Capricho não há essa generalização, a linguagem está somente de acordo com o público jovem. Mas por esse motivo o texto pode não ser compreendido por outros públicos que poderiam vir a ler a matéria. Está sujeito a desaprovação de uma parte da população que ainda está estagnada pelo conservadorismo. Isso não tira a credibilidade da matéria ou a torna menos importante, e sim menos acessível. Os vocabulários escolhidos pelas revistas são bem diferentes. Mas nas duas ele busca adequar-se ao público leitor da revista. Ou seja, o vocabulário não depende muito da polêmica da reportagem e sim do que está de acordo com padrões do público e da própria revista. 29
  • 30. 3.3.2 Conteúdo das Matérias Apresentam-se a seguir três subdivisões. As duas primeiras resumem e analisam os conteúdos das matérias estudadas nas Revistas Manchete e Capricho respectivamente. A terceira compara as duas análises apontando suas principais semelhanças e diferenças. 3.3.2.1 “A Escola de Amor Mais Antiga do Mundo” - Manchete A reportagem escolhida da Revista Manchete relata os costumes de uma tribo hindu quanto ao assunto iniciação dos jovens na vida sexual. Eles descrevem com detalhes o ritual em que jovens indianos de ambos os sexos escolhem os parceiros e se quiserem após as etapas, têm a primeira relação sexual. Ainda dizem que por isso os índios são mais felizes. Contam também os prejuízos que o homem branco causa a eles (texto integral da matéria em anexo 1). Como é possível perceber essa reportagem é um tanto quanto polêmica para a época em que foi publicada, 1974. E só não causou muita desaprovação, pois o conteúdo se refere a uma sociedade totalmente distante da sociedade da época no Brasil, em todos os aspectos. Até por que na época de 1974 segundo a jornalista Tânia Marak “Vivíamos uma época de ‘Ditadura Militar’. Então o assunto sexo abordado nas revistas só era editado no exterior, em revistas importadas” (informação verbal)25 . A reportagem consegue romper a barreira da censura do assunto, trazendo informações que pudessem suprir a curiosidade dos leitores, escolhendo uma sociedade distinta para que o impacto fosse amortecido. “Existia sexo nas revistas? Existia! Mas era algo mais intrigante” foi o que relatou Marak. Ao mesmo tempo o conteúdo da matéria ainda deixa a desejar quanto a exploração do tema sexo, pois tratando de uma sociedade tão diferente ele se torna restrito, e até mesmo fictício. E também segundo Marak se os pais vissem essa reportagem na presença dos filhos passariam rapidamente dizendo que aquilo não era interessante, pois isso só foi ser totalmente desvendado, explorado, e mostrado, na década de 90. Apesar disso, é possível usar em benefício próprio o assunto da matéria, pois nele há informações muito proveitosas. Como por exemplo, ter um controle sobre a iniciação dos jovens na vida sexual onde é possível orientá-los de maneira correta, e prevenir os riscos que existem quando são iniciados de maneira imatura. Outro aspecto dessa sociedade que poderia 25 Informação divulgada por Tânia Marak na entrevista concedida ao nosso grupo, em São Paulo, em 6 de outubro de 2007. 30
  • 31. ser tido como exemplo é o de tratar o sexo como um assunto natural que faz parte de todos, e que não causa vergonha e nem preconceitos entre a população. Apesar de o conteúdo aparecer bem contido em algumas palavras ou expressões, ele não tem aspecto malicioso. Trata-o como se fosse uma espécie de ritual religioso, que faz parte da tradição da sociedade hindu, e que é respeitado e preservado por todos como é possível perceber neste trecho: “A felicidade como conseqüência do amor desvinculado do sentimento de culpa parece ser principio geral entre esses primitivos”. Ao final, o autor se afasta um pouco do foco da matéria, para retratar algumas relações entre a sociedade indígena mencionada e a sociedades exteriores, que seriam mais parecidas com a que o leitor se encontra. No trecho: “Comerciantes e lenhadores das localidades vizinhas tratam de atrair as moças Marias para as cidades, oferecendo-lhes empregos de domésticas. Logo elas estão na cama de seus patrões...” é possível perceber isso. Essas relações prejudicavam os indianos, e já retratavam outros problemas que a sociedade em que o leitor se encontrava também sofria, mas eram negligenciados. Portanto mesmo tendo acesso a essa informação não era possível para o leitor contextualizá-las dentro da sua rotina, e muito menos tirar proveito para mudar essa situação dentro da sociedade em que vivia. 3.3.2.2 “Era Uma Vez um Hímen” - Capricho Como o próprio título já sugere a reportagem mostra a história da primeira relação sexual de algumas garotas. Elas são relatadas pelas próprias garotas e por isso contém vestígios da faixa etária e educação das meninas, isso é passado através de gírias e características das situações descritas por elas. Não contém complemento textual, somente apresenta os relatos e dados das garotas. (texto integral da matéria em anexo 2). A matéria ao mesmo tempo em que trata o assunto com naturalidade, é polêmica, pois o assunto ainda ser alvo de muitos tabus. Como por exemplo, virgindade, opção sexual, métodos contraceptivos, gravidez indesejada, masturbação, ejaculação precoce, e a banalização que o tema tem hoje na mídia. A época da reportagem é marcada por uma sociedade que recebe o sexo diariamente em suas casas através de todos os tipos de mídia, especialmente na Publicidade e na Propaganda. Como citado na aula de Teoria da Comunicação da professora Luci Bonini o uso do sexo na Publicidade pode até mesmo vir implícito nas propagandas dos mais diversos tipos de produto, até mesmo aqueles que nada tem a ver com sexo. 31
  • 32. Procuram cada vez mais explorar o tema, deixando de passar informações úteis, abordando somente o lado sensual ou erótico para atrair consumidores. Assim temos jovens que se iniciam sexualmente cada vez mais cedo, e por não conseguirem vencer a barreira da falta de diálogo com seus pais ou responsáveis, passam a procurar respostas para suas questões em revistas segmentadas para esse tipo de público. Isso torna a sua concepção sobre sexo muito restrita, pois o objetivo da Mídia muitas vezes não é informar e educar, mas sim padronizar e alienar. Isso tanto na Publicidade quanto no Jornalismo. Outra característica dessa matéria é que ela não apresenta durante o texto nenhuma intervenção do autor e deixa o leitor livre para ler diretamente das palavras das próprias garotas, este aspecto é bom, pois cada um tem a liberdade de pensar o que quiser sobre o que leu, mas é ruim, pois deixa a matéria um pouco vaga no geral. Tanto o texto quanto o plano de fundo e as figuras utilizadas para ilustrar essa reportagem mostram que não é nada fácil para essas garotas falar de sua primeira vez, apesar de hoje não haver mais restrição alguma na Mídia quando o assunto é sexo. Mas essa “vergonha” não foi só em contar isso para a Revista Capricho, também é possível perceber pelas histórias que há muita pressão e muita dúvida em qualquer que seja a idade quando se inicia a vida sexual. Tanto que em dois dos relatos as meninas não estavam nem se quer namorando quando tiveram a primeira relação, como é possível ver nesse trecho: “A gente foi ficando, mas não queria nada sério. Quando fazia pouco mais de um mês ele falou – e ai, vamos avançar? Eu falei – não calma.”. O que também parece ser muito importante em relação a isso para as garotas é a opinião dos outros, da família, dos amigos e do próprio parceiro. No caso da família o que ocorre muitas vezes é que as meninas acabam não contando para os pais que já tiveram experiências sexuais e muito menos procurando um ginecologista para tirar dúvidas. Como pode ser percebido neste trecho: “Num fim de semana, minha mãe disse que ia viajar com o meu pai e, ai, com o coração quase saindo do peito, fui perguntar se ele podia dormir em casa.”. No caso dos amigos a influência é ainda maior, se você é muito nova e não é mais virgem você é discriminada. Ou então se você já está mais velha ou na está faculdade e ainda é virgem você também é descriminada, isso no caso das meninas. Há outros tipos de preconceito e influências como no trecho: “Umas amigas minhas ficaram se sentindo vacas depois que perderam a virgindade, mas eu não.” e no outro trecho: “Várias amigas minhas já tinham uma vida sexual ativa...”. Com o parceiro as inseguranças variam de acordo com o 32
  • 33. menino e o tipo de relação que levavam. Se ele gosta da menina e transparece confiança tudo ocorre mais naturalmente, e a menina não se sente pressionada. Mas quando o garoto coloca pressão e fica insistindo muito, a garota acaba cedendo e por isso fica desconfortável e pode esquecer de usar camisinha e sentir ainda mais dor na hora da relação. Esses trechos exemplificam isso: “Durante a transa ele ficava perguntando se estava doendo, dizendo que me amava”, “Ele queria fazer tudo rápido, mas eu falei pra ir com calma”. Enfim a reportagem mostra uma realidade semelhante com a vivida pelas leitoras, o que as ajuda a enfrentar seus problemas e tirar dúvidas. 3.3.2.3 Comparação As duas matérias se assemelham nos seguintes pontos: As duas falam especificamente sobre a iniciação dos jovens na vida sexual. Apresentam termos específicos em seu contexto. Mencionam direta ou indiretamente as frustrações, dúvidas e influências que os outros causam quando os jovens estão para iniciar a vida sexual. As sociedades abordadas têm aspectos diferentes dentro da reportagem, em dois sentidos. Um é porque as culturas de cada uma das sociedades são completamente distintas no espaço e no tempo, e consequentemente o modo como se comportam em relação ao sexo também diferem muito. Outro é que enquanto a Manchete fala de uma sociedade e cultura que apesar de ser interessante, é pouco conhecida e nada tem a ver com o público que a lia, a Revista Capricho se preocupa em mostrar situações e experiências o mais próximo possível daquilo que a maior parte do seu público provavelmente entende, já viveu ou poderá viver. Os termos apresentados pela Manchete fazem parte da cultura da sociedade retratada, e por isso vêm acompanhados de uma explicação do que significam, esse aspecto mostra que a reportagem está focalizada somente nos indianos e que nem se imagina deslocar o assunto para a realidade do leitor. Por exemplo, no trecho “... a existência da Ghotul – cabana de amar e dormir –...”. Os termos da revista Capricho são os coloquiais usados pelos jovens que não vem com explicação alguma, pois os leitores (jovens) já sabem o que querem dizer. Por exemplo, quando dizem: “... ia ser legal perder com ele, apesar dele ser muito galinha.”. Porém isso ainda sim restringe um pouco a matéria, pois se uma pessoa mais velha ler poderá não entender esses termos. A grande diferença percebida é a postura das próprias revistas perante o tema sexo e os jovens. Quanto à Revista Manchete a reportagem em sua maior parte preocupou-se em descrever os rituais que acontecem na tribo mencionada, fazendo somente alguns pequenos 33
  • 34. comentários. É perceptível que não há preocupação alguma em contextualizar o tema abordado à realidade dos leitores, até mesmo no final quando é mencionado o mal que o homem branco causa a essas tribos, pois mesmo esse é tratado como um problema incomum e distante que nada tem a ver com os autores e leitores dessa revista. Já a Capricho mostra nessa reportagem sua preocupação com o público alvo. Mesmo não tendo nenhum texto do repórter a não ser o título e o “olho” o caráter adotado já demonstra isso. Pois a matéria não apenas relata fatos que condizem com a realidade do público leitor da revista, mas também apresenta esses fatos contados diretamente de quem os viveu. Essa forma que o autor adotou para formatar e apresentar a reportagem ao público foi muito bem pensada. Ele não pegou simplesmente as histórias que coletou das garotas e fez um texto só descrevendo esse acontecimento. Deixando transparecer também através da linguagem e vocabulário, mas principalmente através de como os jovens falam sobre sexo, como caracterizam seus atos e os atos do parceiro, como expressam suas emoções numa hora tão importante e até preocupante de suas vidas. Segundo a jornalista Tânia Marak a Mídia Impressa evoluiu sim e está bem mais acessível, porém há uma banalização do tema em algumas divulgações que não existia antes e que acaba tornando o tema vulgar algumas vezes. Concluindo cada uma das revistas apresentou aquilo que o público queria realmente ler, e não necessariamente aquilo que precisava ler. 34
  • 35. Considerações Finais Através de pesquisas, de entrevistas, orientações dadas pelos professores durante as aulas, pudemos concluir que o tema Sexo na Mídia Impressa ainda é, apesar do rompimento de alguns tabus, polêmico e o conteúdo publicado através da mídia pouco informativo. Há três décadas atrás o assunto era praticamente proibido, e citado raramente em revistas. Tivemos como exemplo, na matéria que analisamos, “A Escola de Amor mais Antiga do Mundo”, onde só foi possível falar sobre a iniciação sexual dos jovens de uma tribo hindu porque se tratava de uma sociedade com hábitos e tradições completamente distintas das nossas. Impossível fazer a comparação de como era abordado o tema em duas épocas diferentes, a década de 70 com os anos atuais, sem citar as mudanças de comportamento das mulheres e dos jovens através dos anos, e como a mídia explorou isso. Nos dias atuais, graças ao desenvolvimento das mídias, incluindo a impressa, fala-se abertamente a maioria dos assuntos. Mas apesar de toda essa evolução, da segmentação da mídia, da adaptação do formato e forma de linguagem, do desenvolvimento de técnicas de computação gráfica e melhorias de impressão, o conteúdo da mídia não procura informar, ou ensinar seus leitores, mas seu conteúdo é escolhido com os temas que vão vender exemplares, com linguagem curta e rápida, e se possível, associada com alguma propaganda publicitária. Na Publicidade e Propaganda também houve uma evolução, onde agora são escolhidas as mídias certas para atingir determinado público. O comportamento da mulher atual, moderna, transformou as revistas dedicadas a ela; de revistas de culinária e dicas de como cuidar dos filhos, para revistas que falam de como obter prazer, como alcançar sucesso profissional, dicas de maquiagem para cada ocasião, enfim essa segmentação transformou-se em um guia que moldam as atitudes e comportamentos das mulheres. A publicidade também contribui para essa mudança, hoje em dia publica - se propagandas de moda, produtos cosméticos, com modelos com um padrão de beleza quase perfeito, em um mundo surreal onde todas as pessoas são felizes. A mulher pôde se libertar do seu lar, conquistar reconhecimento profissional, se tornar mais bonita, mas esse excesso de preocupação com a beleza, e com a influência da mídia que usou o tema sexo explorando a parte erótica, a mulher passou a ser vista como vulgar, como objeto de desejo. Com roupas que insinuam que deixam expostos boa parte do 35
  • 36. seu corpo, já não há mais a curiosidade por parte masculina de descobrir o que há por baixo daquelas vestimentas, mas dão idéia que aquilo é fácil de se conseguir. O comportamento dos jovens também é completamente diferente. Os filhos antigamente eram, na grande maioria das vezes, educados pelos pais, atualmente essa situação é bem diferente, os pais não precisam se casar mais para criar seus filhos, ou já se casaram e divorciaram-se. Em alguns modelos deferentes de famílias os pais são brigados e não se falam mais. Ou seja, é comum hoje em dia ver jovens que moram e, portanto são educados, apenas com a mãe, ou com o pai. Esses jovens têm um acesso muito grande a mídia, e essa exerce uma influência muito grande sobre eles, principalmente nas mídias segmentadas à eles, onde são impostos maneiras de se vestir, se comportar, e até de como se expressar. O tom erótico e o sensual sempre estão presentes, e o fato do tema sexo ser um assunto essencial em qualquer mídia, torna - o mais fácil de se falar, tira “o ar de proibido”, e o torna um fato corriqueiro, e os jovens também querem falar sobre o assunto. Assim os jovens iniciam suas vidas sexuais cada vez mais cedo, e com dúvidas ou problemas relacionados a isso, procuram a mídia como forma de esclarecimento. Alguns tabus ainda não foram vencidos, como a falta de diálogo dos pais com os filhos sobre sexo e também sobre prevenção, e alguns foram criados, um exemplo disso é a idade da primeira relação sexual, quanto mais velha a pessoa fica, cada vez mais ele é visto como careta, ou diferente dos outros. Portanto, o que concluímos foi que a Mídia Impressa se desenvolveu de maneira a agradar todos os públicos, a entreter, a levar fatos e, portanto deixou um pouco a parte de usar o seu poder na formação de opiniões. A exploração não só da figura feminina, mas da sensualidade como um todo, e a utilização do tema sexo como forma de assunto banal, sem a preocupação com a informação foi o que observamos na transformação do tema Sexo na Mídia Impressa durante os anos. 36
  • 37. Referências Bibliográficas ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de; CARDOSO, José Leandro Rocha. Museu de Astronomia e Ciências Afins. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S010201882001000200013&script=sci_arttext. Acesso em: 23.10.2007. ARIÈS, Philipe; DUBY, Georges; História da Vida Privada – Coleção Dirigida. 5 ed. Companhia das Letras, 1987. p. 249 BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999. BRAGA, Adriana. Corpo e mídia: fragmentos históricos da imprensa feminina no Brasil. www.jornalismo.ufsc.br. Disponível em: http://64.233.169.104/search? q=cache:8mChXhPrmvEJ:www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/anais/gt1_impressa/corpo %2520e%2520midia%2520-%2520fragmentos%2520hist%25F3ricos%2520da %2520imprensa%2520feminina%2520n.doc+Adriana+Braga+corpo+e+m %C3%ADdia+fragmentos&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&lr=lang_pt. Acesso em: 18.10.2007. JORNAL DA GLOBO, São Paulo: Rede Globo de televisão. Série Os jovens e a fé. Reportagem exibida em 01-05-2007 MARAK, Tânia; Entrevista concedida em 6 de outubro de 2007, no Centro Cultural de São Paulo. PINOTTI, José Aristodemo. A Saúde da mulher. Contexto, 2007, p. 53. REVISTA CAPRICHO, São Paulo: Editora Abril, 15 abril de 2007 REVISTA MANCHETE, Rio de Janeiro: Bloch Editores S.A., 13 de julho de 1974 TRAÇA.<www.traca.com.br.> Disponível em: http://www.traca.com.br/?tema=padrao&pag=revistamanchete&mod=inicial. Acesso em: 23.10.2007. SBT, <http://www.gppcom.com.br/ > Disponível em: http://www.gppcom.com.br/midia/index.php?op=dicionario&id=13 Acessado em 15 de outubro de 2007, 11:10:00 SCALZO, Marília; Jornalismo de Revista. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 22-27, 62, 87- 99. SIMON, Pierre. De la vie avant chose (A vida antes de tudo). Citação retirada do livro A história da vida privada. Vol. 5. Companhia das letras, p. 249. 37
  • 38. Anexo 1 – “A Escola de Amor Mais Antiga do Mundo” – Revista Manchete 38
  • 39. 39
  • 40. 40
  • 41. 41
  • 42. 42
  • 43. Anexo 2 – “Era uma vez um hímen” – Revista Capricho 43
  • 44. 44
  • 45. 45
  • 46. 46
  • 47. 47
  • 48. Lista de Ilustrações Fig. 1 – Capa da Revista Manchete (1974)...............................................................................21 Fig. 2 – Capa da Revista Capricho (2007)................................................................................22 Fig. 3 – Propaganda de cigarro veiculada na Revista Manchete (1974)...................................23 Fig. 4 – Propaganda de eletrônico veiculada na Revista Manchete (1974)..............................23 Fig. 5 – Propaganda de roupa veiculada na Revista Capricho (2007)......................................24 Fig. 6 – Propaganda de Calçado veiculada na Revista Capricho (2007)..................................24 Fig. 7 – Página 37 da Revista Capricho (2007) Fig. 8 – Página 36 da Revista Manchete (1974) ......................................................................................................................25 48
  • 49. Sumário UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES Camila Alves de Araujo Juliana Figueiredo Barbosa Heloisa Alencar Ikeda 49
  • 50. SEXO NA MÍDIA IMPRESSA: ONTEM E HOJE Mogi das Cruzes 2007 50
  • 51. UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES Camila Alves de Araujo Juliana Figueiredo Barbosa Heloisa Alencar Ikeda SEXO NA MÍDIA IMPRESSA: ONTEM E HOJE Professores Orientadores: Luci Bonini e Sersi Bardari Mogi das Cruzes 2007 Trabalho apresentado como conclusão parcial do Projeto Processos e Produtos Midiáticos, do Curso de Comunicação Básico, da Universidade de Mogi das Cruzes. 51
  • 52. Araújo, Camila Alves Barbosa, Juliana Figueiredo Alencar, Heloisa Ikeda Sexo na Mídia Impressa: Ontem e Hoje/Camila Alves de Araújo, Juliana Figueiredo Barbosa, Heloisa Alencar Ikeda - 2007 Área de Concentração: Comunicação Social – Jornalismo Orientadores: Professores Luci Bonini e Sersi Bardari 1. Sexo 2. Revista Manchete 3. Revista Capricho 52
  • 53. Camila Alves de Araújo Juliana Figueiredo Barbosa Heloisa Alencar Ikeda SEXO NA MÍDIA IMPRESSA: ONTEM HOJE Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________________________ Profª. - Doutora Luci Bonini Universidade de Mogi das Cruzes – UMC _______________________________________ Prof. – Sérsi Bardari Universidade de Mogi das Cruzes - UMC _______________________________________ Jornalista – Tânia Marak Trabalho apresentado como conclusão parcial, projeto Processos e Produtos Midiáticos, do curso de Comunicação Social Básico da Universidade de Mogi das Cruzes. 53
  • 54. Dedicatória Dedicamos esse trabalho a nossa amizade que surgiu nesse um ano de projeto, à paciência, à dedicação, e à colaboração que todas nós tivemos de ter umas com as outras, aos conhecimentos partilhados, e as experiências que passamos juntas que nos renderam ótimos momentos de diversão. 54
  • 55. Agradecimentos Agradecemos a Deus, por nos dar o dom da vida e o talento de escrever e podermos nos comunicar. Aos professores orientadores Luci Bonini e Sersi Bardari, que pacientemente nos ajudaram a montar esse projeto através do enorme conhecimento que possuem. À jornalista Tânia Marak que nos cedeu a entrevista, e acima de tudo nos passou conhecimentos valiosos para concluirmos nossa análise. Aos familiares, e amigos, que ouviram nossas reclamações, deram sugestões, fizeram críticas, compraram material, não nos deixaram desistir, e nos acompanharam por toda essa trajetória. E à nossas companheiras de grupo Marília e Patrícia, que não chegaram até a conclusão do projeto, mas fizeram da sua colaboração imprescindível. 55
  • 56. “Então vá Faça o que tu queres Pois é tudo Da lei, da lei Viva, viva, viva a sociedade alternativa Faz o que tu queres há de ser Tudo da lei, da lei Todo homem, toda mulher É uma estrela Viva” Raul Seixas - Sociedade Alternativa 56
  • 57. Resumo Este trabalho tem como tema Sexo na Mídia Impressa, e tem como objetivo analisar a forma como o assunto era tratado na mídia há trinta anos atrás e como ele é tratado agora, através da comparação de duas revistas de importância em cada uma de suas épocas, a Revista Manchete e Revista Capricho. O que torna essas duas revistas importantes foi como elas alcançaram grandes partes de seus públicos e entraram para a história da Mídia Impressa. Através de pesquisas aos conceitos de sexo, Mídia Impressa, e a história da segmentação da mesma e suas transformações ao passar dos anos, da trajetória de cada revista pudemos analisar duas matérias. Intitulada de “A Escola de Amor mais Antiga do Mundo” na Revista Manchete, e “Era Uma Vez um Hímen” na Revista Capricho, estudando em cada uma delas as mudanças de linguagem, de abordagem do tema, da escolha vocabular, dos recursos gráficos utilizados e o conteúdo de seus textos. Palavras-chave: Sexo, Revista Manchete, Revista Capricho. 57