Este documento descreve o período do domínio filipino em Portugal entre 1580-1640. Apesar de Filipe II ter prometido respeitar a autonomia portuguesa, seus sucessores aumentaram os impostos em Portugal e substituíram os portugueses na administração por espanhóis. Isto, junto com a perda de territórios coloniais para outros países, levou a revoltas populares em Portugal contra o domínio castelhano.
2. ► Ao contrário do que tinha acontecido
com outros reinos peninsulares
completamente engolidos em termos
políticos e administrativos pelo
poderio de Castela ,como foi o caso
do reino de Aragão, Portugal com ,a
União Ibérica manteve no
fundamental a sua autonomia. De
facto o juramento de Filipe II nas
Cortes de Tomar, quando é aclamado
rei, foi acompanhado de uma série
de promessas e compromissos que
dissipavam os principais temores
comuns a toda a população
portuguesa. Temia-se sobretudo que
Portugal fosse completamente
absorvido por Castela tornando-se na BANDEIRA DA UNIÃO IBÉRICA
sua mais longínqua e periférica
província.
3. ► Prometendo respeitar as leis e
os costumes do país;
entregando os principais cargos
do governo e da administração
do reino a portugueses, e
garantindo que a exploração e
comércio dos produtos
originários das várias regiões do
nosso Império continuaria a ser
feita por nós, Filipe II sossegou
mesmo os mais inquietos.
► Além disso o exercito e os
navios portugueses nunca
seriam utilizados em conflitos
militares que apenas dissessem
respeito a Castela.
4. ► A cumprirem-se tais promessas não se punha sequer a questão da perda da
Independência. Os dois reinos peninsulares permaneciam no que nos
interessava, autónomos. Ainda que o rei fosse o mesmo.
► Estabeleceu-se assim ,uma forma original de poder. A monarquia Dualista.
► Dois reinos e um só rei. E durante alguns anos as coisas passaram-se de
facto assim. No entanto a situação alterou-se com a morte de Filipe II.
CHEGADA DE FILIPE II A LISBOA
5. ► De facto nem Filipe III nem Filipe
IV, se sentiam vinculados aos
compromissos assumidos por Filipe
II nas Cortes de Tomar, e além
disso o contexto era agora
diferente.
► O império castelhano, em guerra FILIPE III
com nações poderosas como a
França a Holanda e a Inglaterra ,
atravessava graves dificuldades.
► Era preciso reunir todos os
recursos para lhes fazer frente. O
que custava a todos .
► E para piorar as coisas o comercio
da prata , confrontado com a
crescente concorrência dos
habituais franceses ingleses e
holandeses, já tinha rendido mais.
FILIPE IV
6. ► Assim não tardou que Portugal fosse obrigado a combater ao lado de Castela,
e a participar nas suas despesas de Guerra, através de novos impostos que
atingiam todos as classes sociais.
► E enquanto a nobreza portuguesa era destacada para combater ao lado dos
castelhanos ,na administração e no governo os portugueses iam sendo
substituídos por Espanhóis.
► O descontentamento crescia e generalizava-se.
7. ► Ao mesmo tempo os inimigos
de Espanha atacavam e
ocupavam territórios
portugueses por todo o
império, numa altura em que se
tornava ,praticamente
impossível a Portugal assegurar
a sua defesa.
► Envolvido nas Guerras de
Castela, durante as quais sofre
pesadas baixas, em homens e
navios, o exercito e a marinha
portuguesa estavam
praticamente destroçados .
Quem primeiro se aproveitou
das nossas fraquezas foram os
Holandeses .
Os Holandeses e o Brasil
8. ► Entre 1599 e 1638 Portugal perde
para os Holandeses Paraiba e
Pernambuco no Brasil, o Ceilão na
Ásia, e as feitorias de S. Jorge da
Mina e Arguim em Africa. Por seu
lado os Ingleses conquistam Ormuz
e como se não bastasse o Japão
expulsa-nos das suas águas. Tudo
isto perante a completa indiferença
de Castela, que não sabia para
onde se virar já que mesmo
internamente as revoltas
começavam a estalar em algumas
regiões onde era maior o
desagrado face à politica do rei.
► De asneira em asneira ,de guerra
em guerra, Filipe IV acabava
sempre por condenar os mais
pobres ao pagamento de novos
impostos.
9. Instalados em amplas regiões do
litoral e do interior do Brasil ,os
holandeses ,rapidamente inundaram
o mercado de açúcar e tabaco
fazendo com que o preço destes
produtos descesse rapidamente.
Entretanto os carregamentos de
prata eram um alvo cada vez mais
cobiçado por piratas ,mas também
por ingleses franceses e holandeses
que levavam a todo o lado a guerra
com Castela.
As consequências para as
economias de Portugal e Castela, já
duramente atingidas pela guerra,
foram desastrosas.
10. ► Por todo o lado o descontentamento
deu lugar à revolta .No Porto em 1628
dá-se o “Motim das Maçarocas” e em
1637 em Évora , reagindo a mais um
novo imposto desencadeia-se a célebre
revolta do” Manuelinho “.
► Um pobre doido, também ele obrigado
a pagar impostos, que o povo
transformado na altura, num exemplo
vivo da tirania de Castela. De tal forma
que as declarações do governo local
clandestino que então os revoltosos
formaram eram todas assinadas em
seu nome:” Manuelinho” .
► Nem os mais desgraçados Castela
poupava. Tal era a mensagem a passar.
11. ► Tentando evitar que estes motins se
intensificassem e resultassem numa
verdadeira revolução são enviados
para Castela e para diferentes regiões
do Império proeminentes membros
da nobreza portuguesa em torno dos
quais se poderia organizar a
conspiração e a revolta .
► Os mais poderosos e temidos como o
“ Duque de Bragança” foram
“premiados” com propriedades e
cargos, com o objectivo de os
comprometer aos olhos do povo,
com a governação Filipina.
► Já que a revolta se tinha instalado
era preciso privá-la de um líder. À
custa dos Espanhóis a Casa de
Bragança engordava.