SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 33
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o




                      Teoremas da Incompletude de G¨del
                                                   o

                                     Helio H. L. C. Monte-Alto
                                    Anderson da Silva Marcolino
                                     Lucas de Oliveira Teixeira


                                               2012




                                                                  1 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Sum´rio
     a




Sum´rio I
   a

       1 Sum´rio
            a


       2 Vis˜o geral
            a


       3 Defini¸˜es
              co


       4 Demonstra¸˜o
                  ca


       5 Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                            ca


                                                            2 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Vis˜o geral
     a




Vis˜o geral
   a

      Kurt G¨del
            o
          Matem´tico austr´
                 a        ıaco
                Desenvolveu os dois teoremas da incompletude em 1931

      Matem´tica no in´ do s´culo XX
            a         ıcio  e
          Positivismo
                Acreditava-se que seria poss´ encontrar um conjunto de
                                            ıvel
                axiomas completo e consistente para toda matem´tica
                                                              a
                Segundo problema de Hilbert: provar que a aritm´tica ´
                                                               e     e
                consistente
                Os teoremas da incompletude s˜o largamente aceitos como
                                              a
                uma resposta negativa a este problema

                                                                          3 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Vis˜o geral
     a




Teoremas - Vis˜o geral
              a


      Defini¸˜o informal:
           ca
          1     Qualquer teoria axiom´tica recursivamente enumer´vel e
                                      a                          a
                capaz de expressar aritm´tica elementar n˜o pode ser, ao
                                        e                a
                mesmo tempo, consistente e completa.
          2     Para qualquer teoria formal recursivamente enumer´vel T que
                                                                   a
                inclui verdades aritm´ticas b´sicas e tamb´m certas verdades
                                     e       a            e
                da teoria da prova, se T inclui uma afirma¸˜o de sua pr´pria
                                                          ca           o
                consistˆncia, ent˜o T ´ inconsistente
                        e        a     e




                                                                               4 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Defini¸oes
       c˜




Defini¸oes
     c˜


              Um sistema ´ consistente se n˜o ´ poss´ deduzir
                          e                  a e     ıvel
              contradi¸˜es a partir de seus axiomas.
                      co
              Um sistema ´ completo se ´ de poss´ deduzir todas as
                          e              e         ıvel
              f´rmulas verdadeiras a partir de seus axiomas.
               o
              Uma teoria axiom´tica ´ uma teoria baseada num conjunto de
                                a    e
              axiomas a partir dos quais s˜o deduzidos teoremas utilizando
                                          a
              procedimentos bem definidos.
      Em s´ıntese, G¨del provou que, se a aritm´tica ´ consistente, ent˜o
                    o                          e     e                 a
      ´ incompleta.
      e



                                                                             5 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Demonstra¸˜o
           ca




Demonstra¸˜o
         ca




              Princ´
                   ıpio: auto-referˆncia
                                   e
              Reescrita de um sistema formal utilizando a linguagem dos
              n´meros naturais
               u
              Exemplo: Problema de Smullyan




                                                                          6 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Demonstra¸˜o
           ca




Problema G¨deliano de Smullyan
          o
      Seja um programa que imprime cadeias com os seguintes s´
                                                             ımbolos

                                    ¬, I , N, (, )
      Uma cadeia X ´ imprim´ se o programa pode imprimi-la.
                     e       ıvel
      Supomos que o programa imprimir´, mais cedo ou mais tarde,
                                     a
      todas as cadeias imprim´
                             ıveis.
      A norma de uma cadeia X ´ a cadeia X (X ).
                                  e
      Uma senten¸a ´ uma cadeia de uma das quatro formas abaixo:
                 c e
          1   I (X )
          2   IN(X )
          3   ¬I (X )
          4   ¬IN(X )
      onde X ´ uma cadeia.
             e
                                                                       7 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Demonstra¸˜o
           ca




Problema G¨deliano de Smullyan
          o


      Seja a senten¸a ¬IN(¬IN).
                    c
      Por defini¸˜o, esta senten¸a ´ verdadeira se e somente se a norma
                ca             c e
      da cadeia ¬IN n˜o ´ imprim´
                      a e         ıvel.
      No entanto, a norma de ¬IN ´ justamente a senten¸a ¬IN(¬IN),
                                    e                     c
      logo esta senten¸a ´ verdadeira se e somente se ela n˜o ´
                      c e                                   a e
      imprim´ıvel. Temos duas hip´teses:
                                 o
              a senten¸a ´ imprim´
                      c e        ıvel, mas falsa - contradi¸˜o, pois o
                                                           ca
              programa s´ imprime senten¸as verdadeiras;
                         o               c
              a senten¸a ´ verdadeira, mas n˜o imprim´
                      c e                   a        ıvel;



                                                                         8 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Demonstra¸˜o
           ca




Problema G¨deliano de Smullyan
          o




      Analogia:
              O programa n˜o ´ capaz de imprimir todas as senten¸as
                          a e                                   c
              verdadeiras
              Um sistema formal possuir´ afirma¸˜es verdadeiras que n˜o
                                       a      co                    a
              podem ser provadas




                                                                         9 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                   ca



              Os teoremas foram inicialmente provados para o sistema
              formal da aritm´tica (Aritm´tica de Peano)
                             e           e
              Prova mais gen´rica: utilizando Sistemas de Representa¸˜o
                            e                                       ca
              Abstratos (SRA)
              SRAs permitem representar sistemas de alta diversidade de
              estruturas sint´ticas
                             a




                                                                          10 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                      ca

      Um sistema de representa¸˜o abstrato (SRA) Z ´ uma s´tupla
                                 ca                  e      e
       E, g , S, T , R, P, Φ onde
      E ´ um conjunto enumer´vel de elementos chamados de
        e                       a
      express˜es;
                o
      g ´ uma fun¸˜o de E em N, bijetora, chamada de enumera¸˜o de
        e            ca                                         ca
      G¨del;
        o
      S ⊆ E: senten¸as;c
      T ⊆ S senten¸as verdadeiras, ou teoremas;
                      c
      R ⊆ S senten¸as falsas, ou anti-teoremas;
                       c
      P ⊆ E ´ um conjunto de predicados un´rios;
               e                            a
      Φ, chamada de fun¸˜o de representa¸˜o, ´ uma fun¸˜o de E × N
                            ca             ca e         ca
      em E, que atribui a cada express˜o H e n´mero natural n, a
                                      a       u
      express˜o Φ(H, n), que ser´ abreviada por H(n).
               a                  a

                                                                     11 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                      ca




                    Figure : Sistemas Abstratos de Representa¸˜o (SRA).
                                                             ca


                                                                          12 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                      ca



      Exemplo: Teoria dos n´meros - N´meros primos
                           u         u
          Seja o predicado Primo.
              Ent˜o Φ(Primo, n) ´ a senten¸a Primo(n), lida como ”n ´
                  a             e         c                         e
              primo”.
              Supondo que n = 5 temos que Primo(5) ´ uma senten¸a
                                                      e           c
              verdadeira (Primo(5) ∈ T ) e que se n = 6 temos que
              Primo(6) ´ uma senten¸a falsa (Primo(6) ∈ R).
                        e           c




                                                                        13 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




SRAs - Consistˆncia e Completude
              e



      Seja Z = E, g , S, T , R, P, Φ um SRA. Dizemos que Z ´:
                                                           e
      Consistente Se T ∩ R = ∅;
      Completo Se T ∪ R = S;
      Saturado Se Z ´ consistente e completo.
                      e

      Z ´ completo se, e somente se, toda senten¸a de Z ´ decid´ em
        e                                       c       e      ıvel
      Z




                                                                      14 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Diagonaliza¸˜o, n´meros e senten¸as de G¨del
           ca    u              c       o

      Diagonaliza¸˜o
                 ca
      Seja Z um SRA e X uma express˜o de Z, cujo n´mero de G¨del ´
                                        a               u         o   e
      g(X). A express˜o Φ(X , g (X )) ´ a diagonaliza¸˜o ou norma de X.
                     a                e              ca
      Caso X seja um predicado H, Φ(H, g (H)) ´ uma senten¸a,
                                                 e            c
      chamada de senten¸a diagonal, que denotamos por H(h).
                        c

      N´meros de G¨del
       u            o
      Seja Z um SRA e W ⊆ E. W ∗ ´ o conjunto dos n´meros de G¨del
                                     e                  u          o
      das express˜es X cuja diagonaliza¸˜o Φ(X , Xγ ) ∈ W, isto ´:
                 o                     ca                       e

                          W ∗ = {Xγ |Xγ = g (X ) e Φ(X , Xγ ) ∈ W}


                                                                          15 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Diagonaliza¸˜o, n´meros e senten¸as de G¨del
           ca    u              c       o




      Figure : Diagonaliza¸˜o de duas express˜es: a de uma express˜o X
                          ca                 o                    a
      qualquer e a de um predicado H.

                                                                         16 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o


      Senten¸as de G¨del
             c       o
      Seja X uma senten¸a e A um conjunto de n´meros. Dizemos que
                        c                      u
      X ´ uma senten¸a de G¨del para A se e somente se X tem a
         e            c     o
      propriedade: X ∈ T ⇐⇒ Xγ ∈ A.

      Intuitivamente, uma senten¸a de G¨del afirma que o n´mero de
                                 c        o                  u
      G¨del de um predicado satisfaz o predicado.
        o
      X ´ uma senten¸a de G¨del para um conjunto A de n´meros
         e             c      o                             u
      quando g (X ) (o significado de X em N) pertence ao conjunto A se
      e somente se este fato (sua pertinˆncia) ´ prov´vel no sistema, isto
                                        e      e     a
      ´, pertence a T .
      e


                                                                             17 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o


      Exemplo - Analogia
          Conjunto das palavras que gozam da propriedade implicada
          por seu significado
              Ex: proparox´
                          ıtono ´ uma proparox´
                                e             ıtona
              Vamos chamar as palavras que n˜o gozam dessa propriedade
                                            a
              de heterossignificantes.
              Pergunta: heterossignificante ´ heterossignificante?
                                           e




                                                                         18 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o


      Exemplo - Analogia
          Conjunto das palavras que gozam da propriedade implicada
          por seu significado
              Ex: proparox´
                          ıtono ´ uma proparox´
                                e             ıtona
              Vamos chamar as palavras que n˜o gozam dessa propriedade
                                            a
              de heterossignificantes.
              Pergunta: heterossignificante ´ heterossignificante?
                                           e
                          ¸˜
              CONTRADICAO!!




                                                                         18 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o
      Senten¸as de G¨del
             c       o
      Seja X uma senten¸a e W um conjunto de express˜es. Dizemos
                        c                           o
      que X ´ uma senten¸a de G¨del para W se e somente se X tem a
             e            c    o
      propriedade: X ∈ T ⇐⇒ X ∈ W.

      Podemos concluir disso que todas as senten¸as de G¨del se
                                                 c       o
      encontram na regi˜o (T ∩ g −1 (A)) ∪ (S − (T ∪ g −1 (A)))
                       a




                                                                     19 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o




                                Figure : Senten¸as de G¨del para W.
                                               c       o



                                                                      20 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o
      Primeiro lema da diagonaliza¸˜o
                                  ca

      Seja Z um SRA e W ⊆ E. Se W ∗ ´ represent´vel em Z ent˜o W
                                       e          a            a
      admite (existe) uma senten¸a de G¨del. Mais especificamente, se
                                c      o
      H ´ um predicado que representa W ∗ , ent˜o H(h) ´ uma senten¸a
        e                                      a       e           c
      de G¨del para W .
           o




                                                                        21 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o
      Primeiro lema da diagonaliza¸˜o
                                  ca

      Seja Z um SRA e W ⊆ E. Se W ∗ ´ represent´vel em Z ent˜o W
                                       e          a            a
      admite (existe) uma senten¸a de G¨del. Mais especificamente, se
                                c      o
      H ´ um predicado que representa W ∗ , ent˜o H(h) ´ uma senten¸a
        e                                      a       e           c
      de G¨del para W .
           o

      Teorema 1
      Seja Z um SRA. O conjunto T ∗ n˜o ´ represent´vel em Z.
                                       a e          a
      Demonstra¸˜o: Suponha que T ∗ ´ represent´vel. Ent˜o existe um
                 ca                   e          a       a
      predicado H que o representa em Z. Pelo Lema da diagonaliza¸˜o,
                                                                  ca
      H(h) ´ uma senten¸a de G¨del para T ∗ . Desse modo, H(h) ∈ T se
            e          c       o
      e somente se H(h) ∈ T , o que ´ um absurdo. Logo, T ∗ n˜o ´
                                    e                        a e
      represent´vel.
               a
                                                                        21 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o




                                Figure : Senten¸as de G¨del para W.
                                               c       o

      E se considerarmos W = R, quais seriam as senten¸as de G¨del
                                                      c       o
      para R?




                                                                      22 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o




                                Figure : Senten¸as de G¨del para W.
                                               c       o

      E se considerarmos W = R, quais seriam as senten¸as de G¨del
                                                      c       o
      para R?
      Corol´rio
           a
      Seja Z um SRA. Ent˜o, toda senten¸a indecid´ ´ uma senten¸a
                        a              c         ıvel e        c
      de G¨del para R.
           o
                                                                      22 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o


      Teorema ”Quase L´”
                      a
      Seja Z um SRA. Se R∗ ´ represent´vel em Z, ent˜o Z ´
                               e         a            a     e
      inconsistente ou incompleto.
      Demonstra¸˜o: Se R∗ ´ represent´vel ent˜o existe um predicado,
                  ca          e         a      a
      digamos H, que o representa. Pelo lema da diagonaliza¸˜o, H(h) ´
                                                             ca         e
      uma senten¸a de G¨del para R. Assim, H(h) ∈ T ⇐⇒ H(h) ∈ R.
                   c      o
      Isto significa que: (i) H(h) ∈ T ∩ R e assim Z seria inconsistente
      ou (ii) H(h) ∈ T ∪ R e neste caso Z seria incompleto.
                     /




                                                                            23 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Senten¸as de G¨del
      c       o




                           Figure : As duas alternativas para um SRA.




                                                                        24 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Sistemas formais como SRAs



      Teorema 1F
      Seja Z uma SRAE. Se todo conjunto recursivo ´ represent´vel em
                                                       e          a
      Z, ent˜o Z ´ um sistema formal indecid´
             a     e                            ıvel.
      Demonstra¸˜o: Suponha que T fosse recursivo. Logo T tamb´m
                  ca                                                  e
      seria recursivo. Ent˜o, T ∗ seria recursivo. Desta forma, T ∗ seria
                          a
      represent´vel em Z, pela hip´tese do teorema, o que contraria um
                a                  o
      dos teoremas mostrados.




                                                                            25 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Sistemas formais como SRAs


      Teorema 2F
      Seja Z uma SRA. Se Z ´ um sistema formal indecid´
                              e                          ıvel, ent˜o Z ´
                                                                  a    e
      inconsistente ou incompleto.
      Demonstra¸˜o: Se Z ´ saturado (nega¸˜o do teorema), ter´ ambos
                 ca         e               ca                   a
      T e R como conjuntos recursivamente enumer´veis e
                                                    a
      complementares com respeito a S, portanto ambos T e R seriam
      recursivos e portanto Z decid´
                                   ıvel. Logo Z ´ n˜o saturado, ou seja,
                                                e a
      inconsistente ou incompleto.




                                                                           26 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Teorema final



      Primeiro Teorema de G¨del
                           o
      Se um sistema formal Z ´ suficientemente poderoso para
                               e
      representar todos os conjuntos recursivos, ent˜o Z ´ inconsistente
                                                     a   e
      ou incompleto.
      Demonstra¸˜o: Por hip´tese todo conjunto pode ser representado
                 ca          o
      em Z, ent˜o, pelo Teorema 1F, Z ´ indecid´ e, portanto, pelo
                a                       e         ıvel
      Teorema 2F, Z ´ inconsistente ou incompleto.
                     e




                                                                           27 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca




Conclus˜es
       o
              At´ hoje se especula as implica¸˜es dos Teoremas da
                 e                           co
              Incompletude na matem´tica e na filosofia.
                                      a
              G¨del discute exaustivamente em seus trabalhos posteriores
                o
              quest˜es que variam, desde o conceito de inteligˆncia at´ a
                    o                                         e       e
              existˆncia de Deus (argumento ontol´gico de G¨del).
                   e                              o          o
              Em teoria da computabilidade: os teoremas s˜o relacionados a
                                                          a
              v´rios resultados
               a
                     Stephen Cole Kleene (1947) mostrou que se a aritm´tica fosse
                                                                         e
                     consistente e completa isto for¸aria o problema da parada a ser
                                                    c
                     decid´
                          ıvel, o que implica em uma contradi¸˜o.
                                                               ca
              Sempre haver´ mais coisas que s˜o verdadeiras do que se
                            a                a
              pode provar;
              Todos os sistemas fechados dependem de suposi¸˜es feitas
                                                             co
              fora do sistema e que n˜o podem ser provadas;
                                     a
                                                                                       28 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca



      [1] R. de Carvalho, Modelos de computa¸˜o e sistemas formais.
                                            ca
          DCC/IM, COPPE/UFRJ, NCE-UFRJ, 1998.
      [2] O. Goldreich, Computational complexity - a conceptual
          perspective. Cambridge University Press, 2008.
      [3] D. Hilbert, Mathematische Probleme, ser. Archiv der
          Mathematik und Physik, M. W. English Translation, Ed.
          Bulletin of the American Mathematical Society 8, 1901, vol. 3,
          no. 1. [Online]. Available:
          http://aleph0.clarku.edu/∼djoyce/hilbert/problems.html
      [4] J. Hopcroft, R. Motwani, and J. Ullman, Introduction to
          automata theory, languages, and computation.
          Addison-wesley Reading, MA, 1979, vol. 2.
      [5] S. Kleene, Mathematical logic. Dover publications, 2002.


                                                                           28 / 28
Teoremas da Incompletude de G¨del
                             o
  Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos
                                     ca



      [6] M. Sipser and R. de Queiroz, Introdu¸˜o ` teoria da
                                              ca a
          computa¸˜o. Thomson Learning, 2007.
                  ca
      [7] R. Smullyan, Five Thousand BC and Other Philosophical
          Fantasies. St. Martin’s Press, 1983.
      [8] A. Whitehead and B. Russell, Principia mathematica.
          University Press, 1912, vol. 2.




                                                                  28 / 28

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

4ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-10
4ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-104ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-10
4ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-10
mary brito
 
Calculo vetorial
Calculo vetorialCalculo vetorial
Calculo vetorial
tooonks
 
Relatório 2ª lei de newton turma t5
Relatório 2ª lei de newton   turma t5Relatório 2ª lei de newton   turma t5
Relatório 2ª lei de newton turma t5
Roberto Leao
 
Regressão - aula 03/04
Regressão - aula 03/04Regressão - aula 03/04
Regressão - aula 03/04
Rodrigo de Sá
 
Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...
Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...
Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...
Abilio Cardoso Teixeira
 
2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf
2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf
2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf
christian Dávila Pinedo
 

Was ist angesagt? (20)

Apostila estatistica1
Apostila estatistica1Apostila estatistica1
Apostila estatistica1
 
Resolvidos bpnormal
Resolvidos bpnormalResolvidos bpnormal
Resolvidos bpnormal
 
06-integrais de superfície
06-integrais de  superfície06-integrais de  superfície
06-integrais de superfície
 
4ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-10
4ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-104ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-10
4ºp regina enf_cirúrgica_texto_centro_cirúrgico_14-10
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Didinâmica das Maquinas - Aula- 01
Didinâmica das Maquinas - Aula- 01Didinâmica das Maquinas - Aula- 01
Didinâmica das Maquinas - Aula- 01
 
Qualidade Em SaúDe
Qualidade Em SaúDeQualidade Em SaúDe
Qualidade Em SaúDe
 
A política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas
  A política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas  A política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas
A política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas
 
Calculo vetorial
Calculo vetorialCalculo vetorial
Calculo vetorial
 
Exemplo de cálculo média,moda e mediana com distribuição frequencia
Exemplo de cálculo média,moda e mediana com distribuição frequenciaExemplo de cálculo média,moda e mediana com distribuição frequencia
Exemplo de cálculo média,moda e mediana com distribuição frequencia
 
Relatório 2ª lei de newton turma t5
Relatório 2ª lei de newton   turma t5Relatório 2ª lei de newton   turma t5
Relatório 2ª lei de newton turma t5
 
Pnh
PnhPnh
Pnh
 
Lista de Exercícios Econometria I - UFES
Lista de Exercícios Econometria I - UFESLista de Exercícios Econometria I - UFES
Lista de Exercícios Econometria I - UFES
 
Regressão - aula 03/04
Regressão - aula 03/04Regressão - aula 03/04
Regressão - aula 03/04
 
Introdução em saúde do trabalhador
Introdução  em saúde do trabalhadorIntrodução  em saúde do trabalhador
Introdução em saúde do trabalhador
 
05. leis de newton
05. leis de newton05. leis de newton
05. leis de newton
 
Estudo dirigido Saúde Coletiva
Estudo dirigido Saúde ColetivaEstudo dirigido Saúde Coletiva
Estudo dirigido Saúde Coletiva
 
Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...
Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...
Encontro - Enfermagem e Empoderamento Comunitário: Empoderamento Profissional...
 
2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf
2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf
2011_Field (completo)Descobrindo a estatística com SPSS.pdf
 
Planejamento das Medições (aula 5)
Planejamento das Medições (aula 5)Planejamento das Medições (aula 5)
Planejamento das Medições (aula 5)
 

Mehr von Helio Henrique L. C. Monte-Alto

Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...
Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...
Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...
Helio Henrique L. C. Monte-Alto
 
Introdução à Programação Orientada a Objetos Usando Java
Introdução à Programação Orientada a Objetos Usando JavaIntrodução à Programação Orientada a Objetos Usando Java
Introdução à Programação Orientada a Objetos Usando Java
Helio Henrique L. C. Monte-Alto
 
Estudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologias
Estudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologiasEstudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologias
Estudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologias
Helio Henrique L. C. Monte-Alto
 

Mehr von Helio Henrique L. C. Monte-Alto (14)

Processo de Software
Processo de SoftwareProcesso de Software
Processo de Software
 
Desenvolvimento Ágil de Software
Desenvolvimento Ágil de SoftwareDesenvolvimento Ágil de Software
Desenvolvimento Ágil de Software
 
Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...
Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...
Context Awareness e Sistemas Multiagentes para o Suporte a Ambientes de Traba...
 
Suporte à Programação Orientada a Objetos
Suporte à Programação Orientada a ObjetosSuporte à Programação Orientada a Objetos
Suporte à Programação Orientada a Objetos
 
Introdução à Programação Orientada a Objetos Usando Java
Introdução à Programação Orientada a Objetos Usando JavaIntrodução à Programação Orientada a Objetos Usando Java
Introdução à Programação Orientada a Objetos Usando Java
 
Tipos Abstratos de Dados e Encapsulamento
Tipos Abstratos de Dados e EncapsulamentoTipos Abstratos de Dados e Encapsulamento
Tipos Abstratos de Dados e Encapsulamento
 
Multi-agent applications in a context-aware global software development envir...
Multi-agent applications in a context-aware global software development envir...Multi-agent applications in a context-aware global software development envir...
Multi-agent applications in a context-aware global software development envir...
 
Estudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologias
Estudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologiasEstudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologias
Estudo de técnicas de persistência e acesso concorrente a ontologias
 
Investigação de Recursos de Comunicação e Colaboração na Infraestrutura Seman...
Investigação de Recursos de Comunicação e Colaboração na Infraestrutura Seman...Investigação de Recursos de Comunicação e Colaboração na Infraestrutura Seman...
Investigação de Recursos de Comunicação e Colaboração na Infraestrutura Seman...
 
Arquitetura orientada a serviços (SOA)
Arquitetura orientada a serviços (SOA)Arquitetura orientada a serviços (SOA)
Arquitetura orientada a serviços (SOA)
 
Sistemas Multiagentes e Sistemas Distribuídos Sensíveis ao Contexto
Sistemas Multiagentes e Sistemas Distribuídos Sensíveis ao ContextoSistemas Multiagentes e Sistemas Distribuídos Sensíveis ao Contexto
Sistemas Multiagentes e Sistemas Distribuídos Sensíveis ao Contexto
 
Ferramentas Case - fase de análise e projeto
Ferramentas Case - fase de análise e projetoFerramentas Case - fase de análise e projeto
Ferramentas Case - fase de análise e projeto
 
Rmi (remote method invocation)
Rmi (remote method invocation)Rmi (remote method invocation)
Rmi (remote method invocation)
 
ESTUDO DE MOBILIDADE DE AGENTES EM APLICAÇÕES SENSÍVEIS AO CONTEXTO
ESTUDO DE MOBILIDADE DE AGENTES EM  APLICAÇÕES SENSÍVEIS AO CONTEXTOESTUDO DE MOBILIDADE DE AGENTES EM  APLICAÇÕES SENSÍVEIS AO CONTEXTO
ESTUDO DE MOBILIDADE DE AGENTES EM APLICAÇÕES SENSÍVEIS AO CONTEXTO
 

Teoremas da Incompletude de Gödel

  • 1. Teoremas da Incompletude de G¨del o Teoremas da Incompletude de G¨del o Helio H. L. C. Monte-Alto Anderson da Silva Marcolino Lucas de Oliveira Teixeira 2012 1 / 28
  • 2. Teoremas da Incompletude de G¨del o Sum´rio a Sum´rio I a 1 Sum´rio a 2 Vis˜o geral a 3 Defini¸˜es co 4 Demonstra¸˜o ca 5 Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca 2 / 28
  • 3. Teoremas da Incompletude de G¨del o Vis˜o geral a Vis˜o geral a Kurt G¨del o Matem´tico austr´ a ıaco Desenvolveu os dois teoremas da incompletude em 1931 Matem´tica no in´ do s´culo XX a ıcio e Positivismo Acreditava-se que seria poss´ encontrar um conjunto de ıvel axiomas completo e consistente para toda matem´tica a Segundo problema de Hilbert: provar que a aritm´tica ´ e e consistente Os teoremas da incompletude s˜o largamente aceitos como a uma resposta negativa a este problema 3 / 28
  • 4. Teoremas da Incompletude de G¨del o Vis˜o geral a Teoremas - Vis˜o geral a Defini¸˜o informal: ca 1 Qualquer teoria axiom´tica recursivamente enumer´vel e a a capaz de expressar aritm´tica elementar n˜o pode ser, ao e a mesmo tempo, consistente e completa. 2 Para qualquer teoria formal recursivamente enumer´vel T que a inclui verdades aritm´ticas b´sicas e tamb´m certas verdades e a e da teoria da prova, se T inclui uma afirma¸˜o de sua pr´pria ca o consistˆncia, ent˜o T ´ inconsistente e a e 4 / 28
  • 5. Teoremas da Incompletude de G¨del o Defini¸oes c˜ Defini¸oes c˜ Um sistema ´ consistente se n˜o ´ poss´ deduzir e a e ıvel contradi¸˜es a partir de seus axiomas. co Um sistema ´ completo se ´ de poss´ deduzir todas as e e ıvel f´rmulas verdadeiras a partir de seus axiomas. o Uma teoria axiom´tica ´ uma teoria baseada num conjunto de a e axiomas a partir dos quais s˜o deduzidos teoremas utilizando a procedimentos bem definidos. Em s´ıntese, G¨del provou que, se a aritm´tica ´ consistente, ent˜o o e e a ´ incompleta. e 5 / 28
  • 6. Teoremas da Incompletude de G¨del o Demonstra¸˜o ca Demonstra¸˜o ca Princ´ ıpio: auto-referˆncia e Reescrita de um sistema formal utilizando a linguagem dos n´meros naturais u Exemplo: Problema de Smullyan 6 / 28
  • 7. Teoremas da Incompletude de G¨del o Demonstra¸˜o ca Problema G¨deliano de Smullyan o Seja um programa que imprime cadeias com os seguintes s´ ımbolos ¬, I , N, (, ) Uma cadeia X ´ imprim´ se o programa pode imprimi-la. e ıvel Supomos que o programa imprimir´, mais cedo ou mais tarde, a todas as cadeias imprim´ ıveis. A norma de uma cadeia X ´ a cadeia X (X ). e Uma senten¸a ´ uma cadeia de uma das quatro formas abaixo: c e 1 I (X ) 2 IN(X ) 3 ¬I (X ) 4 ¬IN(X ) onde X ´ uma cadeia. e 7 / 28
  • 8. Teoremas da Incompletude de G¨del o Demonstra¸˜o ca Problema G¨deliano de Smullyan o Seja a senten¸a ¬IN(¬IN). c Por defini¸˜o, esta senten¸a ´ verdadeira se e somente se a norma ca c e da cadeia ¬IN n˜o ´ imprim´ a e ıvel. No entanto, a norma de ¬IN ´ justamente a senten¸a ¬IN(¬IN), e c logo esta senten¸a ´ verdadeira se e somente se ela n˜o ´ c e a e imprim´ıvel. Temos duas hip´teses: o a senten¸a ´ imprim´ c e ıvel, mas falsa - contradi¸˜o, pois o ca programa s´ imprime senten¸as verdadeiras; o c a senten¸a ´ verdadeira, mas n˜o imprim´ c e a ıvel; 8 / 28
  • 9. Teoremas da Incompletude de G¨del o Demonstra¸˜o ca Problema G¨deliano de Smullyan o Analogia: O programa n˜o ´ capaz de imprimir todas as senten¸as a e c verdadeiras Um sistema formal possuir´ afirma¸˜es verdadeiras que n˜o a co a podem ser provadas 9 / 28
  • 10. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Os teoremas foram inicialmente provados para o sistema formal da aritm´tica (Aritm´tica de Peano) e e Prova mais gen´rica: utilizando Sistemas de Representa¸˜o e ca Abstratos (SRA) SRAs permitem representar sistemas de alta diversidade de estruturas sint´ticas a 10 / 28
  • 11. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Um sistema de representa¸˜o abstrato (SRA) Z ´ uma s´tupla ca e e E, g , S, T , R, P, Φ onde E ´ um conjunto enumer´vel de elementos chamados de e a express˜es; o g ´ uma fun¸˜o de E em N, bijetora, chamada de enumera¸˜o de e ca ca G¨del; o S ⊆ E: senten¸as;c T ⊆ S senten¸as verdadeiras, ou teoremas; c R ⊆ S senten¸as falsas, ou anti-teoremas; c P ⊆ E ´ um conjunto de predicados un´rios; e a Φ, chamada de fun¸˜o de representa¸˜o, ´ uma fun¸˜o de E × N ca ca e ca em E, que atribui a cada express˜o H e n´mero natural n, a a u express˜o Φ(H, n), que ser´ abreviada por H(n). a a 11 / 28
  • 12. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Figure : Sistemas Abstratos de Representa¸˜o (SRA). ca 12 / 28
  • 13. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Exemplo: Teoria dos n´meros - N´meros primos u u Seja o predicado Primo. Ent˜o Φ(Primo, n) ´ a senten¸a Primo(n), lida como ”n ´ a e c e primo”. Supondo que n = 5 temos que Primo(5) ´ uma senten¸a e c verdadeira (Primo(5) ∈ T ) e que se n = 6 temos que Primo(6) ´ uma senten¸a falsa (Primo(6) ∈ R). e c 13 / 28
  • 14. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca SRAs - Consistˆncia e Completude e Seja Z = E, g , S, T , R, P, Φ um SRA. Dizemos que Z ´: e Consistente Se T ∩ R = ∅; Completo Se T ∪ R = S; Saturado Se Z ´ consistente e completo. e Z ´ completo se, e somente se, toda senten¸a de Z ´ decid´ em e c e ıvel Z 14 / 28
  • 15. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Diagonaliza¸˜o, n´meros e senten¸as de G¨del ca u c o Diagonaliza¸˜o ca Seja Z um SRA e X uma express˜o de Z, cujo n´mero de G¨del ´ a u o e g(X). A express˜o Φ(X , g (X )) ´ a diagonaliza¸˜o ou norma de X. a e ca Caso X seja um predicado H, Φ(H, g (H)) ´ uma senten¸a, e c chamada de senten¸a diagonal, que denotamos por H(h). c N´meros de G¨del u o Seja Z um SRA e W ⊆ E. W ∗ ´ o conjunto dos n´meros de G¨del e u o das express˜es X cuja diagonaliza¸˜o Φ(X , Xγ ) ∈ W, isto ´: o ca e W ∗ = {Xγ |Xγ = g (X ) e Φ(X , Xγ ) ∈ W} 15 / 28
  • 16. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Diagonaliza¸˜o, n´meros e senten¸as de G¨del ca u c o Figure : Diagonaliza¸˜o de duas express˜es: a de uma express˜o X ca o a qualquer e a de um predicado H. 16 / 28
  • 17. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Senten¸as de G¨del c o Seja X uma senten¸a e A um conjunto de n´meros. Dizemos que c u X ´ uma senten¸a de G¨del para A se e somente se X tem a e c o propriedade: X ∈ T ⇐⇒ Xγ ∈ A. Intuitivamente, uma senten¸a de G¨del afirma que o n´mero de c o u G¨del de um predicado satisfaz o predicado. o X ´ uma senten¸a de G¨del para um conjunto A de n´meros e c o u quando g (X ) (o significado de X em N) pertence ao conjunto A se e somente se este fato (sua pertinˆncia) ´ prov´vel no sistema, isto e e a ´, pertence a T . e 17 / 28
  • 18. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Exemplo - Analogia Conjunto das palavras que gozam da propriedade implicada por seu significado Ex: proparox´ ıtono ´ uma proparox´ e ıtona Vamos chamar as palavras que n˜o gozam dessa propriedade a de heterossignificantes. Pergunta: heterossignificante ´ heterossignificante? e 18 / 28
  • 19. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Exemplo - Analogia Conjunto das palavras que gozam da propriedade implicada por seu significado Ex: proparox´ ıtono ´ uma proparox´ e ıtona Vamos chamar as palavras que n˜o gozam dessa propriedade a de heterossignificantes. Pergunta: heterossignificante ´ heterossignificante? e ¸˜ CONTRADICAO!! 18 / 28
  • 20. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Senten¸as de G¨del c o Seja X uma senten¸a e W um conjunto de express˜es. Dizemos c o que X ´ uma senten¸a de G¨del para W se e somente se X tem a e c o propriedade: X ∈ T ⇐⇒ X ∈ W. Podemos concluir disso que todas as senten¸as de G¨del se c o encontram na regi˜o (T ∩ g −1 (A)) ∪ (S − (T ∪ g −1 (A))) a 19 / 28
  • 21. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Figure : Senten¸as de G¨del para W. c o 20 / 28
  • 22. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Primeiro lema da diagonaliza¸˜o ca Seja Z um SRA e W ⊆ E. Se W ∗ ´ represent´vel em Z ent˜o W e a a admite (existe) uma senten¸a de G¨del. Mais especificamente, se c o H ´ um predicado que representa W ∗ , ent˜o H(h) ´ uma senten¸a e a e c de G¨del para W . o 21 / 28
  • 23. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Primeiro lema da diagonaliza¸˜o ca Seja Z um SRA e W ⊆ E. Se W ∗ ´ represent´vel em Z ent˜o W e a a admite (existe) uma senten¸a de G¨del. Mais especificamente, se c o H ´ um predicado que representa W ∗ , ent˜o H(h) ´ uma senten¸a e a e c de G¨del para W . o Teorema 1 Seja Z um SRA. O conjunto T ∗ n˜o ´ represent´vel em Z. a e a Demonstra¸˜o: Suponha que T ∗ ´ represent´vel. Ent˜o existe um ca e a a predicado H que o representa em Z. Pelo Lema da diagonaliza¸˜o, ca H(h) ´ uma senten¸a de G¨del para T ∗ . Desse modo, H(h) ∈ T se e c o e somente se H(h) ∈ T , o que ´ um absurdo. Logo, T ∗ n˜o ´ e a e represent´vel. a 21 / 28
  • 24. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Figure : Senten¸as de G¨del para W. c o E se considerarmos W = R, quais seriam as senten¸as de G¨del c o para R? 22 / 28
  • 25. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Figure : Senten¸as de G¨del para W. c o E se considerarmos W = R, quais seriam as senten¸as de G¨del c o para R? Corol´rio a Seja Z um SRA. Ent˜o, toda senten¸a indecid´ ´ uma senten¸a a c ıvel e c de G¨del para R. o 22 / 28
  • 26. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Teorema ”Quase L´” a Seja Z um SRA. Se R∗ ´ represent´vel em Z, ent˜o Z ´ e a a e inconsistente ou incompleto. Demonstra¸˜o: Se R∗ ´ represent´vel ent˜o existe um predicado, ca e a a digamos H, que o representa. Pelo lema da diagonaliza¸˜o, H(h) ´ ca e uma senten¸a de G¨del para R. Assim, H(h) ∈ T ⇐⇒ H(h) ∈ R. c o Isto significa que: (i) H(h) ∈ T ∩ R e assim Z seria inconsistente ou (ii) H(h) ∈ T ∪ R e neste caso Z seria incompleto. / 23 / 28
  • 27. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Senten¸as de G¨del c o Figure : As duas alternativas para um SRA. 24 / 28
  • 28. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Sistemas formais como SRAs Teorema 1F Seja Z uma SRAE. Se todo conjunto recursivo ´ represent´vel em e a Z, ent˜o Z ´ um sistema formal indecid´ a e ıvel. Demonstra¸˜o: Suponha que T fosse recursivo. Logo T tamb´m ca e seria recursivo. Ent˜o, T ∗ seria recursivo. Desta forma, T ∗ seria a represent´vel em Z, pela hip´tese do teorema, o que contraria um a o dos teoremas mostrados. 25 / 28
  • 29. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Sistemas formais como SRAs Teorema 2F Seja Z uma SRA. Se Z ´ um sistema formal indecid´ e ıvel, ent˜o Z ´ a e inconsistente ou incompleto. Demonstra¸˜o: Se Z ´ saturado (nega¸˜o do teorema), ter´ ambos ca e ca a T e R como conjuntos recursivamente enumer´veis e a complementares com respeito a S, portanto ambos T e R seriam recursivos e portanto Z decid´ ıvel. Logo Z ´ n˜o saturado, ou seja, e a inconsistente ou incompleto. 26 / 28
  • 30. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Teorema final Primeiro Teorema de G¨del o Se um sistema formal Z ´ suficientemente poderoso para e representar todos os conjuntos recursivos, ent˜o Z ´ inconsistente a e ou incompleto. Demonstra¸˜o: Por hip´tese todo conjunto pode ser representado ca o em Z, ent˜o, pelo Teorema 1F, Z ´ indecid´ e, portanto, pelo a e ıvel Teorema 2F, Z ´ inconsistente ou incompleto. e 27 / 28
  • 31. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca Conclus˜es o At´ hoje se especula as implica¸˜es dos Teoremas da e co Incompletude na matem´tica e na filosofia. a G¨del discute exaustivamente em seus trabalhos posteriores o quest˜es que variam, desde o conceito de inteligˆncia at´ a o e e existˆncia de Deus (argumento ontol´gico de G¨del). e o o Em teoria da computabilidade: os teoremas s˜o relacionados a a v´rios resultados a Stephen Cole Kleene (1947) mostrou que se a aritm´tica fosse e consistente e completa isto for¸aria o problema da parada a ser c decid´ ıvel, o que implica em uma contradi¸˜o. ca Sempre haver´ mais coisas que s˜o verdadeiras do que se a a pode provar; Todos os sistemas fechados dependem de suposi¸˜es feitas co fora do sistema e que n˜o podem ser provadas; a 28 / 28
  • 32. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca [1] R. de Carvalho, Modelos de computa¸˜o e sistemas formais. ca DCC/IM, COPPE/UFRJ, NCE-UFRJ, 1998. [2] O. Goldreich, Computational complexity - a conceptual perspective. Cambridge University Press, 2008. [3] D. Hilbert, Mathematische Probleme, ser. Archiv der Mathematik und Physik, M. W. English Translation, Ed. Bulletin of the American Mathematical Society 8, 1901, vol. 3, no. 1. [Online]. Available: http://aleph0.clarku.edu/∼djoyce/hilbert/problems.html [4] J. Hopcroft, R. Motwani, and J. Ullman, Introduction to automata theory, languages, and computation. Addison-wesley Reading, MA, 1979, vol. 2. [5] S. Kleene, Mathematical logic. Dover publications, 2002. 28 / 28
  • 33. Teoremas da Incompletude de G¨del o Prova usando Sistemas de Representa¸˜o Abstratos ca [6] M. Sipser and R. de Queiroz, Introdu¸˜o ` teoria da ca a computa¸˜o. Thomson Learning, 2007. ca [7] R. Smullyan, Five Thousand BC and Other Philosophical Fantasies. St. Martin’s Press, 1983. [8] A. Whitehead and B. Russell, Principia mathematica. University Press, 1912, vol. 2. 28 / 28