O poema descreve como as mãos humanas são capazes de tanto criar quanto destruir, fazendo a paz ou a guerra. As mãos constroem poesia, casas, cidades e flores, mas também são armas que podem ferir. No entanto, é nas mãos de cada um que começa a liberdade.
2. Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
Thiago Souto - Flickr
5. “Grândola, Vila Morena" é uma canção
composta e cantada por Zeca Afonso que
foi escolhida pelo Movimento das Forças
Armadas (MFA) para ser a segunda
senha de sinalização da Revolução dos
Cravos. A canção refere-se à fraternidade
entre o povo de Grândola, vila do
Alentejo. À meia noite e vinte minutos
do dia 25 de Abril de 1974, a canção
foi transmitida pelo programa independente
Limite através da Rádio Renascença como
sinal para confirmar o início da revolução.
Também por esse motivo, transformou-se
em símbolo da revolução, assim como do
início da democracia em Portugal.
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos
(Aveiro, 02/08/1929 — Setúbal, 23/02/1987)
8. Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
wonderlanddd - Flickr
24. 25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
In “O Nome das Coisas”
32. O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi Celeste Caeiro,
que trabalhava num restaurante na Rua Braancamp, em Lisboa, que iniciou a distribuição dos cravos
vermelhos aos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas.
Por isso se chama ao 25 de Abril de 74 a "Revolução dos Cravos" .
40. A Revolução dos Cravos, denominada historicamente Revolução de 25 de Abril,
refere-se a um período da história de Portugal resultante de um movimento social,
ocorrido a 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo,
vigente desde 1933, e iniciou um processo que viria a terminar com a implantação
de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25
de abril de 1976, com uma forte orientação socialista na sua origem.
Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças
Armadas (MFA), que era composto na sua maior parte por capitãesque tinham
participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos. Este
movimento surgiu por volta de 1973, baseando-se inicialmente em reivindicações
corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se
estender ao regime político em vigor. Com reduzido poderio militar e com uma
adesão em massa da população ao movimento, a resistência do regime foi
praticamente inexistente e infrutífera, registando-se 4 civis mortos e 45 feridos em
Lisboa pelas balas da DGS (Direção Geral de Segurança).
O movimento confiou a direção do País à Junta de Salvação Nacional, que
assumiu os poderes dos órgãos do Estado.
A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi nomeado Presidente da
República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuído a Adelino da Palma Carlos.
Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como
o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado por manifestações,
ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares.
Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia
Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25
de Abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova
República.
Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia
25 de abril, denominado como "Dia da Liberdade".