O documento apresenta vários poemas que abordam temas relacionados à cultura e identidade negra no Brasil, como a exploração histórica da população negra, a luta antirracista e a valorização da cultura africana. Os poemas expressam mensagens de resistência, orgulho e empoderamento negro.
1. Cadernos Negros Os Melhores Poemas GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
2. A carne(Farofa Carioca) A carne mais barata do mercado é a carne negraQue vai de graça pro presídioE para debaixo do plásticoQue vai de graça pro subempregoE pros hospitais psiquiátricosA carne mais barata do mercado é a carne negraQue fez e faz história pra caralhoSegurando esse país no braço, meu irmão.O gado aqui não se sente revoltadoPorque o revólver já está engatilhadoE o vingador é lento, mas muito bem intencionadoEsse país vai deixando todo mundo pretoE o cabelo esticadoE mesmo assim, ainda guardo o direitoDe algum antepassado da corBrigar por justiça e por respeitoDe algum antepassado da corBrigar bravamente por respeito GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
7. Mama ÁfricaChico César Mama Áfricaa minha mãe,é mãe solteirae tem de fazer mamadeiratodo o diaalém de trabalharcomo empacotadeiranas Casas BahiaMama África temTanto que fazer Além de cuidar nenémAlém de fazer denguimFilhinho tem que entenderMama África vai e vemMas não se afasta de você. Quando mama sai de casaseus filhos se olodunzamrola o maior jazzMama tem calos nos pésMama precisa de pazMama não quer brincar maisfilhinho da um tempoé tanto contratempono ritmo de vida de Mama(Deve ser legal, ser Negão no Senegal)Mama Áfricaa minha mãea minha mãea minha mãe. GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
8. África Brasil (Zumbi)Jorge Bem Jor Angola gongô benguelaMonjolo capinda ninaQuiloa reboloAqui onde estão os homensHá um grande leilãoDizem que nele háUm princesa à vendaQue veio junto com seus súditosAcorrentados num carro de boiEu quero ver Aqui onde estão os homensDum lado cana de açúcarDo outro lado o cafezalAo centro senhores sentadosVendo a colheita do algodão tão brancoSendo colhidos por mãos negras Eu quero verQuando Zumbi chegarO que vai acontecerZumbi é senhor das guerrasÈ senhor das demandasQuando Zumbi chega e ZumbiÉ quem manda Eu quero ver GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
9. LINHAGEM(Carlos de Assumpção) Eu sou descendente de ZumbiZumbi é meu pai e meu guiaMe envia mensagens do orumMeus dentes brilham na noite escuraAfiados como o agadá de Ogum Eu sou descendente de ZumbiSou bravo valente sou nobreOs gritos aflitos do negroOs gritos aflitos do pobreOs gritos aflitos de todosOs povos sofridos do mundoNo meu peito desabrochamEm força em revoltaMe empurram pra luta me comovem Eu sou descendente de ZumbiZumbi é meu pai e meu guiaEu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim Eu trago os duros punhos cerradosCerrados como rochasFloridos como jardins (in Cadernos Negros) GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
10. FAÇA A COISA CERTA GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
12. I HAVE A DREAM! Pacifismo GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
13. POEMA ARMADO (Oubi Inaê Kibuko) Que o poema venha cantando ao ritmo contagiante do batuque um canto quente de força, coragem, afeto, união Que o poema venha carregado de amarguras, dores, mágoas, medos, feridas, fomes ... Que o poema venha armado e metralhe a sangue-frio palavras flamejantes de revoltas palavras prenhes de serras e punhais ... Que o poema venha alicerçado e traga em suas bases palavras tijolantes, pontos cimentantes, portas, chaves, tetos, muros E construa solidamente uma fortaleza de fé naqueles que engordam o exército dos desesperados Para que nenhuma fera não mais galgue escadas à custa de necessidades iludidas ... E nem mais se sustente com carne, suor e sangue dum povo emparedado e sugado nos engenhos da exploração! (in Cadernos Negros) GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
15. O Nêgo do Cabelo Bom(Max de Castro/ Seu Jorge) Muita gente implica com meu pixaim Mas o que implica é que o cabelo é bom E quando isso me irrita vai ter briga sim Porque não aceito discriminação E quando vou a praia alguém sempre diz prá mim Teu cabelo é duro, entra água não Se é impermeável isso é problema meu Na verdade o que é duro é o seu coração Alisa ele não É o que minha nêga sempre diz prá mim Alisa ele não Você é meu nêgo do cabelo bom Alisa ele não É você quem dita a moda em Paris Não sou vasilina Não vacile não Não sou vasilina Não vacile não GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
16. DANÇANDO NEGRO (Ele Semog) Quando eu danço atabaques excitados, o meu corpo se esvaindo em desejos de espaço, a minha pele negra dominando o cosmo, envolvendo o infinito, o som criando outros êxtases ... Não sou festa para os teus olhos de branco diante de um show! Quando eu danço há infusão dos elementos, sou razão. O meu corpo não é objeto, sou revolução. (in Cadernos Negros) GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra
17. EFEITOS COLATERAIS (Jamu Minka) Na propaganda enganosa paraíso racial hipocrisia faz mal nosso futuro num saco sem fundo a gente vê e finge que não vê a ditadura da brancura Negros de alma negra se inscrevem naquilo que escrevem mas o Brasil nega negro que não se nega. (in Cadernos Negros) GUIA DE LITERATURA Professor André Guerra