2. No livro “Para Rir e Refletir”, Richard Simonetti conta a estória daquela
mãe às voltas com dois filhos rebeldes. Dois meninos, doze e dez anos,
que davam muito trabalho. Invariavelmente, qualquer confusão na
pequena cidade envolvia os pirralhos. Reclamações de vizinhos, da escola,
chegavam diariamente, e ela já não sabia mais o que fazer, até que mudou-
se para aquela cidade onde moravam um padre, que tinha a fama de ser
disciplinador de crianças rebeldes. A mãe, preocupada com o futuro dos
encapetados rebentos, pediu ajuda ao pároco. Ela foi falar com ele, e o
pároco recomendou que os meninos fossem levados à igreja, para uma
conversa. Ao chegarem lá, o sacerdote deixou o mais velho na porta da
igreja e levou o mais novo para a sacristia.
3. Chegando lá, fê-lo sentar num banco, e postou-se diante dele.
Considerando que era preciso colocar um pouco de temor a Deus na
cabeça daquele garoto, tratou logo de intimidá-lo. Em tom ameaçador
disse: -Menino, eu tenho uma pergunta muito simples para lhe fazer! Diga-
me, onde está Deus? Não houve resposta. Encolhido na banqueta, o
pirralho, de olhos esbugalhados, mãos trêmulas, olhava pasmo para aquela
montanha humana. O padre, um homem corpulento, e com quase dois
metros de altura, decidido, continuou a perguntar, em tom ríspido. Menino,
eu lhe fiz uma pergunta! Onde está Deus? E o menino, tremendo de medo,
continuou calado. Ante o mutismo do interrogado, o sacerdote ergueu
ainda mais a voz e, dedo em riste, bradou, tonitruante:
4. -Vou perguntar pela última vez! Responda-me! Onde está Deus? O garoto
aproveitou-se de um descuido do padre e, pondo-se a gritar, saiu em
desabalada carreira. Passou pelo irmão com a velocidade dos apavorados,
e foi direto para casa, escondendo-se num armário em seu quarto. O irmão
o encontrou. Vendo-o pálido e agitado, perguntou o que acontecera. O
assustado, tentando recuperar o fôlego, gaguejou: -cara, nem lhe conto!
Desta vez, estamos mesmo encrencados! Deus sumiu! E o padre está
pensando que é arte nossa.
Essa estória revela uma situação bem atual. O sumiço de Deus. Nós
sabemos que isto é impossível. O Criador está sempre presente. Aqui,
além, acolá, dentro de nós mesmos.
5. Mas as pessoas, de um modo geral, estão agindo como se Deus tivesse
sumido, sido sequestrado, ou estivesse descansando, como diz o Velho
Testamento. Na realidade, o que anda sumida é a percepção de um ser
divino, inseparável da Natureza, que tudo sabe, tudo pode, tudo vê. Que
exercita infalível justiça, premiando os bons e corrigindo os maus. Aliás e
a propósito, o mundo não está sofrendo uma profunda modificação? Isto
porque, na Terra, por ser um mundo de Expiações e Provas, encarnam
Espíritos das zonas espirituais mais atrasadas, cheios de vícios. Então, fica
claro que esse tipo de presença entre nós só poderia mesmo fazer nossa
Humanidade mergulhar num caos moral espiritual.
6. Só mesmo companhias como as desses Espíritos poderiam insuflar tantos e
tão degradantes vícios, e tão diabólicos comportamentos que estamos
presenciando. Novos modismos, cimentando mentalidades e posturas de
vida nunca imaginadas. A violência está presente em todos os cantos e,
pior, as pessoas nem sabem por que estão violentas. Lemos diariamente
que criaturas cometem crimes. Matam com a maior tranquilidade, e sem
um pingo de arrependimento. Vícios, mentiras, maldades, grandes e
pequenos deslizes, em relação às leis divinas, são cometidos,
incessantemente. Mães abandonam seus filhos recém-nascidos em
qualquer lugar; outras, espancam os indefesos até à morte; e, pasmem!
7. Há aqueles que conseguem esquecer seus bebês trancados dentro de um
carro, impondo-lhes a morte por asfixia. Daí, a força do mal no mundo,
embora sob controle do bem. Um filme, uma novela, um programa de Tv,
para ter sucesso, precisa ter violência. E a prostituição infantil? Só mesmo
um espírito profundamente pervertido pode ter prazer em fazer sexo com
uma criança. Por tudo isso, não podemos negar que existem muitos
monstros humanos vivendo entre nós. E por que isto acontece? Onde está
Deus? É o caso de se perguntar: qual é a razão dessas encarnações? O
Espiritismo nos dá as respostas. Pelas informações de Mentores
Espirituais, essas medidas têm três finalidades:
8. Uma, a de dar a essa leva de espíritos moralmente atrasados uma última
oportunidade para se regenerarem; outra, para promover a quebra dos
antigos valores apresentados mais na hipocrisia do que em virtudes; e a
última, para produzir uma definição segura dos valores de todas as
criaturas, visando uma seleção, uma triagem, que deverá definir quem fica
e quem será convidado a se retirar da Terra, para que a Humanidade
terrena possa iniciar um novo ciclo evolutivo, o de regeneração, com
justiça e fraternidade.
9. E nesse remanejamento entre comunidades planetárias, os espíritos
deportados da Terra terão uma nova oportunidade de refazerem os próprio
caminhos na nova morada e, ao mesmo tempo, estarão ajudando o
progresso material e intelectual daquela nova Humanidade.
Quanto aos critérios de seleção que deverão decidir o destino de todos nós,
Jesus os definiu inúmeras vezes, e com exatidão, principalmente quando
disse que o Rei vai separar os bons e os maus. Os bons, ficarão à Sua
direita e herdarão a Terra, e os maus à Sua esquerda e serão lançados às
trevas exteriores.
10. E o Cristo dá detalhes: os bons são aqueles que amam o próximo, a ponto
de ajudá-lo em suas dificuldades; dando comida ao faminto, dando roupa
ao nu, visitando doentes e encarcerados, ou seja, vivenciando a
solidariedade, a caridade, que é o amor posto em ação.
Assim, fica fácil entender que apenas os valores adquiridos e aplicados nas
ações irão tutelar a “Salvação”.
Portanto, devemos encontrar Deus, e trazê-lo para o nosso cotidiano, para
que possamos ser mais comedidos, mais disciplinados, mais caridosos,
mais fortes e confiantes.