Este documento discute o ensino de línguas estrangeiras, especificamente o português, no contexto argentino. Ele enfatiza a importância de desenvolver práticas de leitura, oralidade e escrita que promovam o diálogo intercultural, em vez de um enfoque puramente instrumental. Também argumenta que as tecnologias digitais podem apoiar essas práticas, desde que sejam usadas de forma contextualizada para proporcionar experiências educativas significativas.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
Correa germán Uso de tic no ensino de ple
1. 1
Producción de Material Didáctico y Tecnologías Aplicadas a la Educación
Profesorado en Portugués
Didatização e práticas letradas:
Uso de TIC no ensino de PLE
Prof. Germán Correa
2015
2. 2
Índice
O valor formativo do ensino de PLE: as práticas letradas 3
Nas tramas da didatização: Trabalho intelectual Vs.
Conhecimento instrumental 5
Potencialidades didáticas dos recursos digitais para o ensino de PLE 7
Bibliografía 11
3. 3
O valor formativo do ensino de PLE: as práticas letradas
Iniciamos a reflexão crítica sobre o uso significativo de TIC a partir da análise
de materiais educativos digitais desenvolvidos para o ensino de língua
estrangeira Português, a fim de repensar a formação dos professores com base
em práticas de ensino e ambientes de aprendizagem.
Perguntamo-nos, em primeiro
lugar, o que significa ensinar
línguas na Argentina a partir de
uma perspectiva intercultural e
plurilingue. Esta posição, tomada
em diferentes diretrizes
curriculares nacionais, expressa
o quadro político e educativo que
estabelece as políticas
linguísticas para ensino de
línguas estrangeiras em nosso
país. Assim, os materiais de
ensino visam fortalecer "a
dimensão formativa do ensino de LE, ou seja, o seu papel na educação
linguística, desenvolvimento cognitivo e processos de construção de identidade
sócio-cultural das crianças, adolescentes, jovens e adultos de nosso país
"(NAP-LE, 181/2012 Res. CFE).
Há um consenso em pensar que o ensino de línguas estrangeiras envolve o
desenvolvimento de práticas linguísticas que fazem parte de um horizonte
cultural e identidade, e que a tarefa de despertar em nossos alunos respeito
pela diversidade é um projeto educacional, cuja realização enriquece a nossa
experiência e favorece o exercício da cidadania. Mas também é necessário
entender como a perspectiva intercultural e plurilíngue, é concebida a partir
destas políticas públicas para a área, pode enriquecer a nossa prática diária.
Poderíamos perguntar, por exemplo, que diálogos e conflitos tecem os
4. 4
intercâmbios interculturais, e como nosso ensino, ligado à utilização das TIC,
pode promover a compreensão destes processos sociais.
Na série para o ensino do Português no modelo 1 a 1, material concebido no
âmbito do Programa Conectar Igualdad, afirma-se que "a relação língua-
cultura ocorre em cada uma de nossas ações
verbais, como práticas discursivas que se
enquadram dentro da sequência de repertórios
linguísticos do imaginário coletivo" (Correa &
Rodriguez, 2012: 8). Este argumento, baseado
na ideia de que fenômenos lingüísticos são
determinados pelo contexto social e que, por
sua vez, definem o mesmo contexto, é
importante para compreender que as nossas
palavras são constitutivamente vinculadas a
uma forma de falar de uma cultura e um modo
de construção da identidade. Relativizar a
perspectiva homogeneizante e as visões
reducionistas sobre a relação entre língua e cultura é uma tecla para iniciar a
reflexão sobre o valor educativo do ensino de português como língua
estrangeira.
É verdade que a produção de conhecimento promovido pelas
instituições educacionais tem ligações com os processos e as
mudanças na economia e no mercado de trabalho. Neste sentido,
é essencial pensar a prática educativa como um reposicionamento
ativo, que tem como um de seus propósitos conectar a escola com
as práticas sociais.
Podemos citar aqui o caso específico de estudantes que estão se perguntando:
Estudar uma língua estrangeira? Para quê? Devemos dizer que provavelmente
é um problema que afeta o próprio sistema de educação, e que se relaciona
5. 5
com uma visão alargada sobre a forma como são valorizados os
conhecimentos e as habilidades que são ensinados na escola. Sabe-se que,
para muitos o estudo deve ter algum “uso”, mas "por que" ir em frente.
Línguas estrangeiras, em particular, não são excepção: Por que estudar
Português, se nunca vou viajar para fazer compras ou turismo no Brasil?
Então, o que as práticas de ensino devem promover o ensino de línguas
estrangeiras para operar em uma sociedade assediada pelo sentido utilitário
das línguas. E é precisamente a fim de trabalhar contra esta posição
reducionista que importa promover o desenvolvimento profissional dos quadros
de professores. Quando falamos sobre o valor formativo das línguas
estrangeiras pensamos que o seu
valor não está limitado a aprender
receitas úteis ou conhecimento
instrumental, mas para ensinar
práticas de leitura, oralidade e
escrita, experiências de reflexão.
Que melhor exercício da cidadania
para assegurar aos nossos jovens o
acesso ao conhecimento, e oferecer
a possibilidade de que eles possam
dar uma "utilização" significativa a
sua palavra.
Nas tramas da didatização: Trabalho intelectual Vs. Conhecimento
instrumental
Outro aspecto mencionado e discutido por muitos professores é a falta de
interesse dos alunos para atividades de aprendizagem. Uma visão muito
otimista diria que com o uso de ferramentas digitais falaríamos a mesma
"linguagem" que os nossos alunos, e que as aulas seriam mais participativas.
6. 6
Diz-se que as crianças são "nativos digitais", ou seja, e formam uma geração
nascida neste momento histórico de expansão global de tecnologias de
comunicação e, portanto, os professores devem se adaptar e deixar de ser o
centro das atenções para o aluno se tornar protagonista da classe. Mas
também sabemos que a indústria do entretenimento colocou as novas gerações
no centro da sua atividade, uma vez que seu discurso tem muito gravitação em
nossas vidas diárias, e tem sido um dos mais promovidos pelos mídia, e
sabemos que as experiências de aprendizagem devem lidar com o modo
particular em que os alunos estão ligados com a cultura como telespectadores
de consumo em massa de imagens e "passatempos" digitais. Ninguém pode
duvidar que, neste contexto, o professor deve constantemente inovar e
transformar seu ensino, não porque ele precisa seguir uma moda, mas porque
deve lidar com a complexidade do momento que ele vive.
E é, precisamente, na
prática de ensino onde é
visível a posição teórica que
assumimos para selecionar a
textualidade, organizar as
tarefas de formação e
apontar o horizonte cultural
da língua que está sendo
aprendida, neste caso,
relacionado ao uso de TIC.
É também essencial para entender que, ao enfatizar o trabalho
intelectual dos professores, salientamos a importância de uma
reflexão crítica sobre o conhecimento puramente instrumental.
Nossa tarefa educativa é administrar e organizar tarefas de aprendizagem,
orientar os alunos a tomar uma posição, como leitores e autores, em relação
7. 7
aos contextos e conhecimentos que são enunciados na rede de comunicação
global. E, neste ponto, nos perguntamos sobre quais os critérios de seleção,
organização e interpretação dos discursos da cultura e das identidades devem
ser envolvidos em nossas práticas de ensino para torná-las mais significativas.
Potencialidades didáticas dos recursos digitais para o ensino de PLE
Nesta perspectiva, as TIC nos dão acesso privilegiado às identidades
linguísticas e ao diálogo intercultural. A textualidade promovida pela mídia e as
TIC pode apoiar as práticas de ensino de uma língua estrangeira. E, neste
sentido, é interessante notar que a inclusão das TIC na sala de aula não tem
que ser apenas instrumental. Mas para entender toda a extensão destas
considerações, devemos colocá-las no trabalho diário das nossas práticas de
ensino. Por isso, notamos a necessidade de promover experiências educativas
em forma contextualizada, em busca de um pensamento crítico que fornece
acesso a diversas áreas culturais.
Mas pensemos também que o diálogo intercultural são mediados por relações
de poder. A política linguística que promove o interculturalidade e o
plurilinguismo tem que lidar com a agenda cultural programada pelas
tecnologias da informação e comunicação. E, neste contexto, que práticas de
8. 8
ensino deve gerar o professor de língua estrangeira para operar em um mundo
onde há culturas estereotipadas, linguagens e identidades estigmatizadas e
sobrevalorizadas? Provavelmente o nosso desafio é resolver a questão prática
de seleção de materiais de ensino e criação de experiências de aprendizagem
significativas.
Aqui seria interessante pensar juntos sobre as características, métodos e
práticas dos diálogos interculturais que estão presentes na língua que está
sendo ensinada. Por exemplo, sabemos que o Português é um espaço simbólico
que define uma forma de entender a diferença e que sua circulação em nossa
sociedade legitima o discurso e as percepções sociais. A este respeito, o que
significa que o português possa ser pensado como língua estrangeira ou
vizinha? Como são representados os falantes da língua no imaginário de nossas
comunidades educativas?
MOMENTO DE REFLEXÃO
Que temáticas podem estimular nos alunos a
formulação de pontes interculturais?
Para ilustrar esse problema, podemos referir um exemplo.
Na série para o ensino do português no modelo 1 a 1, material concebido no
âmbito do Programa Conectar Igualdad, a quinta sequência propõe o projeto
de uma plataforma de blog que oferece a possibilidade de diálogo com
9. 9
diferentes gêneros e ambientes digitais, a fim de gravar opiniões e debater
sobre o respeito pelos direitos dos jovens. Isso ajuda a explorar as
reivindicações semelhantes no Brasil ou em outras comunidades de língua
portuguesa, e a repensar o exercício da cidadania no próprio contexto do
aluno. O registro de atividades, por sua vez, promove práticas de leitura, de
oralidade, de escrita, reflexão intercultural e reflexão sobre questões
linguísticas presentes nos textos selecionados e produzidos.
Os recursos oferecem diferentes graus de versatilidade operacional, e isso é
muito valioso para incentivar nossas decisões curriculares. Mas seria
interessante listar diferentes ferramentas digitais e indicar quais contextos
socioculturais e cenários nos permitem transitar, que práticas de aprendizagem
podem propiciar, como iríamos trabalhar a
escrita ou a leitura, por exemplo.
Claramente as aplicações digitais oferecem
uma experiência gráfica atraente, por isso
é importante considerar as actividades e
experiências educativas além de seus
procedimentos técnicos. Pergunto-me, por
exemplo, em que práticas você pode utilizar ferramentas de edição on-line.
Será que a possibilidade de mudar os formatos, introduzindo o processo
criativo do design gráfico, para a leitura ser mais “amigável”, e a vantagem de
lidar com a portabilidade dos meus arquivos têm um ponto de articulação com
a minha aula de língua estrangeira? De que maneira?
Provavelmente recursos digitais, embora eles ofereçam a
experiência gráfica mais sofisticada e de vanguarda, sejam
inconsistentes no processo de ensino- aprendizagem dado que não
têm, em si mesmos, o poder de produzir mudanças.
Nem a colocação do estudante "no centro" do uso de ferramentas vai fazer a
diferença. Talvez o problema não é saber se o aluno ou o professor é aquele
que merece ser o centro, talvez seja uma questão de mudar o ponto de vista,
10. 10
y pensar a relação que podemos impulsionar entre aluno e professor. Essa
relação social, decerto, deve levantar um diálogo significativo, algo que nos faz
pensar no potencial que todos nós temos. Certamente nós compartilhamos que
é uma tarefa difícil. Mas os jovens estão lá, sentados em nossa sala de aula,
esperando por nós para dar-lhes uma "sacudida" e despertar da imagem
confortável das tecnologias. É muito gratificante saber que esta área de
formação nos dá a oportunidade de refletir sobre o conhecimento significativo
que os jovens aprendem quando eles aprendem outras línguas, para além da
experiência instrumental do entretenimento e a oferta corporativa de recursos
digitais.
11. 11
Bibliografía
ABRIL, G.: Cortar y pegar: la fragmentación visual en los orígenes del
texto informativo. Madrid: Ediciones Cátedra, 2003.
CORREA, G y RODRÍGUES, M.: Portugués, serie para la enseñanza en el
modelo 1 a 1. Conectar Igualdad y educ.ar. Ministerio de Educación.
http://bibliotecadigital.educ.ar/articles/read/307
FANJUL, A. P. Portugês-Espanhol. Línguas próximas sob o olhar
discursivo. São Carlos SP: Claraluz, 2002.
FRANZONI, P.: Distancia, materiales y construcción de sentidos. En:
LITWIN, et alii (comp.): Educación a Distancia en los 90. Buenos Aires.
Facultad de Filosofia y Letras y Programa de Educación a Distancia UBA
XXI, UBA, 1994, pp. 117-122.
KLEIMAN, A.: “Necessidades de Pesquisa Transcultural para o Ensino de
Português como Segunda Língua”. Vitória, SPBC, Bolitim ABRALIN
(mímeo), 1994.
ORLANDI, E. Discurso e Texto - Formulação e Circulação dos Sentidos.
Campinas SP: Pontes, 2001.
PÉREZ TORNERO, J. M.: El desafío educativo de la televisión. Barcelona,
Paidós. 1994.
SERRANI, S. Discurso e cultura na aula de língua. Currículo, leitura,
escrita. Campinas SP: Pontes, 2005.
Documentos Curriculares
Ministerio de Educación de la Nación. Consejo Federal de Educación
(2012) Lenguas Extranjeras. Educación Primaria y Secundaria. Núcleos
de Aprendizaje Prioritarios. Recuperado de
http://www.me.gov.ar/consejo/resoluciones/res12/181-12_01.pdf
12. 12
Videos
PortaBrasil (2011). Rubem Alves. O papel do professor. Disponible en:
https://www.youtube.com/watch?v=_OsYdePR1IU
Porvir Educação (2015). Especial Tecnologia na Educação - Por que usar
tecnologia. Dispinible em:
https://www.youtube.com/watch?v=IzsHAiCvxR8
TedGlobal (2009). Chimamanda Adichie: El peligro de la historia única.
Disponible en: https://www.youtube.com/watch?v=ZUtLR1ZWtEY
TVP (2014). El habla neutra en niños. Disponible en:
https://www.youtube.com/watch?v=WbgANZePs1s