1. O documento discute os mecanismos de formação de sopros cardíacos, incluindo quando o fluxo sanguíneo se torna turbilhonado ao invés de laminar.
2. As características semiológicas dos sopros como localização, período do ciclo cardíaco, intensidade e qualidade são abordadas, assim como manobras para avaliar sopros.
3. As principais causas de sopros cardíacos patológicos e inocentes são listadas.
2. Mecanismos de formação dos
sopros
• A corrente sanguínea normal é laminar.
– Camadas de células sanguíneas se superpõem umas às outras,
e o deslizamento de uma camada sobre a outra se faz
silenciosamente. (Rever no livro de Fisiologia).
• Quando o fluxo se torna turbilhonar há possibilidade de
aparecimento de sopro.
– As camadas de células sanguíneas apresentam entrechoques.
• O diâmetro do vaso, a velocidade de circulação do
sangue e a viscosidade sanguínea são variáveis que
podem modificar o padrão laminar da corrente
sanguínea.
Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
3. Mecanismos de formação dos
sopros
1. A circulação sanguínea normal é
silenciosa.
2. A produção de sopro ocorre no
turbilhonamento.
3. O frêmito é a sensação tátil do sopro.
4. Para perceber frêmito é preciso que o
sopro seja de grande intensidade.
Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
4. Mecanismos de formação dos
sopros
1. Corrente veloz em tubo de calibre uniforme:
nas síndromes hipercinéticas.
2. Súbito aumento do calibre do vaso: dilatação
aneurismática, dilatação pós-estenótica.
3. Obstrução localizada: estenoses valvares.
4. Regurgitação: o sangue segue um sentido
diferente daquele da corrente sanguínea
normal: insuficiência valvar.
Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
5. Mecanismos de formação dos
sopros
1. Aumento da velocidade da corrente sangüínea.
Ex.: Anemia, exercício físico, febre.
2. Diminuição da viscosidade sangüínea. Ex.:
Anemia.
3. Passagem do sangue através de uma área
estreitada. Ex. Defeitos valvares.
4. Passagem do sangue por uma área dilatada.
Ex. Defeitos valvares, aneurismas.
6. Sopros – características
semiológicas
• Definir o período do ciclo cardíaco em que
ocorre (relacionar com o pulso arterial)
– Sopro sistólico – coincide com o pulso
• Protossistólico – terço inicial da sístole
• Mesossistólico – terço médio da sístole
• Telessistólico – terço final da sístole
• Holossistólico – todo o período da sístole
– Sopro diastólico – não coincide com o pulso
• Os sopros diastólicos são sempre patológicos.
• Proto, Meso, tele e holodiastólico
7. Sopros – características
semiológicas
• LOCALIZAÇÃO: Definir o local de máxima
ausculta. Serve de orientação para o
diagnóstico.
• IRRADIAÇÃO: Deslocar o estetoscópio para
outras regiões (axila, pescoço, borda esternal
direita, região interescapular, topo da cabeça).
• INTENSIDADE: Com frêmito, tem forte
intensidade. Critérios cruzes (+ a ++++)
– +/4+ = muito suaves
– ++/4+ = intensidade moderada
– +++/4+ = sopros intensos (com frêmito)
– ++++/4+ = sopros muito intensos (com frêmito)
8. Sopros – características
semiológicas
• TIMBRE, TONALIDADE, QUALIDADE:
Suave/ rude/ musical/ aspirativo/ em jato
de vapor/ granuloso/ piante e ruflar.
• MODIFICAÇÕES:
– Com a respiração: os sopros do lado direito
do coração tendem a ser mais intensos na
inspiração (aumenta o retorno venoso).
9. Sopros - manobras
• Respiração:
– Inspiração
– Expiração
– Valsalva
• Alteração na postura:
– Decúbito lateral esquerdo
– Sentado c/ o tórax inclinado para frente
– Agachada/ ortostática (em pé)
– Ortostática/ agachada
• Exercício:
– Isométrico (Handgrip) – durante 20 a 30 seg.
O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
10. Efeitos das manobras para o
diagnóstico dos sopros.
N. Eng. J. Med. 1988; 318:1572-8
Manobra Resposta Sopro Sensib. Especif.
Inspiração ↑ Lado Direito 100% 88%
Expiração ↓ Lado Direito 100% 88%
Valsalva ↑ Mioc. Hipert. 65% 96%
Ortostática Mioc. Hipert. 95% 84%
↑
Agachada ↓ Mioc. Hipert. 95% 85%
Eleva perna Mioc. Hipert. 85% 91%
↓
Aperto mão Mioc. Hipert. 85% 75%
↓
Aperto mão I.M.; C.I.V. 68% 92%
↑
11. Abordagem do paciente com sopro
cardíaco – decisões:
• Há necessidade de profilaxia para endocardite?
• ... de profilaxia para febre reumática?
• Há restrição para atividade física?
• Necessita avaliação cardíaca adicional?
• Na avaliação de risco para cirurgia cardíaca, há
aumento do risco?
• Na avaliação para atividade profissional, exame
de admissão em emprego, há evidência de
cardiopatia?
• Na gravidez, é uma gravidez de alto risco?
O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
12. Causas de sopros cardíacos
• Estenose valvar aórtica ou pulmonar
• Estados hipercinéticos (anemia, febre...)
• Dilatação da aorta
• Sopro inocente
• Comunicação interatrial
• Comunicação interventricular
• Insuficiência valvar aórtica ou pulmonar
• Insuficiência valvar mitral ou tricúspide
• Estenose valvar mitral ou tricúspide
• Persistência da canal arterial
• Tumores nos átrios
O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
13. Sopros inocentes
• Sopro de Still: é o sopro inocente mais comum, a
tonalidade é musical e vibratória, é mais auscultado na
borda esquerda do esterno, é sistólico, curto, de
pequena intensidade. Diagnóstico diferencial com
Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva e com
Comunicação interventricular.
• Sopro pulmonar inocente: é menos freqüente,
auscultado na borda superior esquerda do esterno, em
posição supina, sistólico, pequena intensidade, com
segunda bulha normal. Diagnóstico diferencial com
Estenose pulmonar, Comunicação interatrial e estados
hipercinéticos.
14. Abordagem do paciente com um sopro –
indicações de Ecocardiografia
• Sinais ou sintomas de Insuficiência cardíaca,
síncope e/ou isquemia.
• Sinais de endocardite ou tromboembolismo.
• Qualquer sopro diastólico ou contínuo.
• Sopro holossistólico ou telessistólico.
• Sopro intenso, grau III/IV ou >
• Outros achados anormais no exame das artérias
ou na ausculta cardíaca (como estalidos, clicks,
alteração na fonese de bulhas, alteração na
duração e amplitude do pulso arterial).
O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
15. Sopros patológicos
• Da estenose valvar mitral:
– Diastólico, apical, irradia para a axila, baixa freqüência, ruflar,
B1 hiperfonética, estalido de abertura, diminue com a
inspiração.
• Da insuficiência valvar mitral:
– Sistólico, apical, irradia p/ axila, timbre aumentado, B1
hipofonética, aumenta de intensidade c/ handgrip
• Da estenose valvar aórtica:
– Sistólico, crescendo/decrescendo, aórtico, irradia p/ pescoço, B1
normal, estalido aórtico, aumenta de intensidade qdo de cócoras
• Da insuficiência valvar aórtica:
– Diastólico, em descrescendo, foco aórtico acessório, aumenta
de intensidade c/ handgrip
16. Sopros sistólicos
1. Insuficiência valvar mitral
2. Ejeção acelerada em grande artérias
3. Dilatação arco aórtico ou do tronco da
artéria pulmonar
4. Alterações nas cúspides da valva aórtica
ou pulmonar sem estenose
5. Obstrução da saída do ventrículo
17. Sugestões de Sites na internet
• Laboratório de Ciências Cardiovasculares
– www.hu.ufsc.br/~cardiologia
• The Auscultation Assistant
– www.wilkes.med.ucla.edu/intro.html