Este documento discute conceitos e metodologias para mobilização em rede, incluindo:
1) O conceito de Multidão e sua relação com a internet e movimentos como a Primavera Árabe;
2) A metodologia de Design Thinking focada na experiência do usuário para inovação;
3) A metodologia "Efeito Libélula" para engajamento nas redes sociais através de histórias, envolvimento emocional e ação.
2. O que veremos?
• O conceito de MULTIDÃO (HARDT, M. E NEGRI, A., 2005);
• Análise de casos de ciberativismo em múltiplas mídias digitais com histórias
apropriadas e expandidas coletivamente;
• A metodologia do Design Thinking (BROWN, Tim, 2009);
• A metodologia de engajamento Efeito Libélula (AAKER, J. E SMITH, A.,
2010);
• Reflexão final sobre a intensidade/viabilidade
da aplicabilidade das dinâmicas acima.
4. Do imperialismo ao poder em rede
• IMPERIALISMO (“velha” ordem)
• soberania do estado-nação ampliada
p/territórios estrangeiros (modernidade); (p. 10)
• PODER EM REDE (“nova” ordem)
• estados-nação + instituições supranacionais
+ grandes corporações capitalistas (contemporaneidade). (p. 10)
• “A Multidão é a alternativa viva que vem se constituindo
dentro do Império.” (p. 12)
5. O Império e a ordem global (p. 11)
• Nenhum estado-nação pode manter a [sua visão de] ordem global sem
colaborar com os outros grandes poderes na REDE do Império;
• A ordem global contemporânea não se caracteriza nem pode ser sustentada
pela participação igualitária de todos, nem pelo controle multilateral sob a
autoridade das Nações Unidas (ONU);
• A atual ordem global é definida por RÍGIDAS DIVISÕES E HIERARQUIAS
em termos regionais [no sentido de blocos de nações], nacionais e locais;
• TESE: unilateralismo e multilateralismo não são desejáveis como tem
sido apresentados nem mesmo possíveis: as tentativas de sustentá-los
não serão capazes de manter a atual ordem global considerando-se as
condições atuais.
6. O Império e a ordem global (p. 11)
• O estado de guerra é inevitável no império: a guerra funciona como
instrumento de domínio.
• Pax Imperii = arremedo de paz que, na realidade, preside um ESTADO DE
GUERRA PERMANENTE:
Democratas x Republicanos; PT x PSDB; Grêmio x Inter; heavy metal x axé;
ateus x evangélicos…
• … O ESTADO DE GUERRA PERMANENTE
FAZ COM QUE SEMPRE SE ESTEJA EM CAMPANHA!!!
(manutenção ou tomada do poder: reforço simbólico constante)
7. Povo, massa e classe operária não são a Multidão
• POVO: concepção unitária que reduz as mais amplas diferenças que
caracterizam a população a uma identidade única: o “povo” é UNO. (p. 12)
• MASSAS: são compostas de todos os tipos e espécies, mas não se pode
afirmar que diferentes sujeitos sociais formam as massas. Sua essência
é a INDIFERENÇA: todas as diferenças são submersas e afogadas.
Todas as cores são cinza. Só são capazes de mover-se em uníssono
porque constituem um CONGLOMERADO INDISTINTO E UNIFORME; (p. 13)
• CLASSE OPERÁRIA: refere-se a todos os trabalhadores assalariados,
diferenciando-os dos pobres que prestam serviços domésticos sem
remuneração e de todos os demais que não recebem salário. (p. 13)
8. PERAÍ!
Onde é que eu me encaixo?!
!
Povo, massa e classe operária
são conceitos cunhados a partir
da Revolução Industrial.
Assim como naquele período,
a atual reconfiguração
sociotécnica requer novas
reflexões conceituais…
9. AS DUAS FACES DA GLOBALIZAÇÃO (p. 12)
• O Império dissemina em caráter global sua rede de hierarquias e divisões
que mantém a ordem através de novos mecanismos de controle
e permanente conflito;
• A globalização também é a CRIAÇÃO
de NOVOS CIRCUITOS de COOPERAÇÃO
e COLABORAÇÃO que se ALARGAM
pelas nações e os continentes, FACULTANDO
uma QUANTIDADE INFINITA de ENCONTROS.
11. A internet:
um modelo
para a Multidão
Multidão e internet =
redes distributivas:
- Os vários nós se mantém
diferentes, mas estão todo
conectados na rede.
14. DESAFIO
• Fazer com que uma
multiplicidade social
seja capaz de se comunicar
e agir em comum, ao mesmo
tempo em que se mantém
internamente diferente.
15. MULTIDÃO
E DEMOCRACIA
• Se a Multidão não é uma
identidade (como o povo) nem
é uniforme (como as massas),
suas diferenças internas devem
descobrir o comum [the
common] que lhe permite
COMUNICAR-SE e AGIR
em CONJUNTO. (p. 14)
16. PRODUÇÃO BIOPOLÍTICA (p. 14-15)
• Não envolve apenas a produção de bens materiais (no sentido econômico)
como também afeta e produz todas as facetas da vida social, sejam
econômicas, culturais ou políticas.
• O trabalho tende a criar redes de cooperação e comunicação e a funcionar
dentro delas;
• Todo aquele que TRABALHA com a INFORMAÇÃO ou o CONHECIMENTO
depende do conhecimento COMUM recebido de outros e, por sua vez, cria
NOVOS CONHECIMENTOS COMUNS.
• Aplica-se a todas as formas de trabalho que criam projetos imateriais como
ideias, imagens, afetos e relações.
17. A importância da Multidão (p. 16-17)
• A atual quebra de paradigma sociotécnico induz a repensarmos conceitos
políticos básicos como poder, resistência, multidão e democracia;
• A Multidão é a classe global emergente, que atua através do Império para
criar uma sociedade global alternativa;
• Uma democracia da Multidão pode ser um vetor para a saída dessa eterna
situação de conflito e guerra operada pelo poder do Império.
18. Tópicos relacionados à Multidão
• Resistência;
• A produção do comum;
• A mobilização do comum.
(isso leva à cultura hacker, às ciberguerras, ao hacktivismo, ao crowdfunding,
ao crowdsourcing… Mas o Império também se rearticula em rede – é uma
briga de gato e rato)
20. EMERGÊNCIA
• Dictyostelium discoideum (NAKAGAKI, T., 2000): bactéria cujo comportamento
oscila entre ser uma criatura única e uma multidão.
• Na maior parte do tempo, cada criatura comporta-se como um indivíduo.
• Sob condições adequadas (calor, umidade, luz, condição do ar, abundância
de alimento, etc.), aglomeram-se em um organismo maior, que passa a
consumir madeira e folhas apodrecidas.
• Quando o ambiente torna-se hostil, separam-se novamente.
• Comportamento de grupo coordenado –> MORFOGÊNESE (TURING, 1954):
capacidade de todas as formas de vida de desenvolverem progressivamente
corpos mais elaborados a partir de inícios incrivelmente simples.
21. EMERGÊNCIA
• Comportamento bottom-up: avaliação geral das condições ambientais –
liberação de feromônios que faz com que os demais indivíduos ajam
coordenadamente SEM UM LÍDER, SEM UMA ORDEM (KELLER e SEGEL,
1968);
• CIÊNCIA DA AUTO-ORGANIZAÇÃO (Adam SMITH, ENGELS, Charles
DARWIN, Alan TURING): reconhecimento de padrões comuns em dinâmicas
físicas, químicas, biológicas, sociais…
• Isso também leva ao PENSAMENTO EM REDE!!!
• POR QUE HÁ O CENTRO E A PERIFERIA EM UMA CIDADE?!
23. O Design Thinking
• Metodologia voltada para a inovação;
• Inovação = criatividade focada no desenvolvimento de uma cadeia produtiva;
• Reconhecimento do contexto socioeconômico e cultural, EMPATIA
(colocar-se no lugar do público-alvo: concentrar esforços na experiência
do usuário e não em como o designer ou o cliente pensa
sobre a apropriação que o usuário fará do produto);
• Preocupação com o ambiente (espaço) em que o produto ou serviço
será utilizado;
• Foco na ESTRATÉGIA (plataforma) é prioritário sobre o material e a forma.
29. A metodologia
• Baseada no Design Thinking;
• Voltada à inovação social;
• Soluções rápidas de comunicação via redes sociais;
• Discurso assertivo, positivo, intimista;
• Solicitação implícita de urgência;
• Metas parciais rumo ao objetivo maior;
• Engajamento.
30.
31.
32. O MODELO DO “EFEITO LIBÉLULA"
ASA 1:
MANTER O FOCO
ASA 2:
PRENDER A
ATENÇÃO
ASA 3:
ENVOLVER
ASA 4:
INSTIGAR
A AÇÃO
O que é?
Concentrar- se em um
único resultado ao invés de
“pensar grande"
Fazer-se notar pelo
seu público-alvo
tornar a audiência
emocionalmente envolvida
com a sua causa.
Estimular o público
a realmente agir em nome
da sua causa.
Objetivo principal
Concentrar todos os seus
recursos e toda a sua
atenção na realização
de um único resultado.
Levar as pessoas
a prestar atenção em você
e estabelecer a base
para envolvê-las.
Atingir diretamente às
pessoas que realmente
querem agir.
Atrair voluntariamente
o tempo e/ou o dinheiro
do seu público-alvo
para a sua causa.
Como fazer?
• Definir uma meta;
• Decompô-la em
pequenas submetas
facilmente alcançáveis;
• Estabelecer métricas para
medir o sucesso;
• Criar um plano de ação;
• Ser específico e concreto;
• Ser verdadeiro consigo
mesmo.
Ser original;
Manter a simplicidade;
Manter os pés no chão;
Utilizar imagens.
• Compreender o que
envolve o seu público;
• Contar uma história;
• Utilizar múltiplas mídias;
• Dirigir-se pessoalmente a
cada indivíduo (“olho no
olho”).
• Tornar a ação fácil;
• Fazê-la divertida;
• Ajustar o caminho mais
fácil entre os voluntários
já engajados e os novos
pedidos de participação;
• Estabelecer um
relacionamento firme e
próximo junto ao públicoalvo.
Mote
Um objetivo, uma pessoa.
Qual é a sua manchete?
Qual é a sua história?
O que alguém pode fazer
para ajudar?
O que os ativistas
fizeram?
• Retirar a conta Lokpal do
governo e aceitá-la no
Parlamento;
• Aprovar a conta Lokpall
em 31/8;
• Tiveram um plano de
ação, foram específicos e
resolutos.
•
•
•
•
• Acampamentos de
• Pedir às pessoas para
• Tuitar com sabedoria;
storytelling nos locais de
participarem de enquetes
• http://facebook.com/
campanha;
e pesquisas;
annahazare : 352392 likes;
• Cobertura ativa de TV
• Conclamar as pessoas
• http://facebook.com/
24/7;
para a agitação;
indiaacor : 468096 likes;
• Mais de 2000 vídeos;
• Torná-la divertida;
• http://
• Equiparar o movimento
• Incentivar o movimento
indiaagainstcorruption.org
Índia Contra a Corrupção
horizontal (abertura e
: recebeu 13 MILHÕES de
a uma espécie de
autonomia para várias
chamadas perdidas.
segunda luta pela
lideranças).
independência do país.
Fonte: AAKER J. e SMITH A., 2010.
33. E-MAIL
• PERSONALIZAR: incluir detalhes específicos e acessíveis sobre a pessoa ou
causa que você está tentando ajudar. Dê ao interlocutor uma razão para se
preocupar;
• INFORMAR: use o e-mail como uma oportunidade para EDUCAR a sua
audiência;
• DIRETO: solicite ajuda específica, explique ao público o que quer que ele
faça e lhe dê todas as ferramentas que eles precisam para realizar a tarefa
com facilidade