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 Reconhecer como a mudança do foco
narrativo interfere na compreensão do
texto.
 Desenvolver e incentivar a compreensão
leitora.
 Mobilizar os conhecimentos prévios
necessários à compreensão do tema;
 Roda de conversa para exposição do
tema abordado;
 Leitura compartilhada do texto “Meu
Primeiro Beijo” – Antonio Barreto;
 Estudo do vocabulário específico e gírias
atuais (BV/BVL/...)
 Foco narrativo: 1ª pessoa/3ª pessoa
 Intertextualidade (ler e analisar o Conto “O
Primeiro Beijo” – Clarice Lispector)
O Primeiro Beijo
 
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o
namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto:
ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas
me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de
me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio
da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-
lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe.
Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A
concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto
que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a
garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de
reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era
morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que
ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e
árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que
pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de
deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar,
esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água,
pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela
procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada,
entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água
sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o
primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de
onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até
a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior
arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que
era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água.
Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato
gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de
pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma
mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a
estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e
tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo
para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito,
percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora
com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de
coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar.
A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto.
Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta
nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um
orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.
 
Clarice Lispector
 Em duplas, os alunos analisam os elementos
indicadores dos focos narrativos (verbos e
pronomes);
 Reescrita coletiva de um fragmento dos
textos mudando o foco narrativo;
 Escrita de um relato pessoal, real ou
ficcional, sobre o “Primeiro Beijo”;
 Pesquisa na Sala do Acessa Escola sobre os
temas abordados pela escritora Thalita
Rebouças;
 Finalizar com um debate sobre o assunto
pesquisado.

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Meu primeiro beijo curso (1)

  • 1.
  • 2.  Reconhecer como a mudança do foco narrativo interfere na compreensão do texto.  Desenvolver e incentivar a compreensão leitora.
  • 3.  Mobilizar os conhecimentos prévios necessários à compreensão do tema;
  • 4.  Roda de conversa para exposição do tema abordado;
  • 5.  Leitura compartilhada do texto “Meu Primeiro Beijo” – Antonio Barreto;  Estudo do vocabulário específico e gírias atuais (BV/BVL/...)  Foco narrativo: 1ª pessoa/3ª pessoa  Intertextualidade (ler e analisar o Conto “O Primeiro Beijo” – Clarice Lispector)
  • 6. O Primeiro Beijo   Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme. - Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples: - Sim, já beijei antes uma mulher. - Quem era ela? perguntou com dor. Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer. O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar- lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros. E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca. E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo. A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava. E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
  • 7. Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando. O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos. De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos. Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água. E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra. Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua. Ele a havia beijado. Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
  • 8. Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil. Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele... Ele se tornara homem.   Clarice Lispector
  • 9.  Em duplas, os alunos analisam os elementos indicadores dos focos narrativos (verbos e pronomes);  Reescrita coletiva de um fragmento dos textos mudando o foco narrativo;  Escrita de um relato pessoal, real ou ficcional, sobre o “Primeiro Beijo”;
  • 10.  Pesquisa na Sala do Acessa Escola sobre os temas abordados pela escritora Thalita Rebouças;  Finalizar com um debate sobre o assunto pesquisado.