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REVISTA PAULISTA DE
CULTURA E POLÍTICA
                         ANO l Nº 1 Novembro/2011




      NOVEMBRO DE 2011
REVISTA PAULISTA DE CULTURA E POLITICA




Editorial                                                    03

O Bandeirismo                                                04
Cassio Forcignano

Bandeirante o semeador de cidades                            06
Roberto Tonin

Os bandeirantes e Vianna Moog                                10
Roberto Tonin
Editorial
       ‘Um povo sem memória é um povo dominado’.
      14 de novembro dia dos Bandeirantes. A data não é comemorada, não é feriado, os
bandeirantes quando não esquecidos são atacados, caluniados, “desconstruídos” no linguajar
esquerdista. Sua memória, desde a ditadura getulista, esta sendo apagada dos livros e sua
memória dos paulistas. Até os sólidos monumentos, como o do bandeirante Borba Gato1, é
desqualificado, vandalizado, e chega a ser ameaçado de demolição por grupos esquerdistas, tal
como o Taleban que derrubou a grande estatua de Buda no Afeganistão. Esses bárbaros
querem impor suas ideologias com violência, já que o povo em sã consciência nega segui-los
como bois para o matadouro. E uma das formas dos esquerdistas de fazerem isso é destruir
tudo o que representa liberdade, autonomia e amor a terra e a cultura. Só um povo derrotado,
humilhado, pobre de corpo e espírito, aceitaria a ideologia esquerdista. Por isso o bandeirante
é tão martirizado. O bandeirante é o símbolo máximo do paulista, seu empenho no trabalho,
na riqueza conquistada com esforço e dedicação, na glória de feitos grandiosos, no espírito de
liberdade intransigente, não se submetendo ao estrangeiro – seja ele espanhol ou português,
seja ideologias externas e internacionalistas como o proto-socialismo dos jesuítas. O
dinamismo bandeirante permitiu uma total integração cultural com os índios, que pelos
códigos de honra, ao serem derrotados militarmente pelos paulistas se converteram em fies
aliados nas expedições bandeirantes, e também na defesa das terras paulistas diante de tribos
inimigas, espanhóis, portugueses e brasileiros (os emboabas). O bandeirante, como um gigante
avançava pelo sertão plantando arraiais, que germinavam tornando-se cidades, trilharam
caminhos que se tornaram estradas de ferro e rodovias, e quando finalmente pararam, ali se
fixaram as fronteiras da pátria. Aos bandeirantes devemos tudo! Sem eles não haveria
estradas a percorrer, cidades a habitar, terras para plantar, e história para se orgulhar.
      E é por isso que desperta tanta inveja e ódio nos esquerdistas. A memória bandeirante é
um colosso que se põe em seu caminho, simbolicamente o gigante Borba Gato em pedra é um
guerreiro vigilante das terras, da cultura e da história paulistas, assombrando àqueles que
querem invadir São Paulo para nos roubar, corromper e destruir.
      São Paulo encontra-se sitiada pela corrupção e pela ideologia esquerdista. O espírito
bandeirante nos conclama a defesa de nossa terra bandeirante, nossa cultura bandeirante e
nossa historia bandeirante.

      Paulistas às palidaças!




1
 Estátua de concreto armado, revestido de mármore e basalto coloridos. A estátua tem dez metros de
altura e pesa vinte toneladas. Construída pelo escultor Júlio Guerra em 1963, em comemoração dos 400
anos de Santo Amaro e em homenagem ao seu mais ilustre citadino o bandeirante Manuel de Borba
Gato (1649-1718). Esta localizada na Avenida Adolfo Pinheiro em confluência com a Avenida Santo
Amaro, em São Paulo/SP.
O BANDEIRISMO
Por Cassio Forcignano

       Segundo Tito Lívio Ferreira o bandeirante devia ser um líder cujas as ordens não
poderiam ser desobedecidas as bandeiras eram formadas pelo Capitão comandante ,
os capitães das Companhias, Alferes porta-bandeira, Sargento, Meirinho, escrivão,
além dos cabos de esquadra alguns autores acreditam que a palavra bandeira, talvez
derive de “bando”reunião de bandos no livro Os Paulista João de Scantimurgo
escreveu: “Segundo parece, apenas depois de 1635 começa-se a espalhar por São
Paulo a palavra Bandeira como conjunto de Companhia de Milícia formada por
sertanistas...E em 1636 a palavra Bandeira figura como conjunto de Companhia.”
Ainda na mesma obra aparece: “ Constituem virtudes militares, a coragem , a energia,
o hábito de comandar, características principais dos bandeirantes. Amparados na
família, sua base fundamental, organizam-se militarmente, para defender e conquistar
a terra.”Cassiano Ricardo à definiu como "cidade que caminha", devido à
sua diversificação social.
       O bandeirismo evidencia as dificuldades das comunidades afastadas do centro
exportador dominante, o nordeste açucareiro. Assim era necessário que nossos
antepassados paulistas saíssem em busca de meios para uma vida mais prospera. Disto
resultaram as bandeiras, verdadeiras vilas móveis, misto de espírito aventureiro e
empresarial. A primeira fase do bandeirismo foi o apresamento de indígenas a captura
de índios tornou-se um bom negocio depois da conquista do nordeste da colônia por
parte da Holanda que também conquistou importantes regiões da África que
forneciam escravos negros para a lavoura da cana, regiões livres do domínio holandês
tiveram que recorrer ao escravo indígena para suprir a falta de mão de obra, como foi
o caso da Bahia e Rio de Janeiro que tiveram que recorrer aos bandeirantes. O Tietê
ajudou em muito no apresamento servindo de estrada e mais importante ainda
permitiu um caminho mais rápido com a Bacia Platina e as grandes missões localizadas
ao Sul , índios que se encontravam nas missões jesuítas já estavam acostumados à vida
sedentária e ao trabalho agrícola, eram por esses motivos mais valorizados que os
selvagens , evidente que a captura dos índios por parte dos bandeirantes levou a uma
ruptura com os jesuítas que condenavam a escravidão indígena.
       As primeiras missões a serem atacadas foram as situadas no atual Estado do
Paraná em uma grande bandeira comandada por Manuel Preto e Antonio Raposo
Tavares destruiu as missões da região, índios foram aprisionados e os jesuítas
expulsos, mas os padres ergueram outras missões em outras regiões , mas também
foram destruídas após vários ataques . Não se tem um número exato de quantos
índios foram capturados por parte dos bandeirantes, mas calcula-se que o número
ultrapasse 60 mil.Os bandeirantes não queriam destruir os indígenas seu objetivo era
aprisionar índios para vende-los como escravos em lugares que não usavam o negro
por ser muito caro, era o único bom negócio possível aos paulistas. Tal negócio foi
facilitado, pois, devido à união Ibérica, o Tratado de Tordesilhas não estava em vigor,
isto foi uma das causas da destruição do primeiro ciclo missioneiro no sul da colônia e
por outro lado colocou São Paulo em uma condição de povoamento diferente do
restante da colônia fez surgir no povo paulista o pioneirismo desbravador , assim como
o isolamento inicial contribuíram em muito para a formação da consciência regional,
tal consciência foi entendida, séculos depois como ideologia da classe dominante ou
elite paulista como preferem alguns, essa elite teria feito um trabalho de
convencimento defendendo que São Paulo era uma exceção do Brasil , a formação
paulista , pioneirismo e amor ao solo regional teria servido de base a elite para defesa
federalista e o regionalismo teria levado a Revolução de 1932.
      Como qualquer outra tese essa também pode ser combatida, pois se os autores
que defendem não podiam desqualificar a questão do empreendedorismo paulista ter
nascido com os bandeirantes, ao menos em um primeiro momento, pois teriam que
negar que fatos do passado, assim como a formação política, ideológica, biológica
(tomando como exemplo as condições geográficas, alimentares e climáticas) e não se
pode negar que todos esses fatores são fundamentais na formação de um povo e o
estudo desses mesmos fatores nos ajudam a entender as condições atuais. Então em
um primeiro momento usaram o argumento que a elite precisava justificar o sucesso
paulista e não apenas isso, mas demonstrar o motivo do sucesso e todo o
empreendedorismo teria nascido com os bandeirantes e pensando no argumento da
elite paulista a melhor forma de envergonhar o orgulho paulista era alegar que as
façanhas dos bandeirantes não passavam de mitos, mas ao passo que aumentavam as
provas das façanhas dos bandeirantes ia por terra essa alegação, então como lobos em
fúria lançaram outro argumento pregando que os bandeirantes foram bandidos,
assassinos, bárbaros, homens atrasados. Pegando como exemplo o homem do século
xx e comparando com os antigos bandeirantes, seria o mesmo que comparar as leis
medievais com as atuais ou pegar obras renascentistas e falar que não tiveram
importância alguma.
Bandeirante o semeador de cidades.
Por Roberto Tonin

         A efusão de bandeirantes sobre os planaltos, rios e sertões, dos pampas á
Amazônia, dos sertões da caatinga ás montanhas andinas, decorre de vários fatores: a)
solidariedade familiar, comunitária e política; b) rápido transbordamento demográfico,
devido á multiplicação de tribos vencidas e aliadas, que através de costumes
guerreiros, atenderam aos chamados ás armas de Piratininga, centro geopolítico
dominante da região; o emolduramento territorial e jurídico e sua retroalimentação ao
imperativo expansionista e resistência política. (Freitas, Amadeu – Geopolítica
Bandeirante).
         O ímpeto bandeirante estabeleceu uma passagem para o Peru em 1622, pelo
bandeirante Antonio Castanho da Silva. Após o feito os espanhóis patrocinaram a
                                                  construção das reduções jesuíticas do
                                                  Itatim, para bloquear o acesso dos paulistas
                                                  aos Andes. Entre 1620 e 1638 várias
                                                  bandeiras ocuparam territórios dos atuais
                                                  Mato-Grosso do Sul e norte do Paraguai,
                                                  ameaçando a capital provincial espanhola
                                                  de Assunção, os principais bandeirantes
                                                  foram Antonio Raposo Tavares, Fernão Dias
                                                  Paes Leme e André Fernandes.
                                                        Entre 1641 e 1673, diversas bandeiras
Batalha de Mboré, no atual Uruguai, 1641.
Bandeirantes derrotados por uma força conjunta de
                                                  chefiadas por Manuel Dias da Silva,
tribos indígenas, jesuítas e espanhóis.           Jeronimo Pedroso de Barros, Domingos
                                                  Barbosa Calheiros e Bras Rodrigues Arzão,
penetraram as províncias espanholas do Plata, atuais estados Argentinos de Misiones,
Corrientes, Entre Rios e Santa Fé.
         Já o atual Uruguai foi devassado pelas bandeiras de Fernão Dias Paes Leme e de
Manuel Dias da Silva em 1635.
         Os territórios dos atuais Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, todos
dentro dos domínios espanhóis foram fustigados por inúmeras bandeiras, desde
Jerônimo Leitão em 1585 até Pedro de Alvarenga em 1679. Nessas incursões
bandeirantes foram fundadas centenas de povoados, que viriam a se tornar futuras
cidades, tal como a cidade de Laguna (SC), fundada pelo bandeirante Domingos de
Brito Peixoto em 1676, com o nome de “vila de Santo Antonio dos Anjos de Laguna”.

       Deturpação histórica do bandeirante.
       É muito importante ater-se aos fatos com honestidade, sem cair nas mentiras do
politicamente correto que busca reescrever a história sob uma ‘interpretação crítica’,
obviamente regada por infecto caldo ideológico.
       De acordo com Freitas,
              “há uma literatura marginal, que pretende inutilmente desprezar o nosso
              homem antigo e atual – causa e efeito primordiais de nossa História. É na
              rude forja latifundiária que se temperava o aço dos caracteres
              bandeirantes, arrastados pelos chefes que a exigüidade dos vilarejos
              tornava sempre mais rurais do que urbanos.” (Freitas, Amadeu.
              ‘Geopolítica Bandeirante’).
Os acontecimentos do passado ocorreram dentro de um contexto. E
comparações só são cabíveis, se feitas entre experiências dentro do mesmo contexto,
e não entre épocas distintas, com contextos econômicos, históricos e culturais
completamente diferentes. ‘Criticar’ os bandeirantes por sua postura rústica e
agressiva, e seus atos de conquista é tão ridículo quanto criticar os antigos romanos
por sua postura igualmente rústica e agressiva, e suas conquistas militares.
       Os romanos são os pilares de nossa civilização, não ‘ocidental’ termo tão ao
gosto de fundamentalistas evangélicos estadunidenses, mas civilização humana,
porque todos os povos que entraram em contato com os romanos, adquiriram seu
aparato cultural e usufruíram de suas estruturas organizacionais, mesmo tendo obtido
a supremacia sobre seus territórios mais tarde. Pois Roma é o símbolo da
racionalidade, oposta a anarquia e selvageria.
       Os bandeirantes, por seu lado, são os pilares de nosso caráter paulista, de nosso
‘ser paulista’, em todos os aspectos, nosso ímpeto criativo e empreendedor, nosso
espírito autonomista e livre, nossa determinação ao trabalho duro como geradora de
uma riqueza justa e meritória. Portanto, os bandeirantes são nosso símbolo da auto-
suficiência do povo paulista, oposta a cultura brasileira da submissão ao poder
centralizado e corrupto.

       A construção de cidades.
       Os portugueses tinhas instruções rígidas para a fundação de cidades: localização
preferencialmente nas aldeias indígenas, para ter o menor trabalho possível. As
primeiras construções eram o pelourinho – símbolo da administração no Brasil, a
camara municipal – para garantir o futuro dos fidalgos, e a cadeia – para os que se
sentirem contrariados. Após uma cerimônia religiosa, com a presença forçada dos
índios, se dava por fundada mais uma cidade brasileira. Esses episódios ocorriam
quase que exclusivamente no litoral brasileiro.
       Já os bandeirantes tinham procedimentos totalmente distintos: a localização faz
pela necessidade de preservar novos caminhos para o interior, ou seja, eram
inicialmente ‘Arraiais’ – bases avançadas no meio do sertão, a centenas de quilômetros
da costa, mas a um dia de distancia umas das outras, que rapidamente cresciam com o
fluxo de novos habitantes. As primeiras construções paulistas eram a capela e a granja.
Ou seja, as duas necessidades do homem de conquistas: o alimento do espírito e o
alimento para o corpo. Quando o arraial cresce e torna-se uma cidade, torna-se foco
irradiador para novas cidades. Dali partindo novas expedições, ou nela sendo
recrutados os bravos que formam as grandes bandeiras. “Cada Bandeira, por sua vez, é
uma cidade errante que lá se vai”, esta é a razão singela do baixo crescimento
demográfico durante os primeiros séculos das cidades paulistas. Um contínuo fluxo de
gentes para compor as bandeiras e ocupar as novas cidades que vão brotando pelo
caminho.
       Nesse processo os Arraiais originais, e posteriormente as cidades, acabam se
especializando em certas atividades, tais como estâncias agropecuária (Campinas,
Mogi-Mirim, Porto Feliz, Areias, Capivari), centro de mineração (Apiaí), entrepostos
comerciais (Freguesia do Ó, atualmente bairro de São Paulo), aldeamento indígena
(Taubaté, Queluz, Itapecerica, Guarulhos, Barueri), colônia militar (Avanhandava),
dentre outras atividades.
A partir de São Paulo, os bandeirantes fundaram cidades em todas as direções:
ao norte como Mariana, Ouro Preto, Sabará, Januária, Diamantina, no atual estado de
Minas Gerais; Cuiabá, Goiás, Vila Bela, Pilar, atualmente região Centro-Oeste; e Nossa
Senhora das Brotas, Morrinhos, Paulista, respectivamente nos atuais estados de
Sergipe, Bahia e Pernambuco, somente para citar alguns exemplos. Ao sul fundaram
Curitiba, Rio Pardo, São Francisco do Sul, Guarapuava, Vacaria, Laguna, Desterro –
atual Florianópolis, no território atual dos estados sulistas.
      Essas redes de arraiais se tornaram os fundamentos do tecido urbano de São
Paulo e de grande parte da América Lusófona. Segundo Freitas,

            “Cada povoação dessas, além de constituir um subfoco de irradiação, tem
           uma história característica. Itu e Porto Feliz são postos avançados para Mato
           Grosso, no colorido e movimentado episódio das monções. Mogi tem o seu
           nome ligado ao ciclo do outro das minas; Jacareí contribui com Bartolomeu
           Fernandes de Faria, que aí residiu, e que foi – na questão do sal¹ – um dos
           exemplos da insubmissão paulista; S. José do Paraíba (hoje dos Campos)
           fundado por Anchieta, teve origem numa aldeia de índios guaianases e já,
           sob esse aspecto, deu a sua contribuição. Aí morou o primeiro bandeirante
           desbravador da região, Francisco João Leme, filho de Manuel João Branco, o
           tal do caso de bananas ao rei² o que foi grande povoador entre os de Minas
           Gerai; Guaratinguetá ‘assume notável papel dos fastos do bandeirismo,
           sobretudo com a guerra dos emboabas. Com a vitória destes, itu e Sorocaba
           assumem seu papel histórico’. Taubaté é o centro decisivo de onde partem,
           numerosas e alvoroçadas, as bandeiras que descobrem, povoam as gerais.
           Daí sai Salvador Fernandes Furtado para fundar a primeira urbe mineira, o
           Ribeirão do Carmo. Guapacaré (atual Lorena) é o acesso da Mantiqueira,
           levando sementes vivas de novas e numeráveis cidades que haviam de b
           rotar na zona da mineração. Atibaia é a chave com que o o piratiningano
           abriu a porta de Goiás,. Sorocaba, de onde irradiam as bandeiras mato-
           grossenses, é o marco de unificação ligando os núcleos bandeirantes do Sul,
           para depois ser o mercado do comércio de tropa, de famosa significação
           nacional. Lajes vai ‘fazer testa às missões castelhanas’, na luta contra o
           espanhol.” (Freitas, ‘Geopolítica Bandeirante’).

      A epopéia de Raposo Tavares.
      Dentre as incursões bandeirantes em território espanhol a mais célebre foi
chefiada pelo bandeirante Antonio Raposo Tavares. Durou três anos, partindo de São
Paulo em maio de 1648, descendo o rio Tiete, rumo ao território espanhol, na época
tudo a oeste de Sorocaba oficialmente pertencia ao Império Espanhol. Não se detendo
por esses fatos, a grande bandeira prossegue dividida em dois regimentos, avançando
paralelamente, para evitar cercos, reunindo-se para o ataque e destruição definitiva
das reduções espanholas do Itatim, e de outras reduções próximas, Maracaju,
Terecañi, Bolaños, Xerez e Santa Bárbara, provocando tal êxodo de habitantes, que o
Governo Espanhol organizou um enorme exército partindo de Assunção em direção á
região. Em abril de 1649, diante da ameaça, a bandeira prossegue em direção aos
Andes, enfrentando espanhóis até ultrapassar Santa Cruz de La Sierra, e se
aproximando de Potosí (atual Bolívia), permanecendo na exploração da região até
julho de 1650, quando parte para o norte, até atingir o rio Madeira, do qual descem
numa flotina fluvial até atingir o forte português de Gurupá, na foz do ria amazonas,
próximo a Belém em fevereiro de 1651. Finalmente os remanescentes da epopéia
bandeirante chegam a São Paulo trazendo relatos e descrições de caminhos, além de
semear inúmeros arraiais – futuras cidades, por todo o percurso de mais de 12 mil km
³, conquistando terras aos espanhóis que hoje conhecemos por Paraná, Mato-Grosso,
Mato-Grosso do Sul e Rondônia, e ameaçou seriamente as possessões espanholas dos
atuais Paraguai, Bolívia e Peru.

       ‘Onde parou o bandeirante surgiu a fronteira’.
       Os reflexos das incursões bandeirantes
resultaram, além da fundação de centenas de
cidades, a consolidação das fronteiras, fixadas
pelo Tratado de Madrid de 13 de janeiro de
1750, e ratificadas pelo Tratado de Santo
Ildefonso de 1777, estabelecendo como novas
fronteiras entre as Américas castelhanas e
lusófonas, os rios Paraná, Paraguai e Uruguai.
Realizando a retirada de bandeirantes
remanescentes dos territórios dos atuais
Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolivia, em troca
da entrega da região oeste do Rio Grande do
Sul, local de resistência espanhola das cidadelas    América Lusófona em 1709.
de Sete Povos das Missões. Curiosamente a
região de Chiquitos, atual província de Santa Cruz de La Sierra, na Bolivia, influenciada
pelos laços com os paulistas, buscaram a anexação ao Brasil em 1825, sendo aceita
pelo comandante militar do Mato Grosso que ocupou a região. Entretanto diante da
estupefação e protestos de todos os recém criados países sul-americanos,
notadamente do líder supranacional Simon Bolivar, o governante do Brasil, D. Pedro I,
ordenou a retirada da região e obrigou os habitantes de Chiquitos a se subordinarem a
recém criada Republica da Bolívia.




Notas:

1 - Nos séculos XVI e XVII, havia na América Lusófona o chamado ‘monopólio do sal’, no qual corruptos
comerciantes portugueses obtinham a concessão da metrópole para comercializar o sal com
exclusividade. Esses ‘concessionários’ eram homens ambiciosos, desalmados e cruéis, que faziam tal
monopólio do sal que seu preço tornava-se extorsivo, tornando o sal, gênero de primeira necessidade,
fora do alcance da maioria da população. Em 1710, indignado com essa situação, o bandeirante
Bartolomeu Fernandes de Faria, saiu de sua fazenda nos arredores de Jacareí, com um tropa formada
por 200 indios aliados e escravos africanos e rumou para Santos. Chegando lá o bandeirante paulista
ordenou que se arrombassem os prédios defendidos pela guarda portuguesa e de lá retiraram o
precioso sal. No retorno para a Serra acima, distribuíram o sal a todas as famílias que encontraram pelo
caminho e que eram tão carentes do produto.


2 - Numa viagem a Portugal, em 1640, Manuel João Branco entregou ao rei de Portugal um cacho de
bananas, feito de ouro maciço.

3 - Trajetória superior à famosa ‘grande marcha’ de 9 mil km de Mao Tse Tung na China.
Os Bandeirantes e Vianna Moog.

Por Roberto Tonin

      A obra Bandeirante e Pioneiros2, produzida em 1954, buscava criar um estudo
comparativo da formação dos Estados Unidos e do Brasil. De modo a obter respostas
da razão do desenvolvimento do primeiro e do atraso do segundo, e suplantar os mitos
correntes de que os norte-americanos tiveram vantagem dada sua ‘superioridade
étnica’, com a colonização do inglês superior a colonização do português, e também
tiveram vantagem com ‘fatores econômicos’.

      O mito da superioridade étnica anglo-saxã na colonização.
      Desculpa corrente no passado, e que persiste anda hoje em algumas cabeças, a
idéia de que o fato dos americanos terem sido ‘colonizados’ por ingleses, foi decisivo
no progresso que tiveram, em relação ás américas hispânicas e lusitanas. O primeiro
mito é abordado por Moog comparando condições étnicas de colonização e as
condições naturais (geográficas, topográficas e climáticas) de ambos os países. Quanto
aos Estados Unidos destaca as facilidades de planícies imensas e rios ideais para
navegação, clima ameno com estações definidas, e uma vegetação mais homogênea e
domesticável. Quanto ao Brasil, a topografia da Serra do Mar e os rios cheios de
correntezas e cachoeiras, clima quente propicio a insetos e doenças tropicais, e uma
vegetação muito diversificada que é indomável – a selva, dificultavam muito a vida do
colonizador. No que concerne a etnia anglo-saxã de um lado e ibérica de outro, o autor
rebate afirmando que não há conexão entre raça e disposições psicológicas. E reforça
o argumento mencionando a malfadadas experiências anglo-saxã na Amazônia,
encabeçada pelo gênio capitalista Henry Ford na década de 30, que viu seus esforços
fracassarem, apesar de usar todos os recursos disponíveis, ao tentar reproduzir o
american way of life, mas com a substituição da selva por plantations de seringueiras e
café, desprotegeu as plantas do sol escaldante e as tornaram mais suscetíveis a pragas,
dizimadas as plantações. O clima quente também ferveu os ânimos dos trabalhadores,
confinados em habitações de estilo americano, de paredes finas de madeira
construídas diretamente sobre o solo, baratas e satisfatórias, mas terrivelmente
quentes, vulneráveis a umidade, insetos e vendavais. Por fim, a tentativa de impor a
cultura anglo-saxã, de estilo protestante puritano, falhou na não aceitação pelos povos
locais, que desprezava seus costumes puritanos e sua comida insossa, e causou uma
série de protestos no empreendimento, culminando na retirada de Ford em 1946.
Estabelecendo uma prevalência dos fatores geográficos e climáticos sobre os étnicos.

      O mito da vantagem protestante sobre o catolicismo.
      O segundo mito diz respeito à cultura anglo-saxônica protestante e a portuguesa
católica. A ética católica menosprezava a riqueza e condenava o lucro, importava
apenas a salvação da alma. A ética protestante, no entanto, criou uma visão oposta.
Considerava a riqueza um sinal da graça de Deus, porque a riqueza, fruto do trabalho e
poupança, implica esforço e devoção, só consolidada se o fiel for dotado dessas
qualidades pelo criador. O ócio era então considerado falta de fé e de esforço, um

2
 Moog, Clodomir Vianna. Bandeirantes e Pioneiros. 1993. 18ª edição. Editora Civilização Brasileira. Rio
de Janeiro.
pecado. A associação Weberiana entre protestantismo e capitalismo é essencial na
obra de Moog.3 Entretanto, o mesmo reconhece que a obra capitalista não é
exclusividade de mercadores, teóricos e banqueiros protestantes. As grandes cidades
mercantis da Itália são todas católicas, assim como o cardeal Richelieu da França,
responsável pela modernização da economia francesa, ou dos banqueiros e
mercadores alemães e holandeses, antes e após a reforma. Podemos acrescentar que
se o iluminismo foi em grande parte protestante, o renascimento foi inteiramente
católico, com a Igreja de Roma patrocinando grande parte deste. O próprio autor
afirma que a própria Igreja Católica foi protagonista da expansão do capitalismo com
suas práticas comerciais e seu alcance global. O autor reconhece a importância do
fator cultural religioso, mas ressalta que não é suficiente para explicar a discrepância
no desenvolvimento das Américas, e aponta que é preciso considerar fatores
geográficos, históricos e sociais, juntos com os fatores religiosos.

       O pioneiro, o bandeirante e o mazombo.
       Dentro da analise social de Moog ele constrói um paralelo entre o colono
americano - o pioneiro, e o colono no Brasil, que é dividido em dois - o bandeirante e o
mazombo. O autor recorda que o termo ‘brasileiro’ até o século XVIII era utilizado para
designar aqueles que exploravam o comércio do pau-brasil, ou genericamente os
portugueses que enriqueciam na América e retornavam para a Europa. Já o termo
‘mazombo’, utilizado até o século XX, referia-se aos filhos de portugueses nascidos no
Brasil.
       No que consistia o mazombo?
                     “o mazombo, sem o saber, era ainda um europeu extraviado em terras
              brasileiras. Do Brasil e da América, de suas histórias, de suas necessidades, de seus
              problemas, nada ou pouco sabia, porque vivia no litoral, mentalmente de costas
              voltadas para o Pais? Iam mal as coisas no Brasil? Há, isto não era com ele.
              Ademais, que poderia fazer, se era só contra todos? Na vida pública como na vida
              privada, nunca seria por sua culpa ou negligencia que isto acontecia. A culpa seria
              sempre dos outros” (Moog, 1993, p. 105-106).
       Moog ressalta que o mazombo é carrancudo pelo ressentimento aos
portugueses, no principio, por não lhes permitirem alterar seu nível social, e após com
os estrangeiros em geral por não ter qualificações e condições de competir com eles. E
principalmente, o mazombo era contraditório, enquanto admirava o estrangeiro, a
riqueza e sofisticação além-mar, principalmente os ideais libertários provenientes da
França e América, quando volta-se para seu cotidiano inclina-se a apoiar regimes
impositivos e centralistas, porque o liberalismo no entender do mazomba esta muito
bem, mas aplicá-lo nessas terras, com a ignorância e baixo nível cultural do povo, era
impossível, e o poder então, não admitia dividi-lo com ‘lacaios e lavadeiras’(Moog,
1993, p. 107) . O mozombo se caracteriza pela “falta de crença na possibilidade de
aperfeiçoamento moral do homem, em descaso por tudo quanto não fosse fortuna
rápida e, sobretudo, na falta de um ideal coletivo, na quase total ausência de
sentimento de pertencer o individuo ao lugar e à comunidade em que vivia ”. (Moog,
1993, p. 105-106) Apresenta um total desprezo pelo trabalho, é fascinado por
privilégios, exceções e direitos, esquivando-se de responsabilidades e deveres.
Inclinado ao jogo, trapaças, cargos públicos, a esbórnia. O mazombo só se interessa

3
    Weber, Max. Ética protestante e o espírito do capitalismo.
pela vida fácil e gozadora. Trabalhar duro, construir seu patrimônio? A resposta do
mazombo seria: isso é coisa de escravo. Mulheres virtuosas? Só as da própria família,
todas as outras são passiveis de usos e abusos.

       Diferenças entre bandeirantes e mazombos.
       Moog utiliza essa caracterização do mozombo, o português nascido no Brasil,
para fazer a principal comparação com os pioneiros, os colonos europeus nos Estados
Unidos, que seriam o exato oposto, e a razão do sucesso destes e insucesso daqueles,
em suma a essência da obra de Moog. O que é válido até hoje. Porém, ao trabalhar
especificamente com o bandeirante, ou seja, com os paulistas, Moog admite que ele
não faça parte do mazombismo brasileiro, o paulista é diferente. Enquanto o
mazombo é característico da colonização costeira, ‘com as costas voltadas para o
interior’, voltando-se exclusivamente para o estrangeiro, psicológica e
economicamente, o bandeirante, por seu lado, esta intrinsecamente voltado para a
conquista do interior, e de costas para a metrópole. Enquanto o mazombo cultura um
refinamento europeu, e despreza o trabalho, usufruindo das facilidades urbanas, o
bandeirante é rústico, voltado para o confronto e exploração, seja das minas, seja de
lavouras, trabalhando junto com seus escravos e serviçais, misturando-se com eles,
aprendendo a falar suas línguas e seus costumes. O mazombo fica restrito as cidades e
engenhos no litoral, o bandeirante se espalha pelo interior fundando arraiais e
vilarejos.

       Porque o americanismo na obra de Moog?
       Ao produzir seu trabalho, Vianna Moog, peca pela língua, se assemelhando um
pouco com o mazombismo brasileiro que descrevera. Passa grande parte do livro
exaltando o estrangeiro, traçando comparações forçadas, tais como os jesuítas daqui
com os industriais e banqueiros ianques, ou os engenhos de açúcar com as fazendas
sulistas dos EUA, e principalmente, os bandeirantes com os pioneiros americanos.
Neste caso, o tema do livro aliás, trata de traçar uma comparação nos mesmos termos
que fez com o mazombismo brasileiro em relação aos bandeirantes, ou seja, o
bandeirante é um incrédulo, selvagem, rústico, buscando a conquista de terras e a
riqueza, ao passo que o pioneiro americano seria na visão de Moog, um bom-moço,
buscando consolidar suas cidades e fazendas antes de se arriscar para o interior,
vivendo em harmonia e usufruindo de uma tolerância religiosa e elevação moral. Ou
seja, ele pinta apenas caracteres negativos para o bandeirante, e exclui todos os dados
e elementos negativos quando descreve o pioneiro americano. Isso pode ser visto
como pura bajulação inconsciente, mas tem sim um aspecto ideológico. Os anos 50 se
caracterizaram por um surto americanista no Brasil, com a presença militar americana
no nordeste, resquício da Guerra Mundial, e investimento maciço de capitais no país.
Buscava-se uma explicação do sucesso americano e da estagnação brasileira, ao
mesmo tempo em que, naquele momento, o crescimento paulista estava paralisado
pelos anos de ditadura getulista (1930-1945), e havia um processo de difamação de
São Paulo em curso4, tudo que soasse reconhecer ou vangloriar os feitos dos paulistas,
seria um ultraje aos nacionalistas brasileiros. Neste quadro não é de se espantar que
um autor tenha escrito uma obra, como tantas outras de outros autores, antes e após
ela, com o objetivo de desqualificar os paulistas, e neste caso, também o de exaltar os
4
    Que persiste até os tempos atuais, diga-se de passagem.
norte-americanos. Entretanto, o autor teve que fazer algumas concessões, diante de
evidencias e fatos históricos, como no inicio da obra ao apontar a facilidade dos
americanos em ocupar o território, e também quanto à limitação da exploração
destes, quase restrita ao litoral, curiosamente igual aos mazombos brasileiros. Moog
reconhece que os bandeirantes enfrentaram o terreno desfavorável e o clima
implacável, além de inúmeras tribos indígenas hostis, e povoações espanholas, e nada
disso impediu que percorressem vários milhares de quilômetros e fundassem centenas
de povoados, conquistando vastos territórios. No entanto, Moog, não cumpre a
honestidade intelectual ao fazer comparações fajutas, compara certos aspectos,
arranjando os dados que lhe convém. Não traça um paralelo completo entre os
bandeirantes e os pioneiros, e sim aponta certas características negativas dos
bandeirantes com certas características positivas dos pioneiros, e principalmente
mistura os elementos, quando precisa enfocar um aspecto negativo e não o encontra
entre bandeirantes, o faz com os mazombos brasileiros, igualmente, quando precisa de
um aspecto positivo dos colonos americanos, ele deliberadamente ignora os pioneiros
e usa as colônias mercantis de Nova York. Essa confusão na comparação completa as
lacunas no trabalho de Moog, mas deixa um ar de grosseira manipulação.
      Tal quando compara a motivação da colonização, enquanto os pioneiros vieram,
não em busca de riquezas, mas sim de um espaço para viverem em paz segundo suas
concepções religiosas, e ao povoarem trouxeram consigo suas famílias, seu objetivo
era trabalhar, prosperar, colonizar e não conquistar. Já os bandeirantes, eram
geralmente homens, que organizavam expedições militares para aprisionar escravos, e
explorar minas, obtendo o acumulo de riquezas, e sua função seria a de despovoar o
território de índios, e não o de colonizar.
      Mas Moog é falso ao não informar que os pioneiros também promoveram a
busca por minas, e não as encontrando trataram de ocupar o território, mas não do
modo idílico como descrito no texto de Moog, que mais se assemelha a um filme de
Hollywood, os Pioneiros como os de Roanoke, fundada em 1586, passaram todo o
tempo em incursões em busca de ouro, anos mais tarde um navio de abastecimento
não encontrou ninguém no assentamento, todos haviam morrido de fome e doenças.
Já Jamestown, fundada em 1607, passou por situação parecida, quase todos os
colonos eram homens, e passavam grande parte do tempo de expedições em busca de
ouro, após parte da colônia morrer de fome, eles passaram a comercializar tabaco,
cultivado por escravos africanos, dando inicio aos plantations.
      As primeiras colônias de protestantes tiveram destino semelhante, incapazes de
produzir o próprio alimento, buscavam comercializar com indígenas para garantir a
sobrevivência. Somente quando suas colheitas prosperaram é que seus povoados
cresceram. Estes eram baseados numa teocracia, com sua estrutura social baseada em
clãs familiares, que intercambiavam casamentos e mantinham o poder sobre a
comunidade. Sua economia baseou-se em exportar os excedentes agrícolas para as
cidades litorâneas. Ou seja, no inicio os pioneiros se assemelhavam aos primeiros
bandeirantes, só que não tiveram sucesso.
      Os bandeirantes ao contrário tiveram grande sucesso, não só encontraram
minas, devido ao empenho em ir fundo pelo sertão, como produziam eficazmente toda
a alimentação de que precisavam, nas suas cidades de origem, através das fazendas
onde parte dos lavradores era contratados pelos bandeirantes as tribos indígenas
vizinhas, os pagamentos eram feitos ás tribos. E também produziam alimentos no
caminho de suas incursões, que é a chave de seu sucesso, são os arraiais, fazendas
construídas nos caminhos das bandeiras.
      Os bandeirantes, ao contrário dos pioneiros, foram competentes em encontrar
as minas, e em produzir todos os alimentos de que precisavam. Com o progresso
obtido, investiam em novas incursões e na construção de novos arraiais e novos
povoados, enquanto os pioneiros se limitavam a ampliar suas vilas e aumentar a
exportação de comida para o litoral. Os bandeirantes ocuparam o interior e
continuaram avançando, enquanto os pioneiros levaram mais de 200 anos para
conseguir avançar além da faixa litorânea.
      Moog numa tentativa de reforçar a imagem dos pioneiros busca associá-los aos
banqueiros e comerciantes das cidades litorâneas, numa alegada simbiose de virtude,
cabendo a estes últimos o interesse em manter a unidade territorial, a futura nação
americana, com seus interesses econômicos transformados em motor do progresso.
Esquecendo o autor que estes comerciantes são totalmente ligados a metrópole
Inglaterra, e nada lhes interessa além de enriquecer e usufruir dessa riqueza. Do
mesmo modo, Moog tenta associar os jesuítas aos bandeirantes, alegando que aqueles
buscavam integrar o território, e tal como os comerciantes novaiorquinos buscavam
patrocinar escolas, para aprender ofícios e difundir a fé. Mas bandeirante e jesuítas,
tinham objetivos distintos e totalmente incompatíveis, e sua relação conturbada
resultou na expulsão dos jesuitas de São Paulo em 1640, mas uma descrição mais
pormenorizada fica para outro artigo.

       A tentativa de deturpar a imagem do bandeirante na obra de Vianna Moog.
       Em resumo o bandeirante descrito por Moog, como ávido por riquezas fáceis,
pobres, em numero restrito, e que penaram para desenvolver a colônia, é totalmente
equivocada, e parte de pressupostos falsos. A busca por riquezas minerais motivou
todos os colonos nas Américas, e no que tange ao estadounidenses persistiu até o
século XIX com a corrida do ouro na Califórnia. O que Moog, disse a respeito disso?
Nada é claro. E quanto ao bandeirante ser um maltrapilho, como Moog junto com
outros adora apontar? É um dado ridículo, a preocupação com a moda européia e a
pompa é restrita aos povoados litorâneos, aqueles que o próprio Moog definiu por
mazombos. Os bandeirantes, homens de ação, conquistadores, não se aprazavam das
efemeridades da vida sedentária. Nada mais obvio. O que não é válido em associar a
luxuria á riqueza. Os bandeirantes aplicavam sua riqueza em novas expedições, na
construção de novas povoações, e também na construção de obras públicas, como a
igreja de São Bento em 1600, com doações do bandeirante Fernão Dias Paes Leme.
Também a descrição do bandeirante por Moog como um despovoador do interior é
falso. As bandeiras não massacravam os índios, como os americanos fizeram no século
XIX, e sim construíam alianças com tribos, e enfrentavam as tribos inimigas,
aprisionando os vencidos. Quase 90% do efetivo militar das bandeiras era preenchida
por índios de tribos aliadas. E por todo o caminho que percorriam, fundavam
povoações, quase todas as cidades do sul, sudeste e centro-oeste, e algumas do norte
e nordeste, foram fundadas por paulistas bandeirantes. O aspecto da colônia é
também essencial, enquanto os pioneiros e também os mazombos descritos por
Moog, eram subservientes a metrópole, produzindo insumos para os plantations
exportadores, os bandeirantes visavam a própria autodeterminação, não havia
comissários portugueses em São Paulo, não havia tropas ou fiscais, e quando os
portugueses tentaram exercer seu controle sobre o território paulista, ouve
confrontos, o episódio mais famoso foi a Guerra dos Emboabas (1707-1709) e o mais
significativo foi a aclamação de Amador Bueno como rei de São Paulo (1641), umas das
primeiras tentativas de independência no continente americano.

       O bandeirante em fatos.
       O bandeirante em São Paulo tinha uma
economia voltada para si e para a expansão no
interior. Por isso sua economia é tão discreta, é
meio desconhecida, pouco estudada. Ao contrario
da economia e sociedade do litoral do Brasil, toda
voltada para a Europa, para a exportação, para
modismos, e bajulação do modo de vida europeu,
e cuja estrutura social compunha de uns poucos
ricos esnobes, com trajes europeus na selva
quente, enquanto a imensa maioria da população era escrava ou serva. Em contraste,
a capitania de São Paulo demonstrava dentro desse contexto uma riqueza excepcional,
e um enorme avanço social sobre seus vizinhos, se por um lado não havia ostentação
econômica, por outro não havia miséria. A estrutura de vida social em são Paulo era de
famílias livres, não havia ‘coroné’, e sim grupos de famílias que disputavam a
supremacia sobre a câmara de São Paulo e a liderança nas expedições bandeirantes, e
estas famílias tinham redes de apoio em famílias menos poderosas. O que significava
um grau de liberdade e dinamismo social que levou séculos para chegar ao resto do
Brasil, que era baseado no coronelismo, um semifeudalismo degradante, que ainda
subsiste em locais em certos estados brasileiros até os tempos atuais. Neste ínterim o
dinamismo da sociedade paulista era baseado na influência conquistada, através da
economia local, na produção de alimentos, como o trigo, e de produtos
manufaturados, tal como marmelada, que era exportada para regiões vizinhas
inclusive da America espanhola. As riquezas não eram usadas para adquirir
quinquilharias da Europa, como os ‘coroné’ faziam, e sim utilizada internamente para
expandir a economia, e fundar novos povoados e fazendas, alem de criar caminhos e
arraiais para novas rotas. E tudo isso explicava a criação de força de trabalho, que era
basicamente de famílias livres, e contratos de serviço com tribos indígenas aliadas,
novidade no Brasil, até recentemente, e isso foi o grande diferencial. Enquanto que em
São Paulo a mão-de-obra cativa era usada para a produção de alimentos e
manufaturados, no Brasil os cativos eram utilizados pelo latifúndio monocultor voltado
para exportação como no litoral brasileiro com sua mentalidade ‘casa grande e
senzala’, que marcou a sociedade, incutindo um comodismo e submissão do brasileiro
a um poder central.
       Enquanto que em São Paulo a sociedade de famílias livres, tinha a economia
voltada para o interior para consumo interno e para desenvolvimento local, que
derivou em uma sociedade dinâmica, competitiva e livre, não subordinada a poder
algum que não o derivado de sua vontade, e principalmente, insuflador de uma
autonomia local, que se tornou imprescindível. A câmara de São Paulo não tinha
nenhum ‘coroné’, ninguém tinha o controle, era necessário a negociação e mediação
entre as famílias, para o exercício do governo em prol do bem da cidade, veja como
exemplo disso as deliberações da câmara municipal de São Paulo sobre o envio de
expedições militares para a Guerra dos Emboabas. Essas famílias mais poderosas
organizavam grandes formações militares, completadas por tropas auxiliares
fornecidas por famílias aliadas. Essas formações militares eram regimentos criados e
formados por companhias de 100 soldados, cada uma liderada por capitães com
autonomia tática. Tinham funções muito bem estruturadas, baseadas na surpresa e
emboscadas. O caráter autônomo da bandeira é patente, como ressalta Ricardo “a
bandeira era organizada por exclusiva deliberação dos paulistas: eles mesmos, os
paulistas, se nomeavam capitães, alferes e sargentos, sem dar satisfação nenhuma ao
seu governador, fosse este espanhol ou português.”(Cassiano Ricardo, ‘Marcha para
Oeste’).
      O bandeirantismo criou a infra-estrutura da civilização paulista. Esteve muito à
frente de seu tempo, á frente de seus vizinhos que eram sociedades colonizadas,
dependentes da Europa e baseadas num semifeudalismo. Ao passo que o
bandeirantismo moldou uma sociedade livre, estruturada, autônoma e auto-suficiente.
      Mas se os bandeirantes criaram as condições para o progresso, este foi barrado
pelo brasilianismo, vestígio do mazombismo, que predominava e ainda predomina nas
populações e governos desse Brasil. Todo espírito empreendedor, autonomista e
meritório é endemoniado, perseguido e esmagado. As condições que nossa terra teve
em 1708 era muito superior as condições que os pioneiros americanos tinham na
mesma época. Os bandeirantes fizeram a sua parte, muito superiores aos pioneiros
ianques. Mas para nosso azar, os mazombos tomaram as rédeas do poder e
estagnaram o progresso. Enquanto os ianques, mesmo com sua desvantagem inicial
nos superam e atingiram o apogeu como potencia mundial dominante nos tempos
atuais. No entanto isso não deve ser entendido como uma reles critica, e sim como a
indicação das falhas, e do caminho correto a ser seguido. Devemos resgatar a memória
dos bandeirantes, e impedir que os mazombos continuem dilapidando nossa cultura e
nossa memória histórica, e devemos contra-atacar, retomar o espírito bandeirante, o
empreendedorismo, a autonomia e o mérito, e retomar o caminho do progresso.
A Revista Paulista de Cultura e Política é uma publicação da
Associação Liga Paulista pela Autonomia.




Conselho Editorial: Marcelo, Roberto Tonin, Geovana Lopes e Giovani
Pagliusi.

Editor: Roberto Tonin.



Colaboradores: Cassio Forcignano, Roberto Tonin, Geovana Lopes,
Marcelo Emídio e Giovani Pagliusi.




Os artigos são de responsabilidade de seus autores, embora a Revista
Paulista de Cultura e Política se reserve o direito de solicitar matérias
a partir de pautas estabelecidas pelo Conselho Editorial.
Revista Paulista de Cultura e Politica.

               Coragem de expor os fatos



      Compromisso com a participação e o debate.

          Escreva, desafie, nós publicaremos.



Neste número participaram: Cassio Forcignano e Roberto
                        Tonin

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Revista 01 de 2011

  • 1. REVISTA PAULISTA DE CULTURA E POLÍTICA ANO l Nº 1 Novembro/2011 NOVEMBRO DE 2011
  • 2. REVISTA PAULISTA DE CULTURA E POLITICA Editorial 03 O Bandeirismo 04 Cassio Forcignano Bandeirante o semeador de cidades 06 Roberto Tonin Os bandeirantes e Vianna Moog 10 Roberto Tonin
  • 3. Editorial ‘Um povo sem memória é um povo dominado’. 14 de novembro dia dos Bandeirantes. A data não é comemorada, não é feriado, os bandeirantes quando não esquecidos são atacados, caluniados, “desconstruídos” no linguajar esquerdista. Sua memória, desde a ditadura getulista, esta sendo apagada dos livros e sua memória dos paulistas. Até os sólidos monumentos, como o do bandeirante Borba Gato1, é desqualificado, vandalizado, e chega a ser ameaçado de demolição por grupos esquerdistas, tal como o Taleban que derrubou a grande estatua de Buda no Afeganistão. Esses bárbaros querem impor suas ideologias com violência, já que o povo em sã consciência nega segui-los como bois para o matadouro. E uma das formas dos esquerdistas de fazerem isso é destruir tudo o que representa liberdade, autonomia e amor a terra e a cultura. Só um povo derrotado, humilhado, pobre de corpo e espírito, aceitaria a ideologia esquerdista. Por isso o bandeirante é tão martirizado. O bandeirante é o símbolo máximo do paulista, seu empenho no trabalho, na riqueza conquistada com esforço e dedicação, na glória de feitos grandiosos, no espírito de liberdade intransigente, não se submetendo ao estrangeiro – seja ele espanhol ou português, seja ideologias externas e internacionalistas como o proto-socialismo dos jesuítas. O dinamismo bandeirante permitiu uma total integração cultural com os índios, que pelos códigos de honra, ao serem derrotados militarmente pelos paulistas se converteram em fies aliados nas expedições bandeirantes, e também na defesa das terras paulistas diante de tribos inimigas, espanhóis, portugueses e brasileiros (os emboabas). O bandeirante, como um gigante avançava pelo sertão plantando arraiais, que germinavam tornando-se cidades, trilharam caminhos que se tornaram estradas de ferro e rodovias, e quando finalmente pararam, ali se fixaram as fronteiras da pátria. Aos bandeirantes devemos tudo! Sem eles não haveria estradas a percorrer, cidades a habitar, terras para plantar, e história para se orgulhar. E é por isso que desperta tanta inveja e ódio nos esquerdistas. A memória bandeirante é um colosso que se põe em seu caminho, simbolicamente o gigante Borba Gato em pedra é um guerreiro vigilante das terras, da cultura e da história paulistas, assombrando àqueles que querem invadir São Paulo para nos roubar, corromper e destruir. São Paulo encontra-se sitiada pela corrupção e pela ideologia esquerdista. O espírito bandeirante nos conclama a defesa de nossa terra bandeirante, nossa cultura bandeirante e nossa historia bandeirante. Paulistas às palidaças! 1 Estátua de concreto armado, revestido de mármore e basalto coloridos. A estátua tem dez metros de altura e pesa vinte toneladas. Construída pelo escultor Júlio Guerra em 1963, em comemoração dos 400 anos de Santo Amaro e em homenagem ao seu mais ilustre citadino o bandeirante Manuel de Borba Gato (1649-1718). Esta localizada na Avenida Adolfo Pinheiro em confluência com a Avenida Santo Amaro, em São Paulo/SP.
  • 4. O BANDEIRISMO Por Cassio Forcignano Segundo Tito Lívio Ferreira o bandeirante devia ser um líder cujas as ordens não poderiam ser desobedecidas as bandeiras eram formadas pelo Capitão comandante , os capitães das Companhias, Alferes porta-bandeira, Sargento, Meirinho, escrivão, além dos cabos de esquadra alguns autores acreditam que a palavra bandeira, talvez derive de “bando”reunião de bandos no livro Os Paulista João de Scantimurgo escreveu: “Segundo parece, apenas depois de 1635 começa-se a espalhar por São Paulo a palavra Bandeira como conjunto de Companhia de Milícia formada por sertanistas...E em 1636 a palavra Bandeira figura como conjunto de Companhia.” Ainda na mesma obra aparece: “ Constituem virtudes militares, a coragem , a energia, o hábito de comandar, características principais dos bandeirantes. Amparados na família, sua base fundamental, organizam-se militarmente, para defender e conquistar a terra.”Cassiano Ricardo à definiu como "cidade que caminha", devido à sua diversificação social. O bandeirismo evidencia as dificuldades das comunidades afastadas do centro exportador dominante, o nordeste açucareiro. Assim era necessário que nossos antepassados paulistas saíssem em busca de meios para uma vida mais prospera. Disto resultaram as bandeiras, verdadeiras vilas móveis, misto de espírito aventureiro e empresarial. A primeira fase do bandeirismo foi o apresamento de indígenas a captura de índios tornou-se um bom negocio depois da conquista do nordeste da colônia por parte da Holanda que também conquistou importantes regiões da África que forneciam escravos negros para a lavoura da cana, regiões livres do domínio holandês tiveram que recorrer ao escravo indígena para suprir a falta de mão de obra, como foi o caso da Bahia e Rio de Janeiro que tiveram que recorrer aos bandeirantes. O Tietê ajudou em muito no apresamento servindo de estrada e mais importante ainda permitiu um caminho mais rápido com a Bacia Platina e as grandes missões localizadas ao Sul , índios que se encontravam nas missões jesuítas já estavam acostumados à vida sedentária e ao trabalho agrícola, eram por esses motivos mais valorizados que os selvagens , evidente que a captura dos índios por parte dos bandeirantes levou a uma ruptura com os jesuítas que condenavam a escravidão indígena. As primeiras missões a serem atacadas foram as situadas no atual Estado do Paraná em uma grande bandeira comandada por Manuel Preto e Antonio Raposo Tavares destruiu as missões da região, índios foram aprisionados e os jesuítas expulsos, mas os padres ergueram outras missões em outras regiões , mas também foram destruídas após vários ataques . Não se tem um número exato de quantos índios foram capturados por parte dos bandeirantes, mas calcula-se que o número ultrapasse 60 mil.Os bandeirantes não queriam destruir os indígenas seu objetivo era aprisionar índios para vende-los como escravos em lugares que não usavam o negro por ser muito caro, era o único bom negócio possível aos paulistas. Tal negócio foi facilitado, pois, devido à união Ibérica, o Tratado de Tordesilhas não estava em vigor, isto foi uma das causas da destruição do primeiro ciclo missioneiro no sul da colônia e por outro lado colocou São Paulo em uma condição de povoamento diferente do restante da colônia fez surgir no povo paulista o pioneirismo desbravador , assim como o isolamento inicial contribuíram em muito para a formação da consciência regional, tal consciência foi entendida, séculos depois como ideologia da classe dominante ou
  • 5. elite paulista como preferem alguns, essa elite teria feito um trabalho de convencimento defendendo que São Paulo era uma exceção do Brasil , a formação paulista , pioneirismo e amor ao solo regional teria servido de base a elite para defesa federalista e o regionalismo teria levado a Revolução de 1932. Como qualquer outra tese essa também pode ser combatida, pois se os autores que defendem não podiam desqualificar a questão do empreendedorismo paulista ter nascido com os bandeirantes, ao menos em um primeiro momento, pois teriam que negar que fatos do passado, assim como a formação política, ideológica, biológica (tomando como exemplo as condições geográficas, alimentares e climáticas) e não se pode negar que todos esses fatores são fundamentais na formação de um povo e o estudo desses mesmos fatores nos ajudam a entender as condições atuais. Então em um primeiro momento usaram o argumento que a elite precisava justificar o sucesso paulista e não apenas isso, mas demonstrar o motivo do sucesso e todo o empreendedorismo teria nascido com os bandeirantes e pensando no argumento da elite paulista a melhor forma de envergonhar o orgulho paulista era alegar que as façanhas dos bandeirantes não passavam de mitos, mas ao passo que aumentavam as provas das façanhas dos bandeirantes ia por terra essa alegação, então como lobos em fúria lançaram outro argumento pregando que os bandeirantes foram bandidos, assassinos, bárbaros, homens atrasados. Pegando como exemplo o homem do século xx e comparando com os antigos bandeirantes, seria o mesmo que comparar as leis medievais com as atuais ou pegar obras renascentistas e falar que não tiveram importância alguma.
  • 6. Bandeirante o semeador de cidades. Por Roberto Tonin A efusão de bandeirantes sobre os planaltos, rios e sertões, dos pampas á Amazônia, dos sertões da caatinga ás montanhas andinas, decorre de vários fatores: a) solidariedade familiar, comunitária e política; b) rápido transbordamento demográfico, devido á multiplicação de tribos vencidas e aliadas, que através de costumes guerreiros, atenderam aos chamados ás armas de Piratininga, centro geopolítico dominante da região; o emolduramento territorial e jurídico e sua retroalimentação ao imperativo expansionista e resistência política. (Freitas, Amadeu – Geopolítica Bandeirante). O ímpeto bandeirante estabeleceu uma passagem para o Peru em 1622, pelo bandeirante Antonio Castanho da Silva. Após o feito os espanhóis patrocinaram a construção das reduções jesuíticas do Itatim, para bloquear o acesso dos paulistas aos Andes. Entre 1620 e 1638 várias bandeiras ocuparam territórios dos atuais Mato-Grosso do Sul e norte do Paraguai, ameaçando a capital provincial espanhola de Assunção, os principais bandeirantes foram Antonio Raposo Tavares, Fernão Dias Paes Leme e André Fernandes. Entre 1641 e 1673, diversas bandeiras Batalha de Mboré, no atual Uruguai, 1641. Bandeirantes derrotados por uma força conjunta de chefiadas por Manuel Dias da Silva, tribos indígenas, jesuítas e espanhóis. Jeronimo Pedroso de Barros, Domingos Barbosa Calheiros e Bras Rodrigues Arzão, penetraram as províncias espanholas do Plata, atuais estados Argentinos de Misiones, Corrientes, Entre Rios e Santa Fé. Já o atual Uruguai foi devassado pelas bandeiras de Fernão Dias Paes Leme e de Manuel Dias da Silva em 1635. Os territórios dos atuais Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, todos dentro dos domínios espanhóis foram fustigados por inúmeras bandeiras, desde Jerônimo Leitão em 1585 até Pedro de Alvarenga em 1679. Nessas incursões bandeirantes foram fundadas centenas de povoados, que viriam a se tornar futuras cidades, tal como a cidade de Laguna (SC), fundada pelo bandeirante Domingos de Brito Peixoto em 1676, com o nome de “vila de Santo Antonio dos Anjos de Laguna”. Deturpação histórica do bandeirante. É muito importante ater-se aos fatos com honestidade, sem cair nas mentiras do politicamente correto que busca reescrever a história sob uma ‘interpretação crítica’, obviamente regada por infecto caldo ideológico. De acordo com Freitas, “há uma literatura marginal, que pretende inutilmente desprezar o nosso homem antigo e atual – causa e efeito primordiais de nossa História. É na rude forja latifundiária que se temperava o aço dos caracteres bandeirantes, arrastados pelos chefes que a exigüidade dos vilarejos tornava sempre mais rurais do que urbanos.” (Freitas, Amadeu. ‘Geopolítica Bandeirante’).
  • 7. Os acontecimentos do passado ocorreram dentro de um contexto. E comparações só são cabíveis, se feitas entre experiências dentro do mesmo contexto, e não entre épocas distintas, com contextos econômicos, históricos e culturais completamente diferentes. ‘Criticar’ os bandeirantes por sua postura rústica e agressiva, e seus atos de conquista é tão ridículo quanto criticar os antigos romanos por sua postura igualmente rústica e agressiva, e suas conquistas militares. Os romanos são os pilares de nossa civilização, não ‘ocidental’ termo tão ao gosto de fundamentalistas evangélicos estadunidenses, mas civilização humana, porque todos os povos que entraram em contato com os romanos, adquiriram seu aparato cultural e usufruíram de suas estruturas organizacionais, mesmo tendo obtido a supremacia sobre seus territórios mais tarde. Pois Roma é o símbolo da racionalidade, oposta a anarquia e selvageria. Os bandeirantes, por seu lado, são os pilares de nosso caráter paulista, de nosso ‘ser paulista’, em todos os aspectos, nosso ímpeto criativo e empreendedor, nosso espírito autonomista e livre, nossa determinação ao trabalho duro como geradora de uma riqueza justa e meritória. Portanto, os bandeirantes são nosso símbolo da auto- suficiência do povo paulista, oposta a cultura brasileira da submissão ao poder centralizado e corrupto. A construção de cidades. Os portugueses tinhas instruções rígidas para a fundação de cidades: localização preferencialmente nas aldeias indígenas, para ter o menor trabalho possível. As primeiras construções eram o pelourinho – símbolo da administração no Brasil, a camara municipal – para garantir o futuro dos fidalgos, e a cadeia – para os que se sentirem contrariados. Após uma cerimônia religiosa, com a presença forçada dos índios, se dava por fundada mais uma cidade brasileira. Esses episódios ocorriam quase que exclusivamente no litoral brasileiro. Já os bandeirantes tinham procedimentos totalmente distintos: a localização faz pela necessidade de preservar novos caminhos para o interior, ou seja, eram inicialmente ‘Arraiais’ – bases avançadas no meio do sertão, a centenas de quilômetros da costa, mas a um dia de distancia umas das outras, que rapidamente cresciam com o fluxo de novos habitantes. As primeiras construções paulistas eram a capela e a granja. Ou seja, as duas necessidades do homem de conquistas: o alimento do espírito e o alimento para o corpo. Quando o arraial cresce e torna-se uma cidade, torna-se foco irradiador para novas cidades. Dali partindo novas expedições, ou nela sendo recrutados os bravos que formam as grandes bandeiras. “Cada Bandeira, por sua vez, é uma cidade errante que lá se vai”, esta é a razão singela do baixo crescimento demográfico durante os primeiros séculos das cidades paulistas. Um contínuo fluxo de gentes para compor as bandeiras e ocupar as novas cidades que vão brotando pelo caminho. Nesse processo os Arraiais originais, e posteriormente as cidades, acabam se especializando em certas atividades, tais como estâncias agropecuária (Campinas, Mogi-Mirim, Porto Feliz, Areias, Capivari), centro de mineração (Apiaí), entrepostos comerciais (Freguesia do Ó, atualmente bairro de São Paulo), aldeamento indígena (Taubaté, Queluz, Itapecerica, Guarulhos, Barueri), colônia militar (Avanhandava), dentre outras atividades.
  • 8. A partir de São Paulo, os bandeirantes fundaram cidades em todas as direções: ao norte como Mariana, Ouro Preto, Sabará, Januária, Diamantina, no atual estado de Minas Gerais; Cuiabá, Goiás, Vila Bela, Pilar, atualmente região Centro-Oeste; e Nossa Senhora das Brotas, Morrinhos, Paulista, respectivamente nos atuais estados de Sergipe, Bahia e Pernambuco, somente para citar alguns exemplos. Ao sul fundaram Curitiba, Rio Pardo, São Francisco do Sul, Guarapuava, Vacaria, Laguna, Desterro – atual Florianópolis, no território atual dos estados sulistas. Essas redes de arraiais se tornaram os fundamentos do tecido urbano de São Paulo e de grande parte da América Lusófona. Segundo Freitas, “Cada povoação dessas, além de constituir um subfoco de irradiação, tem uma história característica. Itu e Porto Feliz são postos avançados para Mato Grosso, no colorido e movimentado episódio das monções. Mogi tem o seu nome ligado ao ciclo do outro das minas; Jacareí contribui com Bartolomeu Fernandes de Faria, que aí residiu, e que foi – na questão do sal¹ – um dos exemplos da insubmissão paulista; S. José do Paraíba (hoje dos Campos) fundado por Anchieta, teve origem numa aldeia de índios guaianases e já, sob esse aspecto, deu a sua contribuição. Aí morou o primeiro bandeirante desbravador da região, Francisco João Leme, filho de Manuel João Branco, o tal do caso de bananas ao rei² o que foi grande povoador entre os de Minas Gerai; Guaratinguetá ‘assume notável papel dos fastos do bandeirismo, sobretudo com a guerra dos emboabas. Com a vitória destes, itu e Sorocaba assumem seu papel histórico’. Taubaté é o centro decisivo de onde partem, numerosas e alvoroçadas, as bandeiras que descobrem, povoam as gerais. Daí sai Salvador Fernandes Furtado para fundar a primeira urbe mineira, o Ribeirão do Carmo. Guapacaré (atual Lorena) é o acesso da Mantiqueira, levando sementes vivas de novas e numeráveis cidades que haviam de b rotar na zona da mineração. Atibaia é a chave com que o o piratiningano abriu a porta de Goiás,. Sorocaba, de onde irradiam as bandeiras mato- grossenses, é o marco de unificação ligando os núcleos bandeirantes do Sul, para depois ser o mercado do comércio de tropa, de famosa significação nacional. Lajes vai ‘fazer testa às missões castelhanas’, na luta contra o espanhol.” (Freitas, ‘Geopolítica Bandeirante’). A epopéia de Raposo Tavares. Dentre as incursões bandeirantes em território espanhol a mais célebre foi chefiada pelo bandeirante Antonio Raposo Tavares. Durou três anos, partindo de São Paulo em maio de 1648, descendo o rio Tiete, rumo ao território espanhol, na época tudo a oeste de Sorocaba oficialmente pertencia ao Império Espanhol. Não se detendo por esses fatos, a grande bandeira prossegue dividida em dois regimentos, avançando paralelamente, para evitar cercos, reunindo-se para o ataque e destruição definitiva das reduções espanholas do Itatim, e de outras reduções próximas, Maracaju, Terecañi, Bolaños, Xerez e Santa Bárbara, provocando tal êxodo de habitantes, que o Governo Espanhol organizou um enorme exército partindo de Assunção em direção á região. Em abril de 1649, diante da ameaça, a bandeira prossegue em direção aos Andes, enfrentando espanhóis até ultrapassar Santa Cruz de La Sierra, e se aproximando de Potosí (atual Bolívia), permanecendo na exploração da região até julho de 1650, quando parte para o norte, até atingir o rio Madeira, do qual descem numa flotina fluvial até atingir o forte português de Gurupá, na foz do ria amazonas, próximo a Belém em fevereiro de 1651. Finalmente os remanescentes da epopéia bandeirante chegam a São Paulo trazendo relatos e descrições de caminhos, além de
  • 9. semear inúmeros arraiais – futuras cidades, por todo o percurso de mais de 12 mil km ³, conquistando terras aos espanhóis que hoje conhecemos por Paraná, Mato-Grosso, Mato-Grosso do Sul e Rondônia, e ameaçou seriamente as possessões espanholas dos atuais Paraguai, Bolívia e Peru. ‘Onde parou o bandeirante surgiu a fronteira’. Os reflexos das incursões bandeirantes resultaram, além da fundação de centenas de cidades, a consolidação das fronteiras, fixadas pelo Tratado de Madrid de 13 de janeiro de 1750, e ratificadas pelo Tratado de Santo Ildefonso de 1777, estabelecendo como novas fronteiras entre as Américas castelhanas e lusófonas, os rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Realizando a retirada de bandeirantes remanescentes dos territórios dos atuais Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolivia, em troca da entrega da região oeste do Rio Grande do Sul, local de resistência espanhola das cidadelas América Lusófona em 1709. de Sete Povos das Missões. Curiosamente a região de Chiquitos, atual província de Santa Cruz de La Sierra, na Bolivia, influenciada pelos laços com os paulistas, buscaram a anexação ao Brasil em 1825, sendo aceita pelo comandante militar do Mato Grosso que ocupou a região. Entretanto diante da estupefação e protestos de todos os recém criados países sul-americanos, notadamente do líder supranacional Simon Bolivar, o governante do Brasil, D. Pedro I, ordenou a retirada da região e obrigou os habitantes de Chiquitos a se subordinarem a recém criada Republica da Bolívia. Notas: 1 - Nos séculos XVI e XVII, havia na América Lusófona o chamado ‘monopólio do sal’, no qual corruptos comerciantes portugueses obtinham a concessão da metrópole para comercializar o sal com exclusividade. Esses ‘concessionários’ eram homens ambiciosos, desalmados e cruéis, que faziam tal monopólio do sal que seu preço tornava-se extorsivo, tornando o sal, gênero de primeira necessidade, fora do alcance da maioria da população. Em 1710, indignado com essa situação, o bandeirante Bartolomeu Fernandes de Faria, saiu de sua fazenda nos arredores de Jacareí, com um tropa formada por 200 indios aliados e escravos africanos e rumou para Santos. Chegando lá o bandeirante paulista ordenou que se arrombassem os prédios defendidos pela guarda portuguesa e de lá retiraram o precioso sal. No retorno para a Serra acima, distribuíram o sal a todas as famílias que encontraram pelo caminho e que eram tão carentes do produto. 2 - Numa viagem a Portugal, em 1640, Manuel João Branco entregou ao rei de Portugal um cacho de bananas, feito de ouro maciço. 3 - Trajetória superior à famosa ‘grande marcha’ de 9 mil km de Mao Tse Tung na China.
  • 10. Os Bandeirantes e Vianna Moog. Por Roberto Tonin A obra Bandeirante e Pioneiros2, produzida em 1954, buscava criar um estudo comparativo da formação dos Estados Unidos e do Brasil. De modo a obter respostas da razão do desenvolvimento do primeiro e do atraso do segundo, e suplantar os mitos correntes de que os norte-americanos tiveram vantagem dada sua ‘superioridade étnica’, com a colonização do inglês superior a colonização do português, e também tiveram vantagem com ‘fatores econômicos’. O mito da superioridade étnica anglo-saxã na colonização. Desculpa corrente no passado, e que persiste anda hoje em algumas cabeças, a idéia de que o fato dos americanos terem sido ‘colonizados’ por ingleses, foi decisivo no progresso que tiveram, em relação ás américas hispânicas e lusitanas. O primeiro mito é abordado por Moog comparando condições étnicas de colonização e as condições naturais (geográficas, topográficas e climáticas) de ambos os países. Quanto aos Estados Unidos destaca as facilidades de planícies imensas e rios ideais para navegação, clima ameno com estações definidas, e uma vegetação mais homogênea e domesticável. Quanto ao Brasil, a topografia da Serra do Mar e os rios cheios de correntezas e cachoeiras, clima quente propicio a insetos e doenças tropicais, e uma vegetação muito diversificada que é indomável – a selva, dificultavam muito a vida do colonizador. No que concerne a etnia anglo-saxã de um lado e ibérica de outro, o autor rebate afirmando que não há conexão entre raça e disposições psicológicas. E reforça o argumento mencionando a malfadadas experiências anglo-saxã na Amazônia, encabeçada pelo gênio capitalista Henry Ford na década de 30, que viu seus esforços fracassarem, apesar de usar todos os recursos disponíveis, ao tentar reproduzir o american way of life, mas com a substituição da selva por plantations de seringueiras e café, desprotegeu as plantas do sol escaldante e as tornaram mais suscetíveis a pragas, dizimadas as plantações. O clima quente também ferveu os ânimos dos trabalhadores, confinados em habitações de estilo americano, de paredes finas de madeira construídas diretamente sobre o solo, baratas e satisfatórias, mas terrivelmente quentes, vulneráveis a umidade, insetos e vendavais. Por fim, a tentativa de impor a cultura anglo-saxã, de estilo protestante puritano, falhou na não aceitação pelos povos locais, que desprezava seus costumes puritanos e sua comida insossa, e causou uma série de protestos no empreendimento, culminando na retirada de Ford em 1946. Estabelecendo uma prevalência dos fatores geográficos e climáticos sobre os étnicos. O mito da vantagem protestante sobre o catolicismo. O segundo mito diz respeito à cultura anglo-saxônica protestante e a portuguesa católica. A ética católica menosprezava a riqueza e condenava o lucro, importava apenas a salvação da alma. A ética protestante, no entanto, criou uma visão oposta. Considerava a riqueza um sinal da graça de Deus, porque a riqueza, fruto do trabalho e poupança, implica esforço e devoção, só consolidada se o fiel for dotado dessas qualidades pelo criador. O ócio era então considerado falta de fé e de esforço, um 2 Moog, Clodomir Vianna. Bandeirantes e Pioneiros. 1993. 18ª edição. Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro.
  • 11. pecado. A associação Weberiana entre protestantismo e capitalismo é essencial na obra de Moog.3 Entretanto, o mesmo reconhece que a obra capitalista não é exclusividade de mercadores, teóricos e banqueiros protestantes. As grandes cidades mercantis da Itália são todas católicas, assim como o cardeal Richelieu da França, responsável pela modernização da economia francesa, ou dos banqueiros e mercadores alemães e holandeses, antes e após a reforma. Podemos acrescentar que se o iluminismo foi em grande parte protestante, o renascimento foi inteiramente católico, com a Igreja de Roma patrocinando grande parte deste. O próprio autor afirma que a própria Igreja Católica foi protagonista da expansão do capitalismo com suas práticas comerciais e seu alcance global. O autor reconhece a importância do fator cultural religioso, mas ressalta que não é suficiente para explicar a discrepância no desenvolvimento das Américas, e aponta que é preciso considerar fatores geográficos, históricos e sociais, juntos com os fatores religiosos. O pioneiro, o bandeirante e o mazombo. Dentro da analise social de Moog ele constrói um paralelo entre o colono americano - o pioneiro, e o colono no Brasil, que é dividido em dois - o bandeirante e o mazombo. O autor recorda que o termo ‘brasileiro’ até o século XVIII era utilizado para designar aqueles que exploravam o comércio do pau-brasil, ou genericamente os portugueses que enriqueciam na América e retornavam para a Europa. Já o termo ‘mazombo’, utilizado até o século XX, referia-se aos filhos de portugueses nascidos no Brasil. No que consistia o mazombo? “o mazombo, sem o saber, era ainda um europeu extraviado em terras brasileiras. Do Brasil e da América, de suas histórias, de suas necessidades, de seus problemas, nada ou pouco sabia, porque vivia no litoral, mentalmente de costas voltadas para o Pais? Iam mal as coisas no Brasil? Há, isto não era com ele. Ademais, que poderia fazer, se era só contra todos? Na vida pública como na vida privada, nunca seria por sua culpa ou negligencia que isto acontecia. A culpa seria sempre dos outros” (Moog, 1993, p. 105-106). Moog ressalta que o mazombo é carrancudo pelo ressentimento aos portugueses, no principio, por não lhes permitirem alterar seu nível social, e após com os estrangeiros em geral por não ter qualificações e condições de competir com eles. E principalmente, o mazombo era contraditório, enquanto admirava o estrangeiro, a riqueza e sofisticação além-mar, principalmente os ideais libertários provenientes da França e América, quando volta-se para seu cotidiano inclina-se a apoiar regimes impositivos e centralistas, porque o liberalismo no entender do mazomba esta muito bem, mas aplicá-lo nessas terras, com a ignorância e baixo nível cultural do povo, era impossível, e o poder então, não admitia dividi-lo com ‘lacaios e lavadeiras’(Moog, 1993, p. 107) . O mozombo se caracteriza pela “falta de crença na possibilidade de aperfeiçoamento moral do homem, em descaso por tudo quanto não fosse fortuna rápida e, sobretudo, na falta de um ideal coletivo, na quase total ausência de sentimento de pertencer o individuo ao lugar e à comunidade em que vivia ”. (Moog, 1993, p. 105-106) Apresenta um total desprezo pelo trabalho, é fascinado por privilégios, exceções e direitos, esquivando-se de responsabilidades e deveres. Inclinado ao jogo, trapaças, cargos públicos, a esbórnia. O mazombo só se interessa 3 Weber, Max. Ética protestante e o espírito do capitalismo.
  • 12. pela vida fácil e gozadora. Trabalhar duro, construir seu patrimônio? A resposta do mazombo seria: isso é coisa de escravo. Mulheres virtuosas? Só as da própria família, todas as outras são passiveis de usos e abusos. Diferenças entre bandeirantes e mazombos. Moog utiliza essa caracterização do mozombo, o português nascido no Brasil, para fazer a principal comparação com os pioneiros, os colonos europeus nos Estados Unidos, que seriam o exato oposto, e a razão do sucesso destes e insucesso daqueles, em suma a essência da obra de Moog. O que é válido até hoje. Porém, ao trabalhar especificamente com o bandeirante, ou seja, com os paulistas, Moog admite que ele não faça parte do mazombismo brasileiro, o paulista é diferente. Enquanto o mazombo é característico da colonização costeira, ‘com as costas voltadas para o interior’, voltando-se exclusivamente para o estrangeiro, psicológica e economicamente, o bandeirante, por seu lado, esta intrinsecamente voltado para a conquista do interior, e de costas para a metrópole. Enquanto o mazombo cultura um refinamento europeu, e despreza o trabalho, usufruindo das facilidades urbanas, o bandeirante é rústico, voltado para o confronto e exploração, seja das minas, seja de lavouras, trabalhando junto com seus escravos e serviçais, misturando-se com eles, aprendendo a falar suas línguas e seus costumes. O mazombo fica restrito as cidades e engenhos no litoral, o bandeirante se espalha pelo interior fundando arraiais e vilarejos. Porque o americanismo na obra de Moog? Ao produzir seu trabalho, Vianna Moog, peca pela língua, se assemelhando um pouco com o mazombismo brasileiro que descrevera. Passa grande parte do livro exaltando o estrangeiro, traçando comparações forçadas, tais como os jesuítas daqui com os industriais e banqueiros ianques, ou os engenhos de açúcar com as fazendas sulistas dos EUA, e principalmente, os bandeirantes com os pioneiros americanos. Neste caso, o tema do livro aliás, trata de traçar uma comparação nos mesmos termos que fez com o mazombismo brasileiro em relação aos bandeirantes, ou seja, o bandeirante é um incrédulo, selvagem, rústico, buscando a conquista de terras e a riqueza, ao passo que o pioneiro americano seria na visão de Moog, um bom-moço, buscando consolidar suas cidades e fazendas antes de se arriscar para o interior, vivendo em harmonia e usufruindo de uma tolerância religiosa e elevação moral. Ou seja, ele pinta apenas caracteres negativos para o bandeirante, e exclui todos os dados e elementos negativos quando descreve o pioneiro americano. Isso pode ser visto como pura bajulação inconsciente, mas tem sim um aspecto ideológico. Os anos 50 se caracterizaram por um surto americanista no Brasil, com a presença militar americana no nordeste, resquício da Guerra Mundial, e investimento maciço de capitais no país. Buscava-se uma explicação do sucesso americano e da estagnação brasileira, ao mesmo tempo em que, naquele momento, o crescimento paulista estava paralisado pelos anos de ditadura getulista (1930-1945), e havia um processo de difamação de São Paulo em curso4, tudo que soasse reconhecer ou vangloriar os feitos dos paulistas, seria um ultraje aos nacionalistas brasileiros. Neste quadro não é de se espantar que um autor tenha escrito uma obra, como tantas outras de outros autores, antes e após ela, com o objetivo de desqualificar os paulistas, e neste caso, também o de exaltar os 4 Que persiste até os tempos atuais, diga-se de passagem.
  • 13. norte-americanos. Entretanto, o autor teve que fazer algumas concessões, diante de evidencias e fatos históricos, como no inicio da obra ao apontar a facilidade dos americanos em ocupar o território, e também quanto à limitação da exploração destes, quase restrita ao litoral, curiosamente igual aos mazombos brasileiros. Moog reconhece que os bandeirantes enfrentaram o terreno desfavorável e o clima implacável, além de inúmeras tribos indígenas hostis, e povoações espanholas, e nada disso impediu que percorressem vários milhares de quilômetros e fundassem centenas de povoados, conquistando vastos territórios. No entanto, Moog, não cumpre a honestidade intelectual ao fazer comparações fajutas, compara certos aspectos, arranjando os dados que lhe convém. Não traça um paralelo completo entre os bandeirantes e os pioneiros, e sim aponta certas características negativas dos bandeirantes com certas características positivas dos pioneiros, e principalmente mistura os elementos, quando precisa enfocar um aspecto negativo e não o encontra entre bandeirantes, o faz com os mazombos brasileiros, igualmente, quando precisa de um aspecto positivo dos colonos americanos, ele deliberadamente ignora os pioneiros e usa as colônias mercantis de Nova York. Essa confusão na comparação completa as lacunas no trabalho de Moog, mas deixa um ar de grosseira manipulação. Tal quando compara a motivação da colonização, enquanto os pioneiros vieram, não em busca de riquezas, mas sim de um espaço para viverem em paz segundo suas concepções religiosas, e ao povoarem trouxeram consigo suas famílias, seu objetivo era trabalhar, prosperar, colonizar e não conquistar. Já os bandeirantes, eram geralmente homens, que organizavam expedições militares para aprisionar escravos, e explorar minas, obtendo o acumulo de riquezas, e sua função seria a de despovoar o território de índios, e não o de colonizar. Mas Moog é falso ao não informar que os pioneiros também promoveram a busca por minas, e não as encontrando trataram de ocupar o território, mas não do modo idílico como descrito no texto de Moog, que mais se assemelha a um filme de Hollywood, os Pioneiros como os de Roanoke, fundada em 1586, passaram todo o tempo em incursões em busca de ouro, anos mais tarde um navio de abastecimento não encontrou ninguém no assentamento, todos haviam morrido de fome e doenças. Já Jamestown, fundada em 1607, passou por situação parecida, quase todos os colonos eram homens, e passavam grande parte do tempo de expedições em busca de ouro, após parte da colônia morrer de fome, eles passaram a comercializar tabaco, cultivado por escravos africanos, dando inicio aos plantations. As primeiras colônias de protestantes tiveram destino semelhante, incapazes de produzir o próprio alimento, buscavam comercializar com indígenas para garantir a sobrevivência. Somente quando suas colheitas prosperaram é que seus povoados cresceram. Estes eram baseados numa teocracia, com sua estrutura social baseada em clãs familiares, que intercambiavam casamentos e mantinham o poder sobre a comunidade. Sua economia baseou-se em exportar os excedentes agrícolas para as cidades litorâneas. Ou seja, no inicio os pioneiros se assemelhavam aos primeiros bandeirantes, só que não tiveram sucesso. Os bandeirantes ao contrário tiveram grande sucesso, não só encontraram minas, devido ao empenho em ir fundo pelo sertão, como produziam eficazmente toda a alimentação de que precisavam, nas suas cidades de origem, através das fazendas onde parte dos lavradores era contratados pelos bandeirantes as tribos indígenas vizinhas, os pagamentos eram feitos ás tribos. E também produziam alimentos no
  • 14. caminho de suas incursões, que é a chave de seu sucesso, são os arraiais, fazendas construídas nos caminhos das bandeiras. Os bandeirantes, ao contrário dos pioneiros, foram competentes em encontrar as minas, e em produzir todos os alimentos de que precisavam. Com o progresso obtido, investiam em novas incursões e na construção de novos arraiais e novos povoados, enquanto os pioneiros se limitavam a ampliar suas vilas e aumentar a exportação de comida para o litoral. Os bandeirantes ocuparam o interior e continuaram avançando, enquanto os pioneiros levaram mais de 200 anos para conseguir avançar além da faixa litorânea. Moog numa tentativa de reforçar a imagem dos pioneiros busca associá-los aos banqueiros e comerciantes das cidades litorâneas, numa alegada simbiose de virtude, cabendo a estes últimos o interesse em manter a unidade territorial, a futura nação americana, com seus interesses econômicos transformados em motor do progresso. Esquecendo o autor que estes comerciantes são totalmente ligados a metrópole Inglaterra, e nada lhes interessa além de enriquecer e usufruir dessa riqueza. Do mesmo modo, Moog tenta associar os jesuítas aos bandeirantes, alegando que aqueles buscavam integrar o território, e tal como os comerciantes novaiorquinos buscavam patrocinar escolas, para aprender ofícios e difundir a fé. Mas bandeirante e jesuítas, tinham objetivos distintos e totalmente incompatíveis, e sua relação conturbada resultou na expulsão dos jesuitas de São Paulo em 1640, mas uma descrição mais pormenorizada fica para outro artigo. A tentativa de deturpar a imagem do bandeirante na obra de Vianna Moog. Em resumo o bandeirante descrito por Moog, como ávido por riquezas fáceis, pobres, em numero restrito, e que penaram para desenvolver a colônia, é totalmente equivocada, e parte de pressupostos falsos. A busca por riquezas minerais motivou todos os colonos nas Américas, e no que tange ao estadounidenses persistiu até o século XIX com a corrida do ouro na Califórnia. O que Moog, disse a respeito disso? Nada é claro. E quanto ao bandeirante ser um maltrapilho, como Moog junto com outros adora apontar? É um dado ridículo, a preocupação com a moda européia e a pompa é restrita aos povoados litorâneos, aqueles que o próprio Moog definiu por mazombos. Os bandeirantes, homens de ação, conquistadores, não se aprazavam das efemeridades da vida sedentária. Nada mais obvio. O que não é válido em associar a luxuria á riqueza. Os bandeirantes aplicavam sua riqueza em novas expedições, na construção de novas povoações, e também na construção de obras públicas, como a igreja de São Bento em 1600, com doações do bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Também a descrição do bandeirante por Moog como um despovoador do interior é falso. As bandeiras não massacravam os índios, como os americanos fizeram no século XIX, e sim construíam alianças com tribos, e enfrentavam as tribos inimigas, aprisionando os vencidos. Quase 90% do efetivo militar das bandeiras era preenchida por índios de tribos aliadas. E por todo o caminho que percorriam, fundavam povoações, quase todas as cidades do sul, sudeste e centro-oeste, e algumas do norte e nordeste, foram fundadas por paulistas bandeirantes. O aspecto da colônia é também essencial, enquanto os pioneiros e também os mazombos descritos por Moog, eram subservientes a metrópole, produzindo insumos para os plantations exportadores, os bandeirantes visavam a própria autodeterminação, não havia comissários portugueses em São Paulo, não havia tropas ou fiscais, e quando os
  • 15. portugueses tentaram exercer seu controle sobre o território paulista, ouve confrontos, o episódio mais famoso foi a Guerra dos Emboabas (1707-1709) e o mais significativo foi a aclamação de Amador Bueno como rei de São Paulo (1641), umas das primeiras tentativas de independência no continente americano. O bandeirante em fatos. O bandeirante em São Paulo tinha uma economia voltada para si e para a expansão no interior. Por isso sua economia é tão discreta, é meio desconhecida, pouco estudada. Ao contrario da economia e sociedade do litoral do Brasil, toda voltada para a Europa, para a exportação, para modismos, e bajulação do modo de vida europeu, e cuja estrutura social compunha de uns poucos ricos esnobes, com trajes europeus na selva quente, enquanto a imensa maioria da população era escrava ou serva. Em contraste, a capitania de São Paulo demonstrava dentro desse contexto uma riqueza excepcional, e um enorme avanço social sobre seus vizinhos, se por um lado não havia ostentação econômica, por outro não havia miséria. A estrutura de vida social em são Paulo era de famílias livres, não havia ‘coroné’, e sim grupos de famílias que disputavam a supremacia sobre a câmara de São Paulo e a liderança nas expedições bandeirantes, e estas famílias tinham redes de apoio em famílias menos poderosas. O que significava um grau de liberdade e dinamismo social que levou séculos para chegar ao resto do Brasil, que era baseado no coronelismo, um semifeudalismo degradante, que ainda subsiste em locais em certos estados brasileiros até os tempos atuais. Neste ínterim o dinamismo da sociedade paulista era baseado na influência conquistada, através da economia local, na produção de alimentos, como o trigo, e de produtos manufaturados, tal como marmelada, que era exportada para regiões vizinhas inclusive da America espanhola. As riquezas não eram usadas para adquirir quinquilharias da Europa, como os ‘coroné’ faziam, e sim utilizada internamente para expandir a economia, e fundar novos povoados e fazendas, alem de criar caminhos e arraiais para novas rotas. E tudo isso explicava a criação de força de trabalho, que era basicamente de famílias livres, e contratos de serviço com tribos indígenas aliadas, novidade no Brasil, até recentemente, e isso foi o grande diferencial. Enquanto que em São Paulo a mão-de-obra cativa era usada para a produção de alimentos e manufaturados, no Brasil os cativos eram utilizados pelo latifúndio monocultor voltado para exportação como no litoral brasileiro com sua mentalidade ‘casa grande e senzala’, que marcou a sociedade, incutindo um comodismo e submissão do brasileiro a um poder central. Enquanto que em São Paulo a sociedade de famílias livres, tinha a economia voltada para o interior para consumo interno e para desenvolvimento local, que derivou em uma sociedade dinâmica, competitiva e livre, não subordinada a poder algum que não o derivado de sua vontade, e principalmente, insuflador de uma autonomia local, que se tornou imprescindível. A câmara de São Paulo não tinha nenhum ‘coroné’, ninguém tinha o controle, era necessário a negociação e mediação entre as famílias, para o exercício do governo em prol do bem da cidade, veja como exemplo disso as deliberações da câmara municipal de São Paulo sobre o envio de
  • 16. expedições militares para a Guerra dos Emboabas. Essas famílias mais poderosas organizavam grandes formações militares, completadas por tropas auxiliares fornecidas por famílias aliadas. Essas formações militares eram regimentos criados e formados por companhias de 100 soldados, cada uma liderada por capitães com autonomia tática. Tinham funções muito bem estruturadas, baseadas na surpresa e emboscadas. O caráter autônomo da bandeira é patente, como ressalta Ricardo “a bandeira era organizada por exclusiva deliberação dos paulistas: eles mesmos, os paulistas, se nomeavam capitães, alferes e sargentos, sem dar satisfação nenhuma ao seu governador, fosse este espanhol ou português.”(Cassiano Ricardo, ‘Marcha para Oeste’). O bandeirantismo criou a infra-estrutura da civilização paulista. Esteve muito à frente de seu tempo, á frente de seus vizinhos que eram sociedades colonizadas, dependentes da Europa e baseadas num semifeudalismo. Ao passo que o bandeirantismo moldou uma sociedade livre, estruturada, autônoma e auto-suficiente. Mas se os bandeirantes criaram as condições para o progresso, este foi barrado pelo brasilianismo, vestígio do mazombismo, que predominava e ainda predomina nas populações e governos desse Brasil. Todo espírito empreendedor, autonomista e meritório é endemoniado, perseguido e esmagado. As condições que nossa terra teve em 1708 era muito superior as condições que os pioneiros americanos tinham na mesma época. Os bandeirantes fizeram a sua parte, muito superiores aos pioneiros ianques. Mas para nosso azar, os mazombos tomaram as rédeas do poder e estagnaram o progresso. Enquanto os ianques, mesmo com sua desvantagem inicial nos superam e atingiram o apogeu como potencia mundial dominante nos tempos atuais. No entanto isso não deve ser entendido como uma reles critica, e sim como a indicação das falhas, e do caminho correto a ser seguido. Devemos resgatar a memória dos bandeirantes, e impedir que os mazombos continuem dilapidando nossa cultura e nossa memória histórica, e devemos contra-atacar, retomar o espírito bandeirante, o empreendedorismo, a autonomia e o mérito, e retomar o caminho do progresso.
  • 17. A Revista Paulista de Cultura e Política é uma publicação da Associação Liga Paulista pela Autonomia. Conselho Editorial: Marcelo, Roberto Tonin, Geovana Lopes e Giovani Pagliusi. Editor: Roberto Tonin. Colaboradores: Cassio Forcignano, Roberto Tonin, Geovana Lopes, Marcelo Emídio e Giovani Pagliusi. Os artigos são de responsabilidade de seus autores, embora a Revista Paulista de Cultura e Política se reserve o direito de solicitar matérias a partir de pautas estabelecidas pelo Conselho Editorial.
  • 18. Revista Paulista de Cultura e Politica. Coragem de expor os fatos Compromisso com a participação e o debate. Escreva, desafie, nós publicaremos. Neste número participaram: Cassio Forcignano e Roberto Tonin