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O espaço escolar e o diálogo entre professores e adolescentes


      Débora Nogueira         Tomás     –   Universidade    Federal    de   Uberlândia
deb_nog@yahoo.com.br
        Cláudia Silva de       Souza    –   Universidade     Federal   de   Uberlândia
psicastella@yahoo.com.br


        Neste trabalho investigamos algumas interações que acontecem no espaço
escolar, por meio da análise das concepções de professores e adolescentes acerca do
diálogo. Para tal, tomamos como referência a Psicologia histórico-cultural, que entende
a linguagem como sistema simbólico básico de todos os grupos humanos, sendo o
diálogo um elemento presente na interação entre as pessoas, caracterizando um processo
de internalização de significados construídos histórico-culturalmente.
       Segundo Oliveira (2003, p. 40), a linguagem exerce “um papel fundamental na
comunicação com os indivíduos e no estabelecimento de significados compartilhados
que permitem interpretações dos objetos, eventos e situações do mundo real”
(OLIVEIRA, 2003, p. 40). Neste sentido, é por meio do diálogo que acontecem os
processos de internalização de significados construídos histórico e culturalmente.
       Consideramos a pertinência deste estudo, uma vez que ele contribui para a
compreensão do desenvolvimento humano, incidindo na formação de professores que
atuam diretamente com adolescentes. Apreender as características da adolescência,
dentro de uma visão social é fundamental para o desenvolvimento do trabalho docente,
visto que isto lhes possibilita contribuir de modo efetivo no processo de ensino-
aprendizagem e na própria formação do jovem como cidadão.

       A constituição histórico-cultural da adolescência
        A palavra adolescência é derivada do latim adoleceres e significa “período da
vida humana entre a puberdade e a virilidade” (Cunha, 1982). Para a Psicologia
histórico-cultural o desenvolvimento humano acontece no decorrer de toda a vida do
individuo, tendo em vista que este se constitui nas/pelas relações que estabelece com os
outros. Portanto a adolescência é uma etapa do desenvolvimento construída
culturalmente.
        De acordo com Ariès (1981) o conceito de adolescência era inexistente até o
século XVIII. Oliveira e Egry (1997) realizaram um levantamento histórico, onde
afirmam que a adolescência aparece como produto da Revolução Industrial, quando foi
instituído que a criança deveria ficar mais tempo no sistema educacional, o que estendeu
a dependência do individuo à sua família, reconhecendo esse período como uma nova
etapa do desenvolvimento humano, com características históricas, culturais e sociais.
        A adolescência, desde o início do século XX, tem sido estudada sob perspectivas
teóricas que a naturalizam e a universalizam. Nessas concepções tradicionais, o jovem é
compreendido como um ser instável e desequilibrado devido à crise inerente à fase que
vivencia. Tais idéias desconsideram a inserção histórica, social e cultural do jovem, em
suas condições concretas de vida, o que pode constituir-se em ações ideologizantes,
legitimadoras das desigualdades sociais.
                Por outro lado, a visão sócio-histórica busca vincular o desenvolvimento
do indivíduo ao da sociedade, ou seja, entende-se que a sociedade, construída por
sujeitos, limita e possibilita a constituição desses mesmos sujeitos. Sob este enfoque, o
normal e o patológico são compreendidos como construções sociais e a adolescência
deixa de ser vista como fase natural, repleta de conflitos e crises, para ser analisada
dentro de um determinado contexto, que produz significações próprias (AGUIAR;
BOCK; OZELLA, 2007).
       Ainda de acordo com os autores supra-citados, na visão histórico-cultural, o
normal e o patológico são compreendidos como construções sociais e a adolescência
deixa de ser vista como fase natural, repleta de conflitos e crises, para ser analisada
dentro de um determinado contexto, que produz significações próprias.
        Para estudiosos como Blos (1998), Bossa e Oliveira (1998), Salles (1998),
Aberastury e Knobel (1981), na cultura ocidental, a adolescência se constitui como um
rito de passagem do ser criança para o ser adulto e, neste sentido, o adolescente vivencia
um momento evolutivo de preparação para a maturidade, experimentando sentimentos
conflituosos, mas passageiros, transitando no movimento de conquista de sua
independência, até que se afirme em sua estabilidade e autoconfiança.
        Bock (2004) lembra que, para a compreensão da adolescência, é importante
apontar as diferenças nos modos de inserção social entre grupos de classes sociais
distintos. Neste sentido, a adolescência é pensada como fato social, que surge nas
relações sociais e na vida concreta dos homens, apresentando também repercussões
psicológicas em que são construídos significados sociais aos acontecimentos. Assim, a
sociedade registra e atribui significado ao fato social da adolescência, passando a
reconhecê-la como fase natural do desenvolvimento humano. Os jovens, por sua vez,
passam a seguir as referências que lhes foram atribuídas na constituição da própria
identidade.
        Portanto, nessa abordagem, mesmo as marcas de mudanças corporais são
significadas e interpretadas socialmente, como o aparecimento dos seios nas meninas
que, se em algum tempo foi interpretado como possibilidade de amamentação, hoje, em
nossa cultura ocidental, é relacionado à beleza e sensualidade (AGUIAR; BOCK;
OZELLA, 2007).
        Como contradição essencial da adolescência existe o fato de os jovens terem
desenvolvido todos os recursos cognitivos, afetivos, capacidade para trabalho e
reprodução que os permitiriam ingressar na vida adulta, experimentando possibilidades
na realidade social, e se verem impedidos de se inserir no mundo do trabalho, o que
dificulta a sua autonomia na vida. Tal conjuntura vivenciada pelo jovem é resultado de
todo um processo de construção histórica, no qual ele tem “condição” e não
“autorização” para interferir na sociedade. (AGUIAR; BOCK; OZELLA, 2007).

       A formação de professores
        Estudos sobre a formação de professores de adolescentes (RANGEL TURA,
2000; FONTANA, 2003) referem-se à relação destes com seus alunos, evidenciando a
existência de um conservadorismo arraigado ou um formalismo desnecessário nas
práticas educativas. Para Cortesão (2002), Lima e Gomes (2000), Salles (1998) e
Zagury (1998), o relacionamento conflituoso e inseguro dos professores com os
adolescentes, a falta de interesse pelos conteúdos escolares destes jovens e a
impossibilidade de constituir uma convivência saudável entre docentes e alunos,
justifica-se pela postura conservadora dos professores no contexto escolar.
       A escola, enquanto contexto social, reflete mudanças históricas e sociais,
afetando e sendo afetada pelas relações entre os atores envolvidos na dinâmica do seu
funcionamento. Tanto para os adolescentes quanto para os professores esta instituição
representa possibilidades de diálogos, trocas de experiência e de construção de
conhecimentos.
       Para Dayrell (1996) a escola é um espaço de formação humana, para além da
transmissão de conteúdos, onde é possível que o adolescente reflita e amplie seus
projetos de vida, e amplie suas experiências. Neste sentido, o autor questiona em quais
lugares o adolescente tem encontrado campo para refletir sobre suas questões e
angústias pessoais, de modo a se situar em relação ao mundo em que vive. Tais
reflexões desafiam educadores a desenvolverem novas formas de se olhar e trabalhar
com o aluno.
        De acordo com Menezes (2004), no cotidiano escolar, há um conflito vivenciado
pelos professores na relação com os jovens, principalmente no que se refere à
construção de perspectivas futuras, como projetos de vida. É observada também uma
dificuldade relacionada ao desenvolvimento de temas em sala de aula como cidadania,
ética, meio-ambiente, sexualidade, dentre outros, tendo em vista que alguns professores
argumentam que existe uma falta de interesse por parte dos alunos.
       Em pesquisa realizada por Menezes (2004) com professoras que atuam com
adolescentes, observou-se que elas consideram que sua formação inicial não possibilitou
um preparo teórico-prático satisfatório para lidar com os adolescentes. Tendo em vista
que a graduação está focada em conteúdos específicos das disciplinas que irão ministrar
e não contemplam questões relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento
humano, de modo a ampliar o olhar sobre o jovem.
       A este respeito, Dayrell (1996) argumenta que é preciso perceber os jovens que
chegam à escola como sujeitos sócio-culturais. Isso implica levar em conta a
experiência vivida pelo jovem, sua história, suas visões de mundo, seus valores,
emoções, sentimentos e desejos, enfim, tudo o que o diferencia, uma vez que “o que
cada um deles é, ao chegar à escola, é fruto de um conjunto de experiências sociais
vivenciadas nos mais diferentes espaços sociais” (DAYRELL, 1996, p. 140).
        Deste modo, a escola deve ser compreendida em seu fazer cotidiano, construída
socialmente por sujeitos ativos. A dupla dimensão deste espaço é entendida,
primeiramente, por seu conjunto de regras e normas e, também, no cotidiano, pela trama
de relações sociais estabelecidas entre os sujeitos envolvidos (DAYRELL, 1996).
       No espaço escolar, o processo de ensino-aprendizagem advém de uma situação
dialógica, na qual tanto aluno quanto professor contribuem nessa relação. Pelo diálogo o
indivíduo incorpora elementos da cultura presentes no seu grupo social. Assim, no
contexto educacional, ele pode ser compreendido como um instrumento pedagógico na
medida em que, por meio dele, novos significados são constituídos na relação entre
professores e adolescentes. Assim, o professor “não pode ser concebido como um mero
elo intermediário, um negociador que, em princípio, permaneceria o mesmo pós-
negociação. Nem o aluno nem o professor são os mesmos depois do diálogo” (TUNES;
TACCA; BARTHOLO JÚNIOR, 2005, p. 695).
Caminhos da pesquisa
       A pesquisa foi realizada em uma escola pública do interior de Minas Gerais.
Num primeiro momento foram selecionados, aleatoriamente, trinta sujeitos, sendo dez
adolescentes de cada turma do oitavo ano do Ensino Fundamental. Cada adolescente
respondeu a um questionário, em que o nosso interesse foi verificar a visão do
adolescente sobre como acontece as interações no espaço escolar, em especial com os
professores, tendo o dialogo como recurso principal destas interações e a sua
importância para a constituição do ser humano.
        Em seguida, foi aplicado um questionário com os professores destes
adolescentes para averiguar a visão sobre o diálogo desenvolvido entre eles e seus
alunos na escola, o que amplia as discussões sobre o desenvolvimento humano e a
formação docente. Esta amostra de sujeitos consistiu num total de dezessete professores
de Ensino Fundamental (sétimo, oitavo e nono ano), que consentiram em participar da
pesquisa. Estes responderam a um questionário que versava sobre a sua relação com o
aluno. Interessou-nos compreender como os professores entendem o diálogo na sua
prática pedagógica e o que consideram necessário para o estabelecimento deste de
forma efetiva em sua relação com os alunos.

       Discussão
        Constatamos que, mais de 70% dos adolescentes consideram que os assuntos
discutidos com maior freqüência estão relacionados à vida escolar, sobretudo aos
conteúdos das matérias estudadas em sala de aula. Apenas 26% mencionaram outros
assuntos como: festas, televisão, futebol, sendo que destes 23% tem conversas de
assuntos pessoais esporádicas, ou somente com alguns professores, com os quais se
identificam mais.
       Em relação ao diálogo estabelecido com os seus professores, 56% dos
adolescentes consideram-se satisfeitos, sendo que aproximadamente 22% acreditam que
este diálogo é insuficiente e 13% acreditam que esse nível de satisfação oscila,
dependendo, sobretudo, da relação que ele estabelece com cada professor.
        Dentre os adolescentes que consideram suficiente o diálogo estabelecido com
seus professores, verifica-se que suas opiniões apresentam concepções diferenciadas
sobre o diálogo. Assim, muitos restringem o diálogo à transmissão do conteúdo
transmitido em sala de aula, como observamos nas seguintes falas: “o dever deles é
ensinar o conteúdo e eles falam”, “os professores, através do diálogo, ensinam o
conteúdo”. Em outras falas mostram que a relação dialógica estabelecida na escola
entre professor e aluno é percebida de modo cindido pelo aluno, como se o ensino
estivesse separado das questões vivencias do aluno: “acho que converso o necessário
para aumentar meus conhecimentos. Pois professor é para ensinar e não para
desabafar”. Assim, percebe-se também uma dissociação entre o processo de ensino e
aprendizagem, de modo que o aluno entende que o que acontece em sala de aula seja só
transmissão de conteúdo, deixando de lado questões como afeto e interação como se
isso não fosse um aspecto importante da constituição social.
       Na fala “acho importante, às vezes, que se estabeleça uma conversa de outros
assuntos entre professor e alunos” verifica-se que o adolescente possui uma concepção
diferente sobre o diálogo em sua relação com o professor, valorizando a abordagem de
temas não diretamente relacionados ao conteúdo e a matéria.
       Já para os adolescentes que entendem os diálogos como insuficientes, notamos
razões das mais diferenciadas: “não considero suficiente, porque tenho certas dúvidas”
ou “não, pois os professores tem que ser amigos dos alunos, e só perguntar sobre a
matéria não é suficiente para eles se tornarem amigos”. Numa outra fala, notamos um
desejo do adolescente em estabelecer uma relação de amizade com o docente: “eu
gostaria de ter uma relação mais amigável com os professores, conversar sobre outras
coisas”.
       Algumas falas dos sujeitos mostram-se ambíguas, visto que alguns alunos
percebem variações na disponibilidade pessoal de cada docente: “tem professores que
são mais fechados, não falam muito com os alunos, mas tem professores que conversam
muito com os seus alunos” e ‘às vezes depende do professor, alguns são muito sem
papo, de cara fechada, e isso para mim, quanto menos diálogo tiver, melhor”.
        Ao serem questionados sobre o que gostariam de conversar com os docentes, os
adolescentes citaram vários temas, desde notícias recentes sobre o mundo, novelas,
jogos de futebol, “baladas” a questões mais emergentes na adolescência como namoro,
religião e amizade. A valorização da opinião do professor sobre assuntos não
diretamente vivenciados no ambiente escolar pode ser expressa na seguinte fala:
“gostaria de conversar sobre a vida, porque eles são às vezes conselheiros”. Ou ainda
sobre angústias relacionadas a esta fase constituída histórica e culturalmente, uma vez
que a escola representa um dos ambientes mais importantes na sua constituição como
ser humano, como percebemos nesta fala: “gostaria de conhecer mais sobre a fase da
adolescência, já que só converso com uma amiga que está passando pelas mesmas
coisas e não ouço muito de quem já passou por tal fase”.
       Com relação aos professores, identificamos que uma minoria compreende o
diálogo numa perspectiva dialética, na qual “através dos outros constituímo-nos”
(VIGOTSKI, 2000, pg. 24), ou seja, tanto professor quanto aluno são percebidos como
elementos que se constituem nas e pelas relações estabelecidas no contexto educacional.
       A maioria dos docentes considera o diálogo numa visão dicotomizada dentro do
processo ensino-aprendizagem, enfocando, sobretudo, a figura do adolescente como
protagonista ou “beneficiado” deste, como percebemos nos seguintes excertos: “o
diálogo é muito importante e acho que ajuda o aluno adolescente nessa fase difícil e ao
mesmo tempo bonita”, “o diálogo leva o adolescente a refletir melhor suas atitudes,
seu lugar na sociedade e os meios de interferir na mesma” e “acredito que os
adolescentes podem ser sensibilizados através do diálogo e este pode se tornar um forte
instrumento de conscientização e educação”.
        O diálogo também é entendido como um momento para se discutir a relação
entre o professor e o aluno e não como algo que constitui a relação entre ambos. No
relato que se segue, o professor faz um desabafo, revelando a sua dificuldade no trato
com seus alunos:“não tenho percebido abertura e recepção cem porcento satisfatórias
dos adolescentes quando o assunto é ‘discutir a relação’. Creio que o diálogo pode
possibilitar que o adolescente se perceba menos como o centro do universo, mas nem
sempre resolve os problemas de responsabilidade para com seus deveres e de
relacionamento com os mais velhos”.
Em algumas falas, o diálogo é mencionado como um recurso pedagógico
importante na relação professor-aluno. Contudo, percebe-se uma naturalização do
diálogo e uma referência a ele como recurso para o estabelecimento de condições
satisfatórias nas interações entre discente e docente, como nos trechos: “o diálogo se
constitui em um meio que possibilita uma convivência mais harmoniosa entre professor
e aluno”; “acredito que o diálogo deve ser sempre o primeiro ou um dos primeiros
instrumentos pedagógicos, pois ele propicia conhecimentos, entendimentos entre o
professor e aluno. O diálogo pode aproximar duas pessoas que se mostram dispostas a
se conhece” e “sim, a partir do diálogo é possível compreender, conhecer a maneira de
pensar e o raciocínio do aluno, permitindo maior aproximação do mesmo”
       No seguinte relato: “o diálogo aproxima professor e aluno, facilitando a
mediação do conteúdo a ser trabalhado”, observamos que o professor entende o
diálogo como instrumento pedagógico e tem consciência de sua importância na relação
entre ele e o aluno. Além disso, remetemos ao conceito de mediação, elaborado por
Vigotski (1989), o qual reconhece na linguagem um instrumento por meio do qual as
pessoas se apropriam dos significados produzidos culturalmente, além de produzirem
novos significados e sentidos para suas vidas.
               Outra fala demonstra uma visão dialética acerca do diálogo na prática
pedagógica: “por meio do diálogo pontuam-se dificuldades, interesses, resistências que
comprometem a qualidade do processo ensino-aprendizagem. Por outro lado, ao serem
identificados, norteiam o percurso e a trajetória de todo o processo que pode ser
montado pelo professor”. Neste trecho identificamos a implicação do professor na
qualidade do processo ensino-aprendizagem e sua função de organizador do meio
educativo.
               Ao serem questionados sobre o que seria necessário para o
estabelecimento de um diálogo efetivo entre alunos e professores, as respostas, em
grande parte, direcionaram-se para elementos subjetivos da interação, como “respeito”,
“simpatia”, “compreensão”, “confiança” e “desejo”. Por outro lado, muitos docentes
acreditam que o diálogo pode vir a ser um recurso pedagógico ativo no processo ensino-
aprendizagem, principalmente no que se refere a formação profissional como observado
nos relatos: “criatividade para ser mais flexível na relação e necessidade de
desenvolver-se como profissional, visando atender e, principalmente, entender os
alunos.”; “O autoconhecimento do professor possibilitando maior e melhor abertura,
às questões apresentadas pelos alunos. Ainda o respeito mutuo às diversidades
(diferenças”).
        Essas respostas demonstram a alusão do professor ao processo dialógico, quando
se refere à necessidade de desenvolver o autoconhecimento para que ele se relacione
melhor com aluno, o que indica a importância do investimento em sua formação
profissional. Em outros excertos, fica claro a compreensão do professor como
organizador do espaço escolar (VIGOTSKI, 2003). Deste modo, o docente se vê como
organizador da sua prática, de forma a propiciar meios para que o diálogo seja
construído efetivamente: “o diálogo deve vir da parte tanto do professor quanto do
aluno, caso contrário se tornará um monólogo. É importante, também, nesse
movimento dialógico, um jeitinho envolvente do professor que promova a participação
do aluno.” e “acredito que o professor deva conduzir os diálogos de modo a construir
no aluno o hábito dessa prática. O professor, talvez, seja o grande responsável por
estabelecer um diálogo construtivo com o aluno.”
Há também, relatos que pautam na busca geral por recursos pedagógicos para o
estabelecimento do diálogo, fazendo referência à criação de estratégias práticas, como:
“uma maior proximidade aluno-professor, professor-aluno; formas de trabalho
pedagógico que despertem o interesse dos alunos, gerando melhores resultados”.
        Esta análise indicou que muitos professores apresentam uma visão dicotomizada
acerca do diálogo no processo ensino-aprendizagem. Muitas vezes, o diálogo foi
percebido, não como uma via de mão dupla, mas como um procedimento unilateral no
qual a figura do aluno é depositária do conhecimento transmitido pelo professor.


       Considerações
        Vigotski (1989) ao esboçar que aquilo que o ser o ser humano faz com o auxilio
de outrem mais capaz, pode ser mais significativo para o seu desenvolvimento do que
aquilo que ele já consegue realizar sozinho revela a importância de o trabalho
pedagógico acontecer dentro da zona de desenvolvimento próximo, em uma ação
conjunta, entre professor e aluno. Neste sentido, a sala de aula é o lócus em que, a partir
das relações estabelecidas com os adolescentes, o professor encontrará no diálogo uma
importante ferramenta para atingir os seus objetivos educacionais.
       Com relação à apropriação do espaço escolar pelos adolescentes, concordamos
com Dayrell (1996) quando ele afirma que não há um tempo adequado para o fluir das
relações no cotidiano escolar, uma vez que, muitas vezes, a escola não estimula a
relação entre professor e aluno de forma propícia para se estabelecer práticas
pedagógicas que visem um efetivo processo ensino-aprendizagem por meio do diálogo.
        Assim, é importante que o professor entenda que o adolescente, ao chegar à
escola, advém de um amplo processo educativo que acontece “no cotidiano das relações
sociais, quando os sujeitos fazem-se uns aos outros, com os elementos culturais a que
têm acesso, num diálogo constante com os elementos e com as estruturas sociais onde
se inserem e as suas contradições” (DAYRELL, 1996, p. 142).
       Ao discutir e refletir sobre o diálogo entre professor e adolescente, buscamos
contribuir tanto para se pensar na necessidade de formação continuada dos docentes
como nos processos de ensino-aprendizagem que envolvem o desenvolvimento do
adolescente. Com este estudo concluímos que muitos professores possuem uma visão
dicotomizada acerca do diálogo no processo ensino-aprendizagem, tendo em vista que,
em muitos momentos, o diálogo é percebido não como uma via de mão dupla, mas
como um procedimento unilateral no qual a figura do aluno é depositária do
conhecimento transmitido pelo professor. Assim, parece haver uma lacuna na formação
desse profissional no que tange ao domínio dos conhecimentos sobre desenvolvimento
humano, em especial, sobre a adolescência, indicando a necessidade de maiores
investimentos em sua formação.


       Referências
      ABERASTURY, A.; KNOBEL,M. Adolescência Normal: um enfoque
psicanalítico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.
AGUIAR, W.M.J.; BOCK, A.M.B.; OZELLA, S. A orientação profissional com
adolescentes: um exemplo de prática na abordagem sócio-histórica. In: BOCK, A.M.B.;
GONÇALVES, M. G.M; FURTADO, (orgs.). Psicologia sócio-histórica. 3ªEd. – São
Paulo: Cortez, 2007. p. 163 – 178.
      ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro :
Guanabara, 1981.
       BLOS, P. Adolescência: uma interpretação psicanalítica. 2ª Ed, São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
        BOCK, A. M. B. A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à
naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cad. Cedes,
Campinas, vol. 24, n. 62, p. 26-43, abril, 2004.
       BOSSA, N.A.; OLIVEIRA, V.B.(orgs.) Avaliação psicopedagógica do
adolescente. Petrópolis: Vozes, 1998.
       CORTESÃO, L. Ser professor: um ofício em risco de extinção. São Paulo:
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      CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da Língua
Portuguesa. Rio de |Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
      DAYRELL, J. A escola como espaço sócio-cultural. In: DAYRELL, J. (org.)
Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996.
       FONTANA, R.A.C. Como nos tornamos professoras?. Belo Horizonte:
Autêntica, 2000.
        LIMA E GOMES, L.R. A escola como espaço de prazer. São Paulo: Summus,
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      MENEZES, L.H.P. Identidade e saberes de professores (as) de adolescentes:
uma aproximação ao processo de sua constituição. Universidade Federal de
Uberlândia. Faculdade de Educação. Dissertação de Mestrado, 2004.
        OLIVEIRA, M. A. C. EGRY, E. Y. (1997). A adolescência como um constructo
social. Revista Brasileira do Crescimento e Desenvolvimento Humano, 7(2), 12-21.
        OLIVEIRA, M.K. Vygotsky: aprendizagem e desenvolvimento um processo
sócio-histórico. São Paulo: Editora Scipione, 2003
       RANGEL TURA, M.L. O olhar que não quer ver: histórias da escola.
Petrópolis: Vozes, 1995.
       SALLES, L.M.F. Adolescência, escola e cotidiano: contradições entre o
genérico e o particular. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1998.
        TARDIFF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes,
2002.
        TUNES, E; TACCA, M.C.V.R; BARTHOLO JÚNIOR, R.S. O professor e o
ato de ensinar. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 126, p. 689-698, set/dez. 2005.
        VIGOTSKI, L.S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
_____________. Manuscrito de 1929. Educação & Sociedade, ano XXI, n. 71,
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      ______________. Psicologia Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.
      ZAGURY, T. O adolescente por ele mesmo. Rio de Janeiro: Record, 1996.

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596. o espaço escolar e o diálogo entre professores e adolescentes

  • 1. O espaço escolar e o diálogo entre professores e adolescentes Débora Nogueira Tomás – Universidade Federal de Uberlândia deb_nog@yahoo.com.br Cláudia Silva de Souza – Universidade Federal de Uberlândia psicastella@yahoo.com.br Neste trabalho investigamos algumas interações que acontecem no espaço escolar, por meio da análise das concepções de professores e adolescentes acerca do diálogo. Para tal, tomamos como referência a Psicologia histórico-cultural, que entende a linguagem como sistema simbólico básico de todos os grupos humanos, sendo o diálogo um elemento presente na interação entre as pessoas, caracterizando um processo de internalização de significados construídos histórico-culturalmente. Segundo Oliveira (2003, p. 40), a linguagem exerce “um papel fundamental na comunicação com os indivíduos e no estabelecimento de significados compartilhados que permitem interpretações dos objetos, eventos e situações do mundo real” (OLIVEIRA, 2003, p. 40). Neste sentido, é por meio do diálogo que acontecem os processos de internalização de significados construídos histórico e culturalmente. Consideramos a pertinência deste estudo, uma vez que ele contribui para a compreensão do desenvolvimento humano, incidindo na formação de professores que atuam diretamente com adolescentes. Apreender as características da adolescência, dentro de uma visão social é fundamental para o desenvolvimento do trabalho docente, visto que isto lhes possibilita contribuir de modo efetivo no processo de ensino- aprendizagem e na própria formação do jovem como cidadão. A constituição histórico-cultural da adolescência A palavra adolescência é derivada do latim adoleceres e significa “período da vida humana entre a puberdade e a virilidade” (Cunha, 1982). Para a Psicologia histórico-cultural o desenvolvimento humano acontece no decorrer de toda a vida do individuo, tendo em vista que este se constitui nas/pelas relações que estabelece com os outros. Portanto a adolescência é uma etapa do desenvolvimento construída culturalmente. De acordo com Ariès (1981) o conceito de adolescência era inexistente até o século XVIII. Oliveira e Egry (1997) realizaram um levantamento histórico, onde afirmam que a adolescência aparece como produto da Revolução Industrial, quando foi instituído que a criança deveria ficar mais tempo no sistema educacional, o que estendeu a dependência do individuo à sua família, reconhecendo esse período como uma nova etapa do desenvolvimento humano, com características históricas, culturais e sociais. A adolescência, desde o início do século XX, tem sido estudada sob perspectivas teóricas que a naturalizam e a universalizam. Nessas concepções tradicionais, o jovem é compreendido como um ser instável e desequilibrado devido à crise inerente à fase que vivencia. Tais idéias desconsideram a inserção histórica, social e cultural do jovem, em
  • 2. suas condições concretas de vida, o que pode constituir-se em ações ideologizantes, legitimadoras das desigualdades sociais. Por outro lado, a visão sócio-histórica busca vincular o desenvolvimento do indivíduo ao da sociedade, ou seja, entende-se que a sociedade, construída por sujeitos, limita e possibilita a constituição desses mesmos sujeitos. Sob este enfoque, o normal e o patológico são compreendidos como construções sociais e a adolescência deixa de ser vista como fase natural, repleta de conflitos e crises, para ser analisada dentro de um determinado contexto, que produz significações próprias (AGUIAR; BOCK; OZELLA, 2007). Ainda de acordo com os autores supra-citados, na visão histórico-cultural, o normal e o patológico são compreendidos como construções sociais e a adolescência deixa de ser vista como fase natural, repleta de conflitos e crises, para ser analisada dentro de um determinado contexto, que produz significações próprias. Para estudiosos como Blos (1998), Bossa e Oliveira (1998), Salles (1998), Aberastury e Knobel (1981), na cultura ocidental, a adolescência se constitui como um rito de passagem do ser criança para o ser adulto e, neste sentido, o adolescente vivencia um momento evolutivo de preparação para a maturidade, experimentando sentimentos conflituosos, mas passageiros, transitando no movimento de conquista de sua independência, até que se afirme em sua estabilidade e autoconfiança. Bock (2004) lembra que, para a compreensão da adolescência, é importante apontar as diferenças nos modos de inserção social entre grupos de classes sociais distintos. Neste sentido, a adolescência é pensada como fato social, que surge nas relações sociais e na vida concreta dos homens, apresentando também repercussões psicológicas em que são construídos significados sociais aos acontecimentos. Assim, a sociedade registra e atribui significado ao fato social da adolescência, passando a reconhecê-la como fase natural do desenvolvimento humano. Os jovens, por sua vez, passam a seguir as referências que lhes foram atribuídas na constituição da própria identidade. Portanto, nessa abordagem, mesmo as marcas de mudanças corporais são significadas e interpretadas socialmente, como o aparecimento dos seios nas meninas que, se em algum tempo foi interpretado como possibilidade de amamentação, hoje, em nossa cultura ocidental, é relacionado à beleza e sensualidade (AGUIAR; BOCK; OZELLA, 2007). Como contradição essencial da adolescência existe o fato de os jovens terem desenvolvido todos os recursos cognitivos, afetivos, capacidade para trabalho e reprodução que os permitiriam ingressar na vida adulta, experimentando possibilidades na realidade social, e se verem impedidos de se inserir no mundo do trabalho, o que dificulta a sua autonomia na vida. Tal conjuntura vivenciada pelo jovem é resultado de todo um processo de construção histórica, no qual ele tem “condição” e não “autorização” para interferir na sociedade. (AGUIAR; BOCK; OZELLA, 2007). A formação de professores Estudos sobre a formação de professores de adolescentes (RANGEL TURA, 2000; FONTANA, 2003) referem-se à relação destes com seus alunos, evidenciando a existência de um conservadorismo arraigado ou um formalismo desnecessário nas práticas educativas. Para Cortesão (2002), Lima e Gomes (2000), Salles (1998) e Zagury (1998), o relacionamento conflituoso e inseguro dos professores com os adolescentes, a falta de interesse pelos conteúdos escolares destes jovens e a
  • 3. impossibilidade de constituir uma convivência saudável entre docentes e alunos, justifica-se pela postura conservadora dos professores no contexto escolar. A escola, enquanto contexto social, reflete mudanças históricas e sociais, afetando e sendo afetada pelas relações entre os atores envolvidos na dinâmica do seu funcionamento. Tanto para os adolescentes quanto para os professores esta instituição representa possibilidades de diálogos, trocas de experiência e de construção de conhecimentos. Para Dayrell (1996) a escola é um espaço de formação humana, para além da transmissão de conteúdos, onde é possível que o adolescente reflita e amplie seus projetos de vida, e amplie suas experiências. Neste sentido, o autor questiona em quais lugares o adolescente tem encontrado campo para refletir sobre suas questões e angústias pessoais, de modo a se situar em relação ao mundo em que vive. Tais reflexões desafiam educadores a desenvolverem novas formas de se olhar e trabalhar com o aluno. De acordo com Menezes (2004), no cotidiano escolar, há um conflito vivenciado pelos professores na relação com os jovens, principalmente no que se refere à construção de perspectivas futuras, como projetos de vida. É observada também uma dificuldade relacionada ao desenvolvimento de temas em sala de aula como cidadania, ética, meio-ambiente, sexualidade, dentre outros, tendo em vista que alguns professores argumentam que existe uma falta de interesse por parte dos alunos. Em pesquisa realizada por Menezes (2004) com professoras que atuam com adolescentes, observou-se que elas consideram que sua formação inicial não possibilitou um preparo teórico-prático satisfatório para lidar com os adolescentes. Tendo em vista que a graduação está focada em conteúdos específicos das disciplinas que irão ministrar e não contemplam questões relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento humano, de modo a ampliar o olhar sobre o jovem. A este respeito, Dayrell (1996) argumenta que é preciso perceber os jovens que chegam à escola como sujeitos sócio-culturais. Isso implica levar em conta a experiência vivida pelo jovem, sua história, suas visões de mundo, seus valores, emoções, sentimentos e desejos, enfim, tudo o que o diferencia, uma vez que “o que cada um deles é, ao chegar à escola, é fruto de um conjunto de experiências sociais vivenciadas nos mais diferentes espaços sociais” (DAYRELL, 1996, p. 140). Deste modo, a escola deve ser compreendida em seu fazer cotidiano, construída socialmente por sujeitos ativos. A dupla dimensão deste espaço é entendida, primeiramente, por seu conjunto de regras e normas e, também, no cotidiano, pela trama de relações sociais estabelecidas entre os sujeitos envolvidos (DAYRELL, 1996). No espaço escolar, o processo de ensino-aprendizagem advém de uma situação dialógica, na qual tanto aluno quanto professor contribuem nessa relação. Pelo diálogo o indivíduo incorpora elementos da cultura presentes no seu grupo social. Assim, no contexto educacional, ele pode ser compreendido como um instrumento pedagógico na medida em que, por meio dele, novos significados são constituídos na relação entre professores e adolescentes. Assim, o professor “não pode ser concebido como um mero elo intermediário, um negociador que, em princípio, permaneceria o mesmo pós- negociação. Nem o aluno nem o professor são os mesmos depois do diálogo” (TUNES; TACCA; BARTHOLO JÚNIOR, 2005, p. 695).
  • 4. Caminhos da pesquisa A pesquisa foi realizada em uma escola pública do interior de Minas Gerais. Num primeiro momento foram selecionados, aleatoriamente, trinta sujeitos, sendo dez adolescentes de cada turma do oitavo ano do Ensino Fundamental. Cada adolescente respondeu a um questionário, em que o nosso interesse foi verificar a visão do adolescente sobre como acontece as interações no espaço escolar, em especial com os professores, tendo o dialogo como recurso principal destas interações e a sua importância para a constituição do ser humano. Em seguida, foi aplicado um questionário com os professores destes adolescentes para averiguar a visão sobre o diálogo desenvolvido entre eles e seus alunos na escola, o que amplia as discussões sobre o desenvolvimento humano e a formação docente. Esta amostra de sujeitos consistiu num total de dezessete professores de Ensino Fundamental (sétimo, oitavo e nono ano), que consentiram em participar da pesquisa. Estes responderam a um questionário que versava sobre a sua relação com o aluno. Interessou-nos compreender como os professores entendem o diálogo na sua prática pedagógica e o que consideram necessário para o estabelecimento deste de forma efetiva em sua relação com os alunos. Discussão Constatamos que, mais de 70% dos adolescentes consideram que os assuntos discutidos com maior freqüência estão relacionados à vida escolar, sobretudo aos conteúdos das matérias estudadas em sala de aula. Apenas 26% mencionaram outros assuntos como: festas, televisão, futebol, sendo que destes 23% tem conversas de assuntos pessoais esporádicas, ou somente com alguns professores, com os quais se identificam mais. Em relação ao diálogo estabelecido com os seus professores, 56% dos adolescentes consideram-se satisfeitos, sendo que aproximadamente 22% acreditam que este diálogo é insuficiente e 13% acreditam que esse nível de satisfação oscila, dependendo, sobretudo, da relação que ele estabelece com cada professor. Dentre os adolescentes que consideram suficiente o diálogo estabelecido com seus professores, verifica-se que suas opiniões apresentam concepções diferenciadas sobre o diálogo. Assim, muitos restringem o diálogo à transmissão do conteúdo transmitido em sala de aula, como observamos nas seguintes falas: “o dever deles é ensinar o conteúdo e eles falam”, “os professores, através do diálogo, ensinam o conteúdo”. Em outras falas mostram que a relação dialógica estabelecida na escola entre professor e aluno é percebida de modo cindido pelo aluno, como se o ensino estivesse separado das questões vivencias do aluno: “acho que converso o necessário para aumentar meus conhecimentos. Pois professor é para ensinar e não para desabafar”. Assim, percebe-se também uma dissociação entre o processo de ensino e aprendizagem, de modo que o aluno entende que o que acontece em sala de aula seja só transmissão de conteúdo, deixando de lado questões como afeto e interação como se isso não fosse um aspecto importante da constituição social. Na fala “acho importante, às vezes, que se estabeleça uma conversa de outros assuntos entre professor e alunos” verifica-se que o adolescente possui uma concepção
  • 5. diferente sobre o diálogo em sua relação com o professor, valorizando a abordagem de temas não diretamente relacionados ao conteúdo e a matéria. Já para os adolescentes que entendem os diálogos como insuficientes, notamos razões das mais diferenciadas: “não considero suficiente, porque tenho certas dúvidas” ou “não, pois os professores tem que ser amigos dos alunos, e só perguntar sobre a matéria não é suficiente para eles se tornarem amigos”. Numa outra fala, notamos um desejo do adolescente em estabelecer uma relação de amizade com o docente: “eu gostaria de ter uma relação mais amigável com os professores, conversar sobre outras coisas”. Algumas falas dos sujeitos mostram-se ambíguas, visto que alguns alunos percebem variações na disponibilidade pessoal de cada docente: “tem professores que são mais fechados, não falam muito com os alunos, mas tem professores que conversam muito com os seus alunos” e ‘às vezes depende do professor, alguns são muito sem papo, de cara fechada, e isso para mim, quanto menos diálogo tiver, melhor”. Ao serem questionados sobre o que gostariam de conversar com os docentes, os adolescentes citaram vários temas, desde notícias recentes sobre o mundo, novelas, jogos de futebol, “baladas” a questões mais emergentes na adolescência como namoro, religião e amizade. A valorização da opinião do professor sobre assuntos não diretamente vivenciados no ambiente escolar pode ser expressa na seguinte fala: “gostaria de conversar sobre a vida, porque eles são às vezes conselheiros”. Ou ainda sobre angústias relacionadas a esta fase constituída histórica e culturalmente, uma vez que a escola representa um dos ambientes mais importantes na sua constituição como ser humano, como percebemos nesta fala: “gostaria de conhecer mais sobre a fase da adolescência, já que só converso com uma amiga que está passando pelas mesmas coisas e não ouço muito de quem já passou por tal fase”. Com relação aos professores, identificamos que uma minoria compreende o diálogo numa perspectiva dialética, na qual “através dos outros constituímo-nos” (VIGOTSKI, 2000, pg. 24), ou seja, tanto professor quanto aluno são percebidos como elementos que se constituem nas e pelas relações estabelecidas no contexto educacional. A maioria dos docentes considera o diálogo numa visão dicotomizada dentro do processo ensino-aprendizagem, enfocando, sobretudo, a figura do adolescente como protagonista ou “beneficiado” deste, como percebemos nos seguintes excertos: “o diálogo é muito importante e acho que ajuda o aluno adolescente nessa fase difícil e ao mesmo tempo bonita”, “o diálogo leva o adolescente a refletir melhor suas atitudes, seu lugar na sociedade e os meios de interferir na mesma” e “acredito que os adolescentes podem ser sensibilizados através do diálogo e este pode se tornar um forte instrumento de conscientização e educação”. O diálogo também é entendido como um momento para se discutir a relação entre o professor e o aluno e não como algo que constitui a relação entre ambos. No relato que se segue, o professor faz um desabafo, revelando a sua dificuldade no trato com seus alunos:“não tenho percebido abertura e recepção cem porcento satisfatórias dos adolescentes quando o assunto é ‘discutir a relação’. Creio que o diálogo pode possibilitar que o adolescente se perceba menos como o centro do universo, mas nem sempre resolve os problemas de responsabilidade para com seus deveres e de relacionamento com os mais velhos”.
  • 6. Em algumas falas, o diálogo é mencionado como um recurso pedagógico importante na relação professor-aluno. Contudo, percebe-se uma naturalização do diálogo e uma referência a ele como recurso para o estabelecimento de condições satisfatórias nas interações entre discente e docente, como nos trechos: “o diálogo se constitui em um meio que possibilita uma convivência mais harmoniosa entre professor e aluno”; “acredito que o diálogo deve ser sempre o primeiro ou um dos primeiros instrumentos pedagógicos, pois ele propicia conhecimentos, entendimentos entre o professor e aluno. O diálogo pode aproximar duas pessoas que se mostram dispostas a se conhece” e “sim, a partir do diálogo é possível compreender, conhecer a maneira de pensar e o raciocínio do aluno, permitindo maior aproximação do mesmo” No seguinte relato: “o diálogo aproxima professor e aluno, facilitando a mediação do conteúdo a ser trabalhado”, observamos que o professor entende o diálogo como instrumento pedagógico e tem consciência de sua importância na relação entre ele e o aluno. Além disso, remetemos ao conceito de mediação, elaborado por Vigotski (1989), o qual reconhece na linguagem um instrumento por meio do qual as pessoas se apropriam dos significados produzidos culturalmente, além de produzirem novos significados e sentidos para suas vidas. Outra fala demonstra uma visão dialética acerca do diálogo na prática pedagógica: “por meio do diálogo pontuam-se dificuldades, interesses, resistências que comprometem a qualidade do processo ensino-aprendizagem. Por outro lado, ao serem identificados, norteiam o percurso e a trajetória de todo o processo que pode ser montado pelo professor”. Neste trecho identificamos a implicação do professor na qualidade do processo ensino-aprendizagem e sua função de organizador do meio educativo. Ao serem questionados sobre o que seria necessário para o estabelecimento de um diálogo efetivo entre alunos e professores, as respostas, em grande parte, direcionaram-se para elementos subjetivos da interação, como “respeito”, “simpatia”, “compreensão”, “confiança” e “desejo”. Por outro lado, muitos docentes acreditam que o diálogo pode vir a ser um recurso pedagógico ativo no processo ensino- aprendizagem, principalmente no que se refere a formação profissional como observado nos relatos: “criatividade para ser mais flexível na relação e necessidade de desenvolver-se como profissional, visando atender e, principalmente, entender os alunos.”; “O autoconhecimento do professor possibilitando maior e melhor abertura, às questões apresentadas pelos alunos. Ainda o respeito mutuo às diversidades (diferenças”). Essas respostas demonstram a alusão do professor ao processo dialógico, quando se refere à necessidade de desenvolver o autoconhecimento para que ele se relacione melhor com aluno, o que indica a importância do investimento em sua formação profissional. Em outros excertos, fica claro a compreensão do professor como organizador do espaço escolar (VIGOTSKI, 2003). Deste modo, o docente se vê como organizador da sua prática, de forma a propiciar meios para que o diálogo seja construído efetivamente: “o diálogo deve vir da parte tanto do professor quanto do aluno, caso contrário se tornará um monólogo. É importante, também, nesse movimento dialógico, um jeitinho envolvente do professor que promova a participação do aluno.” e “acredito que o professor deva conduzir os diálogos de modo a construir no aluno o hábito dessa prática. O professor, talvez, seja o grande responsável por estabelecer um diálogo construtivo com o aluno.”
  • 7. Há também, relatos que pautam na busca geral por recursos pedagógicos para o estabelecimento do diálogo, fazendo referência à criação de estratégias práticas, como: “uma maior proximidade aluno-professor, professor-aluno; formas de trabalho pedagógico que despertem o interesse dos alunos, gerando melhores resultados”. Esta análise indicou que muitos professores apresentam uma visão dicotomizada acerca do diálogo no processo ensino-aprendizagem. Muitas vezes, o diálogo foi percebido, não como uma via de mão dupla, mas como um procedimento unilateral no qual a figura do aluno é depositária do conhecimento transmitido pelo professor. Considerações Vigotski (1989) ao esboçar que aquilo que o ser o ser humano faz com o auxilio de outrem mais capaz, pode ser mais significativo para o seu desenvolvimento do que aquilo que ele já consegue realizar sozinho revela a importância de o trabalho pedagógico acontecer dentro da zona de desenvolvimento próximo, em uma ação conjunta, entre professor e aluno. Neste sentido, a sala de aula é o lócus em que, a partir das relações estabelecidas com os adolescentes, o professor encontrará no diálogo uma importante ferramenta para atingir os seus objetivos educacionais. Com relação à apropriação do espaço escolar pelos adolescentes, concordamos com Dayrell (1996) quando ele afirma que não há um tempo adequado para o fluir das relações no cotidiano escolar, uma vez que, muitas vezes, a escola não estimula a relação entre professor e aluno de forma propícia para se estabelecer práticas pedagógicas que visem um efetivo processo ensino-aprendizagem por meio do diálogo. Assim, é importante que o professor entenda que o adolescente, ao chegar à escola, advém de um amplo processo educativo que acontece “no cotidiano das relações sociais, quando os sujeitos fazem-se uns aos outros, com os elementos culturais a que têm acesso, num diálogo constante com os elementos e com as estruturas sociais onde se inserem e as suas contradições” (DAYRELL, 1996, p. 142). Ao discutir e refletir sobre o diálogo entre professor e adolescente, buscamos contribuir tanto para se pensar na necessidade de formação continuada dos docentes como nos processos de ensino-aprendizagem que envolvem o desenvolvimento do adolescente. Com este estudo concluímos que muitos professores possuem uma visão dicotomizada acerca do diálogo no processo ensino-aprendizagem, tendo em vista que, em muitos momentos, o diálogo é percebido não como uma via de mão dupla, mas como um procedimento unilateral no qual a figura do aluno é depositária do conhecimento transmitido pelo professor. Assim, parece haver uma lacuna na formação desse profissional no que tange ao domínio dos conhecimentos sobre desenvolvimento humano, em especial, sobre a adolescência, indicando a necessidade de maiores investimentos em sua formação. Referências ABERASTURY, A.; KNOBEL,M. Adolescência Normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.
  • 8. AGUIAR, W.M.J.; BOCK, A.M.B.; OZELLA, S. A orientação profissional com adolescentes: um exemplo de prática na abordagem sócio-histórica. In: BOCK, A.M.B.; GONÇALVES, M. G.M; FURTADO, (orgs.). Psicologia sócio-histórica. 3ªEd. – São Paulo: Cortez, 2007. p. 163 – 178. ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara, 1981. BLOS, P. Adolescência: uma interpretação psicanalítica. 2ª Ed, São Paulo: Martins Fontes, 1998. BOCK, A. M. B. A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n. 62, p. 26-43, abril, 2004. BOSSA, N.A.; OLIVEIRA, V.B.(orgs.) Avaliação psicopedagógica do adolescente. Petrópolis: Vozes, 1998. CORTESÃO, L. Ser professor: um ofício em risco de extinção. São Paulo: Cortez, 2002. CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de |Janeiro: Nova Fronteira, 1982. DAYRELL, J. A escola como espaço sócio-cultural. In: DAYRELL, J. (org.) Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. FONTANA, R.A.C. Como nos tornamos professoras?. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. LIMA E GOMES, L.R. A escola como espaço de prazer. São Paulo: Summus, 2000. MENEZES, L.H.P. Identidade e saberes de professores (as) de adolescentes: uma aproximação ao processo de sua constituição. Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Educação. Dissertação de Mestrado, 2004. OLIVEIRA, M. A. C. EGRY, E. Y. (1997). A adolescência como um constructo social. Revista Brasileira do Crescimento e Desenvolvimento Humano, 7(2), 12-21. OLIVEIRA, M.K. Vygotsky: aprendizagem e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo: Editora Scipione, 2003 RANGEL TURA, M.L. O olhar que não quer ver: histórias da escola. Petrópolis: Vozes, 1995. SALLES, L.M.F. Adolescência, escola e cotidiano: contradições entre o genérico e o particular. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1998. TARDIFF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. TUNES, E; TACCA, M.C.V.R; BARTHOLO JÚNIOR, R.S. O professor e o ato de ensinar. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 126, p. 689-698, set/dez. 2005. VIGOTSKI, L.S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
  • 9. _____________. Manuscrito de 1929. Educação & Sociedade, ano XXI, n. 71, Julho, 2000. ______________. Psicologia Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. ZAGURY, T. O adolescente por ele mesmo. Rio de Janeiro: Record, 1996.